I PARTE MICROECONOMIA 1. NOÇÕES INTRODUTÓRIAS DA CIÊNCIA ECONÔMICA 1.1 CONCEITOS DE ECONOMIA Economia se ocupa das questões relativas às necessidades dos indivíduos e das sociedades. Economia = Oikonomía (grego) – óikos = casa / nómos = lei Definições: “A economia estuda a maneira como se administram os recursos escassos, com o objetivo de produzir bens e serviços e distribuí-los para seu consumo entre os membros da sociedade.” (Móchon e Troster, 2002) “A Economia é a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem (escolhem) empregar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, a fim de satisfazer as necessidades humanas.” (Vasconcellos e Garcia, 2004) 1.2 OBJETIVO DA CIÊNCIA ECONÔMICA Formular propostas para resolver ou minimizar os problemas econômicos, de forma a melhorar a qualidade de vida das pessoas. Marco da economia moderna: 1776 – Adam Smith – “A Riqueza das nações” (mercados privados – mão invisível – livres do controle do governo; melhor política era a do Laissez faire – deixar fazer). - 1936 J. M. Keynes – “A Teoria Geral” – “O governo tem o dever de criar empregos para os desempregados” 1.3 METAS ECONÔMICAS 1. Um alto nível de emprego - Depressão de 30: agravou o desemprego “Uma depressão existe quando a taxa de desemprego permanece alta durante um longo período”. “Uma pessoa está desempregada se ela tem capacidade e, embora procurando, não encontra emprego”. A taxa de desemprego é percentual do total população economicamente ativa, ou seja, a soma dos indivíduos empregados com os desempregados. 2 2. Estabilidade de preços “A inflação é definida como um aumento no nível geral dos preços”. “A deflação é uma queda no nível geral dos preços”. - Brasil: décadas de 60,70 e 80 (picos de inflação) a) A inflação prejudica aqueles que vivem de renda fixa e as pessoas que pouparam quantias fixas de dinheiro para suas aposentadorias ou para eventualidades; b)A inflação pode induzir a uma especulação improdutiva; c)A inflação pode levar a mais erros econômicos; 3. Eficiência “A eficiência é a meta de obter o resultado máximo do esforço produtivo”. - eficiência técnica (administração correta) - eficiência alocativa (escolha do conjunto certo de produtos) 4. Uma distribuição eqüitativa da renda -redução da pobreza (satisfação das necessidades básicas) - redução das desigualdades (hiato entre ricos e pobres) 5. Crescimento - elevação do PIB (Produto Interno Bruto), do PIB per capita e da produção 1.4 DIVISÕES DA ECONOMIA A Economia divide-se em: Economia descritiva, Teoria econômica e Economia Aplicada. Economia Descritiva: estuda fatos particularizados, sem lançar mão da análise teórica. Ela utiliza, basicamente, dados empíricos e análise comparativa. Teoria Econômica: analisa, de forma, simplificada, o funcionamento de um sistema econômico, utilizando um conjunto de suposições e hipóteses acerca do mundo real, procurando obter as leis que o regulam. Ela divide-se em microeconomia e macroeconomia. a) Microeconomia: trata do comportamento das firmas e dos indivíduos ou famílias, preocupandose com a formação dos preços e o funcionamento do mercado de cada produto individual. b) Macroeconomia: diz respeito aos grandes agregados nacionais, estuda o funcionamento do conjunto da Economia de um país, envolvendo o nível geral dos preços, formação da renda nacional, mudanças na taxa de desemprego, taxa de câmbio, balanço de pagamentos, etc. 3 Economia Aplicada: utiliza a estrutura geral de análise fornecida pela Teoria Econômica, para explicar as causas e o sentido das ocorrências relatadas pela Economia Descritiva. 2.A ECONOMIA COMO CIÊNCIA E RELAÇÕES COM AS OUTRAS CIÊNCIAS “A Economia é uma ciência social que usa métodos de análise de outras ciências. Ela formula seus modelos, ou teorias, para representar a realidade de forma simplificada e descrever e interpretar os fatos a fim de realizar previsões econômicas. Um modelo econômico utiliza-se de variáveis, as mais relevantes e parte de um conjunto de argumentos considerados verdadeiros, e estabelece um conjunto de hipóteses de relacionamento entre variáveis”. -Economia positiva – argumentos positivos: “ao que é” (descrição da realidade). Ex.: maior renda gera maior consumo; maior oferta, menor preço. -Economia normativa: argumentos normativos: “ao que deve ser” (política econômica)- juízo de valor. Ex.: mais desemprego, menos inflação; o preço da gasolina não deve subir. A Economia se relaciona com diferentes ramos das ciências, por exemplo: a) Biologia: idéias de crescimento e mudança, fluxo de renda e riqueza; b) Física: noções de estática e dinâmica (equilíbrio geral e parcial); c) Psicologia: comportamento racional dos agentes econômicos; d) História: fatos passados, reflexos no futuro; e) Estatística: amostragem, séries temporais; f) Matemática: formulação de teorias e modelos econômicos; g) Geografia: as relações econômicas ocorrem num espaço; mobilidade das pessoas, dos fatores de produção, dos bens e serviços; h) Sociologia: participação das classes sociais no produto global; i) Direito: aspectos jurídicos das políticas econômicas; contratos de trabalho, leis de salário mínimo, taxa de câmbio, etc. j) Ciência Política: considera variáveis econômicas, sociais, jurídicas e políticas (regime democrático, ações do governo, estrutura partidária). 4 2.1 LEIS CIENTÍFICAS E ECONÔMICAS - Leis científicas: procuram, em geral, estabelecer relações de causa e efeito a partir de evidências do mundo real. - Leis econômicas: a Economia baseia-se em evidências para estabelecer relações e leis econômicas, como é uma ciência social, não pode controlar estas evidências e incluir todas as variáveis possíveis em seus modelos. Assim, a economia não faz previsões com certeza matemática, mas indica probabilidades da ocorrência de eventos econômicos. Ex.: C = f (y) o consumo é função da renda C – variável explicada y – variável explicativa Ceteres paribus: significa tudo mais permanecendo constante. Consiste em não considerarmos a influência de outros setores e suas variáveis no processo de análise de um determinado mercado. 3.OS PROBLEMAS ECONÔMICOS FUNDAMENTAIS A Economia é por definição a ciência da escassez. Escassez surge a partir das necessidades ilimitadas dos indivíduos e dos recursos econômicos limitados. Necessidades ilimitadas Escassez Recursos limitados 5 OS PROBLEMAS ECONÔMICOS O que e quanto produzir? -quais produtos (decidido pelos consumidores, demanda) -quanto produzir (fixado pela interação entre demanda e oferta) - a escolha do empreendedor depende do mercado e do acesso a tecnologia. Ex.: produzir armas a medicamentos - a escolha da sociedade está relacionada a opções de política econômica. Ex.: mais usinas hidroelétricas, mais habitações populares, mais tratamento de água, etc. Para quem produzir? - a sociedade deverá decidir quem ou quais setores serão beneficiados pelos resultados da produção - expectativa do lucro - as empresas escolhem os consumidores que desejam abastecer com bens e serviços conforme a classe de renda. Os recursos são limitados, como por exemplo, mão-de-obra especializada, matérias-primas, capital, terras férteis. As necessidades humanas são ilimitadas, assim a sociedade precisa decidir a composição dos bens e serviços que, em determinado período, serão produzidos e em que quantidades. Como produzir? -eficiência alocativa dos métodos ou recursos de produção visando menor custo - envolve tecnologia nacional ou internacional (royalties) - investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) - escolha das técnicas: manual (custo K > L) e mecanizado (custo K < L) 4. A ECONOMIA E A NECESSIDADE DE ESCOLHAS 4.1 A ESCASSES DE RECURSOS A Economia fundamenta-se na existência de bens e serviços para o consumo e uso no sistema produtivo. Os bens são econômicos (não livres), isto é, relativamente raros. Os recursos são os insumos ou fatores de produção, utilizados no processo produtivo para obter bens, visando a satisfação das necessidades dos consumidores. Os fatores de produção são: a) terra, ou recursos naturais; Ex.: água, minerais, madeira, peixes, solo, terra fértil, etc. b) trabalho, ou recursos humanos; 6 Ex.: trabalhadores (qualificados e não qualificados), pessoal administrativo, técnicos, engenheiros, gerentes, administradores. c) capital: Ex.: máquinas, equipamentos, prédios, ferramentas, dinheiro. d) capacidade empresarial: o empresário assume riscos de perder seu capital, ou o capital tomado emprestado, ao empreender um negócio. Utilidade - BEM ECONÔMICO - Procura (preço) CARACTERÍSTICAS DOS FATORES (OU RECURSOS) PRODUTIVOS -escassos -versáteis (aproveitados em diversos usos) -podem ser combinados em proporções variáveis na produção de bens e serviços NECESSIDADE: é a exigência, de caráter individual ou coletivo, que deverá ser satisfeita mediante o consumo de um bem ou serviço. 1.Individuais a)absolutas: comuns à todos os indivíduos. Ex.: comer, vestir, beber. b)relativas: diferente para cada indivíduo. 2.Coletivas: são os desejos da sociedade como um todo. Ex.: saúde, educação, saneamento. AS NECESSIDADES ILIMITADAS As necessidades dos indivíduos são ilimitadas, no entanto, os recursos para atender a estas necessidades são escassos. Elas se renovam diariamente e exigem o suprimento de bens necessários a atendê-las. Este paradoxo defronta-se com a constante criação de novos desejos e necessidades motivados pela perspectiva da sociedade de aumentar o seu padrão de vida e bem-estar material. Ex.: alimentação, habitação, roupas, calçados, energia, educação, água encanada, saneamento, etc. O consumidor decide a composição de sua cesta de consumo em função de suas preferências, de suas necessidades e da sua renda. Os bens econômicos fazem parte do desejo humano porque são úteis. No entanto, existem bens livres, que se encontram disponíveis a custo zero (água dos rios, ar, a água para irrigação somente quando não taxada). 7 4.2 TIPOS DE BENS Bens econômicos caracterizam-se pela utilidade, pela escassez e por serem transferíveis. Serviços são aquelas atividades que, sem criar objetos materiais, se destinam direta ou indiretamente a satisfazer necessidades humanas. Os bens classificam-se em: a)Bens de consumo final: são aqueles adquiridos pelas famílias e dividem-se em duráveis (longo prazo) e não duráveis (curto prazo); Ex.: alimentos (curto prazo); eletrodomésticos (longo prazo) b)Bens de consumo intermediários ou insumos: são aqueles utilizados pelas empresas, direta e indiretamente, para a fabricação de outros bens (ciclo curto no processo produtivo); Ex.: matérias-primas, barras de ferro, aço, componentes e materiais de escritório c)Bens de capital: são utilizados pelas empresas direta ou indiretamente na geração de outros bens, no entanto, possuem um ciclo longo. Ex.: máquinas, equipamentos, prédios d)Bens de produção: compreendem os bens de consumo intermediário e os bens de capital. Assim, devido a escassez de recursos produtivos utilizados na produção de bens e serviços para satisfazer as necessidades dos indivíduos, os agentes econômicos (produtores, consumidores, tomadores de decisão de órgão do governo) precisam utilizá-lo de forma mais racional e eficiente, visando obter melhores resultados, em 8 termos de quantidade e qualidade. 5. CPP – CURVA OU FRONTEIRA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO A CPP refere-se a escolha feita pela sociedade ou pelo governo de que bem produzir. Curva (ou fronteira) de possibilidades de produção (CPP) expressa a capacidade máxima de produção da sociedade, supondo pleno emprego dos recursos ou fatores de produção de que se dispõe em dado momento do tempo. Na escolha dos bens e serviços que devem ser produzidos, a primeira providência é determinar quais combinações de bens e serviços são possíveis, levando em consideração as seguintes hipóteses: a)os recursos produtivos são limitados; b)existência de pleno emprego de recursos; c)o nível de tecnologia disponível é determinado1. A curva (ou fronteira) de possibilidade de produção (CPP) delimita aquelas combinações de bens e serviços que podem ser produzidos por uma sociedade e aqueles que não podem, seja por que ultrapassam os recursos disponíveis, seja porque excedem a capacidade tecnológica. A CPP mostra os limites da produção, assim não pode-se produzir em pontos externos a ela e pode-se produzir em qualquer ponto dentro da CPP ou sobre ela. Bem Y Bem X 1 Uma boa tecnologia resulta em custos unitários menores. A empresa competitiva visa maior produtividade, menor custo e qualidade dos produtos e serviços. 9 Produção Eficiente Quando a economia produz em um ponto dentro da CPP está operando de modo ineficiente. A eficiência é atingida quando não pudermos produzir mais de um produto sem produzir menos de algum outro bem. Quando a produção é eficiente a combinação de produtos está sobre a CPP. Uma economia produz abaixo da CPP por duas razões: a)os recursos não estão sendo empregados plenamente; b)os recursos estão sendo utilizados de maneira ineficiente. A curva de possibilidade mostra a noção de escassez porque em um determinado período, uma sociedade tem a quantidade fixa de cada um dos fatores de produção, de maneira que a produção de um bem advém às custas de outro bem. Mudança na curva de possibilidade de produção -aumento na quantidade dos recursos produtivos; -progressos tecnológicos. Princípio do custo de oportunidade Custo de oportunidade (alternativo ou implícito) de um bem ou serviço é a quantidade de outros bens ou serviços a que se deve renunciar para obtê-lo. É igual ao sacrifício de se deixar de produzir parte do bem A para se produzir mais do bem B. O custo de oportunidade incorpora a noção de que sempre enfrentamos a situação de escolher entre duas ou mais opções e de que temos que optar por um bem em detrimento de outro, visto que os recursos são limitados e podem ser utilizados em diferentes alternativas. Assim, o custo de oportunidade de alguma coisa é o que sacrificamos para consegui-la. A curva de possibilidade ilustra o princípio do custo de oportunidade para toda a economia. 10 5.1 A LEI DOS REDIMENTOS DECRESCENTES (ou custos crescentes) A curva de transformação indica a substituição de um produto A por um outro B, com quantidades crescentes de B e, a existência de custos relativos crescentes na produção de bens. Lei dos rendimentos decrescentes: elevando-se a quantidade do fator variável, permanecendo fixa a quantidade dos demais fatores, a produção inicialmente aumentará a taxas crescentes; a seguir, depois de certa quantidade utilizada do fator varíavel, continuará a crescer, mas a taxas decrescentes (ou seja, com acréscimos cada vez menores); continuando o incremento da utilização do fator varíavel, a produção total chegará a um máximo, para depois decrescer. (Vasconcellos e Garcia, 2004) Portanto, a lei dos rendimentos decrescentes pode ser explicada da seguinte maneira: quanto maior o emprego de alguns fatores em um setor, deixando os demais constantes, menores serão os acréscimos no produto total. Ex.: O indivíduo está com muita sede; o primeiro copo de água proporciona um grande benefício. Já o quinto copo de água não trará tantos benefícios como o primeiro, pois o indivíduo já não está mais com sede. Lei dos custos crescentes: para atrair trabalhadores de um setor para outro é necessário oferecer maiores salários. Lei dos rendimentos decrescentes: “A medida que aumenta o uso de um determinado fator de produção (mantendo-se fixos os demais insumos), chega-se a um ponto em que a produção adicional obtida eventualmente decrescerá.” Ex.: funcionários em demasia, alguns se tornarão ineficientes e o produto marginal do insumo mão-de-obra apresentará uma queda. 11 6. SISTEMA ECONÔMICO Sistema econômico é o conjunto de relações técnicas, básicas e institucionais que caracterizam a organização econômica de uma sociedade. Elementos do sistema econômico - estoque de recursos produtivos - complexo de unidades de produção - conjunto de instituições (jurídicas, políticas, sociais e econômicas) 6.1 TIPOS DE SISTEMA ECONÔMICO -capitalismo (sistema descentralizado) -socialismo (sistema centralizado ou planificado) -economia mista (sistema misto) Capitalismo a)propriedade privada dos fatores de produção, dos bens de consumo e do dinheiro; b)controle do funcionamento da economia é realizado pelo sistema de preços; c)o lucro é o grande impulsionador para a ação dos agentes econômicos; d)importância da competição entre as empresas e entre os proprietários dos recursos; e)papel do governo é limitado f)Exs.: EUA, Japão, Inglaterra Socialismo a)as questões econômicas fundamentais resolvidas por um órgão central de planejamento; b)predomínio da propriedade pública dos fatores de produção; c)total intervenção do Estado d)Ex.: Cuba Economia Mista a)localiza-se entre a economia de mercado e a centralizada 12 b)as decisões são tomadas parte pelo Estado, parte pelos empresários c)Ex.: Brasil O sistema econômico pode ser melhor visualizado por meio de um modelo simples de uma economia de mercado, sem considerar as relações com o exterior (economia fechada) e a participação do governo. 6.2 MODELO ECONÔMICO ELEMENTAR Fluxo Circular de Renda - Primeira Visão Distribuição Produção Consumo As duas principais unidades econômicas envolvidas no sistema econômico de livre empresa são as famílias e as empresas. Famílias - proprietários dos fatores de produção (terra, trabalho, capital e capacidade empresarial): -pessoas e unidades familiares -consumidores de bens e serviços Empresas (primário, secundário e terciário): -unidades econômicas que produzem os bens e serviços -compram ou alugam os recursos econômicos 13 6.3 FLUXO DE RENDA– REAL E MONETÁRIO Fluxo real: envolve bens, serviços e fatores. -o fluxo (real) de bens (finais) de consumo e serviços das empresas para os consumidores; Fluxo monetário: pagamento pelos bens, serviços e fatores envolvidos. -o fluxo (monetário) de moeda dos consumidores para as empresas. As famílias, as empresas, o mercado de bens de consumo e serviços e o mercado de recursos ou fatores de produção compõem uma economia de livre empresa e formam o centro em torno do qual se desenvolve a economia. Os preços dos bens e serviços interligam os dois fluxos, ou seja, o mercado de produtos para bens e serviços estabelece preços que regulam a quantidade e qualidade de bens produzidos e consumidos. No fluxo monetário as empresas pagam às famílias pelo uso dos recursos por meio de salários (do trabalho), dividendos, juros e lucros (do capital) e aluguel (da terra e de imóveis). Economia de mercado: livre concorrência entre produtores e consumidores – estabelecem os preços dos produtos. FLUXO CIRCULAR DE RENDA Oferta de bens Mercado de Bens e Serviços Receita das empresas Procura por bens Pagamento por bens e serviços Empresas Famílias Remuneração dos fatores produtivos Procura por fatores produtivos Renda das famílias Mercado de Fatores de Produção 14 Oferta de fatores produtivos Fluxo real Fluxo monetário 6.4 SISTEMA ECONÔMICO E AS TROCAS Troca significa que os indivíduos permutam bens entre si. Além da produção e do consumo, as trocas tem grande importância em qualquer sistema econômico. As trocas permitem a especialização e a divisão do trabalho que contribui para a eficiência (obtenção do maior volume de produção possível com a menor quantidade de recursos) A divisão do trabalho permite: a) a especialização; b) maior capacidade de cada operário; e c) a introdução de ferramentas e maquinárias específicas A especialização e a divisão do trabalho precisam de um sistema em que os indivíduos possam vender os seus excedentes e adquirir o que necessitam. A forma mais primitiva de intercâmbio é a troca (troca de um bem por outro). a)Escambo Agricultor Trigo/Carne Criador No escambo, as trocas ocorrem sem dinheiro. Esse tipo de troca requer uma coincidência de necessidades. No escambo os indivíduos gastam mais tempo trocando do que produzindo. Inconvenientes do Escambo - longo prazo; - dupla coincidência de necessidades; - indivisibilidade de alguns bens. 15 As limitações desaparecem quando as trocas são realizadas com a intervenção do dinheiro. b)Dinheiro: é todo o meio de pagamento aceito que pode ser permutado por bens e serviços, além de ser utilizado para saldar dívidas. 7. MICROECONOMIA Microeconomia estuda o comportamento econômico das unidades individuais (famílias e empresas). 7.1 TEORIA DO CONSUMIDOR 7.1.2 CURVAS DE INDIFERENÇA Um consumidor classifica as diferentes opções de consumo, representadas por diferentes cestas de mercadorias, segundo suas preferências. Uma curva de indiferença é a representação gráfica de um conjunto de cestas de consumo indiferentes para o consumidor, que trazem o mesmo nível de satisfação. Alimentos Curva de indiferença (mesmo nível de satisfação) Vestuário Mapa de indiferença: é o conjunto de todas as curvas de indiferença do consumidor. Alimentos Maior nível de satisfação Menor nível de satisfação Vestuário 16 Taxa marginal de substituição de uma mercadoria I por uma mercadoria II é a redução na quantidade da mercadoria I necessária para repor o consumidor na mesma curva de indiferença, quando há um aumento de uma unidade no consumo da mercadoria II. Ela indica o máximo que o consumidor estaria disposto a ceder da mercadoria I em troca da mercadoria II. A taxa marginal de substituição mede a inclinação da curva de indiferença. TMS = - ∆V/ ∆A V = vestuário A = alimentos 7.2 TEORIA DA DEMANDA E DA OFERTA Mercado é o ambiente em que compradores (demanda) e vendedores (oferta) realizam transações. Consumo: ato de satisfazer necessidades através da aquisição de bens e serviços. Consumidor: unidade básica de consumo. 7.2.1 DEMANDA “A demanda ou procura é a quantidade de um determinado bem ou serviço, que um consumidor eventual está disposto a adquirir, por determinado preço e em determinado período de tempo, ceteris paribus2.” A quantidade procurada de determinado bem varia na razão inversa da variação de seus respectivos preços, mantidas as demais variáveis constantes. Quanto maior o preço, menor será a quantidade demandada e quanto menor o preço, maior será a quantidade demandada, por cada indivíduo. Existem outros fatores que também influenciam o indivíduo na demanda de por um bem: - o preço do bem; 2 A expressão Ceteris paribus, significa que ao estudar um determinado fenômeno, supõe-se que os demais fatores devem permanecer constante. 17 - a renda do consumidor; - o preço dos bens substitutos; - o preço dos bens complementares; - preferências do consumidor; - as expectativas do consumidor quanto aos preços no futuro A função demanda: Dx = f (Px) Dx = quantidade demandada do bem x f = função Px = preço do bem x A curva de demanda individual Mostra a relação existente entre o preço de um bem e sua quantidade demandada, por parte de um indivíduo, durante um período de tempo determinado, ceteris paribus. P Q 18 A curva decrescente de demanda mostra que quanto maior o preço de um bem, menor a quantidade demandada, desse, ceteris paribus. De maneira semelhante, quanto mais baixo o preço do bem, maior a quantidade demandada. Efeito-substituição: é uma mudança no consumo que tem origem na mudança de preços relativos dos bens. Quando sobe o preço de um bem que você consome, esse bem se torna mais caro comparado a outros bens, induzindo você a consumir menos do bem que se tornou mais caro e mais dos outros bens. Efeito-renda: é uma mudança no consumo que tem origem na mudança da renda real do consumidor. Quando aumenta o preço de um bem que você consome, sua renda real é reduzida porque você não consegue mais ter o mesmo nível de consumo. Pela mesma lógica, quando cai o preço de um bem que você consome, sua renda real aumenta. A curva de demanda de mercado Mostra a relação entre o preço do bem e a quantidade que todos os consumidores juntos estão dispostos a comprar desse problema. (1) (2) (3) 19 Os gráficos 1 e 2 representam demandas individuais. O gráfico 3 representa a demanda de mercado que é igual a soma das demandas individuais de todos os consumidores. 7.2.2 OS DESLOCAMENTOS DA CURVA DE DEMANDA A curva de demanda mostra que a quantidade demandada de um bem muda em resposta ao preço, e apenas em relação ao preço. Quando uma curva de demanda é desenhada, as rendas e todos os outros fatores (com exceção do preço) que podem afetar a quantidade demandada tem de ser mantidos constantes, ceteris paribus. p q 7.2.3 VARIÁVEIS RESPONSÁVEIS PELO DESLOCAMENTO DA DEMANDA 1.A renda: um aumento de renda leva a um aumento de consumo (demanda) de um bem, deslocando a curva de demanda para a direita. De maneira semelhante, um queda na renda deslocará a curva de demanda para a esquerda. 20 Quando o aumento de renda faz com que o consumidor reduza o consumo de feijão e batata e aumente o consumo de carne (bem de valor mais elevado), o deslocamento da curva de demanda por batatas é para a esquerda, então este bem é inferior. “Bem inferior é aquele cuja quantidade demandada diminui quando aumenta a renda.” “Bem normal é aquele cuja quantidade demandada aumenta quando aumenta a renda.” “Bem de primeira necessidade é aquele que ao aumentar a renda, a quantidade demandada do bem aumenta em menor proporção. Ex.: leite “Bem de luxo é aquele que ao aumentar a renda, a quantidade demandada do bem aumenta em maior proporção. Ex.: Cd’s; automóveis esportivos. 2. Os preços dos bens relacionados: um aumento no preço de um bem pode causar um deslocamento na curva de demanda por outro bem. Ex. 1: O preço da gasolina sobe, os consumidores tem vontade de possuir menos carros. A curva de demanda por carros se deslocará para a esquerda a cada aumento da gasolina Os bens utilizados em combinação, de maneira que um aumento no preço de um deles leva a queda na demanda do outro se chama bens complementares. Ex. 2: maças e bananas são substitutos. Com uma elevação no preço das bananas, os consumidores seriam incentivados a substituí-las por maças. Um aumento no preço das bananas provoca um aumento na demanda por maças. Esta relação mostra a presença de bens substitutos. Outros exemplos: chá e café; manteiga e margarina; carne e galinha; óleo de soja e de milho, etc. Os bens são substitutos se o aumento do preço de um deles eleva a quantidade demandada do outro, qualquer que seja o preço. Ex.: carne bovina e suína; chá e café. Os bens são complementares se o aumento do preço de um deles reduz a quantidade demandada do outro. 3.Gostos: o tempo é responsável pela mudança de gostos. Os gostos e a demanda são bens voláteis para alguns produtos especialmente para as “manias”, “a moda”. 21 4.Expectativa futura do consumidor em relação a renda, aos preços futuros e as dispponibilidades de bens. 7.3 A OFERTA As empresas vendem bens aos consumidores (oferta). A oferta mostra a relação entre o preço e a quantidade do bem ofertado pela empresa, ceteris paribus. Quanto maior o preço de um bem, maior a quantidade ofertada, ceteris paribus. Da mesma forma, quanto menor o preço, menor a quantidade ofertada. A oferta de um bem depende de um conjunto de variáveis, são elas: - preço do bem; - custo dos insumos; - tecnologia disponível; - produtos concorrentes; - expectativa do produdor sobre os preços futuros; - impostos ou subsídios. A função oferta: Ox = f (Px) Qx = quantidade ofertada do bem x f = função Px = preço do bem x A curva de oferta individual Mostra a relação entre o preço de um bem e a quantidade ofertada por todos os produtores juntos, ceteris paribus. 22 P Error! Q A curva de oferta mostra como a quantidade oferecida aumenta junto com o preço, refletindo o comportamento dos produtores. Resulta do princípio, que afirma que, os preços mais altos constituem um estímulo ao incremento das quantidades que os produtores estarão dispostos a oferecer no mercado. Equilíbrio de Mercado Ocorre quando a quantidade demandada de um bem é igual a quantidade ofertada. Nesse caso não existe pressão para mudança de preço. O preço de equilíbrio Ao colocar-se consumidores e produtores com suas respectivas curvas de demanda e oferta em um mercado, pode-se analisar a interação entre eles. A curva de demanda e oferta isoladamente, não podem determinar até onde podem chegar os preços ou medir a compatibilidade entre produtores e consumidores. Assim, deve-se analisar conjuntamente as duas curvas procurando para cada preço a compatibilidade entre quantidade ofertada e demandada. Então, só no ponto de intersecção das curvas de demanda e oferta é que coincidem os planos dos demandantes e ofertantes e somente a um preço. Este é chamado preço de equilíbrio, e a quantidade demandada e ofertada denomina-se quantidade de equilíbrio. 23 O preço de equilíbrio é aquele em que coincidem os planos dos demandantes ou consumidores e dos ofertantes ou produtores. Preço (R$) Quantidade demandada Quantidade ofertada Situação de mercado 1 11 1 Excesso de demanda (escassez de oferta) 3 9 3 Excesso de demanda (escassez de oferta) 6 6 6 Equilíbrio de mercado 8 4 8 Excesso de oferta (escassez de demanda) 10 2 10 Excesso de oferta (escassez de demanda) p Pe q Qe - Excesso de demanda: o preço do bem está abaixo do preço de equilíbrio, ou seja os consumidores estão dispostos a consumir mais do que é ofertado pelas empresas. Essa situação fará o preço subir. - Excesso de oferta: o preço do bem está acima do preço de equilíbrio, ou seja, a quantidade ofertada do bem é maior do que os consumidores desejam consumir desse bem. * A alteração do equilíbrio ocorre quando há um deslocamento da curva de demanda ou de oferta. 24 7.3.1 OS DESLOCAMENTOS DA CURVA DE OFERTA O mercado representa uma interação entre consumidores e produtores, onde os vendedores respondem à vontade dos consumidores. A finalidade da curva de oferta é mostrar de que maneira a quantidade ofertada muda em resposta ao preço, e apenas em resposta ao preço. Aqui novamente aparece a hipótese ceteris paribus. p q 7.3.2 VARIÁVEIS RESPONSÁVEIS PELO DESLOCAMENTO DA OFERTA 1.O custo de insumos: quando o preço de fertilizantes sobe, os agricultores estarão menos dispostos a produzir milho ao mesmo preço. A curva de oferta se deslocará à esquerda. 2.A tecnologia: Com uma melhoria importante na tecnologia, o custo de produção diminuirá. Com um custo menor por unidade, os produtores estarão dispostos a produzir mais, a qualquer preço. A curva de oferta se deslocará para a direita. 3.Condições climáticas: este fator é especialmente importante para a produção agrícola. 4.Os preços dos bens relacionados: da mesma maneira que os bens podem ser substitutos ou complementares, no consumo, também podem ser na produção. Ex. 1: o milho e a soja, são substitutos na produção. Um aumento no preço do milho, os agricultores reduzirão o plantio de soja e aumentarão o de milho. 25 Ex. 2: Carne e couro são complementares, ou produtos conjuntos. Quando o abate de gado aumenta em resposta a uma demanda maior de carne, a produção de couro aumenta. 7.4 INCIDÊNCIA DE IMPOSTOS SOBRE A FORMAÇÃO DOS PREÇOS E A ALTERAÇÃO NO EQUILÍBRIO DE MERCADO 1.Fixação de preços mínimos Tem por objetivo proteger o produtor, geralmente agrícola, das flutuações de mercado. As altas e baixas nas safras contribuem para aumentar e diminuir a oferta de bens agrícolas. Para evitar um grande prejuízo aos produtores o governo fixa um preço mínimo, garantindo uma renda mínima aos produtores. Esse caso revela duas situações: a)Preço de equilíbrio de mercado superior ao preço mínimo; b)Preço de mercado inferior ao preço mínimo. Nesse caso o governo deverá intervir no mercado comprando o excedente da oferta ao preço Pm ou através de subsídios, permitindo a queda dos preços e amenizando o prejuízo com subsídios aos produtores. 2.Controle de preços Tem por objetivo a defesa do consumidor. Quando o preço de uma mercadoria está muito alto no mercado o governo intervém estabelecendo o preço máximo de venda, sendo este preço inferior ao preço de equilíbrio. A fixação do preço leva a um excesso de demanda. Se a oferta não atende demanda, surgem artifícios, tais como: filas, vendas por “debaixo dos panos”, mercado negro, entre outros. 26 3.Impostos sobre as vendas Imposto específico: recai sobre a unidade vendida. Como consequência desloca a curva de oferta para a esquerda (a oferta depende do preço que o produtor recebe efetivamente e não do preço de mercado), elevando o preço da mercadoria e reduzindo a quantidade de equilíbrio. Imposto ad valorem: recai sobre o valor da venda. O preço recebido pelo produtor representa uma parcela do preço de mercado. Com a incidência do imposto o preço aumentará e a quantidade consumida reduzirá. 8. ELASTICIDADE Elasticidade significa “sensibilidade”. Elasticidade é uma medida de resposta, que compara a mudança percentual em uma variável dependente (y) devido a uma mudança percentual em uma variável explicativa (x). Quando a demanda ou a oferta de um bem é elástica ou inelástica em relação a uma determinada variável, significa que os consumidores ou produtores do bem são sensíveis ou insensíveis a alterações nessa variável. Demanda elástica: pequena alteração no preço causa uma grande mudança na quantidade demandada. (sensível) Demanda inelástica: grande alteração no preço causa uma pequena mudança na quantidade demandada. (insensível) Elasticidade-preço da demanda mede a sensibilidade da quantidade demandada de um bem em resposta as variações de preço deste bem. Elasticidade-preço da oferta mede a variação da quantidade ofertada de um bem decorrente de uma variação no preço desse bem. 27 Oferta grande elástica: pequena variação variação no preço causa na quantidade ofertada. Oferta inelástica: grande variação no preço tem como resposta pouca variação na quantidade ofertada. 8.1 ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA é a variação percentual da quantidade demandada do bem x, para cada unidade de variação percentual do preço do bem x. Ed = Variação%Q Variação%P Ed = Ed = ∆Q/Q ∆P/P Q2 - Q1/Q1 P2 - P1/P1 Obs.: ∆Q = Q2 – Q1 ∆P = P2 – P1 de acordo com a Lei da Demanda a relação entre preço e quantidade é inversa, assim o coeficiente elasticidade-preço é sempre negativo. 8.1.1 ELASTICIDADE-PREÇO NO PONTO EdAB = ∆%Q ∆%P EdAB = ∆Q/Q ∆P/P EdAB = Qd2 - Qd1/Qd1 P2 - P1/P1 28 EdBA = Qd1 – Qd2/Qd2 P1 – P2/P2 No cálculo de elasticidade do ponto A (1) para o B (2), o Q2 corresponde a quantidade no ponto B e o Q1 a quantidade no ponto A (e vice-versa para o ponto BA). O P2 corresponde ao preço no ponto B e o P1 ao valor do preço no ponto A (e vice-versa para o ponto BA). 8.1.2 ELASTICIDADE-PREÇO NO ARCO Ed = VariaçãoQ Soma das Quantidades/2 VariaçãoP Soma dos Preços/2 Ed = Ed = %Qd %P Qd Qd1 + Qd2 2 P P1 + P2 2 8.2 DEFINIÇÕES Em valor absoluto a elasticidade varia de 0 (zero) à infinito (∞). 8.2.1 TIPOS 1.Elástica: || > 1 29 O valor numérico da elasticidade é maior que a unidade, isto é, se a variação na quantidade é percentualmente maior que no preço. 2.Inelástica: || < 1 O valor numérico da elasticidade é menor que a unidade, isto é, se a variação na quantidade é percentualmente menor que a variação do preço. 3.Unitária: || = 1 A variação percentual do preço produz uma variação percentual da quantidade, iguais. p p q q Demanda elástica Demanda inelástica 8.2.2 SITUAÇÕES ESPECIAIS 1º Caso: Demanda com coeficiente de elasticidade-preço igual a zero: demanda perfeitamente elástica ou anelástica (E = 0). *a quantidade demandada não varia, embora o preço possa variar p q 30 2º Caso: O coeficiente tende ao infinito (n =∞): demanda perfeitamente elástica ou infinitamente elástica. *a quantidade demandada varia livremente sem que haja variação no preço. p q 8.2.3 ELASTICIDADE-RENDA DA DEMANDA: expressa a variação percentual da quantidade demandada resultante de uma variação percentual da renda disponível do consumidor. ERd = ∆%Q ∆%R ERd = ERd = ∆Q/Q ∆R/R ∆Q ∆R . R Q 1. Rd > 1: variação da demanda é proporcionalmente maior que a variação da renda. Ex.: bens de luxo 2.Rd = 1: variação da demanda é igual a variação da renda. 31 3.Rd < 1: variação da demanda é proporcionalmente menor que a variação da renda. Ex. bens de consumo básico EM RELAÇÃO AO PREÇO a)Bens substitutos ou concorrentes: o consumo de um bem substitui o consumo do outro. - ∆Q/∆P > 0 - sinal do coeficiente é + b)Bens complementares: são bens consumidos em conjunto. - ∆Q/∆P < 0 - sinal do coeficiente é – EM RELAÇÃO A RENDA a)Bem normal: aumentos da renda levam ao aumento da demanda do bem. - ∆Q/∆R > 0 - sinal do coeficiente R é + b)Bem inferior: aumentos de renda levam a quedas na demanda do bem. - ∆Q/∆R < 0 - sinal do coeficiente R é – c)Bem de consumo saciado: se aumentar a renda do consumidor, não aumentará a demanda do bem. - ∆Q/∆R = 0 8.2.4 ELASTICIDADE-PREÇO CRUZADA DA DEMANDA: indica a variação da quantidade demandada do bem x em decorrência da variação do preço do bem y, que mantém com x uma relação de complementaridade ou de substituição. x,y = Var.% Qx/Var.% Py = ∆Qx/Qx / ∆Py/Py = Py/Qx . ∆Qx/∆Py 32 *quando os bens forem substitutos o sinal do coeficiente será positivo (+ x,y) *quando o sinal do coeficiente for negativo, a relação entre os bens é de complementaridade (- x,y) *quando o coeficiente for nulo, os bens são independentes, não existe entre eles nenhuma relação de complementaridade ou substituição. 8.2.5 ELASTICIDADE-PREÇO DA OFERTA: é a variação percentual da quantidade ofertada em decorrência de uma variação percentual dos preços. o = Var.% Q/ Var.% P = ∆Q/Q /∆P/P = ∆Q/∆P . P/Q *Derivado da Lei da Oferta o coeficiente da elasticidade-preço da oferta é sempre positivo. 8.3 DETERMINANTES DA ELASTICIDADE-PREÇO DA DEMANDA 1. Disponibilidade imediata de substitutos adequados para o bem: quanto maior for o número de substitutos e mais próxima a possibilidade de substituição, maior o coeficiente de elasticidade-preço da demanda (demanda mais elástica). 2. Proporção da renda gasta com o bem: quando o gasto com um bem tem uma alta participação percentual na renda do consumidor, o consumidor rapidamente reduzirá seus gastos com esse bem. A quantidade demandada diminuirá numa proporção maior do que a variação do preço (demanda elástica). 3. Complementaridade entre bens 4. Influências da durabilidade dos bens duráveis e semi-duráveis tendem a ter demanda elástica; bens não duráveis a demanda tende a ser inelástica. 5. Influências da duração do período de tempo: a demanda por bens tende a ser mais elástica a longo prazo do que a curto prazo. 8.4 ELASTICIDADE-PREÇO E RECEITA 33 Receita é o que a empresa obtém vendendo um produto, representada pelo preço multiplicado pela quantidade. R=P.Q Se o preço sobe 1%, a receita vai aumentar ou diminuir dependendo da queda na quantidade demandada. Assim, se a Qd diminuir mais e 1% a receita total cai; se a Qd diminui menos de 1% a receita cresce. A elasticidade no intervalo entre 0 e 1 significa que um aumento de preços levará a um aumento da receita e uma queda de preços fará cair a receita. 9. TEORIA DA PRODUÇÃO A teoria da produção trata das relações tecnológicas e físicas entre a quantidade produzida e as quantidades de insumos utilizadas na produção. Produção é o processo pelo qual uma firma transforma os fatores de produção adquiridos em produtos ou serviços para a venda no mercado. Inputs Outputs FIRMA Fatores de produção Mercado É preciso diferenciar a função oferta da função produção. Função oferta: conceito econômico (produção; preços dos fatores produtivos-insumos). 34 Função produção: conceito “físico” ou “tecnológico” (quantidades físicas e fatores de produção). Escolha da Eficiência - Técnica (tecnologia) – produção com menos quantidade física de fatores de produção. - Econômica – produção com menos custos. 9.1 FUNÇÃO DE PRODUÇÃO É a relação técnica entre a quantidade física de fatores de produção e a quantidade física do produto em determinado período de tempo. Q = f (W, K, T) Curto prazo: período no qual existe pelo menos um fator de produção fixo. Longo prazo: todos os fatores variam. Fatores fixos: permanecem inalterados quando a produção varia. Fatores variáveis: se alteram com a variação da quantidade produzida. 9.1.2 ANÁLISE DE CURTO PRAZO Supondo mão-de-obra (variável) e capital (fixo) Q = f (W) 9.1.3 PRODUTO TOTAL, PRODUTIVIDADE MÉDIA E MARGINAL Produto Total (PT): é a quantidade total produzida em determinado período de tempo. PT = q A) PRODUTIVIDADE MÉDIA É a relação entre o nível de produto e a quantidade do fator de produção em determinado período de tempo. 35 PmeW = PT/W (produto por trabalhador) PmeK = PT/K B) PRODUTIVIDADE MARGINAL É a variação do produto, dada uma variação de uma quantidade do fator de produção, em determinado período de tempo. PmgW = ∆PT/∆W PmgK = ∆PT/∆K LEI DOS REDIMENTOS DECRESCENTES “Ao aumentar o fator variável (W), sendo dada a quantidade de um fator fixo, a Pmg do fator variável cresce até certo ponto e, a partir daí decresce, até tornar-se negativa.” Descreve a taxa de mudança na produção de uma firma quando se varia a quantidade de apenas um fator de produção. 9.1.4 PRODUÇÃO A LONGO PRAZO Todos os fatores de produção variam. Q = f (W, K) *No longo prazo desaparece a lei do produto marginal decrescente (insumos fixos) quando todos os insumos variam a firma aumentou sua escala. 36 Produto Produto Total L Produto Pme L 37 Pmg 9.1.5 ISOQUANTAS DE PRODUÇÃO Linha na qual todos os pontos representam infinitas combinações de fatores, que indicam a mesma quantidade produzida. X1 X2 X1 e X2 – são combinações de fatores Um conjunto de isoquantas, cada qual mostrando um nível de produção representa um mapa de isoquantas de produção. a escolha de uma isoquanta dependerá dos custos de produção e da demanda pelo produto. X1 X2 38 10. ESTÁGIO DE PRODUÇÃO Quando na função de produção, são combinados diversos fatores variáveis, com pelo menos um fator fixo, as relações entre o comportamento do produto e a utilização do fator variável caracterizam setores da atividade produtiva da empresa. A) ESTÁGIO I -PMg > PMe, PMg crescente -PT elástico (aumenta proporcionalmente mais do que o aumento da utilização do fator variável -Na fronteira entre o estágio I e II o PMe é máximo e PMe = PMg -Combinação de fatores que maximiza a eficiência do fator variável -PT tem elasticidade unitária (aumenta na mesma proporção do aumento da utilização do fator variável) - o que o trabalhador adicional acrescenta ao produto total é superior à média – é vantajoso acrescentar trabalhadores B) ESTÁGIO II (BC) -inicia onde o PMe = Pmg e termina onde PMg=0 -B maximiza o fator variável -Pmg é decrescente -PMg < PMe -PT inelástico (aumenta em uma proporção menor do que o aumento da utilização do fator variável) -Na fronteira entre o estágio II e III o PT é máximo e o PMg = 0 (o trabalhador adicional nada acrescenta ao PT) -Elasticidade = 0, o PT não responde a nenhuma variação da utilização do fator variável -o que o trabalhador adicional acrescenta ao produto total é inferior a média , ainda é vantajoso acrescentar trabalhadores porque o PT cresce C) ESTÁGIO III -PT decrescente 39 -PMe é decrescente e PMg é negativo -Elasticidade negativa (E < 0) – qualquer aumento da utilização do fator variável em qualquer proporção, fará com que o PT diminua -Estágio de produção inviável -A viabilidade de produção encontra-se no estágio II no intervalo onde o PMe = PMg e termina quando o PMg = 0 -o emprego de uma unidade a mais do fator variável reduzirá a produção total Fonte: Carvalho, 2000 10.1 PRODUÇÃO ÓTIMA 40 -depende dos objetivos de curto-prazo -minimizar custo -maximizar lucro As quantidades que a firma produzirá com eficiência dependerá do: -preço do produto -custos de produção A produção será maior quando, os preços forem altos para o seu produto, e os custos (preços dos insumos) forem menores. 11. CUSTOS DE PRODUÇÃO A) CUSTOS DE OPORTUNIDADE: é o custo que não envolve desembolso monetário. Chamado também de custo implícito. B) CUSTOS CONTÁBEIS: é o custo que envolve desembolso monetário. Chamado também de custo explícito. 11.1 EXTERNALIDADES OU ECONOMIAS EXTERNAS Representa a diferença entre a ótica privada e social. Avaliação privada: avaliação financeira, específica da empresa; Avaliação social: custos (e benefícios) para a sociedade, derivados da atividade produtiva. A externalidade é definida como sendo alterações de custos (e benefícios) para a sociedade, derivadas da produção da empresa, ou alterações de custos e receitas da empresa, derivadas de fatores externos. Classifica-se em externalidade positiva (benefício) e negativa (custo). 11.2 CUSTOS DE CURTO PRAZO Custo variável total (CVT): varia de acordo com a variação da produção. CVT = f (q) 41 Custo Fixo Total (CFT): parcela do custo que é fixa, mesmo que a produção varie. Custo Total (CT) = CVT + CFT 11.2.1 CUSTOS POR UNIDADE DE PRODUÇÃO Custo Total Médio (Cme ou CTMe) = CT / q Custo Variável Médio (CVMe) = CVT / q Custo Fixo Médio = CFT / q CTME = CVME + CFME Custo Marginal: refere-se a variações de custo, quando varia a produção. É o custo de se produzir uma unidade adicional do produto. CMg = ∆CT / ∆q ∆CFT = 0 CMg = ∆CVT / ∆q 42 Fonte: Vasconcellos, 2002 11.2.2 CUSTOS A LONGO PRAZO - horizonte de planejamento - sequência de situações de curto prazo - elenco de possibilidades de produção a curto prazo CONSIDERAÇÕES SOBRE O GRÁFICO DE CUSTO MÉDIO DE LONGO PRAZO “Curva envoltório ou curva de planejamento de custo de curto prazo” Mostra o menor custo unitário (Cme) para produzir, a cada tamanho da planta da empresa. As curvas de Cme de curto e longo prazos tem formato de U, em virtude da lei dos rendimentos decrescentes, que se traduz por custos crescentes após determinado nível de produção. No mesmo sentido, quando os CMe e CMg de um fator são decrescentes, tem-se que a produtividade média e marginal desse fator será crescente e vice-versa. 43 Assim, se estabelece uma relação inversa entre custos médios e marginais de um dado fator e suas produtividades média e marginal. Escala ótima da empresa: pela ótica dos custos é o ponto de onde o custo médio de longo prazo é mínimo. 11.2.3 ECONOMIAS DE ESCALA a)Economias de Escala (ou rendimentos crescentes a escala) Se todos os fatores de produção crescerem numa mesma proporção, a produção cresce numa proporção maior. -custo total médio cai quando o produto aumenta; -um aumento de todos os insumos leva a um aumento mais do que proporcional do produto; -resulta em menos insumos por unidade produzida e menor CTMe; -ocorrem devido a especialização e a melhor utilização de equipamentos de produção. R$ CTMe Q b)Deseconomias de escala (ou rendimentos decrescentes de escala) Ocorre quando todos os fatores de produção crescem numa mesma proporção, e a produção cresce numa proporção menor. -CTMe aumenta quando o produto aumenta -um aumento em todos os insumos leva a um aumento menos do que proporcional no produto; 44 -resultam de problemas e aumento de custos associados à grandes estruturas burocráticas. R$ CTMe Q c)Rendimentos constantes de escala Se todos os fatores crescem em dada proporção, a produção cresce na mesma proporção. As produtividades médias dos fatores de produção permanecem constante. -CTMe inalterado quando o produto varia; -um aumento de todos os insumos leva a um aumento proporcional do produto. R$ CTMe Q 45 Cme Economias de Escala Deseconomias de Escala Rendimentos Constantes de escala Q 11.2.4 BREAK-EVEN POINT (Ponto de equilíbrio) É o ponto de equilíbrio da firma. Define-se como o nível de produção e vendas em que todos os custos fixos e variáveis são cobertos pela receita, isto é, o ponto em que o lucro é igual a zero. Nível mínimo de produção e vendas em que a firma pode funcionar, sem prejuízos. RT/CT RT Lucro Prejuízo CT Q 46 12. ESTRUTURAS DE MERCADO MERCADO: Entende-se por mercado um local ou contexto em que compradores (que compõem o lado da demanda) e vendedores (que compõem o lado da oferta) de bens, serviços ou recursos, estabelecem contatos e realizam transações. 12.1 VARIÁVEIS CONDICIONANTES DAS ESTRUTURAS DE MERCADO: -número de empresas -tipo de produto -barreiras ao acesso 12.2 CLASSIFICAÇÃO DAS ESTRUTURAS NO MERCADO DE BENS E SERVIÇOS -Concorrência perfeita -Monopólio -Oligopólio -Concorrência monopolística (ou imperfeita) 12.3 OBJETIVO DA FIRMA - maximizar lucros - maximizar mark-up (margem sobre os custos diretos)3 Para maximizar os lucros da firma, tem-se: Receita Marginal (Rmg) = Custo Marginal (CMg) ou ∆RT/∆Q = ∆CT/∆Q A) CONCORRÊNCIA PERFEITA - mercado atomizado4 -grande número de vendedores e compradores 3 Maximização do mark-up (margem sobre os custos diretos): preço seria determinado fundamentalmente a partir dos custos da empresa dada a dificuldade de prever as receitas.Aplicável a estruturas de mercado concentradas em grandes empresas (monopolistas ou oligopolistas), com poder de barganha na formação de seu preço. 4 “átomo” (infinitos vendedores e infinitos compradores) 47 -preço fixado pelo mercado -produtos homogêneos -não existem barreiras ao acesso de novas firmas -transparência de mercado -lucros normais -Ex.: hortifrutigranjeiros A firma individual é incapaz de alterar o preço do produto, assim a curva de demanda é perfeitamente elástica, a empresa só fixa a quantidade a ser vendida, pois o preço é fixado pelo mercado. Para maximizar o lucro na concorrência perfeita: a)o preço do produto deverá ser igual ou superior ao custo variável médio (p ≥ CVM) b) o custo marginal deverá ser igual a receita marginal (CMg = RMg) A curva de oferta do setor será a soma das curvas de oferta de todas as firmas no setor. O preço de equilíbrio diminui, com a entrada de novas firmas no setor, assim só as firmas que produzem com CMe < p, vão sobreviver. A saída de firmas menos eficientes para a entrada de novas, mais eficientes, deslocou o preço para baixo, até o ponto em que, as firmas que tiverem custos mais baixos permanecerão atuantes; no equilíbrio de longo prazo o CMe = CMe mínimo, em todas as firmas. B) MONOPÓLIO -único produtor -demanda da firma=demanda de mercado -Rme=demanda de mercado -produto sem substitutos próximos -lucro máximo-Rmg=Cmg -a empresa determina o preço -existem barreiras ao acesso de novas firmas 48 -lucros extraordinários -Ex.: Microsoft, Petrobrás Para existir monopólio algumas condições devem ser satisfeitas: -monopólio puro (alta escala de produção; grandes investimentos) -patentes (direito de fabricação exclusiva durante um período de tempo) -controle de matérias-primas -proteção oferecida por leis governamentais Mercado de medicamentos – quando uma empresa descobre um novo medicamento, as leis de patente lhe concedem um monopólio sobre a venda do medicamento em questão. Mas, com o tempo a patente acaba por expirar e, a partir daí, qualquer empresa pode fabricar e vender o medicamento. Neste momento o mercado deixa de ser monopolista e passa a ser competitivo. No monopólio como existe um único produtor, a oferta da firma e a oferta do setor e a demanda da firma é a demanda do setor. A curva de RMe da firma monopolista é a curva de demanda de mercado. A RT atinge o máximo no ponto em que RMg = 0, e o ponto de lucro máximo é onde a RT é máxima. EQUILÍBRIO NO MONOPÓLIO Se o monopólio não exerce nenhuma influência no preço dos fatores de produção, o monopolista ajusta seu nível de produção até o ponto em que a RMg = CMg (lucro máximo). Se os incrementos na receita marginal forem maiores que os incrementos no custo marginal, ocorre um aumento dos lucros. OBS.: *p é determinado pela curva de demanda *o lucro é determinado pelo preço e custo médio *RT = CT (prejuízo na firma monopolista) 49 No monopólio a firma é única e só se mantém se conseguir impedir a entrada de outras firmas no mercado. Os fatores que mantém o monopólio, são: a dimensão reduzida do mercado; a existência de patentes; proteção de leis governamentais e controle das fontes de matériasprimas. O monopólio apresenta lucro extraordinário que é o resultado dos fatores que criaram a situação de monopólio e que permitem ao monopolista auferir lucro acima do lucro normal. C) OLIGOPÓLIO Oligopólio concentrado: pequeno número de empresas no setor. Ex. Ind. Automobilística Oligopólio competitivo: pequeno número de empresas dominando um setor, com muitas empresas. Ex. Nestlé, Brahma, Carrefour CARACTERÍSTICAS -existência de empresas dominantes -produtos substitutos próximos (diferenciados: Ex.automóveis; ou homogêneos: Ex.alumínio e cimento) -decisões sobre preço e produção são interdependente -poder de fixar o preço -existência de barreiras à entrada de novas firmas -lucros extraordinários no longo prazo FORMA DE ATUAÇÃO DO OLIGOPÓLIO: -concorrência entre si, via guerra de preços ou de promoções (pouco frequente) -Cartéis (trustes, conluios)5 D) CONCORRÊNCIA MONOPOLÍSTICA -grande número de vendedores 5 Cartel é uma organização (formal ou informal) de produtores dentro do setor, que determina a política para todas as empresas do cartel. O cartel fixa preços e a repartição (cota) do mercado entre empresas. 50 -produtos diferenciados, embora substitutos próximos -cada firma tem determinado poder sobre a fixação dos preços -não existem barreiras ao acesso de novas firmas -lucros normais Exs.: médicos, dentistas E) MONOPSÔSIO – muitos vendedores e um único comprador F) OLIGOPSÔNIO – poucos compradores que dominam o mercado e muitos vendedores G) MONOPÓLIO BILATERAL – defrontam-se monopolista (único vendedor) e o monopsonista (único comprador) 51