sid.inpe.br/mtc-m18@80/2009/03.03.17.06-TDI ESTUDO DE TOPOLOGIAS DE SUBSISTEMAS DE SUPRIMENTO DE ENERGIA DE SATÉLITES E DESENVOLVIMENTO DE UM PROCEDIMENTO DE PROJETO DA TOPOLOGIA HÍBRIDA Carlos Felipe Soriano Freire Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia Espaciais/Mecânica Espacial e Controle, orientada pelo Dr. Marcelo Lopes de Oliveira e Souza, aprovada em 25 de maio de 2009. URL do documento original: <http://urlib.net/8JMKD3MGP8W/34RUHR2> INPE São José dos Campos 2009 PUBLICADO POR: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE Gabinete do Diretor (GB) Serviço de Informação e Documentação (SID) Caixa Postal 515 - CEP 12.245-970 São José dos Campos - SP - Brasil Tel.:(012) 3208-6923/6921 Fax: (012) 3208-6919 E-mail: [email protected] COMISSÃO DO CONSELHO DE EDITORAÇÃO E PRESERVAÇÃO DA PRODUÇÃO INTELECTUAL DO INPE (DE/DIR-544): Presidente: Marciana Leite Ribeiro - Serviço de Informação e Documentação (SID) Membros: Dr. Gerald Jean Francis Banon - Coordenação Observação da Terra (OBT) Dr. Amauri Silva Montes - Coordenação Engenharia e Tecnologia Espaciais (ETE) Dr. André de Castro Milone - Coordenação Ciências Espaciais e Atmosféricas (CEA) Dr. Joaquim José Barroso de Castro - Centro de Tecnologias Espaciais (CTE) Dr. Manoel Alonso Gan - Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPT) Dra Maria do Carmo de Andrade Nono - Conselho de Pós-Graduação Dr. Plínio Carlos Alvalá - Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CST) BIBLIOTECA DIGITAL: Dr. Gerald Jean Francis Banon - Coordenação de Observação da Terra (OBT) Clayton Martins Pereira - Serviço de Informação e Documentação (SID) REVISÃO E NORMALIZAÇÃO DOCUMENTÁRIA: Simone Angélica Del Ducca Barbedo - Serviço de Informação e Documentação (SID) Yolanda Ribeiro da Silva Souza - Serviço de Informação e Documentação (SID) EDITORAÇÃO ELETRÔNICA: Marcelo de Castro Pazos - Serviço de Informação e Documentação (SID) André Luis Dias Fernandes - Serviço de Informação e Documentação (SID) sid.inpe.br/mtc-m18@80/2009/03.03.17.06-TDI ESTUDO DE TOPOLOGIAS DE SUBSISTEMAS DE SUPRIMENTO DE ENERGIA DE SATÉLITES E DESENVOLVIMENTO DE UM PROCEDIMENTO DE PROJETO DA TOPOLOGIA HÍBRIDA Carlos Felipe Soriano Freire Dissertação de Mestrado do Curso de Pós-Graduação em Engenharia e Tecnologia Espaciais/Mecânica Espacial e Controle, orientada pelo Dr. Marcelo Lopes de Oliveira e Souza, aprovada em 25 de maio de 2009. URL do documento original: <http://urlib.net/8JMKD3MGP8W/34RUHR2> INPE São José dos Campos 2009 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Freire, Carlos Felipe Soriano. F883e Estudo de topologias de subsistemas de suprimento de energia de satélites e desenvolvimento de um procedimento de projeto da topologia híbrida / Carlos Felipe Soriano Freire. – São José dos Campos : INPE, 2009. xxx + 236 p. ; (sid.inpe.br/mtc-m18@80/2009/03.03.17.06-TDI) Dissertação (Mestrado em Engenharia e Tecnologia Espaciais/Mecânica Espacial e Controle) – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, 2009. Orientador : Dr. Marcelo Lopes de Oliveira e Souza. 1. Modulação em largura de pulso(PWM). 2. Condutância. 3. Barramento regulado. 4. Suprimento de energia. 5. Painel solar. 6. Satélite. 7. Bateria. I.Título. CDU 629.7:681.5.015.23 Esta obra foi licenciada sob uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 3.0 Não Adaptada. This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 3.0 Unported License. ii "Não sei como pareço aos olhos do mundo, mas eu mesmo vejo-me como um pobre garoto que brincava na praia e se divertia em encontrar uma pedrinha mais lisa uma vez por outra, ou uma concha mais bonita do que de costume, enquanto o grande oceano da verdade se estendia totalmente inexplorado diante de mim." Isaac Newton Em um primeiro momento dedico este trabalho à minha esposa Amália Alkmin Costa Soriano Freire e aos meus três filhos: Nicole Costa Soriano Freire, Henrique Costa Soriano Freire e Guilherme Costa Soriano Freire; os quais, inconcientemente, representam atualmente um esteio fundamental do meu equilíbrio como ser humano. Em um segundo momento, dedico este trabalho a meu pai Plínio Soriano Freire (in memoriam) e a minha mãe Natalete Ethel Soriano Freire os quais com muita união e competência criaram no coração do meu primeiro lar familiar um ambiente fértil ao crescimento dos primeiros conceitos sobre a vida, do humanismo, da curiosidade, do saber, da felicidade e da realização. Em um terceiro momento dedico este trabalho a meus três irmãos: Marcos Augusto Soriano Freire, Paulo Vicente Soriano Freire, e Geraldo Daniel Soriano Freire; os quais complementaram e reafirmaram o ambiente de crescimento e formação intelectual construído pelos meus pais. AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu orientador Dr. Marcelo Lopes de Oliveira e Souza tanto como o excelente professor de diversas disciplinas do Curso de Pós-Graduação em ETE/CMC do INPE quanto pela fonte indispensável de suporte técnico teórico e organizador das linhas mestres deste trabalho. Estendo os meus agradecimentos a todos os outros professores do INPE que tive durante a caminhada em direção à concretização deste mestrado. Ainda importante neste caminho do título de mestre destaco o Dr. Petrônio Noronha de Souza e o Dr. Paulo Giácomo Milani que contribuíram em muito na formação deste trabalho durante a fase de definição/aprovação da Proposta de Mestrado. Ainda, agradeço enormemente a toda a estrutura da Instituição INPE a qual permitiu que esta oportunidade de crescimento em meu conhecimento e minha titulação fosse viável. Vale salientar também todo o corpo de funcionários ligados à biblioteca os quais de maneira muito competente sempre auxiliaram eficazmente nos trabalhos de suporte e pesquisa bibliográfica. Por fim, agradeço aos meus colegas de trabalho: Renato Oliveira de Magalhães e Luis Celso Gomes Torres, assim como ao Chefe de Divisão Dr. Mario Luiz Selingardi; os quais me deram apoio durante os períodos de maior carga de trabalho tanto no desenvolvimento e elaboração do mestrado em si quanto da importante tarefa de condução das atividades relacionadas a projetos de subsistemas de energia dos programas de satélites do INPE como um todo, especialmente o programa CBERS. RESUMO Este trabalho objetiva o estudo de topologias de subsistemas de suprimento de energia de satélites e o desenvolvimento de um procedimento de projeto da Topologia Híbrida. Para fazer isto, ele está dividido essencialmente em duas partes: A primeira parte consiste em um estudo qualitativo dos subsistemas de suprimento de energia em sistemas espaciais, considerando os aspectos de massa e desempenho elétrico associados aos dois grandes grupos de topologia: 1) o barramento de potência elétrica com tensão regulada; e 2) o barramento de potência elétrica com tensão não regulada. A segunda parte deste trabalho consiste em um estudo quantitativo através de uma modelagem matemática da Topologia Híbrida de suprimento de energia do tipo tensão de barramento regulada. Esta topologia é como caso de estudo, utilizada nos satélites do programa binacional Brasil/China - CBERS (China Brazil Earth Resources Satellites), particularizada pelo uso do SHUNT S3R e um BDR utilizando a topologia BUCK. Este estudo, limitado à PCU (Power Conditioning Unit), é composto por: modelagem elétrica, análise da estabilidade elétrica, cumprimento de requisitos de desempenho elétrico, desenvolvimento de um procedimento para guiar futuros projetos empregando topologia igual ou similar e conclusões finais. Finalmente, este trabalho mostra que existe uma busca contínua na tarefa de minimização de massa dentre as topologias de sistemas de suprimento de energia e que a variável Tecnologia é de extrema importância. Ainda, os modelos matemáticos aqui desenvolvidos e aplicáveis ao projeto de Barramentos Regulados, mostraram ser bastante eficientes quando aplicados em exemplos através de simulações e quando comparados a testes reais do CBERS. SATELLITE POWER SUPPLY SUBSYSTEM TOPOLOGIES STUDY AND A DESIGN PROCEDURE APPLIED ON THE HYBRID TOPOLOGY ABSTRACT This work considers two main parts: The first part presents a qualitative study of space Power Systems considering the weight savings and the electrical performance aspects associated with the two groups of Power Systems topologies - the Voltage Regulated Main Bus and the voltage Non Regulated Main bus. The second part of this work presents a quantitative study via a mathematical modeling of the Voltage Regulated Bus Hybrid Topology actually in use on the CBERS program. This quantitative study considers the modelling of the system using a design solution employing a SHUNT S3R and a BDR via BUCK topology. In particular, this study considers: 1) The electrical Modeling, 2) The main bus voltage stability analysis, 3) The compliance of electrical performance Requirements, 4) A guide line procedure applicable to future designs using similar topologies. As a conclusion, this work shows to exist a continuous searching in order to minimize the weight when considering the power supply topologies. At the same time it is left clear that the Technological aspects are fundamentals. Also, the mathematical models developed in here and applied on examples, via simulation, and on the the CBERS PSS design, has shown to be very effectives. SUMÁRIO Pág. LISTA DE FIGURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 1 INTRODUÇÃO............................................................................................. 29 1.1 Contexto e Motivação do Trabalho ......................................................... 29 1.2 Objetivo do Trabalho............................................................................... 37 1.3 Organização do Trabalho........................................................................ 38 2 CONCEITOS BÁSICOS .............................................................................. 41 2.1 Detalhamento dos Componentes que Compõem um PSS ..................... 41 2.1.1 Conversores DCDC ................................................................................ 41 2.1.2 Painéis Solares........................................................................................ 47 2.1.2.1Células Solares ..................................................................................... 49 2.1.3 Baterias................................................................................................... 52 2.2 Unidade de Condicionamento de Potência - PCU .................................. 53 2.2.1 BDR ........................................................................................................ 53 2.2.2 BCR ........................................................................................................ 55 2.2.3 SHUNT.................................................................................................... 55 2.3 Topologias de PSS ................................................................................. 57 2.4 Barramento Regulado versus Barramento Não Regulado ...................... 58 3 ABORDAGEM DE MINIMIZAÇÃO DE MASSA, E CONTROLE DA TENSÃO EM BARRAMENTOS REGULADOS...................................... 69 3.1 Abordagem de Minimização de Massa versus Topologia do PSS.......... 70 3.2 Estudo de Massa e Eficiência Realizado em 1985 – Um Primeiro Estudo..................................................................................................... 70 3.3 Estudo de Massa Realizado em 1998 – Um Segundo Estudo................ 74 3.4 Estudo de Massa Realizado em 2008 – Um Terceiro Estudo................. 78 3.5 Comentários Finais ................................................................................. 79 4 MODELAGEM ELÉTRICA DO BARRAMENTO REGULADO .................... 83 4.1 Tecnologia .............................................................................................. 83 4.2 Técnica de Controle da Tensão do Barramento ..................................... 83 4.3 Modelagem do Sistema – Barramento Regulado ................................... 89 4.4 Determinação da Largura de Banda da malha de Tensão - WBWv .......... 90 4.5 Abordagem de Determinação da Impedância de Saída - Zo(s) .............. 91 4.6 4.7 4.8 Tempo de Recuperação da Tensão do Barramento em Situações de Transitório de Carga ............................................................................... 93 Relacionando a Impedância de Saída com a Potência do Barramento .. 98 A influência das Cargas no Comportamento Dinâmico do Barramento 100 5 A TOPOLOGIA HÍBRIDA DE BARRAMENTO REGULADO .................... 105 5.1 Descrição .............................................................................................. 105 5.2 Definindo o Valor das Condutâncias (G)............................................... 107 5.2.1 Definindo a Potência do SHUNT e do BDR .......................................... 107 5.2.2 Dimensionando o Módulo da Condutância do SHUNT (GSH) e do BDR (GB) ....................................................................................................... 109 5.2.3 Ponto Singular de Instabilidade dos Canais do SHUNT ....................... 110 5.3 Modelagem das Condutâncias – Malha de Corrente ............................ 112 5.3.1 Condutância do SHUNT (GSH) .............................................................. 112 5.3.2 Condutância do BDR (GB)..................................................................... 114 6 PROJETO UTILIZANDO A CONDUTÂNCIA VIA BUCK E O PROJETO CBERS ................................................................................................. 121 6.1 Requisitos de Entrada........................................................................... 121 6.2 Seqüência de Cálculo ........................................................................... 121 6.3 Estudo de um Exemplo ......................................................................... 125 6.4 Procedimento de Projeto da Topologia Híbrida .................................... 133 6.5 O Projeto do CBERS ............................................................................ 138 7 CONCLUSÃO ............................................................................................ 151 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................. 153 APÊNDICE A UMA VISÃO GERAL SOBRE O PROGRAMA CBERS ........ 161 APÊNDICE B CÁLCULO DA INDUTÂNCIA DE SAÍDA DO BUCK (LO) .... 165 APÊNDICE C ESTIMATIVA DE MASSA DO CONVERSOR DCDC SMART................................................................................. 167 C.1 Dimensionamento Segundo Sullivan (1989b) e Lacore (1989).............. 167 C.2 Dimensionamento Segundo Capel (1998) ............................................. 169 APÊNDICE D CONCEITOS BÁSICOS......................................................... 171 D.1 Conversores DCDC ............................................................................... 171 D.2 Painel Solar ........................................................................................... 177 D.3 Baterias.................................................................................................. 179 D.4 SHUNT .................................................................................................. 184 D.5 Topologias de PSS ................................................................................ 186 APÊNDICE E EXEMPLOS DE EVOLUÇÃO TECNOLOGICA ..................... 199 APÊNDICE F ENGENHARIA DO PSS ......................................................... 201 APÊNDICE G MODELAGEM MATEMÁTICA .............................................. 205 G.1 Impedância de Saída ZO(S) .................................................................... 205 G.2 Tempo de Recuperação da Tensão do Barramento em Situações de Transitório de Carga................................................................................ 210 G.3 Ponto Singular de Instabilidade dos Canais do SHUNT ......................... 214 G.4 Condutância do BDR (GB) ...................................................................... 220 APÊNDICE H PROCEDIMENTO DE PROJETO .......................................... 235 LISTA DE FIGURAS Pág. 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.9 2.10 2.11 2.12 2.13 2.14 2.15 3.1 3.2 4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 Aumento da densidade de potência .................................................................. 30 Linha de tendência da potência elétrica no espaço – 1..................................... 31 Linha de tendência da potência elétrica no espaço – 2..................................... 31 Diagrama geral típico de um PSS..................................................................... 33 Massa como função da tensão do barramento (2kW – GEO). ......................... 36 Controle por PWM. .......................................................................................... 42 Característica potência constante ..................................................................... 42 Curva yípica da impedância de saída ............................................................... 44 Eficiência típica do conversor DCDC como função da variação da tensão de entrada. ............................................................................................................. 46 Painel solar sobre a própria estrutura do satélite. ............................................. 48 Exemplo de painel solar com três asas ........................................................... 48 Exemplo de painel solar rígido......................................................................... 49 Característica VI da célula solar de tripla junção típica. .................................. 51 Dependência da curva do painel solar. ............................................................. 51 Crescimento do uso de baterias de Li-Ion a partir da última década................ 53 Topologia BUCKrealimentada em corrente como uma condutância “G” controlável........................................................................................................ 55 O canal do SHUNT .......................................................................................... 56 A responsabilidade pelo controle da tensão transferida para os usuários......... 60 Interligação elétrica direta entre componentes não lineares............................. 64 O mecanismo do Lock-Up ................................................................................ 66 Influência da faixa de variação da tensão na relação g/W................................ 74 A balança de comparação de sistemas com barramento regulado versus não regulado............................................................................................................ 81 Ilustração do sistema ........................................................................................ 84 Detalhamento dos três domínios de operação .................................................. 86 Modelagem do sistema de controle .................................................................. 87 Diagrama de bode da malha de controle de tensão .......................................... 88 Resposta dinâmica da tensão do barramento devido a transientes de carga..... 89 Malha da tensão. ............................................................................................... 90 Modelo para determinação da impedância de saída. ........................................ 91 Malha de tensão estimulada por carga variante no tempo................................ 92 Simulação de uma PCU.................................................................................... 95 Simulação do comportamento dinâmico da tensão do barramento versus carga pulsada de 10 Ampéres. ................................................................................... 96 Detalhe do transitório ....................................................................................... 97 Diagrama de bode de ganho e fase do sistema simulado ................................. 98 Modelo da impedância de saída........................................................................ 99 Influência do aumento da capacitância de saída no ganho e na margem de fase do controle do barramento............................................................................... 101 4.15 5.1 5.2 5.3 5.4 5.5 5.6 5.7 5.8 5.9 5.10 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 6.7 6.8 6.9 6.10 6.11 6.12 6.13 6.14 6.15 6.16 6.17 6.18 6.19 6.20 6.21 6.22 B.1 C.1 Alteração do comportamento transitório devido ao acréscimo da capacitância de saída (Co) .................................................................................................... 103 A Topologia híbrida ......................................................................................... 105 Modo de operação típico – satélite LEO .......................................................... 106 Contribuição de potência do SHUNT e BDR................................................... 107 Capacidade de potência do SHUNT e BDR na ausência de falha.................... 108 Funcionamento do canal do SHUNT................................................................ 110 Comparação entre as rampas de ∆Vc e Vs ....................................................... 111 Chaveamento do painel solar na região de corrente constante......................... 114 Capacitância parasita do canal do painel solar. ................................................ 114 Topologia BUCK como uma condutância ....................................................... 115 Malha fechada de corrente................................................................................ 117 Diagrama elétrico utilizado para a simulação da condutância. ........................ 127 Diagrama de Bode da função de transferência da condutância em malha fechada na ausência de um integrador associado a A2 .................................... 128 Diagrama de Bode da função de transferência da condutância em malha fechada com um integrador associado a A2..................................................... 129 Variação da largura de banda da condutância em malha fechada em função da variação de Vi .................................................................................................. 130 O projeto completo – a condutância no interior da malha da tensão................ 130 Diagrama de Bode da resposta no domínio da freqüência do projeto completo (malha da tensão). ............................................................................................ 131 Impedância de saída (Zo) em função da freqüência ......................................... 132 Resposta ao transitório de carga de 10 ampéres no sistema com a malha de tensão fechada. ................................................................................................. 133 Lógica de processamento para elaboração do procedimento de projeto .......... 134 Diagrama ilustrativo do sistema completo ....................................................... 136 Diagrama elétrico equivalente do BDR do CBERS 1,2 e 2B........................... 142 Resposta em freqüência da condutância sem integração na malha .................. 142 Sensibilidade da largura de banda da condutância com integrador.................. 143 Resposta em frequencia da malha de tensão em aberto.................................... 144 Impedância de saída.......................................................................................... 144 Comportamento dinâmico da tensão do barramento do modo BDR................ 145 Resposta dinâmica do BDR do CBERs a um transitório de carga de +10 Amperes............................................................................................................146 Ondulação de corrente na saída do BDR (Vi=Vbateria=55V e Io=10,34 Amperes ........................................................................................................... 147 Resposta dinâmica do SHUNT do CBERS a um transitório de carga de -5A . 148 Resposta dinâmica da tensão do barramento devido a um transitório de carga de -20A, forçando o PCU do CBERS transitar entre o modo de operação BDR para o modo de operação SHUNT .................................................................. 149 BDR (modelo de Qualificação)e uma visão dos 6 módulos de condutâncias .. 150 Equipamento SHUNT (modelo de qualificação) e o módulo de potência dos canais do S3R.................................................................................................. 150 Tipologia BUCK............................................................................................... 165 Topologia smart................................................................................................ 167 D.1 D.2 D.3 D.4 D.5 D.6 D.7 D.8 D.9 D.10 D.11 D.12 D.13 D.14 D.15 D.16 D.17 D.18 D.19 D.20 D.21 D.22 D.23 G.1 G.2 G.3 G.4 G.5 G.6 G.7 G.8 G.9 G.10 G.11 Conversor DCDC Típico. ................................................................................. 172 Casamento de impedâncias............................................................................... 173 Curvas de impedâncias típicas.......................................................................... 173 Definição de T(s) .............................................................................................. 174 Conversor DCDC não regulado........................................................................ 176 Painel solar sobre a própria estrutura do satélite. ............................................. 177 Exemplo de painel solar com três asasa ........................................................... 178 Exemplo de painel solar rígido. ........................................................................ 179 Número de ciclos de vida típico da bateria de NiCd como função do DOD.... 180 Curva típica de carga e descarga da célula de NiCd (250C). ........................... 182 Curva típica de carga e descarga da célula de NiH2. ....................................... 183 Curva típica de carga e descarga da célula de Li- Íon. ..................................... 183 Associação elétrica de canais do SHUNT ........................................................ 184 Controle de canais de SHUNT com PWM ....................................................... 185 Configuração básica do canal do SHUNT S4R................................................ 186 Diagrama de blocos da topologia do sistema seguidor de potência máxima – MPPT. .............................................................................................................. 188 Barramento não regulado Tipo 1 ...................................................................... 189 Barramento não regulado Tipo 2. ..................................................................... 189 Faixa da variação da tensão do barramento não regulado Tipo 1..................... 191 Barramento regulado durante o Sunlight.......................................................... 191 Variação da tensão do barramento de potência. ............................................... 193 Barramento de potência regulado. .................................................................... 195 Barramento de potência híbrido........................................................................ 196 Modelo para determinação da impedância de saída ......................................... 205 Malha de tensão estimulada por carga variante no tempo................................ 206 As três curvas exponenciais da impedância...................................................... 213 Funcionamento do canal do SHUNT................................................................ 215 Comparação entre as rampas de ∆Vc e Vs ....................................................... 216 Simetria da onda dente de serra ........................................................................ 218 Topologia BUCK como uma condutância........................................................ 220 Malha fechada de corrente................................................................................ 222 Os dois estados do sistema ............................................................................... 225 Diagrama de Bode da função de transferência da condutância sem integrador na malha fechada de corrente e excluindo o ganho 1/Rs. ................................. 231 Diagrama de Bode da função de transferência da condutância com integrador na malha fechada de corrente e excluindo o ganho 1/Rs. ................................. 231 LISTA DE TABELAS Pág. 3.1 3.2 3.3 3.4 6.1 6.2 6.3 6.4 6.5 6.6 D.1 D.2 Satélites estudados e tensão do barramento......................................................... 71 Resultado inicial do estudo.................................................................................. 76 Resultado final do estudo. ................................................................................... 77 Estudo comparativo de massa ............................................................................. 79 Requisitos de entrada......................................................................................... 121 Requisitos do sistema. ....................................................................................... 125 Projeto do sistema.............................................................................................. 126 Requisitos do sistema ........................................................................................ 134 Especificação e considerações da PCU do CBERS 1,2 e 2B ............................ 140 Configuração do projeto da PCU do CBERS 1,2 e 2B ..................................... 141 Valores de ZN(s) e ZD(s) .................................................................................. 175 Características típicas das células de NiCd, NiH2 e Li-Ion............................... 181 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS A Ganho Proporcional do Compensador da Malha da Tensão A2 Ganho Proporcional do Compensador da Malha da Corrente β Valor do Quociente entre a tensão máxima e mínima do Barramento BCR Battery Charge Regulator BDR Battery Discharge Regulator BHC Battery Heater Controller BOL Begin Of Life CBERS China Brazil Earth Resources Sattelite Ci Capacitância do Filtro de Entrada de Conversores DCDC Co Capacitância de Saída do Barramento DCDC Conversores de Tensão Chaveados EMC Eletromagnetic Compatibility EMI Eletromagnetic Interference EOL End Of Life ESA European Space Agency F Freqüência em kHz FBWi Largura de Banda da Malha de Corrente em kHz FBWv Largura de Banda da Malha de Tensão em kHz FSW Freqüência de Chaveamento do PWM em kHz FSWBDR Freqüência de Chaveamento do PWM do BDR em kHz FSWSH Freqüência de Chaveamento do PWM do SHUNT em kHz G Valor da Condutância GBDR Valor da Condutância do BDR GEO Geostationary Orbit gMA Ganho da Malha de Tensão Aberta GSH Valor da Condutância do SHUNT IcSH Valor da Corrente por Canal do SHUNT Imp Valor da corrente do Painel Solar no Ponto de Máxima Potência Ips Corrente do Painel Solar Isc Corrente de Curto Circuito do Painel Solar ISS International Space Station K Fator de Realimentação da malha de Tensão λ Fator de perda de potência em conversores DCDC λ1 Fator de perda de potência em conversores DCDC devido aos componentes magnéticos λ2 Fator de perda de potência em conversores DCDC devido ao chaveamento LEO Low Earth Orbit Li Indutância do Filtro de entrada de Conversores DCDC Li-Ion Baterias de Íons de Lítio λo Fator de perda de potência em conversores DCDC por efeito Joule Lo Indutância do Filtro de Saída do BUCK MEA Main Error Amplifier MPPT Máximum Power Point Tracker ῃ Índice de Eficiência nBDR Número de canais de condutância do BDR NiCd Níquel e Cádmium NiH2 Níquel e Hidrogênio nSH Número de canais de condutância do SHUNT PBDRmáx Potência de saída máxima do BDR PBDR Potência de saída do BDR pc Freqüência do polo da Condutância em rad/seg PcBDR Potência de saída por canal de Condutância do BDR PCDU Power Control and Distribution Unit PcSH Potência de Saída por Canal do SHUNT PCU Power Control Unit PDU Power Distribution Unit PI Compensador Proporcional Integral Po Potência de Saída PoM Potência de Saída Máxima Pps Potência do Painel Solar PsBY Potência Stand-By do Satélite PSH Potência do SHUNT PSS Power Supply Subsystem PWM Pulse Width Modulation RL Resistência de Carga do Barramento RLM Resistência de Carga Máxima do Barramento Ro Resistência de Saída do Barramento Regulado Rs Resistência do sensor de corrente associada à Condutância do BDR RsCBDR Resistência do Sensor de Corrente de Cada Módulo de Condutância do BDR 3 SR Sequential Switching SHUNT Regulator S4R Serial Sequential Switching SHUNT Regulator SCA Solar Cell Assembly SCD1 Satélite de Coleta de Dados 1 Si Fator de Simetria da onda Periódica associada ao PWM SiBDR Fator de Simetria da onda Periódica associada ao PWM do BDR δ Margem de Fase SiSH Fator de Simetria da onda Periódica associada ao PWM do SHUNT T Período da freqüência de chaveamento do PWM TAS-F Thales Alenia Space France tf Tempo de descida do pulso de tensão ou corrente em conversores DCDC de Potência chaveados tr Tempo de subida do pulso de tensão ou corrente em conversores DCDC de Potência chaveados Tr Tempo de Recuparação da Tensão do Barramento Vc Tensão de controle da condutância Vi Tensão de entrada do BDR VM Máxima tensão em um Barramento não regulado Vm Mínima tensão em um Barramento não regulado Vo Tensão do Barramento Voc Tensão de circuito aberto do Painel Solar Vref Tensão de referência da malha de realimentação de Tensão Vs Amplitude da onda periódica de tensão do PWM W Freqüência em rad./seg. WBWi Largura de Banda da Malha da Corrente em rad./seg. WBWv Largura de Banda da Malha da Tensão em rad./seg. z Freqüência do zero do integrador da Malha da Tensão Zf Impedância de saída do Filtro de entrada do conversor DCDC Zi Impedância de entrada do conversor DCDC zi Freqüência do zero do integrador da Malha da Corrente Zo Impedância de Saída do Barramento Regulado ∆I Degrau de corrente ∆Vc Faixa da Tensão de Controle das Condutâncias do Barramento Regulado ∆VcBDR Faixa da Tensão de Controle da Condutância do BDR ∆VcSH Faixa da Tensão de Controle da Condutância do SHUNT ∆Vo Distúrbio de Tensão no Barramento Regulado devido a transitórios de Carga 1 INTRODUÇÃO 1.1 Contexto e Motivação do Trabalho Atualmente, dentre os subsistemas de maior importância que compõem um satélite devemos considerar o Subsistema de Suprimento de Energia (Power Supply Subsystem – PSS). Tal subsistema é responsável por aproximadamente 25 a 40% da massa total do satélite (desconsiderando a massa líquida) (SULLIVAN, 1985; CAPEL; SULLIVAN; MARPINARD, 1988; LACORE, 1989; CAPEL, 1998; MUKUND, 2005). Vale acrescentar que o custo de um lançamento, para uma determinada órbita, é avaliado levando-se em conta a relação US$/kg de carga útil, o qual varia de lançador para lançador. Mukund (2005) cita o custo médio de lançamento em 2002 de US$10.000,00/kg para satélites com órbitas LEO (Low Earth Orbit) e de US$50.000,00/kg para satélites com órbitas GEO (Geostationary Orbit). O primeiro satélite lançado foi o Sputnik I em 4 de outubro de 1957 com potência elétrica e massa da ordem de 1 W e 83,6 kg respectivamente (HAYDER et al, 2003). A partir de então se iniciou uma gradativa e crescente necessidade de potência elétrica das missões espaciais ao longo do tempo. Vale lembrar que em 1998 foi iniciada a integração, em órbita, da Estação Espacial Internacional com uma potência elétrica total prevista da ordem de 105 kW (MUKUND, 2005). Além disto, podemos destacar o atual desenvolvimento europeu de uma grande plataforma, denominada projeto AlfaBus, com o intuito de expandir as plataformas já existentes Alcatel – SPACEBUS, (BOUHURS; ASPLANATO,1998) e acomodar cargas úteis de satélites de comunicação com níveis de potência entre 14 e 20 kW, com potencial de expansão até 25 kW (MASET et al, 2005; SABOURIN; COX; CRAUSAZ, 2008). Não se pode esquecer também do aparecimento das constelações de satélite as quais reforçaram ainda mais a necessidade de otimização de energia/massa no sentido de minimizar essencialmente os 29 custos devido ao alto grau de repetibilidade da fabricação do subsistema e grande número de lançamentos. Esta tendência de aumento de potência elétrica no espaço, despertou a atenção para a excelência do PSS, exigindo que grandes melhorias, principalmente no campo da otimização, fossem estudadas e implementadas. A partir de então, juntamente com avanços tecnológicos, a relação de potência por massa vem consistentemente aumentando com o tempo. A Figura 1.1 ilustra o aumento da densidade de potência específica nas últimas duas décadas devido a fatores tecnológicos. Figura 1.1 - Aumento da densidade de potência específica. Fonte: National Research Council (2000). As Figuras 1.2 e 1.3 exemplificam a linha de tendência da evolução dos níveis de potência elétrica no espaço como função do tempo. 30 Figura 1.2 - Linha de tendência da potência elétrica no espaço – 1. Fonte: Hayder et al (2003). Figura 1.3 – Linha de tendência da potência elétrica no espaço – 2. Fonte: Mukund (2005). Além das exigências de um bom desempenho elétrico, baixo custo, minimização de massa, extrema confiabilidade e eficiência, o PSS é responsável por: 31 • Gerar a energia necessária para o satélite através de painéis solares fotovoltaicos; • armazenar em baterias a energia elétrica necessária para o funcionamento do satélite durante os períodos de sombra; • condicionar as baterias em termos de temperatura, estado de carga e de descarga; • condicionar a energia elétrica controlando o seu fluxo e regulando tensões; • distribuir a energia elétrica para os diversos equipamentos do satélite; • gerar proteções elétricas para as linhas de distribuição de potência. A tarefa de buscar melhorias em todos os aspectos relacionados a suprimento de energia no espaço é dinâmica e interminável. Vale dizer que no período de 5 anos entre 1998 e 2002, um em cada quatro satélites geoestacionários comerciais lançados ao espaço experimentou algum tipo de problema no subsistema de potência elétrica (MUKUND, 2005). Um sistema de suprimento de energia para satélites é composto normalmente por: • Uma fonte primária de energia; • uma unidade eletrônica para condicionamento da potência elétrica proveniente da fonte primária; • um sistema capaz de armazenar energia para alimentar o satélite; durante os períodos de ausência do Sol (períodos de sombra); • um sistema responsável pela distribuição, condicionamento e proteção da energia para as cargas. A fonte primária de energia e o sistema de armazenagem serão entendidos e limitados a painel solar e baterias recarregáveis respectivamente, no escopo deste trabalho. A unidade eletrônica de condicionamento de potência elétrica é identificada como PCU (Power Conditioning Unit); e a unidade eletrônica de 32 distribuição e condicionamento de potência elétrica é identificada como PDU (Power Distribution Unit). A Figura 1.4 ilustra um subsistema de suprimento de energia genéricamente. Figura 1.4 – Diagrama geral típico de um PSS. Em se falando de subsistema de suprimento de energia para satélites é importante considerar também os inúmeros tipos de órbita para satélites, das quais podemos ressaltar: • Satélites de órbita baixa – LEO (Low Earth Orbit) Essencialmente estas órbitas são de aproximadamente 750 km de altitude com um período de ~100 minutos dos quais um terço se refere ao tempo noturno - noite (eclipse period) e os outros dois terços do tempo da órbita se referem ao período iluminado - dia (sunlight period) do satélite. Deste período conclui-se que o satélite terá aproximadamente 5256 ciclos de sombra/dia por ano, o que implica diretamente 5256 ciclos anuais de carga e descarga das baterias associados à missão. • Satélites de órbita alta – GEO (Geostationary Orbit) Essencialmente estas órbitas são de aproximadamente 36.000km de altitude com um período de 24 horas, dos quais ~ 5% (~ 1,2 horas) se refere ao período de sombra (noite) e os outros ~ 95% do período da 33 órbita (~ 22,8 horas) se refere ao período iluminado (dia) da órbita do satélite. Deste período conclui-se que o satélite terá aproximadamente 365 ciclos de noite/dia por ano, o que implica diretamente em 365 ciclos anuais de carga e descarga das baterias associadas à missão. Especificamente, o programa CBERS utiliza órbita Heliossíncrona (LEO) com altitude da ordem de 750 km. A geração de energia nos satélites é feita através de painéis solares os quais, via células fotovoltaicas, convertem a energia luminosa do Sol em energia elétrica. A armazenagem da energia em satélites é normalmente feita através de baterias as quais, indiferentemente da tecnologia utilizada, devem ser recarregadas utilizando a energia proveniente dos painéis solares durante os períodos iluminados da órbita. Além disto, elas devem alimentar eletricamente o satélite durante os períodos noturnos. A PCU (Power Conditioning Unit) poderá ter uma ou mais das seguintes funções: • Controlar a potência gerada pelos painéis solares (via SHUNTs); • controlar a carga das baterias (via BCR’s – Battery Charge Regulator’s); • controlar a descarga das baterias (via BDR’s – Battery Discharge Regulator’s); • controlar a temperatura das baterias (via BHC’s – Battery Heater Controller’s). 34 Vale ressaltar que, para satélites destinados a missões com órbitas do tipo GEO, os BCR’s são proporcionalmente muito pequenos, com massa e volume percentualmente quase desprezíveis já que a relação entre o tempo de eclipse e o de Sol da órbita é muito pequena (da ordem de 0,05) acarretando em uma grande disponibilidade de tempo para carga das baterias. Isto, por sua vez, possibilita uma recarga das baterias através de correntes relativamente pequenas o que esta associado a BCR’s com pequena capacidade de potência quando comparados aos níveis de potência do SHUNT, BDR´s e com a energia total gerada para estes satélites. Diversas são as topologias utilizadas para o condicionamento de potência em satélites. Entretanto, um dos tópicos de grande importância e que subdivide em dois grandes grupos os sistemas de energia em satélites é o controle da tensão do barramento principal de potência (Main Bus). Tal controle pode ser do tipo tensão regulada conhecido simplesmente com o Barramento Regulado ou do tipo tensão restrita a uma faixa de valores, conhecidos simplesmente como Barramento Não Regulado. Os satélites da série CBERS desenvolvidos pelo INPE fazem uso do sistema de potência com tensão de barramento regulada ou controlada. Este fato, imediatamente conecta este projeto ao campo da modelagem, do controle e da análise de estabilidade da tensão do Barramento. A norma (ECSS-E-ST-20C) da ESA (European Space Agency) equaciona a tensão ótima de operação dos sistemas com Barramento Regulado, sob o ponto de vista de parâmetros elétricos, como sendo uma função direta da máxima potência necessária ao satélite. Esta equação estabelece um nível de tensão conforme a Equação 1.1: Pbus.≤ 2.V2bus 35 (1.1) Entretanto, esta mesma norma estabelece, no caso de Barramento Regulado, três níveis de tensão padrão a serem praticados em função da capacidade de potência: • 28V para potências de até 1,5 kW; • 50V para potências de 1,5 kW até 8 kW; • 100V e 120V para potências superiores a 8 kW. Estes níveis estão em concordância com a Expressão matemática 1.1 apresentada anteriormente, porém, cria patamares de tensão atingindo uma otimização global do projeto do satélite em suas várias disciplinas, como por exemplo, permitindo o reuso do projeto elaborado por diversos fornecedores de equipamentos embarcados em satélite através da criação de padrões de tensão para os sistemas com Barramento Regulado. Ainda mais, permite a redução de massa e dos custos de desenvolvimento, e melhora a confiabilidade (SIGNORINI et al, 2008, OLSSON, 1998). A Figura 1.5 representa a massa de algumas partes de um sistema de potência como função da tensão do barramento para um suposto satélite de 2 kW com órbita geoestacionária. Figura 1.5 - Massa como função da tensão do barramento (2kW – GEO). Fonte: Mukund (2005). 36 A distribuição da energia é feita pela PDU (Power Distribution Unit) a qual é composta por um ou mais equipamentos eletrônicos, os quais devem gerar linhas de distribuição de energia derivadas eletricamente do barramento principal de potência para os diversos usuários. O lay-out destas linhas está intimamente ligado à arquitetura elétrica de um determinado satélite/missão. Estas linhas, independentemente da técnica adotada e/ou especificada, devem ser protegidas contra sobrecorrente e/ou sobretensão/subtensão. Além disto, a distribuição de energia pode também conter conversores DCDC com a função de adaptar a tensão do barramento às necessidades particulares dos usuários de uma forma eletricamente eficiente. Em determinadas situações, a PCU e a PDU se fundem formando um sistema normalmente identificado como PCDU (Power Control and Distribution Unit). Por fim, esta necessidade e imposição de controle e estabilidade da tensão de distribuição nos satélites com Barramento Regulado, a necessidade crescente de potência elétrica no espaço e uma procura pela otimização global do subsistema de energia/potência no espaço, especialmente da relação massa/custo, foi um dos grandes motivadores do desenvolvimento deste trabalho. 1.2 Objetivo do Trabalho Este trabalho objetiva o estudo de topologias de subsistemas de suprimento de energia de satélites e desenvolvimento de um procedimento de projeto da Topologia Híbrida . Para fazer isto, ele está dividido essencialmente em duas partes. A primeira parte consiste em um estudo qualitativo dos subsistemas de suprimento de energia em sistemas espaciais, considerando os aspectos de massa e desempenho elétrico associados aos dois grandes grupos de topologia: 1) o barramento de potência elétrica com tensão regulada; e 2) o 37 barramento de potência elétrica com tensão não regulada. A segunda parte deste trabalho consiste em um estudo quantitativo através de uma modelagem matemática da Topologia Híbrida de suprimento de energia do tipo tensão de barramento regulada. Esta topologia é utilizada nos satélites do programa binacional Brasil/China - CBERS (China Brazil Earth Resources Satellites), particularizada pelo uso do SHUNT S3R e um BDR utilizando a topologia BUCK (ERICKSON; MAKSIMOVIÉ, 2001). Este estudo, limitado à PCU (Power Conditioning Unit) e considerando a solução do CBERS, é composto por: modelagem elétrica, análise da estabilidade elétrica, cumprimento de requisitos de desempenho elétricoe desenvolvimento de um procedimento para guiar futuros projetos empregando topologia igual ou similar. Para validação do modelo matemático e do procedimento foram utilizados recursos de simulação via o software Micro Cap e através de comparação com resultado de testes reais do PSS do CBERS. 1.3 Organização do Trabalho Os Capítulos 1 e 2, introduzem os conceitos e abordagens básicas referente ao vasto campo da potência elétrica embarcada e destinada ao espaço, se limitando ao subconjunto dos sistemas nos quais a geração primária de energia se dá através do fenômeno fotovoltaico via células solares fotovoltáicas. O Capítulo 3 interrelaciona e analisa qualitativamente o aspecto de massa com as topologias de suprimento de energia através de estudos realizados e apresentados em congressos internacionais. O Capítulo 4 apresenta a modelagem dos sistemas com tensão regulada/controlada com seus diversos parâmetros elétricos principais de desempenho e estabilidade. O Capítulo 5 se concentra em equacionar e modelar o caso particular da Topologia Híbrida de suprimento de energia com Barramento Regulado utilizando a célula de conversão de energia tipo BUCK e o SHUNT S3R, incluindo, ainda, exemplos e simulações de cálculos. Por fim, o Capítulo 6 apresenta um procedimento para 38 projetos com Barramento Regulado utilizando a Topologia Híbrida incluindo o exemplo real do sistema de potência dos satélites desenvolvidos pelo INPE da série CBERS (China Brazil Earth Resource Satellite). As conclusões e sugestões para o prosseguimento deste trabalho são apresentadas no Capítulo 7. Após o Capítulo 7, estão organizadas as Referências Bibliográficas. Adicionalmente, estão incluídos vários Apêndices com o intuito de complementar o nível de informação e melhorar a compreensão de alguns tópicos. É importante ainda enfatizar que diversas simulações foram realizadas para validar a modelagem matemática; e que, no caso do CBERS, alguns resultados foram comparados com dados reais de teste. Esta comparação se limitou a testes de transitórios de carga no barramento de potência nos quais requisitos de desempenho elétrico relacionados a testes dinâmicios foram estudados. O software de simulação utilizado foi o Micro-Cap 8.0 (Electronic Circuit Analysis Program) desenvolvido pela SPECTRUM1. 1 A Spectrum Software foi criada em fevereiro de 1980 por Andy Thompson com a intenção de desenvolver softwares para computadores pessoais (PC´s). Inicialmente a companhia concentrou-se em fornecer softwares para sistemas APPLE II. Em setembro de 1982 foi criada a primeira versão do Micro-Cap. Desde então, ao longo dos anos este software veio sofrendo atualizações, versatilidades e melhoramentos. A versão 8.0 do Micro-Cap foi lançada em 2005. Atualmente o software Micro-Cap se encontra na versão 9.0.6 e a versão demo esta disponível livremente na internet através do site: www.spectrum-soft.com. 39 40 2 CONCEITOS BÁSICOS 2.1 Detalhamento dos Componentes que Compõem um PSS 2.1.1 Conversores DCDC Diversas são as topologias existentes de conversores DCDC. No geral elas são formadas por um filtro indutivo-capacitivo (LC’s) os quais recebem energia elétrica a partir de um dispositivo eletrônico (normalmente MOSFETs de potência) trabalhando em regime de chaveamento, acionado via alguma técnica de controle (Pulse Width Modulation - PWM, histerese, etc). A função principal de um conversor DCDC é transformar um determinado nível de tensão contínua em um outro nível de tensão também contínua e com a maior eficiência elétrica possível. O método de controle por PWM, ainda é o mais usual, apesar de existirem tantos outros. Este método consiste simplesmente em comparar a tensão de controle proveniente do amplificador de erro com uma onda dente de serra de amplitude e freqüências fixas. A saída da comparação é um trem de pulsos com largura variável e com freqüência fixa. Este trem de pulsos é aplicado ao dispositivo eletrônico responsável pelo chaveamento - normalmente MOSFETS. A razão entre o tempo em que a saída do comparador permanece em nível alto (correspondente ao canal do MOSFET fechado ou em condução) e o período do trem de pulsos (período correspondente à freqüência de chaveamento) é chamada de ciclo de trabalho (duty cycle). Assim sendo, se a for o duty cycle, temos: a = tempo ligado dividido pelo período, ou seja: a=tligado/T. Desta forma, o tempo desligado do MOSFET será: tdesligado = (1 a).T. A Figura 2.1 ilustra este controle. 41 Pulsos de Tensão Freqüência fixa Tensão de Erro Tempo Tempo PWM Onda Dente de Serra Freqüência Fixa Figura 2.1 – Controle por PWM. Uma importante característica dos conversores com tensão de saída regulada via PWM é a impedância de entrada negativa (Zc). Com a tensão de saída constante e supondo uma carga constante, a potência de saída é também constante. Sendo assim, a menos da eficiência do conversor, a potência da entrada é constante e igual á potência da saída (Princípio da Conservação da Energia), o que implica ser constante o produto tensão da entrada pela corrente da entrada. Se por algum motivo a tensão de entrada diminuir a corrente deve aumentar no sentido a manter o produto Vi x Ii constante, ou seja: dVi/dIi < 0 (para Potência Constante) caracterizando uma impedância de entrada negativa (A tensão de entrada diminui e a corrente aumenta ou vice versa). Veja Figura 2.2: Figura 2.2 – Característica Potência Constante. 42 Sob o ponto de vista de estabilidade elétrica em conversores com tensão de saída regulada devemos considerar os seguintes aspectos : • Estabilidade da malha interna de corrente, quando existir; • estabilidade da malha externa de tensão; • estabilidade associada à interação entre a impedância de saída do filtro LC de entrada do conversor (Zf) e a impedância de entrada do conversor (Zi). Veja o Apêndice D; • estabilidade associada à comparação de sinais necessária à geração da função PWM. A impedância de saída (Zo(s)) é também um importante requisito para mensurar a qualidade da tensão de saída do conversor que faz a interface com os usuários (carga). Basicamente ela quantifica o distúrbio no nível da tensão de saída provocado por uma variação no consumo de corrente da carga: Zo(t)= ∂Vo/∂Io. A Figura 2.3 apresenta a curva característica da norma ECSS-E-ST20C, utilizada para padronizar e definir o valor da impedância de saída. 43 Figura 2.3 – Curva típica da impedância de saída. Fonte: Norma ESA – ECSS-E-ST-20C. A eficiência do conversor é definida como a razão entre a potência de saída e a potência de entrada. Este parâmetro mede a quantidade de potência que é dissipada em calor pelo conversor. Basicamente existem três fatores responsáveis pelas perdas de potência: • Perdas devidas ao chaveamento – estas perdas estão associadas à freqüência de chaveamento, aos tempos de comutação tr e tf (tr – rise time, tf – fall time) dos componentes eletrônicos submetidos ao chaveamento e às máximas amplitudes dos transientes de corrente e de tensão; • perdas em componentes magnéticos – estas perdas estão associadas à freqüência de chaveamento e ao material magnético (tipo de ferrite) utilizado nos indutores e transformadores; 44 • perdas por efeito Joule – estas perdas estão associadas ao quadrado da corrente circulante em todos os componentes do conversor DCDC, principalmente os de potência. Sendo assim, em conversores regulados, esta eficiência é dependente do ponto de operação (duty cycle) e também do nível de potência da saída. Segundo Capel (1998) a expressão característica da eficiência como função da potência de saída (Po) e da tensão de entrada (V(t)) é dada pela Equação 2.1: η (t ) = Po. V (t ) λ2 + λ1V (t ) + λ0V (t ) 2 (2.1) Os valores dos λ’s estão associados a cada um dos tipos de perdas relacionadas anteriormente e, portanto, são funções de Po (potência de saída). A eficiência elétrica de cada projeto de conversor DCDC estará associada a um conjunto de valores de K (λo, λ1 e λ2). A curva característica da eficiência é mostrada na Figura 2.4. 45 Eficiência n dn/dVi = 0 n max. V1 VT Vi V2 Figura 2.4 – Eficiência típica do conversor DCDC como função da variação da tensão de entrada. Fonte: Capel (1998). Assim sendo, é importante minimizar ao máximo possível a faixa de variação da tensão de entrada e projetar o conversor dedicado a uma tensão de entrada (VT) específica ou a uma faixa estreita de variação da tensão de entrada (V2 – V1) no sentido de preservar a máxima eficiência. Vale ressaltar que a massa do filtro de entrada é também proporcional à especificação da faixa de variação da tensão de entrada. Se a tensão de entrada puder ser muito baixa em relação à tensão nominal de operação então isto significará que a corrente será muito alta (potência constante na entrada dos conversores DCDC) e, portanto, o indutor de entrada será superdimensionado no sentido de evitar a saturação magnética ao mesmo tempo em que deve manter a energia mesmo nas tensões de entrada mais altas quando a corrente de entrada é mínima (1/2.Li.Ii2). O mesmo fato ocorre com o capacitor: ao mesmo tempo em que este componente é dimensionado para suportar a tensão mais alta de entrada, ele também deve ser 46 dimensionado de forma a ser capaz de manter o nível de energia mínimo quando submetido à tensão de entrada baixa (1/2.Ci.Vi2). Portanto, o capacitor de entrada acaba ficando também superdimensionado. Sullivan (1989b), Lacore (1989) e Capel (1998) determinaram um conjunto de equações definindo os componentes de um conversor DCDC como função da tensão de entrada, e definindo as massas correspondentes. Veja o Apêndice C. O Apêndice D, acrescenta mais informações sobre conversores DCDC, como por exemplo a condição da estabilidade elétrica devido à interface com o filtro LC de entrada. 2.1.2 Painéis Solares O painel solar é o equipamento que possui a maior área em um satélite. Eles são formados por um substrato sobre o qual são alocadas as células solares. Diversas são as formas de implementação do substrato. Abaixo, seguem alguns exemplos: • A própria estrutura do satélite: neste caso a células solares são montadas diretamente no próprio corpo do satélite. Podemos citar como exemplo desta configuração, o satélite SCD1 (Satélite de Coleta de Dados 1) desenvolvido pelo INPE na década de 1980. Veja ilustração na Figura 2.5 : 47 Figura 2.5 - Painel solar sobre a própria estrutura do satélite. Fonte: Mukund (2005). • Painéis com 3 ou mais asas: Este tipo de painel tem aplicação similar ao anterior e deixa livre a superfície do corpo do satélite permitindo uma maior flexibilidade na sua instrumentação. A Figura 2.6 ilustra esta configuração. Figura 2.6 – Exemplo de painel solar com três asas. Fonte: Mukund (2005). • Painéis Flexíveis: Nestes painéis o substrato é formado por um cobertor de Kevlar no qual são alocadas as células solares. Eles proporcionam uma grande economia de massa e podem estar enrolados ou sanfonados na configuração de lançamento do satélite. 48 Como grandes exemplos de utilização deste tipo de tecnologia podem ser citados o Telescópio Hubble e a Estação Espacial Internacional – ISS. • Painéis Solares Rígidos: A grande maioria dos painéis solares utilizados pertence a esta categoria. São painéis formados por “honeycomb” de folhas de alumínio e cobertos por folhas de material de fibra-carbono na qual são alocadas as células solares. Nesta opção, os vários painéis são fixados uns aos outros através de mecanismos específicos para permitir a abertura e o travamento global da estrutura no espaço. O painel solar como um todo é fixado na estrutura do satélite através de um mecanismo normalmente nomeado de Yoke. Um exemplo deste tipo de painel é a série de satélites CBERS desenvolvidos pelo INPE/Brasil em parceria com a CAST/China. A Figura 2.7 ilustra esta configuração. Figura 2.7 – Exemplo de Painel solar Rígido. Fonte: Mukund (2005). 2.1.2.1 Células Solares As células solares são o principal componente eletrônico ativo do painel solar. Estes componentes quando soldados uns aos outros através de welding via uma fina lâmina de prata (interconectores) formam os SCA’s (Solar Cell Assembly) conectados eletricamente em série compondo os strings de células/SCA’s. Além do mais, os SCA’s são cobertos com finas lâmina de vidro (coverglass) antireflexivo, que protegem as células da radiação espacial. 49 As células solares mais antigas eram fabricadas a partir do silício com eficiência elétrica aproximada de 10% a 14% (RAUSCHENBACH,1980). As células solares atualmente são constituídas pelo material Arseneto de Gálio (InGaP/InGaAs/Ge) em uma estrutura cristalina de tripla junção com uma eficiência elétrica entre 25 e 30% (http://www.spectrolab.com/prd/space/cellmain.asp). Sendo assim, devido a estas eficiências, estas células solares quando iluminadas na condição dita AM0 (Air Mass Zero solar spectral irradiance) equivalente a 1.355 W/m2 +/-5% (MUKUND, 2005) podem fornecer 176 W/m2, no caso de células de silício, e de 339 W/m2 a 407 W/m2 no caso das células de tripla junção (InGaP/InGaAs/Ge); considerando um fator de utilização de área igual a 100%. Em situações reais, este fator de utilização pode variar entre 80 e 90%. A curva característica (VI) da célula de tripla junção é apresentada na Figura 2.8. É importante observar a característica bastante não linear deste componente: em uma determinada região a célula solar se aproxima de uma fonte de corrente e em uma outra região ela se aproxima de uma fonte de tensão. No trato desta curva característica existem três pontos importantes, a saber: • Ponto da tensão de circuito aberto onde a corrente é zero e a tensão é máxima (Voc – Open Circuit Voltage); • ponto da corrente de curto circuito onde a tensão da célula é zero e a corrente é máxima (Isc – Short Circuit Current); • ponto de potência máxima, localizado exatamente na transição entre a região – fonte de corrente e a região fonte de tensão (Vmp – Maximum Power Point Voltage; Imp – Maximum Power Point Current). 50 Figura 2.8 – Característica VI da célula solar de tripla Junção típica. Fonte: http://www.emcore.com/support/whitepapers. A curva característica VI da célula solar é bastante alterada pela radiação, intensidade luminosa, ângulo de incidência solar e temperatura. Qualitativamente, a Figura 2.9 apresenta esta dependência. Figura 2.9 – Dependência da curva do painel solar. Fonte: Adaptada de Sullivan (1989b). A densidade de massa específica atingida atualmente pelos painéis solares, para os componentes elétricos, quando utilizando células de tripla junção 51 (eficiência de 26%) é da ordem de 10g/W (FATEMI et al, 2002), não incluindo a estrutura e mecanismos associados ao painel solar. De uma forma global, a densidade de massa específica de painel solar é da ordem de 15 a 20g/W (KAVUN, 1998). A área específica de células é aproximadamente de 3,3m2/kW (MUKUND, 2005). 2.1.3 Baterias A bateria foi considerada por muito tempo um dos equipamentos mais pesados de um satélite. Existem três tipos principais de baterias para uso no espaço: • Níquel Cádmio - NiCd • Niquel Hidrogênio - NiH2 • Lítio Íon – Li-Ion Cada uma destas três tecnologias de baterias apareceram disponíveis para uso espacial espaçadas no tempo a cada duas décadas. O período de 1960 a 1980 foi dominado pela tecnologia de NiCd (~25Wh/kg), entretanto o período de 1980 a 2000 foi caracterizado pelo advento e uso das baterias de Ni-H2 (~60Wh/kg). A partir de 2000, a tecnologia de bateria de Li-Ion (> 120Wh/kg) vem progressivamente dominando as aplicações (BORTHOMIEU et al, 2008). Veja Figura 2.10. A alta densidade de energia das baterias de Li-Ion fez com que atualmente o ítem bateria não seja mais considerado um dos equipamentos mais pesados do satélite (SIGNORINI et al, 2008). 52 Figura 2.10 - Crescimento do uso de baterias de Li-Ion a partir da última década. Fonte: Linden; Reddy (2002). 2.2 Unidade de Condicionamento de Potência - PCU A composição da PCU de um determinado PSS, depende essencialmente da topologia de Barramento Regulado ou Barramento Não Regulado. Comumente, a PCU poderá conter pelo menos um dos seguintes equipamentos: SHUNT, BDR e BCR. A seguir é apresentada uma descrição suscinta destes equipamentos. 2.2.1 BDR Os BDR’s (Battery Discharge Regulator) são na sua essência conversores DCDC cuja topologia varia conforme a arquitetura elétrica do satélite ao qual se destinam. Eles operam via controle PWM e estão sempre com as baterias acopladas eletricamente na sua entrada. Desta forma, eles convertem a tensão da bateria na tensão do barramento com uma tensão regulada apropriada aos usuários. Estes conversores estão submetidos a uma ampla variação da 53 tensão de entrada, uma vez que a tensão da bateria varia de acordo com o estado de carga. No caso de baterias de NiCd esta tensão pode variar em torno do valor médio de aproximadamente +/- 20%. De acordo com o pradrão ESA (SULLIVAN, 1989b), estes conversores devem ser realimentados através de uma malha interna de corrente de tal forma a se comportarem como condutâncias controláveis (fontes de corrente controladas por um sinal de controle de tensão) quando imersos em uma malha mais externa de tensão. A Figura 2.11 mostra uma topologia BUCK realimentada em corrente e sua transformação quando ela é imersa dentro da malha de controle de tensão. Fazendo desta forma, o sistema se torna alinhado com a técnica adotada pela ESA para a implementação do controle da tensão do barramento. Com este conceito, vários módulos de BDR de menor potência podem ser agregados eletricamente em paralelo de tal forma a atingir a capacidade de potência desejada. Assim, o sistema se torna modular e adaptativo a vários níveis de potência/missão de satélites a partir de um único projeto. 54 L Lo C Saida de Potência PWM Bateria Buck Vc – sinal de tensão de controle Tensão Regulada BDR K Vc A Co condutância “G” Bateria Figura 2.11 – Topologia BUCK realimentada em corrente como uma Condutância “G” controlável. 2.2.2 BCR Os BCR’s são exatamente como os BDR’s só que, neste caso a bateria está conectada nos terminais de saída do conversor sendo a tensão de entrada aquela estabelecida para o barramento. A topologia adotada depende, assim como os BDR’s, da arquitetura elétrica do satélite aos quais se destinam. Entretanto devem, assim como nos BDR´s, constituir condutâncias controladas por uma tensão proveniente da malha de controle do barramento. 2.2.3 SHUNT A função do SHUNT é controlar diretamente e com confiabilidade a potência disponibilizada pelo painel solar. Isto deve ser feito de tal forma que as necessidades de energia do satélite sejam atendidas e o excesso de energia 55 seja refletido de volta ao espaço, em forma de calor, com uma dissipação de potência elétrica muito baixa no interior do satélite. Para cumprir a sua função, tanto o SHUNT quanto o painel solar são subdivididos em várias seções, sendo que cada seção de painel é interligada a uma seção de SHUNT em uma relação elétrica biunívoca. Estes circuitos parciais de painel solar e SHUNT são interligados eletricamente entre si de tal forma a permitir um funcionamento seqüencial. Cada uma destas seções pode está conectada à linha de retorno, via um mosfet, ou está também conectada ao barramento via um diodo, conforme Figura 2.12. Esta topologia de SHUNT foi desenvolvida pela ESA na década de 70 e é identificada como S3R (Sequential Switching Shunt Regulator). Barramento Controle Canal de Painel Solar Canal do Shunt Figura 2.12 – O Canal do SHUNT. Dependendo da exigência de corrente por parte do barramento (cargas), existirá um grupo de canais com seus MOSFETs em aberto e um outro grupo de canais com seus MOSFETs em curto. Para o ajuste fracionário da corrente, existirá sempre um canal intermediário aos dois grupos mencionados acima, que controlará a corrente proveniente do painel solar em um regime de chaveamento de tal forma que a sua corrente média seja exatamente o 56 complemento necessário ao barramento. Os canais do SHUNT que estiverem com os seus respectivos Mosfets em curto fornecerão uma potência nula ao barramento de potência do satélite já que a tensão é nula. Desta forma, a energia luminosa solar incidente nos painéis associados a canais de SHUNT em curto, será refletida de volta ao espaço sendo que apenas uma pequena parcela da energia será dissipada em forma de calor pelos painéis devido à dissipação de potência, por efeito joule, em resistências interna à própria célula solar. A técnica de controle do gate do MOSFET pode ser do tipo por histerese ou por PWM (técnica adotada pelo CBERS) com freqüência fixa. A divisão do painel é feita em partes iguais de tal forma que as correntes dos canais serão sempre as mesmas e o funcionamento será seqüencial. Veja o Apêndice D para maiores detalhes e inclusive a apresentação da topologia S4R. 2.3 Topologias de PSS Inúmeras são as topologias utilizadas nos subsistemas de potência para satélites. Modernamente, as opções são ainda maiores, envolvendo associações de diversas topologias compondo uma nova opção de sistema. Mergulhado neste universo, abaixo estão enumeradas apenas as topologias clássicas, a saber: Grupo das topologias com Barramento Não Regulado: • Seguidor de Potência Máxima – (The Maximum Power Point Tracker – MPPT) • Barramento de Potência com Tensão Não Regulada – (The Unregulated Power Bus Voltage) • Barramento de Potência Regulado Apenas durante o período Solar (Sunlight Regulated Power Bus) Grupo das topologias com Barramento Regulado: 57 • Barramento de Potência Regulado – (The Regulated Power Bus Voltage) • Barramento de Potência Híbrido – (The Hybrid Regulated Power Bus Voltage). Uma visão mais detalhada sobre as topologias pode ser encontrada no Apêndice D. 2.4 Barramento Regulado versus Barramento Não Regulado As topologias de PSS convivem com o dilema de otimizar essencialmente: massa, desempenho elétrico, modularidade e, sobretudo, o custo. É bastante óbvia a existência de um estudo contínuo para realizar um sistema ótimo considerando que as entradas do projeto de um PSS são muitas e bastante adversas. A característica bastante não linear do comportamento elétrico das baterias, dos conversores DCDC via PWM com suas inúmeras topologias, do modelo não linear do painel solar juntamente com os inúmeros tipos de órbita, os inúmeros tipos de missão para satélites, os inúmeros tipos de cargas (payloads) com suas particularidades e um requisito de otimização global torna quase que impossível uma solução única para esta equação de otimização. Não podemos ainda esquecer que o PSS, sendo vital para o satélite, impõe um forte requisito de confiabilidade e robustez devendo, ainda, suportar uma diversidade muito grande de tipos de falhas em si mesmo e nas cargas com um mínimo de reflexo na sua operação normal e, conseqüentemente, do satélite. Ainda não bastando, deve ser considerado que a realidade do projeto é dinâmica na medida em que a tecnologia atuante transforma, evolui e melhora todas as componentes técnicas do PSS no domínio do tempo. Veja o Apêndice E. Isto tem como conseqüência direta uma solução ótima que também é 58 dinâmica e, portanto variante com o tempo. Acrescenta-se ainda que, a velocidade da evolução tecnológica é cada vez maior nos tempos atuais. Devido às razões colocadas acima, temos que para se obter atualmente a solução de engenharia mais correta para um determinado projeto de PSS em uma determinada época, faz-se necessário e mandatório o uso de um software específico ou de um software aplicativo que seja constantemente atualizado, contenha modelos elétricos precisos e tenha uma completa base de dados de tal forma a permitir trade-off’s a qualquer tempo (CAPEL; DEFOUG, 1999) e (ZIMMERMANN et al, 2008). A seguir, serão analisados aqui alguns aspectos de importância clássica, os quais prontamente servirão como exemplo e como formador de uma consciência madura para o entendimento da complexidade da escolha de uma solução de engenharia ótima para um PSS. Além disto, eles poderão servir de norte para um possível futuro trabalho de aplicação computacional nesta área conforme observado no parágrafo anterior. • O aspecto dos Conversores DCDC Os conversores DCDC tanto internos à PDU quanto aos payloads serão muito afetados pela qualidade da tensão do barramento. Na presença de um Barramento Não Regulado, os conversores irão operar em uma larga faixa de variação da tensão de entrada, obrigando-os a serem necessariamente do tipo PWM. Por este fato, como já dito anteriormente, eles serão mais pesados, menos eficientes e devem possuir obrigatoriamente proteção de sobretensão na saída. De uma forma geral estes conversores serão mais complexos e de maior massa. Assim sendo, parte da simplificação alcançada na eletrônica da PCU em um Barramento Não Regulado é traduzida em um aumento da complexidade dos conversores os quais assumirão necessariamente toda a 59 responsabilidade de regulação da tensão das cargas via PWM e com grandes variações da tensão de entrada. Veja a Figura 2.13: Figura 2.13 – A Responsabilidade pelo controle da tensão transferida para os usuários. Fonte: Adaptada de Sullivan (1989b). • O aspecto da utilização de mais de uma bateria no PSS No Barramento Regulado as baterias serão eletricamente separadas umas das outras pela presença de BDR’s e BCR’s dedicados a cada uma delas, garantindo desta forma uma perfeita condição de carga (correntes e tensões controladas individualmente) além de impedir que qualquer falha em uma das baterias venha afetar o ponto de funcionamento/operação das outras. Em se falando do Barramento Não Regulado, as baterias estão eletricamente acopladas umas às outras dificultando o controle individual das correntes de descarga (DOD’s diferentes), das correntes de carga, e a definição do momento do fim de carga. Neste caso, uma falha em uma das baterias afetará drasticamente as outras unidades em paralelo. Estes fatores cobram um cuidado maior durante a fabricação, exigindo um casamento maior dos 60 parâmetros elétricos entre células de baterias diferentes. Será também necessário um conhecimento maior do descasamento elétrico das células durante o seu natural envelhecimento. De uma forma geral, o gerenciamento das baterias em órbita será prejudicado, tornando-se mais difícil e impreciso e reduzindo a vida do satélite. Tecnologias atuais, em baterias de Li-Ion, vêm minimizando o problema do descasamento de células e alocando proteções no interior da bateria no sentido de melhorar a qualidade do direto paralelismo elétrico das baterias/células favorecendo desta forma as topologias com tensão de Barramento Não Regulado. • O aspecto das proteções de corrente do barramento no interior da PDU e dos payloads Como conseqüência da potência constante na entrada dos conversores DCDC (PWM realimentados) e devido à grande variação da tensão no caso de Barramento Não Regulado, as correntes terão um valor mínimo e um valor máximo bastante diferentes. Desta forma, os níveis de disparo das proteções de corrente das diversas cargas devem ser ajustados para os valores de corrente mais altos, o que acarretará uma ineficiência muito grande quando a tensão do barramento estiver em seu limite máximo pois, neste momento, a corrente das cargas será a menor. Uma opção seria a de aumentar a complexidade das proteções fazendo com que os limites de disparo destas fossem adaptativos e inversamente proporcionais à tensão do barramento. Mas este aspecto envolveria uma análise mais profunda da característica elétrica de cada carga e sua interação com a tensão de alimentação a partir do barramento. É importante acrescentar que, em topologias com barramento não regulado, as baterias estão quase sempre ligadas eletricamente diretamente ao barramento e disponibilizando uma fonte de energia incontrolável neste ponto. Desta forma, é uma imposição incondicional, que o sistema de distribuição 61 obrigatoriamente tenha elementos de proteger e limitar a potência aos usuários. • O aspecto de EMI/EMC (Electromagnetic Interference / Compatibility) Podemos ver que existem grandes variações de tensão em sistemas utilizando barramentos não regulados quando a bateria complementa a potência do painel solar durante transitórios de carga. O pior caso de variação de tensão no barramento acontece quando apenas o painel solar está fornecendo potência diretamente às cargas durante os períodos iluminados da órbita. Neste momento, a tensão do barramento pode variar entre a tensão de circuito aberto (Voc – Open Circuit Voltage) do painel e a tensão mínima da bateria dependendo do transitório de carga, veja o Apêndice D Figura D.19. No caso do Barramento Regulado a impedância de saída é extremamente controlada por projeto e pela especificação, fazendo com que este problema seja insignificante. Sendo assim, a característica de EMI/EMC do Barramento Não Regulado é, em muito, prejudicada. • O aspecto da recorrência e reuso de um mesmo projeto em missões diferentes Este item não afeta o projeto do Barramento Não Regulado já que estes praticamente não possuem PCU, e as baterias e painéis solares sempre terão que se adaptar em nível de potência a cada nova missão. Entretanto, poderia se pensar que a PCU (BDR, BCR e SHUNT) dos sistemas com Barramento Regulado sempre representariam um enorme e novo esforço de projeto e desenvolvimento. Na realidade, isto não acontece. Com o uso da técnica da condutância controlada, a PCU terá os seus equipamentos compostos por vários módulos com potências alocadas menores e operando eletricamente em 62 paralelo (BDR´s, BCR´s e SHUNTS), de tal forma a compor a potência final desejada para cada missão. Pensando assim, o sistema é bastante adaptativo bastando apenas adicionar ou remover módulos de condutância em paralelo. O CBERS 1, 2 e 2B possuem um BDR com 6 módulos em paralelo enquanto que os CBERS 3 & 4 possuem 8 módulos em paralelo. Observa-se, entretanto que, devido ao grande intervalo de tempo entre estes dois projetos (CBERS 1&2&2B e CBERS 3&4), houve uma revisão de projeto na missão CBERS3&4, mas motivado principalmente pela obsolescência de alguns componentes eletrônicos e técnicas mais modernas de fabricação. • O aspecto do Lock-up phenomena Este fenômeno é intrínseco à topologia de Barramento Não Regulado e está intimamente associado à ligação elétrica direta entre o painel solar, a bateria e aos conversores DCDC com sua característica elétrica de entrada - Potência Constante. Veja a Figura 2.4.2. 63 Figura 2.14 – Interligação elétrica direta entre componentes não lineares. O fenômeno ocorre no momento em que o satélite deixa o período de eclipse. Neste momento a bateria se encontra em seu estado de menor carga e, portanto de menor tensão. Devido à característica de potência constante dos conversores DCDC, teremos neste momento o maior nível de corrente de consumo no barramento. Se o painel solar não tiver sido sobredimensionado ou se por telecomando de terra não forem desligadas algumas cargas, o PSS do satélite passará a operar em um modo com balanço de potência negativo (a bateria continuará em processo de descarga mesmo durante o Sol) e, portanto, catastrófico com possibilidade de perda da missão. O aumento necessário da capacidade de corrente do painel solar é proporcional ao nível de tensão da bateria ao sair do período de eclipse e pode ser em torno de 25% de sobredimensionamento (SULLIVAN, 1985). A corrente do painel solar para evitar o lock-up é calculada pela Equação 2.2 e deverá ser sempre maior ou igual à potência do barramento dividida pela menor tensão da bateria, ou seja: 64 Ips ≥ Pbarramento ( w ) Vbateria ( v ) min (2.2) A Figura 2.15 ilustra a situação. A hipérbole representa a potência constante de consumo das cargas (P=VI) devido aos conversores DCDC. Podemos ver claramente que à medida que a tensão da bateria diminui (a menor tensão é no momento em que o satélite sai do modo noturno) a corrente exigida do painel solar será cada vez maior, chegando ao extremo de forçar a descarga da bateria enquanto que de fato ela deveria iniciar o processo de carga (período iluminado da órbita do satélite). Quando a tensão da bateria apresenta 1,57V/célula (bateria totalmente carregada), o painel solar opera próximo ao seu ponto de máxima potência e atende as necessidades das cargas. Entretanto, quando a tensão por célula da bateria atinge 1,36v o painel solar necessário para evitar a descarga da bateria deveria ser aquele identificado como Oversize1 na Figura 2.15. A situação se agrava ainda mais quando a tensão de célula da bateria atinge o valor de 1,2v, obrigando que o painel solar tenha a curva característica identificada por Oversize2, para que a bateria não entre em modo de descarga. É importante observar que, no momento do Lock-Up, mesmo que o painel solar tenha potência instalada suficiente para alimentar as cargas, ele não conseguirá. Isto se deve ao simples fato de o painel solar ter a sua tensão de operação ditada pela tensão da bateria devido à conexão elétrica direta entre estas duas fontes. O evento do Lock-Up não se limita somente às situações de saída do satélite dos períodos de sombra, momento no qual as baterias se encontram em seu estado de tensão mínima, mas pode também acontecer quando, em períodos de Sol, o satélite possa vir a operar uma carga útil de maior potência de tal 65 forma que as baterias são levadas a complementar a potência máxima proveniente do painel solar. Se o tempo de operação da carga for suficiente para que a bateria sofra uma descarga significativa e a sua tensão seja diminuída de tal forma que a Inequação 2.2 não seja mais satisfeita, quando a carga for desligada, o satélite se encontrará em um ponto onde o balanço de potência é negativo e a bateria continuará a se descarregar podendo levar á perda da missão. Figura 2.15 – O mecanismo do Lock-Up. • Interface Complexa entre: Painel Solar, Baterias e DCDC’s – Potência Constante Este problema não se limita somente à questão do Lock-Up. Podemos ainda perceber a extrema complexidade desta interligação elétrica. Veja a Figura 2.14. Este fato exige um profundo conhecimento da característica elétrica de interface dos três elementos: painel solar, bateria e conversores DCDC; a qual é extremamente instável uma vez que ela é dependente do envelhecimento, da 66 temperatura e da radiação. Como por exemplo, um sistema que em início de vida era livre de lock-up pode se tornar comprometido a partir de certo tempo. Sendo assim, seria muito difícil trabalhar com o sistema de maneira otimizada já que a previsão precisa do comportamento elétrico de baterias e painéis solares no domínio do tempo é complexa. 67 68 3 ABORDAGEM DE MINIMIZAÇÃO DE MASSA, E CONTROLE DA TENSÃO EM BARRAMENTOS REGULADOS Este trabalho aborda dois temas, com um escopo dividido em duas partes principais: a) O aspecto da minimização de massa dos subsistemas de potência inter-relacionada com: a topologia do projeto de PSS escollhida e as suas particularidades, a órbita da missão (LEO ou GEO) e o importante fator representado pela tecnologia e; b) A técnica de controle, adotando o modelo de condutância, utilizada para se garantir a estabilidade e o cumprimento do desempenho elétrico nos sistemas com Barramento Regulado. A abordagem de minimização de massa considera a influência da tensão do barramento no projeto dos conversores DCDC, e ainda, a tecnologia e sua evolução no tempo, assim como os impactos no projeto da PCU considerando as órbitas LEO e GEO. Adicionalmente, os aspectos de impacto no projeto do painel solar representado pelo efeito do Lock-Up e a eficiência elétrica do sistema, já apresentado anteriormente, são também considerados. Três estudos realizados e apresentados em congressos são sintetizados e colocados neste trabalho, ao longo deste Capítulo 3, no intuito de demonstrar a problemática contínua e interminável de minimização de massa acarretando estudos constantes e até o desenvolvimento de software específico. O aspecto do controle da tensão do barramento apresentado na segunda parte deste trabalho, a partir do Capítulo 4, inclui a modelagem dos sistemas com Barramento Regulado utilizando o método da condutância, o qual define o projeto como: a) o controle da potência gerada pelos painéis solares, modelados neste contexto como fontes de corrente (Condutâncias) 3 representado pelo SHUNT do tipo S R e, b) o controle através de uma realimentação de corrente nos condicionadores de potência provenientes da bateria (BDR´s), de tal forma a transformá-los em condutâncias, formando um 69 sistema efetivamente de primeira ordem com um comportamento elétrico estável e de bom desempenho elétrico. Este trabalho desenvolve o modelo da condutância em BDR´s utilizando a topologia BUCK através do método matemático identificado como State Space Averaging. Vale acrescentar que simulações, utilizando o Software Microcap, são realizadas ao longo de todo o processo da modelagem matemática. Por fim, é apresentada uma sequência de passos a ser seguida para a realização de um projeto utilizando a topologia desenvolvida pela ESA e denominada de Topologia Hibrida direcionada para satélites LEO com barramento de tensão regulada. Para efeitos de exemplificação, o sistema do CBERS é caracterizado e resultados de testes elétricos reais são apresentados. 3.1 Abordagem de minimização de massa versus topologia do PSS É bastante evidente a importância da minimização de massa em satélites por todos os motivos já colocados aqui ao longo deste trabalho. A grande importância desta procura incessante por uma solução de projeto que dinamicamente persegue um estado de mínima massa no subsistema de potência, leva a constantes estudos de trade offs no domínio das topologias alternativas para suprimento de energia. Para exemplificar esta procura incessante podemos citar trabalhos realizados: ao longo da década de 80 (CAPEL; O`SULLIVAN, 1985), no final da década de 90 (CAPEL, 1998; CAPEL, 1999); e em 2008 (ZIMMERMANN et al, 2008). 3.2 Estudo de Massa e Eficiência Realizado em 1985 – Um primeiro Estudo Capel e Sullivan realizaram em 1985 um estudo estatístico de comparação de massas. Este trabalho intitulado: Influence of the Bus Regulation on 70 Telecommunication Spacecraft Power System and Distribution, clama por ter sido a primeira iniciativa de trabalho de quantificação das vantagens e desvantagens entre Barramento Regulado e Não Regulado. Deixa claro que naquela época a grande maioria dos satélites geoestacionários utilizava Barramento Não Regulado baseado em fatos aparentes e qualitativos de que tais sistemas seriam mais leves, simples e de baixo custo. O trabalho se baseou em analisar 13 satélites reais em órbita naquela época ou em fase de desenvolvimento, com potência de payloads entre 425W e 2304W, utilizando a seguintes topologias: • Barramento Regulado • Barramento Não Regulado • Barramento Regulado apenas durante o Iluminamento Solar A Tabela 3.1 identifica os satélites: Tabela 3.1 - Satélites estudados e tensão do barramento. Barramento Barramento Não Barramento Regulado apenas durante Regulado Regulado o Iluminamento Solar MARECS FLT-SATCOM ARABSAT-SNIAS 50V 20 a 70V 26,5 a 42,5V ECS1 TELECOM 1 BRASILSAT-SNIAS 50V 26,5 a 42,5V 26,5 a 42,5V ECS2 ARABSAT-BADG INTELSAT V 50V 30 a 40V 26,5 a 42,5V OLYMPUS INTELSAT IV EUROSTAR-ATHOS 50V 24,5 a 37V 24 a 42,5V - - INTELSAT VI 50V Fonte: Adaptada de: Capel; Sullivan (1985). 71 A análise considerou as seguintes partes do PSS: Painel solar, bateria, SHUNT, BDR, BCR, sistema de distribuição de potência e conversores DCDC para os usuários. No sentido de eliminar erros, este estudo estatístico resolveu normalizar as grandezas associadas à massa específica do painel solar e da bateria, precisamente: kg/WSA e kg/A-hr, onde WSA significa potência do painel solar e A-hr significa Ampére-hora da bateria. Esta normalização, em relação a uma média, se deu devido ao fato de que a dinâmica da evolução tecnológica associada a estes dois componentes é muito elevada de forma a provocar alterações muito significativas no resultado final deste trabalho comparativo. Veja que, como já dito anteriormente, este dinamismo tecnológico acontece com muita importância também nos tempos atuais e agora, com muito mais intensidade. Como resultado final daquele trabalho, podemos salientar o seguinte: • 25% de melhoria de massa nos painéis solares para sistemas com Barramento Regulado devido a ausência do mecanismo de Lock-up; • 7,6% de melhoria de massa global para os sistemas com Barramento Regulado; • melhoria de aproximadamente 13% na eficiência elétrica para os sistemas com Barramento Regulado. Estes resultados em um primeiro momento pareceram ser conflitantes já que o sistema de Barramento Regulado, tido qualitativamente até então como mais complexo, apresentou melhores resultados. Sendo assim, o trabalho de análise continuou e se aprofundou no sentido de sustentar os resultados. Uma análise profunda do comportamento dos conversores DCDC mostrou um crescente aumento de massa no projeto destes à medida que a tensão de entrada era submetida a grandes variações i.e. 26,5 a 42,5V. Também, ficou demonstrada, 72 a grande importância do valor da freqüência de chaveamento do PWM associado. Adicionalmente mostrou-se ainda que a eficiência dos conversores DCDC foi superior quando estes eram projetados para uma tensão fixa de entrada (neste caso específico: 50V) e o sistema de distribuição também se comportou mais eficiente para barramentos regulados. A Figura 3.1 representa a influência da faixa de variação da tensão de entrada no desempenho dos conversores DCDC, representado como g/W (grama/Watt), parametrizado em uma freqüência de chaveamento do PWM de 100kHz. Veja que no ponto β=VM/Vm = 1,6 (42,5/26,5 = 1,6) obtém-se uma relação de 17g/W o que significa 7g/W superior ao desempenho com tensão de entrada constante, β=VM/Vm = 1, ou seja, 10g/W. Desta forma, o aumento significativo da massa dos conversores DCDC devido ao Barramento Não Regulado mostrou-se superior ao aumento de massa associado à PCU (SHUNTs, BDR´s e BCR´s) dos sistemas com Barramento Regulado permitindo, em uma análise global do subsistema de potência, uma supremacia do desempenho de massa destes últimos. Para complementar, não se pode deixar esquecido que o aumento do painel solar para prevenir o mecanismo de Lock-up e a baixa eficiência elétrica dos conversores DCDC nos sistemas com Barramento Não Regulado determinaram os argumentos finais da vantagem em se distribuir para os usuários uma tensão constante. 73 Figura 3.1 - Influência da faixa de variação da tensão na relação g/W. Fonte: Adaptada Capel; Sullivan (1985). Vale mencionar também, que este estudo salienta adicionalmente que o desempenho elétrico do Barramento Regulado é superior, já que este elimina a possibilidade de níveis de corrente ilimitados (a bateria está acoplada ao barramento via BDR´s) e ainda, grandes transientes de tensão para os usuários (EMI/EMC). 3.3 Estudo de Massa Realizado em 1998 – Um Segundo Estudo Durante a década de 90 nasceu o projeto denominado SkyBridge Constelation, o qual atribuiu à Alcatel Space a responsabilidade do desenvolvimento. Este projeto previa o lançamento de 80 satélites distribuídos quatro a quatro em vinte planos orbitais com uma cobertura global com latitude de 68 graus Sul a 68 graus Norte. Os planos orbitais estavam inclinados de 53 graus, com órbitas circulares e com uma altitude de 1463 km. O sistema de potência para esta missão previa a utilização de ~70kg de baterias de Li-Ion composta por 12 74 grupos de células em série sendo que cada grupo era composto por quatro células de 38,6Ah em paralelo trabalhando com um DOD médio entre 15 e 20% e 44 mil ciclos durante oito anos de vida (FRAISE et al, 2000). A escolha da tensão do Barramento Regulado em 50V e o uso da Topologia Híbrida considerando massa, estado da arte, desempenho e custo foi objeto de um estudo entre várias topologias com a utilização de um software denominado PowerCap desenvolvido pela empresa TAS-F (Thales Alenia Space France) sob contrato da ESA. Segundo Capel (1988) este estudo considerou as seguintes topologias: • Barramento Não Regulado • Barramento Regulado • Barramento Regulado com a Topologia Hibrida • Barramento Não Regulado com MPPT Este estudo também se estendeu em analisar a melhor disposição elétrica para os conversores DCDC associados às cargas, ou seja: • Configuração de distribuição de potência/tensão descentralizada • Configuração de distribuição de potência/tensão centralizada A primeira fase do estudo desconsiderou a natureza das cargas juntamente com os conversores DCDC, levando em conta apenas o painel solar e a PCU. A bateria e seu controlador não foram considerados no estudo já que eram comuns aos quatro sistemas considerados. O resultado foi o que se segue na Tabela 3.2: 75 Tabela 3.2 - Resultado inicial do estudo. Fonte: Adaptada de Capel, (1998). Este primeiro resultado do estudo demonstrou uma vantagem do balanço de massa do Barramento Não Regulado. A segunda parte do estudo analizou a minimização de massa sob o aspecto da arquitetura elétrica dos conversores DCDC. O resultado desta parte do estudo demonstrou que a configuração elétrica com os conversores distribuídos e imersos dentro de cada payload é melhor. O modelo para este estudo considerou, para a opção descentralizada, 600 conversores com capacidade de 5W e provendo uma potência de 3,85W cada um (total de 2.310W). Para o modelo centralizado, os conversores foram reduzidos para um total de 60 unidades, sendo que neste caso cada conversor alimentaria 10 cargas em paralelo com uma potência total de 38,5W de tal forma manter o mesmo nível de potência de 2.310W. Em ambas as situações a tensão de alimentação dos conversores foi considerada constante. O resultado de balanço de massa obtido foi de 12,31kg para os conversores descentralizados e 17,52kg para os conversores centralizados e uma redução da eficiência elétrica de 90 para 84%. A terceira parte do estudo foi a análise da massa dos conversores DCDC centralizados e descentralizados quando alimentados por um Barramento Não Regulado. O resultado foi um balanço de massa de 48,76kg para a 76 configuração centralizada e 38,08kg para a configuração descentralizada, com uma eficiência elétrica entre 78 e 83%. Combinando globalmente os balanços de massa do estudo a conclusão final obtida foi a seguinte, conforme mostrado na Tabela 3.3. Tabela 3.3 - Resultado final do estudo. Fonte: Adaptada de Capel (1998). Pode se notar claramente a vantagem do Barramento Regulado associado à configuração de conversores DCDC descentralizados. A diferença de massa entre os pontos extremos atingiu o valor de 65,89kg correspondendo a 29,24% de acréscimo de massa sobre a configuração ótima do sistema. Considerando o preço do kg de massa em órbita LEO (MUKUND, 2005) como US$ 10.000,00, temos que para esta missão com 80 satélites uma economia máxima, só em termos de lançador, no valor de 52,7 milhões de dólares. Capel e Defoug concluiram, em trabalho publicado em 1999, que a melhor topologia de Barramento Regulado, para a missão SkyBridge, deveria ser a Topologia Híbrida. 77 3.4 Estudo de Massa Realizado em 2008 – Um Terceiro Estudo Zimmermann et al (2008) utilizaram neste estudo, como ferramenta de análise, uma versão atualizada do software PowerCap mensionado anteriormente no estudo feito em 1998 relativo a missão SkyBridge Constelation. Entretanto, neste caso, considerou-se uma missão cuja carga útil é um radar de abertura sintética (Sinthetic Aperture Radar- SAR). Esta missão considera uma órbita LEO heliossíncrona do tipo Dusk Down na qual o painel solar se posiciona perpendicular à incidência solar por praticamente quase todo o tempo de ~100 minutos da órbita; o tempo de sombra máximo é de aproximadamente 19 minutos, só ocorrendo em determinada época do ano com duração de ~3 meses. Simplificadamente, o perfil de operação é da ordem de 1700W (576W consumidos pela eletrônica standby do Radar) para potência standby e 4700W durante a operação do Radar, podendo esta ocorrer durante a sombra ou durante o dia. Assim sendo, a carga Radar se caracteriza como consumidor majoritário de potência elétrica podendo funcionar com uma tensão de alimentação não regulada de 46V a 65V. Pode-se considerar que o restante das cargas se caracteriza como consumidores minoritários, necessitando de uma potência da ordem de ~1124W em uma tensão de 28V regulada. Com este perfil de plataforma, é bastante óbvio que a topologia ótima é aquela com Barramento Não Regulado adicionada de um conversor específico para as cargas minoritárias em 28V. Mesmo assim, o estudo foi realizado e considerando as seguintes opções de topologias: • Barramento Não Regulado com tensão de barramento máxima (Vmáx) igual a 65V e com um SHUNT S3R; • barramento Não Regulado com Vmáx igual a 65V e com um MPPT; • barramento Regulado de 28V com a Topologia Híbrida. Desta forma, a PCU associada a cada uma das opções acima, é basicamente composta por: 78 • Estrutura, SHUNT S3R, barramento primário de 46V a 65V para o Radar e um conversor DCDC para alimentar as cargas minoritárias (~1kW) com 28V a partir do Barramento Não Regulado; • estrutura, Conversor DCDC do MPPT, barramento primário de 46V a 65V para o RADAR e um conversor DCDC para alimentar as cargas minoritárias (~1kW) com 28V a partir do Barramento Não Regulado; • estrutura, SHUNT S3R, BDR e o barramento primário de 28V alimentando a totalidade das cargas. O resultado do estudo pode ser sintetizado na Tabela 3.4: Tabela 3.4 - Estudo comparativo de massa. Como pode ser visto, o resultado do estudo apontou a opção Barramento Não Regulado com um SHUNT S3R como a escolhida, embora a diferença de massa para a Topologia Híbrida foi de apenas 300 gramas correspondendo a 0,21% de acréscimo de massa, uma diferença mínima. O trabalho conclui ainda que a topologia escolhida é de mais fácil implementação. 3.5 Comentários Finais Fica claro que a minimização de massa em função das topologias de Barramento Regulado e o Barramento Não Regulado se expressa pelo estudo 79 entre: 1) a variação de massa da PCU, 2) a variação de massa do painel solar, 3) a variação de massa das baterias, 4) o sistema de distribuição de energia representado pela cablagem e os conversores DCDC, 5) tipo de órbita e ao tipo de carga útil associada a uma determinada missão e, 6) o estado de desenvolvimento tecnológico. Se por um lado a PCU associada às topologias com Barramento Regulado são mais pesadas pela óbvia presença de BDR’s e BCR´s por outro lado, as topologias com Barramento Não Regulado são penalizadas por uma cablagem mais pesada (WERTZ; LARSON, 1999), devida à grande variação dos níveis de corrente nominais, conversores DCDC mais pesados, complexos e menos eficientes e painel solar geralmente sobredimensionado nos casos onde existe diminuição da eficiência elétrica do sistema e a possibilidade do efeito de LockUp. O grau de complexidade aumenta e o estudo se torna dinâmico na medida em que os pesos associados aos itens descritos acima são fortemente influenciados pelo estado tecnológico de cada um deles. A Figura 3.2 ilustra, através do modelo de uma balança, as grandezas determinantes para a definição de um estudo de massa, desempenho elétrico, modularidade, custo, confiabilidade e facilidade de fabricação. Podemos modelar o item tecnologia como sendo uma força que altera o valor de cada peso de uma forma dinâmica através do tempo. 80 Figura 3.2 - A balança de comparação de sistemas com barramento regulado versus não regulado. 81 82 4 MODELAGEM ELÉTRICA DO BARRAMENTO REGULADO 4.1 Tecnologia Uma abordagem sobre o desenvolvimento, ao longo do tempo, de topologias de PSS com barramento regulado e os meios de controlar a tensão do barramento pode ser encontrada no Apêndice F. 4.2 Técnica de Controle da Tensão do Barramento A Técnica de Controle do Barramento alocada internamente à PCU consiste de uma realimentação de tensão com um único amplificador de erro (Main Error Amplifier- MEA) tolerante a falhas e submetida a uma compensação do tipo proporcional Integral (PI) com ganho A. Este amplificador amostra a tensão do barramento, via um ganho K, e a compara com uma tensão de referência (Vr) implementada através de um diodo zener compensado em temperatura por questões de estabilidade térmica e precisão. Esta realimentação de tensão juntamente com o integrador, garante o controle e regulação da tensão do barramento. A função de transferência típica do MEA é da forma: A(s) =A.(s+z)/(s), onde z representa a freqüência do zero associado ao integrador. O erro de tensão gerado pelo amplificador é comparado com referências às quais irão definir a operação seqüencial de três domínios de condutâncias: SHUNT, BDR e BCR. No caso da topologia do Barramento Híbrido, só existirão dois domínios: SHUNT e BDR, o BCR neste caso não constitui um terceiro domínio e, portanto, não faz parte da realimentação que controla a tensão do barramento. Cada um dos domínios (sejam três ou dois) deve ter o ganho (G) das condutâncias parecidos (sempre que possível) e operar como uma condutância 83 controlada pelo sinal de erro de controle proveniente do MEA (Vc). Assim sendo, o comportamento dinâmico do barramento será bastante homogêneo independentemente do domínio que estiver operando (OLSON, 1998). A realimentação de tensão irá calibrar a quantidade de corrente disponibilizada no barramento, pelas condutâncias, de tal forma que esta seja exatamente igual às necessidades da carga em uma determinada tensão de operação do barramento. No caso do programa CBERS o valor da tensão do Barramento Regulado é de 28 volts. A pequena ondulação de tensão no barramento provocada pela operação de cada um destes domínios e a largura de banda da malha da tensão serão definidos pela capacitância (Co) alocada eletricamente no barramento. A Figura 4.1 ilustra o sistema. Realimentação de Tensão Painel solar K Compensador PI G Shunt Barramento Regulado V-ref. shunt A Referência Amplificador de erro G BCR V-ref. BCR Co Carga G BDR V-ref. BDR PCU Figura 4.1 – Ilustração do sistema. A capacitância do barramento, representada por Co, imersa na malha de tensão em paralelo com a carga RL forma um pólo de tal forma que: W=1/RL.Co. 84 A descrição do funcionamento deste sistema é como se segue: Quando o satélite está no período de sombra, o amplificador de erro controla o BDR (10 domínio) de tal forma a manter a tensão do barramento constante via o condicionamento da potência proveniente das baterias. À medida que o satélite começa a sair da sombra, o painel solar começa a injetar corrente no barramento via canais do SHUNT (as chaves MOSFETs dos canais do SHUNT ainda estão todas abertas neste instante) e o sinal de erro vai fazendo com que a corrente do BDR diminua gradativamente até atingir o valor zero e a corrente do painel solar, via SHUNT, cresça gradativamente. No momento em que a corrente proveniente do BDR é zero, a corrente do painel solar é exatamente igual às necessidades da carga (IPS = Icarga ou PPS = Pcarga) (IPS e PPS são respectivamente a corrente e a potência do painel solar). A partir deste ponto, o BCR (20 domínio) começa a absorver corrente do barramento, iniciando a carga das baterias e, ao mesmo tempo, regulando a tensão do barramento. Este processo é gradativo e evolui no tempo. Quando o painel solar estiver com sua capacidade máxima de geração de potência, então o BCR já estará carregando a bateria com a corrente plena definida por projeto, e o SHUNT (30 domínio) estará funcionando de tal forma a regular a corrente excedente do painel solar via o curto-circuito de alguns canais, uso das correntes de alguns e o chaveamento, via PWM, de apenas um deles, ajustando desta forma a potência gerada pelo painel solar a um nível exatamente igual às necessidades do satélite. Veja a Figura 4.2. Devido à compensação integral do amplificador de erro do barramento, a tensão aplicada às cargas permanecerá constante durante todo o tempo, sendo indiferente para as cargas, o domínio (SHUNT, BCR ou BDR) no qual a PCU estará operando. Durante transitórios de carga (on/off) muito rápidos haverá pequenos transientes na tensão do barramento cuja amplitude será função da impedância de saída do barramento (Zo) e a duração será dependente da constante de integração do compensador PI do MEA. 85 Tensão de saida do amplificador de erro (MEA) Vários canais de Shunt Shu nt V-ref. Shunt dv Amplificador de erro Vo BCR MEA Vb Tensão do barramento V-ref. BCR BDR eclipse V-ref. BDR sunlight PPS - Pcarga ou IPS - Icarga Figura 4.2 – Detalhamento dos três domínios de operação. Com a realimentação de corrente interna ao BDR e ao BCR, transformando-os em condutâncias, estes equipamentos que naturalmente são conversores DCDC com função de transferência normalmente de segunda ordem, passam a se comportar como se fossem de primeira ordem tendo a função de transferência traduzida da seguinte forma: G(s) = G/(1+s.pc) onde 1/pc é a freqüência do pólo da condutância. A malha de corrente permite que os equipamentos (BDR’s e BCR’s) possam ser constituídos por módulos padrões (condutâncias) operando em paralelo de tal forma a serem controlados simultaneamente pelo amplificador de erro, permitindo a associação de um número adequado de condutâncias para atingir a potência necessária a uma determinada missão. Este fato, além de tornar o sistema extremamente modular, também aumenta a confiabilidade já que esta configuração constitui inerentemente uma redundância. Veja a Figura 4.3. 86 G/(1+spc) BDR barramento Ref. + - A . (z+s) /(s) G/(1+spc) G BCR R/(1+sRCo) Shunt K Figura 4.3 – Modelagem do sistema de controle. Uma ilustração do diagrama de Bode, para a função de transferência do sistema em malha aberta, é mostrada na Figura 4.4. 87 Polo da carga com Integrador Zero do do MEA Integrador a capacitância do barramento do MEA Ganho 1/(RL.Co) (db) Z Largura de banda da malha da tensão WBWv = K.A.G/Co K.A.G.R Polo da condutância (G) 1/pc 0 db w (rad/seg) Fase 00 w (rad/seg) -450 -900 -1350 -1800 Figura 4.4 – Diagrama de bode da malha de controle de tensão. Considerando que, por projeto, a freqüência do pólo da condutância 1/pc seja posicionada em um valor muito acima da freqüência da largura de banda da malha de tensão - Fbwv (~ uma década acima), então teremos uma margem de fase idealmente da ordem de 90o e o sistema passará a se comportar como de primeira ordem. Sendo assim, devido ao integrador do MEA, a tensão do barramento terá erro nulo em relação à referência quando operando em modo estático (sem transitórios de carga). Podemos ainda acrescentar que durante transitórios de carga a resposta dinâmica da tensão de saída do sistema será de primeira ordem. Entretanto, devido à impedância de saída (Zo), a tensão do barramento apresentará inicialmente um distúrbio de tensão seguido de um 88 tempo de recuperação no qual o valor nominal será novamente alcançado seguindo uma curva exponencial como uma conseqüência da existência de um integrador na malha. Veja Figura 4.5. Corrente da carga Tempo V barramento Tempo Figura 4.5 – Resposta dinâmica da tensão do barramento devido a transientes de carga. 4.3 Modelagem do Sistema – Barramento Regulado Para a modelagem do sistema vamos, em um primeiro instante, equacionar os principais requisitos de especificação de uma PCU com Barramento Regulado. Assim sendo, podemos elencar os seguintes pontos: 1. Tensão de saída do barramento (Vo); 2. regulação: Variação máxima da tensão de saída (Vo) devido à faixa de potência de operação das cargas (PCU com carga variando de carga mínima até o ponto de carga máxima). Normalmente: Regulação = ~1% Vo; 3. potência de saída (Po); 4. estabilidade/Margem de fase (normalmente: δ ≥ 600); 5. impedância de saída (Zo); 89 6. tempo de recuperação da tensão de saída devido a transitório de carga (Tr); 7. faixa de tensão de operação das baterias devido ao estado de carga e descarga; 8. freqüência de chaveamento do PWM do SHUNT e do BDR. A seguir, é apresentado um estudo de equacionamento dos parâmetros associados aos tópicos mencionados acima. 4.4 Determinação da Largura de Banda da malha de Tensão - WBWv Para a determinação de FBWv (ou WBWv) do Barramento Regulado, adotaremos o modelo de uma fonte realimentada em tensão conforme a Figura 4.6: Figura 4.6 - Malha da tensão. Assim sendo o ganho de malha aberta gMA será: g MA = K . A.G s.Co (4.1) A largura de banda pode então ser facilmente definida fazendo gMA igual a 1, ou seja: 90 FBWv = K . A.G 2.π .Co (4.2) Ou: WBWv = K . A.G Co (4.3) 4.5 Abordagem de Determinação da Impedância de Saída - Zo(s) Para a determinação da impedância de saída do Barramento Regulado, adotaremos o modelo de uma fonte realimentada em tensão conforme a Figura 4.7: Figura 4.7 - Modelo para determinação da impedância de saída. A linha da tensão de saída representa o Barramento Regulado, o bloco G representa a condutância do SHUNT ou do BDR (Topologia Híbrida), o bloco A representa o amplificador de erro, o bloco K representa o fator de realimentação, e o último bloco representa o banco de capacitores de saída do barramento (Co), inerente a toda fonte de tensão. 91 Vamos considerar, por um instante, que a tensão de saída seja estimulada por uma carga que seja variante no tempo. A Figura 4.8 ilustra a situação. Figura 4.8 - Malha de tensão estimulada por carga variante no tempo. Escrevendo a Equação de Kirchhof para as correntes na saída, fazendo a Transformada de Laplace e lembrando-se da existência do integrador na função do compensador, podemos desenvolver o modelo para a impedância de saída Zo(s). Veja o desenvolvimento matemático no Apêndice G. O resultado final deste desenvolvimento é como se segue: 1) 2) 3) 4) 5) Lim s →0 Zo( s ) = 0 [Zo( s)]0≤ S ≤ Z = Ro ⋅ s z+s [Zo( s)]Z ≤ S ≤ K . A.G / Co = Ro [Zo( s)]S ≥ K . A.G / Co = Ro Co 1 + s K . A.G Lim s →∞ Zo( s ) = 0 Ro = 1 Onde : 92 K . A.G (4.4) (4.5) (4.6) (4.7) (4.8) (4.9) Sendo assim, um gráfico de Bode para a impedância de saída Zo(s), corresponde qualitativamente àquele já apresentado anteriormente na Figura 2.3, o qual corresponde à norma da ESA – ECSS-E-ST-20C. Iremos nomear Ro como sendo a resistência de saída do barramento. Este termo quantifica o máximo valor que o módulo de Zo(s) pode assumir, ou seja, o máximo valor da impedância de saída. 4.6 Tempo de Recuperação da Tensão do Barramento em Situações de Transitório de Carga Devido à existência da impedância de saída, a tensão do barramento ao ser submetida a um transitório de carga sofrerá um desvio em torno do valor nominal. Entretanto, por ser um sistema de primeira ordem, devido à ação do integrador inserido no compensador, este desvio poderá ser anulado após um certo tempo seguindo uma curva exponencial. A constante de tempo deste comportamento exponencial irá definir o tempo de recuperação. O tempo para que aconteça a recuperação total da tensão será em torno de quatro vezes a constante de tempo do integrador. Neste instante teremos um erro residual de aproximadamente 1,8% do valor do desvio da tensão. Retomando a equação para a impedancia de saída e aplicando um degrau unitário, podemos caracterizar a resposta transitória da tensão de saída. Veja o desenvolvimento matemático apresentado no Apêndice G. Observa-se que se WBWv > 4.z teremos uma impedância de saída sem termos imaginários e ela se comporta com um resistor. Considerando z << WBWv, podemos fazer com que WBWv seja igual a dez vezes a freqüência do zero (z). 93 Como se pode observar, atravéz do desenvolvimento matemático apresentado no Apêndice G, o distúrbio de tensão obedece a uma equação formada pela diferença de duas curvas exponenciais cujas constantes de tempo estão em uma razão de ~8. Uma delas é igual a ~ 0,11WBWv e a outra é igual a ~0,9WBWv. Como se pode ver, estas constantes de tempo estão relacionadas à freqüência do zero (Z) do compensador e à freqüência da largura de banda (WBWv) respectivamente, já que estes foram determinados por escolha tendo uma razão de dez entre eles. Assim sendo, o tempo de recuperação Tr pode ser determinado por: 1 Tr ≅ 4. 0,11.WBWv (4.10) Tr ≅ 36 (4.11) WBWv Tr ≅ 3,6 z (4.12) Referindo-se ainda ao Apendice G, nota-se que o valor máximo do distúrbio de tensão corresponde a uma impedância de saída da ordem de 85% de Ro, ou seja: ~ 0,85.Ro. Este valor pode ser determinado também fazendo a derivada primeira da equação de V(t) igual à zero, determinando o tempo e substituindo na equação original. Se considerarmos, como anteriormente, a freqüência z tendendo a zero, o tempo de recuperação cresceria indefinidamente, já que este efeito significa a retirada do integrador do compensador. A seguir, é apresentada uma simulação de uma PCU utilizando um software de simulação eletrônica – MICRO-CAP. Veja a Figura 4.9. 94 Figura 4.9 - Simulação de uma PCU. O modelo acima, de uma PCU, gera um barramento de 25V a partir de uma malha de realimentação com um banco de capacitores de 1,34 mF na saída. Como carga, foi implementado um resistor constante de 5 Ohms (correspondendo a 5 Ampéres de consumo) em paralelo com uma carga pulsada de 10 Ampéres. Todos os parâmetros estão identificados na Figura 4.9. A Figura 4.10 apresenta o comportamento da tensão do barramento quando estimulada pela carga pulsada e periódica. 95 Figura 4.10 - Simulação do comportamento dinâmico da tensão do barramento versus carga pulsada de 10 Ampéres. A Figura 4.11 apresenta o transitório em detalhe. O pico do transitório é de 0,21V, o qual corresponde a exatamente 85% de Ro.∆I, ou seja: 0,85.0,025.10 = 0,21Volts. Pela Figura, o tempo de recuperação é de ~1,2 ms o qual corresponde a Tr=~3,6/3000 = ~1,2 ms. 96 Figura 4.11 - Detalhe do transitório. A Figura 4.12 apresenta a curva de Bode do ganho e da fase de malha aberta. Pela Figura temos uma largura de banda da malha da ordem de 4,7KHz com uma margem de fase de ~83 graus. Pelo valor dos parâmetros, podemos calcular FBWv : WBWv = K.A.G/Co -3 WBWv = 0,2.10.20/(1,34.10 ) WBWv = 29.850 rad/s FBWv = 29850/2.pi FBWv = 4,75 kHz A margem de fase esperada é de 90 graus, já que idealmente o sistema é de primeira ordem para freqüências menores que a largura de banda da malha da tensão (WBWv foi feito por projeto igual a dez vezes a freqüência do zero do compensador - z = 3000 rad/s). 97 Figura 4.12 - Diagrama de Bode de ganho e fase do sistema simulado. 4.7 Relacionando a Impedância de Saída com a Potência do Barramento Como se pode notar, a amplitude da impedância de saída do barramento é uma medida da qualidade da tensão de saída, ou seja, é a grandeza que define o distúrbio da tensão quando a PCU é estimulada por transitório de carga. Em um modelo simples, é como se a impedância de saída formasse um divisor de tensão com a impedância da carga. Veja a Figura 4.13 representando o modelo. A impedância de saída é uma associação da impedância da capacitância de saída com uma impedância virtual representada pela realimentação de tensão em um sistema que possui uma condutância em sua malha direta. 98 Figura 4.13 - Modelo da impedância de saída. Se a condição WBWv > 4.z é satisfeita, então a tensão na carga não apresentará termos oscilatórios já que Zo(s) é puramente real. Sendo assim, a impedância de saída é especificada como sendo uma fração da máxima carga que pode ser conectada ao barramento, controlando, desta forma, o máximo valor do distúrbio de tensão. Com esta consideração, se RLM for a máxima carga, podemos expressar o seguinte: Vo 2 RLM = PoM (4.13) Onde PoM é a máxima potência fornecida pela PCU para a carga e Vo é a tensão do Barramento Regulado. Como visto anteriormente, a componente Ro é o fator de Zo que influencia diretamente a tensão de saída. Assim, podemos expressar: Ro = µ.RLM Então: 99 (4.14) Vo 2 Ro = µ. PoM (4.15) A definição do valor de µ varia de especificação para especificação e depende das características do satélite a que a PCU se destina. Entretanto, a norma da ESA (ECSS-E-ST-20C) recomenda um valor padrão de 2% (µ = 0,02), apresentado na Figura 2.3. Basicamente, a impedância de saída pode ser especificada de duas formas: a) Fornecendo uma curva parecida com a da norma ECSS-E-ST-20C, onde se estabelece o valor de Ro, as freqüências dos pólos e de crossover, ou, b) Fornecendo o valor absoluto de Ro em Ohms e indiretamente, através da especificação do tempo de recuperação da tensão do barramento, se especificam as características dinâmicas. 4.8 A Influência das Cargas no Comportamento Dinâmico do Barramento É importante observar que quando a PCU é inserida no satélite e está eletricamente conectada ao sistema de distribuição de potência para as cargas, tem-se que as capacitâncias dos filtros de entrada dos usuários irão se conectar eletricamente em paralelo com o banco de capacitores de saída da PCU (Co). Desta forma, existe uma tendência de acréscimo do banco de capacitores original levando a uma possível redução da largura de banda da malha da tensão (WBWv = K.A.G/Co), reduzindo a margem de fase do controle da PCU. Como já foi visto anteriormente, se WBWv ≤ 4 . z, a impedância de saída começa a ter componentes complexos. Desta forma, considerando o exemplo, com a banda inicial de 10.z, poderíamos reduzir de no máximo 2,5 vezes o WBWv antes de iniciar comportamentos com tendência oscilatória. 100 Assim sendo, poderíamos incrementar a capacitância inicial (Co) de no máximo 2,5 vezes de tal forma a alterar os 1,34 mF para 3,35 mF, no exemplo anterior. A Figura 4.14 apresenta o distúrbio no ganho e margem de fase do sistema devido ao incremento da capacitância de saída. A simulação apresenta a curva do sistema original (Co = 1,34mF) e a alteração devido ao acréscimo de 4mF e 8mF no capacitor de saída (Co). Pode se notar claramente uma redução da largura de banda da malha (~4,6kHz inicial para ~800Hz) e uma alteração na margem de fase (83 graus inicial para 59 graus final). Figura 4.14 - Influência do aumento da capacitância de saída no ganho e na margem de fase do controle do barramento. A Figura 4.15 apresenta em detalhe o distúrbio na característica de resposta ao transitório de carga devido ao incremento da capacitância de saída. Pode-se 101 notar que o sistema saiu da condição de superamortecido para subamortecido, porém sem efeitos graves. Vale mencionar que o nível do incremento simulado é exageradamente superior ao que se espera em um sistema real, no qual um fator de 2 seria o desejado. A simulação considerou um incremento de ~7 vezes o valor original de projeto. Ainda mais, este fato é minimizado pelo fato de as cargas terem pequenos valores de capacitância na interface de potência de entrada quando são projetadas para trabalhar com tensão regulada (mostrado anteriormente como um dos motivos de redução de massa). Também, o projeto pode ser dimensionado originalmente com uma largura de banda superior, já prevendo uma redução quando em operação normal (no exemplo foi considerado um fator de 10 vezes a freqüência do zero - z). É também importante neste aspecto, um trabalho de arquitetura elétrica para administrar as interfaces elétricas da PCU evitando, desta forma, o uso abusivo de capacitores pelos projetistas de payloads, mesmo porque, o aspecto de massa também é beneficiado com a minimização das capacitâncias dos circuitos de potência. 102 Figura 4.15 - Alteração do comportamento transitório devido ao acréscimo da capacitância de saída (Co). Podemos notar que o comportamento dinâmico da tensão de saída em resposta a transitórios de carga é um indício importante do valor da margem de fase do sistema. 103 104 5 A TOPOLOGIA HÍBRIDA DE BARRAMENTO REGULADO 5.1 Descrição A Topologia Híbrida possui, a partir de um único amplificador de erro (redundante), apenas dois domínios de controle da tensão do barramento: o controle via a malha de tensão incluindo a condutância SHUNT e extraindo potência diretamente do painel solar; e o controle incluindo a condutância BDR, extraindo potência da bateria e painel solar. O painel solar é dividido em duas partes, sendo uma delas utilizada para carregar as baterias via um controlador específico e uma outra conectada ao SHUNT S3R (ou alternativamente o S4R) fornecendo potência ao satélite durante os períodos iluminados. Durante os períodos de sombra, o satélite é alimentado via o BDR a partir de potência extraída das baterias. Nos períodos iluminados o BDR irá também prover potência durante a operação do satélite complementando a potência stand-by do satélite fornecida pelo SHUNT. A Figura 5.1 ilustra o sistema. Figura 5.1 - A topologia híbrida. Assim sendo, o dimensionamento da Topologia Híbrida no que se refere aos níveis de potência do SHUNT e do BDR está intimamente ligado ao modo de 105 operação do satélite. Normalmente o perfil do consumo de potência de um satélite LEO é composto por uma potência stand-by e uma potência de operação a qual esta associada à operação das cargas úteis do satélite, normalmente do tipo câmeras. O período da órbita é da ordem de 100 minutos dos quais aproximadamente um terço se refere ao período de sombra. O tempo de operação é variável e depende da missão; entretanto, podemos exemplificar com um valor típico de 15 minutos. O satélite poderá operar também durante os períodos de sombra se a missão contemplar câmaras de infravermelho, por exemplo. A partir dos objetivos da missão, podem-se definir os níveis de potência associado ao SHUNT e ao BDR. A Figura 5.2 apresenta um modo de operação típico de um satélite LEO. Figura 5.2 - Modo de operação típico – satélite LEO. A potência stand-by é alocada inteiramente ao controle via os canais do SHUNT, a potência durante os períodos de sombra é alocada inteiramente ao controle via BDR e a potência de pico durante os períodos iluminados é alocada ao controle via os canais do SHUNT complementado pelo BDR, sendo este último o responsável pela potência da operação. Desta forma, o painel solar é otimizado já que a sua fração conectada ao SHUNT não precisa ser 106 dimensionada pelo pico de potência. Por sua vez, a potência de operação via BDR será fornecida pelo painel solar associado à bateria. Se, durante a operação diurna do satélite, a bateria estava em processo de carga, este irá ser retardado devido à diminuição da corrente de carga pela corrente extraída pelo BDR, mas desta forma, o painel solar não será dimensionado pelo pico de potência. A Figura 5.3 ilustra a contribuição de potência do SHUNT e do BDR. Figura 5.3 - Contribuição de potência do SHUNT e BDR. 5.2 Definindo o Valor das Condutâncias (G) 5.2.1 Definindo a Potência do SHUNT e do BDR Após a definição do perfil de operação de uma dada missão e o levantamento do consumo dos diversos subsistemas do satélite com os seus modos de operação, pode-se então equacionar a potência stand-by (Psby). A partir da análise de confiabilidade defini-se o número recomendado de canais para o SHUNT (nSH), de tal forma que a perda de um deles não comprometa o balanço de potência do satélite e ao mesmo tempo não leve o BDR a operar continuamente durante os períodos de Sol da órbita fornecendo parte da 107 potência stand-by. Sendo assim, o número final de canais seqüenciais do SHUNT terá um canal excedente por razões de confiabilidade. Podemos então definir a potência do SHUNT como sendo:PSH=nSH.Psby/(nSH-1) e a potência por canal como sendo: PCSH = PSH/nSH. O raciocínio para o BDR é análogo. Primeiro defini-se a potência stand-by durante a sombra e a potência de operação do satélite e então adota-se a maior delas para o dimensionamento do BDR. A partir da confiabilidade e balanço de potência, define-se o número de canais do BDR operando em paralelo (nB). Diferentemente do SHUNT, a potência excedente do BDR não é alocada em acrescentar um canal a mais, mas está alocada em um sobredimensionamento global dos canais na capacidade de potência máxima individual de cada um. E isto é feito de tal forma que, ocorrendo a falha de um deles, os canais restantes ainda são capazes de fornecer a potência necessária de operação. Sendo PBDRmáx a máxima potência nominal do BDR, PBDR a potência do BDR, e PCBDR a potência do canal do BDR, então: PBDR=nBDR.PBDRmáx/( nBDR -1) e PCBDR = PBDR/nBDR ou PCBDR = PBDRmáx/(nBDR-1). Desta forma, a Figura 5.3 é modificada. Veja a Figura 5.4: Figura 5.4 - Capacidade de potência do SHUNT e BDR na ausência de falha. 108 É importante mencionar ainda que fatores de degradação natural do painel solar e das baterias, do inicio de vida (Begin Of Life - BOL) até o fim de vida da missão em questão (End Of Life- EOL), embora não considerados aqui neste trabalho, devem ser considerados em um projeto real. 5.2.2 Dimensionando o Módulo da Condutância do SHUNT (GSH) e do BDR (GBDR) Por definição, a condutância é dada pelo quociente entre a corrente de saída, seja SHUNT ou BDR e a tensão de controle de entrada proveniente do amplificador de erro/ compensador (G = Io/Vc). Devemos definir a máxima faixa de variação da tensão de saída do compensador (∆Vc) e dividir em duas sub-faixas: uma relativa ao controle do SHUNT e outra relativa ao controle do BDR. Estas sub-faixas estão relacionadas entre si pela mesma razão entre os níveis de corrente da saída do SHUNT ou BDR ou também proporcional à capacidade de potência de cada um dos dois domínios de operação uma vez que a tensão de saída é constante (Vo = Vbus e Po = I.Vbus). Em um barramento de 28V p. ex, se o amplificador operacional do compensador for alimentado diretamente pela tensão do barramento, a excursão máxima da tensão de saída (∆Vc) estará idealmente limitada ao valor da tensão do barramento. Normalmente os amplificadores são limitados e não excursionam a tensão de saída aos limites da fonte de alimentação. Assim sendo, um valor realista poderia ser ~21V. Se definirmos ∆VcSH e ∆VcBDR como sendo as sub-faixas da tensão de erro de controle relativas ao SHUNT e BDR respectivamente, então: ISH /∆VcSH = IBDR /∆VcBDR ou PSH /∆VcSH = PBDR /∆VcBDR. Assim sendo, as condutâncias do SHUNT e BDR são iguais (GSH = GBDR) e como o compensador (A) juntamente com a malha de realimentação (K) são comuns aos dois domínios (SHUNT e 109 BDR), então temos que o comportamento dinâmico do barramento será idêntico tanto funcionando com o SHUNT quanto com o BDR e, portanto, apresentando a mesma impedância de saída (Zo) e tempo de recuperação (Tr) da tensão devido a transitórios de carga. 5.2.3 Ponto Singular de Instabilidade dos canais do SHUNT Embora o controle do SHUNT S3R possa ser feito via PWM ou por histerese, este trabalho irá abordar o controle norteado pela solução empregada do programa CBERS, ou seja, via PWM. Assim sendo, se o controle de cada canal do SHUNT for feito via PWM, então a topologia S3R impõe uma condição necessária para a estabilidade da malha de realimentação de tensão. A Figura 5.5 ilustra o funcionamento de um canal de SHUNT. Figura 5.5 - Funcionamento do canal do SHUNT. 110 Como se pode ver, o sinal de controle (Vc) é comparado com a onda dente de serra do canal do PWM (amplitude Vs e freqüência Fsw) gerando um trem de pulsos de controle o qual é aplicado ao gate do MOSFET. Desta forma, um trem de pulsos de corrente é gerado na saída com amplitude ICSH e freqüência FSW. Durante o tempo em que o MOSFET está ligado, a corrente do painel é drenada para o retorno e Co se descarrega sobre a carga com corrente io, caso contrário, a corrente do painel irá alimentar a carga RL com corrente io e também irá recarregar a capacitância Co, gerando uma ondulação triangular de tensão no barramento (∆Vo). Esta ondulação de tensão do barramento será amplificada pelo ganho K.A gerando uma ondulação de tensão no sinal de controle (∆Vc), a qual será comparada com a onda dente de serra de amplitude Vs do PWM. A condição de estabilidade é que a inclinação de ∆Vc seja sempre menor que a inclinação da rampa de Vs de tal forma a permitir uma comparação entre os dois sinais muito bem definida, caso contrário a comparação se torna indeterminada. A Figura 5.6 ilustra as formas de onda, destacando as inclinações b1 e b2. Para a estabilidade b1 deve ser maior que b2, incondicionalmente. Figura 5.6 - Comparação entre as rampas de Vc e VS. 111 Assim sendo, podemos equacionar a condição de estabilidade. Conforme mostrado no Apêndice G, a condição de estabilidade é a seguinte: FBWv = Si.FSW π (5.1) O parâmetro Si na Equação 5.1 representa a simetria da onda utilizada para implementar o PWM do SHUNT; podendo esta ser uma onda triangular simétrica ou uma onda triangular assimétrica (dente de serra), fazendo com que Si possa assumir os pesos 2 ou 1 respectivamente. Vale observar que, em determinadas situações, este tipo de oscilação não ocorre quando a condição de estabilidade é violada. A condição para esta exceção é definida quando o amplificador operacional utilizado para gerar a tensão de controle Vc é lento e possui valor baixo de slew-rate (volts/microsegundos), ou seja, o amplificador por si só já é um limitante suficiente para a máxima variação de Vc no tempo. 5.3 Modelagem das Condutâncias – Malha de Corrente 5.3.1 Condutância do SHUNT (GSH) Baseando-se na topologia S3R, podemos ver que o SHUNT chaveia, via PWM, diretamente o painel solar através de diversos canais seriais acoplados a MOSFETs de potência. Por projeto, o painel solar opera na região da sua curva IV onde o seu comportamento elétrico se assemelha eletricamente a uma fonte de corrente. Assim sendo, os canais do painel solar ou estão em curto-circuito ou estão trabalhando na tensão do barramento na região de corrente constante e um deles estará sendo chaveando via controle PWM. Desta forma, os canais do painel solar juntamente com cada canal do SHUNT se comportam como condutâncias na qual a corrente média da saída será definida pelo ciclo de 112 trabalho do PWM de um canal, associado à corrente daqueles canais que possuem a chave MOSFET na condição de aberto. Como já mencionado anteriormente, ∆VcSH é a faixa de tensão da saída do compensador que controla todos os canais do SHUNT que estão associados eletricamente em série. Assim sendo, se ISH é a corrente total dos nSH canais do painel solar associado ao SHUNT, então por definição, GSH = ISH /∆VcSH. A condutância do SHUNT pode também ser definida como a relação entre a corrente do painel associada a cada canal do SHUNT (ICSH) e a amplitude da onda dente de serra (Vs) do PWM de cada canal, ou seja, GSH = ICSH /Vs. Se considerarmos que um determinado SHUNT possui ns canais associados em série, então Vs = ∆VcSH /nSH. A freqüência do PWM do SHUNT deve ser especificada a valores nos quais a resposta elétrica do painel solar seja considerada satisfatória, ou seja, as capacitâncias parasitas associadas ao modelo da célula solar e também ao painel solar como um todo, não provoquem atrasos significativos na resposta elétrica ao chaveamento por PWM uma vez que o canal do painel solar em operação tem a sua tensão transitando entre 0 volts e a tensão do barramento, a menos da queda de tensão no diodo de cada canal do SHUNT. Este aspecto é importante e estudos atuais exploram este assunto (RUEDA; FERNÁNDEZ, 2002; BLANES et al, 2008) uma vez que as células de tripla junção atualmente em uso apresentam capacitâncias parasitas superiores àquelas apresentadas pelas células de silício utilizadas no passado. Este aumento da capacitância das células solares tem levado a um acréscimo da energia armazenada (0,5.C.V2) e, conseqüentemente a um aquecimento das chaves MOSFETs dos canais de SHUNT do tipo S3R ou S4R em determinadas situações (SIGNORINI et al, 2008). Veja a ilustração das Figuras 5.7 e 5.8. 113 Figura 5.7 - Chaveamento do painel solar na região de corrente constante. Figura 5.8 - Capacitância parasita do canal do painel solar. 5.3.2 Condutância do BDR (GBDR) Diferentemente do SHUNT, a condutância do BDR está intimamente ligada à forma de implementação deste conversor. Como por exemplo, se tomarmos o nível de tensão da bateria com valores inferiores à tensão do barramento, então o BDR deverá utilizar uma topologia que eleva a tensão, caso contrário, este deverá utilizar uma topologia que rebaixa a tensão, ou alternativamente, pode ser adotada uma solução de conversor que tanto eleva quanto abaixa a tensão de saída. Mais uma vez, orientando-nos aqui neste trabalho na solução 114 do CBERS, então vamos estudar uma topologia que rebaixa a tensão. A topologia escolhida deve ser tal que permita implementar o conceito de condutância através da realimentação da corrente de forma contínua. Assim sendo, a topologia adotada foi o conversor tipo BUCK. A Figura 5.9 ilustra o diagrama do BDR imerso em uma malha de realimentação de tensão utilizando a solução BUCK com realimentação de corrente controlada por PWM. Figura 5.9 - Topologia BUCK como uma condutância. Como podemos notar, o compensador PI e o ganho A da malha da tensão, realimentam a tensão de saída (Vo) do barramento através do fator K e controla a corrente (I) de saída da condutância (GB) através de Vc. A condutância neste caso, é implementada através de um conversor DCDC com realimentação de corrente com controle PWM e utilizando a topologia BUCK. O compensador A2 recebe a tensão de controle Vc e compara com o sinal proveniente do sensor de corrente Rs, gerando então o sinal de erro (Ve) de controle do PWM. O comparador do PWM gera um trem de pulsos a partir da comparação de Ve com a onda dente de serra de amplitude e freqüência Vs e FSW respectivamente. O trem de pulsos, também de freqüência FSW, é aplicado então ao gate do MOSFET através do circuito de driver. Assim sendo, a tensão de entrada Vi é chaveada sobre o filtro Lo/Co/Carga da saída, de tal forma a 115 produzir uma corrente contínua (I) na saída da condutância a menos de uma ondulação de corrente cuja amplitude é definida pelo valor de Lo. Desta forma, o valor numérico da condutância será: GBDR = I/Vc. Pela Teoria de Controle, deseja-se que, idealmente, GBDR = 1/Rs, onde Rs é o fator de realimentação da corrente (sensor de corrente). O sistema assim projetado possui, então, uma realimentação externa que controla a tensão do barramento e uma realimentação de corrente interna, a qual transforma o conversor BUCK em uma condutância. É importante considerar a condição necessária para a estabilidade, análoga à do SHUNT. A condição aparece quando se compara a onda dente de serra do PWM com a corrente de saída associada a uma onda de ondulação de corrente no indutor de saída (Lo) amplificada por Rs e A2. A maior inclinação da onda de corrente no indutor acontece quando o sistema é energizado. Neste instante, analisando a topologia BUCK, toda a tensão de entrada (Vi) é aplicada ao indutor. Assim: ∆i 0 = (Vi Lo ).( 1 ) = (Vi ).T Fsw Lo ∆i 0 T = (Vi Lo ) (5.2) (5.3) Referindo-se à Figura 5.9, a condição de estabilidade é como se segue: Si.Vs Vi ).Rs. A2 ≥( Lo T (5.4) Si.Vs.Lo.Fsw Rs.Vi (5.5) A2 ≤ Onde Si é o fator que representa a simetria da onda dente de serra do PWM e Fsw é a freqüência do PWM. 116 A modelagem da condutância consiste em determinar a função de transferência I/Vc do BUCK construído a partir de uma malha fechada de corrente. Para modelar esta função de transferência, vamos fazer o equacionamento utilizando o método conhecido largamente na literatura como: State Space Averaging Method (MIDDLEBROOK; SLOBODAN, 1977). A Figura 5.10 ilustra a malha fechada. Figura 5.10 - Malha fechada de corrente. A função de transferência da malha fechada de corrente (G), é definida pela Teoria de Controle como sendo: G= A2 .(1 VS ). X 1 + RS . A2 .(1 VS ). X (5.6) Desenvolvendo a expressão anterior temos: G= 117 1 . RS 1 VS (1 + ) A2 .RS . X (5.7) Onde X é parte da função de transferência da condutância do BDR definida como sendo I/a, sendo a o ciclo de trabalho (a = tL/T) e I a corrente de saída da condutância. O método do State Space Averaging será aplicado na determinação de X. Basicamente, este método consiste em primeiramente levantar as equações diferenciais do sistema envolvendo as variáveis de estado, as quais definirão o espaço de estado. Assim sendo, conforme o desenvolvimento matemático mostrado no Apêndice G, a equação para a condutância do BDR é: G= 1 . Rs 1 Vs (1 + s.Lo. ) A2 .Vi.Rs (5.8) A condutância G possui um ganho 1/Rs e um pólo na freqüência (A2.Vi.Rs/Lo.Vs). Vamos adotar o termo 1/Rs como sendo a condutância ideal, ou seja, com largura de banda ilimitada e o denominaremos como sendo GBDR. O termo contendo o pólo será denominado como sendo p e representa a resposta em freqüência da condutância. Logo: G = GBDR . p (5.9) Onde: p= 1 Vs (1 + s.Lo. ) A2 .Vi.Rs e 118 (5.10) G BDR = 1 Rs (5.11) Assim sendo, a largura de banda da malha da corrente - WBWi, será definida como sendo a freqüência em que o módulo de p se torna unitário, ou seja: WBWi = A2 .Vi.Rs Lo.Vs (5.12) Interessante notar, pela Equação 5.10, que a largura de banda da malha da corrente é diretamente influenciada pela variação da tensão de entrada Vi. Uma das maneiras de cancelar este efeito seria a de fazer com que a amplitude da onda dente de serra (Vs) fosse também proporcional a Vi de tal forma que a relação Vi/Vs fosse constante. Assim sendo, a condutância não seria afetada devido a variações de Vi. Em um projeto, devemos fazer com que WBWi >> WBWv , de tal forma que não haja contribuição de fase da malha da condutância na fase da malha da tensão; ou seja, que a condutância seja ideal e modelada como sendo GBDR = 1/Rs para freqüências no interior de WBWv, forçando uma margem de fase para as proximidades de 90 graus. É interessante notar na Expressão 5.12 que, quanto maior for o ganho A2, maior será o valor de WBWi . Entretanto, o valor de A2 deve se limitar ao critério de estabilidade da comparação entre as rampas de tensão da onda dente de serra do PWM e a rampa de tensão devida à amplificação da ondulação da corrente no indutor dada pela Expressão 5.5. Sendo assim, substituindo o valor limite do ganho A2 na Expressão 5.12, temos que: WBWi < Si.Fsw (5.13) Si.Fsw 2.π (5.14) Ou: FBWi < 119 Como se deseja sempre a máxima largura de banda admissível, devemos fazer, sempre que possível, que Si seja igual a dois. Neste caso, a máxima largura de banda admissível, para uma dada freqüência do PWM, será alcançada e será da ordem de um terço da freqüência de chaveamento do PWM. Um bom critério a ser adotado é fazer com que 10. WBWv = WBWi = Si.Fsw e z = WBWv /10. O zero associado ao integrador do compensador A2 (zi) deve ser projetado para uma década abaixo de WBWi (WBWi/10), ou seja, próximo a WBWv. Podemos assim concluir que fazendo Si=2 associado com uma alta freqüência de chaveamento do PWM permite maximizar a freqüência do zero associado ao integrador da malha da tensão (z), ainda mantendo uma margem de fase próxima de 90 graus e levando o sistema a um projeto ótimo em termos de características dinâmicas da tensão controlada (sistemas rápidos com o menor tempo de recuperação - Tr e impedância de saída - Zo). 120 6 PROJETO UTILIZANDO A CONDUTÂNCIA VIA BUCK E O PROJETO CBERS 6.1 Requisitos de Entrada Devemos primeiramente definir a coleção de requisitos necessários e suficientes para a elaboração do projeto. Assim sendo, devemos definir os requisitos conforme Tabela 6.1: Tabela 6.1 - Requisitos de entrada. No Requisito 1 Vo 2 Vo +/- 1% Regulação 3 Vimin - Vimáx Faixa de variação da tensão de entrada 3 Po 5 Fsw 6 Tr Tempo de recuperação para transitórios de carga 7 Zo Impedância de saída Descrição Tensão de saída Potência de saída máxima Freqüência do PWM 6.2 Seqüência de Cálculo • Malha da Corrente 1) Determinação do valor do indutor do BUCK – (Lo) O Valor de Lo é determinado como função da ondulação máxima de corrente na saída do BUCK. O valor de projeto é uma fração da corrente máxima. A indutância pode ser determinada pela seguinte equação (Veja o Apêndice B): 121 Vo 2 Lo = ∆I 2.Fsw. o .Po MÁX . Io (6.1) Onde o termo ∆Io/Io define o valor relativo da ondulação máxima da corrente na saída. Um bom critério seria: ∆Io/Io = 0,1, ou seja, 10% da corrente máxima da saída. 2) Determinação da Condutância - (G=1/Rs) A partir da potência máxima e da tensão de saída defini-se Io. Ou seja: Io=Po/Vo. Define-se uma faixa para a tensão de controle Vc. Então, por definição, temos: G = 1/Rs= Io/Vc, e, portanto: Rs = Vc Io (6.2) Ou: Rs = Vc.Vo Po (6.3) 3) Largura de banda da malha da corrente - (WBWi) Utilizando o critério necessário para a estabilidade, temos: WBWi < S.Fsw, onde Fsw é a freqüência de chaveamento do PWM. Se viável, implementa-se o PWM com onda dente de serra simétrica, pois esta permite a utilização de uma largura de banda maior. Assim sendo, Si = 2, e então: WBWi = 2.FSW 122 (6.4) 4) Ganho máximo do compensador da malha da corrente - (A2) A partir do valor de WBWi podemos determinar o máximo valor de A2 pela seguinte equação: A2 ≤ WBWI .Lo.Vs Vi.Rs (6.5) Para o cálculo de A2 deve-se considerar o pior caso, ou seja, o Vi máximo. 5) Freqüência do Zero do integrador da malha da corrente - (zi) Utilizando a expressão para a largura de banda da malha da corrente, ou seja: WBWI = A2 .Vi.Rs , podemos definir zi fazendo: zi = WBWi/10 Lo.Vs Ou seja: Zi = 0,1. A2 .Vi.Rs Lo.Vs (6.6) Devemos considerar neste caso a tensão mínima de Vi. O valor de zi será, então, muito próximo da largura de banda da malha da tensão (WBWv). • Malha da Tensão 6) Determinação do ganho de Malha aberta - (K.A.G) Como a impedância de saída é um requisito de entrada, podemos então facilmente determinar o valor do ganho de malha aberta como se segue: K . A.G = 1 123 Zo (6.7) 7) Determinação da largura de banda da malha da Tensão - (WBWv) Como o tempo de recuperação devido a transitórios de carga é um requisito de entrada, então podemos facilmente determinar WBWv como se segue: WBWv = 36 Tr (6.8) 8) Determinação da freqüência do zero do compensador A - (z) Uma vez determinado o valor de WBWv pode-se então, determinar o valor de z da seguinte forma: z= WBWv 10 (6.9) 9) Determinação da capacitância de saída - (Co) Sendo Zo um requisito de entrada e sabendo que: WBWv = K.A.G/Co e que Zo=1/K.A.G, então podemos calcular Co pela seguinte Equação: Co = 1 Zo.WBWv (6.10) 10) Determinação do fator de realimentação (K) A determinação de K envolve a disponibilidade de componentes que podem ser usados como uma referência de tensão e que seja extremamente estável em temperatura. O componente que tem sido usado no programa CBERS é um zener de alta estabilidade térmica (1N4568A) de 6,4V. Assim sendo, podemos determinar o valor de K pela seguinte equação: 124 K = Vref Vo (6.11) 11) Determinação do ganho do compensador - (A) Uma vez conhecendo o valor de K.A.G, de K e de G (= 1/Rs), podemos determinar o valor de A pela seguinte equação: A= K . A.G 1 K. Rs (6.12) 6.3 Estudo de um Exemplo Suponhamos os seguintes requisitos de entrada: Tabela 6.2 - Requisitos do sistema. No Requisito Descrição 1 Vo 28V 2 Vo +- 1% 1% 3 Vi 45V a 60V 3 Pó 1000W 5 Fsw 100kHz 6 Tr 2 ms 7 Zo 160 mOhms Utilizando a seqüência e as fórmulas apresentadas, podemos projetar o sistema. Assim sendo, analisaremos em primeiro lugar, a malha da corrente (condutância) e em seguida o sistema completo com a condutância imersa dentro da malha da tensão. A análise será feita utilizando o software MICROCAP para simulação de circuitos eletrônicos. Para elaboração dos 125 cálculos foi considerada uma ondulação de corrente no indutor de 10%, uma faixa de tensão de controle de 10V, uma onda dente de serra simétrica com Vs=2,5V e uma tensão de referencia de 7V. A Tabela 6.3 apresenta os valores calculados a partir do sumário de fórmulas apresentado acima. Tabela 6.3 - Projeto do sistema. Malha da corrente Malha da tensão No Parâmetro Valor No Parâmetro Valor 1 Lo 39 uH 6 1/K.A.G 0,16 2 Rs 0,28 Ohms 7 WBWv 18 krad/s - 2,86kHz 3 WBWI 200 krad/s – 31,8kHz 8 z 1,8 krad/s – 286Hz 4 A2 < 1,16 9 Co 347 uF 5 zi 15 krad/s – 2,39kHz 10 K 0,23 11 A 7,6 A Figura 6.1 ilustra o diagrama elétrico da condutância que foi utilizado para a simulação, utilizando o software de simulação eletrônica: MICRO-CAP, versão 8.0. 126 Figura 6.1 - Diagrama elétrico utilizado para a simulação da condutância. O caso simulado analisa a resposta em freqüência da condutância quando o compensador A2 não possui uma função de integração. Analisando a Figura 6.2 (diagrama de Bode de ganho e fase) abaixo, podemos observar na função de transferência em malha fechada da condutância, conforme previsto pelas equações do modelo do Apêndice G, a existência de um zero e um pólo em baixas freqüências e um pólo nas altas freqüências. A simulação não considerou o ganho (1/RS) associado à condutância ideal, veja que o máximo ganho é de 0 db. 127 Figura 6.2 - Diagrama de Bode da função de transferência da condutância em malha fechada na ausência de um integrador associado a A2. A Figura 6.3 apresenta a resposta em freqüência da condutância quando se acrescenta um integrador ao compensador A2. Veja que, conforme mostrado no Apêndice G, devido ao aumento do ganho de A2 nas baixas freqüências (presença do integrador), o pólo e o zero da função de transferência da condutância em malha fechada, se cancelam e o sistema se comporta efetivamente como sendo de primeira ordem. Vale observar também que a freqüência da largura de banda apresentada pela simulação (~32,7kHz) praticamente corresponde ao valor previsto pelo projeto (31,8kHz). 128 Figura 6.3 - Diagrama de Bode da função de transferência da condutância em malha fechada com um integrador associado a A2. A Figura 6.4 ilustra a variação da resposta em freqüência da condutância em malha fechada como função da variação de Vi. Esta análise é interessante, pois, este efeito ocorre quando a tensão de entrada (Vi) é proveniente de baterias (caso dos BDR’s) e portanto, dependente do estado de carga destas. Podemos notar, como previsto pela modelagem apresentada – Equação que a largura de banda é influenciada diretamente pela tensão de entrada. 129 5.12, Figura 6.4 - Variação da largura de banda da condutância em malha fechada em função da variação de Vi. A Figura 6.5 apresenta o circuito utilizado na simulação do projeto completo. O diagrama da condutância foi inserido na malha da tensão. Figura 6.5 - O projeto completo – A condutância no interior da malha da tensão. 130 A Figura 6.6 apresenta a resposta em freqüência do sistema completo (condutância imersa na malha da tensão). A ilustração apresenta a resposta em freqüência da malha da tensão aberta. Veja que este diagrama de Bode da simulação apresenta uma largura de banda da malha de ~3kHz a qual está em concordância com o valor esperado de 2,86 kHz. A simulação apresentou uma margem de fase de 81 graus. Idealmente ela deveria ser de 90 graus, já que o modelo do sistema esperado é de primeira ordem. Figura 6.6 - Diagrama de Bode da resposta no domínio da freqüência do projeto completo (malha da tensão). Estimulando a saída do sistema, com uma carga variando segundo uma função senoidal e fazendo a freqüência variar, podemos calcular a impedância de saída, Zo(s), através da relação Vo(s)/Io(s) e gerar a curva de Bode. A Figura 6.7 apresenta a curva da impedância de saída calculada pelo software Microcap. Foi traçado manualmente nesta Figura o diagrama de Bode aproximado através de assíntotas. Assim podemos identificar os pontos de 3db’s nos quais estão localizados os dois pólos da impedância de saída e a ação do integrador levando a um valor de impedância muito pequeno nas 131 freqüências baixas (impedância idealmente nula em regime estacionário de carga devido a presença do integrador da malha da tensão). Podemos ver que a forma desta curva se assemelha com aquela apresentada na Figura 2.3 e proveniente da especificação ESA – ECSS-E-ST-20C. O valor máximo da impedância (~ -16db) ocorre em torno da freqüência de 1kHz. Este valor corresponde a uma impedância de ~160 mOhms, conforme previsto no projeto. Figura 6.7 - Impedância de saída (Zo) em função da freqüência. A Figura 6.8 apresenta a resposta transitória da tensão de saída devido a um degrau de 10 Ampéres na carga. Conforme os valores calculados pelo projeto o distúrbio de tensão deveria ser de 1,36 V (= 0,85 . Zo . ∆I, onde Zo = 0,16 Ohms). A simulação apresentou um transitório de 1,22V, diferindo, portanto, em ~10% do valor esperado. O tempo de recuperação (Tr) previsto é de 2ms e a simulação apresentou um resultado idêntico. 132 Figura 6.8 - Resposta ao transitório de carga de 10 Ampéres no sistema com a malha de tensão fechada. 6.4 Procedimento de Projeto da Topologia Híbrida Agregando todas as informações apresentadas anteriormente ao longo deste trabalho, podemos gerar um procedimento de projeto para a Topologia Híbrida de Barramento Regulado no que diz respeito ao projeto de um controle estável com uma margem de fase próxima de 90 graus e uma boa resposta dinâmica e impedância de saída, além do fato de se ter um controle total sobre os requisitos de especificação. A partir deste procedimento, uma simples planilha de Excel pode ser gerada e o dimensionamento dos parâmetros principais relacionados ao controle do barramento pode ser obtido quase que instantaneamente. Deveremos ter basicamente dois conjuntos de dados de entrada para a elaboração do procedimento: os requisitos principais da especificação e as considerações adotadas para a elaboração do projeto. A Figura 6.9 ilustra esta lógica de processamento. 133 Figura 6.9 - Lógica de processamento para elaboração do procedimento de projeto. A Tabela 6.4 apresenta os requisitos da especificação e a considerações de projeto necessárias. Tabela 6.4 - Requisitos de sistema. Requisitos da Especificação Considerações de projeto 1 Vo ∆Vc (faixa da tensão de controle) 2 PSHUNT SiBDR 3 PBDR SiSH 4 FswBDR ∆Io/Io 5 FswSH VSBDR 6 nBDR WBWi ≤ 0,9 . SiBDR . FswBDR 7 nSH zi = WBWi/10 8 Vimin e Vimax (faixa de tensão da bat.) WBWv ≤ 2. SiSH .FSWSH 9 Tr WBWv ≤ zi 10 Zo z = WBWv/10 11 Margem de Fase Vref As condições necessárias para a estabilidade, já apresentadas anteriormente, são duas e estão diretamente relacionadas à comparação dos sinais de controle (Vc) e onda dente de serra do PWM, ou seja: 134 • SHUNT: FBWv < SiSH .FSWSH/π • BDR: WBWi < SiBDR . FswBDR A Figura 6.10 ilustra o sistema completo explicitando e identificando os parâmetros mais importantes. Podemos identificar: • O fator de realimentação da malha de tensão: K; • o compensador da malha de Tensão (Main Error Amplifier - MEA) com uma função de transferência do tipo PI com ganho A; • a condutância do BDR (GBDR) formada por nBDR canais, conectados eletricamente em paralelo, de condutâncias menores (GCBDR), implementadas a partir da topologia BUCK realimentada em corrente com controle do tipo PWM; • a condutância do SHUNT(GSH) formada por nSH canais, conectados eletricamente em série, implementadas a partir da estrutura S3R com controle do tipo PWM; • a capacitância de saída (Co) e a carga do barramento (RL); • importantes fatores: VsSH, VsBDR, FswSH, FswBDR, A2, RsCBDR, IcSH, ISH, IBDR, Io, SiSH, SiBDR, referência do domínio do BDR, e as nSH referências relativas aos canais do SHUNTas quais juntamente com a tensão de controle (Vc) definem a operação deste domínio. 135 Figura 6.10 - Diagrama ilustrativo do sistema completo. 136 A seguir, é apresentado o procedimento de projeto passo a passo. As equações matemáticas desenvolvidas e associadas a cada passo estão apresentadas no Apêndice H. a) Calcula-se a capacidade de potência máxima do barramento; b) define-se a tensão de alimentação do MEA e aloca-se um range máximo de tensão na sua saída (tensão de controle - ∆Vc); c) calcula-se o valor da condutância do sistema; d) calcula-se a condutância por canal do BDR: GCBDR; e) define-se a simetria da onda dente de serra do PWM do BDR; f) impõe-se a condição necessária de estabilidade do BDR: WBWi < SiBDR. FSWBDR; g) a partir do número de canais e da potência máxima do BDR (PBDRmáx), calcula-se a potência máxima da saída do canal BDR; h) calcula-se a corrente máxima de saída de cada condutância “BUCK” do BDR; i) defini-se a ondulação de corrente máxima no indutor de saída de cada condutância BUCK; j) calcula-se o valor da Indutância de saída: Lo; k) defini-se a amplitude da onda dente de serra do PWM do BDR: VsBDR; l) calcula-se o ganho (A2) do compensador da malha da corrente de cada condutância BUCK do BDR; m)calcula-se a freqüência do zero associado ao integrador do compensador A2: zi; n) calcula-se a largura de banda da malha da tensão: WBWv; o) define-se a simetria da onda dente de serra do PWM do SHUNT; p) impõe-se a condição necessária de estabilidade do SHUNT; q) calcula-se a freqüência do zero associado ao integrador da malha da tensão; r) verifia-se o cumprimento do requisito do Tr; s) calcula-se a capacitância do barramento: Co; t) define-se o valor da tensão de referência da malha da tensão: Vref; 137 u) calcula-se o fator de realimentação da malha da Tensão: K; v) calcula-se o ganho do compensador da malha da Tensão: A; w) calcula-se a amplitude da tensão de controle do domínio do “SHUNT”: ∆VCSH; x) calcula-se ∆VcBDR; y) calcula-se a amplitude da onda dente de serra do PWM dos canais do SHUNT: VSSH. 6.5 O Projeto do CBERS O INPE assumiu a responsabilidade de conduzir este importante projeto binacional entre o Brasil e a China cuja concepção se iniciou na década de 80. Nesta mesma época, a ESA realizava um importante trabalho de trade-off entre topologias de subsistemas de potência para satélite (CAPEL; SULLIVAN, 1985; CAPEL; SULLIVAN; MARPINARD, 1988; SULLIVAN, 1989a, 1994; SULLIVAN, 1989b). Mesmo mais tarde, final da década de 90, e de uma maneira muito mais rebuscada, com a utilização de softwares específicos (CAPEL, 1999), este trabalho incessante se mostrou ativo. Esta procura por uma otimização e os seus devidos motivos já foram mencionados ao longo deste trabalho. O fato é que a topologia empregada no programa CBERS foi fortemente influenciada pelas tendências da época, resultando em uma topologia recomendada pela ESA para satélites LEO, a qual até nos tempos atuais se encontra entre as opções clássicas. Esta topologia continua fazendo parte de estudos de tradeoffs e se mantém agregada ao baseline de softwares modernos e específicos (ZIMMERMANN et al, 2008). O programa CBERS faz uso da Topologia Híbrida com dois domínios de operação/controle utilizando um SHUNT S3R com controle PWM e um BDR utilizando topologia BUCK. O painel solar é dividido em duas partes principais, estando uma delas dedicada à recarga das baterias e a outra parte subdividida em canais, os quais estão associados biunivocamente aos canais de SHUNT. 138 Além disto, o BDR, utiliza várias condutâncias implementadas a partir da topologia tipo BUCK operando em paralelo e compondo uma condutância única. Referindo-se ao CBERS 1,2 e 2B, o equipamento SHUNT contém seis circuitos de controle e de potência que compõem os canais do S3R, o banco de capacitores de plástico do barramento (2,2 mF, formado por 220 capacitores de 10uF) do tipo self-healing e o amplificador de erro (redundante) do controle da tensão do barramento. Já o BDR, por sua vez, contém além das seis condutâncias, os módulos relativos à função de carga das duas baterias do satélite (Battery Charge Controller - BCR’s) e os módulos relativos ao controle térmico das baterias (Battery Heater Controller - BHC’s). Um detalhamento mais geral sobre o subsistema de potência do programa CBERS pode ser encontrado no Apêndice A. Tomando o CBERS 1,2 e 2B como referência para uma análise, podemos extrair das especificações do programa (CBDA-IHDS-023, CBDB-IHDS-024 e CBD-HDS-006) os seguintes requisitos principais para esse trabalho (Tabela 6.5): 139 Tabela 6.5 - Especificação e considerações da PCU do CBERS 1,2 e 2B. Requisitos da Especificação Considerações de projeto 1 Vo = 28V ∆Vc = 21V 2 PSHUNT= 728W SBDR = 1 3 PBDR = 1208W SSH = 2 4 FswBDR = 200 kHz ∆Io/Io = 0,1 5 FswSH = 12 kHz VSBDR = 2,5V 6 nBDR = 6 WBWi = 0,9 . FswBDR 7 nSH = 6 zi = WBWi/10 8 35V < Vi ≤ 60V z = WBWv/10 9 Tr ≤ 3 ms WBWv ≤ zi 10 Zo ≤ 160 mOhms Vref. = 6,4V 11 Margem de Fase = não especificada A partir da análise do projeto da PCU do CBERS e das equações do modelo já apresentadas, podemos extrair a configuração real da PCU, a qual está apresentada na Tabela 6.6: 140 Tabela 6.6 - Configuração do projeto da PCU do CBERS 1,2 e 2B. Configuração da PCU do CBERS 1,2 e 2B 1 P”SHUNT”= 728W 12 zi = 2,2kHz 2 PBDR = 1208W 13 WBWv = 2,2kHz 3 Pomáx = 1936 W 14 z = 220 Hz 4 GBDR = 5,4 A/V 15 Co = 2,2 mF 5 GCBDR = 0,9 A/V 16 K = 0,23 6 GSH= 4,3 A/V (@IcSH = 4,3A) 17 A = 20,6 7 WBWi = 22,3 kHz 18 VcSH = 7,2V 8 PCBDR = 222 W 19 VcBDR = 11V 9 IoCBDR = 7,9A 20 VsSH = 1V 10 Lo = 70 uH 21 Tr = ~2,6 ms 11 A2 = 0,33 22 Zo ≤ 160 mOhms A partir da configuração do sistema, podemos construir o diagrama elétrico equivalente do BDR. Utilizando o software Microcap (versão 8.0) podemos simular o comportamento da resposta em freqüência e resposta dinâmica do sistema. A Figura 6.11 ilustra o diagrama elétrico equivalente. 141 Figura 6.11 - Diagrama elétrico equivalente do BDR do CBERS 1,2 e 2B. A Figura 6.12 apresenta o resultado da simulação da resposta em freqüência da malha da corrente fechada sem o integrador do compensador A2. Figura 6.12 - Resposta em freqüência da condutância sem integração na malha. 142 Como já mostrado anteriormente, a inclusão do integrador no compensador A2, elimina o pólo e o zero das baixas freqüências da função de transferência da malha da condutância. Assim sendo, A Figura 6.13 ilustra a simulação da condutância com o integrador. Além do mais, esta Figura apresenta a sensibilidade da largura de banda da malha de corrente quando a tensão da bateria varia de 35V a 60 V, conforme especificação, levando a largura de banda variar de ~12kHz a ~20 kHz. Figura 6.13 - Sensibilidade da largura de banda da condutância com integrador. Considerando a condutância no interior da malha da tensão, podemos verificar a resposta em freqüência da malha aberta. A Figura 6.14 mostra uma largura de banda da ordem de 2,5 kHz e uma margem de fase da ordem de 80 graus. A largura de banda prevista é de 2,2kHz e margem de fase esperada de ~90 graus. 143 Figura 6.14 - Resposta em freqüência da malha da tensão em aberto. A Figura 6.15 apresenta a curva da impedância de saída (Zo) no domínio da freqüência. O valor de pico ocorre em torno dos 700Hz com uma amplitude de ~-29db (~36 mOhms). O valor previsto é de 39 mOhms para o BDR. Figura 6.15 - Impedância de saída. 144 Indo mais além, podemos simular o transiente da tensão do barramento quando estimulado por um degrau de 10 Ampéres de corrente. A Figura 6.16 ilustra o comportamento da tensão do barramento. Pode-se verificar um transitório com amplitude de ~304 mV (valor previsto: 0,85 . 39 . 10 = 331 mV) e um tempo de recuperação de ~2,7ms (valor previsto: 2,6 ms). Figura 6.16 - Comportamento dinâmico da tensão do barramento no modo BDR. Por fim, podemos comparar os resultados da simulação com resultados de testes reais feitos no SHUNT e BDR do CBERS durante as etapas de desenvolvimento, qualificação e aceitação. A Figura 6.17 apresenta a medida da impedância de saída e o tempo de recuperação do BDR. A impedância de saída pode ser calculada como: Zo = ~340mv/(0,85.10A) = ~40mOhms. O tempo de recuperação pode ser verificado diretamente: Tr=~2,6 ms. O valor esperado é de 39 mOhms e 2,6 ms. Observase que devido à alta freqüência de chaveamento do PWM do BDR (~200 kHz), a tensão do barramento apresenta componentes de alta freqüência, as quais prejudicam as medidas de ∆V e Tr com precisão. 145 Figura 6.17 - Resposta dinâmica do BDR do CBERS a um transitório de carga de +10 Amperes. Fonte: Documentação de teste do CBERS. A Figura 6.18 apresenta a ondulação de corrente na saída do BDR quando a tensão de entrada era de Vi = 55V e a corrente de carga era de 10,34 Amperes. Conforme a medida, a ondulação de corrente é da ordem de ~4,8 Ampéres, significando indiretamente uma ondulação de 0,8 Ampéres para cada uma das seis condutâncias que compõem o BDR. 146 Figura 6.18- Ondulação de corrente na saída do BDR (Vi=Vbateria=55V e Io=10,34 Ampéres). Fonte: Documentação de teste do CBERS. A Figura 6.19 apresenta a medida da impedância de saída e o tempo de recuperação do SHUNT. A impedância de saída pode ser calculada como: Zo = ~300mV/(0,85.5A) = ~70 mOhms. O tempo de recuperação pode ser verificado diretamente: Tr=~2,6 ms. 147 Figura 6.19 - Resposta dinâmica do SHUNT do CBERS a um transitório de carga de 5A. Fonte: Documentação de teste do CBERS. A Figura 6.20 apresenta a medida da resposta dinâmica da tensão do barramento devido a um transitório de carga de -20 Ampéres. Durante este transitório, a PCU (SHUNT e BDR) do CBERS é forçada a transitar do modo de operação BDR para o modo de operação SHUNT. Desta forma, este teste não somente mede a impedância do barramento, mas também verifica o comportamento dinâmico do sistema ao transitar entre os domínios BDR e SHUNT. O transitório da tensão do barramento, nesta situação específica, foi de 930 mV correspondendo a uma impedância equivalente de Zo= 930mV/(0,85.20A)= 54,7 mOhms. O tempo de recuperação foi pouco maior que 2,5ms. 148 Figura 6.20 - Resposta dinâmica da tensão do barramento devido a um transitório de carga de -20 A, forçando a PCU do CBERS transitar entre o modo de operação BDR para o modo de operação SHUNT. Fonte: Documentação de teste do CBERS. Podemos verificar que o modelo está em perfeita sintonia com o subsistema real uma vez que os números apresentados estão bastante próximos. É bastante evidente também que o emprego da condutância associada à topologia BUCK, transforma o sistema originalmente de segunda ordem, com pólos complexo (filtro LC da saída do BUCK) e potencialmente instável, em um sistema efetivamente de primeira ordem. A Figura 6.21 apresenta a foto do equipamento BDR do CBERS 1,2 e 2B (modelo de qualificação) juntamente com uma visão dos módulos que representam as seis condutâncias através da topologia BUCK. 149 Figura 6.21 - BDR (modelo de Qualificação) e uma visão dos seis módulos de condutâncias. A Figura 6.22 apresenta a foto do equipamento SHUNT do CBERS 1,2 e 2B (modelo de qualificação) juntamente com o módulo dos componentes eletrônicos do circuito de potência dos seis canais do circuito do SHUNT S3R. Figura 6.22 - Equipamento SHUNT (modelo de qualificação) e o módulo de potência dos canais do S3R. 150 7 CONCLUSÃO Por tudo o que foi apresentado, podemos concluir que o modelo matemático apresentado, correspondente ao controle da tensão do barramento utilizando condutâncias imersas a uma malha de tensão, reflete de maneira satisfatória o comportamento real. Sendo assim, através de um conjunto singular de equações simples, podemos projetar todo um intrincado conjunto de pólos, zeros e ganhos de uma maneira extremamente simples. Ao mesmo tempo, isto permite que requisitos importantes sejam cumpridos, resultando em um controle estável da tensão do barramento, com uma boa margem de fase e uma boa resposta dinâmica, além de permitir que se tenha controle total dos requisitos elétricos associados. Vale mencionar, que a utilização do conceito de condutâncias permite atingir um sistema totalmente modular, uma vez que as condutâncias podem ser colocadas diretamente em paralelo sendo controladas pelo mesmo sinal de controle (Vc) e podendo se adaptar a diversos níveis de potência. Desta forma, este conceito permite que um mesmo projeto seja facilmente utilizado/adaptado a diversas missões, minimizando os custos e aumentando a confiabilidade, além do bom desempenho elétrico. Vale ressaltar que a técnica de controle apresentada vai além da Topologia Híbrida, podendo ter o seu conceito aplicado a toda topologia com controle da tensão do barramento. Como exemplos de estudos futuros, podemos listar: • Modelagem Matemática da condutância de outras topologias de conversores diferentes do BUCK; • Estudos quantitativos referentes ao equacionamento das massas relativas a BDR´s, BCR´s, SHUNT´s, Conversores DCDC, Painéis Solares e Baterias; considerando várias topologias de Suprimento de Energia; 151 • Estudos de softwares relativos á otimização de Sistemas de Suprimento de Energia considerando diversos tipos de missões e topologias de suprimento de energia. • Estudo de novas topologias de suprimento de energia visando: 1) a melhora da eficiência global de utilização da energia proveniente dos painéis solares e, 2) melhorar a interface elétrica com as atuais células de tripla junção com maior capacitância parasita inerente. • Síntese de circuitos eletrônicos utilizando algorítimos evolucionários. 152 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANNONI, P. et al. Modular MRU (Main Bus Regulation Unit) for application in GEO telecommunication satellites. 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Com o objetivo de não interromper os serviços de fornecimento de imagens entre os CBERS2 e o CBERS3, em 12/11/2004 foi assinado um acordo complementar para o desenvolvimento do CBERS 2B. Recentemente iniciou-se um estudo de viabilidade para uma possível nova ampliação deste mesmo programa, prevendo três novos satélites: o CBERS 5&6 e o CBERS 7, este último contendo como carga útil um Radar de Abertura Sintética (SAR). Os satélites CBERS 1, 2 e 2B, com massa aproximada de 1.500kg, foram lançados, com sucesso, através do foguete lançador chinês da série Longa Marcha 4B em 14/10/1999, 21/10/2003 e 19/09/2007 respectivamente. Já os satélites CBERS 3&4, com estimativa de massa da ordem de 2.000kg, estão com previsão de lançamento até 2011. Este acordo entre países determinou ao Brasil, dentre muitas outras responsabilidades, o encargo de desenvolver, projetar e fabricar todo o subsistema de Suprimento de Energia, o qual é composto pelos painéis solares, baterias e toda a eletrônica de condicionamento de potência. Os projetos dos equipamentos eletrônicos do subsistema de suprimento de energia dos satélites CBERS 1, 2, 2B e agora mais recentemente do CBERS 161 3&4 foram totalmente especificados pelo INPE e desenvolvidos/projetados em uma parceria entre o INPE e a indústria nacional. A fabricação foi inteiramente realizada por empresas brasileiras (Aeroeletrônica e Digicon) sobre a supervisão técnica do INPE, valendo ressaltar que no caso do CBERS 3&4 apenas o modelo de engenharia foi fabricado até 2007 pela empresa Aeroeletrônica. As baterias de todo o programa CBERS, embora de total responsabilidade brasileira, foram especificadas pelo INPE e compradas da China. Elas foram projetadas e fabricadas pelo SISP (Shanhai Institute of Space Technology). Os painéis solares do CBERS 1, 2 e 2B foram especificados e projetados pelo INPE (COSTA VAZ, 1998). As estruturas (painéis de Honey-Comb) foram compradas da CAST (Chinese Academy of Space Technology) e as células solares adquiridas da SISP. A fabricação dos painéis do CBERS 1&2 foi um trabalho dividido entre a antiga empresa alemã – MBB Deutsche Aerospace (atualmente adquirida pela empresa Italiana - Alênia Spazio) e a empresa nacional DIGICON. Já a fabricação dos painéis do CBERS 2B foi executada pela indústria nacional através da empresa Orbital sob a supervisão do INPE. Os painéis solares do CBERS 3&4 serão fabricados utilizando células solares de tripla junção de Arseneto de Gálio adquiridas da SISP. A especificação e o pré-projeto foram elaborados pelo INPE. O projeto elétrico detalhado juntamente com a fabricação da parte elétrica já se encontra em andamento através da empresa nacional Orbital. A CAST deverá prover a parte mecânica do painel solar do CBERS 3; já para o CBERS 4 este item deverá ser contratado da indústria nacional. Referente à continuação do programa através dos satélites CBERS 5, 6 e 7; os projetos se encontram na fase inicial via a fase de concepção e acordos entre INPE e China. A concepção empregada pelo Subsistema de potência 162 continuará a ser a Topologia Híbrida, inclusive para o CBERS 7, para o qual a carga RADAR deverá ser alimentada diretamente pelo barramento da bateria gerado por esta topologia. Para o CBERS 5&6 existe a expectativa de adotar três baterias de Li-Ion em lugar das duas baterias de NiCd utilizadas até então pelo programa. Também, poderá ser especificado um barramento com tensão regulada de 50V, para tanto, esta em andamento uma avaliação do nível de potência destes satélites. Com a possível alteração da tensão de 28V para 50V o equipamento SHUNT poderá sofrer modificação de topologia, vindo a empregar, além da topologia S3R, a topologia S4R. Além desta modificação do SHUNT, o BDR empregará uma topologia do tipo Up-Converter em lugar do atual Down-Converter do tipo BUCK, para se adaptar à tensão de barramento de 50V. Com o uso de três baterias, o BDR passará a ser composto por nove condutâncias, sendo que a entrada de potência de cada grupo de três condutâncias está ligada a uma das três baterias de Li-Ion e a saída das nove condutâncias estão ligadas em paralelo provendo potência para o barramento e constituindo uma redundância inerente além de um sistema totalmente modular. 163 164 APÊNDICE B - CÁLCULO DA INDUTÂNCIA DE SAÍDA DO BUCK (LO) Considerando a Figura B.1, Figura B.1 - Topologia BUCK. Temos: Vi − Vo .a.T Lo (B.1) Vi.(a − a 2 ) ∆Io = .T Lo (B.2) ∆Io = Mas, Vo = a . Vi, então: Derivando a expressão B.2 em função de “a”, e igualando a “0” temos a condição de ciclo de trabalho para o máximo ∆Io. Assim: ∂∆Io Vi.(1 − 2.a) = .T = 0 ∂a Lo ⇒ a = 0,5 (B.3) Vi − Vo .a.T ∆Io (B.4) De B.1, temos: Lo = Substituindo Vi como função de Vo, temos: 165 Lo = Vo.(1 − a ) .T ∆Io (B.5) Multiplicando e dividindo o denominador por Io, temos: Lo = Vo.(1 − a ) .T ∆Io .Io Io (B.6) Substituindo o valor de a para o máximo ∆Io, temos: Lo = Vo .T ∆Io 2. .Io Io (B.7) Multiplicando o numerador e o denominador de B.4 por Vo, temos: Vo 2 Lo = .T ∆Io 2. .Po Io (B.8) Por fim, fazendo T = 1/Fsw, temos: Lo = 166 Vo 2 ∆Io 2. .Po.FSW Io (B.9) APÊNDICE C – ESTIMATIVA DE MASSA DO CONVERSOR DCDC - SMART A Figura C.1 apresenta a topologia SMART: Figura C1 - Topologia smart. C.1 - Dimensionamento segundo Sullivan (1989b) e Lacore (1989) • Indutor de entrada (Li): 25.Vimin Fsw.Po (C.1) 5.10 5 MLi = (kg / kW ) Fsw.Vimin (C.2) 1 ) B Ci = B.Fsw.Vimin (C.3) (kg / kW ) onde : Kc = 0,3kg (C.4) Li = • Massa do indutor de entrada (MLi): • Capacitor de entrada (Ci): Po.(1 − • Massa do capacitor de entrada (MCi): MCi = Kc.Vi.( B − 1) Fsw.a 2 167 • Indutor de saída (Lo): 1 2 Vimin .1 − B (kg / kW ) MLo = ∆Io .Fsw.Po Io (C.5) • Massa do indutor de saída (MLo): 1 2.104.1 − B (kg / kW ) MLo = ∆Io .Fsw Io (C.6) • Massa do transformador (MT) 2.10 4 (kg / kW ) Fsw (C.7) EP = 9.B (kg / kW ) (C.8) MT = • Massa da eletrônica de potência (EP): • Massa total dos componentes (MC) 1 MC = Po. 9.B + .( LCT ) + 0,3 Fsw(kHz ) onde : LCT é a soma dos segu int es termos : 1 )].........................................correspondente a MLo B [0,278.Vimin .( B − 1)]...............................correspondente a MCi [200.(1 − [ (C.9) 500 ]..................................................correspondente a MLi Vimin [20]......................................................correspondente a MT • Massa da caixa (Mb): 2 Mb = 3,2.MC 3 168 (C.10) • Massa total do conversor (Mu): Mu = MC + Mb (C.11) C.2 Dimensionamento Segundo Capel (1998) • Indutor de entrada (Li): Li = V 1 (3.V 2 − VT ) ∆vi Ii . . . Po Fsw Vi ∆Ii (C.12) • Massa do indutor de entrada (MLi): Po 2 MLi = kl. 2 .Li Vi 0 , 75 (kg / W ), onde : kl = 2,5 kg / J 0, 75 (C.13) Po (V 1 − VT ) . Fsw Vi 2 .∆v (C.14) • Capacitor de entrada (Ci): Ci = • Massa do capacitor de entrada (MCi): MCi = kc.Ci.Vi. derf (kg / W ), onde : kc = 7,5 kg / Cb e derf é o " derating factor" (C.15) • Indutor de saída (Lo): Lo = • Massa do indutor de saída (MLo): 169 VT (V 2 − VT ) Io . . ∆Io Po Fsw (C.16) Po 2 MLo = kl. 2 .Lo Vi 0 , 75 (kg / W ), onde : kl = 2,5 kg / J 0, 75 (C.17) ∆Io Vo Po . . 2 8.Fsw.Vo Io ∆Vo (C.18) MCo = kc.Co.Vo. derf (kg / W ), onde : kc = 7,5 kg / Cb e derf é o " derating factor" (C.19) • Capacitor de saída (Co): Co = • Massa do capacitor de saída (MCo): • Massa do transformador (MT): 1,16 0 , 75 Po.(1 + η ) (kg / W ), MT = kT .56. Fsw.η onde : kT = 85.10 6 kg / m 3 (C.20) • Massa da eletrônica adicionada com a massa da estrutura (ME+MS): ME + MS = kE.Po (kg / W ), onde : kE = 3.10 −3 kg / W (C.21) (kg / W ) (C.22) • Massa total do conversor (Mu): Mu = MLi + MLo + MCi + MCo + MT + ME + MS 170 APÊNDICE D - CONCEITOS BÁSICOS D.1 Conversores DCDC A escolha de uma topologia de conversores DCDC, para uma determinada aplicação, é função de algumas características clássicas inerentes a cada estrutura de conversor. Podemos citar, como exemplo, as seguintes características principais: • estruturas que somente elevam o nível de tensão da entrada ou vice versa; • estruturas que tanto podem elevar como abaixar o nível de tensão da entrada; • estruturas que são bidirecionais em termos de fluxo de energia, podendo desta forma inverter eletricamente a saída com a entrada; • estruturas que isolam galvanicamente a linha de retorno da entrada com a da saída. Sendo assim, possuem necessariamente um transformador inserido no fluxo de potência; • estruturas que possuem a corrente de entrada chaveada, sendo desta forma conversores DCDC que emitem um nível de ruído maior para a fonte de energia da entrada. Estas estruturas exigem filtros na entrada; • estruturas que possuem níveis de ruído maior na saída; • estruturas nas quais os componentes eletrônicos chaveados são mais solicitados em termos de níveis de tensão reversa, níveis de corrente e dissipação térmica; • estruturas com uma função de transferência mais complexa por possuírem pólos no semiplano direito, sendo mais difíceis de compensar quando se trata de conversores DCDC realimentados, i.e., tensão de saída regulada. Por este motivo, a resposta dinâmica destes conversores é, normalmente, mais pobre. 171 O conversor DCDC normalmente é composto por um filtro de entrada, uma célula de potência responsável pela regulação da tensão de saída (no caso de conversores regulados/realimentados), uma célula de potência responsável pela conversão da tensão de entrada para a saída, e um filtro de saída. Normalmente a célula de potência responsável pela regulação se confunde com a célula de conversão. A título de exemplo, a topologia denominada SMART (Standard Multiple Application Regulator Topology) é apresentada na Figura D.1 Esta topologia claramente separa a Regulação da Conversão. Li Célula de conversão de Tensão Lo Ci Filtro de saída PWM Co CARGA Zc Filtro de Entrada Célula de Regulação Zo Figura D.1 - Conversor DCDC típico. Este conversor possui um filtro de entrada Li-Ci, uma célula de regulação/controle com duas malhas de realimentação (um malha interna de corrente controlada por uma malha mais externa de tensão), uma célula de conversão composta por um transformador chaveado em freqüência fixa e um filtro de saída Co. A interface entre a impedância do filtro de entrada Li-Ci e a impedância de entrada do circuito de potência com realimentação de tensão do conversor DCDC (veja Figura D.2) é muito importante para se garantir a estabilidade elétrica. 172 Li Lo Ci Filtro de Entrada PWM Zf Zi Modulo Regulação Figura D.2 - Casamento de impedâncias. A curva característica destas impedâncias pode ser vista na Figura D.3. Figura D.3 - Curvas de impedâncias típicas. Fonte: Adaptada de Middlebrook (1977). Para se garantir a estabilidade devemos sempre ter: Zi(f) > Zf(f) (MIDDLEBROOK, 1976, MIDDLEBROOK, 1978), no sentido de evitar oscilações devido ao acoplamento de Zi com Zf. A impedância Zf é definida pelo circuito Thevenin do filtro LC de entrada do conversor. Normalmente esta impedância é equivalente a um circuito RLC paralelo e o pico da impedância Zf ocorre na freqüência de ressonância do filtro. A impedância Zi, entretanto, já se constitui de termos mais complexos e está diretamente relacionada à largura de banda da malha de realimentação de tensão do conversor e também da 173 função de transferência da malha aberta. De uma forma geral, o valor de Zi pode ser definido como sendo (ERICKSON; MAKSIMOVIÉ, 2001): 1 1 1 1 T ( s) = + . . Zi ( s ) Z N ( s ) 1 + T ( s ) Z D ( s ) 1 + T ( s ) (D.1) Onde: • T(s) é a resposta em freqüência da malha de realimentação de tensão aberta, Veja Figura D.4; • ZN(s) é a carga da saída do conversor refletida na entrada pelo ciclo de trabalho. Para o conversor topologia BUCK temos que: ZN(s) = - RL/a2 (a é o ciclo de trabalho, a = tligado/T) e RL é a carga conectada à saída do conversor; • ZD(s) é a carga da saída do conversor (RL) refletida na entrada pelo função de transferência do conversor sem a realimentação de tensão. Figura D.4 - Definição de T(s). Assim sendo, observando a Equação D.1, para freqüências no interior da largura de banda da malha de realimentação do conversor, temos que o termo T(s) >>1 e neste caso, para o BUCK, Zi(s) = ZN = - RL/a2. Nesta condição, o conversor apresenta uma característica de impedância negativa de entrada que se traduz em um comportamento elétrico. A variação da tensão de entrada 174 corresponde a uma variação da corrente de entrada (através da modificação do ciclo de trabalho – a) de tal forma a manter a potência constante (Impedância de entrada negativa). Por outro lado, para freqüências além da largura de banda da malha de tensão do conversor, a realimentação não responde mais e o valor de T(s) << 1, fazendo com que o termo T(s)/(1+T(s)) seja pequeno e o termo 1/(T(s) +1) se aproxime de 1; como conseqüência, temos que Zi = ZD. A depressão na impedância Zi, mostrada na Figura D.3 se dá na freqüência de ressonância série do circuito elétrico equivalente associado ao filtro LC de saída do conversor. A Tabela D.1 apresenta os valores de ZN(s) e ZD(s) para algumas topologias de conversor. Tabela D.1 - Valores de ZN(s) e ZD(s). Fonte: Adaptada de Erickson; Maksimovié (2001). Um outro aspecto importante a observar nos conversões DCDC são os modos de falha que um conversor realimentado (tensão de saída regulada) pode 175 apresentar. Um deles, o qual pode danificar eletricamente o usuário, é a possibilidade de sobretensão na saída. A tensão de saída de todo conversor DCDC controlado por PWM é função do ciclo de trabalho (duty-cycle) definido como a. Entretanto, em condições nominais, o ciclo de trabalho normalmente se encontra em um valor intermediário de tal forma a poder regular a faixa de variação da tensão de entrada. Assim, temos que para toda e qualquer falha no controle que faça o duty-cycle elevar-se para um extremo, poderá provocar uma sobretensão permanente na tensão de saída. Este fato se agrava à medida que o conversor é projetado para uma variação grande da tensão de entrada. Se a tensão de entrada pode assumir valores muito baixos, isto implica que o duty-cycle nominal deve estar longe do extremo de tal forma a poder permitir a regulação quando a tensão de entrada for mínima. Sendo assim, em caso de falha, a sobretensão será maior, e será ainda pior se, no instante da falha, a tensão de entrada for máxima. Estes conversores, por este motivo, sempre devem ter proteção na linha de potência com a carga. A variação da tensão de entrada de um conversor afeta fortemente os parâmetros de eficiência, massa e volume devido ao impacto no dimencionamento dos filtros LC’s, transformador e o fator de utilização dos componentes eletrônicos (derating factor) no que se refere às variáveis correntes e tensão. A Figura D.5 apresenta um exemplo de conversor DCDC sem regulação. Modulo de conversão de Tensão Li Ci Filtro de saída Co Filtro de Entrada Figura D.5 - Conversor DCDC não regulado. 176 CARGA Neste tipo de conversor, tanto o filtro da entrada quanto da saída são extremamente leves. Os dois MOSFETS chaveiam com duty cycle de 50% cada um, fazendo com que as correntes da entrada e da saída sejam naturalmente quase que contínuas. Os filtros só atuam na banda das freqüências mais altas. D.2 Painel Solar Diversos são as formas de implementação do substrato. Abaixo, seguem alguns exemplos: • A própria estrutura do satélite: Neste caso a células solares são montadas diretamente no próprio corpo do satélite. Esta solução é normalmente utilizada em satélites científicos, pequenos e de baixa potência. Podemos citar como exemplo desta configuração, o satélite SCD1 (Satélite de Coleta de Dados 1) desenvolvido pelo INPE na década de 1980. Esta configuração permite uma grande economia de massa mas normalmente é muito ineficiente em termos de kW/m2. Veja ilustração na Figura D.6: Figura D.6 - Painel solar sobre a própria estrutura do satélite. Fonte: Mukund (2005). 177 • Painéis com 3 ou mais asas: Este tipo de painel tem aplicação similar ao anterior e deixa livre a superfície do corpo do satélite permitindo uma maior flexibilidade na sua instrumentação. A Figura D.7 ilustra esta configuração. Figura D.7 - Exemplo de painel solar com três asas. Fonte: Mukund (2005). • Painéis Flexíveis: Nestes painéis o substrato é formado por um cobertor de Kevlar no qual são alocadas as células solares. Eles proporcionam uma grande economia de massa e podem estar enrolados ou sanfonados na configuração de lançamento do satélite. Como grandes exemplos de utilização deste tipo de tecnologia podem ser citados o Telescópio Hubble e a Estação Espacial Internacional – ISS. Uma variante recente desta configuração utilizando nova tecnologia já foi desenvolvida e testada no espaço. Ela pode ser referenciada como painéis infláveis. É uma opção que proporciona uma grande economia de massa e ocupa pouco espaço quando posicionado na configuração de lançamento. Basicamente, uma vez lançado o satélite, o painel é inflado através de gás e em seguida enrijecido irreversivelmente nesta forma configurando uma rigidez estrutural permanente (MUKUND, 2005). 178 • Painéis Solares Rígidos: A grande maioria dos painéis solares utilizados pertence a esta categoria. São painéis formados por honeycomb de folhas de alumínio e cobertos por folhas de material de fibra-carbono na qual são alocadas as células solares. Nesta opção, os vários painéis são fixados uns aos outros através de mecanismos específicos para permitir a abertura e o travamento global da estrutura no espaço. O painel solar como um todo é fixado na estrutura do satélite através de um mecanismo normalmente nomeado como Yoke. Um exemplo deste tipo de painel é a série de satélites CBERS desenvolvidos pelo INPE/Brasil em parceria com a CAST/China. A Figura D.8 ilustra esta configuração. Figura D.8 - Exemplo de painel solar rígido. Fonte: Mukund (2005). D.3 Baterias Um parâmetro importante no trato das baterias é a profundidade de descarga (DOD – Deph of Discharge). Este parâmetro quantifica a relação entre a quantidade de carga retirada da bateria durante o tempo de descarga e a capacidade de carga total da bateria quando esta se encontra totalmente carregada: DOD (%) = ∆q/Q x 100 (∆q – carga retirada durante a descarga e Q - carga total da bateria carregada). De uma forma geral, o tempo de vida útil da bateria esta associado ao valor de DOD praticado o qual, por sua vez, está ligado ao projeto do balanço de potência do satélite e do tipo de órbita. Os satélites com órbita do tipo LEO, como já dito, possuem um alto número de ciclos de carga e descarga e, portanto, trabalham com um DOD típico da 179 ordem de 20% de forma a evitar degradação excessiva das baterias. Por outro lado, satélites com órbita GEO possuem poucos ciclos e, portanto, podem ser projetados de forma a trabalhar com DOD´s altos. A Figura E.9 ilustra a vida útil da bateria de NiCd em termos do número de ciclos de carga e descarga como função do DOD. Figura D.9 - Número de ciclos de vida típico da bateria de NiCd como função do DOD. Fonte: Linden; Reddy (2002). A eficiência das baterias é definida como sendo a relação entre a quantidade de carga retirada da bateria durante a descarga e a quantidade de carga que deve ser colocada na bateria durante o processo de carga envolvendo assim uma diferença de energia entre a carga e a descarga. A Tabela D.2 compara as principais características elétricas das células de NiCd, NiH2 e Li-Ion. 180 Tabela D.2 - Características típicas das células de NiCd, NiH2 e Li-Ion. Célula NiCd NiH2 Li-Ion Impactos Importantes no Sistema 30 80 185 Alívio de massa 33 12,5 5,4 Alívio de massa 100 60 400 Menor volume 72 70 98 Redução da potência de carga (painel solar) 8 10 3 0,5 5 0,3 Faixa de temperatura ( C) 0 a 40 -20 a 30 10 a 30 Compatibilidade com temperatura ambiente Efeito Memória sim sim não Ausência de recondicionamento Não existe pressão tensão Não Não sim Habilidade de paralelerismo elétrico 1,1 a 1,6 1,1 a 1,6 3,5 a 4,2 Menor número de células – menor espaço Característica Energia Específica (Wh/kg) Massa específica (g/Wh) Densidade de energia (Wh/L) Eficiência de Energia (%) Dissipação térmica (escala de 1 a 10) Auto-descarga (% por dia) 0 Monitoramento do estado de carga Modularidade Tensão operacional da Célula (V) Pequena dissipação (redução do tamanho dos radiadores e heat pipes) Livre de trickle charge, simplicidade na base de lançamento Existência de parâmetro observável indicativo do estado de carga Fonte: Modificada de Linden e Reddy (2002) e http://www.saftbatteries.com. É importante ressaltar que tanto a energia específica quanto a massa específica apresentadas na Tabela acima se referem unicamente à célula da bateria. Quando se considera a bateria como um todo, estes parâmetros assumem índices um pouco diferentes devido a presença de outros componentes como: estrutura da caixa de alumínio, cablagem, conectores e etc. Sendo assim, a massa específica, por exemplo, assume aproximadamente os valores de 40g/W, 20g/W e <10g/W para baterias de NiCd, NiH2 e Li-Ion respectivamente (MUKUND, 2005). A Figura D.10 apresenta a curva característica típica de tensão para a célula de NiCd durante o período de carga e de descarga. Nesta figura, a tensão da célula é apresentada em várias curvas parametrizadas em função da taxa de carga e descarga identificadas com uma fração da capacidade da célula (Amper.hora) identificada genericamente pela letra C. 181 Figura D.10 - Curva típica de carga e descarga da célula de NiCd (250C). Fonte: Linden e Reddy (2002). A curva típica de tensão de carga e descarga para a célula de NiH2 é apresentada pela Figura D.11. 182 Figura D.11 - Curva típica de carga e descarga da célula de NiH2. Fonte: Mukund (2005). A curva típica de tensão de carga e descarga para a céllula de Li-Ion é apresentada pela Figura D.12. Figura D.12 - Curva típica de carga e descarga da célula de Li- Íon. Fonte: Smart et al (2001). 183 D.4 SHUNT A Figura D.13 mostra um SHUNT PWM do tipo S3R com três canais. Barramento C1 Canal 1 Canal do Shunt - 1 C2 Canal 2 Canal do Shunt - 2 C3 Canal 3 Canal do Shunt - 3 Figura D.13 - Associação elétrica de canais do SHUNT. Os sinais de controle: C1, C2 e C3, são gerados a partir da comparação do sinal proveniente do amplificador de erro do Barramento Regulado com as referências seqüenciais, específicas para cada canal, adicionadas da onda dente de serra para gerar a função de PWM. Veja a Figura D.14: 184 Barramento Ref 1 + Volts Compensador ProporcionalIntegral C1 PWM Ref 2 + Tensão de erro Amplificador de erro C2 PWM Tensão de erro Ondas dente de serra seqüêncialmente dispostas pelas referências Ref 1 Ref 2 Ref 3 Tempo Ref 3 + C3 PWM Figura D.14 - Controle de canais de SHUNT com PWM. Esta topologia de SHUNT foi desenvolvida pela ESA durante a década de 70 (SULLIVAN; WEINBERG, 1977) e é identificada como S3R (Sequential Switching SHUNT Regulator). Uma variante desta topologia foi desenvolvida pela ESA na década de 90, sendo aplicável, opcionalmente, em satélites nos quais a tensão da bateria é sempre menor que a tensão do barramento. Desta forma, quando a chave MOSFET está ligada, a corrente do canal do painel solar é redirecionada para a recarga das baterias ao invés de ser drenada para o retorno. Esta topologia foi denominada pela ESA de S4R (Serial Seqüential Switching SHUNT Regulator) e são modelados, em termos de controle da tensão do barramento, da mesma forma que a topologia S3R. Veja a Figura D.15 (CAPEL; PEROL, 2001). 185 Figura D.15 - Configuração básica do canal do SHUNT S4R. D.5 Topologias de PSS • Seguidor de Potência Máxima - MPPT Esta Topologia surgiu em paralelo com os primeiros desenvolvimentos de satélites da década de 60 (CAPEL, 1998). Ela consiste em, sempre que necessário, forçar o painel solar a operar eletricamente no ponto de potência máxima da sua curva característica através de malhas de realimentação com sensores posicionados em pontos estratégicos. Esta topologia é indicada para missões onde a intensidade luminosa solar varia drasticamente ou em missões LEO onde o tempo de carga das baterias é muito pequeno e a corrente de recarga necessária é muito elevada. Existem diversas maneiras de implementar esta topologia, entretanto a mais sofisticada e precisa é através de um controle realimentado atuando em um Regulador série o qual está posicionado eletricamente entre a bateria e o painel solar. O controle consiste em amostrar os valores instantâneos de tensão – Vps(t) e de corrente Ips(t) do painel solar, armazenando em uma 186 memória o valor de potência Pps(t) = Vps(t) x Ips(t). Após um período “T” estes valores são novamente amostrados e o novo valor – Pps(t+T) é comparado com o valor de Pps(t). Se a comparação for tal que: Pps(t+T) – Pps(t) > 0, então a malha de controle incrementa a tensão de realimentação do regulador de tal forma a forçar o painel solar a trabalhar a um passo de tensão acima do valor anterior. O Processo se repete continuamente até que a desigualdade colocada acima inverte o sinal. Neste momento, entende-se que o ponto de máxima potência foi ultrapassado em um passo. A malha de controle neste momento decrementa a tensão de realimentação do regulador de tal forma que nos passos seguintes o sistema irá ficar oscilando em torno do ponto de potência máxima do painel em mais ou menos um passo de tensão (MAGALHÃES, 2005). A PCU, neste caso, está eletricamente ligada ao painel solar, à PDU e à bateria juntamente com o seu gerenciamento de carga. O regulador série, do tipo PWM, atua como carregador de bateria e como fonte de potência para os usuários. Este regulador opera através da malha que detecta a potência máxima sempre que a corrente da bateria for inferior ao valor máximo definido pelo projeto. Quando o valor máximo é atingido, o sistema detector de potência máxima é desabilitado e o regulador funciona como um simples conversor DCDC com tensão do painel solar na entrada e tensão da bateria na saída mantendo e controlando a corrente de carga no seu valor máximo. Quando a tensão de fim de carga é atingida, a malha de tensão afeta o valor de tensão de controle do regulador de tal forma a diminuir a corrente de carga da bateria ao mesmo tempo em que mantém os usuários do barramento de potência eletricamente alimentados e com uma tensão constante e igual ao valor da tensão de fim de carga da bateria. Resumidamente, a principal característica desta topologia é a distribuição de uma tensão de barramento, comum a todos os usuários, que acompanha a tensão da bateria e impõe que a energia disponível no painel solar seja 187 totalmente utilizada sempre que necessário. É uma topologia de barramento essencialmente não regulado. É ainda importante ressaltar que a confiabilidade e a eficiência do equipamento MPPT deve ser a melhor possível já que toda a potência necessária ao satélite é condicionada por ele. Veja a Figura D.16. Figura D.16 - Diagrama de blocos da Topologia do Sistema Seguidor de Potência Máxima – MPPT. Fonte: Adaptada de Capel (1998). • Barramento de Potência com Tensão Não Regulada Neste tipo de barramento a Unidade de Condicionamento de Potência (Power Conditioning Unit - PCU) é extremamente simples podendo conter: um diodo (podendo ter redundância série), uma chave de potência e um controle de fim de carga. A Figura D.17 ilustra esta topologia. 188 Barramento Chave de Potência Diodo de Potência Painel Solar Controle de fim de carga bateria Figura D.17 - Barramento não regulado Tipo 1. Fonte: Adaptada de Sullivan (1994). Alternativamente, um equipamento SHUNT pode ser utilizado de maneira a melhorar o controle deste sistema. Com a inclusão do SHUNT, pode-se controlar a tensão de fim de carga assim como a corrente de carga bateria. O funcionamento do sistema se torna parecido com aquele utilizando a função MPPT, porém ele não detecta em nenhum instante o ponto de máxima potência do painel solar, fazendo com que o painel solar opere sempre condicionado à tensão da bateria tanto no início de vida como no final de vida da missão. A Figura D.18 ilustra esta topologia. Figura D.18 - Barramento Não Regulado Tipo 2. Fonte: Adaptada de Capel (1998). 189 Na topologia Tipo 1, a chave de potência, através do controle de fim de carga, se abre sempre que a bateria atinge a tensão de fim de carga. A partir deste instante a tensão do barramento perde totalmente o controle podendo variar entre o valor de tensão mínima da bateria (através do diodo) e a tensão de circuito aberto do painel solar (Voc – open circuit voltage) dependendo da condição de carga. A Figura D.19 ilustra a faixa de variação da tensão do barramento para este sistema. O diodo de potência permite um automático e imediato fornecimento de potência por parte da bateria sempre que a demanda de potência das cargas excederem a capacidade do painel solar. Na topologia Tipo 2, ao sair do período noturno o SHUNT controla a carga da bateria a partir da amostragem de sinais de temperatura, corrente e tensão. Durante todo o período iluminado. Quando a carga da bateria terminar, o SHUNT irá manter a tensão do barramento regulada e no valor igual àquele do fim de carga. No caso de picos de carga nos quais a corrente necessária à carga exceda a capacidade do painel solar, a bateria irá complementar a potência necessária à carga. A variação da tensão do barramento é mostrada pela Figura D.21. Em ambos os casos, topologias Tipo 1 e 2, a tensão de fim de carga da bateria pode ser ajustada, podendo assumir diversos valores definidos por telecomando de acordo com o estado de envelhecimento das baterias e/ou falhas em curto de células. Resumidamente, a principal característica desta topologia é a distribuição de uma tensão de barramento, comum a todos os usuários, que acompanha a tensão da bateria durante os períodos de sombra da órbita ou pode variar dentro de uma faixa muito larga. 190 Figura D.19 - Faixa da variação da tensão do barramento não regulado Tipo 1. • Barramento Regulado apenas Durante o Iluminamento Solar Neste tipo de barramento a Unidade de Condicionamento de Potência (Power Conditioning Unit - PCU) é composta por um SHUNT não dissipativo, um diodo de potência (podendo ter redundância série), uma chave de potência e um controlador de fim de carga da bateria. A Figura D.20 ilustra a topologia. Painel Solar S H U N T Barramento Chave de Potência Diodo de Potência Regulador bateria Controle Figura D.20 - Barramento regulado durante o Iluminamento Solar. Fonte: Adaptada de Sullivan (1994). 191 Durante os períodos iluminados da órbita, o SHUNT controla a tensão do barramento via um amplificador de erro. Durante os períodos de sombra a tensão do barramento acompanha a tensão da bateria durante a descarga via o diodo de potência. A Figura D.21 ilustra a variação de tensão. A carga da bateria é feita por uma fração dedicada do painel solar. Quando a bateria atinge o seu final de carga um controle aciona e abre a chave de potência interrompendo a atividade de carga. Esta decisão é feita a partir da leitura de sinais de tensão e temperatura da bateria. Resumidamente, esta topologia fornece um Barramento Regulado durante os períodos iluminados do satélite através do SHUNT, exceto quando picos de carga ultrapassam a potência disponibilizada pelo painel solar exigindo que a bateria e o seu painel solar dedicado, complementem o déficit de energia via o diodo de potência. A participação da bateria e seu painel solar como complemento de potência para o painel solar do SHUNT impõem um transiente de tensão no barramento igual à tensão do diodo adicionada pela queda de tensão da bateria. Durante o período de sombra, o barramento é não regulado uma vez que a tensão acompanha a descarga da bateria via o diodo. 192 Figura D.21 - Variação da tensão: 1) barramento de potência regulado durante o Iluminamento Solar e, 2) do barramento não regulado Tipo 2. • Barramento de Potência Regulado Esta topologia difere das duas anteriores na medida em que: a) as fontes de energia (painel solar e bateria) estão isoladas eletricamente uma da outra através de reguladores alocados no interior da PCU e b) um barramento com tensão regulada é disponibilizado para todos os usuários. A PCU é composta por três diferentes tipos de reguladores. O regulador SHUNT, que é não dissipativo (S3R ou S4R) e tem a função de controlar a energia do painel solar. Ele força o painel a operar em uma tensão constante e irradia para o espaço a energia em excesso em qualquer instante de operação. O regulador BCR, via controle PWM, gerencia a corrente de carga da bateria de tal forma a reduzi-la a zero quando a bateria estiver carregada. Ainda mais, o BCR amostra sinais da bateria de tal modo a definir precisamente o instante do final de carga. O regulador BDR fornece energia para o Barramento Regulado com seus usuários, via tensão constante, nos períodos de eclipse do satélite. Durante os períodos iluminados e durante picos de carga no barramento nos quais a potência exceder a capacidade de energia fornecida pelo painel solar via SHUNT, o BDR poderá suprir a energia faltante, garantindo o nível de energia elétrica suficiente pra manter a regulação da tensão do barramento. 193 Devido ao alto nível de potência transferida via PDU para os usuários ou do painel solar para a bateria, estes reguladores são projetados para que sejam de alta eficiência e, portanto, idealmente não dissipativos. Sendo assim, o BCR e o BDR utilizam, na sua grande maioria, topologias com chaveamento em alta freqüência (normalmente com controle do tipo PWM) e são na sua essência conversores DCDC. Entretanto, o controle do SHUNT pode ser do tipo PWM ou por Histerese. Vale salientar que, embora não dissipativos, devido à característica não ideal destes reguladores, sempre existirá uma fração de dissipação de potência a qual será mensurável pela eficiência de conversão. Este fato impõe um projeto da PCU que deverá estar sempre associado a uma avaliação térmica. A principal característica desta topologia é a de distribuir aos usuários um barramento com tensão altamente regulada com excelente perfil de EMI/EMC (Electromagnetic Interference/Eletromagnetic Compatibility) e pela ausência de transientes de tensão significativos. O desempenho de regulação e excelente resposta dinâmica são atingidos controlando os três reguladores (SHUNT, BCR e BDR) via um sistema de controle de realimentação centralizado utilizando uma única tensão de referência associada ao amplificador de erro da tensão do barramento. O sinal de erro amplificado é distribuído para os três reguladores os quais são ativados seqüencialmente através de referências específicas geradas para cada uma das três funções. Este método de controle define o princípio dos três domínios de operação. A conseqüência deste sistema de controle é que somente um e apenas um dos reguladores estará funcionando em um determinado instante como o responsável pelo controle da tensão do barramento. Dentro deste conceito, acrescenta-se que cada um destes domínios se comporta como uma fonte de corrente controlada (condutâncias) a partir de malhas internas de realimentação de corrente interna. Com este tipo de controle obtém-se uma caracterização da impedância de saída e resposta dinâmica do barramento muito bem definida e controlada por projeto. A Figura D.22 ilustra esta topologia. 194 Usuários PDU BDR BCR BDR BCR BDR Amplificador de erro BCR Shunt SHUNT Painel Solar Bateria 2 Bateria 1 referência Definição dos três domínios de operação Figura D.22 - Barramento de potência regulado. Fonte: Adaptada de Sullivan (1994) e Capel (1998). • Barramento de Potência Híbrido Essa topologia é uma variante daquela descrita no parágrafo anterior e é precisamente a adotada pelo programa CBERS. Ela foi desenvolvida pela ESA no intuíto de suprir as necessidades de missões voltadas a órbitas do tipo LEO. O Barramento de Potência Híbrido difere essencialmente do Barramento de Potência Regulado no aspecto de que o regulador BCR é substituído por um painel solar dedicado e um carregador não dissipativo e bastante simples específico para a carga da bateria. Este carregador é acionado pelo controlador de fim de carga da bateria, o qual amostra sinais da bateria para elaborar esta função. Esta topologia admite que um Barramento Não Regulado seja derivado diretamente da bateria permitindo a alimentação daquelas cargas menos nobres (cargas pulsadas do tipo pyro e controle térmico) que não precisam da sofisticação da tensão regulada. Desta forma, com a ausência do domínio de controle - BCR, a malha de controle da tensão do Barramento Regulado possui um amplificador de erro assim como no caso anterior, mas, neste caso, o sinal de erro amplificado é distribuído para somente dois reguladores (SHUNT e 195 BDR) os quais são ativados seqüencialmente através de referências específicas geradas para cada um. Este método de controle define o princípio dos dois domínios de operação. A idéia deste sistema de controle é que somente um e apenas um dos dois reguladores (condutâncias controláveis) é responsável pelo controle da tensão do barramento em um determinado instante. Como no caso anterior, também se consegue uma caracterização da impedância de saída e resposta dinâmica do barramento muito bem definida e controlada por projeto. A Figura D.23 ilustra esta topologia. Usuários Barramento Regulado PDU Shunt Painel Solar BDR Amplificador de erro BDR BDR SHUNT referência Definição dos dois domínios de operação Controlador de carga das baterias Painel Solar Bateria 1 Barramento não regulado Somente para cargas pulsadas (Pyro, controle térmico, etc..) Bateria 2 Figura D.23 - Barramento de potência híbrido. Fonte: Adaptada de Sullivan (1994) e Capel (1998). • Topologias Emergentes As topologias clássicas de potência para satélites foram tratadas suscintamente acima. Entretanto, atualmente a fusão de topologias vem ganhando espaço. Podemos citar como exemplo a recente solução para o satélite GAIA da ESA com a missão de estudar e mapear nossa galáxia 196 (CROCI et al, 2008). O sistema de potência deste satélite adota um Barramento Regulado de 28V com potência de 1600W (período iluminado) e 825W (durante a sombra). O subsistema adota três domínios de operação; entretanto, o SHUNT é substituído por um circuito de MPPT. A topologia de Barramento Regulado é feita pela PCDU (Power Control and Distribution Unit) através do BDR, BCR e MPPT, usando o conceito com três domínios de operação e controle. 197 198 APÊNDICE E - EXEMPLOS DE EVOLUÇÃO TECNOLOGICA Como exemplos da evolução tecnológica podemos, simplificadamente, enumerar os seguintes pontos: • Baterias do tipo NiCd e NiH2 sendo substituídas por baterias de Li-Ion com proteções internas melhorando a habilidade de um direto paralelismo elétrico entre células/baterias as quais, além disto, exibem uma espantosa melhoria da densidade de energia (DEFER, 2008) resultando em um aumento superior a quatro vezes a energia específica (Wh/kg) das de NiCd (~ duas vezes mais que NiH2), com a conseqüente e imediata redução de massa. Borthomieu, Prévot e Blensah (2008) já propõem a próxima geração de baterias baseadas em Lithium com uma densidade de energia de 250 Wh/kg (4g/W), significando dez vezes a energia específica das baterias de NiCd; • transistores MOSFETs do tipo P e N mais eficientes (menor resistência entre Dreno e Source - Rds on) e mais rápidos, permitindo a diminuição das perdas por efeito Joule, e, ainda, o aumento da freqüência de chaveamento e conseqüentemente a compactação; • capacitores com melhor desempenho elétrico (freqüência de ressonâcia maior e característica elétrica do tipo self-healing) e maior capacitância específica (farads/grama); • núcleos de Ferrite melhores e mais eficientes possibilitando a utilização de freqüências de chaveamento maiores com a direta implicação da redução de volume e massa dos componentes magnéticos associados a circuitos de potência dos conversores DCDC, BDR´s e BCR´s (indutores e transformadores); • utilização de layouts utilizando componentes superficiais (Surface Mounting Device - SMD) e placas de circuito impresso multi-camadas possibilitando uma compactação extrema dos circuitos embarcados e conseqüente redução de massa e volume; 199 • células fotovoltaicas de silício com ~13% de eficiência elétrica as quais estão paulatinamente sendo substituídas por células de Arseneto de Gálio de tripla junção com mais que o dobro da eficiência elétrica (superior a 27,5%), possibilitando uma melhoria da potência específica dos painéis solares (watts/kg). Já existem estudos de desenvolvimentos prometendo para 2012, células solares com 33% de eficiência, 3,5 Vmp e quatro junções, incluindo uma célula de GaInNAs entre as junções (KÖSTLER et al, 2008 e STROBI et al, 2006); • topologias de circuitos mais inteligentes tratando mais eficazmente o fluxo de potência (JENSEN, 2008; CAPEL et al, 1988 e MASSETI et al, 2005); • técnicas de engenharia mais poderosas como a da Condutância Controlada através de malha de realimentação de corrente interna à malha principal de realimentação da tensão do Barramento Regulado trazendo grandes vantagens de performance elétrica e viabilizando diversas facilidades para a solução de problemas técnicos (SULLIVAN et al, 1988; SULLIVAN; CRAUSAZ, 1989; POLIVKA ;CHETTY; MIDDLEBROOK, 1980; WEINBERG; LOPEZ, 1998; JENSEN; LAURSEN, 2002; LEMPEREUR et al, 2008); • técnicas de análises de circuitos mais eficazes como softwares aplicativos e ferramentas matemáticas para modelagem de circuitos chaveados como o State Space Averaging (MIDDELBROOK; CUK, 1977), alicerçando melhores condições de controle das variáveis elétricas, essencialmente tensões e correntes; • miniaturização de conversores DCDC com o respectivo aumento da freqüência de chaveamento permitindo uma grande redução de massa e volume. 200 APÊNDICE F - ENGENHARIA DO PSS A inserção das técnicas de State Space Averaging Method e Conductance Control Method na área da eletrônica de potência afetaram profundamente as técnicas voltadas para o desenvolvimento de sistemas de suprimento de energia para satélites. Nos anos 70, a ESA (European Space Agency) introduziu a topologia de SHUNT denominada “S3R” (Sequential SHUNT Switching Regularor) com alta eficiência, simplicidade, confiabilidade, baixa EMI/EMC e alta potência específica (W/kg) (SULLIVAN; WEINBERG, 1977). O advento destes métodos e a necessidade crescente de potência no espaço fizeram com que a ESA fizesse um extenso estudo de concepção e de trade-off dentro do universo de topologias de PSS nas décadas de 70, 80 e 90 (CAPEL; SULLIVAN, 1985; CAPEL et al, 1988; SULLIVAN, 1989a; SULLIVAN, 1989b; LACORE, 1989 e SULLIVAN, 1994). Durante a década de 90 a ESA desenvolveu uma variante do SHUNT S3R denominada de S4R (Serial Sequential SHUNT Switching Regularor) dedicada a sistemas nos quais a tensão da bateria é inferior a tensão do barramento (CAPEL; PEROL, 2001; TONICELLO; JENSEN, 2008; JENSEN, 2008). Fica bastante claro que o aparecimento destas técnicas permitiu o surgimento de novas topologias e uma extraordinária melhoria no desempenho elétrico do Barramento Regulado. O advento da capacidade de modelagem (state space averaging method) e o controle utilizando o conceito da condutância forçaram em muito o uso de Barramentos Regulados tanto em órbitas GEO quanto LEO e ainda permitiram uma evolução enorme em áreas importantes como, por exemplo: a eficiência no trato do fluxo da potência elétrica, maior potência específica, modularidade, confiabilidade e padronização. Tanto isto é verdade que, se consultarmos a norma da ESA - ECSS-E-ST-20C, poderemos verificar que tensões e impedâncias de saída, em barramentos regulados, foram padronizadas como função da capacidade de potência. 201 Assim sendo, BDR’s e BCR’s, de uma forma geral, foram realimentados em corrente e juntamente com o SHUNT em uma modelagem simples se tornaram fontes de corrente (condutâncias) controladas seqüencialmente pela malha de tensão de controle do barramento. Estes três componentes (SHUNT, BCR e BDR) controlados através de uma tensão de controle (Vc) por um único amplificador de erro redundante, formam a estrutura de controle, voltada para satélites GEO, denominada pela ESA de barramento controlado em três domínios, (SHUNT, BDR e BCR) operando seqüencialmente (HUMLER et al, 1993; VAN DIJK et al, 1997; KNORR, 1998; OLSON,1998; BOUHURS; ASPLANATO, 1998; ANNONI et al, 1998; CASTIAUX, 1995; CASTIAUX et al, 1998; GARRIGÓS et al, 2006). O aparecimento do programa CBERS exatamente nesta época (final dos anos 80) fez com que a arquitetura do seu PSS fosse fortemente influenciada por estes conceitos e tendências da época, tendo como conseqüência, até hoje nos CBERS 3 & 4, uma topologia de Barramento Regulado denominada pela ESA de Hybrid Regulated Power Bus, indicada para satélites com órbitas do tipo LEO (CAPEL, 1998). Esta topologia faz uso do controle em dois domínios de condutância (condutâncias: SHUNT e BDR) imersas em uma malha de tensão. Veja que nesta topologia dedicada a satélites LEO, o BCR, diferentemente dos sistemas GEO, não faz parte dos domínios de controle da tensão do barramento, por razão já mencionada anteriormente (LECOINTE et al, 1998). Capel e Defoug (1999) utilizaram o software denominado PowerCap em um trade-off para a escolha da topologia de um PSS para o projeto denominado Skybridge Constellation Mission. Este estudo teve como resultado final a topologia Hybrid Regulated Power Bus quando, levando em conta os aspectos de estado da arte, custo, órbita LEO e rapidez de desenvolvimento por parte da Indústria. Este mesmo software, em sua versão atualizada, foi utilizado por Zimmermann et al (2008) em um novo estudo de escolha de topologias. 202 No início dos anos 2000, a SAFT qualificou várias células de bateria de Li-Ion (BORTHOMIEU et al, 2008). Nesta mesma época começaram a aparecer as primeiras células solares de Arseneto de Gálio com alta eficiência. 203 204 APÊNDICE G - MODELAGEM MATEMÁTICA G.1 Impedância de Saída Zo(s) Para a determinação da impedância de saída do Barramento Regulado, adotaremos o modelo de uma fonte realimentada em tensão conforme a Figura G.1: Figura G.1 - Modelo para determinação da impedância de saída. A linha da tensão de saída representa o Barramento Regulado, o bloco G representa a condutância (SHUNT ou BDR) no caso da Topologia Híbrida, o bloco A representa o amplificador de erro, o bloco K representa o fator de realimentação, e o último bloco representa o banco de capacitores de saída do barramento (Co), inerente a toda fonte de tensão. Vamos considerar, por um instante, que a tensão de saída seja estimulada por uma carga que seja variante no tempo. A Figura G.2 ilustra a situação. 205 Figura G.2 - Malha de tensão estimulada por carga variante no tempo. Podemos então escrever a seguinte equação de Kirchhoff para as correntes na saída: io(t ) = i (t ) + ic (t ) (G.1) ∂Vo(t ) ∂t (G.2) io(t ) = i (t ) + Co. Aplicando a Transformada de Laplace à Equação G.2 acima temos: Io( s ) = I ( s ) + s.Co.Vo( s ) (G.3) Entretanto, pelo ganho da malha aberta de tensão, podemos escrever: I ( s) = Vo( s).K . A.G (G.4) Substituindo a Equação G.4 na Equação G.3 temos: Io( s) = Vo( s).K . A.G + s.Co.Vo( s) (G.5) Io( s ) = Vo( s ).[K . A.G + s.Co ] (G.6) Io( s ) = K . A.G + s.Co Vo( s ) (G.7) 206 Sendo Zo(s) a impedância de saída, temos por definição que: Zo( s) = Vo( s ) Io( s ) (G.8) Substituindo Equação G.7 na Equação G.8, temos: Zo( s ) = 1 (K . A.G + s.Co ) 1 1 Zo( s ) = . K . A.G 1 + s.Co K . A.G (G.9) (G.10) Fazendo: Ro = 1 K . A.G (G.11) Temos: Zo( s ) = Ro. 1 s.Co . 1 + K . A.G (G.12) É bastante claro, que Zo(s) possui um pólo na freqüência: fp = K.A.G/2.π.Co. Entretanto, devido à necessidade de se ter uma alta regulação da tensão (Vo) do barramento, normalmente em torno de 1% de Vo, faz-se necessário que se inclua um integrador no amplificador de erro – MEA (compensador), de tal forma que idealmente seja alcançado erro nulo na tensão de saída, em um regime de carga estático, já que o sistema é de primeira ordem. Sendo assim, temos: 207 z+s A( s ) = A. s (G.13) Veja que, simultaneamente ao integrador, foi acrescentado também um zero na freqüência fz = z/2.π (Wz = z) de tal forma a anular a contribuição de fase do integrador na freqüência mais alta da largura de banda da malha da tensão. Substituindo a Equação G.13 na Equação G.12 e lembrando da Equação G.11, temos: s 1 . Zo( s) = Ro. . z + s) 1 + s Co . s K . A.G z + s (G.14) s 1 Zo( s) = Ro. . ( z + s ) s s 1+ . WBWv z + s (G.15) ou: Fazendo com que: z K . A.G << 2.π 2.π .Co (G.16) z << FBWv 2.π (G.17) K . A.G Co (G.18) temos: ou: z << portanto: 208 z << WBWv (G.19) Então, a contribuição de fase do compensador na fase de FBWv (ou WBWv) é minimizada e podemos analisar a amplitude de Zo(s) em cinco condições no domínio da freqüência: 1) (G.20) s = Ro ⋅ z+s (G.21) [Zo( s)]Z ≤ S ≤ K . A.G / Co = Ro (G.22) [Zo( s)]0≤S ≤Z 2) 3) 4) Lim s →0 Zo( s ) = 0 [Zo( s)]S ≥ K . A.G / Co = 5) Ro Co 1 + s K . A.G Lim s →∞ Zo( s ) = 0 (G.23) (G.24) Sendo assim, um gráfico de Bode para a Equação G.15, corresponde qualitativamente àquele já apresentado anteriormente na Figura 2.3, o qual corresponde à norma da ESA – ECSS-E-ST-20C. Vale observar que a dedução da expressão para a impedância de saída só é possível quando no modelo do sistema realimentado existe G como uma condutância, permitindo que I(s) possa ser expresso como uma função de Vo(s) e mostrado pela Equação G.4. Iremos nomear Ro como sendo a resistência de saída do barramento. Este termo quantifica o máximo valor que o módulo de Zo(s) pode assumir, ou seja, o máximo valor da impedância de saída. 209 G.2 Tempo de Recuperação da Tensão do Barramento em Situações de Transitório de Carga Devido à existência da impedância de saída, a tensão do barramento ao ser submetida a um transitório de carga sofrerá um desvio em torno do valor nominal. Entretanto, por ser um sistema de primeira ordem, devido à ação do integrador inserido no compensador, este desvio poderá ser anulado após um certo tempo seguindo uma curva exponencial. A constante de tempo deste comportamento exponencial irá definir o tempo de recuperação. O tempo para que aconteça a recuperação total da tensão será em torno de quatro vezes a constante de tempo do integrador. Neste instante teremos um erro residual de aproximadamente 1,8%. Retomando a Equação G.15 da impedância de saída do barramento, temos: 1 s Zo( s ) = Ro. . z + s s s . 1+ WBWv z + s (G.25) Rearranjando esta equação, temos: Zo( s ) = Ro.WBWv . s s + WBWv .s + z.WBWv ( 2 ) (G.26) Fatorando o termo de segunda ordem do denominador, temos: Zo( s ) = Ro.WBWv . s (s − a )(. s − b ) Onde: 210 (G.27) 4. z W a = BWv .− 1 + 1 − W 2 BWv 4.z W b = BWv .− 1 − 1 − W 2 BWv 0,5 0,5 (G.28) (G.29) Observa-se que se WBWv > 4.z teremos uma impedância de saída sem termos imaginários e ela se comporta como um resistor. Considerando z << WBWv, podemos fazer com que WBWv seja igual a dez vezes a freqüência do zero (z). Desta forma, podemos simplificar as expressões anteriores e definir uma expressão para Zo(s): a = −0,11.WBWv (G.30) b = −0,89.WBWv (G.31) Assim: Zo( s ) = Ro.WBWv.. s (s + 0,11.WBWv )(. s + 0,89.WBWv ) (G.32) Considerando a expressão acima para a impedância e supondo que seja aplicado um transitório de carga no Barramento Regulado com a forma de um degrau unitário podemos equacionar o distúrbio de tensão no barramento (∆V(s)). Desta forma temos: ∆I (t ) = 1 (G.33) 1 s (G.34) ∆I ( s ) = Sendo: Zo( s ) = 211 ∆V ( s ) ∆I ( s ) (G.35) Então: 1 ∆V ( s ) = .Zo( s) s (G.36) 1 s ∆V ( s ) = . Ro.WBWV . (s + 0,11.W BWV )(. s + 0,89.WBWV ) s (G.37) 1 (s + 0,11.W BWv )(. s + 0,89.WBWv ) (G.38) 1 1 ∆V ( s ) = .WBWv . (s + 0,11.W BWv )(. s + 0,89.WBWv ) K . A.G (G.39) Ou, usando a G.32: ∆V ( s ) = Ro.WBWv . Ou: Aplicando a Transformada Inversa de Laplace, temos: ( Ro − (0,89.WBWV .t ) − (0,11.W BWV .t ) ∆V (t ) = −e . e 0,78 ) (G.40) Como se pode observar, o distúrbio de tensão obedece a uma equação formada pela diferença de duas curvas exponenciais cujas constantes de tempo estão em uma razão de ~8. Uma delas é igual a ~ 0,11WBWv e a outra é igual a ~ 0,9WBWv. Como se pode ver, estas constantes de tempo estão relacionadas à freqüência do zero (z) do compensador e à freqüência da largura de banda (WBWv) respectivamente já que estes foram determinados por escolha tendo uma razão de dez entre eles. A Figura G.3 representa as três curvas. 212 Figura G.3 - As três curvas exponenciais da impedância. Como se pode ver claramente, o tempo de recuperação pode ser associado à curva exponencial mais lenta, a qual está relacionada ao zero do compensador (Z). Assim sendo, o tempo de recuperação Tr pode ser determinado por: Tr ≅ 4. 1 0,11.WBWv (G.41) 36 WBWv (G.42) 3,6 z (G.43) Tr ≅ Tr = 213 Nota-se ainda que o valor máximo do distúrbio de tensão corresponde a uma impedância de saída da ordem de 85% de Ro, ou seja: ~ 0,85.Ro. Este valor pode ser determinado também fazendo a derivada primeira da equação de V(t) igual à zero, determinando o tempo e substituindo na equação original. Se considerarmos, como anteriormente, a freqüência z tendendo a zero, o tempo de recuperação cresceria indefinidamente. G.3 Ponto singular de Instabilidade dos Canais do Shunt Embora o controle do SHUNT S3R possa ser feito via PWM ou por histerese, este trabalho irá abordar o controle norteado pela solução empregada no programa CBERS, ou seja, via PWM. Assim sendo, se o controle de cada canal do SHUNT for feito via PWM, então a topologia S3R impõe uma condição necessária para a estabilidade da malha de realimentação de tensão. Para explorar esta condição de estabilidade, vamos nos ater à Figura G.4, na qual é ilustrado um canal do SHUNT em funcionamento. 214 Figura G.4 - Funcionamento do canal do SHUNT. Como se pode ver, o sinal de controle (Vc) é comparado com a onda dente de serra do canal do PWM (amplitude Vs e freqüência Fsw) gerando um trem de pulsos de controle o qual é aplicado ao gate do MOSFET. Desta forma, um trem de pulsos de corrente é gerado na saída com amplitude ICSH e freqüência FSW. Durante o tempo em que o MOSFET está ligado, a corrente do painel é drenada para o retorno e Co se descarrega sobre a carga com corrente io, caso contrário, a corrente do painel irá alimentar a carga RL com corrente io e também irá recarregar a capacitância Co, gerando uma ondulação triangular de tensão no barramento (∆Vo). Esta ondulação de tensão do barramento será amplificada pelo ganho K.A gerando uma ondulação de tensão no sinal de controle (∆Vc), a qual será comparada com a onda dente de serra de amplitude Vs do PWM. A condição de estabilidade é que a inclinação de ∆Vc seja sempre menor que a inclinação da rampa de Vs de tal forma a permitir uma comparação entre os dois sinais muito bem definida, caso contrário a comparação se torna indeterminada. A Figura G.5 ilustra as formas de onda, destacando as inclinações b1 e b2. Para a estabilidade b1 deve ser maior que b2, incondicionalmente. 215 Figura G.5 - Comparação entre as rampas de ∆Vc e VS. Assim sendo, podemos equacionar a condição de estabilidade como se segue. O período da forma de onda é: T= 1 FSW (G.44) O tempo ligado (TL) do MOSFET será definido através do ciclo de trabalho a como sendo: TL = a.T , onde : 0 ≤ a ≤ 1 (G.45) Consequentemente, o tempo desligado será: TD = (1 − a ).T (G.46) A tensão no capacitor como função da quantidade de carga armazenada é: 216 ∆Vo = ∆Q Co (G.47) Onde Q é a carga em Co A variação da tensão em Co durante a descarga (∆Vo-) é: ∆Vo − = TL. io Co (G.48) ∆Vo − = a.T . io Co (G.49) A variação da tensão em Co durante a carga (∆Vo+) é: ∆Vo + = (1 − a ).T . (I CSH − io ) Co (G.50) Para a condição de equilíbrio temos: ∆Vo − = ∆Vo + (G.51) − io a.T .io I = −(1 − a ).T . CSH Co Co (G.52) io = (1 − a ).I CSH (G.53) I CSH Co (G.54) ∆Vo = a.T .(1 − a ). Derivando a expressão anterior em função do regime de trabalho, podemos determinar a condição para a máxima ondulação de tensão no barramento. Assim: I ∂ (∆Vo ) = T .(1 − 2.a ) CSH Co ∂a 217 (G.55) ∂ (∆Vo ) =0 ∂a (G.56) Assim, o regime de trabalho para a máxima ondulação será: 1 2 (G.57) I CSH 4.FSW .Co (G.58) a= Podemos então determinar a máxima ondulação: ∆Vo M = A condição necessária para a estabilidade é: Si.VS K . A.∆Vo M > T T 2 (G.59) Onde Si é definido como a simetria da onda dente de serra do PWM. Veja Figura G.6. Figura G.6 - Simetria da onda dente de serra. 218 Assim: Si.VS 2.∆Vo M (G.60) K .A < 2.Si.FSW Co I CSH (G.61) K .A < 2.Si.FSW .Co G (G.62) 2.Si.FSW .K . A WBWV (G.63) 2.Si.FSW WBWV (G.64) 2.Si.FSW > WBWV (G.65) WBWV < 2.Si FSW (G.66) K .A < Finalmente: Manipulando esta equação temos: K .A < 1< FBWV < Si.FSW π (G.67) Desta forma, observando a expressão G.67, podemos concluir que a largura de banda da malha da tensão (WBWv ou FBWv) sofre uma restrição em seu valor máximo e que esta é dependente do fator de simetria (Si) da onda triangular utilizada na implementação da função PWM. Vale observar que, em determinadas situações, este tipo de oscilação não ocorre quando a condição de estabilidade definida acima pela Equação G.67 é violada. A condição para esta exceção é definida quando o amplificador 219 operacional utilizado para gerar a tensão de controle Vc é lento e possui valor baixo de “slew-rate” (volts/microsegundos), ou seja, o amplificador por si só já é um limitante suficiente para a máxima variação de Vc no tempo. G.4 Condutância do BDR (GBDR) Diferentemente do SHUNT, a condutância do BDR está intimamente ligada à forma de implementação deste conversor. Como por exemplo, se tomarmos o nível de tensão da bateria com valores inferiores à tensão do barramento, então o BDR deverá utilizar uma topologia que eleva a tensão, caso contrário, este deverá utilizar uma topologia que rebaixa a tensão, ou alternativamente, pode ser adotada uma solução de conversor que tanto eleva quanto abaixa a tensão de saída. Será adotada, aqui neste trabalho, a solução do CBERS. Assim sendo, será estudada uma topologia que rebaixa a tensão. A topologia escolhida deve ser tal que permita implementar o conceito de condutância através da realimentação da corrente de forma contínua. Assim sendo, a topologia adotada foi o conversor tipo BUCK. A Figura G.7 ilustra o diagrama do BDR imerso em uma malha de realimentação de tensão utilizando a solução BUCK com realimentação de corrente controlada por PWM. Figura G.7 - Topologia BUCK como uma condutância. 220 Como podemos notar, o compensador PI e o ganho A da malha da tensão, realimentam a tensão de saída (Vo) do barramento através do fator K e controla a corrente (I) de saída da condutância (GB) através de Vc. A condutância neste caso é viabilizada através de um conversor DCDC com realimentação de corrente com controle PWM e utilizando a topologia BUCK. O compensador A2 recebe a tensão de controle Vc e compara com o sinal proveniente do sensor de corrente Rs, gerando então o sinal de erro (Ve) de controle do PWM. O comparador do PWM gera um trem de pulsos a partir da comparação de Ve com a onda dente de serra de amplitude e freqüência Vs e FSW respectivamente. O trem de pulsos, também de freqüência FSW, é aplicado então ao “gate” do MOSFET através do circuito de driver. Assim sendo, a tensão de entrada Vi é chaveada sobre o filtro Lo/Co/Carga da saída, de tal forma a produzir uma corrente contínua (I) na saída da condutância a menos de uma ondulação de corrente cuja amplitude é definida pelo valor de Lo. Desta forma, o valor numérico da condutância será: GB = I/Vc. Pela Teoria de Controle, deseja-se que, idealmente, GB = 1/Rs, onde Rs é o fator de realimentação da corrente. O sistema assim projetado possui, então, uma realimentação externa que controla a tensão do barramento e uma realimentação de corrente interna a qual transforma o conversor BUCK em uma condutância. É importante considerar a condição necessária para a estabilidade análoga à do SHUNT. A condição aparece quando se compara a onda dente de serra do PWM com a corrente de saída associada a uma onda de ondulação de corrente no indutor de saída (Lo) amplificada por Rs e A2. A maior inclinação da onda de corrente no indutor acontece quando o sistema é energizado. Neste instante, analisando a topologia BUCK, toda a tensão de entrada (Vi) é aplicada ao indutor. Assim: ∆i 0 = (Vi Lo 221 ).( 1 ) = (Vi ).T Fsw Lo (G.68) ∆i 0 T = (Vi Lo ) (G.69) Referindo-se à Figura G.7, a condição de estabilidade é como se segue: Si.Vs Vi ≥( ).Rs. A2 Lo T (G.70) Si.Vs.Lo.Fsw Rs.Vi (G.71) A2 ≤ Onde Si é o fator que representa a simetria da onda dente de serra do PWM e Fsw é a freqüência do PWM do Buck. A modelagem da condutância consiste em determinar a função de transferência I/Vc do BUCK construído a partir de uma malha fechada de corrente. Para modelar esta função de transferência, vamos fazer o equacionamento utilizando o método conhecido largamente na literatura como: State Space Averaging Method (MIDDLEBROOK; SLOBODAN, 1977). A Figura G.8 ilustra a malha fechada. Figura G.8 - Malha fechada de corrente. A função de transferência da malha fechada de corrente (G), é definida pela Teoria de Controle como sendo: 222 G= A2 .(1 VS ). X 1 + RS . A2 .(1 VS ). X (G.72) Desenvolvendo a expressão anterior temos: G= 1 . RS 1 VS (1 + ) A2 .RS . X (G.73) Onde X é parte da função de transferência da condutância do BDR definida como sendo I/a, sendo a o ciclo de trabalho (a = tL/T) e I a corrente de saída da condutância. O método do State Space Averaging será aplicado na determinação de X. Basicamente, este método consiste em, primeiramente, levantar as equações diferenciais do sistema envolvendo as variáveis de estado, as quais definirão o espaço de estado. Vamos supor, a partir da Teoria de Controle, o seguinte modelo de equações no espaço de estado: x& = A.x + B.u (G.74) y = C .x (G.75) Onde, x é o vetor das variáveis de estado, A é a matriz do sistema, u é o vetor das variáveis de entrada, B é a matriz que acopla as entradas do sistema ao seu estado, C é a matriz que define as variáveis de saída do sistema e y é o vetor das variáveis de saída. Como o sistema é variável no tempo alternando entre dois estados, o estado tL (chave MOSFET ligada) e o estado td (chave MOSFET aberta) através do 223 chaveamento do MOSFET via controle PWM, teremos dois conjuntos de equações diferenciais associadas a cada intervalo de tempo. Assim sendo, teremos duas matrizes que definem os dois estados do sistema: A matriz A1 (associada ao tempo tl) e a matriz A2 (associada ao tempo td). Da mesma forma, teremos duas matrizes B (B1 e B2) e duas matrizes C (C1 e C2). Uma vez determinados estes dois conjuntos de matrizes, os dois modelos do sistema são fundidos em um único formado pela média ponderada através do ciclo de trabalho dos dois estados (a = tL/T e b = td/T). Uma vez determinado um único conjunto de equações do espaço de estado formado pela média dos dois estados, introduz-se uma perturbação nas variáveis do sistema e faz-se uma linearização em torno do ponto de operação. É importante mencionar que, ao se fazer a média ponderada do sistema através do ciclo de trabalho, se está simultaneamente introduzindo uma nova variável que irá alterar a matriz A do sistema. Como o controle será feito exatamente pelo ciclo de trabalho através do PWM, então teremos um método de controle através da variação da matriz A, ou seja, um controle paramétrico. Vamos considerar o modelo do BUCK ilustrado na Figura G.9. Esta Figura apresenta também o equivalente elétrico do sistema em seus dois estados de operação (intervalo com o MOSFET ligado e o MOSFET desligado). As variáveis de estado a serem consideradas são: a corrente no indutor Lo (ILo) e a tensão no capacitor Co (VCo). 224 Figura G.9 - Os dois estados do sistema. O vetor das variáveis de estado será então: i X = Lo VCo (G.76) Como estamos interessados na corrente de saída ILo, então o vetor C será: C1 = C 2 = C = [1 0] • (G.77) Equações diferenciais para o ESTADO 1: di Lo + VCo = 0 dt dV V = Co. Co + Co dt RL Vi + L0 . i Lo 225 (G.78) di Lo V V = − Co + iLo dt Lo Lo dVCo i Lo V = − Co dt Co RL.Co di Lo −1 i 1 dt 0 Lo . Lo + Lo .Vi dV = 1 − 1 V Co Co RL.Co Co 0 dt (G.79) (G.80) Sendo assim, temos: • −1 0 Lo A1 = 1Co − 1 RL.Co (G.81) 1 B1 = Lo 0 (G.82) Equações diferenciais para o ESTADO 2: i Lo = iCo + i RL V L = −VCo (G.83) di Lo −1 dt 0 Lo . i Lo = dV V −1 1 Co Co RL.Co Co dt (G.84) −1 0 Lo A2 = 1Co − 1 RL.Co (G.85) Portanto: 226 0 B2 = 0 (G.86) A = a. A1 + b. A2 (G.87) −1 −1 0 0 Lo Lo A = a. + b. 1Co − 1 RL.Co 1Co − 1 RL.Co (G.88) −1 0 Lo A= 1 − 1 Co RL (G.89) Considerando que: E lembrando que a+b=1, Então: Logo: Considerando que A1=A2, B2=0 e que a variável de controle é o ciclo de trabalho definido por a, então, segundo Middlebrook e Slobodan (1977), podemos escrever as seguintes equações no domínio da freqüência: x( s ) = ( sI − A) −1 .B1.Vi.a( s ) (G.90) y ( s ) = C .x ( s ) (G.91) A partir das duas equações anteriores temos: y ( s) i( s) = = X ( s ) = C.( sI − A) −1 .B1.Vi a( s) a( s) (G.92) Portanto, para ao sistema em referência, temos: s + 1 (s.I − A)−1 = 1 RL.Co Co 1 1 Lo . s s2 + ( s ) + (1 ) RL.Co Lo.Co 227 (G.93) [ −1 C.(s.I − A) = s + 1 1 RL.Co ]. Lo s 1 2 + (s RL.Co )+ 1 (G.94) Lo.Co Vi B1.Vi = Lo 0 (G.95) Vi . Lo 0 (G.96) Então: [ i(s) = s+ 1 RL.Co a( s) 1 ]. Lo s X (s) = 1 2 + (s RL.Co )+ 1 Lo.Co s.Vi Vi + i( s) = 2 Lo Lo.RL.Co a( s ) s + ( s RL.Co) + 1 Lo.Co (G.97) i( s) (1 + s.RL.Co) = Vi. a( s) RL.Co.Lo.s 2 + s.Lo + RL (G.98) Substituindo X(s) na Equação G.73, temos a função de transferência da condutância em malha fechada (G): G= 1 . RS 1 Lo ( RL r ) (1 + s. ) + (1 + s.RL.Co) r (G.99) Onde : r= A2 .Vi .RS VS (G.100) Para analisarmos a Equação G.99, apresentada acima, vamos primeiramente analisar as freqüências: r/Lo e 1/(RL.Co). 228 • Análise da freqüência r/Lo Substituindo a Equação G.71 na Equação G.100, temos: r ≤ Si.Lo.Fsw (G.101) r / Lo ≤ Si.Fsw (G.102) Onde Fsw é a freqüência do PWM. Assim sendo: • Análise da freqüência 1/(RL.Co) Temos da analise da malha da tensão que Zo=1/(K.A.G) e WBWv =K.A.G/Co. Logo, WBWv= 1/(Zo.Co). Como Zo<<RL, então: 1 / RL.Co < WBWv (G.103) Como podemos observar, a freqüência r/Lo corresponde a valores de freqüências altas, próximas da freqüência de chaveamento do PWM. Entretanto, a freqüência 1/(RL.Co) corresponde a freqüências baixas, menores que a largura de banda da malha da tensão. Desta forma, podemos escrever a expressão de G em dois domínios: • Domínio das freqüências Baixas: G= 1 r (1 + s.RL.Co) . . Rs r + RL ( RL.r ) 1 + s.Co. ( RL + r ) (G.104) Esta expressão corresponde a um ganho, um pólo e um zero. Entretanto, pela equação de r (H.100), podemos ver que, se adicionarmos um integrador ao 229 compensador A2, o valor de r cresce para as baixas freqüências, e, nesta condição, o pólo da Equação G.104 coincide com a freqüência do zero e se cancelam. Desta forma, o ganho da expressão se reduz a 1/Rs. • Domínio das freqüências altas: G= 1 . Rs 1 Lo 1 + s. r (G.105) Esta expressão apresenta um ganho de 1/Rs e um pólo na freqüência r/Lo. Substituindo o valor de r na expressão acima, temos: G= 1 . Rs 1 Vs (1 + s.Lo. ) A2 .Vi.Rs (G.106) A condutância G possui um ganho 1/Rs e um pólo na freqüência (A2.Vi.Rs/Lo.Vs). Vamos adotar o termo 1/Rs como sendo a condutância ideal, ou seja, com largura de banda ilimitada e o denominaremos como sendo GB. O termo contendo o pólo será denominado como sendo p e representa a resposta em freqüência da condutância. Logo: G = GB . p (G.107) Onde: p= 1 Vs (1 + s.Lo. ) A2 .Vi.Rs (G.108) e GB = 230 1 Rs (G.109) Assim sendo, a largura de banda WBWi será definida como sendo a freqüência em que o módulo de p se torna unitário, ou seja: WBWI = A2 .Vi.Rs Lo.Vs (G.110) Para um melhor entendimento, veja as Figuras G.10 e G.11. Figura G.10 - Diagrama de Bode da Função de Transferência da condutância sem integrador na malha fechada de corrente e excluindo o ganho 1/Rs. Figura G.11- Diagrama de Bode da Função de Transferência da condutância com integrador na malha fechada de corrente e excluindo o ganho 1/Rs. 231 Interessante notar, pela Equação G.110, que a largura de banda da malha da corrente é diretamente influenciada pela variação da tensão de entrada Vi. Uma das maneiras de cancelar este efeito seria a de fazer com que a amplitude da onda dente de serra (Vs) fosse também proporcional a Vi de tal forma que a relação Vi/Vs fosse constante. É bom observar que a tensão de entrada do BDR da topologia Híbrida é a tensão da bateria, a qual possui a sua tensão variando conforme o seu estado de carga. Em um projeto, devemos fazer com que WBWi >> WBWv ,de tal forma que não haja contribuição de fase da malha da condutância na fase da malha da tensão; ou seja, que a condutância seja ideal e modelada como sendo GB = 1/Rs para freqüências no interior de WBWv, forçando uma margem de fase para as proximidades de 90 graus. É interessante notar na Equação G.71 que, quanto maior for o ganho A2, maior será o valor de WBWi . Entretanto, o valor de A2 deve se limitar ao critério de estabilidade da comparação entre as rampas de tensão da onda dente de serra do PWM e a rampa de tensão devida à amplificação da ondulação da corrente no indutor dada pela Equação G.71. Sendo assim, substituindo o valor limite do ganho A2 na Equação G.110, temos que: WBWI < Si.Fsw (G.111) Si.Fsw 2.π (G.112) Ou: FBWI < Como se deseja sempre a máxima largura de banda admissível, devemos fazer, sempre que possível, que Si seja igual a dois. Neste caso, a máxima largura de banda admissível, para uma dada freqüência do PWM, será alcançada e será da ordem de um terço da freqüência de chaveamento do PWM. 232 Um bom critério a ser adotado é fazer com que 10. WBWv = WBWi = Si.Fsw e z = WBWv /10. O zero associado ao integrador do compensador A2 (zi) deve ser projetado para uma década abaixo de WBWi (WBWi/10), ou seja, próximo a WBWv. Podemos assim concluir que fazendo Si=2 associado com uma alta freqüência de chaveamento do PWM permite maximizar a freqüência do zero associado ao integrador da malha da tensão (z), ainda mantendo uma margem de fase próxima de 90 graus e levando o sistema a um projeto ótimo em termos de características dinâmicas da tensão controlada (tempo de recuperação - Tr e impedância de saída - Zo). 233 234 APÊNDICE H- PROCEDIMENTO DE PROJETO A seguir, é apresentado o procedimento de projeto passo a passo juntamente com as equações para o dimensionamento a) Calcula-se a capacidade de potência máxima do barramento Pomáx = PBDRmáx + PSHUNTmáx; b) define-se a tensão de alimentação do MEA e aloca-se um range máximo de tensão na sua saída (tensão de controle - Vc) da ordem de 70% da tensão de alimentação; c) calcula-se o valor da condutância do sistema: G=1/Rss = Po/(Vo.Vc); d) calcula-se a condutância por canal do BDR: GCBDR= 1/RS= G/nBDR; e) define-se a simetria da onda dente de serra do PWM do BDR (SiBDR=1 ou SiBDR =2); f) impõe-se a condição necessária de estabilidade do BDR: WBWi < SiBDR. FSWB (p./ex: WBWi = 0,9.SiBDR. FSWB); g) a partir do número de canais e da potência máxima do BDR (PBDRmáx), calcula-se a potência máxima da saída do canal BDR: PCBDRmáx =PBDR/nBDR; h) calcula-se a corrente máxima de saída de cada condutância “BUCK” do BDR: IoCBDR= Io = PCBDRmax /Vo; i) defini-se a ondulação de corrente máxima no indutor de saída de cada condutância BUCK: ∆Io/Io; j) calcula-se o valor da Indutância de saída; k) defini-se a amplitude da onda dente de serra do PWM do BDR: VSiBDR; l) calcula-se o ganho (A2) do compensador da malha da corrente de cada condutância BUCK do BDR: A2 = (WBWi.Lo. VSiBDR)/(Vimáx.Rs) m) calcula-se a freqüência do zero associado ao integrador compensador A2: zi = WBWi /10; n) calcula-se a largura de banda da malha da tensão: WBWv ≤ zi; 235 do o) define-se a simetria da onda dente de serra do PWM do SHUNT: (SSH=1 ou SSH =2); p) impõe-se a condição necessária de estabilidade do SHUNT: WBWv<2.SSH.FSWSH ou FBWv < SSH .FSWSH/π; q) calcula-se a freqüência do zero associado ao integrador da malha da tensão: z= WBWv /10; r) verifica-se o cumprimento do requisito do Tr: Tr = 3,6/z; s) calcula-se a capacitância do barramento: Co = 1/(Zo. WBWv); t) define-se o valor da tensão de referência da malha da tensão: Vref; u) calcula-se o fator de realimentação da malha da Tensão: K = Vref/Vo; v) calcula-se o ganho do compensador da malha da Tensão: A=1/(Zo.K.G); w) calcula-se a amplitude da tensão de controle do domínio do SHUNT: ∆VCSH = Vc.PSH/PoMax; x) calcula-se ∆VcBDR = Vc.PBDR/PoMax; y) calcula-se a amplitude da onda dente de serra do PWM dos canais do SHUNT: VSSH = ∆VcSH/nSH. z) Faça simulações e verifique o projeto 236