Quando a gripe circula, as pessoas têm grandes

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“Quando a gripe circula, as pessoas têm grandes riscos de serem infectadas mas
pouco de morrer”
A título de utilidade pública, apresentamos a seguir uma reprodução de entrevista
virtual concedida ao cotidiano francês Le Monde por Jean-Paul Gonzalez, virologista do
Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD) e diretor do Centro Internacional
de Pesquisas Médicas de Franceville, Gabão. Ele considera que se a Organização
Mundial da Saúde (OMS) aumentou o nível de alerta de 4 a 5, porque ela visa manter
uma margem de segurança, na medida em que ainda não se sabe se o vírus da gripe
mexicana é ‘verdadeiramente mortal’.
Quais as medidas de prevenção o nos aconselha?
As medidas de prevenção são as medidas clássicas de prevenção contra a gripe
tradicional, aquela que passa pelos países industrializados e países em desenvolvimento
a cada ano. O que fazemos para nos prevenir? Para pessoas fragilizadas, há uma vacina,
que deve ser regularmente atualizada, pois o vírus tende a variar. No que respeita à
população em geral, deve-se evitar expor-se em lugares de risco. Quando sabemos que
já há pessoas portadoras da gripe, deve-se evitar qualquer contato. De preferência,
devemos permanecer em casa. São medidas muito eficazes, simples e de baixo custo,
que requerem apenas informação e disciplina por parte da população.
Quais os sintomas?
Os sintomas desta doença são bastante banais: dores articulares e musculares, que
devem evoluir para uma síndrome pulmonar. A gravidade da gripe vem das infecções
secundárias que agravarão o quadro.
Porque os jovens adultos são os mais atingidos?
Geralmente, são as pessoas mais expostas ao vírus que mais provavelmente serão
atingidas. No caso da gripe mexicana, efetivamente, existem pessoas afetadas que são
muito jovens. Parece-nos um pouco estranho e, na minha opinião, seria mais uma
questão sócio-antropológica do que uma questão fisiopatológica. Por outro lado, sabe-se
que, geralmente, crianças pequenas e pessoas idosas são mais sensíveis ao vírus da
gripe. Um terceiro ponto relativo à idade: nas grandes pandemias gripais são os jovens
adultos que são mais afetados, porque são eles que circulam muito. E é o seu
comportamento que vai favorecer o contato e a transmissão. Resumindo, existem dois
aspectos: o aspecto resistência natural ou induzida ao vírus e o aspecto comportamento.
E quando queremos fazer a prevenção, devemos atuar nestas duas áreas.
Devemos usar máscaras em transportes públicos como forma de prevenção?
Todos os transportes em comum são vetores de transmissão, uma vez que, nos metrôs
ou ônibus, por exemplo, nos infectamos diariamente com os vírus que circulam. Agora,
como o vírus em questão ainda não circula em nossos transportes públicos, não há razão
para se usar proteção especial
Os meios de comunicação são sempre muito alarmantes...a gravidade é realmente tão
importante?
O papel de 80% dos meios de comunicação é o de atrair a atenção do público. Quanto
ao nível de gravidade, os cientistas estão trabalhando na matéria, em termos de
compreender se este vírus é realmente uma ameaça e quais são as precauções a tomar, e
é justamente o trabalho da OMS que mostra que é preciso se ter cautela na abordagem
do problema, aumentando o nível de alerta, mas mantendo uma margem de segurança,
porque ainda não se sabe se este vírus é verdadeiramente mortal, como já foi divulgado,
ou se se trata de um vírus com uma mortalidade digamos ‘banal’, que entra no quadro
dos vírus da gripe comum.
Alguns números conhecidos: foi registrado no México 73 mortes por síndrome gripal
pulmonar, e 18 confirmados por infecção pelo vírus da gripe suína H1N1. No resto do
mundo, temos 105 casos confirmados (infecção pelo vírus H1N1 mexicano), e nenhuma
morte. Isso em 28 de abril de 2009. Isso exprime a incerteza sobre a periculosidade
deste vírus: no momento ainda não se conhece. Quando um vírus evolui, não nenhuma
razão para que ele seja mais ou menos patógeno para o homem. A evolução dos vírus
não se dá, forçosamente, no sentido de assumirem um comportamento ‘mais patógeno’.
Qual a probabilidade de morte após contrair-se esta gripe?
No momento, é difícil se falar em termos de probabilidades, apenas em termos
percentuais. Quando observamos os casos mexicanos de pessoas hospitalizadas por
síndrome pulmonar – gripe ou doenças mais graves – temos 2 a 7% de mortalidade.
Então, falamos de cerca de 600 casos. Sabemos que os vírus da gripe são muito
infecciosos, e quando se tem 600 casos, podemos imaginar que houve, efetivamente,
60.000 pessoas infectadas. A probabilidade de ser infectado por um vírus, qualquer que
seja ele, é muito elevada. O que quero dizer é que o vírus gripal, quando está
circulando, corremos um grande risco de sermos infectados, e um risco muito pequeno
de morrer.
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