FACULDADE ALFREDO NASSER INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: aprendizagem e desenvolvimento da criança. Marinalva Sousa dos Santos APARECIDA DE GOIÂNIA 2010 MARINALVA SOUSA DOS SANTOS A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: aprendizagem e desenvolvimento da criança. Artigo Científico apresentado ao Instituto Superior de Educação da Faculdade Alfredo Nasser, sob orientação da Profª Ms Milna Martins Arantes como requisito para a conclusão da Licenciatura Plena em Pedagogia. APARECIDA DE GOIÂNIA 2010 FOLHA DE AVALIAÇÃO A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: aprendizagem e desenvolvimento da criança. ___________ de __________ de 2010 EXAMINADORAS Orientadora: Profª Ms. Milna Martins Arantes – Nota: _____/70 Orientadora: Profª Ms Dorothéia Bárbara Santos – Nota: _____/70 Orientadora: Profª Ms Fernanda Franco Rocha – Nota: _____/70 Média parcial – Avaliação da produção do Trabalho: ____/70 4 A MÚSICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL: aprendizagem e desenvolvimento da criança. ´ * Marinalva Sousa dos Santos ** Milna Martins Arantes Resumo: Este artigo evidencia a importância do aprendizado e desenvolvimento da criança através da música na Educação Infantil. A sua intencionalidade é o significado da música, enfocando aspectos históricos, legais, como a sua contribuição para o desenvolvimento social, cognitivo e afetivo da criança. A base metodológica foi o levantamento bibliográfico acerca do assunto. Para tanto, destacou-se aqueles que consideram relevantes ao ensino com música no processo de ensino, que contribui no desenvolvimento das crianças em processo de aquisição do conhecimento, destacam-se nesta pesquisa as diferentes abordagens da temática apoiadas nos estudos de: Beyer & Kebach (2009); Jeandot (1997); Loureiro (2003); Nogueira (2010) Renner (2009); Snyders (1992), e outros. Também teve como referência os documentos de legislação para Educação Infantil: LDB, Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte - PCNS - Arte (1997) e Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil - RCNEI (2004), que serviram para direcionar a reflexão sobre o uso da música em sala de aula. Limitou-se dialogar sobre a música na educação infantil, dimensionando o fazer e o apreciar musical. Palavras-chave: Música. Educação Infantil. Aprendizagem. INTRODUÇÃO A música possui um valor significativo para a Educação Infantil, pois colabora com o desenvolvimento da criança. É uma forma de construir o seu cognitivo, desperta o conhecimento, assim consegue relacionar com o meio social, pois os significados adquiridos ajudam na capacidade de pensar e agir no mundo em que vive. A musicalidade desperta os seus sentidos, por isso, desenvolve a memória, afetividade e percepção. Conforme Nogueira (2010), a criança adquire conhecimento e se desenvolve quando é aguçada a pensar e criar através da musicalidade, uma contribuição no seu desenvolvimento como um todo. Na educação Infantil, a música proporciona muitos benefícios para a criança; em especial, é uma maneira diferenciada de desenvolver e aprender com a interação social. As formas de expressão, os sentimentos, as emoções, a capacidade de ouvir, o equilíbrio, a percepção dos diferentes gêneros, as melodias, * Acadêmica do 8º período do Curso de Pedagogia da Faculdade Alfredo Nasser. Orientadora do artigo. ** 5 os estilos, os ritmos são fatores essenciais que música pode despertar. Esses fatores fazem com que a criança desenvolva a sensibilidade, a coordenação motora, facilitando o ensino-aprendizagem na Educação Infantil. Os educadores da Educação Infantil enfrentam muitas dificuldades quando planejam o uso da música em sala de aula. A não formação musical do educador também colabora para que os resultados não aconteçam de forma positiva. Diante desta problemática, o artigo aborda alguns questionamentos, que doravante, possam ser respondidos: Porque a música possui valor pedagógico na Educação Infantil? Quais os seus benefícios que proporciona a criança no desenvolvimento e aprendizagem no contexto da Educação Infantil? Quais as dificuldades que o educador enfrenta na sala de aula na Educação Infantil, ao ensinar através da música? Como trabalhar o fazer e o apreciar musical? Partindo destes questionamentos, o artigo objetiva de forma geral compreender como a música contribui efetivamente na Educação Infantil, pois além de proporcionar ao aluno melhor aprender e desenvolver seus conhecimentos, a música colabora na memória, atenção e percepção. Especificamente, mostrará o valor que a música traz para a Educação Infantil, a sua colaboração para o desenvolvimento e aprendizagem do aluno. Também se apoiará em um levantamento das teorias pedagógicas que abordem o uso da música em sala de aula e sua colaboração no processo de ensino-aprendizagem. A temática do estudo partiu de reflexões de como lidar com as dificuldades em sala ao usar a música, pois a falta de experiência com essa metodologia pode acarretar grandes dificuldades na Educação Infantil. Segundo Snyders (1992), apesar de reconhecer as dificuldades e carências que o educador enfrenta no espaço escolar quando usa a música, essa metodologia proporciona ao aluno a apreciação e a experiência com o lúdico. Consciente disso, Snyders aponta caminhos que levam à superação das dificuldades ao ensinar em sala de aula, usando a música como método. Para compreender o uso da música em sala de aula é preciso pesquisá-la como objeto de estudo; mostrar que a mesma contribui para a formação do ser humano, além da aprendizagem e do desenvolvimento, pois desenvolve a sua integração e inteligência como um todo. A música pode ampliar o entendimento da criança, pois o seu ritmo e melodia a desperta para aquisição de significados de forma prazerosa. Esse objeto de estudo possui característica de ensino de mão 6 dupla, porque o seu uso no processo de ensino-aprendizagem colabora com o ensinar e o aprender ao mesmo tempo. Para tanto, este estudo foi organizado em cinco tópicos: o primeiro fez uma abordagem sobre a evolução da música, em um sentido geral, e também no Brasil. O segundo tópico trouxe as concepções da música no ensino brasileiro. Seguidamente, para comprovar a sua evolução no ensino, o terceiro tópico expôs as legislações que permeiam a música como um objeto legal de estudo, no quarto tópico mostrou através dos teóricos a importância de seu uso no desenvolvimento infantil. Ao final, o quinto tópico discute a prática em sala de aula, o fazer e o apreciar musical. A música na Educação: aproximações conceituais A música faz parte da vida dos seres humanos há muito tempo, acompanhou toda a evolução da história da humanidade, exerce diferentes funções. Está inclusa em todas as regiões, em todas as culturas, épocas, ultrapassou as barreiras do tempo e do espaço. Essa linguagem assume relevância, pois retrata o homem e sua vivência no mundo, uma forma de evidenciar todas as áreas do conhecimento, ao lado da linguagem oral e escrita, do movimento, das artes visuais, da matemática e das ciências humanas e naturais. A música para as crianças é uma descoberta, pois é um falar com o mundo de forma diferenciada através do ambiente sonoro. A sonoridade faz parte da sua vida desde a infância, pois ao nascer é cercada por sons, como a voz dos pais, a qual facilita a sua percepção sensório-motora. Através das brincadeiras cotidianas, geralmente permeadas por músicas, as crianças, na maioria das vezes, preferem brinquedos que produzem sons, pois esse exercício desperta a sua curiosidade e logo querem imitá-los, assim os exploram, criam, conseguindo descobrir melodias. Conforme Loureiro (2003, p. 35) [...] as cantigas de ninar, as canções de roda, as parlendas e todo tipo de jogo musical tem grande importância, pois é por meio das interações que se estabelecem que os bebês desenvolvam um repertório que lhes permitirá comunicar-se pelos sons. Essas atividades contribuem na vida da criança para aquisição e comunicação social através dos sons, permite-a desenvolver seus aspectos cognitivos, afetivos e sociais. A interação com o mundo musical pode estimular a 7 atenção, a concentração, a escuta, a lembrança dos sons ouvidos, entre outros. A música, no entanto, é capaz de equilibrar a criança em vários sentidos, contribuir para a sua formação integral na educação infantil. Segundo Miranda e Justus (2004), a importância da música no contexto escolar é apresentada como um elemento integrador e motivador no processo de aprendizagem. Através da musicalidade o ambiente se torna estimulante e prazeroso para o conhecimento. Essa prática interdisciplinar proporciona uma aprendizagem mais significativa, que leva o aluno a aprender de forma prazerosa. Conforme Ferreira (2006), quando se pensa em música, logo se imagina o ouvido como um órgão importante de sentido, mas é o cérebro que interpreta as ondas sonoras recebidas pelo ouvido. Assim, como todos os sentidos externos do corpo humano (audição, olfato, tato, paladar e visão) a audição é resultado de uma interpretação cerebral. Segundo a autora, quanto mais articulada for uma música em seus diferentes sons (agudos, médios e graves), timbres (cordas, sopro e percussão), ritmos (pulsações), velocidades (notas longas, médias e curtas), intensidade (forte, média e fraca) com harmonia (combinação de sons simultâneos), mais o cérebro, de quem a ouve, será estimulado. Portanto, recomenda-se às crianças em idades iniciais do desenvolvimento cerebral (0 a 6 anos) ouvir músicas eruditas, por serem ricas em expressões sonoras, propícias ao desenvolvimento da acuidade cerebral auditiva, característica que é de grande importância para a aprendizagem e desenvolvimento. Conforme Ferreira (2006), a música é uma arte de combinar os sons, é uma excelente fonte de trabalho escolar porque, além de ser utilizada como terapia psíquica para o desenvolvimento cognitivo, é uma forma de transmitir idéias e informações. Na Educação Infantil, usa-se a música há muito tempo em sala de aula, mas normalmente de uma forma lúdica, privilegiando o fazer e o apreciar musical A criança em fase de desenvolvimento precisa de sugestões de atividades que a leve a interagir com seu meio social, e a música na educação pode colaborar a partir de combinações diferentes na afirmação do conhecimento. Conforme Gardner (2002, p. 21) “[...] uma inteligência implica na capacidade de resolver problemas ou elaborar produtos que são importantes num determinado ambiente ou comunidade cultural”. As inteligências, que precisam ser desenvolvidas na fase de formação da criança são sete inicialmente: inteligência musical, corporal-cinestésica, 8 lógico-matemática, linguística espacial, interpessoal e intrapessoal. A inteligência musical é caracterizada pela habilidade para reconhecer sons e ritmos, gosto em cantar ou tocar um instrumento musical. Esse conjunto de inteligências colabora na formação do conhecimento da criança. É importante saber e reconhecer que, para as crianças, a atividade lúdica é sempre mais interessante que o trabalho escolar tradicional, por usar do concreto para chegar ao imaginário. O mais importante é adequação do método, ao usar a música como trabalho escolar, pois é muito importante para colaborar na evolução social das crianças. A solução, passa pela multiplicação ou diversificação da atividade lúdica, contribui na função dos diferentes níveis de desenvolvimento da criança. Na perspectiva de Antunes (2000, p. 19-20), a exploração do imaginário e construção de fantasias é a: Capacidade de construir metáforas, transformar histórias; sonhar de olhos abertos; dar novos finais a histórias conhecidas; criar personagens e cenários; associar a expressão à comunicação; descobrir linguagens diferentes para fatos da vida real ou situações imaginadas. E a música na educação pode proporcionar essas atividades lúdicas, capazes de ampliar os conhecimentos e aprendizagens das crianças. Conforme Antunes (2000), a alfabetização sonora consiste em apurar a sensibilidade auditiva; aprender a separar os sons; associar sons a pessoas, eventos ou emoções; diferenciar padrões de sons; perceber a diferença entre os tons e timbres. Portanto, é preciso criar diálogos entre instrumentos musicais, programar fundos musicais, envolver música em vários processos de aprendizagem. A música no ensino brasileiro Os primeiros professores de música no Brasil foram os padres jesuítas, que eram responsáveis pela catequese dos indígenas, ou seja, a primeira fase da educação brasileira. Segundo Loureiro (2003), os jesuítas construíram com as chamadas missões, que envolvia a educação de forma peculiar, pois além de aculturar os índios guaranis, ensinando-os a religião católica e agricultura, ainda eram aprendizes de música vocal e instrumental, criaram-se orquestras somente de índios. Segundo Loureiro (2003, p. 43), um dos recursos usados que mais destaca é a música “[...], em virtude da forte ligação dos indígenas com essa manifestação 9 artística. Eram músicos natos que, em harmonia com a natureza, cantavam e dançavam em louvor dos deuses”. Cantavam, criavam instrumentos, ritmos e melodias também para manifestar alegrias, vitórias nas caças e pescas, e de tristeza quando um ente querido morria. Então, os jesuítas aproveitaram da aceitação da música pelos índios, e a usou como método de ensino por todo o período em que os catequizaram. Quando aconteceu a expulsão dos jesuítas, a educação brasileira modificou muito, tomou outros rumos, houve um período de estruturação, com o fechamento de colégios, pois a coroa portuguesa demorou muito assumiu seus compromissos com o ensino brasileiro. Segundo Loureiro (2003, p. 45). A música, não podia se limitar às igrejas e, em 1813, iniciou-se a edificação do Teatro São João, uma vez que o velho Teatro de Manuel Luiz não era mais digno da corte portuguesa, local que serviu para apresentações musicais. Segundo Amato (2006, p. 147), Francisco Manuel da Silva foi quem que zelou pela música no Brasil até o surgimento do Decreto Federal de 1854, que regulamentou o ensino de música no país, inicia a sua regulamentação escolar. Por isso, surgiu um decreto que exigia concurso público para a contratação de professores de música. Com a Educação musical, incorporaram nas escolas, os novos métodos que já estavam sendo desanimados na Europa. Contrapondo-se ao conto orfeônico1, passa a existir no ensino de música outro enfoque, quando a música pode ser cantada. Utilizando jogos, instrumentos de percussão, rodos e brincadeira, buscava-se um desenvolvimento auditivo, ritmo, a expressão corporal e a socialização das crianças, que são estimuladas a experimentar, improvisar e criar. Contribuições da música no desenvolvimento infantil A música desperta em quem ouve uma sensação de prazer, desperta o sentido do que ouve. Desta forma, em sala de aula, quando o educador utiliza a música infere um nível diferenciado na aprendizagem e na educação das crianças, 1 O Canto Orfeônico é uma prática musical desenvolvida na Europa no século XIX, momento em que os Estados - Nação européia estava se consolidando no cenário mundial, o que imbuía essa pedagogia de um forte teor nacionalista, tanto no que tange os exercícios desenvolvidos para o aprendizado musical quanto no que se refere ao próprio repertório cantado pelos orfeões. No Brasil o Canto Orfeônico é oficialmente implantado durante os anos 1930, época marcada pelo processo de centralização política do país e de desenvolvimento de uma cultura nacional, este último promovido pela intelectualidade brasileira, que era alocada no recém criado Ministério da Educação e da Saúde. (SOUZA, 2008, p. 01) 10 porque muda o ambiente, desperta novos significados, além de emocionar, desperta um prazer e tornar o contexto mais agradável para si aprender. Segundo Renner (2009, p. 87): A percepção, enquanto está sendo construída, envolve níveis como o fisiológico, que se dá através da recepção, e os processamentos de estímulos dos órgãos sensoriais e pelo cérebro; o tempo biológico, que é a possibilidade de relacionar, de maneira lógica, os elementos percebidos, e o tempo lógico, em que se criam os padrões de significados através da capacidade simbólica. A percepção é construída através dos processos de aquisição de conhecimento da criança, que são os elementos que compõem os aspectos sociais, cognitivos e afetivos. Nesta perspectiva, o uso da música na Educação Infantil colabora na melhoria da sensibilidade dos alunos, bem como na capacidade de concentração, e desperta o sentido da memória. A música traz, de certa forma, benefícios para o processo de formação e aguça a criança para o raciocínio lógico, pois estimula a linguagem que facilita a sua escrita e a sua oralidade. A socialização da criança acontece de forma mais eficaz, quando esta inserida em contextos que valorize a sua participação em momentos de aprender com prazer e ludicidade. E a música assegura essas características. Segundo Loureiro (2003), a criança faz parte de uma cultura, na qual as canções de ninar e as brincadeiras contribuem no seu desenvolvimento, pois é uma experiência cultural vivenciada por ela, e isso possui um enorme potencial no acréscimo de sentidos para a sua vida. Portanto, [...] acreditamos ser necessário, a priori, trabalhar o conteúdo musical dentro de uma visão de currículo mais humanista, onde possamos envolver e desenvolver musicalmente o aluno, considerando sua vivencia e sua experiência, valorizando suas habilidades e seu potencial criativo e integrando, sempre que possível, o conteúdo musical aos demais conteúdos desenvolvidos por outras áreas artísticas e às demais disciplinas do currículo. (LOUREIRO, 2003, p. 22) Neste sentido, o ensino da música não pode ser de qualquer maneira, para passar o tempo das crianças, para que exerça como um veículo de aprendizagem é necessário uma intenção real; uma integração de conteúdos, mediados pela capacidade dos alunos, seus modos de pensar, sentir e agir. Assim, a música pode assumir uma busca do conhecimento de forma global, trazer novas experiências e vivências para a criança que está na Educação Infantil. 11 Nogueira (2010, p. 23), afirma que a música possibilita os estímulos cerebrais, desenvolve a dimensão cognitiva das crianças, porque tem características relaxantes, também é um fator essencial na aquisição de novas informações, que pode levar a aprendizagem. A autora conclui que: “[...] efetivamente a prática de música, seja pelo aprendizado de um instrumento, seja pela apreciação ativa, potencializa a aprendizagem cognitiva, particularmente no campo do raciocínio lógico, da memória, do espaço e do raciocínio abstrato”. Essa autora expõe que é preocupante, porque o ensino através da música na escola fundamental é um fator negativo, poucos educadores possuem práticas neste sentido, atuam de forma negativa para o processo ensino-aprendizagem, ao invés de proporcionar o conhecimento, afasta os alunos do contato prazeroso e relevante do fazer musical. A música deve ser fonte integradora e motivadora no processo de ensinoaprendizagem, pois deixa a sala de aula mais alegre e prazerosa, bem característico dos gostos das crianças em processo inicial de formação. Conforme Loureiro (2003, p. 112), não basta explicitar esses valores da música em sala de aula. A questão está em identificá-los e torná-los coerentes e claramente definidos para a nossa sociedade nos dias de hoje. A identificação desses valores favorecerá a organização, pelos educadores, de uma prática educacional mais coerente com a realidade sociocultural, além de auxiliar na busca de uma metodologia adequada, na tomada de decisões como, por exemplo, sobre modos de atuar e agir, definir programas e currículos, formas de avaliar, escolha de material didático. Para que isso aconteça, a autora acredita que o professor deve agir como mediador de prática significativa, que valoriza o fazer e o apreciar musical. Na visão da autora, a música não difere dos demais conhecimentos, é uma linguagem artística que é organizada e fundamentada culturalmente, uma prática social, pois traz valores e significados atribuídos aos indivíduos e à sociedade que a constrói e depois faz uso da mesma. Nogueira (2010), afirma que a música é um fator importante do desenvolvimento afetivo, em especial na Educação Infantil, pois caminha ao lado da linguagem oral e escrita, do movimento, das artes visuais, da matemática e das ciências humanas e naturais. As pessoas, ao ouvirem as músicas, despertam a parte do cérebro que desperta a euforia, isto leva a pessoa ao prazer de ouvir. E a criança em fase de aprendizado e desenvolvimento também consegue melhor 12 aprender quando a música é ensinada de forma lúdica uma interação de forma criativa, isso lhe faz sentir mais valorizado, pois consegue participar e interagir com o seu meio. A música proporciona uma comunicação prazerosa, capaz de transformar o ser humano e a sociedade em vive, pois ensina de forma lúdica sobre valores. A sua temática pode proporcionar a reflexão, isso faz compreender o seu próprio mundo, de forma que o significado o integre ao convívio com outras pessoas e como o próprio conhecimento. Daí a responsabilidade do educador, pois precisa adequar o conteúdo abordado, buscar não somente o ritmo e a melodia, mas a letra, que apresente um significado para a vida das crianças. Na perspectiva de Loureiro (2003, p.116), é importante relacionar que a música não traz somente fatos alegres, imaginários, mas pode abordar “[...] tramas sociais que envolvem gostos, preferências, estilos de vida, ou seja, uma série de fatores simbólicos que irão determinar a inserção e o engajamento do indivíduo na sociedade”. Loureiro (2003) reflete a busca dos educadores por temáticas de acordo com o nível de seus alunos, sendo necessário compreender as suas realidades sócioculturais na diversidade, para que seja introduzida uma metodologia de ensino adequado, na qual irá tornar mais fácil a compreensão das crianças acerca das músicas de seu cotidiano, pois sem a compreensão destas realidades, não há como propor uma pedagogia musical adequada, nem mesmo que possam aprender realmente que precisam aprender na fase inicial de sua formação educativa. A função da música é a integração da sociedade, reduzir seus desequilíbrios, promover união entre as pessoas para que estas vivam em harmonia. Assim, é observável que as funções da música estão inseridas na sociedade como um elemento cultural, que pode levar à transformação do homem de acordo com a evolução de seu conhecimento. Nogueira (2010, p. 24) considera que além do cognitivo e do afetivo, a música também traz resultados significativos no desenvolvimento social da criança, pois: [...] a música também é importante do ponto de vista da maturação individual, isto é, do aprendizado das regras, sociais por parte da criança. Quando uma criança brinca de roda, por exemplo, ela tem a oportunidade de vivenciar, de forma lúdica, situações de perda, de escolha, de decepção, de dúvida, de afirmação. 13 Conforme a autora, o ensino com a música deve partir de uma reflexão dos educadores, como se deve aproximar o ensino e aprendizagem das crianças por esse processo. A consciente que essa metodologia de ensino é favorável para o desenvolvimento dos alunos, o educador deve os acusar a reconhecer os valores dos ritmos e dos sons. Conforme Nogueira (2010, p. 24) “[...] partir do próprio cotidiano escolar, pois assim, numa ação conjunta, o professor pode superar a reprodução de ideias, normas e valores, dos modelos enraizados nos discursos acadêmicos e tentar uma aproximação com a música”. Na concepção de Snyders (1992, p. 14), a música contribui para tornar o ambiente mais alegre e favorável à aprendizagem, pois aproxima o aluno do conteúdo de uma forma mais tranquila, colabora na concentração no momento das práticas e o faz interagir com o colega, pois pode: [...] propiciar uma alegria que seja vivida no presente é a dimensão essencial da pedagogia, e é preciso que os esforços dos alunos sejam estimulados, compensados e recompensados por uma alegria que possa ser vivida no momento presente. (SNYDERS, 1992, p. 14) A música deve ser estudada como matéria em si, como linguagem artística, forma de expressão e um bem cultural. Proporcionando uma análise reflexiva do que lhe é ensinado, permitindo que o aluno se torne mais crítico. A música por atender os diferentes aspectos do desenvolvimento humano, como o físico, o mental, o social e emocional, também pode ser considerada como agente facilitador do processo de ensino-aprendizagem. O seu uso em sala de aula desperta o favorecimento no desenvolvimento da criança na Educação Infantil, pois ela favorece o bem-estar e crescimento das potencialidades dos alunos, pois consegue despertar diretamente, fala direto ao seu corpo, a sua mente e as suas emoções. O ensino através da música auxilia na percepção, estimula a memória e a inteligência, como apresenta os estudiosos, desenvolve os procedimentos que ajudam o aluno a se reconhecer e se orientar melhor no mundo. O seu caráter lúdico e de liberdade de expressão não apresenta pressões e cobranças às crianças, sim uma forma de aliviar e relaxar enquanto se aprende; um auxílio à desinibição. A música faz com que todos os alunos participem em um coletivo, contribuindo no envolvimento social, desperta a noção de respeito ao outro, abre assim novas oportunidades de aprendizagem. 14 Pensando a prática: o fazer e o apreciar musical Com a reestruturação em 2002, o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil - RCNEI ressalta a importância da música na Educação Infantil, pois quando se conta uma história para a criança, é o momento de também contextualizar com o som musical, pois pode acrescentar maior ênfase a um enredo com o recurso da voz. Para ilustrar de forma sonora uma narrativa, podemse usar materiais sonoros, já para contá-la usando instrumentos, estes podem servir como sonoplastia, emitir os sons necessários para melhor compreensão, até mesmo ser cantada para mostrar um momento especial da história. O contato intuitivo e espontâneo com a expressão musical desde os primeiros anos de vida é importante ponto de partida para o processo de musicalização. Ouvir música, aprender uma canção, brincar de roda, realizar brinquedos rítmicos, jogos de mão, etc, são atividades que despertam, estimulam e desenvolvem o gosto pela atividade musical, além de atenderem a necessidades de expressão que passam pela esfera afetiva, estética e cognitiva. Aprender música significa integrar experiências que envolvem a vivencia, a percepção e a reflexão, encaminhando-as para novéis cada vez mais elaborados. (BRASIL, 2002, p. 48) Uma história pode exigir um fundo sonoro, conforme este documento cabe ao educador pesquisar obras que amplie o universo musical, que tanto desperta as crianças para o mundo da imaginação, uma imaginação que contribui no seu desenvolvimento. A escuta musical deve estar integrada de maneira intencional às atividades dos bebês e das crianças pequenas. É aconselhável a organização de um pequeno repertório que, durante algum tempo, deverá ser apresentado para que estabeleçam relações com que o escutam. Tal repertório pode contar com obras da música erudita, da música popular, do cancioneiro infantil, da música regional etc. [...] o trabalho com a apreciação musical deverá apresentar obras que despertem o desejo de ouvir e interagir, pois para essas crianças ouvir é, também, movimentar-se, já que as crianças percebem e expressam-se globalmente. (BRASIL, 2002, p. 64) Conforme o documento, o uso da música em sala de aula apresenta diversas habilidades e competências que servem para contribuir para o ensinoaprendizagem. Trabalhá-la em sala de aula é um modo de garantir à criança a possibilidade de vivenciar e refletir sobre as questões musicais, uma forma de exercício que exige expressividade e dá condições para o desenvolvimento, desperta hipóteses e elabora conceitos do que ouve. Daí o educador fazer as escolhas do tema a ser ensinado. 15 Os Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNS - Arte (1997) trazem que a música é associada às culturas de cada época, no entanto, toda proposta que a considere deve abrir espaço na sala de aula, para que o aluno conheça as diversidades musicais do seu lugar, aprimorando sua condição de avaliar a qualidade das próprias produções e dos outros. O aluno pode até mesmo criar sua própria música para aumentar ainda mais seu interesse e aprendizagem no campo musical. Toda essa prática precisa ser orientada por uma metodologia que valorize o processo de aquisição do conhecimento pelo prazer musical, pois Qualquer proposta de ensino que considere essa diversidade precisa abrir espaço para o aluno trazer música para a sala de aula, acolhendo-a, contextualizando-a e oferecendo acesso a obras que possam ser significativas para o seu desenvolvimento pessoal em atividades de apreciação e produção. A diversidade permite ao aluno a construção de hipóteses sobre o lugar de cada obra no patrimônio musical da humanidade, aprimorando sua condição de avaliar a qualidade das próprias produções e as dos outros. (BRASIL, 1997, p. 75) Em relação ao ensino de Música, é importante considerar que a linguagem musical sempre esteve associada às tradições e às culturas de cada época. Nesse sentido, se existe um interesse para que os alunos aprendam com a música, é preciso ter uma proposta de ensino que tenha espaço para a diversidade, que comporte a aprendizagem de forma prazerosa. É importante frisar que os referenciais e parâmetros nacionais no que tange a música, são documentos teóricos e servem como base para a elaboração dos currículos, e mesmo tendo uma orientação metodológica detalhada carece de uma interpretação, feita por professor com formação musical de no mínimo em nível técnico (conhecimento da escrita, da execução musical, e da história da música). A música colabora na socialização das crianças, pois é uma prática social, que colabora na capacidade de ouvir, compreender e relacionar com o outro. Por isso a aprendizagem musical contribui para o desenvolvimento cognitivo, psicomotor, emocional e afetivo e, principalmente, para a construção de valores pessoais e sociais de crianças e jovens. A educação musical escolar não visa a formação do músico profissional, mas o acesso à compreensão da diversidade de práticas e de manifestações musicais da nossa cultura, bem como de culturas mais distantes.Pelo seu potencial para desenvolver diferentes capacidades mentais, motoras, afetivas, sociais e culturais de 16 crianças, jovens e adultos, a música se configura como veículo privilegiado para se alcançar as finalidades do ensino-aprendizagem. CONSIDERAÇÕES FINAIS O uso da música na Educação Infantil pode colaborar ampliação da sensibilidade e na vivênica das crianças, a partir da valorização do fazer e do apreciar musical. O estudo em si pode colaborar no entendimento deste uso, que pode trazer beneficios para o processo de formação e desperta o raciocínio lógico, que contribui na aquisição da linguagem oral e escrita das crianças nesta fase de ensino. A criança desde muito cedo já tem contato com os sons, desde os primeiros momentos de vida, isso já é um aprendizado, pois entende que todos as vezes que ouvir a música precisa dormir. Quando cresce, isto lhe fica na memória, e quando ouve um som sente prazer em ouvir, e por isso, consegue entender melhor sobre o que está lhe falando. Em sala de aula, a música serve com instrumento para despertar a criança para valores humanos, também aprender sobre vários outros conteúdos de forma mais lúdica. O mais importante do uso da música na Educação infantil é adequação dos conteúdos. Eles precisam ser bem escolhidos, pensando na idade, contexto cultural, social e econômico, pois não deve ser usada somente para passar tempo, mas como recurso para colaborar no desenvolvimento cognitivo, afetivo e social da criança, em fase de aprendizagem. O estudo procurou mostrar as teorias que abordam essa temática, para demonstrar que existe muitos teóricos, que tem preocupado em pesquisar acerca do uso da música em sala de aula, em especial, na Educação Infantil. Por isso, pode-se considerar a grande relevância que a música tem em relação ao desenvolvimento infantil, pois lhe enche de alegria, satisfação, prazer, emoçoes, que são fatores que proporciona cada vez mais a sua relação com o aprendizado. Abstract: This article exposes the importance of learning and child development through music in Childhood School (Elementary School). It intent is the meaning of music, focusing on historical, legal, as its contribution to social, cognitive and affective. The methodological basis were the literature on the subject. To this end, it was highlighted those they consider relevant to teaching music in the teaching process, that contributes to the development of children in the process of acquiring knowledge, are highlighted in this study the different approaches of the theme in studies supported by: Beyer & Kebach (2009); Jeandot (1997), Loureiro (2003), Nogueira (2010) Renner (2009); Snyders 17 (1992), and others. Also had as reference documents for legislation to Early Childhood Education: LDB, National Curriculum Art - PCNS - Art (1997) and National Curriculum for Childhood Education (elementary school) - RCNEI (2004), which served to guide the reflection on the use of music in the classroom. It limited talk about music in Childhood Education, scaling to do and to appreciate music. Keywords: Music. Early Childhood Education (Elementary School). Learning. REFERÊNCIAS AMATO, Rita de Cássia Fucci. 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