. Sumário A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL .................................................................................................................... 2 SESSÃO LEITURA ........................................................................................................................................................ 8 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ........................................................................................................................................... 8 PINTOU NO ENEM: ..................................................................................................................................................... 10 EXERCÍCIO COMENTADO: ........................................................................................................................................ 11 O PRIMEIRO REINADO (1822 – 1831) .......................................................................................................... 12 SESSÃO LEITURA ...................................................................................................................................................... 16 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 16 PINTOU NO ENEM....................................................................................................................................................... 18 EXERCÍCIO COMENTADO .......................................................................................................................................... 19 O PERÍODO REGENCIAL (1831-1840) ......................................................................................................... 19 SESSÃO LEITURA ...................................................................................................................................................... 24 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 26 EXERCÍCIO COMENTADO .......................................................................................................................................... 28 O SEGUNDO REINADO (1840 – 1889) .......................................................................................................... 28 SESSÃO LEITURA ...................................................................................................................................................... 38 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 39 PINTOU NO ENEM....................................................................................................................................................... 40 EXERCÍCIO COMENTADO .......................................................................................................................................... 44 FIM DO IMPÉRIO E A CONSTRUÇÃO DO ESTADO REPUBLICANO BRASILEIRO................................. 45 SESSÃO LEITURA ...................................................................................................................................................... 50 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: ....................................................................................................................................... 61 PINTOU NO ENEM: ..................................................................................................................................................... 61 EXERCÍCIO COMENTADO: ........................................................................................................................................ 64 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (1914-1918) ............................................................................................ 65 SESSÃO LEITURA: ..................................................................................................................................................... 68 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: ....................................................................................................................................... 68 PINTOU NO ENEM: ..................................................................................................................................................... 69 EXERCÍCIO COMENTADO .......................................................................................................................................... 70 A REVOLUÇÃO RUSSA (1917) ..................................................................................................................... 71 SESSÃO LEITURA: ..................................................................................................................................................... 74 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: ....................................................................................................................................... 75 PINTOU NO ENEM: ..................................................................................................................................................... 76 EXERCÍCIO COMENTADO .......................................................................................................................................... 76 A CRISE DE 1929 ........................................................................................................................................... 77 SESSÃO LEITURA ...................................................................................................................................................... 78 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: ....................................................................................................................................... 79 PINTOU NO ENEM: ..................................................................................................................................................... 79 EXERCÍCIO COMENTADO .......................................................................................................................................... 80 ERA VARGAS: ................................................................................................................................................ 81 SESSÃO LEITURA ...................................................................................................................................................... 84 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: ....................................................................................................................................... 88 PINTOU NO ENEM: ..................................................................................................................................................... 88 EXERCÍCIO COMENTADO .......................................................................................................................................... 92 OS REGIMES TOTALITÁRIOS: ..................................................................................................................... 93 SESSÃO LEITURA ...................................................................................................................................................... 93 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: ....................................................................................................................................... 96 PINTOU NO ENEM: ..................................................................................................................................................... 97 A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1945-1949) ............................................................................................ 98 SESSÃO LEITURA .................................................................................................................................................... 102 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: ..................................................................................................................................... 102 PINTOU NO ENEM: ................................................................................................................................................... 105 OS GOVERNOS DESENVOLVIMENTISTAS (1946/1964) .......................................................................... 106 SESSÃO LEITURA .................................................................................................................................................... 110 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: ..................................................................................................................................... 114 PINTOU NO ENEM: ................................................................................................................................................... 114 EXERCÍCIO COMENTADO ........................................................................................................................................ 116 O REGIME MILITAR ..................................................................................................................................... 117 SESSÃO LEITURA .................................................................................................................................................... 119 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: ..................................................................................................................................... 126 PINTOU NO ENEM: ................................................................................................................................................... 126 EXERCÍCIO COMENTADO ........................................................................................................................................ 127 A NOVA REPÚBLICA ................................................................................................................................... 128 SESSÃO LEITURA .................................................................................................................................................... 132 EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO ......................................................................................................................................... 135 PINTOU NO ENEM: ................................................................................................................................................... 135 EXERCÍCIO COMENTADO ........................................................................................................................................ 136 Referências Bibliográficas:...................................................................................................................................... 137 2 CAPÍTULO 01 unidade territorial do Império e garantir a proteção da colônia que naquele período era o grande alicerce econômico do Império Português: o Brasil. A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL O PERÍODO JOANINO (1808 – 1821) Os conflitos existentes no continente europeu, iniciados com a Revolução Francesa trarão consequências de valores inestimáveis para o Brasil. Além da importância da Revolução para as rebeliões no Brasil Colônia, como já notamos anteriormente, o movimento acabou por dar as bases da ascensão de Napoleão Bonaparte ao trono francês. Este momento reflete o fim das inconstâncias sociais do movimento revolucionário e o início da expansão imperialista francesa pela Europa. A busca por novos mercados acabou por fortalecer o estado economicamente e militarmente e o colocou numa situação de concorrência com sua maior rival: a Inglaterra. Na tentativa de conquista do império britânico, Napoleão acabou por fracassar na alternativa naval, e o imperador francês então optou pela via comercial. Neste quadro, em 1806 Napoleão assina com a maioria dos países europeus o “Bloqueio Continental”. Este tratado firmava a proibição dos países a comercializarem com os ingleses, sob pena de invasão de seus territórios pelos exércitos napoleônicos. Diante deste quadro, os lusitanos ganham importância primordial, uma vez que manteve por longos anos acordos comercias com os ingleses, necessitava das manufaturas britânicas e poderia sofrer retaliações dos mesmos. No entanto, caso não obedecesse a instrução francesa, teria o seu território tomado pelos franceses. Após as várias oscilações por parte de D. João VI – dúvidas essas derivadas das diferentes pressões que sofria dentro do aparelho estatal, uma vez que dentro deste havia uma linha que defendia o aceite ao bloqueio e outra que não queria o rompimento com os antigos parceiros – o exército francês acabou por invadir as terras lusitanas. Desde o momento da decretação do Bloqueio os ingleses vinham pressionando o reino português a transferir sua corte para terras brasileiras, uma vez que estas neste momento compunham a parte mais preciosa do reino português, e com a invasão, não restou outro caminho ao rei, senão a transferência do aparelho estatal para a América do Sul. Com isso, em 29 de Novembro de 1807 desembarcava no Brasil 36 navios, escoltados por navios britânicos. Parte da elite portuguesa acreditava que esta vinda para o Brasil não passava de uma passageira retirada estratégica, um plano de emergência para assegurar a Reflexos dos Portugueses Reais em Terra Tupiniquim A família real no Brasil, com toda sua corte acabou trouxe alterações nos diferentes campos coloniais. Muitos historiados, mais voltados a vertente economicista garantem que a independência ocorre em 1808 e não em 1822, face que neste momento o rei passa a fazer decretos que visam não mais Portugal e sim o Brasil e suas necessidades. Dentre estas varas mudanças ocorridas no período, temos como destaque as seguintes: Decreto de Abertura dos Portos as Nações Amigas (ainda em 1808), que pregava que as nações que mantivessem relações amistosas com Portugal poderiam vender seus produtos no Brasil, neste momento somente a Inglaterra. Por menos impactante que pareça, este ato de abertura dos portos trouxe fim ao monopólio português sobre o comércio com sua colônia, e, portanto, trouxe fim à ideia do Pacto Colonial entre o Brasil e Portugal. A partir daí, os tempos que viriam seriam de mudanças. Alvará de 1° de Abril de 1808 assinado por D. João VI que permitia agora a instalação de manufaturas em território brasileiro, revogando assim o Alvará de 1785 assinado por sua mãe D. Maria I que, por sua vez, proibia a instalação destas manufaturas no Brasil. O Alvará de 1785 havia sido assinado em uma tentativa de proteger as primeiras indústrias que começavam a se formar em Portugal e também como uma forma de perpetuar a ideia do Pacto Colonial onde o papel da colônia seria estritamente de fornecer a matéria prima e não a manufatura para que não houvesse concorrência com a metrópole. Uma ressalva importante porém se faz necessária: O fato do Alvará de 1° de Abril ter sido emitido não 3 significa que a partir daqui o Brasil começou a se industrializar, pelo contrário, nenhum efeito imediato será sentido na colônia, apenas há uma diferença jurídica quanto a permissão ou não de manufaturas poderem ser instaladas aqui. Invasão da Guiana Francesa (1808 – 1817): Uma vez que estava em guerra declarada contra a França, D. João VI precisaria mostrar força perante as demais nações europeias, perante seus colonos e perante até mesmo os seus bravos soldados que ficaram em Portugal para defender o território de Napoleão e para que a retirada estratégica da família real para o Brasil não fosse minimizada e transformada em uma tentativa de fuga, o monarca decide então tomar da França a Guiana Francesa que se encontrava desprotegida naquele momento e assim levantar uma aparente impressão de resistência às forças napoleônicas. O território só foi devolvido à França depois do Congresso de Viena em 1815 quando ficou definido que os territórios modificados durante o período napoleônico seriam todos devolvidos às suas respectivas nações soberanas. Tratados de Comércio e Navegação (1810): Este foi um tratado assinado por D. João VI como uma forma de reforçar a aliança estabelecida com o Reino Unido uma vez que a partir dele, a alíquota de impostos dos produtos ingleses que seriam taxados ao entrarem no Brasil foi acertada em meros 15% do valor do produto ao passo que os próprios produtos Portugueses encontravam-se taxados em 16%. Os produtos das demais nações amigas entrariam com uma margem de 24%. Desta forma, após a assinatura deste tratado tornou-se mais vantajoso para os comerciantes brasileiros comprarem seus produtos vindos da Inglaterra do que do próprio Portugal que em teoria ainda seria a metrópole brasileira. Ocupação da Província Cisplatina ou Banda Oriental do Rio da Prata (1811 – 1828): Um segundo movimento militar foi comandado pelo monarca D. João VI poucos anos depois de sua chegada ao Brasil tendo ele sido relacionado à necessidade que a nação se encontrava de conseguir controlar uma das saídas da extensa e lucrativa rota comercial do Rio da Prata para o mar, o que era fruto do desejo de Portugal já de alguns anos antes da própria vinda da família real. A província foi conquistada a princípio em 1811, porém, sempre foi um território de grande disputa entre elites locais e o poder central de D. João VI. O território chegou a ser efetivamente anexado em 1823 se incorporando ao Império do Brasil, porém, grupos de caudilhos descontentes com os interesses dos brasileiros e buscando atender aos próprios se mantiveram em constante guerrilha até a independência conquistada em 1828 desanexando de uma vez por todas o território do Brasil. Urbanização do Rio de Janeiro Naturalmente, porém, todas estas transformações necessárias ao Rio de Janeiro para transformá-la em capital de um Império tão acostumado com os luxos trazidos por um século de exploração aurífera precisariam de uma grande quantidade de moedas para serem custeadas e como era de se imaginar, foi através do aumento de impostos sobre os colonos que este dinheiro foi arrecadado. Com a transferência da corte, o Brasil passa a ser sede do reino. Assim, nada mais natural do que mudanças administrativas para melhoria e desenvolvimento dos diferentes setores econômicos. Foram criados três ministérios: Guerra e Estrangeiros, Marinha e Fazenda e interior. Promoveu a Junta de Comércio e a Casa de Suplicação, alterou a administração das capitanias que agora passam a ser províncias e criou novas. Com o objetivo de participar da administração estatal, vários brasileiros compraram títulos de nobreza. Assim, acabamos por ter o desenvolvimento de uma elite social dentro do país, composta em sua maioria por proprietários de terra, que agora passam a se articular em busca dos interesses particulares de sua classe. Este momento é de importância significativa, uma vez que no momento do retorno do rei a Portugal é este o grupo que vai engendrar o movimento de independência. A sociedade brasileira assim sofreu profundas transformações, e a cidade que melhor denota tais mudanças é a cidade portuária do Rio de Janeiro, pois a transferência do eixo administrativo acabou por mudar a fisionomia, que agora passou a contar com uma certa vida cultural. Temos um maior acesso aos livros, uma maior circulação ideias, a criação do primeiro jornal em 1808, temos ainda teatros, bibliotecas, academias literárias e científicas, visando atender uma população urbana em rápida expansão, uma vez que a população praticamente dobrou. Essas 4 mudanças não podem ser confundidas com o liberalismo no plano das ideias, pois apesar das mudanças, a marca do absolutismo permaneceu, com a comissão de censura, que proibia a publicação de papéis contra o governo a religião e os bons costumes. As mudanças pelas quais passam a nova capital eram claramente controladas pelo governo e seus interesses. A situação tomaria um novo contorno a partir de 1815 quando Napoleão é enfim derrotado e a Europa se reúne no famoso Congresso de Viena para decidir sobre o futuro do velho continente após esta página da história. Elevação do Brasil ao posto de Reino Unido de Portugal e Algarves (1815): Quando o Congresso de Viena foi planejado para redefinir a situação europeia pós-napoleônica, ficou-se acertado que apenas as nações cujo as capitais fossem instaladas em território metropolitano poderiam participar do congresso. Tal formalidade poderia excluir Portugal de participar deste importante congresso e para que pudesse preencher este pré-requisito, D. João VI elevará oficialmente o Brasil à condição de Reino Unido de Portugal e Algarves e com isso, o estado de colônia foi efetivamente extinto, muito embora economicamente ele já tenha sido enfraquecido com a abertura dos portos em 1808. A partir desta decisão, parte da elite portuguesa, sobretudo aquela que havia permanecido em Portugal e resistido a invasão napoleônica passou a ficar descontente com as atitudes de D. João VI uma vez que a medida supostamente provisória de retirada estratégica para o Brasil se tornava cada vez mais permanente. O clamor desta elite era pelo retorno de D. João VI para Portugal para que os investimentos fossem novamente centralizados em território português e não brasileiro, atendendo assim às necessidades desta elite e, naturalmente, retornando a situação ao estado de ordem que estivera antes das invasões de Napoleão. Aclamação de D. João VI (1818): D. João VI apesar de estar no controle do Império Português carregava o título de Príncipe Regente e não efetivamente de Rei, uma vez que o trono ainda pertencia a sua mãe, D. Maria I que havia repassado ao seu filho os direitos de regência devido ao seu estado mental enfraquecido. Com a morte de sua mãe em 1816, iniciou-se uma disputa pela aclamação de D. João VI que deveria acontecer em Portugal segundo a tradição. D. João, porém, opta por ser aclamado aqui no Brasil como forma de assegurar sua popularidade na nova capital do Império e em uma tentativa de controlar os ânimos inflamados da Revolução Pernambucana contida no ano anterior. A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817 Neste período o nordeste passa por uma enorme seca, e consequentemente grande queda na taxa de exportação, com os senhores perdendo grande parte de seu lucro, e quase desaparecimento da cultura de subsistência, com aumento da miséria. Para deteriorar ainda mais a situação dos nordestinos, os impostos criados para sustentação da corte no Brasil, acabaram por gerar um grande quadro de descontentamento na população em geral. O ponto flagrante de descontentamento se dava quando ocorria a comparação do luxo da capital da corte com a miséria e dificuldades regionais. Este descontentamento nordestino era mais aguçado em Pernambuco, região que durante vários anos se consagrou como a região mais rica e promissora do Brasil, onde a vida luxuosa dos seus senhores não encontrava precedentes em todo território Nacional. No entanto, este quadro de profunda austeridade não se repetia, e a insatisfação popular acabou por fomentar um campo propício para a difusão de ideais liberais, através principalmente do Seminário de Olinda e por lojas Maçônicas. As reuniões nas casas de militares passaram a se tornar cada vez mais constantes, e contavam cada vez mais com a adesão de grandes senhores de engenho, comerciantes, padres e estudantes recém chegados da Europa, com todo o ideário revolucionário do continente. Por último, não podemos deixar de citar a presença cada vez mais notória de setores populares da população nordestina. Ampliando o grau de descontentamento, temos ainda a figura do Governador de Pernambuco, um gaúcho, de desregrada, que aumentava a ira dos nativos. O movimento eclode no momento em que o governador avisado do movimento manda prender o líder José Barros Lima. No entanto, o mesmo foge da prisão e este fato somado com a 5 deserção da grande maioria de brasileiros, animam os revolucionários. soldados Os revoltosos ganham em ímpeto, e em Março do mesmo ano, tomam a sede do governo e proclamam um governo republicano em Recife. No mesmo mês, a Paraíba instala sua república. O governo provisório tinha como principais objetivos: proclamação da república, abolição da maioria dos impostos e elaboração de uma constituição, documento este estabeleceria a liberdade religiosa e de imprensa, além da igualdade de todos perante a lei. Somente no quesito a respeito da escravidão os revoltosos abandonavam o ideal liberal, como meio de evitar o choque com os interesses dos senhores de engenho. Queriam a abolição, mas desde que essa não atrapalhasse a economia local e nem prejudicasse os donos de cativos. O governo não durou mais de um mês, já que logo em seguida as tropas portuguesas reprimiram o movimento de forma violenta, esmagando a república recém fundada. Os principais líderes do movimento foram executados. Era o governo lusitano tentando através do derramamento de sangue manter o seu poder em mais um episódio de dura repressão contra os movimentos separatistas, da mesma forma que aconteceu em Minas Gerais em 1789, e na Bahia em 1798. A Conjuração Pernambucana, porém, na verdade foi um dos sintomas de uma realidade que se mostrava por todo mundo pós independência norte americana e Revolução Francesa: a ascensão dos ideais liberais frente à um mundo ainda atado ao Antigo Regime e que estava cada vez mais ganhando força pelas ruas. A REVOLUÇÃO LIBERAL DO PORTO DE 1820 Desde a transferência da Corte para o Brasil, Portugal passava por uma situação no mínimo desconfortável: após a expulsão dos franceses de seu território, os lusos ficaram sob tutela dos ingleses. A posição de D. João, contribuía para a situação, uma vez que mesmo sem a presença francesa, o mesmo permanecia no Brasil. Além disso, as medidas liberais do governo no Brasil acabaram por prejudicar os comerciantes lusitanos, levando sua economia a uma situação delicada. Em 1818 foi fundada na cidade do Porto uma associação liberal inspirada na Revolução Francesa. Esta associação reuniu comerciantes, que saíram prejudicados com as medidas de abertura de comércio do rei no Brasil, padres e também militares. A revolução eclodiu quando em agosto de 1820, quando o general inglês que governava Portugal viajou ao Brasil, os rebeldes formaram uma Junta Provisória, e o movimento finalmente chegou a Lisboa tornando-se um movimento nacional. Os britânicos foram obrigados a se retirar, e convocou-se uma assembleia para elaboração de uma constituição. As notícias acerca do movimento chegaram ao Rio de Janeiro. A exigência do retorno do rei, para que este jurasse a constituição gerava duas alternativas: o retorno do próprio rei, ou a ida do príncipe Pedro, para que este acalmasse os ânimos revoltosos. Neste momento de dúvidas a revolução foi propagada ao Brasil, com a adesão do Pará, depois a Bahia, todos com o objetivo de obedecer a constituição portuguesa. Vale destacar que tal fato reflete os descontentamentos populares para com o governo do Rio de Janeiro e todos os seus impostos, além de que a viajem a Lisboa era menos desgastante do que ao Rio. D. João tentou enviar o Príncipe e membros do governo brasileiro para ajudar na elaboração da constituição, mais a guarnição militar do Rio, fiel as Cortes opôs-se a ideia. Com este quadro, de pressão popular, militar, além do risco de perder o controle no Nordeste, não restava outra saída ao Rei, a não ser retornar a Lisboa e jurar a constituição, nomeando D. Pedro, como príncipe regente do Brasil. Além do retorno do rei, foram eleitos deputados a serem enviados as cortes. Estes foram com a ideia ilusória de tentar manter a liberdade de comércio adquirida com os decretos reais assinados após a vinda da família real e que beneficiavam os colonos brasileiros. No entanto, as cortes aos poucos definiram sua linha de tentativa de recolonização (restauração do Pacto Colonial) do Brasil cogitando-se o seu rebaixamento novamente à condição de colônia. Dois fatos descontentavam os liberais: a autonomia do Brasil e a penetração inglesa. Tentou-se anular os privilégios concedidos aos ingleses, e buscou – se a subordinação dos governos provinciais a Lisboa. Temos assim o início de uma bipolarização política no Brasil: de um lado setores comerciais influentes de Portugal, que visavam o restabelecimento colonial, e de outros os proprietários de terra do Brasil, comerciantes brasileiros, empresas inglesas, beneficiados com a abertura comercial, e não admitiam a recolonização. No Brasil inteiro, a mobilização a respeito do tema se mostrava latente, e diante do desconforto da situação, existiram polarizações políticas que se dividiam em quatro frentes principais: 6 O Partido Português: Os portugueses que moravam no Brasil, formavam um contingente considerável. Entre eles temos comerciantes, militares e funcionários da Coroa, que apoiavam o movimento do Porto. Principalmente os comerciantes, prejudicados em seus ganhos com a liberalização da política joanina. O Partido Brasileiro (ou Liberais Moderados): Composto pela aristocracia rural, comerciantes e burocratas, em outras palavras, formado pela elite colonial. O grupo seria prejudicado de maneira veemente em caso de recolonização, mais também, pelo seu caráter conservador, não via com bons olhos a Independência naquele primeiro momento. O medo era de o movimento ganhar um caráter revolucionário, de participação popular, onde seus privilégios poderiam ser questionados e ameaçados. O objetivo era negociar com as Cortes, para que as partes não fossem prejudicadas e se evitaria a Independência. O líder: José Bonifácio de Andrada. O partido irá nascer dividido entre a elite do nordeste e do sudeste onde os primeiros tinham uma afinidade maior ao próprio Partido Português mas que acabarão se unificando em uma única bandeira receosos justamente pelo terror do liberalismo popular assim que perceberem que o Partido Português não tinha influência suficiente para definir o futuro do Império. Os Liberais Radicais: Era um grupo heterogêneo, composto por pequenos proprietários, membros do clero, intelectuais liberais, pequenos comerciantes, e tinham em comum o fato de defender os princípios liberais. Eram contra as propostas portuguesas e achavam que o melhor caminho seria romper definitivamente os laços portugueses, movendo uma Independência para modificar o quadro socioeconômico do Brasil e tinham até mesmo aspirações revolucionárias populares. Compunham o terror no imaginário do Partido Brasileiro. E, por fim mas não menos importante, os Bragança: D. Pedro tinha uma formação marcadamente absolutista, não estando habituado com contestações ao seu poder, e a Revolução do Porto acabou por questionar o poder dos Bragança. As cortes passaram a exigir o retorno também do príncipe, para que esse jurasse a Constituição, e esta situação o colocou em oposição as Cortes, dado a sua falta de intenção de cumprir com o determinado. O príncipe tinha o temor de perder o poder em Portugal e também no Brasil, naquele momento, economicamente mais importante que Portugal. Mal sabia ele que o absolutismo neste momento estaria definitivamente acabado para a família Bragança. Embora a Independência do Brasil tenha sido um arranjo político, como defende Caio Prado Júnior, ela implica também em uma complexa luta social. As classes buscavam nada mais do que defender os interesses particulares de cada uma. No fim, a grande vitoriosa foi a classe dos latifundiários escravistas, ou o Partido Brasileiro. Para o Partido Brasileiro, o ideal era a criação de uma monarquia dual, que preservasse a autonomia e o liberalismo comercial e mantivesse a ordem. No entanto, a intransigência das Cortes fez o partido inclinar-se para emancipação, sem alterar a ordem social e sés privilégios. Os Liberais Radicais, mais ligados as classes populares, assim potencialmente revolucionários, defendiam mudanças mais profundas e democráticas espelhadas nos moldes revolucionários franceses. No entanto, os Liberais Moderados é que encontravam meios econômicos e políticos para alcançar o seu objetivo, contando principalmente com o apoio da liberalista burguesia britânica. D. Pedro, não pretendia retornar a Europa, e se aproximou dos brasileiros, reforçando sua posição para as “Cortes”. D. Pedro era cortejado pelos Brasileiros e pelos Radicais, que envergavam nele o líder capaz de alterar a ordem. Por outro lado, José Bonifácio, tentava afasta-lo dos radicais afirmando que estes tentariam implantar uma República, onde os Bragança perderiam seu lugar. O caminho para este seria a aliança com os Brasileiros e uma negociação com as “Cortes” para evitar a recolonização. No entanto, com a posição das “Cortes” não restou outro caminho ao partido a não ser o da defesa a emancipação, para que não se prejudicasse os seus negócios. Nesse momento ocorre a junção de circunstâncias, o Partido Brasileiro enxergando um líder para romper os laços com Portugal e este líder encontrando no partido o apoio contra os lusitanos. A Independência, no entanto, iria ter algumas condições: manter a população longe do movimento, manter a unidade territorial e não alterar a estrutura do país, e, acima de todas as outras, após a proclamação da independência, D. Pedro deveria reunir uma Assembleia Constitucional Brasileira para redigirem uma carta constitucional a qual ele deveria jurar e utilizar como base para seu governo. Não importava para onde corresse, D. Pedro se via na obrigação de jurar uma constituição. A partir daí, estaria oficialmente extinto o Absolutismo Português e passaríamos para um regime de Monarquia Constitucional. 7 Quadro: “Independência ou Morte”, de autoria de Pedro Américo. (D. Pedro I) Em Dezembro de 1821 o decreto vindo de Portugal propunha: abolição da regência e o imediato retorno do príncipe, a obediência a Lisboa e não ao Rio de Janeiro. Em resposta, D. Pedro une os aliados e transforma a sua decisão em um ato político. Reúne a multidão no campo de Santana e declara ao povo sua intenção: foi o “Dia do Fico”, registrado em 9 de Janeiro de 1822. Esta decisão foi resultado de um amplo movimento organizado por José Bonifácio. José Bonifácio, político ligava o príncipe a políticos paulistas e acabou por seus contatos sendo nomeado ministro de governo, pela primeira vez, um cargo de tal importância foi dado a um brasileiro. Continuando pelo caminho da ruptura definitiva com as Cortes, D. Pedro determina que toda ordem de Lisboa só seria seguida no Brasil se fosse avaliada e assinada por ele. Com este ato a Câmara do Rio de Janeiro lhe confere o título de Defensor Perpétuo do Brasil. A situação se agravará em Agosto do mesmo ano quando D. Pedro decide redigir um manifesto a todas as nações com as quais o Brasil estabelecia relações comerciais explicando sobre a situação em que o reino se encontrava e que a única solução cabível seria o rompimento definitivo com Portugal. Já em Setembro e em virtude de tamanhas medidas, em meio a uma viajem a São Paulo, chega ao Rio de Janeiro mais uma carta das Cortes, ameaçando de destituir D. Pedro de seus títulos caso ele mantivesse este tom de discurso e se recusasse a voltar para Portugal. Em São Paulo, quando recebe a carta, resolve mesmo em território paulista, “...do Ipiranga às margens plácidas...”, proclamar o grito de Independência do Brasil. Era 7 de Setembro de 1822. Como observa-se a independência teve um caráter conservador: isto é: manteve o que já havia antes. Enquanto nos outros países da América do Sul onde os movimentos de independência buscaram estruturar novas formas de governo, no Brasil a preocupação foi manter o espaço conquistado pelas ações joaninas e que estavam ameaçadas. Assim temos a vitória do Partido Brasileiro, pois temos: a manutenção da liberdade de comércio, a autonomia administrativa e evitouse uma que o movimento se transformasse em uma convulsão social, com a alteração da ordem. Resumindo: a Independência foi um arranjo das elites políticas que visavam manter afastado do movimento as camadas populares, para assim preservar a monarquia, os seus privilégios, a escravidão e a exploração da maioria da população. As preocupações iniciais foram: irradiar o movimento inicialmente de caráter regional, para nacional, isso é, que a Independência fosse aceita além do sudeste. Era necessário garantir a integridade territorial sufocando as resistências de algumas regiões, como o Pará e o Maranhão, por exemplo, e era necessário ainda que as principais potências mundiais reconhecessem o país como uma nação, pois só assim seria mantida a tranquilidade do modelo agroexportador. Nossa Independência tem um caráter diferenciado das demais nações europeias, mas tem traços semelhantes também, pois também foi influenciada pela Independência dos Estados Unidos e pela Revolução Francesa, como vimos nas rebeliões do Brasil colonial. A emancipação política do Brasil não trouxe mudanças mais significativas na estrutura social, pois homens pobres livres, escravos e pessoas afastadas do grande centro permaneceram a margem do movimento. 8 SESSÃO LEITURA A Vida Privada de D. João VI. (Retrato de D. João VI e Carlota Joaquina) Em sua juventude foi uma figura retraída, fortemente influenciado pelo clero, vivendo cercado de padres e frequentando diariamente as missas da Igreja. Entretanto, Oliveira Lima afirmou que antes do que uma expressão de carolice pessoal, isso era um mero reflexo da cultura portuguesa de então, e que o rei... "compreendia que a Igreja, com seu corpo de tradições e sua disciplina moral, só lhe podia ser útil para o bom governo a seu modo, paternal e exclusivo, de populações cujo domínio herdara com o cetro. Por isso foi repetidamente hóspede de frades e mecenas de compositores sacros, sem que nessas manifestações epicuristas ou artísticas se comprometesse seu livre pensar ou se desnaturasse sua tolerância cética.... Aprazialhe o refeitório mais do que o capítulo do mosteiro, porque neste se tratava de observância e naquele se cogitava de gastronomia, e para observância lhe bastava a da pragmática. Na Capela Real mais gozava com os sentidos do que rezava com o espírito: os andantes substituíam as meditações". Apreciava muito a música sacra e era um grande leitor de obras sobre arte, mas detestava atividades físicas. Acredita-se que sofria de periódicas crises de depressão. Seu casamento não foi feliz, mas circularam rumores de que uma vez, aos 25 anos, se apaixonara por Eugênia José de Menezes, dama de companhia de sua esposa. Quando ela engravidou as suspeitas recaíram sobre D. João. O caso foi abafado e a moça foi enviada à Espanha para dar à luz. Nasceu uma menina, cujo nome se desconhece. A mãe viveu encerrada em mosteiros e foi sustentada por toda a vida por D. João. Os historiadores Tobias Monteiro e Patrick Wilcken apontam indícios de que D. João teria tido também um relacionamento homossexual, não por convicção, antes por necessidade, pois seu casamento logo se revelou um fracasso, vivendo apartado da esposa e reunindo-se a ela somente em ocasiões protocolares. Seu parceiro teria sido seu camareiro favorito, Francisco de Sousa Lobato, cuja tarefa teria sido masturbar o rei com alguma regularidade. Embora isso possa ser fruto de simples maledicência, um padre, chamado Miguel, teria uma vez surpreendido a cena e por isso deportado para Angola, não sem antes deixar um testemunho por escrito. De qualquer maneira o camareiro acabou recebendo diversas honrarias, acumulando entre outros os cargos de conselheiro do rei, secretário da Casa do Infantado, secretário da Mesa de Consciência e Ordens e governador da fortaleza de Santa Cruz, recebendo também o título de barão e depois visconde de Vila Nova da Rainha. No Rio os hábitos pessoais do rei, instalado num ambiente precário e despojado, eram simples. Ao contrário do relativo isolacionismo que observara em Portugal, passou a se mostrar mais dinâmico e interessado pela natureza. Deslocava-se com frequência entre o Paço de São Cristóvão e o Paço da cidade, passava temporadas na Ilha de Paquetá, na Ilha do Governador, na Praia Grande, a antiga Niterói, e na Real Fazenda de Santa Cruz. Tinha aversão a mudanças em sua rotina, o que se estendia ao vestuário, e usava a mesma casaca até que ela se rasgasse, obrigando seus camareiros a costurá-la no próprio corpo do monarca enquanto ele dormia. Sofria de ataques de pânico quando ouvia trovoadas, encerrando-se em seus aposentos com as janelas trancadas, não recebendo ninguém. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_VI_de_P ortugal, extraído em 12/05/2014) EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1 - (ALFENAS – 2000) O Bloqueio Continental, em 1807, a vinda da família real para o Brasil e a abertura dos portos em 1808, constituíram fatos importantes: a) na formação do caráter nacional brasileiro. b) na evolução do desenvolvimento industrial. c) no processo de independência política. d) na constituição do ideário federalista. e) no surgimento das disparidades regionais. 2 - (ESPM – 2000) Acontecimentos políticos europeus sempre tiveram grande influência no processo da constituição do estado 9 brasileiro. Assim, pode-se relacionar a elevação do Brasil à situação de Reino Unido a Portugal e Algarves, ocorrida em 1815: a) às tentativas de aprisionamento de D. João VI, pelas forças militares de Napoleão Bonaparte. b) à Doutrina Monroe, que se caracterizava pelo lema: "a América para os americanos". c) ao Bloqueio Continental decretado nesse momento por Napoleão Bonaparte e que pressionava o Brasil a interromper seu comércio com os ingleses. d) ao Congresso de Viena, que se encontrava reunido naquele momento e se constituía em uma rearticulação de forças políticas conservadoras. e) a política de expansionismo econômico e à tentativa de dominar o mercado brasileiro, desenvolvida pelos ingleses após a Revolução Industrial. 3 - (UNIBH – 1999) “Em 1808, 90 navios, sob bandeiras diversas, entraram no porto do Rio de Janeiro, enquanto, dois anos depois, 422 navios estrangeiros e portugueses fundearam naquele porto. Por volta de 1811, existiam na capital 207 estabelecimentos comerciais portugueses e ingleses, além dos que eram possuídos por nacionais dos países amigos de Portugal”. As modificações descritas no texto estão relacionadas com: a) o período joanino e o Ato Adicional à Constituição imperial. b) a abertura dos portos e a guerra de independência da Cisplatina. c) o domínio napoleônico em Portugal e a implantação do Estado Novo. d) a abertura dos portos e os tratados de comércio e amizade com a Inglaterra. 4 - (FGA – CGA - 1998) A Revolução do Porto de 1820 se caracterizou como um movimento de: a) consolidação da independência do Brasil; b) retorno a ordem absolutista em Portugal; c) repulsa a invasão francesa em Portugal; d) descolonização do império português na África; e) revolução liberal e constitucional. 5 - (FGA – CGA - 1998) "As notícias repercutiam como uma declaração de guerra, provocando tumultos e manifestações de desagrado. Ficava claro que as Cortes intentavam reduzir o país à situação colonial e era evidente que os deputados brasileiros, constituindo-se em minoria (75 em 205, dos quais compareciam efetivamente 50), pouco ou nada podiam fazer em Lisboa, onde as reivindicações brasileiras eram recebidas pelo público com uma zoada de vaias. À medida que as decisões das Cortes portuguesas relativas ao Brasil já não deixavam lugar para dúvidas sobre suas intenções, crescia o partido da Independência." (Emília Viotti da Costa. Introdução ao Estudo da Emancipação Política) O texto acima se refere diretamente: a) Aos movimentos emancipacionistas: às Conjurações e à Insurreição Pernambucana; b) À necessidade das Cortes portuguesas de reconhecer à Independência do Brasil; c) À tensão política provocada pelas propostas de recolonização das Cortes portuguesas; d) À repercussão da Independência do Brasil nas Cortes portuguesas; e) Às consequências imediatas à proclamação da Independência; 6 - (FUVEST – 1999) Durante o período em que a Corte esteve instalada no Rio de Janeiro, a Coroa Portuguesa concentrou sua política externa na região do Prata, daí resultando: a) a constituição da Tríplice Aliança que levaria à Guerra do Paraguai. b) a incorporação da Banda Oriental ao Brasil, com o nome de Província Cisplatina. c) a formação das Províncias Unidas do Rio da Prata, com destaque para a Argentina. d) o fortalecimento das tendências republicanas no Rio Grande do Sul, dando origem à Guerra dos Farrapos. e) a coalizão contra Juan Manuel de Rosas que foi obrigado a abdicar de pretensões sobre o Uruguai. 7 - (PUC – MG – 1998) Refere-se à Revolução Pernambucana de 1817: I. O objetivo dos rebeldes era proclamar uma república inspirada nos ideais franceses de igualdade, liberdade e fraternidade. II. Os líderes do movimento foram condenados à morte por enforcamento. III. Os revoltosos, após matarem os chefes militares governamentais, conquistaram o poder por 75 dias. a) se apenas a afirmação I estiver correta. b) se apenas as afirmações I e II estiverem corretas. c) se apenas as afirmações I e III estiverem corretas. 10 d) se apenas as afirmações II e III estiverem corretas. e) se todas as afirmações estiverem corretas. 8 - (PUC – MG – 1999) A presença da Corte Portuguesa no Brasil (1808 – 1820) gerou grandes transformações na vida econômica, política e sociocultural brasileira, tais como, EXCETO: a) abertura do Banco do Brasil e da Casa da Moeda. b) mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro. c) revogação do Alvará de 1785, que proibia manufaturas no país. d) elevação do Brasil a Reino Unido. e) inauguração de institutos científicos como o Jardim Botânico. 9 - (PUC – RS – 1998) Apesar da liberdade para a instalação de indústrias manufatureiras no Brasil, decretada por D. João VI, em 1808, estas pouco se desenvolveram. Isso se deveu, entre outras razões, à: a) impossibilidade de competir com produtos manufaturados provenientes da Inglaterra, que dominavam o mercado consumidor interno. b) canalização de todos os recursos para a lucrativa lavoura cafeeira, não havendo, por parte dos agroexportadores, interesse em investir na industrialização. c) concorrência dos produtos franceses, que gozavam de privilégios especiais no mercado interno. d) impossibilidade de escoamento da produção da Colônia, devido à falta de mão-deobra disponível nos portos. e) dificuldade de obtenção de matériaprima (algodão) na Europa, aliada à impossibilidade de produzi-la no Brasil. 10 - (PUC – RS – 2000) Leia o texto: “21 de janeiro de 1822 – Fui à terra fazer compras com Glennie. Há muitas casas inglesas, tais como seleiros e armazéns, de secos e molhados; mas, em geral, os ingleses aqui vendem as suas mercadorias em grosso a retalhistas nativos ou franceses. Quanto a alfaiates, penso que há mais ingleses do que franceses, mas poucos de uns e outros. Há padarias de ambas as nações (...). As ruas estão, em geral, repletas de mercadorias inglesas. A cada porta as palavras Superfino de Londres saltam aos olhos: algodão estampado, panos largos, (...), mas, acima de tudo, ferragens de Birmingham, podem-se obter um pouco mais caro do que em nossa terra nas lojas do Brasil, além de sedas, crepes e outros artigos da China. Mas qualquer cousa comprada a retalho numa loja inglesa ou francesa é, geralmente falando, muito cara.” (GRAHAM, Maria. Diário de uma viagem ao Brasil. São Paulo: Edusp, 1990). O texto acima, de Maria Graham, uma inglesa que esteve no Brasil em 1821, remete-nos a um contexto que engloba: a) os efeitos da abertura dos portos e dos tratados de 1810. b) o processo economia no Brasil. de globalização da c) as reformas econômicas do Marquês de Pombal. d) a suspensão do Tratado de Methuen, com a ampliação da influência inglesa no Brasil. e) os efeitos da mineração, que contribuíram para interligar as várias regiões do Brasil ao Exterior. PINTOU NO ENEM: 1) Em 2008 foram comemorados os 200 anos da mudança da família real portuguesa para o Brasil, onde foi instalada a sede do reino. Uma sequência de eventos importantes ocorreu no período 1808-1821, durante os 13 anos em que D. João VI e a família real portuguesa permaneceram no Brasil. Entre esses eventos, destacam-se os seguintes: • Bahia – 1808: Parada do navio que trazia a família real portuguesa para o Brasil, sob a proteção da marinha britânica, fugindo de um possível ataque de Napoleão. • Rio de Janeiro – 1808: desembarque da família real portuguesa na cidade onde residiriam durante sua permanência no Brasil. • Salvador – 1810: D. João VI assina a carta régia de abertura dos portos ao comércio de todas as nações amigas ato antecipadamente negociado com a Inglaterra em troca da escolta dada à esquadra portuguesa. 11 • Rio de Janeiro – 1816: D. João VI tornase rei do Brasil e de Portugal, devido à morte de sua mãe, D. Maria I. • Pernambuco – 1817: As tropas de D. João VI sufocam a revolução republicana. GOMES. L. 1808: como uma rainha louca, um príncipe medroso e uma corte corrupta enganaram Napoleão e mudaram a história de Portugal e do Brasil. São Paulo: Editora Planeta, 2007 (adaptado) Uma das consequências desses eventos foi: a) a decadência do império britânico, em razão do contrabando de produtos ingleses através dos portos brasileiros, b) o fim do comércio de escravos no Brasil, porque a Inglaterra decretara, em 1806, a proibição do tráfico de escravos em seus domínios. c) a conquista da região do rio da Prata em represália à aliança entre a Espanha e a França de Napoleão. d) a abertura de estradas, que permitiu o rompimento do isolamento que vigorava entre as províncias do país, o que dificultava a comunicação antes de 1808. e) o grande desenvolvimento econômico de Portugal após a vinda de D. João VI para o Brasil, uma vez que cessaram as despesas de manutenção do rei e de sua família. EXERCÍCIO COMENTADO: inglesa ou francesa é, geralmente falando, muito cara.” (GRAHAM, Maria. Diário de uma viagem ao Brasil. São Paulo: Edusp, 1990). O texto acima, de Maria Graham, uma inglesa que esteve no Brasil em 1821, remete-nos a um contexto que engloba: a) os efeitos da abertura dos portos e dos tratados de 1810. b) o processo economia no Brasil. globalização da c) as reformas econômicas do Marquês de Pombal. d) a suspensão do Tratado de Methuen, com a ampliação da influência inglesa no Brasil. e) os efeitos da mineração, que contribuíram para interligar as várias regiões do Brasil ao Exterior. Resposta certa: alternativa A. Com a abertura dos portos às nações amigas e graças também aos acordos firmados, sobretudo com o Reino Unido, o comércio no Brasil começou a apresentar uma maior variedade de produtos vindos do exterior seguidos uma taxação específica, fato registrado no trecho extraído do diário de viagens de Maria Graham. GABARITO: Exercícios de Fixação: 1–C/2–D/3–D/4–E/5–C/6–B/7–E/ 8–B/9–A (PUC – RS – 2000) Leia o texto: “21 de janeiro de 1822 – Fui à terra fazer compras com Glennie. Há muitas casas inglesas, tais como seleiros e armazéns, de secos e molhados; mas, em geral, os ingleses aqui vendem as suas mercadorias em grosso a retalhistas nativos ou franceses. Quanto a alfaiates, penso que há mais ingleses do que franceses, mas poucos de uns e outros. Há padarias de ambas as nações (...). As ruas estão, em geral, repletas de mercadorias inglesas. A cada porta as palavras Superfino de Londres saltam aos olhos: algodão estampado, panos largos, (...), mas, acima de tudo, ferragens de Birmingham, podem-se obter um pouco mais caro do que em nossa terra nas lojas do Brasil, além de sedas, crepes e outros artigos da China. Mas qualquer cousa comprada a retalho numa loja de Pintou no ENEM: 1- D 12 CAPÍTULO 02 O PRIMEIRO REINADO (1822 – 1831) A DISSOLUÇÃO DA ASSEMBLEIA CONSTITUINTE Ainda em Junho de 1822, D. Pedro cumpre a promessa firmada com o Partido Brasileiro e anuncia a criação de uma Assembleia Constituinte que passou a se reunir no ano seguinte, a partir de Maio de 1823. Neste momento, o Imperador afastado do Partido Moderado dos Andrada, passou a se vincular ao Português, defensor do ideal absolutista uma vez que o tom da discussão da assembleia estava caminhando para um liberalismo demasiado limitante aos olhos do Imperador do Brasil. D. Pedro afastou os moderados definitivamente do poder e nomeou para o Ministério nomes de sua confiança. A queda dos antigos ministros assinalou uma profunda mudança na vida política do país, pois possibilitou a ascensão do Partido Português até a Abdicação. A discussão a respeito da constituinte tomou esse tom inflamado a partir da apresentação de um “anteprojeto” apresentado pela elite agrária brasileira. Tal projeto contemplava os princípios de soberania nacional e liberalismo econômico, o anti-colonialismo e a xenofobia (repúdio aos estrangeiros), além de possuir também um caráter anti-absolutista, limitando o poder de D. Pedro valorizando a representatividade nacional na Câmara, que seria indissolúvel, e que teria o controle das Forças Armadas. Por último, para excluir os populares, garantiu a possibilidades de participação político por meio de uma renda mínima, renda baseada numa mercadoria corrente: a Farinha de Mandioca. Daí o nome de Constituição da Mandioca, que excluíam tanto os lusos quanto os populares, os primeiros porque eram comerciantes sem acesso a terras e consequentemente a plantações e os segundos por não terem renda necessária. Assim, a Aristocracia resguardava para si a representatividade nacional. Com essas características, o anti-projeto foi alvo de críticas. A insistência em cercar o poder de D. Pedro fez com que o mesmo se voltasse contra a proposta. No entanto, o que vai definir a situação é um acontecimento inusitado. (D. Pedro I) O Jornal A Sentinela publicou uma carta ofensiva contra os militares portugueses, assinada por um “brasileiro resoluto” segundo sua própria denominação. Os militares espancaram um acusado da autoria, acusado este que dias depois seria considerado inocente. O incidente causou comoção da Assembleia, que exigia uma explicação do imperador. A ruptura entre o órgão e o imperador era inevitável quando a Assembleia em um ato de rebeldia se declarou em sessão permanente. D. Pedro respondeu mandando o exército invadir o órgão ordenando a prisão dos deputados pertencentes em sua maioria ao Partido Brasileiro. Estava dissolvida a Assembleia e o poder que a Aristocracia detinha até então se enfraquecia em detrimento de uma proposta apoiada pela frente do Partido Português, composto aqui pelos portugueses que residiam no Brasil e que eram favoráveis a uma frente mais voltada às faces autoritárias. A CARTA OUTORGADA DE 1824 A dissolução provocou grandes descontentamentos. Para minimizar foi convocado um Conselho de Estado, composto por dez membros para que estes redigissem um texto constitucional. Depois de 40 dias, no dia 25 de Março de 1824 estava outorgada a Carta. A mesma estava apoiada em grandes partes no anti-projeto, com uma alteração que seria imprescindível: a instituição do poder Moderador, além dos três outros poderes já consagrados. A constituição assim como o anti-projeto afastava as camadas populares da política, ao condicionar política a renda, no entanto, desta vez a dinheiro e não a produto. 13 O Poder Legislativo seria composto por um Senado vitalício e por uma Câmara dos Deputados com mandatos de três anos. Os senadores eram escolhidos pelo Imperador, a partir de uma lista tríplice apresentada pelas províncias. Sua função seria, propor, redigir e aprovar leis. O Poder Judiciário seria exercido por um Supremo tribunal, com os magistrados também escolhidos pelo Imperador. O executivo, seria exercido por um Ministério, também escolhido por D. Pedro, onde ele seria o presidente. jamais que se manteve o absolutismo no Brasil após a proclamação da independência porque para que um governo se configure como absoluto, ele não pode, de maneira alguma, possuir uma constituição que delimite os poderes do soberano e dê um contorno ao seu governo, ainda que este contorno e estas limitações sejam mínimas. A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR DE 1824 A concentração de poderes nas mãos do Imperador gerou grandes descontentamentos, principalmente no nordeste, onde a nomeação dos presidentes provinciais entrou em choque com os interesses autonomistas dos proprietários rurais. A Unidade econômica nacional era precária, pois mesmo com a independência o Brasil manteve o seu modelo dependente ao mercado externo, não havendo grandes possibilidades de intercâmbio entre as províncias. No plano político, a única alteração que sofreram foi com relação a localização das ordens que ali chegavam: ao invés de emergir de Portugal, elas agora emergiam do Rio de Janeiro. (A Carta Outorgada) Já o Poder Moderador pertencia exclusivamente a D. Pedro, e deveria ser a princípio um Poder neutro, cuja função seria garantir a harmonia dos três outros poderes. No entanto, uma vez instituído no Brasil, este passou a ser o centro de poder, tornando-se instrumento da vontade do Imperador. A este poder, cabia aprovar ou não as decisões do legislativo, nomear senadores e dissolver a Câmara. Ao Executivo, restava o poder de escolher os membros do Conselho de Estado, além de nomear e demitir presidentes e funcionários das províncias, que estavam submetidas ao Moderador, impedindo assim tendências autonomistas. A Carta ainda estabeleceu a religião Católica como oficial do Estado. A relação entre Estado e Igreja era regulada pelo regime do Padroado, segundo o qual os clérigos eram pagos pelos Estado. Por isso, ao Imperador competia nomear sacerdotes aos vários cargos eclesiásticos e dar consentimento as bulas papais. Uma ressalva importante que deve ser feita a respeito da carta de 1824: Apesar do caráter autoritário e da existência de um Poder Moderador que permitia a D. Pedro agir quase como um monarca absoluto, não podemos falar No nordeste o descontentamento com o Absolutismo foi notório em diversas partes: em Pernambuco o descontentamento foi contra a nomeação do presidente, na Paraíba, assustados com a dissolução da Constituinte desconfiavam de tudo que vinha do Rio de Janeiro, além de focos de descontentamento em outros estados. Em Pernambuco as reações ao absolutismo do Imperador foram mais notórias dada a característica Revolucionária do Estado desde 1817. As expectativas liberais da experiência de 1817 difundiram-se através da imprensa escrita pernambucana, principalmente nos jornais de Cipriano Barata e Frei Caneca, que podemos dizer são responsáveis por preparar espiritualmente a Confederação do Equador. O primeiro estudou em Coimbra, de onde trouxe os estudos liberais, se associou as diversas revoluções no nordeste, estando ligado aos populares. Após ser preso várias vezes, estabeleceu – se em Recife e com seu jornal influiu na corrente liberal de Pernambuco, tendo em Frei Caneca seu principal discípulo. Em Pernambuco a dissolução da Assembleia encheu de descontentamento os liberais, gerando a queda do governo, até então sintonizado com o Imperador, sendo substituído por uma Junta Governativa, que tinha como chefe 14 Manuel Garcia Pais de Andrade, líder movimento de 1817. do Este governo liberal, hostil as tendências absolutistas do Imperador, não foi apoiada pelo Imperador, pois para outorgar a constituição a mesma teria que ser aprovada pelas Câmaras Municipais, assim era necessário haver governos locais favoráveis ao seu governo. As possibilidades de nomeação de um novo presidente fizeram com que se apressasse a confirmação do chefe pelos locais como presidente da província. Com toda precaução, D. Pedro nomeou em 1823 um presidente para província do grupo que havia sido retirado do poder pouco antes pelos provinciais. Mesmo diante de pedidos para que o Imperador respeitasse a decisão popular, D. Pedro enviou tropas do Rio de Janeiro para garantir a posse do novo presidente. Mesmo assim a resistência era enorme. Diante deste quadro de desavenças entre locais e Imperador, em julho de 1824, temos a proclamação da Confederação do Equador, por Manuel de Carvalho. Na Confederação, os revoltosos tentaram não cometer os mesmos erros cometidos na Revolução de 1817, como o isolamento. No manifesto lia-se: “Segui ó brasileiros o exemplo dos bravos habitantes da zona tórrida (...) imitais os valentes de seis províncias que vão estabelecer seu governo sobre o melhor dos sistemas – o representativo” formar um Estado desvinculado do restante do Império, baseado na representatividade, republicanismo, federalismo, para que os Estados associados tivessem autonomia. A repressão ao movimento foi toda organizada no Rio de Janeiro e diante disso as tropas e armas dos diferentes estados foram todas enviadas a Pernambuco. Enquanto tentavase criar uma resistência uniforme da Bahia ao Ceará, o imperador reprimiu separadamente cada província para assim impedir sua união. A carência de recursos e matérias, fez o imperador contrair empréstimos e contratar mercenários, especialmente da Inglaterra, para finalizar a repressão. Em 2 de Agosto, partiram as tropas, por terra e por mar, para em 17 de Setembro concluírem a conquista de Olinda e Recife, principais centros de resistência. As condenações foram muito severas, e destaca-se a de Frei Caneca, que teve que ser fuzilado, uma vez que sua condenação a forca não pode ser cumprida, pois os carrascos se recusaram a enforcar o líder. Finalizou-se a Confederação, mais não eliminou a insatisfação com as experiências autoritárias no Brasil. Começava desde já o desgaste da imagem de D. Pedro I primeiro tão brevemente ele havia assumido seu trono. O RECONHECIMENTO DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL A data de 7 de Setembro de 1822 representou a Independência do Brasil apenas para os brasileiros. O caminho para o reconhecimento foi um tanto quanto mais longo e, acima de tudo, o reconhecimento de Portugal se mostrava imprescindível para o sucesso determinante do movimento. (Bandeira da Confederação) A Confederação ainda pretendia a adesão das demais províncias e o apelo foi encampado para Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, que com Pernambuco formaram a Confederação do Equador. Adotou-se a Constituição colombiana, e assim tentou se O primeiro país a reconhecer a emancipação foram os EUA em junho de 1824. Duas razões explicam essa atitude: a Doutrina Monroe (1823) que defendia anti-colonialismo europeu sobre a América expresso em seu jargão: “América para os americanos”, e principalmente os fortes interesses econômicos emergentes nos EUA, que visava reservar para si a América. Os países hispano-americanos demoraram a reconhecer a Independência, pois com um governo republicando, estes países desconfiavam do viés monárquico adotado no Brasil. 15 A Inglaterra com seus inúmeros negócios dentro do território nacional tinha enorme interesse em reconhecer a Independência, mais só poderia fazer isto depois de Portugal. Por esse motivo a ação inglesa se deu no sentido de ajudar diplomaticamente no reconhecimento da Independência por parte dos lusos. Assim em Agosto de 1825, mediante pagamento de 2 milhões de libras esterlinas, que o Brasil conseguiu através de um empréstimo com os mesmos ingleses, foi reconhecido por Portugal a Independência do Brasil. Do ponto de vista internacional a emancipação do Brasil nada mais significou do que a substituição da dependência econômica antes vinculada para Portugal, que agora seria executada pelos outros países europeus, principalmente a Inglaterra. Com o modelo econômico mantido, o país dependia da exportação para manter suas receitas. No entanto a primeira metade do século XIX foi crítica para nossa economia, com o nosso açúcar sofrendo concorrência de Cuba, Jamaica e do açúcar de beterraba dos produtos europeus. O algodão e o arroz estavam tendo concorrência dos EUA. Assim, o café se consistia na esperança, pois seu mercado estava em crescimento e o Brasil não encontrava concorrente. Havia em paralelo a crise econômica, a crise financeira, onde a debilidade do Estado era mais notória. Dispunha de poucos recursos pela baixa tarifa alfandegária, que mesmo assim era a principal fonte de receitas. Assim, o Brasil era forçado a buscar empréstimos, sob altos juros. O déficit do Estado se tornou crônico, sobretudo quando gastos descontrolados foram assumidos para reprimir os conflitos da Confederação do Equador e outros menores pelo reconhecimento da Independência ainda interno. Os problemas foram ainda piorados com a eclosão do problema da Cisplatina, quando um líder militar Uruguaio desembarcou na região com sua tropa e com o apoio da população declarou a anexação da Cisplatina as Repúblicas das Províncias Unidas do Rio da Prata. Em resposta o Brasil declarou guerra aos argentinos, conflito que durou dois anos, tendo como fim o acordo entre as duas nações, que estabeleceu a independência da Cisplatina, chamada agora de república Oriental do Uruguai. O derramamento inútil de sangue e os sacrifícios para essa guerra ativaram a oposição. Para sanar a crise financeira, D. Pedro emitiu de maneira desenfreada papel moeda, sacrificando as camadas populares, pois a consequência foi o aumento geral dos preços. A crise atingiu o auge com a falência do Banco do Brasil em 1829. A ABDICAÇÃO DE D. PEDRO I EM 1831 Em Portugal, D. João VI havia morrido em 1826, e assim o temor da recolonização retornou, mesmo com D. Pedro tendo renunciado o trono em favor de sua filha. No mesmo momento do fim da Guerra Cisplatina, D. Miguel, irmão de D. Pedro, assumiu o trono com um golpe e o apoio de parte da elite portuguesa. A possibilidade de D. Pedro enviar tropas brasileiras para retirar o irmão do trono, trouxe novas inquietações acerca da possibilidade de união dos dois reinos o que deixou a elite brasileira ainda mais descontente diante do quadro generalizado de crise que a nação se encontrava. A impopularidade do imperador ia crescendo gradativamente, aumentando a oposição. Os jornais foram importantes no aumento das paixões políticas. O assassinato de Libero Badaró, que dirigia um jornal de oposição, precipitou os acontecimentos, uma vez que foi cometido por partidários do Imperador. O maior foco de oposição estava em Minas. Sem as forças militares, pois os soldados estavam passando para oposição, D. Pedro resolveu visitar a província a fim de pacificá-la. No entanto, foi recebido por mineiros que preferiram homenagear a memória de Badaró. No Rio, D. Pedro encontrou um conflito entre partidários seus e liberais, na famosa Noite das Garrafadas. Para conter os radicais o Imperador tentou reformar o Ministério Brasileiro, criado para os brasileiros, mais que até então, não tinha sido ocupado pelos mesmos. Foi organizado um ministério, agora claramente com propósitos absolutistas, com membros que apoiavam o império de forma clara. Ocorre então mais uma manifestação no Rio, exigindo a reintegração do Ministério. No entanto, D. Pedro se manteve irredutível. Essa atitude culminou com a passagem do chefe militar para os quadros de oposição. Assim, o imperador estava completamente sem apoio, isolado, sem contar nem sequer com as tropas, para reprimir as manifestações. A única alternativa que agora restava era a Abdicação, e foi o que fez, em favor de seu filho: Pedro de Alcântara, então com cinco anos de idade. 16 Em 7 de Abril. D. Pedro deixou o trono, abandonou o país, se reconciliando com os Andradas, importante família do Partido Brasileiro ao deixar José Bonifácio como tutor de D. Pedro II, o futuro Imperador do Brasil assim que atingisse a maioridade. II. Convocando a Assembleia Geral extraordinariamente nos intervalos das Sessões, quando assim o pede o bem do Império. III. Sancionando os Decretos, e Resoluções da Assembleia Geral, para que tenham força de Lei: Art. 62. IV. Aprovando, e suspendendo interinamente as Resoluções dos Conselhos Provinciais: Arts. 86, e 87. V. Prorrogando, ou adiando a Assembleia Geral, e dissolvendo a Câmara dos Deputados, nos casos, em que o exigir a salvação do Estado; convocando imediatamente outra, que a substitua. VI. Nomeando, e demitindo livremente os Ministros de Estado. VII. Suspendendo os Magistrados nos casos do Art. 154. VIII. Perdoando, e moderando as penas impostas e os Réus condenados por Sentença. SESSÃO LEITURA Do Poder Moderador. TITIULO 5º IX. Concedendo Amnistia em caso urgente, e que assim aconselhem a humanidade, e bem do Estado. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/c onstituicao24.htm, extraído em 12/05/2014) Do Imperador. CAPITULO I. Do Poder Moderador. Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a organização Política, e é delegado privativamente ao Imperador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro Representante, para que incessantemente vele sobre a manutenção da Independência, equilíbrio, e harmonia dos mais Poderes Políticos. Art. 99. A Pessoa do Imperador é inviolável, e Sagrada: Ele não está sujeito a responsabilidade alguma. Art. 100. Os seus Títulos são "Imperador Constitucional, e Defensor Perpetuo do Brasil" e tem o Tratamento de Majestade Imperial. Art. 101. O Imperador exerce o Poder Moderador I. Nomeando os Senadores, na forma do Art. 43. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1. (Cesgranrio) A Constituição imperial brasileira, promulgada em 1824, estabeleceu linhas básicas da estrutura e do funcionamento do sistema político imperial tais como o(a): a) equilíbrio dos poderes com o controle constitucional do Imperador e as ordens sociais privilegiadas. b) ampla participação política de todos os cidadãos, com exceção dos escravos. c) laicização do Estado por influência das ideias liberais. d) predominância do poder do imperador sobre todo o sistema através do Poder Moderador. 17 e) autonomia das Províncias e, principalmente, dos Municípios, reconhecendo-se a formação regionalizada do país. 2. (Cesgranrio) Assinale a opção que apresenta um fato que caracterizou o processo de reconhecimento da Independência do Brasil pelas principais potências mundiais: a) à mediação da França e dos Estados Unidos e à atribuição do título de Imperador Perpétuo do Brasil a D. João VI. b) à mediação da Espanha e à renovação dos acordos comerciais de 1810 com a Inglaterra. c) à mediação de Lord Strangford e ao fechamento das Cortes Portuguesas. a) Reconhecimento pioneiro dos Estados Unidos, impedindo a intervenção da força da Santa Aliança no Brasil. d) à mediação da Inglaterra e à transferência para o Brasil de dívida em libras contraída por Portugal no Reino Unido. b) Reconhecimento imediato Inglaterra, interessada exclusivamente promissor mercado brasileiro. e) à mediação da Santa Aliança e ao pagamento à Inglaterra de indenização pelas invasões napoleônicas. da no c) Desconfiança dos brasileiros, reforçada após o falecimento de D. João VI, de que o reconhecimento reunificaria os dois reinos. d) Reação das potências europeias às ligações privilegiadas com a Áustria, terra natal da Imperatriz. e) Expectativa das potências europeias, que aguardavam o reconhecimento de Portugal, fiéis à política internacional traçada a partir do Congresso de Viena. 3. (Fgv) No Brasil, durante o Primeiro Império, a situação financeira era precária, pelo fato de que: a) o comércio de importação entrou em colapso com a vinda da Família Real (1808); b) os Estados Unidos faziam concorrência aos nossos produtos, especialmente o açúcar; c) os principais produtos de exportação açúcar e algodão - não eram suficientes para o equilíbrio da balança comercial do país; d) o capitalismo inglês se recusava a fornecer empréstimos para a agricultura; e) o sistema bancário era praticamente inexistente, só tendo sido fundado o Banco do Brasil em 1850. 4. (Fuvest) O reconhecimento da independência brasileira por Portugal foi devido principalmente: 5. (Fuvest) A organização do Estado brasileiro que se seguiu à Independência resultou no projeto do grupo: a) liberal-conservador, que defendia a monarquia constitucional, a integridade territorial e o regime centralizado. b) maçônico, que pregava a autonomia provincial, o fortalecimento do executivo e a extinção da escravidão. c) liberal-radical, que defendia a convocação de uma Assembleia Constituinte, a igualdade de direitos políticos e a manutenção da estrutura social. d) cortesão, que defendia os interesses recolonizadores, as tradições monárquicas e o liberalismo econômico. e) liberal-democrático, que defendia a soberania popular, o federalismo e a legitimidade monárquica. 7. (Mackenzie) São fatores que levaram os E.U.A. a reconhecerem a independência do Brasil em 1824: a) Doutrina Monroe (América para os americanos) e os fortes interesses econômicos emergentes nos EUA. b) A aliança dos capitais ingleses e americanos interessados em explorar o mercado brasileiro e a crescente expansão do mercado da borracha. 18 c) A indenização de 2 milhões de libras pagos pelo Brasil ao governo americano e a Doutrina Truman. d) A subordinação econômica à Inglaterra e o interesse de aliar-se ao governo constitucional de D. João VI. e) A identificação com a forma de governo adotada no Brasil e interesses coloniais comuns. 8. (Mackenzie) A Confederação do Equador, movimento que eclodiu em Pernambuco em julho de 1824, caracterizou-se por: a) ser um movimento contrário às medidas da Corte Portuguesa, que visava favorecer o monopólio do comércio. b) uma oposição a medidas centralizadoras e absolutistas do Primeiro Reinado, sendo um movimento republicano. c) garantir a integridade do território brasileiro e a centralização administrativa. d) ser um movimento maçonaria, clero e demais absolutistas. contrário à associações e) levar seu principal líder, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, à liderança da Constituinte de 1824. 9. (Mackenzie) O episódio conhecido como "A Noite das Garrafadas", briga entre portugueses e brasileiros, relaciona-se com: a) a promulgação da Constituição da Mandioca pela Assembleia Constituinte. b) a instituição da Tarifa Alves Branco, que aumentava as taxas de alfândega, acirrando as disputas entre portugueses e brasileiros. c) o descontentamento da população do Rio de Janeiro contra as medidas saneadoras de Oswaldo Cruz. d) a manifestação dos brasileiros contra os portugueses ligados à sociedade "Colunas do Trono" que apoiavam Dom Pedro I. e) a vinda da Corte Portuguesa e o confisco de propriedades residenciais para alojála no Brasil. PINTOU NO ENEM 1) Após a Independência, integramo-nos como exportadores de produtos primários à divisão internacional do trabalho, estruturada ao redor da Grã-Bretanha. O Brasil especializou-se na produção, com braço escravo importado da África, de plantas tropicais para a Europa e a América do Norte. Isso atrasou o desenvolvimento de nossa economia por pelo menos uns oitenta anos. Éramos um país essencialmente agrícola e tecnicamente atrasado por depender de produtores cativos. Não se poderia confiar a trabalhadores forçados outros instrumentos de produção que os mais toscos e baratos. O atraso econômico forçou o Brasil a se voltar para fora. Era do exterior que vinham os bens de consumo que fundamentavam um padrão de vida “civilizado”, marca que distinguia as classes cultas e “naturalmente” dominantes do povaréu primitivo e miserável. (...) E de fora vinham também os capitais que permitiam iniciar a construção de uma infraestrutura de serviços urbanos, de energia, transportes e comunicações. Paul Singer. Evolução da economia e vinculação internacional. In: I. Sachs; J. Willheim; P. S. Pinheiro (Orgs.). Brasil: um século de transformações. São Paulo: Cia. das Letras, 2001, p. 80. Levando-se em consideração as afirmações acima, relativas à estrutura econômica do Brasil por ocasião da independência política (1822), é correto afirmar que o país: a) se industrializou rapidamente devido ao desenvolvimento alcançado no período colonial. b) Extinguiu a produção colonial baseada na escravidão e fundamentou a produção no trabalho livre. c) se tornou dependente da economia europeia por realizar tardiamente sua industrialização em relação a outros países. d) se tornou dependente do capital estrangeiro, que foi introduzido no país sem trazer ganhos para a infraestrutura de serviços urbanos. e) teve sua industrialização estimulada pela Grã-Bretanha, que investiu capitais em vários setores produtivos. 19 CAPÍTULO 03 EXERCÍCIO COMENTADO O PERÍODO REGENCIAL (1831-1840) DO AVANÇO LIBERAL AO REGRESSO CONSERVADOR (Uel) O período regencial iniciado logo após a abdicação de D. Pedro I está marcado em quatro momentos distintos: Na visão do cartunista, a Independência do Brasil, ocorrida em 1822, a) foi resultado das manifestações populares ocorridas nas ruas das principais cidades do país. b) resultou dos interesses dos intelectuais que participaram das conjurações e revoltas. c) decorreu da visão humanitária dos ingleses em relação à exploração da colônia. d) representou um negócio comercial favorável aos interesses dos ingleses. e) não passou de uma encenação, já que os portugueses continuaram explorando o país. Com a Independência do Brasil a situação tornou-se altamente favorável aos ingleses, que já instalados no país puderam intensificar ainda mais suas relações comerciais com o país. A charge explicita exatamente essa visão ao mostrar uma mãe respondendo ao questionamento de seu filho, dando a entender que a tal “Independência” seria mais um produto inglês chegando no mercado brasileiro. GABARITO: Exercícios de Fixação: 1–D/2–E/3–C/4–D/5–A/7–A/8–B/ 9–D Pintou no ENEM: 1- C Regência Trina Provisória (Abril a Julho de 1831): Definida às pressas conforme seguindo as especificações que estavam assinadas na constituição de 1824. Tinha como lideranças um militar, um liberal e um conservador e foi estabelecida para administrar a transição do Primeiro Reinado para o Período Regencial. Regência Trina Permanente (18311834): Composta por Francisco de Lima e Silva, José da Costa Carvalho e João Bráulio Muniz, no entanto o nome de maior destaque foi padre Feijó, ministro da Justiça, que após 1834, foi eleito, conforme a alteração da Constituição, para Regente Uno. Regência Uma de Padre Feijó (18351837): Renunciou antes de cumprir o mandato sob a pressão da eclosão de duas das revoltas mais importantes do período: a Cabanagem no Pará e a Farroupilha no Rio Grande do Sul. Regência Araújo Lima (1837-1840): Assume sob uma pauta de promessa de dura repreensão contra as rebeliões. Acaba tendo que lidar com outras duas de grande importância, a Sabinada na Bahia e a Balaiada no Maranhão. Sua luta para manter a ordem e a unidade territorial foi finalizada com o golpe da Maioridade. Uma vez finalizado o Primeiro Reinado, sinalizando com a derrota da autocracia, foram tomadas várias medidas liberais, caracterizando esse momento, como “Avanço Liberal”. Pela primeira vez, foi se pensado em um Ato Adicional para a Constituição de 1824 dando a possibilidade a elite brasileira pela primeira vez experimentar um regime governamental mais democrático e mais próximo do republicanismo uma vez que na ausência de D. Pedro I, não havia mais quem ocupasse o Poder Moderador. Neste cenário, as assembleias tornaram-se os espaços para os debates e para a experimentação de uma experiência democrática por parte das elites políticas que se organizavam 20 em três frentes distintas para a discussão do Ato Adicional sendo elas: Liberais Exaltados: Grupo mais liberal existente naquele período, insistiam em uma releitura mais federalista e que ampliassem a autonomia das províncias da nação uma vez que a centralização em torno do Rio de Janeiro transformava o sistema em um aparelho pesado e burocrático para as províncias mais distantes como o Rio Grande do Sul, por exemplo. Lutavam por grandes reformas constitucionais como por exemplo a extinção do poder moderador. constitucional, com a sociedade escolhendo presidentes provinciais e reformando o exército excluindo os radicais dos bons cargos. Em 1831 houve a sublevação de 26º Batalhão do Rio de Janeiro, exigindo diversas medidas, dentre elas a renúncia do Ministro da Justiça: Padre Feijó. No entanto, bastou a recusa no atendimento para as tropas se recolherem ao batalhão novamente. Mesmo sem ter gerado maiores problemas, este movimento deixou claro que o governo regencial não poderia confiar nas tropas regulares. A partir desta constatação foi criada a Guarda Nacional. Liberais Moderados: Consistiam no grupo liberal mais reformista, porém, que preferia manter uma unidade e uma autoridade central. Compunham sobretudo a visão política da elite brasileira do sudeste e apesar das reformas constitucionais propostas, a extinção do poder moderador não estava, por exemplo, em pauta ou se estivesse, não seria a prioridade. A ordem e a unidade viriam em primeiro lugar. A Guarda era subordinada ao Ministro da Justiça e acabava com as milícias. A Guarda era uma força paramilitar, onde os oficiais eram eleitos por votação secreta. Assim os moderados se equipavam com uma força eficiente e fiel. Com a Guarda, os moderados controlaram a situação, se dando o luxo de afastarem os radicais do poder. Restauradores ou Caramurus: Compunham o grupo mais conservador daquele período. A pauta principal dos restauradores era manter as coisas como estão para minimizar as alterações neste período de transição e havia ainda aqueles que queriam o retorno de D. Pedro I. Para os Caramurus, a reforma constitucional era algo impensável, a extinção do Poder Moderador algo ainda mais inconcebível. Os agrupamentos políticos mais uma vez começaram a se cristalizar no momento de discussão da reforma constitucional. Esta reforma definiu uma monarquia federativa, senado eleito e temporário e criação de Assembleias Legislativas Provinciais. O projeto foi enviado ao Senado, em reação organizou-se a defesa a Constituição Outorgada por D. Pedro I. Eram os restauradores, agora em franca oposição aos exaltados e aos moderados. O AVANÇO LIBERAL (1832 – 1837) E O ATO ADICIONAL DE 1834 A queda de D. Pedro não trouxe de imediato a pacificação da sociedade. Em abril, eclodiram mais conflitos entre brasileiros e portugueses. Essas instabilidades, geraram uma certa paralisação comercial, pois os comerciantes lusos se retiraram do Rio de Janeiro e os brasileiros suspenderam seus negócios, gerando desemprego e aumentando ainda mais a instabilidade social. Os moderados, beneficiários com a queda do imperador, haviam perdido o controle e estabeleceram alianças com os exaltados e conservadores para formação de um quadro dirigente: “Sociedade Defensora da Liberdade e da Independência”, quadro este que seria comandado pelo grupo mais forte, o moderado. Como atrativo, ofereceu aos exaltados a reforma Mesmo com um restaurador na tutela, José Bonifácio, os moderados empreenderam reformas dentro do governo, reformas essas que são a base do período chamado de Avanço Liberal. As reformas se caracterizam por: 1 – Aprovada a Lei que garantia os deputados eleitos em 1833 poderes constituintes para reformar a Carta outorgada por D. Pedro. 2 – Aprovado o Código de Processo Criminal dando autonomia judiciária aos municípios, com juízes de Paz eleitos localmente, com o poder de polícia. Nota-se que esses estes eram controlados pelos proprietários locais detentores dos poderes de fato. 3 – Os deputados eleitos providenciaram as seguintes Reformas Constitucionais: Assembleias Legislativas Provinciais podendo legislar sobre matérias civis e militares e instruções políticas e econômicas dos municípios. A Regência Trina foi transformada em Una, com eleições diretas. 21 Estas medidas receberam o nome de Ato Adicional aprovados após Assembleia em 1834. O mesmo preservou a vitaliciedade do Senado, como concessão aos restauradores, além da autonomia provincial como ganho aos exaltados e, para a surpresa de todos, a manutenção do Poder Moderador. Por mais que parecesse um completo avanço liberal, o ato adicional, porém, foi a resposta a um projeto um tanto quanto mais ousado por parte dos exaltados, o Projeto Miranda Ribeiro que fracassou em ser aprovado por ser considerado demasiado liberal pela maioria da elite política daquele cenário, neste projeto, estava proposto, por exemplo, o fim da vitaliciedade do senado e o fim do Poder Moderador. Assim o que polarizou a política foi a defesa ou não do Ato Adicional: os que os defendiam foram chamados de progressistas e os contrários regressistas. Os últimos se aproximavam dos antigos restauradores, defendendo o centralismo, enquanto os primeiros defendiam a descentralização. Alguns moderados, com medo da agitação popular começaram a defender a centralização, pois com o fim dos restauradores e a morte do antigo imperador D. Pedro I em 1834 o risco do absolutismo estava suspenso. No entanto, o perigo de uma rebelião popular inquietava a elite. Nas eleições para Regência concorreram Padre Feijó e Antônio Francisco de Paula Holanda, um rico senhor de engenho pernambucano. Os progressistas apoiaram Feijó e os regressistas o seu adversário. Os progressistas saíram vitoriosos na regência, mais um ano após perderam para os regressistas nas eleições legislativas. Feijó assumiu em 1835 e governou até 37, num momento de eclosão de diversas rebeliões espalhadas Brasil afora sendo duas delas de grande importância como a Cabanagem e a Farroupilha. Em 1836 dizia o regente: “Nossas instituições vacilam, o cidadão vive receoso; o governo consome o tempo em vãs recomendações. Seja ele responsabilizado por abusos e omissões, dai-lhe porém, leis adaptadas as necessidades públicas, dai-lhe forças para que possa fazer efetiva a vontade nacional. O vulcão da anarquia ameaça devorar o Império. Aplicai a tempo o remédio.” A Câmara dos Deputados, colocou-se em oposição a Feijó, dando origem a um agrupamento regressista, que foi ignorada pelo regente. Este ato foi um erro, pois o mesmo não percebeu que esse agrupamento representava os verdadeiros interesses da elite dirigente. O regente foi se isolando politicamente e diante da oposição e da falta de pulso para coibir as rebeliões, Feijó se demitiu em 1837, sendo a Regência assumida interinamente por Araújo Lima. O REGRESSO CONSERVADOR E A REGÊNCIA DE ARAÚJO LIMA O novo gabinete de Araújo Lima era composto pela maioria, ou seja, de regressistas que se opuseram ao Ato Adicional de 1834 considerando-o demasiado liberal, daí o nome de regresso conservador para este período da história. Para esta elite o liberalismo resumia-se a luta contra o despotismo de D. Pedro I. Uma vez vencido este obstáculo era necessário parar o “carro revolucionário” evitando a todo custo a democracia, que então era identificada como anarquia. Nas eleições de 1836, as graves agitações nos variados pontos do Brasil, contribuíram para eleição de uma maioria regressista para Câmara dos Deputados. Essa tendência, antidemocrática começava a se firmar no país. A harmonia entre o Legislativo e Executivo, ambos regressistas, favoreceu a coesão da aristocracia, que pôde então, enfrentar com firmeza as várias rebeliões que incendiavam o país, e assim preparar terreno para a chegada ao poder de D. Pedro II. Situação que foi muito bem aproveitada pelos progressistas que se viam gradativamente cada vez mais derrotados dentro do cenário político brasileiro uma vez que os regressistas, seus opositores, estavam tendo êxito onde eles haviam fracassado: manter a unidade territorial e a ordem. AS PRINCIPAIS REBELIÕES REGENCIAIS A Cabanagem (1835 – 1840): O Pará sempre fora dominado por uma camada de ricos comerciantes portugueses, aliados de altos funcionários civis e militares. Este grupo resistiu o quanto pode a declaração de Independência, só sendo sanado o problema um ano após o Grito do Ipiranga, com o envio de tropas cariocas. No 22 entanto, a proclamação alterou muito pouco a vida da população mais pobre. Sentindo-se traído o povo se rebelou e passou a exigir a participação de seus líderes no governo provisório. Após alguns poucos anos de paz, as agitações retornaram a cena no momento da abdicação, pois as autoridades locais nomeadas pela regência, foram contestadas pela população, este fato somado a falta de pulso por parte da regência provocou um clima de continua instabilidade. Para contornar as agitações a regência enviou um novo governante, e o mesmo se inclinou em estabelecer uma política repressora, que com o tempo se mostrou ineficaz, e estimulou o aparecimento de novas rebeliões, como a Cabanagem. Revolução Farroupilha (1835 – 1845): O nome desta rebelião se deve a roupa peculiar dos revoltosos, que buscaram a separação do restante do território nacional, liderados pelos criadores de gado da divisa com o Uruguai. Contra o novo presidente da província, estava sendo organizado um levante armado. O movimento que se irradiou de Belém para a zona rural eclodiu em 1835, onde os cabanos dominaram facilmente a capital e executaram o presidente da Província. Foi eleito como novo presidente um dos líderes do movimento, Malcher, que quando assumiu o poder, se declarou fiel ao Imperador e tratou de reprimir o movimento que o colocara no poder – uma espécie de contra-movimento. Contudo as charqueadas argentinas e uruguaias se desenvolviam contando com o apoio governamental o que não acontecia aqui no Brasil, fazendo pesada concorrência aos produtos gaúchos no mercado externo. Enquanto o novo presidente se incompatibilizava com os Cabanos, crescia a popularidade de um novo líder: Pedro Vinagre. Quando Malcher tentou proceder um golpe contra Pedro, foi preso, executado e o novo líder passou a responder pelo poder. Surpreendentemente o mesmo seguiu a linha do seu antecessor declarando fidelidade ao Imperador, e prometendo entregar o poder a nova indicação do governo. Temendo pelas constantes agitações da região o governo enviou um forte aparato militar. O novo governo se resumiu a conquistar a capital, enquanto os cabanos se retiraram para o interior, onde se reagruparam, e conseguiram mais uma vez conquistar a capital e proclamar a República. Meses após a retomada a Coroa enviou mais uma vez uma forte esquadra, chefiada pelo brigadeiro José Francisco de Souza, que seria nomeado presidente da mesma. No momento da chegada à capital, os cabanos já sem mais forças se retiraram para o interior sofrendo violenta repressão. Como legado a cabanagem deixou o marco de ser o primeiro movimento popular a ter chegado efetivamente ao poder tendo dificuldades apenas em mantê-lo por parte de suas lideranças. No século XVIII a base econômica da região se solidificou com a indústria do charque (carne seca). Assim, se antes a principal atividade se restringia a pele do gado, a partir de agora a carne também passou a ser economicamente vital, sendo exportada para portos brasileiros, destinada principalmente para alimentação de escravos. Assim, quer estancieiros, que charqueadores, a economia do Rio Grande do Sul ficou voltada ao mercado externo. Após a Independência do Brasil, os gaúchos se tornaram importantes na criação de alimentos para os escravos, além de serem vitais militarmente na fronteira, pois garantiam a posse da região. No entanto, os mesmos estavam decepcionados com o poder central, na nomeação de presidentes provinciais e também devido a pesada carga de impostos cobrados. Assim, ao passo que os argentinos cobravam baixas tarifas para importação do sal (matéria básica para os charqueadores) o governo brasileiro fazia com seus impostos subir o preço do produto, fazendo com que o charque platino fosse mais competitivo do que o gaúcho. A peculiaridade econômica do Rio Grande a deixou propensa a defesa do federalismo e da república, base das lutas da América Espanhola, com a qual os estancieiros conviviam estritamente. Em 1834, nas eleições da Assembleia Legislativa Provincial, a maioria dos deputados eleitos eram os produtores da região, os Farrapos. Com o poder político nas mãos, estavam dispostos a derrubar os altos tributos, mesmo que para isso necessitasse desagradar a coroa. A oposição entre Assembleia e Executivo, conduziu ao confronto militar em 1835. Os rebeldes liderados por Bento Gonçalves dominaram Porto Alegre e no ano seguinte proclamaram a República RioGrandense ou de Piratini. No ano de 1837 uniu-se aos rebeldes o revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi, um dos principais líderes da unificação italiana. O mesmo ajudou na anexação de Santa Catarina ao movimento, com a criação da 23 república Catarinense. Neste momento a Farroupilha atingia seu ápice, para após perder impulso por dois motivos: sua estreita base social, pois a maioria da população não aderiu a ela, e pela característica agroexportadora da região que não permitia economicamente um desligamento do resto do Brasil. (Cavalaria dos Farrapos) Em 1840 com a maioridade de D. Pedro II, foi oferecida anistia aos revoltos, mais os farrapos continuaram na luta. Somente em 1842 com a designação de Caxias (futuro duque) os farrapos foram dominados. Caxias cortou as vias de comunicação com o Uruguai, e negociou com os revolucionários para abrandar o ânimo revolucionário. Em março de 1845 através de um acordo entre governo e liderança farroupilha chegava ao fim o movimento, com várias concessões: anistia geral aos revoltosos, incorporação dos soldados ao exército imperial em igual posto, e devolução de terras que haviam sido confiscadas pelo governo. A Sabinada (1837 – 1838): A oportunidade perdida de democratizar a prática política, de um lado, e a insistência em manter inalterado o instituto da escravidão, de outro, praticamente fizeram aflorar todo o anacronismo do Estado brasileiro, provocando várias reações. Os sabinos da Bahia, mesmo manifestando fidelidade monárquica, proclamaram uma república provisória. Marcavam seu desejo de separação do govemo central respeitando o reimenino, como demonstra seu programa, publicado em 1837: "A Bahia fica desde já separada, e independente da Corte do Rio de Janeiro, e do Govemo Central, a quem desde já desconhece, e protesta não obedecer nem a outra qualquer Autoridade ou ordens dali emanadas, enquanto durar a menoridade do sr. dom Pedro II." Apesar da aparente participação popular na Sabinada, prevalecia entre os revoltosos a classe média. Há pontos em comum entre os sabinos e os farrapos. Identificavam-se principalmente com o anticentralismo imperial: os sabinos, mais retoricamente ideológicos, e os farrapos, mais pragmáticos. É sintomático que um dos motivos imediatos da eclosão do movimento baiano seja a fuga de Bento Gonçalves da cadeia, facilitada por seus companheiros de idéias em Salvador. É que o líder baiano, o médico Francisco Sabino, que deu o nome à insurreição, cumprira pena no Rio Grande do Sul por assassinar um político conservador em 1834. No Rio Grande, Sabino conviveu com as idéias farroupilhas e ficou amigo de Bento Gonçalves. Só em 1836 é que Sabino voltara à Bahia. Se as idéias se assemelham, a prática é outra. Os baianos são letrados e propagam seu ideário pelos jornais. Tentam convencer o povo da justiça de sua causa. A Sabináda obtém a vitória em 7 de novembro de 1837, com a adesão de parte das tropas do govemo. As autoridades imperiais fogem de Salvador e é proclamada a república. Os sabinos não conseguem, porém, convencer o interior da Bahia, especialmente o Recôncavo, a aderir ao movimento, cujo os grandes senhores ajudam o govemo imperial a sufocar a insurreição. O Império contra-ataca e vence, em 15 de março de 1838. O comandante no entando excede-se na repressão, incendiando Salvador e jogando nas casas em fogo os defensores da república baiana. Se gente do povo é queimada, só três dos líderes são condenados à morte. Mas ninguém é executado: o próprio Sabino tem a pena comutada para degredo intemo e morre pacificamente em Mato Grosso. Talvez a "vingança" se explique pela perda de controle dos líderes sobre os setores mais "franceses" da insurreição. No decorrer da luta surgiram correntes agredindo a aristocracia, divulgando na imprensa suas perigosas idéias. Porém essa confusão ideológica não significa ascensão do povo. É uma reação contra o apoio que a aristocracia baiana dá ao lmpério, fornecendo gente para sufocar a rebelião. Nem por isso deixou de assustar as classes dominantes. 24 A Balaiada (1838 – 1841): A Balaiada foi uma rebelião da massa maranhense desprotegida, composta por escravos, camponeses e vaqueiros, que não tinham a menor possibilidade de melhorar sua condição de vida miserável. Esses grupos sociais, que formavam a grande maioria da população pobre da província, encontravam, naquele momento, sérias dificuldades de sobrevivência devido à grave crise econômica e aos latifúndios improdutivos. A crise econômica havia sido causada pela queda da produção do algodão base da economia da província - que sofria a concorrência norte-americana. A massa de negros e sertanejos, cansada de ser usada pela classe dominante, terminou se envolvendo numa luta contra a escravidão, a fome, a marginalização e os abusos das autoridades e militares. Os líderes do movimento foram o vaqueiro Raimundo Gomes, o fabricante de Balaios (daí o nome) Manuel Francisco dos Anjos e o negro Cosme, chefe de um quilombo e que organizou quase três mil negros. Os rebeldes chegaram a conquistar Caxias, a segunda cidade mais importante do Maranhão. Porém, a desorganização, a falta de união e divergências dos líderes e o desordenamento dos grupos, onde cada chefe agia isoladamente, facilitaram a vitória das forças militares, enviadas pelo governo. Por ter vencido os rebeldes em Caxias, Luís Alves de Lima e Silva recebeu o seu primeiro título de nobreza: Barão de Caxias. Mais tarde, ele recebeu outros títulos, inclusive o de Duque de Caxias. SESSÃO LEITURA A Estadia de Giuseppe Garibaldi no Brasil Giuseppe residiu algum tempo no Rio de Janeiro, onde foi membro da Congrega della Giovine Itália, fundada por Giuseppe Stefano Grondona. Foi também no Rio de Janeiro conheceu Luigi Rossetti, com quem se juntou à Revolução Farroupilha. Também conheceu Bento Gonçalves ainda em sua prisão, no Rio de Janeiro, e obteve dele uma carta de corso para aprisionar embarcações imperiais. Em 1° de setembro de 1838, Garibaldi foi nomeado capitão17 tenente, comandante da marinha farroupilha . Rossetti e Garibaldi transformaram seu pequeno barco comercial Mazzini em corsário a serviço da República Rio-Grandense. No caminho para o sul, atacaram um navio austríaco, com uma carga de café, e trocaram de navio com seus ocupantes, rebatizando a nova embarcação de Farroupilha. Enquanto Rossetti desembarcou no porto de Maldonado, Garibaldi foi capturado pela polícia marítima uruguaia, acabando preso na Argentina. Depois de algum tempo preso, tendo inclusive sido torturado, conseguiu fugir e chegar ao Rio Grande do Sul. Junto aos republicanos foi encarregado de criar um estaleiro, o que foi feito junto a uma fábrica de armas e munições em Camaquã, na estância de Ana Gonçalves, irmã de Bento Gonçalves. Lá Garibaldi coordenou a construção e o armamento de dois lanchões de guerra. Para participar da empreitada marinheiros vieram de Montevidéu e outros foram recrutados pelas redondezas. Terminada a construção dos barcos, foram lançados à água os lanchões Seival e Farroupilha. Porém, acossados pela armada de John Grenfell, não tiveram muito sucesso: capturaram alguns barcos de comércio desprevenidos, em lagoas ou rios longe da armada imperial. Surgiu, então, o plano de levar os barcos pela lagoa dos Patos até o rio Capivari e, dali, por terra, sobre rodados especialmente construídos para isso, até a barra do Tramandaí, onde os barcos tomariam o mar. Os farrapos, despistaram a armada imperial e conseguiram enveredar pelo estreito do rio Capivari e passaram os barcos a terra em 5 de julho de 1839. Puxando sobre rodados, os dois lanchões artilhados, com cem juntas de bois, atravessaram ásperos caminhos, pelos campos úmidos - em alguns trechos completamente submersos, pois era inverno, com tempo feio, chuvas e ventos, que tornavam o chão um grande lodaçal. Cada barco tinha dois eixos e quatro grandes rodas, revestidas de couro cru. Piquetes corriam os campos entulhando atoleiros, enquanto outros cuidavam da boiada. Levaram seis dias até a lagoa Tomás José, vencendo 90 km e chegando a 11 de julho. No dia 13, seguiram da lagoa Tomás José à barra do rio Tramandaí, no oceano Atlântico, e, no dia 15, lançaram-se ao mar com uma tripulação mista de 70 homens. O Seival, de 12 toneladas, era comandado pelo norte-americano John Griggs, conhecido como "João Grandão", e o Farroupilha, de 18 toneladas, comandado por Garibaldi ambos armados com quatro canhões de doze polegadas, de molde "escuna” . Por fim, a 14 de julho de 1839, os lanchões rumaram a Laguna para atacar a província vizinha. Na 25 costa de Santa Catarina, próximo ao rio Araranguá, uma tempestade pôs a pique o Farroupilha, salvando-se milagrosamente uns poucos farrapos, entre eles o próprio Garibaldi. Com a chegada da marinha farroupilha a Santa Catarina, unindo-se às tropas do exército, sob o comando geral de David Canabarro, foi possível preparar o ataque a Laguna por terra e pela água. A marinha farroupilha entrou através da lagoa de Garopaba do Sul, passando pelo rio Tubarão, e atacou Laguna por trás, surpreendendo os imperiais que esperavam um ataque de Garibaldi pela barra de Laguna e não pela lagoa. Garibaldi tomou um brigue e dois lanchões, enquanto somente o brigueescuna Cometa conseguiu escapar para o mar. O império então impôs um bloqueio naval que buscava estrangular a república economicamente. Garibaldi ainda conseguiu furar o bloqueio com três barcos, capturou dois navios de comércio, trocou tiros com o brigueescuna Andorinha e tomou o porto de Imbituba. Alguns dias mais tarde retornou a Laguna, em 5 de novembro. Pouco tempo depois, o império reagiu com força total, comandado pelo general Francisco José de Sousa Soares de Andrea, comandante de armas de Santa Catarina, com mais de três mil homens atacando por terra. Enquanto isto, por mar, o almirante imperial Frederico Mariath, com uma frota de 13 navios, melhor equipados e experientes, iniciou a batalha naval de Laguna. Garibaldi fundeou convenientemente seus cinco navios, que se bateram contra os imperiais valentemente, mas sem chances de vitória. Nos navios farroupilhas nenhum comandante ou oficial escapou com vida. O próprio Garibaldi, vendo a derrota iminente, queimou seu navio, a escuna Libertadora, e se juntou à tropa de Canabarro, que preparou a retirada de Laguna. Era o fim da marinha farroupilha. Em Laguna, Garibaldi ainda conheceu Ana Maria de Jesus Ribeiro, conhecida depois como Anita Garibaldi, com quem se casaria e que se tornaria sua companheira de lutas na América do Sul e depois na Itália. “Eu vi corpos de tropas mais numerosas, batalhas mais disputadas, mas nunca vi, em nenhuma parte, homens mais valentes, nem cavaleiros mais brilhantes que os da bela cavalaria rio-grandense, em cujas fileiras aprendi a desprezar o perigo e combater dignamente pela causa sagrada das nações. Quantas vezes fui tentado a patentear ao mundo os feitos assombrosos que vi realizar por essa viril e destemida gente, que sustentou, por mais de nove anos contra um poderoso império, a mais encarniçada e gloriosa luta!” - Garibaldi Depois da queda de Laguna, as tropas farroupilha tomaram o caminho de Lages para retornar ao Rio Grande do Sul. Enquanto isso, o governo imperial havia decidido enviar um contingente de tropas ao sul pelo interior, com a missão de retomar Lages e depois auxiliar contra o cerco de Porto Alegre pelos farrapos. Travando pequenos combates com piquetes farroupilhas em novembro, através dos Campos dos Curitibanos e Campos Novos, as tropas imperiais chegaram a Lages, onde retomaram a vila. Os farroupilhas ainda retomaram Lages brevemente, mas as tropas legalistas foram reforçadas por uma divisão vinda de Cruz Alta, sob o comando do coronel Antônio de Melo Albuquerque, o "Melo Manso". Garibaldi e Teixeira Nunes, pressentindo um ataque, dividiram suas tropas, uma partindo para o norte, onde, perto do rio Marombas encontrou uma tropa legalista superior em 12 de janeiro de 1840. Os republicanos foram dizimados e, dos 500 iniciais, menos de 50 conseguiram retornar a Lages e depois voltar ao Rio Grande do Sul. Garibaldi ainda participou com Bento Gonçalves, Domingos Crescêncio de Carvalho e 1.200 homens da campanha pela conquista de São José do Norte, onde, depois de uma longa marcha a cavalo, se travou uma duríssima batalha de quase nove horas, tendo os farrapos tomado a cidade por pouco tempo - a reação vinda de Rio Grande logo expulsou os farrapos embriagados. A pedido, o presidente Bento Gonçalves dispensou Garibaldi de suas funções e ele então mudou-se para Montevidéu, no Uruguai, com Anita e seu filho Menotti, nascido em Mostardas, no litoral sul do estado do Rio Grande do Sul. Recebeu um rebanho de 900 cabeças de gado, das quais, depois de 600 quilômetros de marcha, 300 chegaram a Montevidéu, em junho de 1841. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Giuseppe_Garibaldi, extraído 12/05/2014) 26 b) Os regentes governaram de forma absoluta, fazendo uso indiscriminado do Poder Moderador. c) As facções federalistas criaram a Guarda Nacional, um eficiente instrumento militar de oposição ao Exército regular da Regência. d) Nenhum regente fez uso do Poder Moderador, o que, de certa maneira, permitiu a prática do Parlamentarismo. e) As camadas populares defenderam a proclamação de República e a extinção da escravidão. (Giuseppe Garibaldi em 1866) EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 01. (MACKENZIE) Do ponto de vista político, podemos considerar o Período Regencial como: a) uma época conturbada politicamente, embora sem lutas separatistas que comprometessem a unidade do país; b) um período em que as reivindicações populares, como direito de voto, abolição da escravidão e descentralização política, foram amplamente atendidas; c) uma transição para o regime republicano que se instalou no país a partir de 1840; d) uma fase extremamente agitada com crises e revoltas em várias províncias, geradas pelas contradições daselites, classe média e camadas populares; e) uma etapa marcada pela estabilidade política, já que a oposição ao Imperador Pedro I aproximou os vários segmentos sociais, facilitando as alianças na Regência. 02. Durante o Período Regencial: a) A monarquia imperial foi extinta, instaurando-se em seu lugar uma república Federalista. 03. (UFGO) O Período Regencial apresentou as seguintes características, menos: a) Durante as Regências surgiram nossos primeiros partidos políticos: o Liberal e o Conservador. b) O Partido Liberal representava as novas aspirações populares, revolucionárias e republicanas. c) Foi um período de crise econômica e social que resultou em revoluções como a Cabanagem e a Balaiada. d) Houve a promulgação do Ato Adicional à Constituição, pelo qual o regente passaria a ser eleito diretamente pelos cidadãos com direito de voto. e) Formaram-se as lideranças políticas que teriam atuação marcante no II Reinado. 04. (UNITAU) Sobre o Período Regencial (1831 - 1840), é incorreto afirmar que: a) foi um período de intensa agitação social, com a Cabanagem no Rio Grande do Sul e a guerra dos Farrapos no Rio de Janeiro; b) passou por três etapas: regência trina provisória, regência trina e regência una; c) foi criada a Guarda Nacional, formada por tropas controladas pelos grandes fazendeiros; d) através do Ato Adicional províncias ganharam mais autonomia; as 27 e) cai a participação do açúcar entre os produtos exportados pelo Brasil e cresce a participação do café. 05. (UFS) " ... desligado o povo riograndense da comunhão brasileira, reassume todos os direitos da primitiva liberdade; usa destes direitos imprescritíveis constituindo-se República Independente; toma na extensa escala dos Estados Soberanos o lugar que lhe compete ..." Na evolução histórica brasileira, pode-se associar as idéias do texto à: a) Sabinada b) Balaiada c) Farroupilha tarifas sobre os produtos regionais: ouro, sebo, charque e graxa, política esta responsável pela separação da província de São Pedro do Rio Grande do Sul da Comunidade Brasileira." a) Cabanagem b) Balaiada c) Farroupilha d) Sabinada e) Confederação do Equador 08. (UCSAL) Durante as primeiras décadas do Império, a Bahia passou grande agitação política e social. Ocorreram várias revoltas contra a permanência de portugueses que haviam lutado contra os baianos na Guerra da Independência. Entre as revoltas a que o texto se refere pode-se destacar, a: d) Guerra dos Emboabas a) Farroupilha e) Confederação do Equador b) Praieira c) Balaiada d) Cabanagem 06. "Em 1835, o temor da "haitianização" que já era comum entre muitos políticos do Primeiro Reinado, cresceu ainda mais depois da veiculação da estarrecedora notícia: milhares de escravos se amotinaram a ameaçavam tomar a capital da província." e) Sabinada 09. (FUVEST) A Sabinada que agitou a Bahia entre novembro de 1837 e março de 1838: a) tinha objetivos separatistas, no que diferia frontalmente das outras rebeliões do período; O texto acima trata da: b) foi uma rebelião contra o poder instituído no Rio de Janeiro que contou com a participação popular; a) Balaiada ocorrida no Maranhão; b) Revolta dos Quebra-Quilos, verificada em Alagoas; c) Abrilada, detonada no Rio de Janeiro; d) Revolta dos Malês, ocorrida na Bahia; e) Revolta do Pernambuco. "Maneta", destravada em c) assemelhou-se à Guerra dos Farrapos, tanto pela posição anti-escravista quanto pela violência e duração da luta; d) aproximou-se, em suas proposições políticas, das demais rebeliões do período pela defesa do regime monárquico; e) pode ser vista como uma continuidade da Rebelião dos Alfaiates, pois os dois movimentos tinham os mesmos objetivos. 07. (MACKENZIE) Marque a alternativa que completa corretamente o texto seguinte: "As causas da ___________ eram anunciadas por Bento Gonçalves no manifesto de 29 de agosto de 1838, denunciando as altas 28 CAPÍTULO 04 EXERCÍCIO COMENTADO (UMC) O Golpe da Maioridade, datado de julho de 1840 e que elevou D. Pedro II a imperador do Brasil, foi justificado como sendo: a) uma estratégia para manter a unidade nacional, abalada pelas sucessivas rebeliões provinciais; b) o único caminho para que o país alcançasse novo patamar de desenvolvimento econômico e social; c) a melhor saída para impedir que o Partido Liberal dominasse a política nacional; d) a forma mais viável para o governo aceitar a proclamação da República e a abolição da escravidão; e) uma estratégia para impedir a instalação de um governo ditatorial e simpatizante do socialismo utópico. Com a necessidade de afirmação de uma figura que representasse o projeto de unidade nacional dando continuidade à regência e demarcasse a força nacional frente às disputas regionais, começou-se a ser cogitada a antecipação da maioridade de D. Pedro II para que este assumisse o trono e apaziguasse os ânimos. A proposta de antecipação da maioridade também consistiu numa tentativa de grupos liberais de voltar a fazer parte do jogo político nacional, uma vez que até então encontravam-se afastados do poder. O SEGUNDO REINADO (1840 – 1889) O GOLPE DA MAIORIDADE (1840) As disputas entre progressistas e regressistas resultaram no surgimento de dois partidos: O regressista e o conservador, que se alteraram no poder ao longo do segundo reinado. Enquanto o partido liberal se organizou pelo Ato Adicional o Conservador buscou a limitação do liberalismo do Ato Adicional, com uma lei interpretativa. A Regencia começou Liberal, mais terminou Conservadora, graças a ascenção da economia cafeeira, já que o produto se tornou no principal produto na pauta de exportações, e como os líderes conservadores eram cafeeiros a liderança se explica. Com a abdicação de D. Pedro, o Brasil se viu em instabilidade, graças ao caráter transitório em que se apresentavam as regências, um substituto do poder legítimo. Para conter o perigo de fragmentação territorial a antecipação da maioridade de D. Pedro começou a ser cogitada. Levada a Câmara, a proposta foi aprovada, e em 1840, com 15 anos incompletos, D. Pedro jurou a Constituição e foi aclamado D. Pedro II. A proposta foi maquinada por liberais, que alijados do poder, viam apenas esta alternativa para seu retorno na cena política, uma vez que comporam o primeiro ministério do Segundo Reinado. GABARITO: Exercícios de Fixação: 1–D 2–D 3–B 4–A D 7–C 8–E 9–B 5–C 6– (D. Pedro II) 29 As disputas políticas no entanto, ficaram cada vez mais acirradas, e para controlar o país, o partido no poder tratava de eleger nas províncias, presidentes de seu agrado. Nas eleiçõs, chefes políticos tratavam de colocar nas ruas bandos armados, o governo coagia eleitores, fraudava os resultados. Essa forma de fazer política, ficou conhecida como “eleições do cacete” e deu como de se esperar a vitória aos Liberais. AS MEDIDAS ANTI-LIBERAIS E O “PARLAMENTARISMO ÀS AVESSAS” Apesar das disputas, os partidos Conservador e Liberal eram bem próximos: ambos eram compostos pelos grandes proprietários escravistas, e defendiam os mesmos interesses: eram unidos contra a participação popular nas decisões políticas, sendo a favor de uma política Anti-Liberal no sentido mais especifico da palavra se remetendo a uma ideia amplamente democrática, e também Anti-Popular. Essa maior unidade foi favorecida pelo fortalecimento economico da aristocracia rural, provocado pelo café, no Vale do Paraíba, gerando o fortalecimento de três estados: São Paulo, Rio e Minas, que fortalecidas impunham ao restante da nação, seus inetresses básicos: centrealismo e marginalizaçao dos setores mais radicais e democráticos da população. Para assegurar a ordem pública foi reformado o código Civil e Criminal, conferindo aos poderes locais uma maior soma de poderes, não obedecendo mais ao antigo caráter liberal, pois toda a autorodade policial e judicial ficava sobordinada ao Ministério da Justiça. Se no primeiro reinado foi constante os atritos entre o poder moderador e o Congresso, foi criado em 1847 a Presidencia do Conselho dos Ministros, onde o imperador nomeava o presidente do Conselho e este nomeava os demais ministros. Nascia assim o Parlamentarismo Brasileiro, bem diferente ao praticado na Europa, uma vez que no Velho Continente, o Parlamento era quem escolhia seu primeiro ministro. No Brasil o Parlamento nada podia contra os ministros, que diviam sua prestação de contas ao Imperador. Este é o que chamamos de “parlamentarismo as avesas”. A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA OU REVOLUÇÃO PRAIEIRA (1848 – 1850) Assim como as revoluções de 1848 na Europa representaram o encerramento de um ciclo revolucionário iniciado com a Revolução Francesa, a Praieira correspondeu à última das agitações políticas e sociais iniciadas com a emancipação e mais uma vez, Pernambuco estava no centro dos cenários revolucionários. Pernambuco era, no século XIX, a mais importante província do nordeste, graças ainda ao açúcar, e seus políticos gozavam de influência no Rio de Janeiro. Entretanto, a concentração fundiária em Pernambuco era tal, que um terço dos engenhos era propriedade de uma única família: a dos Cavalcanti. Desse modo, a totalidade dos pernambucanos dependia direta ou indiretamente de um punhado de famílias que conduzia a sociedade tendo em vista exclusivamente os seus interesses. Pernambuco concentrava ainda um numeroso grupo de comerciantes, de maioria portuguesa, que monopolizavam as trocas mercantis. A concentração da propriedade fundiária e a monopolização do comércio pelos portugueses foram os fatores de permanente insatisfação das camadas populares em Pernambuco. Em Pernambuco existiam dois partidos: o Liberal e Conservador, assim como no centro do Império. Os Cavalcanti dominavam o Liberal e os Rego Barros, o Conservador. Apesar dos partidos, essas duas famílias costumavam fazer acordos políticos com facilidade uma vez que neste período, vale lembrar, ainda que dividida, as elites brasileiras sempre possuíram uma orientação elitista em comum, afinal, se tratavam todos de grandes latifundiários com plantéis enormes de escravos e deveriam zelar pela manutenção deste status quo. Porém, em 1842, membros do Partido Liberal se rebelaram e fundaram o Partido Nacional de Pernambuco - que seria conhecido como Partido da Praia. Esses inconformados pertenciam a famílias que haviam feito fortuna em época recente, na primeira metade do século XIX, e tinham como eleitores senhores de engenho, lavradores e comerciantes. Eles deixaram claro o motivo de sua atitude: acusavam o presidente da província Rego Barros de distribuir os melhores cargos administrativos somente entre os membros do Partido Conservador e a cúpula do Partido Liberal. 30 Em 1844 os praieiros conseguiram importantes vitórias com a eleição de deputados para a Assembleia Legislativa local, que colaborou com a expulsão das poderosas famílias do poder no momento da eleição de um ministério liberal. Uma vez instalados no governo, os praieiros adotaram os mesmos métodos dos antigos governantes. Demitiram em massa os funcionários da administração e da polícia que haviam sido nomeados pelos conservadores, substituindo-os pelos seus correligionários. O resultado imediato foi um grande caos administrativo devido ao surgimento deste terceiro polo político que não estava afiliado nem à alta cúpula do Partido Liberal, nem ao Partido Conservador. Para fazer face aos gastos com funcionários públicos, policiamento e obras públicas aumentaram os impostos, encarecendo assim os alimentos, e consequentemente gerando uma grande tensão social. O governo usando do sentimento anti-lusitano da população, acabou por culpar os comerciantes portugueses pela alta, provocando a perseguição dos mesmos. Nada disso amenizou o fracasso da administração. Por fim, a descoberta de inúmeras irregularidades em 1848 desmoralizou a administração. O novo presidente, de inclinação moderada, assim que eleito, começou a afastar os praieiros da administração – da mesma maneira que os praieiros fizeram ao subirem ao poder – criando, da mesma forma que anteriormente uma situação explosiva agravada pelo fator de instabilidade nos governos. A DEFLAGRAÇÃO DA REBELIÃO PRAIEIRA Sem aliados de peso na Corte, os praieiros se enfraqueceram ainda mais com o fim do domínio liberal no poder central do Rio de Janeiro e a ascensão dos conservadores sob a liderança de Pedro de Araújo Lima. Tendo entre os seus principais líderes os membros da aristocracia rural pernambucana, o Partido da Praia não era propriamente radical. Mas, diante de seus poderosos inimigos políticos, os praieiros aliaram-se aos líderes mais radicais, que ajudaram a formular as principais exigências: 1 ° - Voto livre e universal do povo brasileiro; 2° Plena liberdade de comunicar os pensamentos pela imprensa; 3° - Trabalho como garantia de vida para o cidadão; 4° - Comércio para os cidadãos brasileiros; 5° - Inteira e efetiva independência dos poderes constituídos; 6° Extinção do poder moderador e do direito de agraciar; 7° - Elemento federal na nova organização; 8° - Completa reforma do poder judicial de modo a assegurar as garantias individuais dos cidadãos. Destaca-se nas propostas a ideologia da Revolução Francesa tomando uma postura extremamente democrática e popular – diferente do que a elite mantinha até então. No entanto, sua rebelião tinha um caráter menos radical do o exposto no manifesto, uma vez que a principal luta era por uma participação na política de maneira irrestrita, sem a monopolização da aristocracia rural. O levante armado se iniciou com as demissões dos praieiros. Estes se recusaram a deixar os cargos e resistiram armados, mas sem comando unificado. Suas bases eram os engenhos, com recrutamento de combatentes entre dependentes dos senhores. Até o final do ano de 1848, a rebelião praieira não passava de conflitos isolados, sobretudo no interior, com ataques a vilas para intimidar os opositores ou então aos engenhos inimigos para recolher alimentos, munições e animais de carga. Mesmo assim, a rebelião praieira havia atingido dimensões suficientemente graves em dezembro de 1848 para que o próprio Estado imperial de interviesse. Com essa intervenção imperial, os praieiros foram obrigados a concentrar as suas forças para resistir. Porém, as suas dificuldades foram aumentando com o corte dos suprimentos de armas e munições, graças à ação de vigilância da polícia, que impediu que tais suprimentos chegassem às mãos dos rebeldes. Contando com aproximadamente 1500 combatentes divididos em duas colunas, os praieiros decidiram atacar o Recife. No confronto com as tropas governistas, os praieiros perderam. Enquanto isso, alguns praieiros fugiram para o exterior e dos líderes aprisionados, dez foram condenados à prisão perpétua, mas anistiados em 1851. O Apogeu Econômico do Império do Brasil – A Ascensão do Café 31 ECONOMIA E MODERNIZAÇÃO – O PROTECIONISMO DA TARIFA ALVES BRANCO (1844) O tratado de 1810, a redução dos impostos arrecadados, e as concessões feitas ao americanos por ocosião do reconhecimento da Independência, diminuiram em muito a capacidadede arrecadação do governo brasileiro. A falta de uma produção nacional que suprisse as necessidades, fez do país uma economia dependente de fornecimento externo de produtos básicos, como alimentos e algodão e que teriam que ser adquiridos com as divisas de exportação. Economicamente, continuavamos coloniais. Essa distorção começou a ser corrigida em 1844, com a substituição do livre cambismo por medidas protencionistas, através da Tarifa Alves Branco, como ficou conhecida o decreto do ministro Manuel Alves Branco. Através deste decreto, as entradas de produtos no Brasil passaram a sofrer um aumento de impostos, para que assim a produção nacional pudesse fazer concorrência aos produtos do exterior. As pressões internacionais foram fortes, especialmente dos britânicos, que detinham enormes privilégios nos comércios com o Brasil. Embora a tarifa não estimulasse decisivamente o desenvolvimento de um mercado interno, foi um passo importante para isso uma vez que permitiria que as futuras indústrias brasileiras pudessem competir com as indústrias internacionais através do preço ainda que não possuíssem o mesmo padrão de qualidade. A EXPANSÃO DO CAFÉ (1830 – 1880 apr.) Todo o período de “tranquilidade”, a superação das crises regenciais e a estabilidade política devem ser em grande parte atribuídos a economia cafeeira. A estrutura produtiva no Brasil como vem, em pouco foi alterado com a emancipação. Continuamos exportadores de base escravista e monocultores. Só que a grande prosperidade que o país alcançou se deveu a produção de um produto com larga aceitação na Europa: o Café (de origem árabe, consumido inicialmente em Veneza e difundido rapidamente para o resto da Europa). Desenvolvida em São Paulo, Rio e Minas, o café forneceu uma sólida base econômica para o domínio dos grandes proprietários e favoreceu a definitiva consolidação do Estado Nacional. Inicialmente o café teve sua produção em torno da capital do País, o Rio de Janeiro, pois encontrou ali uma estrutura já montada (animais para o transporte, proximidade ao porto escoa dor), e aproveitou a disponibilidade da mão de obra escrava, que havia sido deixada na ociosidade após o declínio da mineração. Além disso, o café não necessitava de grandes investimentos iniciais, como a montagem de engenho, conforme o Açúcar. O café dependia de dois fatores básicos: a terra e a disponibilização de mão de obra. Outra diferença em relação ao açúcar é em relação à separação entre a produção e a comercialização, pois no produto adocicado, as decisões dependiam do setor comercial, os senhores de engenho se tornaram sócios minoritários, enquanto que no café, como foi produzido num país recentemente emancipado, deu um maior espaço de atuação dos produtores, no escoamento, no transporte, pois os mesmos tinham boa capacidade comercial. (Fazenda Produtora de Café no Vale Paraíba) Como de 1830 a 1880 o café era comercializado quase que exclusivamente pelo Brasil, o Vale do Paraíba conheceu um período de enorme prosperidade econômica, e estabilizou indiretamente da economia imperial. O café serviu ainda para manter a estrutura colonial da plantation escravista ao qual o Brasil já estava mais que adaptado a utilizar. A cafeicultura se caracterizou por sua plantação predatória e extensiva, assim dada à falta de terras em abundância, o solo se esgotou no Vale, pelo próprio desgaste natural do mesmo com a agricultura, pois os plantadores cariocas, não se utilizavam de técnicas para manter o sol, como 32 por exemplo a rotatividade, se preocupando apenas em usar a terra até esgotá-la, e feito isso, partir para uma nova terra virgem. Assim, com o esgotamento do solo no Vale, a produção cafeeira para fugir da decadência se direcionou ao Oeste Paulista, inicialmente em Campinas. Por encontrar um solo não tão acidentado como o do Vale, o plantio ocupava longas extensões de terras no oeste: terras essas conhecidas como roxa, de origem vulcânica, mais fértil. A regularidade do relevo favorecia ainda uma melhor qualidade do café. O transporte do Oeste, também era melhor, pois se aproveitava das redes viárias já disponíveis até o porto de Santos. Quando as plantações se distanciaram dos portos, e o transporte feito por animais não mais sanava as dificuldades, os próprios proprietários, em associações com empresas privadas, começaram a estimular a construção de ferrovias. Os superávits eram constantes com o café, e recolocou economia nacional no exterior. A tarifa Alves Branco, responsável por corrigir as alíquotas dos impostos dos produtos importados aumentou as receitas estatais e no fim todo esse cenário de maior entrada de dinheiro, do apogeu econômico do café e da alfândega, possibilitaram as primeiras modificações e tentativas de modernização da sociedade e economia. Neste momento, de empreendedorismo, destaca-se a figura do Barão de Mauá, que veio a investir-nos mais variados setores, como transporte, produção de navios, no ramo bancário e de comunicação. No entanto seus empreendimentos não foram adiante com a grave crise bancária de 1864, e em 1873 o Barão falia definitivamente vítima de seu próprio expansionismo que investiu na indústria e infraestrutura do Brasil acreditando que teria apoio do governo brasileiro em seus investimentos. Ele não imaginou, porém, que ainda com os primeiros sinais de abolição, que o governo fosse favorecer a elite latifundiária em detrimento desta tentativa de modernização e acabou pagando, e literalmente caro, por isto. A Política Externa e a Guerra da Paraguai (1865-1870) A posição geográfica do Paraguai o deixava completamene dependente da Argentina ou do Uruguai, pois situado no interior do prata, seus comerciantes ficavam a mercê do porto e dos comerciantes de Buenos Aires. Estava claro, que para o Paraguai o direito de navegar com segurança e a garantia de manter aberta a comunicação com o exterior eram interesses vitais. Diante deste quadro de completa dependência, os governos paraguaios desenvolveram uma política voltada para dentro para que assim dependesse o mínimo possível do exterior. O primeiro ditador Paraguaio, Francia, percebeu que desenvolver uma política voltada para exportação daria muitos poderes aos grandes proprietários rurais e a burguesia mercantil, além de trazer consequantemente a dependencia para com Buenos Aires, e as concessões para os Argentinos custariam a soberania do país. Para estimular o mercado interno houve o incentivo as pequenas e médias propriedades dirigidas ao consumo local, além do confisco das grandes propriedades e monopolização do comércio com o exterior. Assim, os traços que fizeram as peculiaridades do Paraguai foram: pequenas propriedades, estatização e ditadura. O segundo ditador, Carlos Antonio López, se preocupou em desenvolver a indústria. As receitas obtidas com as exportações de couro e erva mate foram gastas com o equipamento técnico do país, e a contratação de técnicos no exterior, e o envio de estudantes para o velho continente, promovendo ao Paraguai uma condição de extinção do analfabetismo, eliminação da miséria e total auto-suficiência. O Confronto Brasil e Argentina eram os países mais fortes do continente, com interesses evidentes no estatuário do prata. O Uruguai, era um ponto de constante atrito entre as duas nações. Os uruguaios estavam dentro de uma guerra civil, com a bipolarização política entre blancos e colorados e naturalmente, cada partido era apoiado por uma de suas nações vizinhas. Para o Paraguai a manutenção da soberania e da independencia do Uruguai seria a única forma de manter o acesso aos mares visto que a elite blanca, apoiada por Solano López, presidente do Paraguai na época, detinha o favoritismo nas eleições. O motivo imediato da guerra foi a intervenção brasileira a fovor dos colorados depois que eles perderam uma das eleições 33 presidenciais para os blancos, desfazendo o equilibrio das forças no Prata e alarmando o Paraguai. Em represália, Solono Lopéz, apreendeu um navio brasileiro no Rio Paraguai, navio este que trazia o presidente da provincia do Mato Grosso. As relações com o Brasil foram rompidas e no mesmo mês (Novembro) o Mato Grosso foi invadido, para depois o Paraguai avançar sobre o Uruguai para tentar atingir o Rio Grande do Sul. Com esta tática já definida anteriormente, com um preparo militar adequado, o Paraguai mostrava que não estava mais a margem de Argentina e Brasil, agora o mesmo era uma força a ser olhada com cuidado, pois sua força militar era considerável. Diante do perigo de uma terceira potencia no continente, brasileiros e argentinos resolveram deixar em segundo plano seus problemas e com o apoio inglês, estabeleceram uma aliança. Esse apoio inglês se devia sobretudo ao comércio bélico lucrativo para os britânicos. Por muito tempo uma versão de que o apoio da Inglaterra ao Brasil e a Argentina se justificavam por uma questão de ameaça representada pelo Paraguai e sua crescente indústria que ameaçava competir com a inglesa na nova ordem econômica mundial. Esta tese já foi refrutada com base nos dados de arrecadação de impostos e de exportação do Paraguai, que se comparados ao Brasil e a Argentina demonstrariam uma grande inferioridade por parte dos paraguaios, o que o impossibilitaria a competir com a Inglaterra pela demanda mundial de manufaturas, além, é claro, de nos deixar o questionamento de que se o Paraguai representasse alguma ameaça para a Inglaterra, porque o Brasil e a Argentina, com indústrias mais desenvolvidas não representariam igualmente? Na guerra naval do Riachuelo o Brasil impôs uma pesada derrota ao Paraguai e mostrou o seu melhor preparo naval. No ano de 1866 os aliados partiram na conquista por terra, no entanto, neste momento Argentina e Uruguai deixam a guerra ao passo que o Brasil iria se encarregando do confronto. Com Duque de Caxias no comando do exército, em 1868 o Brasil derrotou a resistencia paraguaia em Humaitá. Em 1869, o genro do Imperador D. Pedro II, casado com a Princesa Isabel, Conde D’eu, assume o comando das tropas brasileiras na missão de derrotar completamente o Paraguai que ainda apresentava resistencias devido à recusa de Solano Lopez em aceitar a derrota, e trazer seu presidente capturado. Em 1870, depois de desesperados epsódios de resistência militar, e debaixo de recrutamentos forçados sobre crianças, idosos, e semi-inválidos para se proteger, Solano López acaba ferido e morto em batalha trazendo fim preliminar à guerra. CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA DO PARAGUAI Logicamente, o principal afetado pela guerra foi o Paraguai, que teve seu território devastado, a população dizimada, especiamente a masculina e alterou profundamente sua história desde então. Assim, com as “graças” da Inglaterra em Maio de 1865 formou-se a Tríplice Aliança, composta por Brasil, Argentina e Uruguai. Nos primeiros momentos da guerra, o exército brasileiro encontrava-se mal administrado e mal formado, sem senso de patriotismo, disciplina e com um contigente militar pequeno diante do inimigo eínfimeo diante do censo populacional do Brasil. Diante deste quadro, houve a necessidade de uma modernização no exército, a implementação de uma série de campanhas de recrutamentos de voluntarios, soldados da Guarda Nacional e até mesmo de escravos que reverteram o quadro e transformaram o exército brasileiro em uma potência considerável para a época. (Chacina no Paraguai) Para o Brasil, as consequências foram desastrosas. A escravidão, base de nossa economia, começou a ser contestada a partir da participação dos negros no exército. Com a guerra, o exército ultrapassou em importancia a 34 Guarda Nacional e ciente disso não aceitou mais civis em seu comando e começaram a optar por seguir carreiras politicas distintas das predominantes no brasil e mais modernas, tornando-se progressistas, abolicionistas e repúblicanos. O tripé completamente oposto ao recorrente cenário político brasileiro, o tripé espelhado nos ideais democráticos da Revolução Francesa. A Crise do Segundo Reinado (1770 1889) Como vimos, na chefia do Gabinete dos Ministros o poder ficou dividido entre Moderados e Conservadores, que conseguiam a conciliação na questão mais importante: os escravos. Através de um acordo as facções políticas iniciaram a era da conciliação. A era se caracterizou por alternâncias políticas entre os grupos que adotavam a mesma política, quer no governo, quer na oposição. No entantanto acontecimentos como a guerra do Paraguai, a abolição do tráfico negreiro com a Lei Eusébio de Queirós em 1850 e o café, comprometeram o entendimento gerando as divergências, que iriam desembocar futuramente no Partido Republicano. Com a radicalização das posições o Imperador interferiu a favor dos conservadores. O Gabinete do Governo, liberal naquele momento a partir de 1873, entrou em atrito com Caxias (representante do Partido Conservador) durante a guerra devido alguns problemas na campanha e para resolver a situação, o Imperador nomeou para o mesmo Gabinete somente conservadores afim de reduzir os conflitos, porém, a decisão não foi muito bem aceita pelo Partido Liberal que a partir daí, começou a dar mais ênfase ao ideal repúblicano custando a D.Pedro II um consideravel desgaste a sua imagem pela opinião pública. A ABOLIÇÃO “MAL PLANEJADA” E O REPUBLICANISMO DE ÚLTIMA HORA. A questão central dos problemas do império se centravam na questão escravista. As pressões inglesas pelo fim da escravidão cresciam nas mesmas proporções que a opinião pública contra o regime de trabalho. Para amenizar os problemas, os senhores de terra, dependentes do modelo e cientes de que sua posição se tornava cada vez mais insustentável, se calaram no parlamento, e eram seguidos pelo governo, temeroso com os rumos que o fim do trabalho escravo poderia gerar. Desde antes do Primeiro Reinado, a Inglaterra passou a exigir do governo brasileiro a extinção do tráfico. Em 1815 um tratado assinado em Viena estabeleceu a proibição do tráfico acima da linha do equador. Em 1817, os governos luso-brasileiro e britânico passaram a atuar unidos na repressão ao tráfico ilícito. Em 1822 a Inglaterra exigiu o fim do tráfico como uma das exigências para o reconhecimento da emancipação do Brasil. Assim um acordo e 1826 delimitou o prazo de três anos para a extinção. Em 1831, com um atraso de dois anos foi fixada uma lei nesse sentido. Mesmo com essas pressões, o tráfico continuou impune no Brasil, pois toda a economia era assentada sob o trabalho escravo, e a abolição poderia comprometer nossas bases produtivas. Além disso, desde a abdicação de D. Pedro I, as classes senhoriais se apoderaram do poder político, e nenhum dos acordos assinados foi cumprido, alongando a vida do tráfico que sustentava a expansão do café e da economia brasileira. Escravos importados pelo Brasil entre 18421852 1842 17.435 1843 19.095 1844 22.849 1845 19.453 1846 50.324 1847 56.172 1848 60.000 1849 54.000 1850 23.000 1851 3.287 1852 700 No entanto, a passividade do governo brasileiro, fez a Inglaterra assumir uma atitude extrema. Em 1845 o Parlamento britânico 35 aprovou a Bill Aberdeen, conferindo a marinha o direito de aprisionar qualquer navio negreiro, em qualquer pate do globo. Ao mesmo tempo, o ideal abolicionista começa a ser espalhado em alguns setores mais letrados da sociedades, e os mesmos começam a defender a extinção do trabalho escravo. Em 1850, o governo brasileiro se curva as pressões internos e externas, e o ministro Eusébio de Queirós, promulga o fim do tráfico negreiro no Brasil com a lei de 1850, ou Lei Eusébio de Queirós. Uma das principais consequencias da extinção do tráfico, foi a liberação de capital, que não sendo mais utilizado na compra de cativos, começou a ser investido em outros setores economicos. As atividades financeiras e comercias (apoiadas pelo trabalho livre) tenderam a aumentar. A maior destas consequencias, sem dúvida, foi a percepção para o latifundiário que eventualmente a escravidão iria acabar, afinal, a grande porta de entrada de cativos, o tráfico externo, havia sido fechada e agora a única forma legal de obtenção de escravos era através da reprodução natural dos cativos, que era ínfimea em detrimento da demanda pela mão de obra. Uma mudança de mão de obra precisava ser pensada desde já. Em 1870 a questão do trabalhador negro se tornou pública, os debates no parlamento ganharam em intensidade com o fim da Guerra do Paraguai. O regime de trabalho estava concentrado no sul e sudeste do país. A Guerra de Secessão nos Estados Unidos da América, levando à abolição da escravidão por lá, mostrou que o regime não tinha futuro promissor. Com a Revolução Industrial, apenas o Brasil e Cuba eram escravistas em meados do século XIX. Neste âmbito em 1871 foi aprovada a Lei do Ventre Livre, que adaptada aos interesses escravistas propunha que os filhos de escravos nascidos a partir desta data eram considerados livres. No entanto, essa solução que para o Parlamento era considerada definitiva, apenas adiava o problema para o futuro, e isso não passou despercebido pela opinião pública. Na luta contra a escravidão, publicações sobre começaram a circular, até a fundação da Confederação Abolicionista em 1883 que veio a unificar o movimento. Além do papel dos abolicionistas serem considerados importantes, o papel dos escravos não pode ser menosprezado no movimento abolicionista, face a quantidade de rebeliões, fugas, movimentos estes que nos mostram que os escravos não foram passivos neste contexto, dado que a possibilidade de uma rebelião escrava atemorizou os escravistas, enfraquecendo sua resistência ao movimento. Membros governamentais e o exército, quando não apoiavam fugas, se omitiam em relação a sua repressão. Em 1885 foi aprovada a Lei Saraiva – Cotegipe, ou Lei dos Sexagenários, promulgada graças ao fator da camada escravista estar naquele momento muito pressionada e se vendo obrigada a fazer novas concessões. Essa lei estabelecia a liberdade aos escravos com mais de 60 anos. Com essas características, a lei teve alcance reduzido, pois raramente um escravo chegava a essa idade, e quando chegava não era mais produtivo e assim acabava por ser “jogado” para fora da unidade produtiva sem condições de trabalhar, para viver na miséria, com o bônus de o antigo senhor não ter mais que arcar com os custos de um escravo inválido, improdutivo. (O escravo retratado como objeto) Como ápice deste momento de concessões forçadas, em 1888 na ausência de D. Pedro II, Princesa Isabel, pressionada pela opinião pública e pela insistência inglesa, assumiu a regência e promulgou a Lei Áurea, extinguindo o trabalho escravo de uma maneira súbita, pois a questão ainda estava em discussão. Não se tratava de o caso que a elite latifundiária nao imaginasse na possibilidade da abolição imediata, na verdade, o que esta elite fazia no momento era negociar com o governo uma forma de financiamento por parte dos cofres públicos para a transição da mão de obra para o trabalho livre como forma de indenização pelos escravos libertos, afinal, o escravo era um bem que em algum momento, teve de ser comprado e possuía valor de mercado. E este valor era alto 36 em virtude das dificuldades de se obter um naquele período. Contrariados por esta decisão, muitos dos proprietários de escravos, antigos Liberais ou Conservadores, irão aderir ao Movimento Repúblicano já fortalecido pelos militares e por parte da elite civil, compondo enfim uma força considerável que no ano seguinte, em 1889, consegurá articular a transição para a República. Estes foram chamados de “republicanos de última hora”. A TRANSIÇÃO PARA O TRABALHO LIVRE A estabilidade do setor que dava estabilidade ao Império estava comprometido com o fim do trabalho escravo: a zona cafeeira, que veio a intensificar o tráfio de escravos, num momento de que como vimos era desfavorável a essa prática. Assim o fim do escravismo passou a ser considerado por alguns cafeicultores mesmo antes de seu fim. Neste momento o Oeste Paulista estava expandindo a sua produção, e graças a esse momento histórico, os fazendeiros puderam lançar mão da imigração européia, transformando a cafeicultura numa economia capitalista, e que se adequou a substituição de regime de trabalho de uma melhor maneira do que a já sólida cafeicultura escravista do Vale do Paraíba. O primeiro modelo proposto aos imigrantes foram as colônias de parceria, onde os imigrantes se comprometiam a cultivar uma certa quantidade de cafeeiros, colher e beneficiar o produto e repartir o dinheiro da venda com o fazendeiro. No entanto, essa proposta fracassou, pois as frustrações do colonos eram enormes, uma vez que já chegavam ao Brasil endividados com as despesas de viajem, e tinham que arcar também com as despesas com a alimentação, que nunca eram passíveis de serem saldadas. Este fato levou a alguns países europeus proibir a imigração para o Brasil. A outra solução tentada foi o comércio intra-provincial de escravos que estavam nas economias decadentes do norte ou das minas. Isso troxe duas consequências básicas: agravamento da situação econômica do norte e não resolução das necessidades do sul. Sob a pressão abolicionista e ameaça da desorganização de seus centros de produção, os fazendeiros paulistas lançaram mão da imigração, e graças a prosperidade do Oeste Paulista conseguiram arcar com os custos de sua implementação. Para resolver a ineficiência do sistema de parcerias, o imigração ganhou novo impulso, quando o governo da província de São Paulo assumiu os encargos, de viajem principalmente, desonerando os fazendeiros. Em 1850 foi aprovada a Lei de Terras, que veio a regulamentar a forma do acesso as terras, isso é, as terras só poderiam se conseguidas mediante as compras. Assim os senhores dificultavam o acesso a terra às pessoas com pouco recursos, garantindo assim as suas necessidades de mão de obra assalariada barata. Os imigrantes que chegavam no Brasil foram trabalhar sob o regime de colonato, onde cada família era remunerada proporcionalmente aos pés de café entregues a ela. Além disso, recebiam uma gratificação por café colhido. No entanto, a grande vantagem aos colonos foi a possibilidade de plantar entre os cafezais produtos para sua subsistência, e poderiam inclusive vender o excedente dessa produção. Resumindo, o colonato caracterizava-se por um pagamento fixo no trato do cafezal, um pagamento que variava de acordo com a colheita e a produção direta de alimentos. Os fatores da existencia de disponibilidade de grandes quantidades de terras, a custos baixos para os fazendeiros, o pouco investimento na aquisição de mão de obra, já que os trabalhadores plantavam o que consumiam, fazia com que os cafezais se espalhassem no oeste. A medida que as fazendas íam aumentando, a valorização das terras próximas subiam, e se tornavam cada vez menos acessível as pessoas de baixa renda. A entrada de imigrantes acabou por ajudar na constituição do mercado de trabalho, elemento essencial para o capitalismo. O MOVIMENTO REPUBLICANO A partir de 1850 o Brasil passou por transformações em suas características sócioeconômicas, com incremnto nas indústrias, nos transportes, nas técnicas de plantação e na urbanização. Dois fatores são importantes para a proclamação da república: em primeiro lugar, o governo imperial não acompanhou a modernização pelas quais o país passava, não se adaptando por tanto as suas mudanças. Além disso, o fim da escravidão dividiu a elite 37 dominante dos grandes proprietários. Por último, vale destacar que a República teve a pArticipação direta dos fazendeiros do café.. O ponto de partida para a o Movimento Republicano situou-se no lançamento do Manifesto Republicano em 1870. O conservadorismo do manifesto pode ser notado: “Como homens livres e essencialmente subordinados aos interesses de nossa pátria, não é nossa intenção convulsionar a sociedade em que vivemos” Os republicanos se aproximavam dos liberais na questão da necessidade de reformas para se evitar revolução. O Manifesto foi aceito em Minas e São Paulo, verdadeiros núcleos republicanos, não tendo a mesma aceitação em outras províncias. O ideal republicano foi prejudicado pela sua falta de identidade própria face os estreitos laços com os liberais, que apesar dos pontos em comum, eram monarquistas. Somente em 1878, passaram a agir de forma idependentes e ganharam identidade. Outro ideal importante foi o federalismo. Os presidentes provincias sempre estavam direcionados as determinações do poder central, pouco se importando com os problemas internos das províncias. O grande problema era que a administração central estava emperrada não acompanhando a modernização pela qual passava o país e acabava por atravancar economicamente províncias promissoras com a de São Paulo. Isso se devia ao fato de que os ocupantes dos altos cargos do governo eram decidos por tradição, afastando das tomadas de decisões os setores mais dinâmicos, como os cafeicultores paulistas. Assim, o império por estes passou a ser visto como inadequado. Com isso o federalismo emergiu e se associou ao republicanismo. Os republicanos eram contrários a revolução violenta, sendo seguigores do positivismo, e chegaram a fundar com base nessa ideologia a ordem “Igreja Positivista do Brasil” em 1881, que teve uma influência desciva na política após a proclamação. O positvismo brasileiro era antirevolucionário, elitista e ditatorial, acreditando que a evolução histórica do país o faria chegar na república, daí o seu caráter passivo. A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA No Brasil a religião oficial era a católica, garantida com a instituição do padroado, onde o imperador nomeava seus clérigos para os cargos mais importantes da Igreja, e as bulas papais só seriam aceitas com o aceite do imperador. O Papa em mais uma de suas bulas condenou as maçonarias e inetriditou padres e fiéis de pertecerem aos seus quadros. Dado o grande número de religiosos ligados a maçonaria no Brasil, essa bula não foi aceita. Em 1872 os bispos de Olida e Belém decidiram aplicar as determinações do papa e suspendeu irmandades que não cumpriram as determinações papais. O imperador resolveu anular as suspensões, mais como os bispos se mantiveram irredutíveis, foram julgados e condenados pela ordem imperial. A prisão, mesmo com o posterior perdão foi considerada uma afronta a Igreja, e esta afastouse do Império. Este fato é o que na história designamos de Questão Religiosa. O Exército ganhou forma, conciência e importância com a Guerra do Paraguai e começou a mostrar descontentamento com o tratamento dado pelo poder imperial. Sua queixas acabaram se tornando públicas, com a difusão do ideal republicano e positivista em seus quadros. No entanto, os militares estavam proibidos de se manifestarem pela imprensa sobre questões internas. A Questão Militar teve início em 1884, quando o Ceará se tornou o primeiro estado a abolir a escravidão, e o jangadeiro cearence Francisco Nascimento (Dragão do Mar), considerado herói por liderar os jangadeiros locais a não transportar negros africanos, foi convidado a ir a Corte para receber homenagens de abolicionistas, sendo recebido na Escola de Tiros em Campos, pelo coronel Sena Madureira. Quando a imprensa noticiou tal recepção, o Ministro da Guerra tratou de interpelar Madureira, mais este alegando ser subordinado ao Conde D’Eu não lhe deveria explicações. Este foi o primeiro de muitos descontentamentos e tensões dentro de Exército com comporam a Questão Militar, protagonizada pelo coronel Ernesto Augusto de Cunha Matos. Este em visita as tropas do Piauí denunciou irregularidades praticadas pelo capitão Pedro Lima, do partido Conservador. Um deputado do mesmo partido saiu em defesa do correligionário e fez ataques a Cunha Matos. Isto provocou profundas discussões na Câmara, onde o Ministro da Guerra compareceu ao Senado para discutir o assunto. Sena Madureira, publicou um artigo defedendo Cunha Matos e foi punido pelo Ministro da Guerra. Estes fatores serviram para 38 difundir o ideal republicano e acabou por afastar os militares do Imperador, dando origem ao golde de 15/11/1889. Como resposta a situação crítica, o Império promoveu reformas para amenizar as distenções. Na apresentação na Câmara, esta dominada pelos conservadores, o projeto foi rejeitado. Como resposta o governo dissolveu a Câmara e convocou uma nova para 20/11/1989. A dissolução gerou inquietações e os Partidos Republicanos de Minas e Rio solicitaram a intervenção militar. O Exército se mostrou sensível ao apelo. Em 11 de Novembro, líderes republicanos se reuniram com Deodoro da Fonseca, para que este liderasse o movimento de depor a Monarquia. Deodoro aceitou e em 15 de Novembro de 1889 era deposta a Monarquia e proclamada a República. nas sessões dos dias 11, 12 e 13 de maio. Foi votada e aprovada, em primeira votação no dia 12 de maio. Foi votada e aprovada em definitivo, um pouco antes das treze horas, no dia 13 de maio de 1888, e, no mesmo dia, levado à sanção da Princesa Regente. Foi assinada no Paço Imperial por Dona Isabel e pelo ministro Rodrigo Augusto da Silva às três horas da tarde do dia 13 de maio de 1888. O processo de abolição da escravatura no Brasil foi gradual e começou com a Lei Eusébio de Queirós de 1850, seguida pela Lei do Ventre Livre de 1871, a Lei dos Sexagenários de 1885 e finalizada pela Lei Áurea em 1888. O Brasil foi o último país independente do continente americano a abolir completamente a escravatura. O último país do mundo a abolir a escravidão foi a Mauritânia, somente em 9 de novembro de 1981, pelo decreto n.º 81.234. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_%C3%A1urea, extraído 12/05/2014) SESSÃO LEITURA A Lei Áurea A Lei Áurea (Lei Imperial n.º 3.353), sancionada em 13 de maio de 1888, foi a lei que extinguiu a escravidão no Brasil. Foi precedida pela lei n.º 2.040 (Lei do Ventre Livre), de 28 de setembro de 1871, que libertou todas as crianças nascidas de pais escravos, e pela lei n.º 3.270 (Lei Saraiva-Cotegipe), de 28 de setembro de 1885, que regulava "a extinção gradual do elemento servil". Num domingo, a 13 de maio de 1888, dia comemorativo do nascimento de D. João VI, foi assinada por sua bisneta a Dona Isabel, princesa imperial do Brasil, e pelo ministro da Agricultura da época, conselheiro Rodrigo Augusto da Silva a lei que aboliu a escravatura no Brasil. O Conselheiro Rodrigo Augusto da Silva fazia parte do Gabinete de Ministros presidido por João Alfredo Correia de Oliveira, do Partido Conservador e chamado de "Gabinete de 10 de março". Dona Isabel sancionou a Lei Áurea, na sua terceira e última regência, estando o Imperador D. Pedro II do Brasil em viagem ao exterior. O projeto de lei que extinguia a escravidão no Brasil foi apresentado à Câmara Geral, atual Câmara do Deputados, pelo ministro Rodrigo Augusto da Silva, no dia 8 de maio de 1888. Foi votado e aprovado nos dias 9 e 10 de maio de 1888, na Câmara Geral. A Lei Áurea foi apresentada formalmente ao Senado Imperial pelo ministro Rodrigo Augusto da Silva no dia 11 de maio. Foi debatida (Lei Imperial n° 3.353 – Lei Áurea) “LEI Nº 3.353, DE 13 DE MAIO DE 1888. Declara extinta a escravidão no Brasil. A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte: 39 Art. 1°: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil. Art. 2°: Revogam-se as disposições em contrário. Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém. O secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comercio e Obras Públicas e interino dos Negócios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho de sua Majestade o Imperador, o faça imprimir, publicar e correr. Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67º da Independência e do Império. Princesa Imperial Regente. a) da extinção do sistema de parceria na lavoura cafeeira; b) da manutenção dos arrendamentos de terras; c) da extinção do tráfico indígena entre o norte e o sul do país; d) da manutenção do sistema de colonato na lavoura canavieira; e) da extinção do tráfico negreiro. 2. A vida político-partidária do Segundo Reinado estava marcada pela disputa entre o Partido Conservador e o Partido Liberal. Os dois partidos se caracterizavam por, exceto: a) defender a monarquia e a preservação do "status quo"; b) representar os interesses da mesma elite agrária; c) possuir profundas diferenças ideológicas e de natureza social; d) ter origem social semelhante; e) alternarem-se no poder, com predomínio dos conservadores. RODRIGO AUGUSTO DA SILVA Este texto não substitui o publicado na CLBR, de 1888” Carta de lei, pela qual Vossa Alteza Imperial manda executar o Decreto da Assembleia Geral, que houve por bem sancionar, declarando extinta a escravidão no Brasil, como nela se declara. Para Vossa Alteza Imperial ver. Chancelaria-mor do Império- Antônio Ferreira Vianna. Transitou em 13 de Maio de 1888- José Júlio de Albuquerque. (http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LIM/LIM 3353.htm, extraído em 12/05/2014) EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1. (FATEC) No século XIX, a Inglaterra pressionou diversos países para acabar com o protecionismo comercial e com a existência do trabalho compulsório. Esta situação culminou, em 1845, com o "Bill Aberdeen". Neste contexto o Brasil sancionou, em 1850, a "Lei Eusébio de Queirós" tratando: 3. (UCSAL) A Tarifa "Alves Branco", de 1844, como ficou conhecido o decreto do Ministro da Fazenda, foi uma medida de caráter: a) reformista b) monopolista c) protecionista d) mercantilista e) cooperativista 4. (UCSAL) A introdução da mão-deobra do imigrante na economia brasileira contribuiu para a: a) desestruturação do sistema de parceria na empresa manufatureira; b) implantação do trabalho assalariado na agricultura alimentícia; c) expansão do regime de co-gestão nas indústrias alimentícias; d) criação de uma legislação trabalhista voltada para a proteção do trabalho; e) reordenação da estrutura da propriedade rural nas áreas de produção açucareira. 5. (UBC) A Lei de Terras de 1850 garantia que no Brasil: a) os escravos, após sua libertação, conseguissem um lote de terras para o cultivo de subsistência; 40 b) os brancos pobres ficassem ligados como meeiros aos grandes proprietários de terras; c) todas as terras fossem consideradas devolutas e, portanto, colocadas à disposição do Estado; d) a posse de terra fosse conseguida mediante compra, excluindo as camadas populares e os imigrantes europeus da possibilidade de adquiri-la. e) n.d.a. 6. (UNIFENAS) A Questão Christie referese a: a) Aliança entre Brasil, Argentina e Uruguai. b) Atritos entre a Inglaterra e diversos países da América Latina. c) Aliança da Inglaterra com a Argentina contra o Brasil. d) Atritos entre a Inglaterra, Argentina e Uruguai. e) Atritos diplomáticos entre Inglaterra e Brasil. 7. (UBC) Na Guerra do Paraguai (1865 1870), o Brasil teve como aliados: a) Bolívia e Peru b) Uruguai e Argentina c) Chile e Uruguai d) Bolívia e Argentina e) Inglaterra, Bolívia e Argentina 8. (FGV) "Será o suplício da Constituição, uma falta de consciência e de escrúpulos, um verdadeiro roubo, a naturalização do comunismo, a bancarrota do Estado, o suicídio da Nação." No texto acima, o deputado brasileiro Gaspar de Silveira Martins está criticando: a) a proposta de Getúlio Vargas de reduzir a remessa de lucros; b) o projeto da Lei dos Sexagenários, do gabinete imperial da Dantas; c) o projeto de legalizar o casamento dos homossexuais, de Marta Suplicy; d) a proposta de dobrar o salário mínimo, de Roberto de Campos; e) o projeto de Luís Carlos Prestes de uma "República Sindicalista". 9. (FAZU) As estradas de ferro brasileiras, no Segundo Reinado, concentravamse, sobretudo, nas regiões de produção: a) do fumo b) do milho c) do cacau d) do café e) do feijão PINTOU NO ENEM 1) Negro, filho de escrava e fidalgo português, o baiano Luiz Gama fez da lei e das letras suas armas na luta pela liberdade. Foi vendido ilegalmente como escravo pelo seu pai para cobrir dívidas de jogo. Sabendo ler e escrever, aos 18 anos de idade conseguiu provas de que havia. Nascido livre. Autodidata, advogado sem diploma, fez do direito o seu ofício e transformou-se, em pouco tempo, em proeminente advogado da causa abolicionista. AZEVEDO, E. O Orfeu de carapinha. In: Ano 1, n.o 3. Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, jan. 2004 (adaptado). A conquista da liberdade pelos afrobrasileiros na segunda metade do séc. XIX foi resultado de importantes lutas sociais condicionadas historicamente. A biografia de Luiz Gama exemplifica: a) impossibilidade de ascensão social do negro forro em uma sociedade escravocrata, mesmo sendo alfabetizado. b) extrema dificuldade de projeção dos intelectuais negros nesse contexto e a utilização do Direito como canal de luta pela liberdade. c) rigidez de uma sociedade, assentada na escravidão, que inviabilizava os mecanismos de ascensão social. d) possibilidade de ascensão social, viabilizada pelo apoio das elites dominantes, a um mestiço filho de pai português. e) troca de favores entre um representante negro e a elite agrária escravista que outorgara o direito advocatício ao mesmo. 2) Substitui-se então uma história crítica, profunda, por uma crônica de detalhes onde o patriotismo e a bravura dos nossos soldados encobrem a vilania dos motivos que levaram a Inglaterra a armar brasileiros e argentinos para a destruição da mais gloriosa república que já se viu na América Latina, a do Paraguai. 41 CHIAVENATTO, J. J. Genocídio americano: A Guerra do Paraguai. São Paulo: Brasiliense, 1979 (adaptado). c) Antes que a compra de escravos no exterior fosse proibida, decidiu-se pela libertação dos cativos mais velhos. O imperialismo inglês, "destruindo o Paraguai, mantém o status quo na América Meridional, impedindo a ascensão do seu único Estado economicamente livre". Essa teoria conspiratória vai contra a realidade dos fatos E não tem provas documentais. Contudo essa teoria tem alguma repercussão. d) Assinada pela princesa Isabel, a Lei Áurea concluiu o processo abolicionista, tornando ilegal a escravidão no Brasil. (DORATIOTO). F. e) Ao abolir o tráfico negreiro, a Lei Eusébio de Queirós bloqueou a formulação de novas leis anti-escravidão no Brasil. Maldita guerra: nova . São Paulo: Cia. das Letras, 2002 (adaptado). Uma leitura dessas narrativas divergentes demonstra que ambas estão refletindo sobre: a) a carência de fontes para a pesquisa sobre os reais motivos dessa Guerra. b) o caráter positivista das diferentes versões sobre essa Guerra. c) o resultado das intervenções britânicas nos cenários de batalha. d) a dificuldade de elaborar explicações convincentes sobre os motivos dessa Guerra. e) o nível de crueldade das ações do exército brasileiro e argentino durante o conflito. 4) (Adaptada) Um dia, os imigrantes aglomerados na amurada da proa chegavam à fedentina quente de um porto, num silêncio de mato e de febre amarela. Santos. — É aqui! Buenos Aires é aqui! — Tinham trocado o rótulo das bagagens, desciam em fila. Faziam suas necessidades nos trens dos animais onde iam. Jogavam-nos num pavilhão comum em São Paulo. — Buenos Aires é aqui! — Amontoados com trouxas, sanfonas e baús, num carro de bois, que pretos guiavam através do mato por estradas esburacadas, chegavam uma tarde nas senzalas donde acabava de sair o braço escravo. Formavam militarmente nas madrugadas do terreiro homens e mulheres, ante feitores de espingarda ao ombro. Oswald de Andrade. Marco Zero II – Chão. Rio de Janeiro: Globo, 1991. 3) (Adaptada) Considere a seguinte linha do tempo a respeito das leis aprovadas em torno da questão escravista: Levando-se em consideração o texto de Oswald de Andrade relativos à imigração europeia para o Brasil, é correto afirmar que: * Lei Eusébio de Queirós (1850) (fim do tráfico negreiro) a) visão da imigração presente no texto retrata como os imigrantes tinham pleno conhecimento das terras as quais ocupariam no Brasil. * Lei do Ventre Livre (1771) (liberdade para os filhos de escravos nascidos a partir dessa data) * Lei dos Sexagenários (1885) (liberdade para os escravos maiores de 60 anos) * Lei escravatura) Áurea (1888) (abolição da Considerando a linha do tempo acima e o processo de abolição da escravatura no Brasil, assinale a opção correta: a) O processo abolicionista foi rápido porque recebeu a adesão de todas as correntes políticas do país. b) O primeiro passo para a abolição da escravatura foi à proibição do uso dos serviços das crianças nascidas em cativeiro. b) o texto exemplifica o fenômeno da imigração de argentinos para o Brasil. c) Oswald de Andrade faz um retrato sobre as dificuldades encontradas pelos imigrantes ao chegarem no Brasil. d) Oswald de Andrade retrata de maneira otimista o pioneirismo dos imigrantes na vinda para o Brasil. e) Oswald de Andrade mostra que a condição de vida do imigrante era melhor que a dos ex escravos. 5) O abolicionista Joaquim Nabuco fez um resumo dos fatores que levaram à abolição da escravatura com as seguintes palavras: “Cinco ações ou concursos diferentes cooperaram para o 42 resultado final: 1.º) o espírito daqueles que criavam a opinião pela ideia, pela palavra, pelo sentimento, e que a faziam valer por meio do Parlamento, dos meetings [reuniões públicas], da imprensa, do ensino superior, do púlpito, dos tribunais; 2.º) a ação coercitiva dos que se propunham a destruir materialmente o formidável aparelho da escravidão, arrebatando os escravos ao poder dos senhores; 3.º) a ação complementar dos próprios proprietários, que, à medida que o movimento se precipitava, iam libertando em massa as suas ‘fábricas’; 4.º) a ação política dos estadistas, representando as concessões do governo; 5.º) a ação da família imperial.” Joaquim Nabuco. Minha formação. São Paulo: Martin Claret, 2005, p. 144 (com adaptações). Nesse texto, Joaquim Nabuco afirma que a abolição da escravatura foi o resultado de uma luta: a) de ideias, associada a ações contra a organização escravista, com o auxílio de proprietários que libertavam seus escravos, de estadistas e da ação da família imperial. b) de classes, associada a ações contra a organização escravista, que foi seguida pela ajuda de proprietários que substituíam os escravos por assalariados, o que provocou a adesão de estadistas e, posteriormente, ações republicanas. c) partidária, associada a ações contra a organização escravista, com o auxílio de proprietários que mudavam seu foco de investimento e da ação da família imperial. d) política, associada a ações contra a organização escravista, sabotada por proprietários que buscavam manter o escravismo, por estadistas e pela ação republicana contra a realeza. e) religiosa, associada a ações contra a organização escravista, que fora apoiada por proprietários que haviam substituído os seus escravos por imigrantes, o que resultou na adesão de estadistas republicanos na luta contra a realeza. 6) Ninguém desconhece a necessidade que todos os fazendeiros têm de aumentar o número de seus trabalhadores. E como até há pouco supriam-se os fazendeiros dos braços necessários? As fazendas eram alimentadas pela aquisição de escravos, sem o menor auxilio pecuniário do governo. Ora, se os fazendeiros se supriam de braços à sua custa, e se é possível obtê-los ainda, posto que de outra qualidade, por que motivo não hão de procurar alcançá-los pela mesma maneira, isto é, à sua custa? Resposta de Manuel Felizardo de Souza e Mello, diretor geral das terras Públicas, ao Senador Vergueiro. In: ALENCASTRO, l.f. (Org.) História da vida privada no Brasil São Paulo: Cia das letras, 1998 (adaptado) O fragmento do discurso dirigido ao parlamentar do Império refere-se às mudanças então em curso no campo brasileiro, que confrontam o Estado e a elite agrária em torno do objetivo de: a) fomentar ações públicas para ocupação das terras do interior. b) adotar o regime assalariado para proteção da mão de obra estrangeira. c) definir uma política de subsídio governamental para fomento da imigração. d) regulamentar o tráfico interprovincial de cativos para sobrevivência das fazendas. e) financiar a fixação de famílias camponesas para estímulo da agricultura de subsistência. 7) Observe as duas imagens: 43 As imagens, que retratam D. Pedro I e D. Pedro II, procuram transmitir determinadas representações políticas acerca dos dois monarcas e de seus contextos de atuação. A ideia que cada imagem invoca é, respectivamente: a) Habilidade militar – riqueza pessoal b) Liderança popular – estabilidade política c) Instabilidade econômica – herança europeia d) Isolamento político – centralização do poder e) Nacionalismo administrativa exacerbado – inovação sobre o transporte urbano. O vintém era a moeda de menor valor da época. A polícia não permitiu que a multidão se aproximasse do palácio. Ao grito de “Fora o vintém!”, os manifestantes espancaram condutores, esfaquearam mulas, viraram bondes e arrancaram trilhos. Um oficial ordenou fogo contra a multidão. As estatísticas de mortos e feridos são imprecisas. Muitos interesses se fundiram nessa revolta, de grandes e de políticos, de gente miúda e de simples cidadãos. Desmoralizado, o ministério caiu. Uma grande explosão social, detonada por um pobre vintém. Disponível em: www.revistadehistoria.com.br. Acesso em 4 abr. 2014 (adaptado) A leitura do trecho indica que a coibição violenta das manifestações representou uma tentativa de 8) A escravidão não há de ser suprimida no Brasil por uma guerra servil, muito menos por insurreições ou atentados locais. Não deve sê-lo, tampouco, por uma guerra civil, como o foi nos estados Unidos. Ela poderia desaparecer, talvez, depois de uma revolução o, como aconteceu na França, sendo essa revolução obra exclusiva da população livre. É no Parlamento e não em fazendas ou quilombos do interior, nem nas ruas e praças das cidades, que se há de ganhar, ou perder, a causa da liberdade. a) b) c) d) e) Capturar os ativistas radicais. Proteger o patrimônio privado. Salvaguardar o espaço público. Conservar o exercício do poder. Sustentar o regime democrático. 10) [ENEM-2014] - NABUCO, J.O abolicionismo (1883) Rio de Janeiro: Nova Fronteira: São Paulo: Publifolha, 2000 (adaptado) No texto, Joaquim Nabuco defende um projeto político sobre como deveria ocorrer o fim da escravidão no Brasil, no qual: a) copiava o modelo haitiano de emancipação negra. b) Incentivava a conquista de alforrias por meio de ações judiciais. c) optava pela via legalista de libertação. d) Priorizava a negociação indenizações aos senhores. em torno das e) Antecipava a libertação paternalista dos cativos. 9) [ENEM-2014] - Em 1879, cerca de cinco mil pessoas reuniram-se para solicitar a D. Pedro II a revogação de uma taxa de 20 réis, um vintém, Na charge, identifica-se uma contradição no retorno de parte dos “Voluntários da Pátria” que lutaram na Guerra do Paraguai (1864-1870), evidenciada na 44 a) Negação da cidadania aos familiares cativos. b) Concessão de alforrias aos militares escravos. c) Perseguição dos escravistas aos soldados negros. d) Punição dos feitores aos recrutados compulsoriamente. e) Suspensão das indenizações aos proprietários prejudicados. A primeira Carta Constituinte brasileira data de 1824, ou seja é elaborada no períoodo entendido como Primeiro Reinado (1822-1831) GABARITO: Exercícios de Fixação: 1 – E 2- C 3 – C 4–B E 7 –B 8–B 9–D 5–D 6– Pintou no Enem: 11) [ENEM-2014] - Respeitar a diversidade de circunstâncias entre as pequenas sociedades locais que constituem uma mesma nacionalidade, tal deve ser a regra suprema das leis internas de cada Estado. As leis municipais seriam as cartas de cada povoação doadas pela assembleia provincial, alargadas conforme o seu desenvolvimento, alteradas segundo os conselhos da experiência. Então, administrar-seia de perto, governar-se-ia de longe, alvo a que jamais se atingirá de outra sorte. BASTOS, T. A província (1870). São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1937 (adaptado). O discurso do autor, no período do Segundo Reinado no Brasil. Tinha como meta a implantação do a) b) c) d) Regime monárquico representativo Sistema educacional democrático Modelo territorial federalista Padrão político autoritário e) Poder oligárquico regional EXERCÍCIO COMENTADO (FESP) Assinale a alternativa que não contém uma característica referente ao período do Segundo Reinado (1845 - 1889): a) fim do tráfico negreiro; b) elaboração da primeira Constituição brasileira; c) domínio do café no quadro das exportações brasileiras; d) início da propaganda republicana; e) participação do Brasil na Guerra do Paraguai. 1 – B 2- D 3- D 4- C 5- A 6- C 7- C 8- C 9- D 10- A 11- C 45 CAPÍTULO 05 FIM DO IMPÉRIO E A CONSTRUÇÃO DO ESTADO REPUBLICANO BRASILEIRO alguns grupos locais defenderem, inclusive, a ideia de um movimento separatista, fazendo de São Paulo um país independente do resto do Brasil. Introdução: Pouco mais de um ano depois da abolição da escravatura (13 de maio de 1888), no dia 15 de novembro de 1889, o governo imperial também se extinguia, sendo substituído por um regime republicano. Apesar das transformações sociais ocorridas, sobretudo, na segunda metade do século XIX (como a expansão da lavoura cafeeira, o fim do tráfico negreiro, a imigração, o crescimento das cidades, a expansão dos transportes, etc.), no plano político, o governo continuava sob o controle das tradicionais famílias de proprietários escravistas, que impediam as mudanças políticas necessárias para atender as novas necessidades criadas com as grandes transformações econômicas e sociais no Brasil daquele período. Cafeicultores das áreas mais novas do Oeste Paulista, e outros setores sociais como os industriais e as classes médias urbanas, também desejavam participar mais efetivamente das decisões políticas do país, de maneira que apenas para uma pequena parcela da sociedade, que detinha grandes privilégios, é que a monarquia interessava. Esse pequeno grupo era formado por proprietários que controlavam os altos cargos políticos (ministérios, Senado e Câmara), e conseguiam impedir as mudanças que contrariavam seus interesses mais imediatos. Como consequência desse panorama houve o aumento na oposição ao governo imperial, e uma pressão cada vez maior pela substituição da monarquia por um regime republicano. Aos poucos a estrutura política imperial enfraquece dando início a uma organização de partidos republicanos. Outro fator de suma importância nesse período de transição é a defesa do federalismo por parte dos republicanos. Isto é, uma forma de governo republicano em que as províncias tivessem bastante autonomia para elaborar suas leis e tomar as medidas correspondentes aos interesses locais. O ideal federalista ganhava adeptos especialmente em São Paulo, que era uma das regiões economicamente mais importantes do país, chegando ao ponto de - O Papel Militar nesse momento de transição: Os militares também se opuseram ao governo imperial. O Exército havia crescido com a guerra do Paraguai e voltara valorizado dos campos de batalha. Contudo, quando a guerra terminou, o governo reduziu o número de seus efetivos de 19 mil (1871) para cerca de 13.500 soldados (1886). O interesse do governo era reforçar a velha Guarda Nacional, que fielmente defendia a aristocracia escravista. Os militares desejavam, por sua vez, um tratamento mais digno e começaram a se opor ao governo imperial. Benjamin Constant, professor na escola militar, influenciava os jovens oficiais com a ideia de que o Exército tinha uma importante missão a cumprir: se opor aos políticos, considerados corruptos e impatrióticos. Os seguidores das ideias de Benjamin passaram a acreditar que os militares tinham a missão honrosa de “salvar a pátria”, levando-a pelos caminhos do progresso e da ordem. - Aumento das tensões e elaboração do Manifesto: Numa tentativa extrema para salvar a Monarquia, o último ministro do Império, Visconde de Ouro Preto, apresentou um projeto de reformas que atendiam, em parte, às propostas dos republicanos. Contudo, a Câmara, dominada pela aristocracia mais tradicional, considerou que o projeto era um absurdo e que o ministério não era digno de confiança. Com isso houve um aumento da tensão já existente: a Guarda Nacional foi reforçada e reorganizada; ampliou-se o número de policiais, e 46 por fim, foi criada a chamada Guarda Negra, composta por ex-escravos negros que defendiam a monarquia, porque consideravam a princesa Isabel como heroína de sua causa. Do outro lado, os republicanos orquestravam o golpe final contra a monarquia, apoiados pelo Marechal Deodoro da Fonseca que, por nutrir uma amizade e respeito pelo imperador, inicialmente estava indeciso quanto ao seu apoio à república. A decisão final de aderir ao apelo dos republicanos veio quando soube que D. Pedro II pretendia formar um novo ministério, chefiado por seu maior inimigo, o Visconde de Ouro Preto. Com isso as tensões resultam em ações práticas: o fortalecimento e o prevalecimento da força republicana resultou na elaboração de um manifesto, instaurando um governo republicano provisório, e o imperador foi “convidado” a deixar o país, juntamente com sua família. Saíram de madrugada, embarcando num navio que zarpou para Lisboa na noite de 17 de novembro. Havia se instaurado a República no Brasil. de lei (atos legislativos do Poder Executivo) até que fosse promulgada a nova Constituição, pois a de 1824 (ligada à monarquia) estava invalidada. - Principais medidas de Deodoro durante o governo provisório: Escolheu a república Federativa como regime político; Transformou as Províncias em Estados; Dissolveu as Assembleias Provinciais e Câmaras Municipais e nomeou Governadores para os Estados e Intendentes para os Municípios; Ofereceu cidadania brasileira aos estrangeiros aqui residentes; Declarou a separação entre Igreja e Estado, instituiu o casamento civil, e a secularização dos cemitérios; Reformou o código penal, extinguindo a pena de morte em tempos de paz; Convocou a Assembleia Constituinte; Essas medidas, adotadas no final de 1889 e durante o ano de 1890, foram acompanhadas de várias crises políticas, em decorrência, principalmente, das disputas de interesses entre as forças representadas no governo. # Para Refletir: Embora pensada por diferentes grupos, a proclamação da república aconteceu de maneira semelhante ao processo de Independência do Brasil em 1822, praticamente sem participação das camadas populares. # Você Sabia? O GOVERNO PROVISÓRIO (1889-1891) Com o fim da monarquia, militares e representantes da aristocracia cafeeira entraram em confronto de interesses: Militares: Desejavam a formação de um governo com um poder Executivo forte, que comandasse os demais poderes. Cafeicultores: Defendiam uma República Federativa que preservasse a autonomia dos estados. Marechal Deodoro assumiu provisoriamente o poder com o objetivo de organizar o novo regime. Durante esse governo provisório Deodoro governou através de decretos Inspirada no modelo Norte Americano, essa foi a bandeira provisória quando da Proclamação da República no Brasil. O modelo imediatamente foi rejeitado pelo então governante em exercício, o Marechal Deodoro da Fonseca. 47 Primeiro Ministério da República: • Interior: Aristides da Silveira Lobo; • Relações Bocaiuva; Exteriores: Quintino • Fazenda: Rui Barbosa; • Guerra: Constant; tenente-coronel Benjamin Ainda, segundo a Constituição, o nosso país dividia-se agora em vinte estados (antigas províncias) e um Distrito Federal (ex-município neutro). Cada estado era governado por um “presidente”. Declarava também que o Brasil era uma República Representativa, Federalista e Presidencialista. • Marinha: Eduardo Wandenkolk; • Agricultura, Comércio e Obras Públicas: Demétrio Nunes Ribeiro; # Para Fixar: • Justiça: Manuel Ferraz de Campos Sales. Federalismo: Os estados seriam praticamente autônomos, cabia-lhes elaborar suas próprias leis, desde que não entrassem em conflito com as estabelecidas pela Constituição Federal. Podiam contrair empréstimos, manter Forças Públicas Estaduais, cobrar e criar impostos. A CONSTITUIÇÃO DE 1891: Uma vez convocada a Assembleia Constituinte por M. Deodoro, deu-se início à elaboração de uma nova Constituição Nacional, promulgada em 24 de fevereiro de 1891. Um aspecto importante dessa Assembleia é que a maioria dos deputados eleitos era de civis partidários da República Federativa, o que acabou fazendo dessa reunião um cenário de oposição ao governo militar. A nova Constituição inspirou-se no modelo norte-americano, ao contrário da Constituição Imperial, inspirada no modelo francês. Dentre os pontos mais importantes da nova Constituição estavam previstos: A igualdade de todos perante a lei e o reconhecimento dos direitos do cidadão (liberdade, propriedade, segurança); Eleições diretas com voto não secreto para maiores de 21 anos (exceto analfabetos, mendigos, militares sem patente, religiosos e mulheres); Separação entre Estado e Igreja, sendo garantida a liberdade de culto. O estabelecimento de três poderes independentes: Executivo (presidente, vicepresidente e ministros), Legislativo (Senado e Câmara Federal, que formam o Congresso Nacional), e Judiciário (juízes e Tribunais Federais). (Diferente dos 4 poderes do período monárquico). O fim do Senado Vitalício, a criação de cartórios civis e a secularização dos cemitérios. Os três poderes da República: Legislativo, com duas casas temporárias Câmara dos Deputados e Senado Federal que, reunidos, formavam o Congresso Nacional. Executivo, exercido pelo Presidente da República, eleito por voto direto, por quatro anos, com um vice-presidente, que assumiria a presidência no afastamento do titular, efetivando-se, sem nova eleição, no caso de afastamento definitivo depois de dois anos de exercício. Judiciário, com o Supremo Tribunal Federal, como órgão máximo. Bandeira do Brasil adotada a partir de 19 de novembro de 1889 48 O ENCILHAMENTO: Ainda durante o governo provisório, numa tentativa de promover o desenvolvimento industrial e a formação de um mercado interno forte, Rui Barbosa (o então Ministro da Fazenda), elaborou uma política financeira de emissão de papel-moeda, facilidades e crédito e aumento das tarifas alfandegárias. O Ministro permitiu que certos bancos emitissem títulos de crédito não cobertos por depósitos em dinheiro. Com essa medida, os bancos passaram a conceder créditos a qualquer empresário que apresentasse um plano para abrir um estabelecimento comercial, industrial ou agrícola (As quatro regiões autorizadas eram: Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul). Para financiar o grande volume de créditos, o governo viu-se obrigado a fazer vultosas emissões de moeda, o que provocou acelerada inflação. No entanto, os créditos concedidos nem sempre eram usados para montar empresas realmente produtivas. Inúmeros estabelecimentos comerciais e industriais, sem base econômica, fracassaram em pouco tempo. Porém, as ações dessas empresas, que tinham sido apenas projetadas ou destinadas ao fracasso, eram vendidas e revendidas na Bolsa de Valores, com enormes lucros, numa especulação financeira sem precedentes. É por associação com esse jogo de ações na Bolsa que o conjunto de fenômenos econômicos do período de inflação, especulação financeira, e desvalorização da moeda foi designado pelo termo encilhamento. Este era o nome do local do hipódromo onde se faziam as apostas, nas corridas de cavalos. A emissão de papel moeda aumentou o dinheiro circulante, e reativou os negócios, mas como a produção interna não cresceu nas mesmas proporções, e a inflação também aumentou. O Ministro avaliou mal a situação sócio econômica brasileira no início da República. Esqueceu-se que se tratava de um país recém saído do escravismo; que nosso mercado interno era insuficiente para acompanhar um verdadeiro processo de industrialização. Além disso, subestimou a força dos países industrializados, que pressionariam para não perderem seus mercados consumidores e as remessas de divisas para o exterior. A REPÚBLICA DA ESPADA (18891894): - Deodoro da Fonseca: (1891) Promulgada a nova Constituição, Deodoro foi eleito pelo Congresso Nacional numa votação marcada por ameaças de intervenção militar. No entanto, neste episódio percebe-se que o próprio exército não era uma força coesa, pois o Marechal Floriano concorreu a Vicepresidente apoiando o candidato das oligarquias, Prudente de Moraes. Apesar da derrota de Prudente, o marechal Floriano foi eleito vicepresidente. (Pela Constituição de 1891 a eleição para presidente e vice era separada e podiam ser eleitos candidatos de chapas diferentes). Durante o governo de Deodoro a crise política agravou-se e foi marcada de um lado, pelo autoritarismo e pelo centralismo de Deodoro, e de outro, pela oposição exercida pelos grandes fazendeiros através do Congresso Nacional, apoiados por parte do exército. A situação política do presidente era muito difícil. Frente à luta entre os industrialistas e os representantes da lavoura, Deodoro optou pelos últimos, e as forças políticas mais progressistas, inclusive militares, passaram a fazer oposição. Diante de uma situação de insatisfação e instabilidade política, sendo permanentemente hostilizado pelo Congresso, Deodoro resolveu dissolvê-lo e proclamou um estado de sítio. Essa atitude caracterizava um golpe de estado: buscava neutralizar qualquer reação e tentava reformar a Constituição, no sentido de conferir mais poderes ao Executivo. Porém, o golpe fracassou. As oposições, tanto civis quanto militares cresceram, e culminaram com a rebelião do contra-almirante Custódio de Melo, que ameaçou bombardear o Rio de Janeiro com os navios sob seu comando. Deodoro renunciou, assumindo em seu lugar Floriano Peixoto. - Floriano Peixoto: (1891-94) A ascensão de Floriano foi considerada como um retorno à legalidade. As Forças Armadas, e o Partido Republicano Paulista apoiaram o novo governo. Seus primeiros atos de governo foram: 49 A anulação do decreto que dissolveu o Congresso; A derrubada dos governos estaduais que haviam apoiado Deodoro; O controle da especulação financeira e da especulação com gêneros alimentícios, através de seu tabelamento. Com Floriano os republicanos radicais, assumiram o poder e tentaram, mesmo sem muitas condições, reformular as estruturas sociais e econômicas do país (a classe média e a burguesia que ocupava o poder com o “Marechal de Ferro”). A adoção de uma política de empréstimos, protecionismos, e melhorias sociais, só teria êxito com a derrota dos grupos opositores a esta política, formados por representantes do comércio importador e das Oligarquias Rurais. Apesar das pressões, os florianistas conseguiram seu objetivo. Conscientes de que a indústria brasileira era muito inferior à estrangeira, e só poderia sobreviver e desenvolver-se se recebesse proteção, o grupo concedeu empréstimos, e isentou a importação de máquinas, equipamentos e matérias primas. Ainda no governo de Floriano, foram adotadas medidas radicais contra a especulação e emissão de papel moeda por bancos particulares. A emissão passava a ser como hoje: um privilégio do Governo Federal. Outras medidas foram tomadas para um maior alcance das camadas populares: Redução do aluguel das casas dos operários; Redução do preço da carne e pescado; Melhoria no abastecimento de gêneros alimentícios (RJ); Leis para construção de casas para populares e operários. # O problema da eleição de Floriano e seus desdobramentos: Havia um conflito no que diz respeito ao tempo de mandato de Floriano. De acordo com o artigo 42 da Constituição: causa, Art. 42 – “Se, no caso de vaga, por qualquer da presidência ou vice-presidência, não houverem ainda decorrido dois anos do período presidencial, proceder-se-á a nova eleição.” Como a renúncia do governo anterior de M. Deodoro havia ocorrido ainda no primeiro ano de seu mandato legal, eram necessárias novas eleições. Todavia, Floriano não convocou nova eleição e permaneceu no firme propósito de concluir o mandato do presidente renunciante. Sua alegação era de que a lei só se aplicava aos presidentes eleitos diretamente pelo povo. Ora, como a eleição do primeiro presidente fora indireta, feita pelo Congresso, Floriano simplesmente ignorou a lei. Isso gerou algumas rebeliões do período: das principais O manifesto dos treze generais. Contra as pretensões de Floriano, treze oficiais (generais e almirantes) lançaram um manifesto em abril de 1892, exigindo a imediata realização das eleições presidenciais, como mandava a Constituição. A reação de Floriano foi simples: afastou os oficiais da ativa, reformandoos. A Revolta da Armada. Essa inabalável firmeza de Floriano frustrou os sonhos do contra-almirante Custódio de Melo, que ambicionava a presidência. Levadas por razões de lealdade pessoal, as Forças Armadas se dividiram. Custódio de Melo liderou a revolta da Armada estacionada na baía de Guanabara (1893). Essa rebelião foi imediatamente apoiada pelo contra-almirante Saldanha da Gama, diretor da Escola Naval, conhecido por sua posição monarquista. A Revolução Federalista. No Rio Grande do Sul, desde 1892, uma grave dissensão política conduzira o Partido Republicano Gaúcho e o Federalista ao confronto armado. Os partidários do primeiro, conhecidos como "pica-paus" eram apoiados por Floriano, e os do segundo, chamados de "maragatos", aderiram à rebelião de Custódio de Melo. 50 # A Sucessão de Floriano: Havia um grande medo da elite agrária de que os militares quisessem se perpetuar no poder, mas próximo ao período de convocar as eleições, o Marechal de Ferro garantiu a realização do processo eleitoral. O Presidente eleito praticamente sem oposição foi Prudente de Moraes que representava o poder das oligarquias rurais e a consolidação do regime republicano. SESSÃO LEITURA Os republicanos e o positivismo: O republicanismo brasileiro, especialmente aquele ligado ao grupo dos militares, sofreu forte influência do Positivismo – forma de pensamento desenvolvida no século XIX, que entendia a sociedade como um organismo formado por diversas partes, e cada parte teria a função de agir pelo bom funcionamento do todo. Os positivistas no Brasil pensavam a formação de um Estado nacional centralizado e desvinculado da Igreja (Laico), além da conciliação entre as classes, pois conflitos sociais traziam desordem, e isso atrapalharia o funcionamento do todo. Sua maior influência está registrada no lema de nossa bandeira, com os dizeres: “Ordem e Progresso”. A REPÚBLICA DAS OLIGARQUIAS (República Velha) (1894-1930): Estrutura Política da República Velha: Vimos anteriormente que a República tornou-se possível, em grande parte, graças à aliança entre militares e fazendeiros de café. Esses dois grupos tinham, entretanto, dois projetos distintos em relação à forma de organização do novo regime: os primeiros eram centralistas e os segundos, federalistas. Os militares não eram suficientemente poderosos para impor o seu projeto nem contavam com aliados que pudessem lhes dar o poder de que precisavam. contrário, contavam com aliados potenciais economicamente, o setor sociedade. Os cafeicultores, ao um amplo arco de e compunham, mais poderoso da A partir de Prudente de Morais, que, em 1894, sucedeu o M. Floriano Peixoto, o poder passou das mãos dos Militares para o poder Civil, e consequentemente, para as mãos desses grandes fazendeiros. Entretanto, com a ampliação da participação popular nas eleições (conforme reforma eleitoral de 1891), era necessário conceber uma nova forma de dominação ou controle dos eleitores, para garantir a vitória da elite agrícola no pleito. Foi no governo de Campos Sales (18981902) que essa fórmula política duradoura de dominação foi finalmente elaborada: a "política dos governadores”. A Política dos Governadores: Criada por Campos Sales (1898-1902), a Política dos Governadores consistia no seguinte: o Presidente da República apoiava, com todos os meios ao seu alcance, os Governadores estaduais e seus aliados (Oligarquia estadual dominante) e, em troca, os Governadores garantiriam a eleição, para o Congresso, dos candidatos oficiais do Presidente. Desse modo, o poder Legislativo era constituído por deputados e senadores aliados do Presidente, aprovando as leis de seu interesse. Isso afastava o choque de interesses entre o Legislativo (deputados e senadores) e o Executivo (Presidente). Em cada estado existia, portanto, uma minoria (oligarquia) dominante, que, aliando-se ao Governo Federal, se perpetuava no poder. Existia também uma oligarquia que dominava o poder federal, representada pelos políticos paulistas e mineiros. Essa aliança entre São Paulo e Minas, que eram os estados mais poderosos, ficou conhecida como a "política do café com leite". É importante lembrar que não só a população branca podia participar das eleições. A abolição tinha transformado todos os escravos negros em homens livres e, portanto, em possíveis trabalhadores, sendo necessário o reestabelecimento de novas relações entre proprietários de terras e seus empregados. 51 Os partidos políticos tiveram pouca expressão durante toda a República Velha, sem grandes posições ideológicas que defendessem determinados projetos de desenvolvimento do país. A Constituição de 1891 tinha dado grande poder as elites locais (Os Coronéis) que se aproveitaram para engrandecer as elites agrícolas e os estados mais ricos da federação. A República Velha tem como característica a política feita de cima para baixo, com pouca participação popular, em que os membros da elite eram os responsáveis “por decidir” quem seria eleito, obrigando a população a votar nesses candidatos. Coronelismo, Voto de Cabresto e Comissão Verificadora: As peças para o funcionamento dessa máquina eleitoral conhecida por "política dos governadores" foram, basicamente, a Comissão de Verificação ou Comissão Verificadora e o Coronelismo. As eleições na República Velha não eram, como hoje, garantidas por uma justiça eleitoral. A aceitação dos resultados de um pleito era feita pelo poder Legislativo, através da Comissão de Verificação. Essa comissão, formada por deputados, é que oficializava os resultados das eleições. O presidente da República podia, portanto, através do controle que tinha sobre a Comissão de Verificação, legalizar qualquer resultado que conviesse aos seus interesses, mesmo no caso de fraudes, que, aliás, eram comuns. O coronelismo: O título de "coronel", recebido ou comprado, era uma patente da Guarda Nacional, criada ainda no Império. Geralmente, o termo era utilizado para designar os fazendeiros ou comerciantes mais ricos. Durante o Segundo Reinado, os localismos haviam sido sufocados pela política centralizadora do imperador, mas renasceram às vésperas da República. Com a Proclamação da República e a adoção do federalismo, os coronéis passaram a ser as figuras dominantes do cenário político dos municípios. Imagem Disponível em: http://www.historiadigital.org/historiado-brasil/brasil-republica/republica-velha/questao-coronelismoe-cidadania/ Em torno dos coronéis giravam os membros das oligarquias locais e regionais. O seu poder residia no controle que exerciam sobre os eleitores. Todos eles tinham o seu "curral" eleitoral, isto é, eleitores cativos que votavam sempre nos candidatos por eles indicados, em geral através de troca de favores fundados na relação de compadrio. Assim, os votos despejados nos candidatos dos coronéis ficaram conhecidos como "votos de cabresto”. Porém, quando a vontade dos coronéis não era atendida, eles a impunham com seus bandos armados - os jagunços -, que garantiam a eleição de seus candidatos pela violência. A importância do coronel media-se, portanto, por sua capacidade de controlar o maior número de votos, dando-lhe prestígio fora de seu domínio local. Dessa forma, ele conseguia obter favores dos governantes estaduais ou federais, o que, por sua vez, lhe dava condições para preservar o seu domínio. Economia da República Velha: O “Funding Loan” (Financiamento de Empréstimo): Para recuperar a economia brasileira em crise desde a década de 1890, o governo de Campos Sales negociou com os banqueiros internacionais um acordo onde o Brasil declarava moratória negociada: uma impossibilidade de pegar suas dívidas pelo prazo de 15 anos. Com isso, novos empréstimos eram concedidos, buscando-se com isso a estabilidade financeira. Dentre 52 outras coisas estes empréstimos permitiram as Reformas Urbanas no Rio de Janeiro, e a Política de valorização do café dos anos seguintes. A fim de garantir o cumprimento dessa parte do trato, os banqueiros ingleses periodicamente enviavam fiscais ao Brasil, para acompanhar o andamento das reformas econômicas, como o controle sobre a emissão de papel-moeda e o superávit da balança comercial. Após o primeiro Funding Loan, muitos bancos nacionais faliram e a posição dos estrangeiros ficou mais forte. O maior banco inglês, o London and Brazilian Bank, tinha muito mais recursos do que o Banco do Brasil. #Curiosidade: Por conta desse acordo o Brasil renegociou sua dívida externa por mais 63 anos! O Café: A cultura do café se firmou ao longo da República Velha como nosso principal produto de exportação, correspondendo até a 70% de nossa balança comercial. Este crescimento esteve ligado principalmente à expansão da cafeicultura pelo Oeste Paulista chegando até mesmo ao Paraná. Foram os lucros obtidos com a exportação do café que permitiram o desenvolvimento de atividades industriais no Brasil, principalmente em: São Paulo, Rio de Janeiro e na Zona da Mata Mineira, além de garantir a vinda de milhões de imigrantes. O Convênio de Taubaté (1906): Contudo, desde 1895, a economia cafeeira não andava bem. Enquanto a produção do café crescia em ritmo acelerado, o mercado consumidor europeu e norte-americano não se expandia no mesmo ritmo. Consequentemente, a oferta era maior que a procura, e o preço do café começou a despencar no mercado internacional, trazendo sérios riscos para os fazendeiros. Para solucionar o problema, os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro reuniam-se na cidade de Taubaté, no interior de São Paulo. Decidiu-se então que, a fim de evitar a queda de preços, os governos estaduais interessados deveriam contrair empréstimos no exterior para adquirir parte da produção que excedesse o consumo do mercado internacional. Dessa maneira, a oferta ficaria regulada e o preço poderia se manter. Teoricamente, o café estocado deveria ser liberado quando a produção, num dado ano, fosse insuficiente. Ao lado disso, decidiu-se desencorajar o plantio de novos cafezais mediante a cobrança de altos impostos e a desvalorização cambial para garantir lucros em um cenário de queda dos preços. Estabelecia-se, assim, a primeira política de valorização do café. O governo federal foi contra o acordo, mas a solução do Convênio de Taubaté acabou se impondo. De 1906 a 1910, quando terminou o acordo, perto de 8.500.000 sacas de café haviam sido retiradas de circulação. O acordo não foi propriamente uma solução, mas um simples paliativo. E o futuro da economia cafeeira continuou incerto. O Surto da Borracha: A partir da década de 1890 vai se configurar na Amazônia o “Surto da Borracha”. A exploração já era realizada desde 1770, mas com o desenvolvimento da indústria automotiva, a borracha se tornou um dos principais produtos de exportação, chegando em 1912 a representar 40% da exportação do país. Este desenvolvimento significou um grande crescimento da ocupação do Norte que praticamente dobrou sua população em 15 anos. Milhares de brasileiros, principalmente nordestinos se dirigem a região, a maioria vai trabalhar de seringueiro onde acaba recebendo muito pouco e em condições de trabalho semelhantes aos antigos escravos. A partir de 1912 ocorre uma grande decadência da região, ocasionada pelo baixo índice de produção e a concorrência do látex inglês cultivado na Malásia. A Industrialização: 53 Já no Império podíamos ver um intenso processo de modernização da economia brasileira. O número de estabelecimentos comercias vai crescer consideravelmente durante a República Velha, ocasionado principalmente por: Rendas da lavoura cafeeira (RJ, MG, SP) que eram reinvestidas na diversificação da produção; Investimentos estrangeiros durante as expansões imperialistas; Grande imigração que facilitava a contratação de mão de obra; Iª Guerra Mundial, com as substituições de importações; Política de desvalorização da moeda nacional que encarecia os produtos importados aqui comercializados; O principal centro desta expansão será o estado de São Paulo, principal produtor que também concentrará grande parte da migração no período. A industrialização ocorria nos espaços criados pela agricultura de exportação, não se constituindo como centro econômico da República Velha. Somente a partir da crise de 1929, que a indústria se tornará um setor mais dinâmico de nossa economia, inclusive concentrando esforços do Estado no processo de industrialização efetiva. - A Crise da Economia: Durante a década de 20 o governo foi obrigado a intervir para manter o preço mínimo do café. A concorrência externa, as “super safras”, e as expansões da lavoura, geraram um quadro grave de superprodução. Com os efeitos da crise de 1929 na economia brasileira, as exportações serão praticamente paralisadas. O Governo não terá como fazer uma intervenção desta proporção o que levará a crise até os cafeicultores. A insatisfação da população ganhará novas proporções, e o caminho estará traçado para a Revolução de 1930 que trará fim a Primeira República. - OS MOVIMENTOS SOCIAIS Introdução: O período da República Velha foi marcado por uma série de conflitos sociais, frutos das mudanças que ocorriam na sociedade. Esses conflitos foram resultado de disputas entre a tentativa de manutenção da ordem elitista agrícola e as tentativas de grupos menos abastados da sociedade de conseguir melhorias sociais. Suas origens são bastante diversificadas, ocorrendo não só no campo, mas também nas cidades, evidenciando as causas da tradicional marginalização da sociedade brasileira: o aumento da opressão, da miséria, as consequências da abolição da escravidão e da imigração intensa. A sociedade tornava-se mais complexa, com crescimento dos grandes centros urbanos, crescimento da grande propriedade, crescimento da classe média e o despontar de movimentos operários. Os Conflitos no Campo: Como já visto anteriormente, os efeitos da abolição da escravidão provocaram uma reestruturação das relações entre trabalhadores rurais e os grandes proprietários de terra. Ao mesmo tempo, os latifundiários passaram a aumentar seus domínios, expulsando pequenos proprietários e contribuindo assim para o aumento da miséria. O Coronelismo através de sua dominação política mostrava sua face de violência de violência e opressão sobre a população rural. Foi desta forma, que milhares de sertanejos, colonos, meeiros, parceiros, e habitantes das vilas e cidades do interior, vão conhecer aspectos negativos da “Democracia” instaurada com a Proclamação da República. # O Cangaço: (1870-1940) Após a mineração, o nordeste tornou-se tradicionalmente uma região de grandes latifúndios com limites não tão bem definidos. Nesta região era muito comum conflitos entre fazendeiros rivais, disputas de terras, roubos e etc. Os Coronéis que procuravam exercer 54 controle sobre a população local através de seu poder econômico e prestígio político, organizam bandos armados para montar seus “exércitos” particulares para defender seus limites e muitas vezes impor suas decisões. Essas milícias privadas eram compostas por parentes, afilhados e de jagunços, que se tornavam seguranças do Coronel e dos agricultores que habitavam suas terras (estes também muitas vezes pegavam em armas para defender o Coronel e suas terras). O Cangaço teve o seu fim a partir da decisão do Presidente da República, então Getúlio Vargas, que determinou eliminar todos e quaisquer focos de desordem sobre o território nacional. O regime denominado Estado Novo incluiu Lampião e seus cangaceiros na categoria de extremistas. A sentença passou a ser matar todos os cangaceiros que não se rendessem. Neste mesmo período, o crescimento da industrialização e o êxodo nos campos ajudaram a diminuir as tensões no nordeste. O Cangaço tem suas origens destes bandos armados e das próprias questões sociais e fundiárias do Nordeste brasileiro, que vão se desligando dos coronéis e passam a defender questões pessoais. As ações caracterizam-se por ações violentas de grupos ou indivíduos isolados: assaltavam fazendas, sequestravam coroneis e saqueavam comboios e armazéns. Não tinham moradia fixa viviam perambulando pelo Sertão, praticando tais crimes, fugindo e se escondendo. O Cangaço pode ser dividido em três subgrupos: os que prestavam serviços esporádicos para os latifundiários; os "políticos", expressão de poder dos grandes fazendeiros; e os cangaceiros independentes, com características de banditismo. Os cangaceiros conheciam a caatinga e o território nordestino muito bem, e por isso, era tão difícil serem capturados pelas autoridades. Estavam sempre preparados para enfrentar todo o tipo de situação. Conheciam as plantas medicinais, as fontes de água, locais com alimento, rotas de fuga e lugares de difícil acesso.O primeiro bando de cangaceiros que se tem conhecimento foi o de Jesuíno Alves de Melo Calado, "Jesuíno Brilhante", que agiu por volta de 1870. E o último foi de "Corisco" (Cristino Gomes da Silva Cleto),que foi assassinado em 25 de maio de 1940. O cangaceiro mais famoso foi, Virgulino Ferreira da Silva, o "Lampião", denominado o "Senhor do Sertão" e também "O Rei do Cangaço". Atuou durante as décadas de 20 e 30 em praticamente todos os estados do Nordeste brasileiro. Por parte das autoridades Lampião simbolizava a brutalidade, o mal, uma doença que precisava ser cortada. Para uma parte da população do sertão ele encarnou valores como a bravura, o heroísmo e o senso da honra. Cabeças de Cangaceiros mortos pela polícia. Disponível em: www.google.com # Canudos: (1897) A Guerra de Canudos aconteceu no final do século XIX e foi responsável pela morte de milhares de sertanejos que viviam se reunindo no norte da Bahia, numa comunidade de caráter messiânico e fatalista (Atitude ou doutrina que admite que os cursos dos acontecimentos estejam previamente fixados, nada podendo alterá-lo), seu líder Antônio Alves Mendes Maciel, ou simplesmente Antônio Conselheiro. Conselheiro era filho de pequenos proprietários de terras do Ceará e havia sofrido uma vida dura no sertão: estudara para ser padre, mas as necessidades e dificuldades econômicas de sua família obrigaram-no a se tornar comerciante. Na década de 1860 sua mulher o abandona e ela passa a vagar pelo sertão como beato e místico religioso, misturava elementos do catolicismo e pregações de que o mundo estava para acabar. Milhares de pessoas começam a abandonar tudo e a segui-lo. A população extremante religiosa vê nesse novo líder, a salvação para problemas como seca, miséria, fome, falta de terras e violência de cangaceiros e coronéis. 55 No final da década de 1890 fundou em uma antiga sesmaria abandonada, o Arraial de Belo Monte ou Canudos, como ficaria conhecido. A localidade vai chegar a ter aproximadamente 25.000 moradores que viviam basicamente da agricultura de subsistência, na caça e criação de cabras e gado. As terras eram de toda a comunidade e os que iam chegando construíam seus barracos em volta da igreja do arraial e trabalhavam conforme podiam. Apesar de pobre, Canudos não havia Coronéis, Impostos, Prefeitos, Juízes, o que significava de certo modo Liberdade para a população. Depois de diversos incidentes com autoridades próximas, Canudos vai começar a despertar a ira da elite baiana e dos proprietários de terras. Oferecendo oportunidades de terras e trabalho, os trabalhadores abandonavam as terras dos Coronéis. O misticismo de Conselheiro também não se encaixava na visão da Igreja Católica que temia a perda de fiéis com o crescimento do movimento. Com o passar do tempo, as idéias iniciais se difundiram com tanta velocidade, que os jagunços passaram a utilizar-se das mesmas para justificar seus roubos. Devido à enorme proporção que este movimento adquiriu, o governo da Bahia não conseguiu por si só segurar a grande revolta que acontecia em seu estado, por esta razão, pediu a interferência da República. Esta, por sua vez, também encontrou muitas dificuldades para conter os fanáticos. Somente no quarto combate, onde as forças da República já estavam mais bem equipadas e organizadas, os incansáveis guerreiros foram vencidos pelo cerco que os impediam de sair do local no qual se encontravam para buscar qualquer tipo de alimento e muitos morreram de fome. O massacre foi tamanho que não escaparam idosos, mulheres e crianças. Pode-se dizer que este acontecimento histórico representou a luta pela libertação dos pobres que viviam na zona rural, e, também, que a resistência mostrada durante todas as batalhas ressaltou o potencial do sertanejo na luta por seus ideais. Euclides da Cunha, em seu livro Os Sertões, eternizou este movimento que evidenciou a importância da luta social na história de nosso país. # Contestado: (1912-1916) Guerra do Contestado - A região denominada "Contestado" abrangia cerca de 40.000 Km² entre os atuais estados de Santa Catarina e Paraná, disputada por ambos, uma vez que até o início deste século a fronteira não havia sido demarcada. As cidades desta região foram palco de um dos mais importantes movimentos sociais do país. Formação da Região - No século XIX algumas poucas cidades haviam se desenvolvido, principalmente por grupos provenientes do Rio Grande, após a Guerra dos Farrapos, dando origem a uma sociedade baseada no latifúndio, no apadrinhamento e na violência. Em 1908 a empresa norte americana Brazil Railway Company recebeu do governo federal uma faixa de terra de 30Km de largura, cortando os 4 estados do sul do país, para a construção de uma ferrovia que ligaria o Rio Grande do Sul a São Paulo e ao mesmo tempo, a outra empresa coligada passaria a explorar e comercializar a madeira da região, com o direito de revender as terras desapropriadas ao longo da ferrovia. A Situação Social - Enquanto os latifundiários e as empresas norte americanas passaram a controlar a economia local, formou-se uma camada composta por trabalhadores braçais, caracterizada pela extrema pobreza, agravada ainda mais com o final da construção da ferrovia em 1910, elevando o nível de desemprego e de marginalidade social. Essa camada prendia-se cada vez mais ao mandonismo dos coronéis e da rígida estrutura fundiária, que não alimentava nenhuma perspectiva de alteração da situação vigente. Esses elementos, somados a ignorância, determinaram o desenvolvimento de grande religiosidade, misticismo e messianismo. O Confronto (1912-16) - Ao iniciar a Segunda década do século, o país era governado pelo Marechal Hermes da Fonseca, responsável pela "Política das Salvações", caracterizada pelas intervenções político-militares em diversos estados do país, pretendendo eliminar seus adversários políticos. Além da postura autoritária e repressiva do Estado, encontramos outros elementos contrários ao messianismo, como os interesses locais dos coronéis e a postura da Igreja Católica no sentido de combater os líderes "fanáticos". O primeiro conflito armado ocorreu na região de Irani, ao sul de Palmas, quando foi 56 morto José Maria, apesar de as tropas estaduais terem sido derrotadas pelos caboclos. No final de 1913 um novo ataque foi realizado, contando com tropas federais e estaduais que, derrotadas, deixaram para trás armas e munição. Em fevereiro do ano seguinte, mais de 700 soldados atacaram o arraial de Taquaruçu, matando dezenas de pessoas. De março a maio outras expedições foram realizadas, porém sem sucesso. A organização das Irmandades continuou a se desenvolver e os sertanejos passaram a ter uma atitude mais ofensiva. A partir de dezembro de 1914 iniciou-se o ataque final, comandado pelo General Setembrino de Carvalho, mandado do Rio de Janeiro a frente das tropas federais, ampliada por soldados do Paraná e de Santa Catarina. O cerco à região de Santa Maria determinou grande mortalidade causada pela fome e pela epidemia de tifo, forçando parte dos sertanejos a renderemse. # O Messianismo de Padre Cícero: O padre Cícero Romão Batista, ou “Padim Ciço” foi um grande líder religioso e político da região nordestina e que atuou basicamente durante a República Velha. Chegando em Juazeiro (CE) por volta de 1880, a fama de milagreiro rapidamente se espalhou pela população do sertão que dirigia-se para a cidade em busca da solução para seus problemas. Aproveitando-se deste apoio popular, Padre Cícero tornou-se poderoso Coronel local, sendo inclusive eleito como Prefeito de Juazeiro em 1911 e assinando o Pacto dos Coronéis, onde fazendeiros mais importantes do estado se comprometiam a sustentar a oligarquia frente a Política Salvacionista impetrada pelo então presidente Hermes da Fonseca. Padre Cícero morreu excomungado pela Igreja em 1934, mas dono de várias terras, respeitado e temido pelos políticos, e admirado pela população do Nordeste como verdadeiro “Santo”. Os Conflitos Urbanos: Durante a República Velha o país assistira um desenvolvimento dos setores e atividades urbanas. A industrialização começará a acelerar, bem como as cidades que vão se urbanizar e crescer. O resultado será uma série de revoltas por parte da população que aspira por uma maior participação política, ou contras medidas repressivas adotadas pelos governos. A entrada de imigrantes introduzirá novas teorias sociais (Socialismo, Anarquismo) que vão ter grande influência na organização de movimentos operários. Ao mesmo tempo as medidas saneadoras tomadas na Capital da República (RJ), vão provocar a insatisfação em grande parte da população. # A Revolta da Vacina (1904): No início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro, era a capital da República e, apesar de possuir belos palacetes e casarões, enfrentava graves problemas urbanos: rede insuficiente de água e esgoto, coleta de lixo precária e cortiços super povoados. Nesse ambiente proliferavam muitas doenças, como a tuberculose, o sarampo, o tifo e a hanseníase. Alastravam-se, sobretudo, grandes epidemias de febre amarela, varíola e peste bubônica. Decidido a sanear e modernizar a cidade , o então presidente da República, Rodrigo Alves (1902-1906), deu plenos poderes ao prefeito Pereira Passos e ao médico Dr. Oswaldo Cruz para executarem um grande projeto sanitário de “higienização da cidade”. O prefeito pôs em prática uma ampla reforma urbana, que ficou conhecida como Bota Abaixo, em razão das demolições dos velhos prédios e cortiços, que deram lugar a grandes avenidas, edifícios e jardins. Milhares de pessoas pobres foram desalojadas à força, sendo obrigadas a morar nos morros e na periferia, expandindo assim as favelas. Oswaldo Cruz, convidado a assumir a Direção Geral da Saúde Pública, criou as “Brigadas Mata Mosquitos”: grupos de funcionários do Serviço Sanitário que invadiam as casas para desinfecção e extermínio dos mosquitos transmissores da febre amarela. 57 Iniciou também a campanha de extermínio de ratos considerados os principais transmissores da peste bubônica, espalhando raticídas pela cidade e mandando o povo recolher o lixo. Para erradicar a varíola, o sanitarista convenceu o Congresso a aprovar a Lei da Vacina Obrigatória (31 de Outubro de 1904), que permitia que brigadas sanitárias, acompanhadas por policiais, entrassem nas casas para aplicar a vacina à força. A população estava confusa e descontente. A cidade parecia em ruínas, muitos perdiam suas casas e outros tantos tiveram seus lares invadidos pelos mata-mosquitos, que agiam acompanhados por policiais. Jornais da oposição criticavam a ação do governo e falavam de supostos perigos causados pela vacina. Além disso, o boato de que a vacina teria de ser aplicada nas "partes íntimas" do corpo (as mulheres teriam que se despir diante dos vacinadores) agravou a ira da população, que se rebelou. A aprovação da Lei da Vacina foi o estopim da revolta: no dia 5 de Novembro, a oposição criava a Liga contra a Vacina Obrigatória. Entre os dias 10 e 16 de novembro, a cidade virou um campo de guerra. A população exaltada depredou lojas, virou e incendiou bondes, fez barricadas, arrancou trilhos, quebrou postes e atacou as forças da polícia com pedras, paus e pedaços de ferro. No dia 14, os cadetes da Escola Militar da Praia Vermelha também se sublevaram contra as medidas baixadas pelo Governo Federal. A reação popular levou o governo a suspender a obrigatoriedade da vacina e a declarar estado de sítio (16 de Novembro). A rebelião foi contida, deixando 30 mortos e 110 feridos. Centenas de pessoas foram presas e, muitas delas, deportadas para o Acre. Ao reassumir o controle da situação, o processo de vacinação foi reiniciado, tendo a varíola, em pouco tempo sido erradicada da capital. # A Revolta da Chibata (1910): Ainda que a Abolição da escravatura tenha ocorrido em 1888, as antigas práticas de punição dos coronéis aos escravos se perpetuaram ao longo dos tempos, metamorfoseadas em outras esferas da sociedade. A violência aparece como uma tentativa de impor força, de supostamente mostrar quem tem o poder frente ao outro. Uma das instituições na qual o comportamento violento de seus superiores mais se evidenciava era a marinha de Guerra do Brasil. O uso do açoite como medida disciplinar continuou sendo aplicado nos marinheiros, como no tempo em que existia o pelourinho. Todos os marinheiros, na sua esmagadora maioria negros, continuavam a ser açoitados às vistas dos companheiros, por determinação da oficialidade branca. Os demais marujos eram obrigados a assistir à cena infame no convéns das embarcações. Com isto, criaram-se condições de revolta em meio aos marujos. Os seus membros não aceitavam mais passivamente esse tipo de castigo. Chefiados por Francisco Dias, João Cândido e outros tripulantes do Minas Gerais, (embarcação na qual trabalhavam), os marinheiros organizaram-se contra a situação humilhante da qual eram vítimas. Nos outros navios outros marujos também se organizavam: o cabo Gregório conspirava no São Paulo, e no Deodoro havia o cabo André Avelino. No dia 22 de novembro de 1910, primeira semana de governo do novo presidente, o militar, Marechal Hermes da Fonseca, chegava a informação de que a esquadra, situada na Baía de Guanabara, se sublevara. O movimento que vinha sendo articulado pelos marinheiros foi antecipado em face da indignação dos mesmos contra o espancamento de mais um companheiro: o marinheiro negro Marcelino, que recebeu 250 chibatadas aos olhos de toda a tripulação, formada no convés do Minas Gerais. Liderados por João Cândido, os marinheiros apoderaram-se dos principais navios da Marinha de Guerra brasileira e se aproximaram da cidade do Rio de Janeiro. Em seguida mandaram mensagem ao presidente da República e ao ministro da Marinha exigindo a extinção do uso da chibata, além de outras reivindicações como aumento do soldo (salário), e o fim do preconceito contra militares negros, que nunca alcançavam as altas patentes, muitas das vezes perdendo as promoções para outros, menos competentes, mas escolhidos por serem brancos. 58 O governo ficou estarrecido. Supôs tratarse de um golpe político das forças inimigas. O pânico apoderou-se de grande parte da população da cidade. Muitas pessoas fugiram por conta das ameaças dos navios em bombardear a cidade. Todos os navios amotinados hastearam bandeiras vermelhas. Alguns navios fiéis ao governo ainda tentaram duelar com os revoltosos, mas foram logo silenciados. Com isto os marujos acabaram criando um impasse institucional: de um lado a Marinha, que queria a punição dos revoltosos em consequência da morte de alguns oficiais da armada. Do outro, o governo e os políticos, que sabiam não ter forças para satisfazer essa exigência, em vista dos marinheiros estarem fortemente armados, apresentando um risco para a cidade. Os revoltosos naquele momento detinham mais força bélica do que o comando da Marinha de Guerra, pois comandavam, praticamente, a armada inteira e tinham os canhões das embarcações apontados para a capital da República. Depois de muitas reuniões políticas para tentar resolver o impasse, Rui Barbosa apresentou ao Senado um projeto de lei que concedia anistia aos amotinados; em motivo de urgência, o projeto foi aprovado. Com isto, os marinheiros desceram as bandeiras vermelhas dos mastros dos seus navios. A revolta havia durado cinco dias e terminava vitoriosa, desaparecia, assim, o uso da chibata como norma de punição disciplinar na Marinha de Guerra do Brasil. As forças militares, não-conformadas com a solução política encontrada para a crise, apertaram o cerco contra os marinheiros. João Cândido, sentindo o perigo, ainda tentou reunir o Comitê Geral da revolução, inutilmente. Procuraram Rui Barbosa e Severino Vieira, que defenderam a anistia em favor deles, mas sequer foram recebidos por eles. Naquele momento políticos Civis e Militares haviam se unido elaborando um decreto pelo qual qualquer marinheiro podia ser sumariamente demitido. A anistia fora uma farsa para desarmá-los. Foram acusados de conspiradores, espalharam boatos de que haveria uma outra sublevação. Finalmente, afirmaram que a guarnição da ilha das Cobras havia se sublevado. Pretexto para que a repressão se desencadeasse violentamente sobre os marinheiros negros. O presidente Hermes da Fonseca necessitava de um pretexto para decretar o estado de sítio, a fim de sufocar os movimentos democráticos que se organizavam. As oligarquias regionais tinham interesse em um governo forte. Os poucos sublevados daquela ilha propuseram rendição incondicional, o que não foi aceito. Seguiu-se uma verdadeira chacina. A ilha foi bombardeada até ser arrasada. Estava “restaurada” a honra da Marinha. João Cândido e os seus companheiros de revolta foram presos, tornando-se incomunicáveis, e o governo e a Marinha resolveram exterminar de vez os marinheiros. Embarcou-os no navio Satélite rumo ao Amazonas. Os 66 marujos presos foram embarcados ao lado de assassinos, ladrões e marginais para serem soltos nas selvas amazônicas. Os marinheiros, todavia, tinham destino diferente dos demais embarcados: ao lado dos muitos nomes da lista entregue ao comandante do navio, havia uma cruz vermelha, feita a tinta, o que significava a sua sentença de morte. Esses marinheiros foram fuzilados sumariamente e jogados ao mar. João Cândido, que não embarcou no Satélite, juntamente com alguns de seus companheiros, permaneceu encarcerado na Ilha das Cobras, onde vivia como animal. Dos 18 recolhidos, 16 morreram. Uns fuzilados sem julgamento, outros em consequência das péssimas condições em que viviam enclausurados. João Cândido enlouqueceu, sendo internado no Hospital dos Alienados. Tuberculoso e na miséria, conseguiu, contudo, restabelecer-se física e psicologicamente. Perseguido constantemente, morreu como vendedor no Entreposto de Peixes da cidade do Rio de Janeiro, sem patente, sem aposentadoria e até sem nome, este herói que um dia foi chamado, com mérito, de Almirante Negro. # O Movimento Tenentista: É necessário entender o Movimento Tenentista dentro de um contexto maior, de transição eleitoral. O evento considerado o estopim para a revolta teve origem na disputa eleitoral de 1922 para o cargo de Presidente da República. Durante o período, cartas ofensivas ao 59 Exército e ao Marechal Hermes da Fonseca, supostamente assinadas pelo candidato Arthur Bernardes, que era representante da situação, tornaram-se públicas. A candidatura de Arthur Bernardes naquele momento signifcava para a oposição a manutenção do sistema oligarquico que controlava o país naquele momento e que concentrava o poder nos estados de Minas Gerais e São Paulo ( a chamada política do cafécom-leite). Os tenentistas pregavam a moralização da política, o fim do voto de cabresto, e a adoção do voto secreto, o fortalecimento do poder da República sobre os poderes estaduais, e tinham um projeto nacionalista. É necessário destacar que eles não buscavam a democracia, não defendiam a igualdade social, apenas buscavam ampliar o espaço da política nacional, então sob controle da oligarquia cafeeira, a fim de permitir a participação de outros grupos, inclusive os próprios militares. Criticavam duramente a corrupção, as fraudes eleitorais, a subserviência ao capital internacional e os baixos soldos a que estavam submetidos. Propunham o fim da república oligárquica, a valorização das Forças Armadas e uma ação nacionalista de recuperação da economia e da sociedade brasileira. Para pressionar o governo, os tenentes promoveram várias rebeliões, uma delas ficou conhecida como “Os 18 do Forte”. Essa rebelião ocorreu em decorrência de um levante no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro, em resposta à prisão do Marechal Hermes da Fonseca, determinada pelo então presidente Epitácio Pessoa (1919-1922). Esse levante no Forte, foi rapidamente controlado pelas tropas leais ao presidente. Diante do fracasso, 18 amotinados – que ficaram conhecidos com os 18 do Forte – saíram caminhando armados pelas ruas de Copacabana, em direção a uma tropa de cerca de 300 soldados leais ao governo. No confronto morreram oito dos militares rebelados, e mais um civil que decidiu os acompanhar no meio do caminho. A Revolta dos Dezoito do Forte e o movimento Tenentista, que eram numa primeira leitura ligados às forças armadas, representavam também a insatisfação de outros estados como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia com a divisão política existente. Assim, durante o processo eleitoral, para concorrermcontra Arthur Bernardes foi lançada a candidatura do candidato fluminense Nilo Peçanha. Ao final do longo processo eleitoral, as tentativas em barrar Arthur Bernardes não surtiram efeito, assim, ele foi eleito presidente e Estácio Coimbra (substituto de Urbano Santos no pleito) foi eleito vice. Mesmo com a eleição de Bernardes o movimento não teve fim. Em 1924 as contradições políticas entre tenentistas e governo chegaram ao seu limite. Em São Paulo ocorre uma nova rebelião tenentista que ocupou um quartel no bairro de Santana, e tentou avançar por outros pontos da cidade. Os militares envolvidos acreditavam que teriam a adesão dos operários, também descontentes om a política do governo federal. Mas não foi o que ocorreu, a população abandonou suas casas, e os tenentes não tiveram o apoio esperado. Assim, as forças ligadas ao presidente contra-atacaram, sitiando São Paulo. Os soldados que haviam ocupado a cidade saíram em direção ao Rio Paraná. Essa marcha, conhecida como Coluna Paulista, seguiu por vários meses até se encontrar em Foz do Iguaçu com a Coluna Gaúcha, comandada por Luís Carlos Prestes. Da união desses grupos formou-se a Coluna Prestes, com aprox. 1.500 soldados que, por dois anos, manteve pelo interior do país uma guerrilha armada comandada por Prestes que exigia, entre outras coisas, o fim da república oligárquica. Apesar de o movimento tenentista ter envolvido apenas uma fração dos militares nas revoltas, suas reivindicações eram bem vistas pelo conjunto das Forças Armadas. Com o passar do tempo os ideais tenentistas se tornaram hegemônicos. Os governantes oligárquicos cada vez menos tinham controle sobre as Forças Armadas, culminando posteriormente, em 1930, no apoio quase unânime dos militares ao golpe que derrubou definitivamente o café-com-leite do poder: A Revolução de 1930. 60 # Importante! As Eleições de 1922: Um aspecto fundamental que devemos ter em mente ao falar das eleições durante a Primeira República é que elas ocorriam de maneira bem diferente do processo eleitoral atual. Em primeiro lugar o voto deveria ser feito de maneira aberta, cada eleitor deveria se manifestar publicamente sobre qual candidato iria votar. Como o voto não era secreto, a fraude eleitoral era muito comum, os coronéis obrigavam as pessoas a votarem em determinado candidato. Com isso, tornava-se impossível determinar exatamente os resultados corretos. A pratica de imposição dos coronéis ficou conhecida por “Voto de Cabresto”. Em segundo lugar, nas eleições havia a votação tanto para o Presidente quanto para o Vice. Dessa maneira o vicepresidente não era atrelado ao Presidente como é hoje. Poderiam ser eleitos Presidentes e vices de partidos e grupos distintos, e além disso os candidatos à Presidência poderiam também se candidatar à vice-presidência. Assim, se um candidato “A” perdesse o pleito para presidente, ele poderia ainda assumir a vice-presidência caso fosse eleito. Durante os sete dias foi realizada uma exposição modernista no Teatro, e nas noites dos dias 13, 15 e 17 ocorreram apresentações de poesia, música e palestras sobre a modernidade. O evento representou uma verdadeira renovação da linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora e na ruptura com o passado. E marcou época ao apresentar novas ideias e conceitos artísticos. A nova poesia através da declamação. A nova música por meio de concertos. A nova arte plástica exibida em telas, esculturas e maquetes de arquitetura. O adjetivo "novo", marcando todas estas manifestações, propunha algo a ser recebido com curiosidade ou interesse. A Semana de Arte Moderna, significou a ebulição de novas ideias que tinham o futuro em mente. Ideias nacionalistas que buscavam uma maneira de expressar uma identidade própria, autenticamente brasileira, um conjunto de expressões culturais que pudessem representar o “autenticamente brasileiro”, o nacional. Uma tentativa de se enxergar o país com outros olhos, não mais como um “cachorro morto”, mas sim como um país rico culturalmente, capaz de se expressar de forma independente. Não se tinha, porém, um programa definido: sentia-se muito mais um desejo de experimentar diferentes caminhos do que de definir um único ideal moderno. Outro aspecto importante é entender o movimento tenentista nos anos de 1922 e 1924 como um conjunto de reações militares ao momento político conturbado do período, exigindo maior participação no processo político e mudanças no mesmo. Assim conseguimos entender o apoio dos militares à oposição civil da época que não queria outro presidente do eixo Minas- São Paulo no cargo, também desejando uma maior participação dos outros estados. # A Semana de Arte Moderna de 1922: Em meio a esse período conturbado da política brasileira dos anos 1920, sobretudo em 1922, ocorreu em São Paulo no período entre 11 e 18 de fevereiro, no Teatro Municipal da cidade, a Semana de Arte Moderna. Catálogo da Exposição da Semana de Arte Moderna de 1922, com ilustração de capa feita por Di Cavalcanti 61 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: 1- (Adaptado/UFJF) “Apelar para o povo, esse infeliz povo sobrecarregado de impostos, sem instrução, e sem vida? (...) Esse povo, por si só, nada poderá fazer; mas se à sua frente estiver a síntese desse mesmo povo – o Exército brasileiro – composto por caracteres bem formados, com a noção exata do cumprimento do dever (...) este povo terá alcançado um nível bem mais elevado.” (Tenente J. Nunes de Carvalho. A revolução no Brasil, 1925). Leia com atenção o texto acima e responda: a) Para o autor do texto, qual a instituição poderia ser considerada uma espécie de resumo das melhores qualidades do povo brasileiro? Do Convênio de Taubaté, origina-se a Política de Valorização do Café, que se constituiu: A- na isenção tributária sobre todas as mercadorias e serviços relacionados com o café, com o transporte ferroviário. B- na proibição de se plantar novos cafeeiros no prazo mínimo de 10 anos, até a produção igualar-se ao consumo externo. C- no acordo entre todos os países produtores e exportadores de café de diminuírem a produção em 25% em 5 anos. D- no controle dos preços do café por meio da compra da produção excedente, por parte dos governos estaduais. E- na criação de um imposto sobre cada saca de café exportada e no incentivo à criação de fazendas de café no Espírito Santo. b) Em qual instituição ele acredita que possa vir a liderança para transformar o Brasil? E por quais motivos? c) A que movimentos militares rebeldes no Brasil dos anos 1920 este texto pode ser relacionado? 2- U ERJ [20 12] PINTOU NO ENEM: 01- ENEM [2014] O cangaço representou uma manifestação popular favorecida, basicamente, pela seguinte característica da conjuntura social e política da época: A- c idadan ia r es tr ingi da pelo vot o c ens itár io . B- analf abet is m o pr edom inante nas áreas r ur ais . C- c rim inalida de or iu nda das tax as de des em pr ego . D- hierarqu i zaç ã o der iva da da c onc entr aç ão f undiár ia . 3- VUNE SP “Completaram-se, ontem e hoje, 99 anos da reunião dos presidentes de São Paulo, Minas e Rio de Janeiro que culminou no Convênio de Taubaté. A primeira crise global de café foi provocada pela triplicação da produção brasileira da década de 1980 - de 5,5 milhões a 16,3 milhões de sacas (...)” Folha de São Paulo, 27.02.2005.Adaptado. A charge, datada de 1910, ao retratar a implantação da rede telefônica no Brasil, indica que esta a) Permitiria aos índios se apropriarem da telefonia móvel. b) Ampliaria o contato entre a diversidade de povos indígenas. c) Faria a comunicação sem ruídos entre grupos sociais distintos. d) Restringiria a sua área de atendimento aos estados do norte do país. e) Possibilitaria a integração das diferentes regiões do território nacional. 62 02- ENEM [2014] O problema central a ser resolvido pelo Novo Regime era a organização de outro pacto de poder que pudesse substituir o arranjo imperial com grau suficiente de estabilidade. O próprio presidente Campos Sales resumiu claramente seu objetivo: “É de lá, dos estados, que se governa a República, por cima das multidões que tumultuam agitadas nas ruas da capital da União. A política dos estados é a política nacional”. CARVALHO, J. M. Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987 (adaptado). Nessa citação, o presidente do Brasil no período expressa uma estratégia política no sentido de a) b) c) d) Governar com adesão popular Atrair o apoio das oligarquias regionais Conferir maior autonomia às prefeituras Democratizar o poder do governo central e) Ampliar a influência da capital no cenário nacional 03- ENEM [2014] A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, que começa a ser construída apenas em 1905, foi criada, ao contrário das outras grandes ferrovias paulistas, para ser uma ferrovia de penetração, buscando novas áreas para a agricultura e povoamento. Até 1890, o café era quem ditava o traçado das ferrovias, que eram vistas apenas como auxiliadoras da produção cafeeira. CARVALHO, D. F. Café, ferrovias e crescimento populacional: o florescimento da região noroeste paulista. Disponível em: www.historica.arquivoestado.sp.gov.br. Acesso em: 2 ago. 2012. Essa nova orientação dada à expansão ferroviária, durante a Primeira República, tinha como objetivo a a) Articulação de polos produtores para exportação b) Criação de infraestrutura para atividade industrial c) Integração de pequenas propriedades policultoras d) Valorização de regiões de baixa densidade demográfica e) Promoção de fluxos migratórios do campo para a cidade 04- ENEM [2013] “Nos estados, entretanto, se instalavam as oligarquias, de cujo perigo já nos advertia SaintHilaire, e sob o disfarce do que se chamou ‘a política dos governadores’. Em círculos concêntricos esse sistema vem cumular no próprio poder central que é o sol do nosso sistema”. PRADO, P. Retrato do Brasil. Rio de Janeiro: José Olympio, 1972. A crítica presente no texto remete ao acordo que fundamentou o regime republicano brasileiro durante as três primeiras décadas do século XX e fortaleceu o (a) A- poder militar, enquanto fiador da ordem econômica. B- presidencialismo, com o objetivo de limitar o poder dos coronéis. C- domínio de grupos regionais sobre a ordem federativa. D- intervenção nos estados, autorizada pelas normas constitucionais. E- isonomia do governo federal tratamento das disputas locais. no 05- ENEM [2011] “Completamente analfabeto, ou quase sem assistência médica, não lendo jornais, nem revistas, nas quais se limita a ver as figuras, o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos, tem o patrão na conta de benfeitor. No plano político, ele luta com o ‘coronel’ e pelo ‘coronel’. Aí estão os votos de cabresto, que resultam, em grande parte, da nossa organização econômica rural”. LEAL, V. N. Coronelismo, enxada e voto. São Paulo: AlfaÔmega, 1978 (adaptado). O coronelismo, fenômeno político da Primeira República (1889-1930), tinha como uma de suas principais características o controle do voto, o que limitava, portanto, o exercício da cidadania. Nesse período, esta prática estava vinculada a uma estrutura social: A- Igualitária, com um nível satisfatório de distribuição da renda. B- Estagnada, com uma relativa harmonia entre as classes. C- Tradicional, com a manutenção da escravidão nos engenhos como forma produtiva típica. 63 D- Ditatorial, perturbada por um constante clima de opressão mantido pelo exército e polícia. E- Agrária, marcada pela concentração da terra e do poder político local e regional. 06- ENEM [2011] E- A diversificação da produção e a preocupação com o mercado interno unificavam os interesses das oligarquias. 07- ENEM [2011] “Até que ponto, a partir de posturas e interesses diversos, as oligarquias paulista e mineira dominaram a cena política nacional na Primeira República? A união de ambas foi um traço fundamental, mas que não conta toda a história do período. A união foi feita com a preponderância de uma ou de outra das duas frações. Com o tempo, surgiram as discussões e um grande desacerto final”. FAUSTO, B. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2004 (adaptado). “A imagem de um bem-sucedido acordo café com leite entre São Paulo e Minas, um acordo de alternância de presidência entre os dois estados, não passa de uma idealização de um processo muito mais caótico e cheio de conflitos. Profundas divergências políticas colocavam-nos em confronto por causa de diferentes graus de envolvimento no comércio exterior”. TOPIK, S. A presença do estado na economia política do Brasil de 1889 a 1930. Rio de Janeiro: Record, 1989 (adaptado). Para a caracterização do processo político durante a Primeira República, utiliza-se com frequência a expressão “Política do Café com Leite”. No entanto, os textos apresentam a seguinte ressalva a sua utilização: A- A riqueza gerada pelo café dava à oligarquia paulista a prerrogativa de indicar os candidatos à presidência, sem necessidade de alianças. B- As divisões políticas internas de cada estado da federação invalidavam o uso do conceito de aliança entre estados para este período. C- As disputas políticas do período contradiziam a suposta estabilidade da aliança entre mineiros e paulistas. D- A centralização do poder no executivo federal impedia a formação de uma aliança duradoura entre as oligarquias. C h a r g e c a p a d a r e v i s t a “ O M a l h o ” , d e 1 9 0 4. A imagem representa as manifestações nas ruas da cidade do Rio de Janeiro, na primeira década do século XX, que integraram a Revolta da Vacina. Considerando o contexto político-social da época, essa revolta revela: A- A insatisfação da população com os benefícios de uma modernização urbana autoritária. B- A consciência da população pobre sobre a necessidade de vacinação para a erradicação das epidemias. C- A garantia do processo democrático instaurado com a República, através da defesa da liberdade de expressão da população. D- O planejamento do governo republicano na área de saúde, que abrangia a população em geral. E- O apoio ao governo republicano pela atitude de vacinar toda a população em vez de privilegiar a elite. 08- ENEM [2010] “A serraria construía ramais ferroviários que adentravam as grandes matas, onde grandes locomotivas com guindastes e correntes gigantescas de mais de 100 metros arrastavam, para as composições de trem, as toras que jaziam abatidas por equipes de trabalhadores que anteriormente passavam pelo local. Quando o guindaste arrastava as grandes toras em direção à composição de trem, os ervais nativos que 64 existiam em meio às matas eram destruídos por este deslocamento”. A- restauração monárquica, embora hoje saibamos que a rejeição à República era apenas uma das razões da rebeldia. B- valorização dos senhores rurais, ligados ao monarca, cujo poder era ameaçado pelo crescimento e enriquecimento das cidades. C- restauração monárquica, que, hoje sabemos, era de fato a única razão da longa resistência dos sertanejos. D- valorização do meio rural, embora hoje saibamos que Antônio Conselheiro não apoiava os incêndios provocados por monarquistas nas cidades republicanas. E- restauração monárquica, o que fez com que a luta de Antônio Conselheiro recebesse amplo apoio dos monarquistas do sul do Brasil. MACHADO, P.P. Lideranças do Contestado. Campinas: Unicamp, 2004 (adaptado). No início do século XX, uma série de empreendimentos capitalistas chegou à região do meio-oeste de Santa Catarina – ferrovias, serrarias e projetos de colonização. Os impactos sociais gerados por esse processo estão na origem da chamada Guerra do Contestado. Entre tais impactos, encontrava-se A - a absorção dos trabalhadores rurais como trabalhadores da serraria, resultando em um processo de êxodo rural. B - o desemprego gerado pela introdução das novas máquinas, que diminuíam a necessidade de mão de obra. C - a desorganização da economia tradicional, que sustentava os posseiros e os trabalhadores rurais da região. D - a diminuição do poder dos grandes coronéis da região, que passavam a disputar o poder político com os novos agentes. E - o crescimento dos conflitos entre os operários empregados nesses empreendimentos e os seus proprietários, ligados ao capital internacional. EXERCÍCIO COMENTADO: Resposta Certa: Alternativa A. Muito se especulou sobre os motivos para a criação da comunidade de Canudos, até mesmo no período em que antecede o conflito as intenções de seu líder, Antônio Conselheiro, não apareciam de forma muito clara, dando margem a especulações de todo gênero, inclusive de que o movimento era a favor do retorno da Monarquia, o que nunca foi verdade. A rejeição à República sim, era algo muito claro no movimento, mas jamais foi definido qual o sistema de predileção dos canudenses que seria o substituto da recente República. UNES P [201 2] “Nunca se viu uma campanha como esta, em que ambas as partes sustentaram ferozmente as suas aspirações opostas. Vencidos os inimigos, vós lhes ordenáveis que levantassem um viva à República e eles o levantavam à Monarquia e, ato contínuo, atiravam-se às fogueiras que incendiavam a cidade, convencidos de que tinham cumprido o seu dever de fiéis defensores da Monarquia.” (Gazeta de Notícias, 28.10.1897 apud Maria de Lourdes Monaco Janotti. Sociedade e política na Primeira República.) O texto é parte da ordem do dia, 06-08-1897, do General Artur Oscar e trata dos momentos finais de Canudos. Para o militar, o principal motivo da luta dos canudenses era a: GABARITO Exercícios de Fixação: 1234- Aberta D D A Pintou No Enem: 12345678- E B D C E C A C 65 CAPÍTULO 06 A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL (19141918) Mesmo industrializados, muitas destas nações eram governadas por nobres, ao passo que outras, enfrentavam disputas entre interesses de classes burguesas e proletárias. Já nesta época o grande temor capitalista viria a materializar-se na Rússia em 1917: O Socialismo. Introdução: O crescimento da capacidade de produção mundial provocou uma grande disputa entre as potências mundiais, na procura por novos mercados consumidores e de novas fontes de matérias primas. A Primeira Guerra Mundial é considerada por muitos historiadores como um marco no início do século XX. Foi a partir da Guerra que novas correlações de forças estabeleceram-se no mundo, marcando o declínio da Europa e a ascensão dos EUA à condição de principal potência mundial. Antecedentes: A eclosão da guerra foi o resultado de uma série de conflitos menores envolvendo disputas comerciais e/ou militares que a antecederam, todos os conflitos presentes no contexto de expansão capitalista e imperialista das potências econômicas. Até aproximadamente 1914 a Europa exercia a supremacia econômica, política e ideológica sobre o resto do mundo. Na esfera econômica, o poder derivava do fato da Europa ser a responsável pela maior parte da produção e investimentos em escala global. Acabou por tornar-se responsável pela importação da maioria dos gêneros primários produzidos pela “periferia” do sistema capitalista. No campo político, a hegemonia Europeia era garantida pelo Imperialismo associado à influência ou controle direto de áreas como África, Ásia e América Latina. Agravando o conjunto de fatores que estava por desencadear um conflito global armado, adiciona-se o enfadonho discurso do Velho Mundo sobre a superioridade e modelo de eficácia. Havia também uma grande distinção entre todas as nações europeias. Além dos diferentes níveis de influência entre as nações pioneiras (como por ex. Inglaterra e França) e as mais jovens (como por ex. Itália e Alemanha), existia uma grande contradição no campo social. Os únicos países que estavam fora da dominação europeia eram os EUA e o Japão, que não só lutavam, mas também, chegavam a ameaçar a supremacia europeia em alguns lugares do globo, especialmente extremo oriente e na América Latina. Causas da Primeira Guerra: Rivalidades Econômicas e Imperialismo: A entrada de novas potências industriais imperialistas no cenário internacional aumentava a rivalidade entre as disputas econômicas e a divisão de mercados e territórios. A necessidade de novos mercados levou as potências europeias a firmar acordos na busca de evitar conflitos imperialistas entre as grandes nações, que isoladamente nunca deixaram de ocorrer, sendo frequente a quebra de tratados e aumento de tensões diplomáticas. A partilha da África e da Ásia busca atender aos anseios imperialistas, entretanto, foi mais tarde, um dos fatores que acaba gerando a animosidade entre as potências europeias. O Revanchismo Francês: Desenvolveu-se após a humilhação de 1870, onde derrotada, teve que ceder às regiões da Alsácia-Lorena (rica em carvão e minério de ferro). Os franceses desde então nutrem um sentimento de revanche e vingança contra a Alemanha, o que de certa forma pode ser observado também como uma forma de nacionalismo. Nacionalismo: O nacionalismo desenvolveu-se desigualmente nos países imperialistas, fruto das condições anteriores ao imperialismo. Tradicionalmente considera-se a Alemanha como a maior expressão de nacionalismo, na verdade, muito mais pelos desdobramentos que essa mentalidade teve durante a Segunda Guerra, do que pela sua real importância no final do século XIX. Na Itália o sentimento nacionalista esteve presente em grandes revoluções do século XIX e novamente no processo de unificação. Na França o nacionalismo esteve presente na Revolução Francesa, manifestado principalmente no ideal de “liberdade, igualdade e fraternidade"; e teve como resultado subsequente a luta de classes, enquanto na Alemanha e na Itália, as unificações baseadas no discurso nacionalista cumpriram o 66 papel inverso, encobrindo as desigualdades, característica fundamental do nacionalismo. Até mesmo nos EUA, onde não existiu o nacionalismo nos moldes das nações europeias, podemos perceber algo equivalente, expresso na Teoria do Destino Manifesto, de origem calvinista, que serviu como justificativa ideológica para o expansionismo ao longo do século XIX e para a formação de sua política intervencionista sobre a América Latina conhecida por "Big Stick". Para justificar a disputa de fronteiras e o imperialismo, a propaganda nacionalista foi ampliada através das seguintes ideias: Pan-Germanismo: Acordo que propõe a consolidação de países de origem Germânica, liderados pela Alemanha. Pan-Eslavismo: Acordo que defende a união de todos os povos de origem eslava da Europa oriental, incluindo os que estão sob o domínio do Império Austro-Húngaro, liderados pela Rússia que buscava uma saída para o para o Mediterrâneo. A influência das Crises: Marrocos: Na disputas por domínios coloniais, Alemanha e França reclamam a região de Marrocos. Em acordo em 1906 o território é cedido a França e uma pequena faixa a sudoeste da África é cedida a Alemanha, que não se contenta com a divisão e acaba entrando em conflito com a França. Em 1911 recebe desta parte do território do Congo. Os Balcãs: Os enfrentamentos entre Sérvia e Áustria na península balcânica também colaboram para acirrar as diferenças nacionalistas entre os países da Europa. Apoiado pelos russos, os sérvios tentam conter a expansão da Áustria. Em 1908 a Áustria anexa e Bósnia-Herzegovina, impedindo que a Sérvia incorpore outras regiões eslavas. A formação de Alianças (Paz Armada): Em meio a esse clima de tensão e perspectiva de conflito iminente, as nações europeias passam a fomentar uma corrida armamentista sem precedentes, estabelecendo um sistema de alianças de acordo com os interesses de cada nação. Por fim temos a formação de dois blocos principais: Tríplice Aliança: Formada por nações mais jovens, e que por isso, sentiram-se prejudicadas com a partilha de territórios. Aparentemente mais coesa era e composta por Alemanha, Austro-Hungria e Itália. Tríplice Entente: Tem por base a Entente Cordiale, Inglaterra e França, que se opõe à expansão alemã. Mais tarde recebe a adesão da Rússia formando então a Tríplice Entente. Durante a guerra outras nações aliem-se a este grupo e a coalizão passa a ser chamada de Aliados. O Estopim da Guerra: Em junho de 1914, o então príncipe herdeiro do Império Austro-Húngaro o Arqueduque Francisco Ferdinando, foi assassinato em Saraievo, enquanto visitava a Bósnia. Os tiros que mataram o herdeiro e sua esposa foram disparados por um estudante bósnio chamado Gavrilo Princip, membro de uma organização secreta responsável por outros ataques terroristas chamados de Mão Negra ou Unidade da Morte. Investigações apontaram que o atentado fora planejado em Belgrado, capital da Sérvia. A Áustria exige providências oficiais do governo sérvio, como o imediato fechamento dos jornais que se empenhavam em fazer propagandas contra a Áustria; O Fim das sociedades secretas; Exclusão do Governo e/ou das Forças Armadas de membros acusados da campanha anti-austríaca. A Sérvia aceita praticamente quase todas as exigências, mas a Áustria mesmo assim rompe diplomaticamente e começa a mobilizar seus exércitos. A Rússia coloca-se contrária a toda e qualquer intervenção na Sérvia, contando com o apoio da França. Por outro lado, a Alemanha apoia a Áustria defendendo a necessidade de medidas contra a Sérvia. A movimentação alemã e russa começa com a política de alianças em julho. Em agosto de 1914 inicia-se a guerra. 67 As duas Fases da Guerra: A Guerra de Movimentos (1914): A estratégia de guerra alemã, consistia em derrotar primeiramente a França e depois a Rússia. Assim, preparam a invasão da França pela Bélgica. Entretanto, uma ofensiva russa obriga a Alemanha a dividir seus exércitos em duas frentes o que enfraqueceu os ataques aos franceses e deteve o avanço alemão. Esse episódio ficou conhecido como a Batalha de Marne (1914). A Guerra de Trincheiras (1915 em diante): Com o conflito equilibrado, o próximo passo era conquistar posições e defender o território conquistado, dando início então à guerra de trincheiras, recurso que custou a vida de muitos soldados em ambos os lados, em táticas de ataque e contra-ataque em meio à lama, frio, chuva e corpos. O Fim da Guerra: Após os russos saírem da guerra, e com os EUA entrando no conflito, a América Latina também passa a participar em peso, o que foi decisivo para dar novo fôlego a ingleses e franceses quebrando o equilíbrio existente. Em julho de 1918 as forças inglesas, francesas e norte-americanas lançam um ataque definitivo contra os alemães, obrigando-os a recuar. A Bulgária retira-se do conflito e a Turquia se rende. O Imperador Carlos I da Áustria assina um armistício e abandona o conflito. Woodrow Wilson, o então presidente dos EUA e porta voz dos aliados, descartava qualquer possibilidade de manutenção do Kaiser no governo alemão, e partia do princípio de que a paz conquistada não significava a formação de vencedores e vencidos. Posteriormente a guerra envolveu outras nações. Os montenegrinos socorreram os sérvios contra a Áustria, pois tinham a mesma origem étnica. O Japão, de olho nas possessões alemãs no oriente e apoiado pela Inglaterra, se declarou contrário à ofensiva alemã. A Turquia se alia aos alemães e ataca os russos no Mar Negro. A Itália se retira da Aliança em maio de 1915, quando muda de lado, sob a promessa de receber parte do território da Áustria e da Turquia. Assim, ele apresentou um plano chamado de 14 pontos de Wilson que serviria de base para futuros tratados: eliminação da diplomacia secreta em favor de acordos públicos; liberdade nos mares; redução dos armamentos nacionais; retirada dos exércitos de ocupação da Rússia; restauração da independência da Bélgica; restituição da Alsácia e Lorena à França; reformulação das fronteiras italianas; reconhecimento da autonomia dos povos da Áustria-Hungria; independência da Polônia; criação da liga das nações, dentre outros. Na frente oriental, o exército russo apesar de mais numeroso, sofria derrotas para o exército alemão, o que acelerava a crise interna do país. A consequência disso foi o da Revolução Russa e a posterior saída da guerra, assinando o Tratado de Brest-Litovsk com a Alemanha. A guerra continou ainda durante um curto período porque Wilson exigia a deposição do Kaiser, mesmo com os alemães aceitando a rendição com base nos 14 pontos. Posteriormente todas as exigências são cumpridas. Evitando um fortalecimento Alemão, os Estados Unidos entram definitivamente na Guerra, em abril de 1917, alegando lutar contra o autoritarismo e o militarismo. Ainda defendiam a criação de uma liga das nações para regular as relações entre os povos, mas o principal objetivo era mesmo preservar o equilíbrio de poder na Europa evitando uma possível hegemonia alemã. Vale lembrar que a Entente era a responsável por 3/5 das exportações americanas e uma vitória alemã significaria um abalo na economia americana. Com a entrada dos EUA na guerra, o conflito fica desequilibrado e a derrota da Tríplice Aliança torna-se uma questão de tempo. E assim chega ao fim a Primeira Guerra Mundial. O desenrolar da Guerra: A Assinatura dos Tratados de Paz: Em janeiro de 1919, iniciou-se a Conferência de Paris, onde nem os países vencidos nem a Rússia participaram das deliberações, o que demonstra a severidade da “Paz” aos derrotados. O Tratado de Versalhes estabeleceu a Alemanha como responsável pela guerra, impondo uma série de penalidades: Perda de 1/7 do território; devolução da Alsácia e Lorena à França; entrega aos vencedores de quase todos 68 seus submarinos e navios; desmilitarização e redução do contingente dos exércitos; proibição de aviação militar e marinha de guerra; pagamento de uma indenização de 33 bilhões de dólares, entre outras. O tratado também criou a Liga das Nações, que no início não contava com a participação da Alemanha e da Rússia, e tinha como objetivo principal manter a paz mundial. A liga nascia fadada ao fracasso, pois os EUA, a nação mais forte e a idealizadora do projeto, não participava, pois discordara das formas de acordos estabelecidos no pós-guerra. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: 1- (ADAPTADO-UFJF) Qual das alternativas abaixo apresenta uma das principais causas da Primeira Guerra Mundial? A- A influência dos Estados Unidos na política econômica europeia no início do século XX. B- O descontentamento da Itália e Alemanha com a divisão de territórios na África e Ásia no processo de Neocolonialismo (século XIX). C- A união política, econômica e militar entre Alemanha e Grã-Bretanha. D- O processo de globalização econômica e a formação da União Europeia no final do século XIX. Outros acordos são assinados com os aliados da guerra. O Império Austro-Húngaro é desmembrado e surgem a Tchecoslováquia, Hungria, Polônia, e Iugoslávia. O Império Turco foi igualmente fragmentado, ficando sob o controle das potências européias vencedoras, França, Inglaterra e Itália. 2- (ADAPTADO-UFJF) SESSÃO LEITURA: Consequências da Guerra: Qual alternativa apresenta a composição correta dos blocos militares, formados antes da Primeira Guerra Mundial: A- Tríplice Aliança (Espanha Itália e Alemanha) e Tríplice Entente (Estados Unidos, França e Japão). B- Tríplice Aliança (Rússia, Alemanha e Itália) e Tríplice Entente (Japão, Alemanha e Grã-Bretanha). C- Tríplice Aliança (França, Alemanha e Rússia) e Tríplice Entente (Portugal, França e Estados Unidos). D- Tríplice Aliança (Itália, Império AustroHúngaro e Alemanha) e Tríplice Entente (Rússia, Reino Unido e França). A Primeira Guerra Mundial, acaba plantando as sementes da Segunda Guerra, uma vez que o militarismo e o nacionalismo não desaparecem, ao contrário, surgem novos totalitarismos. O conflito entretanto muda o cenário global. As economias despertam para a necessidade de um planejamento mais central e um uso racional da força de trabalho, deflagrando uma crise no liberalismo. O comércio mundial ganha novos contornos com a industrialização da América Latina. A inflação surge no cenário econômico internacional. Tem-se o início da participação da mulher no mercado de trabalho e também de sua emancipação. Além da destruição geral e do grande número de mortos, as principais conseqüências da Primeira Guerra podem ser numeradas a seguir: 1- Redefinição do mapa europeu. 2- Elevação do número de desempregados. 3- Condições humilhantes impostas a Alemanha. 4- Progressiva degradação dos sistemas democráticos, especialmente na Alemanha e na Itália. 5- Criação da Liga das Nações. 6- Declínio da Europa e ascensão dos EUA como potência mundial. 3- (ADAPTADO-UFJF) Sobre o fim da Primeira Guerra é correto afirmar que: A- Os conflitos prosseguiram depois da assinatura dos Tratados de Versalhes, já que a França não concordou em ceder à Alemanha as regiões da Alsácia e Lorena. B- Não foram resolvidos os problemas que deram origem à Primeira Guerra, já que os tratados de paz previam apenas uma 69 trégua, com a suspensão dos conflitos bélicos. C- Na verdade não houve paz, uma vez que a Alemanha recusou-se a assinar o Tratado de Versalhes, elaborado pela França e Inglaterra, que estabelecia o término dos conflitos. D- Os países europeus não tinham condições bélicas de prosseguir os conflitos, motivo pelo qual pode-se explicar a rendição de todos os países envolvidos na guerra. E- Apesar da paz estabelecida, a guerra afetou profundamente a economia dos países europeus, que tiveram que arcar com prejuízos imensos, mesmo os países vitoriosos. 4- (PUC-PR) Uma das causas da Primeira Guerra Mundial foi o rompimento do equilíbrio europeu, representado: A- BC- DE- pela França, em crescente expansão após dominar enormes áreas da África do Norte. pela Rússia, cujo crescimento industrial a equiparava à Alemanha. pela Alemanha, unificada em 1870/71, em rápido crescimento industrial e capaz de desafiar o poderio inglês. pela Inglaterra, que monopolizava a produção industrial européia. pelos Estados balcânicos, que ameaçavam dominar o Egito e a Mesopotâmia. 5- (UFMG) Leia estes trechos de depoimentos de excombatentes da Primeira Grande Guerra: “Uma certa ferocidade surge dentro de você, uma absoluta indiferença para com tudo o que existe no mundo, exceto o seu dever de lutar. Você está comendo uma crosta de pão, e um homem é atingido e morto na trincheira perto de você. Você olha calmamente para ele por um momento e continua a comer o seu pão. Por que não?” “Aqui desapareceu para sempre o cavalheirismo. Como todos os sentimentos nobres e pessoais, ele teve de ceder o lugar ao novo ritmo da batalha e ao poder da máquina. Aqui a nova Europa se revelou pela primeira vez no combate.” Citados por EKSTEINS, Modris. A sagração da primavera. Rio de Janeiro: Rocco, 1992. Com base na leitura desses trechos, é correto afirmar que o impacto dessa guerra: A- deu origem a um influente movimento contra as guerras, que criou uma ordem internacional pacífica. B- acelerou o processo de libertação das colônias afro-asiáticas, que se tornaram Estados independentes a partir de então. C- provocou uma crise nos valores dominantes até então, gerando descrédito em relação ao humanismo e ao racionalismo. D- levou ao fortalecimento e à consolidação dos regimes liberais já existentes, além de contribuir para o surgimento de novas democracias. PINTOU NO ENEM: 1- ENEM [2014] Três décadas – de 1884 a 1914 – separam o século XIX – que terminou com a corrida dos países europeus para África e com o surgimento dos movimentos de unificação nacional na Europa – do século XX, que começou com a Primeira Guerra Mundial. É o período do Imperialismo, da quietude estagnante na Europa e dos acontecimentos empolgantes na Ásia e na África. ARENDT, H. As origens do totalitarismo. São Paulo: Cia. Das Letras, 2012. O processo histórico citado contribuiu para a eclosão da Primeira Grande Guerra na medida em que a) b) c) d) e) Difundiu as teorias socialistas Acirrou as disputas territoriais Superou as crises econômicas Multiplicou os conflitos religiosos Conteve os sentimentos xenófobos 2- ENEM [2009] A primeira metade do século XX foi marcada por conflitos e processos que a inscreveram como um dos mais violentos períodos da história humana. 70 Entre os principais fatores que estiveram na origem dos conflitos ocorridos durante a primeira metade do século XX estão: a) a crise do colonialismo, a ascensão do nacionalismo e do totalitarismo. b) o enfraquecimento do império britânico, a Grande Depressão e a corrida nuclear. c) o declínio britânico, o fracasso da Liga das Nações e a Revolução Cubana. III. entre os fatores que levaram as nações europeias à guerra estavam as disputas imperialistas por novos territórios, os ideais expansionistas incentivados por teorias raciais e a formação gradual de alianças entre as grandes potências, conhecida como Paz Armada. IV. como resultado da derrota alemã, o Tratado de Versalhes, assinado depois da guerra, pôs fim ao ódio racial e ao clima de revanchismo na Europa, e a Inglaterra garantiu a sua supremacia no capitalismo internacional. d) a corrida armamentista, o terceiro-mundismo e o expansionismo soviético. e) a Revolução Bolchevique, o imperialismo e a unificação da Alemanha. Assinale a alternativa correta. a) II e IV são corretas. b) I e IV são corretas. EXERCÍCIO COMENTADO (UFU-MG) “Como se explica que um período de tanto progresso pudesse levar o Velho Continente, berço da civilização ocidental, a experimentar novamente a barbárie, como se viu durante a Primeira Guerra Mundial? (...) Em 11 de novembro (1918), terminava a Grande Guerra. Morreram 8 milhões de pessoas, 20 milhões ficaram inválidas, sem falar nos prejuízos econômicos e financeiros que atingiram os países europeus envolvidos diretamente com a guerra”. REZENDE, Antônio Paulo; DIDIER, Maria Thereza. Rumos da História: nossos tempos – O Brasil e o mundo contemporâneo. São Paulo: Atual, 1996. v.3. Tomando como referência a citação mostrada e os seus conhecimentos sobre os antecedentes e a eclosão da Primeira Guerra Mundial, podemos afirmar que: I. no campo das artes, a velocidade, a máquina, o movimento, a energia foram os grandes temas do futurismo no início do século, evocados como símbolos da beleza e da tecnologia da sociedade industrial moderna, provocando, entretanto, mais tarde, grande desilusão por causa da carnificina da guerra. II. o discurso internacionalista do movimento operário, que procurava negar as disputas entre os Estados-nações, fez com que os trabalhadores se recusassem a pegar em armas no início da guerra, tal como se verificou na negativa de participação da Rússia e nos motins liderados pelo partido comunista francês em 1914. c) II e III são corretas. d) I e III são corretas. Resposta certa: Alternativa D. Sobre o momento que antecede a Primeira Guerra Mundial podemos afirmar que há um desenvolvimento muito grande em relação à tecnologia, que faz com que surja uma sensação de que o futuro bate à porta. Naquele momento a imagem de um mundo altamente avançado, que atingiu o ápice tecnológico era muito corrente, fato que reforçou e contribuiu para o caráter expansionista e imperialista das principais potências industriais do período. Mais tarde, com as atrocidades cometidas durante a guerra, houve um desencantamento geral em relação aos avanços tecnológicos, um questionamento sobre os resultados provocados por todo avanço tecnológico precedente. GABARITO: Exercícios de Fixação: 12345- B D E C C Pintou no Enem: 1- B 2- A 71 CAPÍTULO 07 cabendo aos capitalistas russos apenas médios e pequenos empreendimentos. A REVOLUÇÃO RUSSA (1917) Oposição Burguesa: Buscando uma participação maior na política, grande parte dos burgueses voltava-se para o liberalismo buscando arrumar meios para estabelecer um regime constitucional, capaz de garantir sua representatividade junto ao poder central. Desejavam estabelecer um sistema de governo baseado na divisão de poderes seguindo os moldes na monarquia parlamentarista inglesa. Introdução: Assim como a Revolução Francesa em 1789 mostrou-se um modelo clássico de Revolução Burguesa acabando com a velha ordem vigente, e propiciando o desenvolvimento do capitalismo moderno, a Revolução Russa de 1917 foi um modelo clássico de revolução proletária que visava o fim do capitalismo e o nascimento de uma nova ordem mundial tornando-se a primeira nação socialista o mundo. Com isso o Czar continuaria no topo do poder político, mas dividindo suas prerrogativas com uma assembleia legislativa eleita. Organizaram-se no Partido Constitucional Democrático, o Partido Kadete, expressão das reivindicações burguesas e que ainda agregava alguns dos elementos mais “modernos” da nobreza. Oposição Operário-Camponesa: Dentre os partidos de maior expressão é necessário destacar primeiramente o Partido Socialista Revolucionário o mais numeroso partido operário que possuía também uma grande penetração no campo, mas que se encontrava dividido em alas socialistas e anarquistas, e usavam de táticas violentas para tentar derrubar o regime. A Rússia Pré-Revolução: A Rússia antes da Revolução era predominantemente agrária e semifeudal, onde a aristocracia rural e o clero ortodoxo detinham o controle da propriedade da terra e do poder político. O processo de industrialização iniciara somente no fim do século XIX, concentrado nas áreas de Kiev, Moscou e Petrogrado, sendo que mais da metade do capital era de origem estrangeira: principalmente França, Alemanha e Inglaterra. A industrialização tardia e dependente, concentrada em regiões específicas produziu uma burguesia fraca e imprudente de um lado, e de outro, um proletariado forte organizado e combativo mantendo laços estreitos com os camponeses (em razão de suas origens rurais). Oposição Partidária ao Czar: A burguesia russa, mostrava-se fraca e dependente, uma vez que a concentração das terras estava nas mãos dos nobres e o capital das grandes empresas nos grupos estrangeiros, O Partido Operário Social Democrata Russo, surgira como um partido socialista marxista autêntico. Em 1903, divergências sobre táticas implementadas na luta pelo poder acabou dividindo-o em duas alas: Bolcheviques e Mencheviques. Mencheviques (membros da minoria): Propunham a formação de um partido que buscaria a formação e implementação de um socialismo seguindo a “evolução natural” da sociedade, permitindo primeiro o amadurecimento do capitalismo para depois fazer a revolução implantando o socialismo, defendendo uma aliança com a burguesia para acelerar o processo. Foi liderado por Trotsky até 1917. Bolcheviques (membros da maioria): Propunham a formação de um partido com organização profissional de revolucionários, objetivando a insurreição plena e imediata para a conquista do poder, implantando um regime socialista através da posse de terras, indústrias, bancos para o regime revolucionário. A aliança permitida era unicamente entre camponeses e operários (foice e martelo). Mais tarde o partido é 72 rebatizado com nome de Partido Comunista, sendo liderado por Lênin e Trotsky. oposição formada pelos sovietes, Duma e da sociedade civil. Antecedentes: Com o governo dividido e enfraquecido pela guerra, associado a uma oposição cada vez mais numerosa e organizada, não haveria outro caminho que não a Revolução. O regime Czarista russo era baseado principalmente na expansão militar. Em 1904 o Czar russo Nicolau II mobilizou tropas em direção ao Pacífico, entrando em choque com o Imperialismo Japonês. A mobilização para a guerra associada a uma derrota para o Japão acentuou a fragilidade do sistema czarista e os problemas sociais russos, levando a eclosão de um movimento popular pacífico em frente ao Palácio de Inverno do Czar, mas que foi violentamente reprimido por ordens de Nicolau II. O movimento ficou conhecido como Domingo Sangrento e despertou uma onda de protestos por todo o Império (greves trabalhadoras, rebeliões camponesas e motins militares). Inicialmente conduzido por operários, o movimento foi aos poucos liderado pela burguesia e pela classe média. Diante da proporção da crise e da organização do movimento o Czar resolve aceitar algumas das reivindicações, estabelecendo pequenas concessões como: a legalização dos partidos políticos inclusive os de oposição, a ampliação de direitos civis como o de associações (sovietes) e a criação de uma Assembleia Legislativa (Duma) Pouco depois o Czar, tentando restabelecer o controle do país, dissolveu a Duma, prendendo líderes opositores e intervindo em sovietes, o que só veio a contribuir para aumentar o descontentamento com o regime. O movimento de 1905 ficou conhecido como um “Ensaio Geral” para a Revolução de 1917. Um Atenuante: A Participação na Guerra: A entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial, acelerou o movimento revolucionário, pois a necessidade de provisões, e o grande número de mortos no conflito, aumentaram a insatisfação da população. A Rússia não se mostrava em condições de encarar uma guerra de tamanha proporção. Com número de mortos estimados na casa dos 4 milhões, mobilizou uma As Fases da Rrevolução: A Primeira Guerra iniciou-se na Europa em 1914, e a Rússia se estabelece junto a Tríplice Entente enfrentano a Áustro-Húngria e a Alemanha. O custo do conflito logo apareceu, o Exército debilitado logo começa a sofrer baixas, derrotas e perda de território. Associada a uma crise econômica esse foi o cenário que levou a derrocada do Czarismo. Em 1916 o exército russo tenta uma última investida desesperada contra os alemães, mas apenas adicionou mais uma derrota. Internamente o descontentamento, a escassez de alimentos e as greves se aglutinam em centros industriais, bem como o apoio dos soldados e operários torna o movimento incontrolável, levando Nicolau II a abdicar em fevereiro de 1917. Assim surgem na Rússia dois centros de poder: a Duma Legislativa controlada pela burguesia liberal, e os Soviets, conselhos de camponeses, soldados e operários. A Duma designa um Governo Provisório presidido por Kerensky, ação que fica conhecida como Revolução de Fevereiro. (teve caráter democrático, liberal e burguês). Contrariando expectativas populares, o governo liberal comprometido com a burguesia internacional manteve a Rússia na guerra, contribuindo para o fortalecimento dos bolcheviques. No começo de abril, começam a chegar os exilados políticos, Lênin assumiu a liderança do partido e lançou as Teses de Abril, que propunham: a transferência de poder aos soviets; a instauração de uma república socialista; a distribuição de terras aos camponeses e a saída imediata da guerra. Por meio de uma bem organizada estratégia, os bolcheviques tomam toda a cidade em menos de 24 horas, cercando os prédios públicos e forçando a fuga de Kerensky. Num II Congresso dos Soviets de maioria Bolchevique formam o primeiro governo socialista da história, 73 formado por operários, soldados e camponeses, tendo a frente figuras como Lênin, Stalin e Trotsky. Era a Revolução de Outubro sob o lema de “Todo Poder aos Soviets”. Em 1922 surge a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), uma federação reunindo outras nacionalidades em torno da Rússia: Ucrânia, Biolorússia, Trans-caucásia e as Repúblicas da Ásia Central. A Economia de Guerra e a NEP: Ao fim da Guerra Civil e das invasões estrangeiras, a vitória estava consolidada. A partir de 1921 estabeleceu-se a Nova Política Econômica, que procurou restaurar a economia de mercado abalada pelos anos de guerra. Segundo Lênin tratava-se de “dar um passo para trás para dar dois adiante”. Dentre as principais características podemos citar. Lênin (1920) Logo de início, o governo nacionalizou as indústrias e os bancos estrangeiros, redistribuiu terras (da Igreja, da Coroa e da Aristocracia) e firmou um armistício com a Alemanha, cedendo territórios em troca da paz pós saída da Guerra (Tratado de Brest-Litovsky). O Comunismo de Guerra: Logo que a guerra acaba em 1918, os países capitalistas temendo que os rumos da Revolução Russa pudessem influenciar os trabalhadores europeus, resolvem apoiar os antibolcheviques (oficiais do exército russo, czaristas e liberais) que formam o Exército Branco para combater o governo socialista. Em contrapartida uma guarnição militar constituída pelos bolcheviques as vésperas da revolução de outubro que originou a guarda vermelha após a tomada do poder tornou-se o Exército Vermelho dirigido por Trotsky, e foi ampliado para fazer frente ao Exército Branco. O combate entre Brancos e Vermelhos durou de 1918 a 1921, nesse meio tempo, alguns países declararam guerra aos Russos, mas a vitória coube aos Vermelhos apoiados por outras nações e também pelo bolcheviques. A vitória no entanto, exigiu medidas extremas que ficaram conhecidas como Comunismo de Guerra: centralização da economia; equiparação salarial e em alguns casos confisco de gêneros alimentícios agrícolas. a) abolição do confisco de gêneros alimentícios, como ocorrera durante o Comunismo de Guerra. b) Restabelecimento da distinção salarial. c) permissão para entrada de trabalhadores técnicos estrangeiros, para os setores básicos da economia. d) remessa de parte do capital para o exterior. Esse plano de medidas durou até 1927, quando transformações no interior da URSS iniciaram uma nova etapa na história como expresso a seguir. Stalinização: Após a morte de Lênin em 1924, houve uma disputa pelos rumos da revolução e pela luta do poder político da recém fundada URSS, que discutiam os rumos e propagação do movimento para outros países. Internacionalistas defendiam uma Revolução Permanente ou Mundial, sendo necessário o apoio de países avançados para manter vivos os ideais da Revolução Russa, sendo liderado por Leon Trotsky. Diferentemente, os social-nacionalistas acreditavam no modelo socialista único devendo ser consolidado primeiramente na Rússia, sendo liderado por Josef Stálin. 74 Stálin e Lênin [1919] Com maior apoio político Stálin venceu a disputa e iniciou uma nova era na história da Revolução: O Stalinismo (1927-1953). Seu governo fora marcado por violentos expurgos e condenações de opositores, inclusive Trotsky. No plano econômico tem-se a adoção dos planos quinquenais, que planificavam a atividade econômica objetivando o crescimento industrial através das industrias de base e a coletivização forçada dos campos após 1928. No terceiro plano quinquenal a Rússia já era a terceira maior Potência Mundial e a segunda europeia. A agricultura cresce com a socialização da terra através de fazendas coletivas (Sockhozes) e fazendas cooperativas (kolkhozes). No plano político, Stálin consolidou seu poder assumindo o controle do Partido Comunista. É claro observar que a situação econômica do país melhorara da década de 20 para a de 30, mas a revolução não conseguiu alcançar seu principal objetivo: a total distribuição de renda. A burocracia dirigente, minoria, reservava para si uma série de privilégios, e a massa trabalhadora (maioria) vivia com um padrão inferir ao dos países capitalistas avançados. SESSÃO LEITURA: # O Socialismo e a relação entre as Ideias de Karl Marx e a Revolução Russa: Os primeiros pensadores socialistas surgiram na Inglaterra e na França pós Revolução Industrial (século XIX). Cansados da forma como a sociedade estava sendo conduzida (com a exploração excessiva da mão de obra trabalhadora para o enriquecimento de uma pequena parcela da sociedade – a burguesia) esses pensadores criticavam o capitalismo, e acreditavam que seria possível projetar uma nova sociedade baseada na solidariedade e não no individualismo. A esses primeiros pensadores socialistas foi dado o nome de Socialistas Utópicos: utópicos pois, embora pensassem num modelo de sociedade ideal e justa, nunca conseguiram colocar em prática suas ideias. (Destaque para os pensadores Charles Fourier e Robert Owen). Como então colocar o socialismo em prática? Essa era a grande questão em voga, até que a resposta fosse formulada tempos depois por dois alemães: Karl Marx e Friedrich Engels. Para ambos, o socialismo só seria possível após a sociedade atingir um alto desenvolvimento capitalista. Além disso, eles pregavam que a única força para a transformação social estava na classe social criada e reforçada pelo capitalismo: o proletariado. Dessa forma os trabalhadores livres e assalariados assumiram a importância decisiva exatamente por causa do Capitalismo. Marx e Engels defendiam um socialismo científico, ou seja, baseado em descobertas científicas que eles teriam feito sobre a história, a sociedade, a economia, o poder. Através desse caráter empírico ambos acreditavam que o socialismo era possível de ser atingido e até mesmo necessário. Na prática, para atingir o objetivo tão sonhado, era necessário pôr um fim na propriedade privada capitalista que era o espaço que “aprisionava” os trabalhadores, e os submetia aos patrões e à exploração da mais-valia. Em outras palavras, ambos acreditavam que o socialismo só seria implementado a partir do momento em que o trabalhador (ou proletariado) adquirisse uma consciência de sua real situação (consciência de classe) e se rebelasse contra o sistema capitalista vigente. A partir daí, com a revolução nas mãos, esses mesmos trabalhadores conduziriam a sociedade a um governo igualitário (do trabalhador para o trabalhador), promovendo as mudanças necessárias para uma sociedade mais justa e menos desigual. Essas ideias foram amplamente abordadas em obras como O Capital (1867), e Manifesto Comunista (1848), e posteriormente adotadas por líderes políticos, como Lênin – uma das principais figuras durante a Revolução Russa. 75 Lênin, influenciado pelas ideias de Marx e Engels, teorizou sobre as possibilidades de instauração de um governo revolucionário feito pelo povo, dando fim ao Czarismo russo, e defendeu, entre outras coisas, o fim da propriedade burguesa e a reforma agrária. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: B- a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial, a instauração de uma monarquia parlamentar e a formação da Guarda Vermelha. C- a entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial, a instalação da ditadura do proletariado e a adoção de uma nova política econômica (a NEP). D- 1- (Adaptado UFJF) Em março de 1921, Lenin afirmava: “É necessário abandonar a construção imediata do socialismo para se voltar, em muitos setores econômicos, na direção de um capitalismo de Estado”. a manutenção da Rússia na Primeira Guerra Mundial, o domínio dos estreitos de Bósforo e Dardanelos e a formação de um Parlamento (Duma). E- a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial, a divisão das grandes propriedades entre os camponeses e a regularização do abastecimento interno. 3- (Adaptado UFJF) Tendo em vista as etapas da Revolução Russa, podemos interpretar essa declaração no sentido de: A- representar o abandono do comunismo de guerra e o início da Guerra Civil. B- traduzir o insucesso dos planos quinquenais e o retorno a uma economia capitalista. C- indicar a possibilidade do socialismo num só país, daí a volta do capitalismo monopolista. D- introduzir a Nova Política Econômica, caracterizada por algumas concessões ao capitalismo, a fim de possibilitar o avanço do socialismo. E- aceitar a introdução de métodos capitalistas na produção e o retorno à iniciativa privada. 2- (Adaptado UFJF) Em 1917, liderados por Lenin e Trotsky, os bolcheviques ganharam popularidade com as “Teses de abril”, enunciadas na plataforma “paz, terra e pão”, que propunha: A- a manutenção da Rússia na Primeira Guerra Mundial, a conquista da Manchúria e a formação dos sovietes. A Revolução Socialista na Rússia, em 1917, foi um dos acontecimentos mais significativos do século XX, uma vez que colocou em xeque a ordem socioeconômica capitalista. Sobre o desencadeamento do processo revolucionário, é correto afirmar que: A- os mencheviques tiveram um papel fundamental no processo revolucionário por defenderem a implantação da ditadura do proletariado. B- os bolcheviques representavam a ala mais conservadora dos socialistas, sendo derrotados, pelos mencheviques, nas jornadas de outubro. C- foi realimentado pela participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, o que desencadeou uma série de greves e revoltas populares em razão da crise de abastecimento de alimentos. D- foi liderada por Stalin, a partir de outubro, que estabeleceu a tese da necessidade da revolução em um só país, em oposição a Trotsky, líder do exército vermelho. E- o Partido Comunista conseguiu superar os conflitos que existiam no seu interior quando estabeleceu a Nova Política Econômica que representava os interesses dos setores mais conservadores. 76 4- (Adaptado UFJF) No final de 1921, com o término da guerra civil e a retirada das forças estrangeiras, o Partido Comunista, visando reconstruir a economia do país, decidiu adotar a NEP (Nova Política Econômica). Tal programa de desenvolvimento econômico, com relativa liberalização, adotado pelo governo da União Soviética, permaneceu em vigor até 1928, sendo caracterizado, exceto: A- pelas graves divergências políticoideológicas geradas a nível das lideranças do próprio partido, radicalizando as posições. B- pela privatizações de empresas com menos de vinte trabalhadores e pela autorização aos pequenos artesãos de vender os seus produtos. C- pela abertura da economia aos investimentos estrangeiros e pelo restabelecimento das relações econômicas com a Inglaterra e a Alemanha. D- pelo desenvolvimento de segmentos sociais enriquecidos, com os KULAKS (camponeses ricos) e os NEPMEM (comerciantes intermediários). E- pela criação da Glosplan, órgão estatal responsável pela elaboração de planos de produção rigorosos e de objetivos precisos para todos os setores econômicos. PINTOU NO ENEM: 1- ENEM [2013] Na produção social que os homens realizam, eles entram em determinadas relações indispensáveis e independentes de sua vontade; tais relações de produção correspondem a um estágio definido de desenvolvimento das suas forças materiais de produção. A totalidade dessas relações constitui a estrutura econômica da sociedade – fundamento real, sobre o qual se erguem as superestruturas política e jurídica, e ao qual correspondem determinadas formas de consciência social. MARX, K. Prefácio à Crítica da economia política. In: MARX, K.; ENGELS, F. Textos 3. São Paulo: Edições Sociais, 1977 (adaptado). Para o autor, a relação entre economia e política estabelecida no sistema capitalista faz com que: A- o proletariado seja contemplado pelo processo de mais-valia. B- o trabalho se constitua como fundamento real da produção material. C- a consolidação das forças produtivas seja compatível com o progresso humano. D- a autonomia da sociedade civil seja proporcional ao desenvolvimento econômico. E- a burguesia revolucione o processo social de formação da consciência de classe. EXERCÍCIO COMENTADO (Adaptado UFJF) Considerando-se a Revolução Russa de 1917, que derrubou o regime czarista e pretendeu instalar o socialismo naquele país, é possível afirmar que: A- a vitória da Rússia na Primeira Guerra Mundial favoreceu a concentração de poder pelo Czar. B- a política imperialista do Czar levou a Rússia à guerra com a China pela posse da Manchúria. C- na sua primeira fase, caracterizou-se como uma revolução liberal que separou Estado e Igreja e criou eleições por sufrágio universal. D- em 1917, constituiu-se o Conselho dos Comissários do Povo, presidido pelo Czar, para resistir à Revolução. E- Lênin, exilado na Finlândia ficou excluído do processo revolucionário. Resposta certa: Alternativa D. Com o aumento das pressões em torno do governo do Czar e com a crescente ideia de insurreição contra seu governo, Nicolau II, tentando uma última cartada para controlar a situação, instaura o Conselho dos Comissários do Povo: uma tentativa de aproximação da população feita pelo chefe de estado, e uma forma de diluir o poder garantindo maior espaço para os setores sociais da Rússia 77 czarista. Todavia, os esforços por parte do Czar não surtiram o efeito desejado, a ideia da Revolução era cada vez mais forte, tornando-se um fato inevitável. CAPÍTULO 08 A CRISE DE 1929 Introdução: GABARITO Exercícios de Fixação: 1- D 2- E 3- C O período entre guerras (1919-1939) foi marcado pela mais contundente crise do capitalismo desde seu surgimento: A Crise de 1929. Uma crise de superprodução acompanhada de um subconsumo, iniciado nos Estados Unidos e que em maior ou menor grau, atingiu todos os países do mundo capitalista. 4- A Pintou no Enem: 1- B O Crescimento Americano: No governo de Theodore Roosevelt (19011909), os Estados Unidos tornam-se efetivamente uma potência mundial e entrou efetivamente na disputa imperialista. A produção norte americana deu um salto gigantesco em vários setores, destacando-se a indústria bélica, de material de campanha, de alimentos e mesmo de setores destinados ao consumo interno, uma vez que o potencial de consumo no país aumentou com a elevação do nível de emprego; ou ainda para a exportação, principalmente para a América Latina, tomando o lugar que tradicionalmente coube à Inglaterra, e para os demais países da Europa durante a Primeira Guerra Mundial. A Relação entre os EUA e a Guerra: Com a Primeira Guerra Mundial, o papel dos EUA no cenário internacional alterou-se. A guerra fora planejada para poucos meses, porém sua longa duração e o envolvimento de diversos países com a política de alianças, gerou o problema de abastecimento, pois os países beligerantes precisavam cada vez mais de roupas, alimentos, armas e dinheiro. Os EUA eram o único país em condições de atender a demanda europeia, e como a princípio não participava do conflito podia comercializar com ambos os lados. Desta forma, e “neutros politicamente”, enriqueceram muito se tornando o grande credor da Europa. Até aproximadamente 1914, havia 78 grandes investimentos europeus (principalmente Inglaterra e França) nos EUA, e com a guerra as relações econômicas com a Europa mudaram de fluxo. No final da guerra os Estados Unidos eram a maior potência econômica do globo. Os anos 20 foram marcados por uma explosão de crescimento interno, a produção crescia a uma velocidade considerável, alcançando diversos setores e desenvolvendo novas tecnologias como por exemplo o rádio, que em 10 anos passou de raridade a elemento obrigatório nos lares americanos, onde os anunciantes começam uma disputa pela preferência e atenção dos ouvintes. No plano industrial, há um aumento da produção devido ao incremento de novas formas de energia como a eletrificação, uso do petróleo e derivados. Isso acarretou um efeito de barateamento no custo da produção de aço e crescimento da produção automobilística. A expansão do crédito incrementava a venda dos produtos, aquecendo a economia. Formaram-se grandes impérios industriais e comerciais nos EUA. Ao final da década de 20 por exemplo, um em cada 5 americanos tinha um automóvel o que encurtou as distâncias e facilitou o deslocamento de mercadorias por todo o país. O sucesso econômico produziu também o nascimento da indústria do entretenimento, com destaque para o cinema, maior instrumento para a difusão do “american way of life” ou modo de vida americano, através de Hollywood esse padrão foi exibido para o mundo inteiro, passando a ser invejado, desejado e consumido. A agricultura também se beneficiou, com um surto de prosperidade acompanhando o crescimento das áreas de eletrificação rural e a emergente mecanização do campo. Isso mostra o caráter contraditório do capitalismo, já que o enriquecimento ocorre através da produção e exploração do trabalho gerando o lucro. Mas a mesma produção geradora de lucro ou riqueza, quando demasiada e não acompanhada de consumo pode significar uma queda na lucratividade quando o fluxo de consumo decresce, e foi exatamente isso que aconteceu. Com os preços baixos os cortes nos custos da produção, tornam-se necessários a demissão maciça de empregados como primeira medida. Ocorre que, com mais desempregados, diminuía o consumo e os preços eram forçados a baixar novamente; cortavam-se mais custos; mais demissões; redução dos preços novamente... Diante desta situação, os grandes empresários passaram a especular na Bolsa de Valores, atribuindo as suas ações preços irreais, muito mais altos. Os investidores passaram a desconfiar e a partir de setembro de 1929, colocaram simultaneamente seus títulos a venda e a bolsa entrou em declínio, mas era o primeiro passo para o colapso. No dia 24 de outubro de 1929, a bolsa quebrou e o dia ficou lembrado como a quintafeira negra. Milhões de ações não encontraram compradores e as cotações baixaram vertiginosamente, causando falência nos bancos, empresas, indústrias e comércio. Milhares de funcionários foram demitidos e o mercado entrou em uma retração profunda. Não só os EUA sofreram com a quebra da bolsa, mas também a Europa que viu os créditos estrangeiros evaporarem, e a América Latina cujos países não tinham como repassar na mesma proporção suas matérias primas. SESSÃO LEITURA A Crise de Superprodução: Durante a guerra, a grande demanda do mercado externo garantia o total escoamento da produção americana. Como fornecedor único, houve uma supervalorização dos produtos nos EUA, enriquecendo a sociedade americana. Quando a guerra acabou e quando os países europeus voltaram a produzir, adotaram também medidas protecionistas que garantissem a competição interna. Com isso o produto americano, visto como caro, não podia mais concorrer com os europeus. O New Deal: A não intervenção do Estado e o estrago causado pelos empresários americanos, foram os fatores fulminantes nos princípios liberais predominantes até então (Liberalismo Econômico Clássico). O custo foi enorme, além da quebradeira geral das empresas e indústrias, o número de desempregados em 1933 chegava a casa dos 15 milhões, apenas nos EUA. A Alemanha por exemplo tinha índices próximos 79 aos 6 milhões. Apenas a URSS que vivia isolada através da política de “cordão sanitário” imposta pelos capitalistas, escapou da crise. B- surgiram os movimentos operários de caráter reformista, conduzidos habilmente pela maioria socialista aliada ao Estado. Em 1832 foi eleito para presidente dos EUA Franklin Roosevelt, que anunciou um conjunto de profundas mudanças na economia e sociedade americana. O ponto crucial e que mudaria a política econômica a partir de então, seria a intervenção estatal para salvaguardar o modelo capitalista: estas séries de medidas receberam o nome de New Deal. C- os partidos políticos mais expressivos associaram-se com o intuito de restaurar a credibilidade do Estado. O plano estimulava investimentos a partir do Estado na economia, através de investimentos na infraestrutura do país: construção de estradas; barragens; auditórios; aeroportos; portos e habitações populares. O aumento de investimentos nos setores produtivos reduziria o contingente de desempregados e recuperaria se poder de compra. D- houve um amplo pacto social com o objetivo de estabilizar a vida econômica e política desses países. E- houve o agravamento das tensões sociais, e a ditadura foi a opção de consenso para que se restabelecessem a ordem e a justiça. 2- Mackenzie-SP As causas da crise de 1929 foram: O governo ainda remunerou agricultores para que não plantassem mais, reduzindo a oferta dos produtos agrícolas limitando a produção. Estabeleceu ainda medidas de proteção social como: seguro desemprego, salário mínimo e aposentadoria. Apesar dos avanços do New Deal, críticos da intervenção do Estado na economia, setores mais conservadores limitaram a quantidade de capitais investidos nas ações do governo. Desta forma os efeitos da grande depressão de 30, apesar de amenizados com o New Deal, só foram totalmente superados com o início da Segunda Guerra Mundial. A- aumento das taxas de juros, explosão de consumo, quebra da produção agrícola e nacionalização de empresas. B- consolidação do nazi-fascismo, aumento do consumo, valorização do mercado financeiro e aumento das exportações. C- Crack da Bolsa de Nova York, aumento dos preços do petróleo, redução dos salários. D- intervenção do Estado na economia, contradição entre capacidade de consumo e produção e concorrência com produtos asiáticos. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: PINTOU NO ENEM: 1- PUCCamp-SP No pós-guerra, a situação de miséria e a crise de 1929 provocaram o descrédito da população no capitalismo liberal e, simultaneamente, criaram condições favoráveis para a expansão das ideias socialistas. Com isso, na Itália e na Alemanha: A- as burguesias industriais e financeiras apoiaram os regimes nazifascistas, temerosas com o avanço das ideias socialistas. 1- ENEM [2012] TEXTO I “A Europa entrou em estado de exceção, personificado por obscuras forças econômicas sem rosto ou localização física conhecida que não prestam contas a ninguém e se espalham pelo globo por meio de milhões de transações diárias no ciberespaço.” ROSSI, C. Nem fim do mundo nem mundo novo. Folha de São Paulo, 11 dez. 2011 (adaptado). 80 TEXTO II “Estamos imersos numa crise financeira como nunca tínhamos visto desde a Grande Depressão iniciada em 1929 nos Estados Unidos”. todos os setores da economia: comércio, finanças, agricultura e indústria. B- Entrevista de George Soros. Disponível em: www.nybooks.com. Acesso em: 17 ago. 2011 (adaptado). A comparação entre os significados da atual crise econômica e do crash de 1929 oculta a principal diferença entre essas duas crises, pois: A- o crash da Bolsa em 1929 adveio do envolvimento dos EUA na I Guerra Mundial e a atual crise é o resultado dos gastos militares desse país nas guerras do Afeganistão e Iraque. B- a crise de 1929 ocorreu devido a um quadro de superprodução industrial nos EUA e a atual crise resultou da especulação financeira e da expansão desmedida do crédito bancário. C- a crise de 1929 foi o resultado da concorrência dos países europeus reconstruídos após a I Guerra e a atual crise se associa à emergência dos BRICS como novos concorrentes econômicos. D- o crash da Bolsa em 1929 resultou do excesso de proteções ao setor produtivo estadunidense e a atual crise tem origem na internacionalização das empresas e no avanço da política de livre mercado. E- a crise de 1929 decorreu da política intervencionista norte-americana sobre o sistema de comércio mundial e a atual crise resultou do excesso de regulação do governo desse país sobre o sistema monetário. A realização de reforma agrária que limitou a extensão da propriedade, assegurando-se, então, a distribuição de parcelas entre as famílias desempregadas. C- O agravamento das dificuldades no período de 1929/32, revelando a insuficiência das medidas adotadas pelo governo Hoover (republicano), criou condições para a vitória do candidato do Partido Democrata (F. D. Roosevelt). D- A adoção da política do New Deal, que sofreu críticas de alguns segmentos da sociedade, desconfiados com a forma como foi enfrentada a questão social, quer pela garantia de assistência governamental aos desempregados, quer pelo apoio do governo federal aos sindicatos. E- A adoção do New Deal, ampliando a esfera de participação do Estado nos assuntos econômicos, permitiu que a sociedade norte-americana se recuperasse sem prejuízo do regime capitalista e da democracia. Resposta certa: Alternativa B. Dentre todas as transformações ocorridas nos Estados Unidos via intervenção do Governo para solucionar os problemas da crise, a única questão que permaneceu fora do New Deal foi a da Reforma Agrária, nunca tendo ocorrido tal reforma na história dos Estados Unidos. GABARITO: EXERCÍCIO COMENTADO Cesgranrio-RJ Sobre a crise que se instalou na economia e na sociedade norte-americanas, após a quebra da Bolsa de Nova York, em outubro de 1929, são corretas as afirmações a seguir, com exceção de uma: A- Agravamento das tensões sociais, em face do grande número de desempregados nos centros urbanos e nas áreas rurais, pois a crise atingiu a Exercícios de Fixação: 1- A 2- C Pintou no Enem: 1- B 81 CAPÍTULO 09 ERA VARGAS: DO GOVERNO PROVISÓRIO À ARTICULAÇÃO DO GOLPE DE 1937 Introdução: Durante a década de 1930, espalhou-se pelo mundo uma grande depressão econômica, fruto de uma crise do sistema capitalista. Isso tudo graças a um grande crescimento do nível de produção que não foi acompanhado pelo consumo e poder aquisitivo: Superprodução x Subconsumo. A crise capitalista que marcou o período entre as duas grandes guerras mundiais teve efeitos muito mais amplos do que as crises cíclicas anteriores, culminando na Grande Depressão da década de 1930. Essa crise atingiu o mundo de uma forma tão violenta, que provocou um desacerto geral do sistema capitalista: incorporaram ao contingente de desempregados mais de 40 milhões de pessoas, levando ao caos a economia de dezenas de países. No Brasil a sociedade tinha na Revolução de 1930 uma expectativa de mudanças qualitativas. Os Efeitos da Depressão no Brasil: O final dos anos 20 foi marcado por uma crise da agricultura de exportação que já prenunciava as dificuldades que a economia brasileira enfrentaria na década seguinte. Nos anos 30, proprietários de terras em quase todo o país se arruinaram e a oligarquia cafeicultora sofreria um grande enfraquecimento político. As empresas internacionais passaram a recolher para suas matrizes os investimentos feitos no exterior, reduzindo as já precárias reservas monetárias dos países dependentes onde estavam instaladas. A política de valorização do café que se baseava em empréstimos subsidiados no exterior, estava comprometida. Paralelamente caiam os preços dos produtos primários no mercado internacional, prejudicando não só os cafeicultores, mas também os produtores de outros gêneros agrícolas de exportação, como açúcar, cacau e algodão. O Governo Provisório: Em 3 de novembro de 1930, a junta militar passou o poder, no Palácio do Catete, a Getúlio Vargas, encerrando a chamada República Velha. Getúlio tornou-se Chefe do Governo Provisório com amplos poderes. A constituição de 1891 foi revogada e Getúlio governava por decretos. Getúlio nomeou interventores para todos os Governos Estaduais, com exceção de Minas Gerais. Esses interventores eram na maioria Tenentes que participaram da Revolução de 1930. A vitória de Vargas e da Revolução de 30 significava um rearranjo de forças políticas no Brasil. Várias forças haviam participado do movimento, como militares, oligarquias dissidentes, membros da classe média e até mesmo membros de parte da oligarquia cafeeira (mineiros que perderam a vez na sucessão presidencial). Vargas surge fortalecido com o papel de mediador político e árbitro entre disputa de interesses destes vários grupos. No início de seu governo, com a centralização do poder, Vargas iniciou a luta contra o regionalismo. A administração do país tinha que ser única e não ser dividida pelos proprietários rurais como ocorria na República Velha. Muitas medidas que tomou no plano econômico financeiro não resultaram de novas circunstâncias, mas das circunstâncias impostas pela crise mundial. O Governo Provisório mostrou-se preocupado com a crise do café, pois este continuava sendo o produto responsável pela maior parte de nossas divisas. Em fevereiro de 1931 reiniciava-se a política de valorização do café: o governo federal comprou grandes quantidades de sacas e criou o Conselho Nacional do Café (depois Departamento Nacional do Café) com o objetivo de regularizar e proteger a economia cafeeira. No entanto, a oligarquia cafeeira já não teria os mesmos privilégios, tendo de arcar com uma parcela maior de prejuízos. 82 Os proprietários do café estavam obrigados a entregar ao Estado uma cota de 20% da produção a preços simbólicos, pagar tributos para novos plantios, além de um imposto por saca de café exportada. Mesmo assim, para diminuir os gastos da estocagem e tentar elevar o preço no mercado internacional, o Estado teve de queimar muitas sacas entre 1931 a 1944. Mesmo, com a crise mundial, conhecida como “crash de 1929”, houve uma intensa aceleração do desenvolvimento industrial. Entre 1929 e 1939, a indústria cresceu 125%, enquanto na agricultura o crescimento não ultrapassou 20%. Esse desenvolvimento deu-se através da diminuição das importações e da oferta de capitais, que trocaram a lavoura tradicional em crise, pela indústria. Mas, foi a participação do Estado, com tarifas protecionistas e investimentos, que mais influenciou esse crescimento industrial. A partir de 1930, a sociedade brasileira viveu importantes mudanças. Acelerou-se o processo de urbanização e a burguesia começa a participar cada vez mais na vida política. Com o progresso da industrialização, a classe operária cresceu muito. Vargas, com uma política de governo dirigida aos trabalhadores urbanos, tentou atrair o apoio dessa classe que era fundamental para a economia, pois tinha em mãos o novo motor do Brasil: a indústria. A criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, em 1930, resultaram numa série de leis trabalhistas. Parte delas visava ampliar os direitos e garantias do trabalhador: lei de férias, regulamentação do trabalho de mulheres e crianças. Todo esse processo de desenvolvimento, no Brasil, foi acompanhado por uma verdadeira revolução cultural e educacional que acabou garantindo o sucesso de Vargas na sua tentativa de transformar a sociedade. Em 1920, reformas promovidas separadamente já buscavam a renovação pedagógica. A partir de 1930, medidas para a criação de um sistema educativo público foram controladas oficialmente pelo governo. Esta vontade de centralizar a formação e de torná-la acessível aos mais pobres ficou clara com a criação do Ministério da Educação e Saúde em novembro de 1930. Com a difusão da instrução básica, Vargas acreditava poder formar um povo mais consciente e mais apto às exigências democráticas, como o voto, e uma elite de futuros políticos, pensadores e técnicos. Em 1931, o governo decretou a obrigatoriedade do ensino religioso nas escolas públicas. Esta aproximação entre Estado e Igreja também foi marcada pela inauguração, a 12 de outubro de 1931, da estátua do Cristo Redentor no Corcovado. O historiador Boris Fausto afirmou que a Igreja, em troca, “levou a massa da população católica a apoiar o novo governo”. Em relação ao ensino superior, o governo procurou estabelecer as bases do sistema universitário, investindo nas áreas de ensino e pesquisa. Além de haver um desenvolvimento educacional, houve uma verdadeira revolução cultural em relação à República Velha. O modernismo, tão criticado antes de 1930, tornou-se o movimento artístico principal a partir do golpe de Vargas. A Academia de Letras, tão admirada antes, não tinha mais nenhum prestígio. A cultura predominante era a popular que, com o rádio, desenvolveu-se por todo o Brasil. Nos anos 30 e 40, por exemplo, o samba e a marcha, antes praticamente confinados aos morros e subúrbios do Rio, conquistaram o país e todas as classes . A Revolução Constitucionalista de 1932: A oligarquia paulista não aceitou sua marginalização e, tentando retomar o poder, aproveitou-se do descontentamento da população diante das dificuldades econômicas para insurgirse contra o centralismo preconizado pelos Tenentistas. O Partido Democrático e o Partido Republicano Paulista se uniram sob as palavras de ordem: “interventor civil e paulista”, exigindo também uma nova Constituição para o país. O governo central cedeu à primeira reivindicação, nomeando Pedro de Toledo como interventor. Em seguida, apesar da oposição Tenentista, Getúlio mandou publicar o novo código eleitoral e o anteprojeto da Constituição. Porém as manifestações continuavam, e a reação contra um grupo de estudantes culminou na morte de quatro manifestantes: Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo. Os estudantes mortos, tiveram as iniciais de seus nomes 83 transformadas na sigla do movimento paulista: MMDC. Em 09 de julho de 1932 em SP iniciou-se então uma luta armada. Não possuindo estrutura bélico-militar necessária, e acusado de estar realizando um movimento separatista, SP teve de render-se às forças federais depois de três meses de guerra civil. Embora a Revolução Constitucionalista de 1932 tivesse sido um fracasso do ponto de vista militar, no campo político seus reflexos foram positivos: em 1933, Vargas promoveu eleições para a Assembleia Constituinte e em novembro do mesmo ano tiveram início os trabalhos dos constituintes eleitos, os quais resultariam na promulgação de uma nova Constituição. Embora essa Constituição apresentasse grandes avanços sociais e políticos, ao mesmo tempo não questionava pontos essenciais da sociedade brasileira como a estrutura agrária ou a distribuição de renda. AIB x ANL: A crise econômica estendeu-se por toda a década de 1930, aumentando o desemprego e diminuindo os salários. As lutas políticas internacionais também se refletiam no Brasil. Na Europa difundiam-se o nazismo e o fascismo, que se opunham ao modelo socialista, implantado na União Soviética em 1917. O anticomunismo foi a fórmula encontrada pela alta burguesia de grande número de países europeus para superar a crise econômica da época, passando a perseguir comunistas, socialistas, e liberais. A onda nazifascista chegou ao Brasil em 1932, com a formação na Ação Integralista Brasileira (AIB), movimento de extrema direita (Estado ditatorial, ultranacionalista e anticomunista) liderado por Plínio Salgado. Sob o lema “Deus, pátria e família”, seu objetivo era um estado corporativo e antidemocrático. Da Ação Integralista faziam parte bandos armados, denominados camisas verdes, que promoviam pancadarias e perseguições aos cidadãos acusados de comunistas. A saudação "anauê", adotada pelos integralistas Brasileiros, de provável origem tupi, significando "você é meu irmão". A propagação do integralismo, somada ao agravamento das condições de vida dos assalariados e ao autoritarismo governamental provocaram a união de vários setores. Em março de 1935, a ala reformista e esquerdista dos Tenentes, camadas liberais, socialistas, comunistas e líderes sindicais de diversas tendências progressistas criaram uma frente popular chamada Aliança Nacional Libertadora. Foi eleito para presidi-la o Cap. Herculano Cascardo, líder ativo da rebelião Tenentista de 1924, em SP. Luís Carlos Prestes, líder da coluna que aderiu ao Partido Comunista Brasileiro, foi eleito seu presidente de honra. Era o primeiro movimento de massa nacional com intenções democráticas, anti-imperialistas e reformistas, que congregava várias oposições a Vargas. Reivindicações: * Suspensão do pagamento da dívida externa; * Nacionalização das empresas estrangeiras; * Realização da reforma agrária, acompanhada de incentivos aos pequenos e médios proprietários; * Formação de um governo popular. A adesão popular superou as expectativas: nos dois primeiros meses, cerca de 50 mil pessoas se filiaram à Aliança Nacional Libertadora, apenas no RJ. Ergueram-se por todo o país aproximadamente 1600 núcleos, 84 contingente capaz de ameaçar os interesses das oligarquias e do capital estrangeiro. A reação contra esta frente popular foi rápida. Em abril aprovou-se uma lei de segurança nacional com o objetivo bastante claro: frear o crescimento da ANL. Não adiantaram os protestos do Clube Militar, da Associação Brasileira de Imprensa e dos sindicatos, pois a lei entrou em vigor apoiada pelos setores mais conservadores da sociedade. Em junho, o governo decretou o fechamento dos núcleos da ANL, que àquela altura, já contava com quase 400 mil filiados. A ação foi acompanhada de severa repressão aos membros simpatizantes da ANL. Diante da extinção da ANL, sua facção de esquerda, na qual predominavam comunistas, preparou um golpe com características de uma insurreição, sob o comando de Luís Carlos Prestes. A tentativa golpista teve início em Natal (Rio Grande do Norte), onde os revoltosos conseguiram controlar o poder por quatro dias. Levantaram-se em seguida em Recife e Olinda, após no Rio de Janeiro então Capital Federal, onde os rebeldes resistiram na Escola de Aviação e no II Regimento de Infantaria. Acabaram sendo bombardeados ininterruptamente, até a rendição. Esse episódio passou a ser conhecido como Intentona Comunista. Na verdade, a Intentona Comunista deu a Vargas a “justificativa” para silenciar a oposição e amadurecer a ideia de um possível Golpe de Estado e a necessidade de fortalecer sua posição no poder. SESSÃO LEITURA A CONSTITUIÇÃO DE 1934: Inspirada na Constituição alemã de Weimar, a Constituição de 1934 preservava o liberalismo e o presidencialismo e mantinha a independência dos três poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), além de fixar em caráter excepcional a eleição do primeiro presidente por voto indireto da Assembleia. Getúlio Vargas foi confirmado na presidência derrotando seu opositor Borges de Medeiros. O Poder Executivo (Presidente) passava a ter direito de realizar intervenções nas áreas políticas e econômicas, assim como os ministérios deveriam adotar uma acessória técnica. O Poder Legislativo passava a ser eleito proporcionalmente ao número de habitantes por cada estado, evitando assim que os mais populosos tivessem grandes representações. O voto secreto e também o feminino foi uma das conquistas formalizada nessa Constituição, bem como a instituição do mandado de segurança, importante instrumento jurídico de garantia dos direitos do cidadão perante o Estado. Outra novidade foi a incorporação de uma legislação específica referente aos trabalhadores. Em 1930 já havia sido criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Em 1934, o texto constitucional proibiu diferenças salariais por discriminação de sexo, idade, nacionalidade e estado civil, ficando estabelecidos também os salários mínimos regionais, a jornada de trabalho de 8 horas, o descanso semanal, as férias anuais e remuneradas, a indenização do trabalhador em caso de demissão sem justa causa, a regulamentação das profissões, a proibição do trabalho para menores de 14 anos e a proibição do trabalho noturno a menores de 16 anos. A CAMPANHA SUCESSÓRIA: Em meados de 1936, as forças oposicionistas mais contestadoras já estavam enfraquecidas pela intensa perseguição. Nestas condições, as divergências no bloco dominante se acentuavam, o que se expressou nos preparativos das eleições de 1938. A primeira candidatura foi a de Armando Sales Oliveira, fonte de esperança de alguns setores paulistas de retomar o poder. Sales Oliveira contava com o apoio do Partido Constitucionalista continuador do Partido Democrático, do Partido Republicano Mineiro (apoiado pelo governador gaúcho Flores da Cunha) e de facções de oligarquia de outros estados. Poucas semanas depois surgia a candidatura de José Américo de Almeida, exministro da aviação. Recebia o apoio Partido Republicano Rio-Grandense; do Partido Libertador do Rio Grande do Sul, do Partido Republicano Paulista, do governo de Minas e da maioria das oligarquias nordestinas. Seu 85 programa só diferia do outro candidato em alguns traços nacionalistas, o que lhe valeu a simpatia dos remanescentes do Tenentismo. Havia ainda um terceiro candidato lançado pela Ação Integralista, Plínio Salgado. Getúlio Vargas apoiou outro candidato paulista, Macedo Soares, ex-presidente da Associação Comercial, numa clara tentativa de abalar as pretensões de Armando Sales Oliveira. Percebendo a intenção divisória, a oligarquia paulista rejeitou a candidatura de Macedo Soares. Esse fato fez com que Getúlio declarasse favorável a José Américo, embora seu objetivo fosse continuar no poder. Contudo, para qualquer movimento golpista Vargas necessitava do apoio dos setores Militares. Embora se esforçasse desde 1930, Getúlio não conseguira impor-se às Forças Armadas, tendo somente conquistado a neutralidade dos oficiais mais graduados e o afastamento dos Tenentes de esquerda. O Exército não estava ainda sob seu controle, ao contrário do que acontecia no Congresso Nacional e com a maioria dos estados sob sua intervenção. Num ato político Vargas acabou conseguindo o apoio de dois Generais: Góes Monteiro e Eurico Gaspar Dutra. Estes, através do uso de manobras, promoveram expurgos nas Forças Armadas, montando o esquema necessário para o golpe continuísta. Paralelamente, Getúlio realizou uma nova política de intervenção nos estados durante o primeiro semestre de 1937, eliminando assim as oposições remanescentes. O ESTADO NOVO (1937-1945) Introdução: A partir de 1937, o Brasil vive o Estado Novo, um regime autoritário com características do fascismo europeu. A censura aos órgãos de imprensa e a propaganda política são alguns dos instrumentos que o Estado Novo usa para cultivar a imagem de seu líder, o presidente Getúlio Vargas. A conspiração continuísta de Getúlio e Góes Monteiro foi instaurada a parecer justificável. Forjou-se uma situação de pânico (Medo) entre os setores dominantes para que estes visassem no golpe um movimento de “salvação nacional”. Algum tempo depois, descobriu-se que o Plano Cohen, forjado por um militar, Olímpio Mourão Filho, era apenas uma estratégia de treinamento de militares que astutamente fora utilizado para gerar um clima necessário para o golpe. Entrava-se assim na fase do Estado Novo, também denominado Nova Ordem ou Estado Nacional, nomes que pretendiam mascarar seu caráter antidemocrático. O dia 10 de novembro de 1937 começou como qualquer outro para os brasileiros, só que mudanças ocorreram de tal maneira que o país já não era mais o mesmo: Vargas continuaria no poder, com força total. As eleições estavam suspensas, a democracia afastada, e uma nova Constituição em vigor no país. A Organização do Estado Novo: Em 1937, após um golpe continuativo, Getúlio Vargas suprimiu a Constituição de 1934 e outorgou uma Carta Constitucional com características fascistas. # Importante! A Constituição de 1937: A Carta inspirava-se na Constituição autoritária polonesa; daí a denominação de “Polaca”, e incorporava elementos da Constituição da Itália fascista. De acordo com ela, o presidente detinha plenos poderes, inclusive o de legislar por decreto-lei; as greves eram proibidas e a palavra escrita ou oral era passível de censura; os recursos minerais, fontes de energia e as indústrias de base eram nacionalizados. Foi instituída a pena de morte, a critério do presidente e nos casos de ameaça à ordem política; Dissolveu todos os partidos políticos; Acabou com a liberdade de imprensa, instituindo a censura prévia, com a criação do DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda. 86 A partir daí, patrocinaria com habilidade diversos acordos entre as classes dominantes e manejaria a política econômica de forma a não prejudicar a maior parte dos setores dominantes. O Estado Novo tinha características que o aproximavam ideologicamente das ditaduras europeias de Mussolini e Hitler: * Poder pessoal, autoritário e arbitrário do governante; * A organização de um Estado Totalitário; * Impossibilidade de atuação política do povo fora dos parâmetros estabelecidos pelo próprio Estado; * Propaganda, censura e repressão empregadas como meio de controle político; * Sentimentos e ideias nacionalistas exageradas; Política e Economia no Estado Novo: A economia, assim como todos os setores da vida brasileira passaram a ser controlados e dirigidos pelo Presidente da República, assessorada pelos conselhos técnicos e mantendo o sistema das “cotas de sacrifício”, ou seja, a queima do café para controlar os preços e regular a produção. Por outro lado, o Estado promoveu uma intervenção para garantir e estimular a diversificação da produção agrícola, financiando os produtores e auxiliando na experimentação e na divulgação das técnicas mais evoluídas de cultivo. A exemplo de seus governos anteriores, Getúlio Vargas deu sequência à política de desenvolvimento baseada no nacionalismo econômico e no intervencionismo estatal, procurando modernizar e integrar o Brasil ao capitalismo industrial. O governo incentivou a produção de algodão em São Paulo, sendo que a Alemanha e o Japão foram grandes consumidores desta produção, durante a primeira fase da 2ª Guerra Mundial. Em 1937, para estimular o mercado consumidor interno, foram abolidas taxas interestaduais, o que gerou a formação de um mercado nacional. Uma das preocupações do Governo Vargas foi a de estimular o desenvolvimento industrial do país. Visando alcançar seu objetivo, o governo aumentou os impostos de importação, elevando desta forma os preços dos produtos estrangeiros, além de diminuir os impostos sobre a indústria nacional. Em consequência desta política, as empresas nacionais aumentaram, e a essas indústrias somaram-se algumas filiais de empresas estrangeiras, ligadas à produção química, farmacêutica e frigorífica. A proposta de Vargas era a de substituir gradativamente as importações por produtos nacionais. A grande dificuldade para concretização deste modelo de política econômica era a inexistência de indústrias de base. Para suprir esta lacuna, o governo promoveu uma intervenção na economia, fundando as empresas estatais, para atuar nesses setores de base da economia, principalmente no campo da mineração e da siderurgia. Para ajudar a industrialização, planejou a hidrelétrica de Paulo Afonso no rio São Francisco para fornecimento de energia, fundando ainda a Companhia Vale do Rio Doce, para extrair e exportar ferro e em 1943 a Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda, para fornecer aço para a indústria nacional. Ainda no Estado Novo temos: Fábrica Nacional de Motores, SENAI, SESI. Quem financiou a construção da Usina de Volta Redonda foi o capital norte americano, em troca do Brasil entrar na 2ª GM ao lado dos aliados (Inglaterra, França, Rússia e EUA) contra os países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão). Além dos investimentos em Volta Redonda, o governo brasileiro cedeu aos EUA bases navais em Natal, Belém, Salvador e Recife, provocando desta forma a quebra da neutralidade política do Brasil, mantida até me tão no cenário internacional. A entrada do Brasil na 2ª GM foi determinada supostamente pelo torpedeamento de navios brasileiros por submarinos alemães em agosto de 1942, fato que levou a opinião pública a pressionar Getúlio a declarar guerra à Alemanha e a Itália dentro de mesmo mês. 87 Trabalhismo e Populismo: Durante o período getulista, o desenvolvimento urbano de São Paulo e Rio de Janeiro atraíram para essas cidades grande número de trabalhadores rurais que imigravam principalmente do nordeste, fugindo da miséria, da exploração e das secas, tal situação acabou gerando uma grande quantidade de mão de obra disponível nas cidades. Com o progresso da indústria, cresceu o número de operários. Ao mesmo tempo, ampliouse também a consciência dos trabalhadores de que era preciso lutar pelos seus direitos. Diante de tal fato, Getúlio acabou por elaborar uma política trabalhista com dupla função. 1º Conquistar simpatia e, consequentemente apoio; 2º Exercer o domínio sobre eles, controlando seus sindicatos; Desta forma, foram criadas neste período inúmeras leis trabalhistas que asseguravam aos operários seus direitos básicos, tais como: Salário mínimo; Férias remuneradas; Jornada diária não superior a oito horas; Proteção ao trabalho da mulher e do menor; Estabilidade de emprego; Em 1943, estas leis foram reunidas e codificadas na chamada Consolidação das leis trabalhistas (CLT) que marcou a história da legislação trabalhista e as relações entre trabalhadores e patrões no Brasil. Apoiando-se nas leis trabalhistas, Getúlio usava a propaganda para apresentar seu governo como “grande protetor” dos trabalhadores, utilizando-se do estilo populista, marca registrada de seu governo: O pai dos pobres... (e a mãe dos ricos). Pregava a conciliação nacional entre trabalhadores e empresários. Colocava o governo como Juiz supremo dos conflitos entre patrões e empregados, usando para tal o Ministério do Trabalho. De um lado o populismo de Getúlio Vargas reconhecia as necessidades e desejos dos trabalhadores e, por outro lado, fazia concessões como meio de controlar os trabalhadores e impedir revoltas mais profundas que pudessem ameaçar a estabilidade do governo. Por tudo isso, o governo Vargas representou para a classe empresarial brasileira uma garantia da manutenção da ordem pública e de estabilidade social. O Fim do Estado Novo: As sucessivas vitórias aliadas na 2ª GM e o avanço dos aliados contra as tropas alemãs desenhavam o fim da guerra e a expansão de uma onda de liberalismo pelo mundo. Aproveitando-se deste momento, grupos liberais brasileiros começavam a combater o fascismo no interior do Estado Novo. Sentindo a onda de liberdade que tomava conta do país, Getúlio Vargas procurou liderar a abertura democrática do país, estimulou e comandou a reorganização da vida partidária do país, visando sempre fortalecer a sua imagem política enfraquecida pela derrota do modelo nazifascista da 2ª GM. Em fevereiro de 1945, o governo fixou prazo para a próxima eleição presidencial, além de uma série de outras medidas, tais como: Concedeu ampla anistia a condenados políticos; Soltou os comunistas que estavam na cadeia, entre eles Luís Carlos Prestes. Permitiu a volta de exilados políticos ao país; Reorganizou os partidos políticos que estavam fechados desde o golpe de 1937. Vários partidos apareceram a nível estadual, porém a nível nacional, os partidos que se constituíram foram: UDN: (União Democrática Nacional), partido que representava grupos ligados ao capital internacional e da classe média brasileira, vinculada a um modelo consumista. PSD: (Partido Social Democrático), partido representativo da tradicional oligarquia rural e de setores conservadores da sociedade brasileira. PTB: (Partido Trabalhista Brasileiro), partido liderado por Vargas e que buscava explorar as leis trabalhistas e, consequentemente, controlar a classe trabalhadora brasileira. 88 PCB: (Partido legalidade foi clandestinidade. Comunista Brasileiro) cuja concedida, tirando-o da As eleições foram marcadas para dezembro de 1945, nas quais concorriam três candidatos: O General Eurico Gaspar Dutra, candidato pela coligação PSD/PTB, contando com o apoio de Vargas; O Brigadeiro Eduardo Gomes concorrendo pela UDN; O Engenheiro Yedo Fiúza pelo PCB; No entanto, durante a campanha eleitoral, começou a se desenvolver um movimento de apoio e defesa da continuidade de Vargas no poder político do país, este movimento foi chamado de “Queremismo”. Diante do crescimento do movimento queremista, grupos ligados às formas da oposição, temendo pelo continuísmo de Vargas e pela não ocorrência de eleições presidenciais, passaram a tramar a sua derrubada ao poder. Em outubro de 1945, tropas do exército ligadas a setores conservadores da sociedade brasileira cercaram o Palácio do Catete sede do governo, e obrigaram Vargas a renunciar. Assumiu o cargo temporariamente o presidente do Supremo Tribunal Federal José Linhares. Vargas foi afastado do poder e assim terminava o chamado Estado Novo, com Vargas sendo afastado do poder, não recebendo nenhuma punição política e, pelo contrário, ainda conseguindo eleger seu sucessor o General Dutra para presidência. Segundo o texto, o Estado de compromisso correspondeu, no Brasil do período posterior a 1930 A- à retomada do comando político pela elite cafeicultora do sudeste brasileiro. B- ao primeiro momento de intervenção governamental na economia brasileira. C- à reorientação da política econômica, com maior presença do Estado na economia. D- ao esforço de eliminar os problemas sociais internos gerados pelo capitalismo internacional. E- à ampla democratização nas relações políticas, trabalhistas e sociais. 2- FGV "Redescobrir e revolucionar é também o lema do Verde-Amarelismo, que, antes de organizar-se no movimento Anta (Cassiano Ricardo, Menotti del Picchia, Plínio Salgado) e materializar-se no ideário 'curupira', passa pela xenofobia espingardeira da Revista Brasília." O texto acima fala de um movimento literário do Brasil dos anos 30, que tem correspondência político-ideológica com: ABCDE- o Integralismo o Marxismo-lenilismo o Anarco-sindicalismo o Socialismo Utópico a Maçonaria PINTOU NO ENEM: 1- ENEM [2014] EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: 1- FUVEST [2012] “O Estado de compromisso, expressão do reajuste nas relações internas das classes dominantes, corresponde, por outro lado, a uma nova forma do Estado, que se caracteriza pela maior centralização, o intervencionismo ampliado e não restrito apenas à área do café, o estabelecimento de uma certa racionalização no uso de algumas fontes fundamentais de riqueza pelo capitalismo internacional (...).” Boris Fausto. A revolução de 1930. Historiografia e história. São Paulo: Brasiliense, 1987, p. 109-110. Ao deflagrar-se a crise mundial de 1929, a situação da economia cafeeira se apresentava como se segue. A produção, que se encontrava em altos níveis, teria que seguir crescendo, pois os produtores haviam continuado a expandir as plantações até aquele momento. Com efeito, a produção máxima seria alcançada em 1933, ou seja, no ponto mais baixo da depressão, como reflexo das grandes plantações de 1927-1928. Entretanto, era totalmente impossível obter crédito no exterior para financiar a retenção de novos estoques, pois o mercado internacional de capitais se encontrava em profunda depressão, e o crédito do governo desaparecera com a evaporação das reservas. 89 FURTADO, C. Formação econômica do Brasil. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1997 (adaptado). Uma resposta do Estado brasileiro à conjuntura econômica mencionada foi o (a) a) b) c) d) e) Atração de empresas estrangeiras Reformulação do sistema fundiário Incremento da mão de obra imigrante Desenvolvimento de política industrial Financiamento de pequenos agricultores Na imagem, da década de 1930, há uma crítica à conquista de um direito pelas mulheres relacionado com a: A- redivisão do trabalho doméstico. B- liberdade de orientação sexual. C- garantia da equiparação salarial. D- aprovação do direito ao divórcio. E- obtenção da participação eleitoral. 2- ENEM [2014] Estatuto da Frente Negra Brasileira (FNB) 4- ENEM [2012] Art. 1º - Fica fundada nesta cidade de São Paulo, para se irradiar por todo o Brasil, a Frente Negra Brasileira, união política e social da Gente Negra Nacional, para a afirmação dos direitos históricos da mesma, em virtude da sua atividade material e moral no passado e para reivindicação de seus direitos sociais e políticos, atuais, na Comunhão Brasileira. Diário Oficial do Estado de São Paulo, 4 nov. 1931. Quando foi fechada pela ditadura do Estado Novo, em 1937, a FNB caracterizava-se como uma organização a) Política, engajada na luta por direitos sociais para a população negra no Brasil. b) Beneficente, dedicada ao auxílio dos negros pobres brasileiros depois da abolição. c) Paramilitar, voltada para o alistamento de negros na luta contra as oligarquias regionais. d) Democrático-liberal, envolvida na Revolução Constitucionalista conduzida a partir de São Paulo. e) Internacionalista, ligada à exaltação da identidade das populações africanas em situação de diáspora. 3- ENEM [2013] Elaborado pelos partidários da Revolução Constitucionalista de 1932, o cartaz apresentado pretendia mobilizar a população paulista contra o governo federal. Essa mobilização utilizou-se de uma referência histórica, associando o processo revolucionário A- à experiência francesa expressa chamado à luta contra a ditadura. no B- aos ideais republicanos, indicados no destaque à bandeira paulista. C- ao protagonismo das Forças Armadas, representadas pelo militar que empunha a bandeira. 90 D- ao bandeirantismo, símbolo apresentado em primeiro plano. paulista E- ao papel figurativo de Vargas na política, enfatizado pela pequenez de sua figura no cartaz. 5- ENEM [2012] “ O que o projeto governamental tem em vista é poupar à Nação o prejuízo irreparável do perecimento e da evasão do que há de mais precioso no seu patrimônio. Grande parte das obras de arte até mais valiosas e dos bens de maior interesse histórico, de que a coletividade brasileira era depositária, têm desaparecido ou se arruinado irremediavelmente. As obras de arte típicas e as relíquias da história de cada país não constituem o seu patrimônio privado, e sim um patrimônio comum de todos os povos”. ANDRADE, R. M. F. Defesado patrimônio artístico e histórico. O Jornal, 30 out. 1936. In: ALVES FILHO, I. Brasil, 500 anos em documentos. Rio de Janeiro: Mauad.1999 (adaptado). A criação no Brasil do Serviço do Patrimônio Históico Artístico Nacional (SPHAN), em 1937, foi orientada por ideias como as descritas no texto, que visavam A- submeter a memória e o patrimônio nacional ao controle dos órgãos públlicos, de acordo com a tendência autoritária o Estado Novo. B- transferir para a iniciativa privada a responsabilidade de preservação do patrimônio nacional, por meio de leis de incentivo fiscal. C- definir os fatos e personagens históricos a serem culturados pela sociedade brasileira, de acordo com o interesse público. D- resguardar da destruição as obras representativas da cultura nacional, por meio de políticas preservacionistas. 6- ENEM [2012] “Fugindo à luta de classes, a nossa organização sindical tem sido um instrumento de harmonia e de cooperação entre o capital e o trabalho. Não se limitou a um sindicalismo puramente ‘operário’, que conduziria certamente a luta contra o ‘patrão’, como aconteceu com outros povos”. FALCÃO, W. Cartas Sindicais. In: Boletim do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio. Rio de Janeiro. 10(85). set. 1941 (adaptado). Nesse documento oficial, à época do Estado Novo (1937-1945), é apresentada uma concepção de organização sindical que A- elimina os conflitos no ambiente das fábricas. B- limita os direitos segmento patronal. associativos do C- orienta a busca do consenseo entre trabalhadores e patrões. D- proíbe o registro de estrangeiros nas entidades profissionais do país. E- desobriga o Estado quanto aos direitos e deveres da classe trabalhadora. 7- ENEM [2009] “O autor da constituição de 1937, Francisco Campos, afirma no seu livro, O Estado Nacional, que o eleitor seria apático; a democracia de partidos conduziria à desordem; a independência do Poder Judiciário acabaria em injustiça e ineficiência; e que apenas o Poder Executivo, centralizado em Getúlio Vargas, seria capaz de dar racionalidade imparcial ao Estado, pois Vargas teria providencial intuição do bem e da verdade, além de ser um gênio político”. CAMPOS, F. O Estado nacional. Rio de Janeiro: José Olympio, 1940 (adaptado). Segundo as ideias de Francisco Campos E- determinar as responsabilidades pela destruição do patrimônio nacional, de acordo com a legislação brasileira. A- os eleitores, políticos e juízes seriam malintencionados. B- o governo Vargas seria um mal necessário, mas transitório. C- Vargas seria o homem adequado para implantar a democracia de partidos. 91 D- a Constituição de 1937 seria a preparação para uma futura democracia liberal. E- Vargas seria o homem capaz de exercer o poder de modo inteligente e correto. estratégias de regimes autoritários no país. 9- ENEM [2007] “São Paulo, 18 de agosto de 1929. 8- ENEM [2005] Zuenir Ventura, em seu livro “Minhas memórias dos outros” (São Paulo: Planeta do Brasil, 2005), referindo-se ao fim da “Era Vargas” e ao suicídio do presidente em 1954, comenta: “Quase como castigo do destino, dois anos depois eu iria trabalhar no jornal de Carlos Lacerda, o inimigo mortal de Vargas (e nunca esse adjetivo foi tão próprio).” Diante daquele contexto histórico, muitos estudiosos acreditam que, com o suicídio, Getúlio Vargas atingiu não apenas a si mesmo, mas o coração de seus aliados e a mente de seus inimigos. A afirmação que aparece “entre parênteses” no comentário e uma consequência política que atingiu os inimigos de Vargas aparecem, respectivamente, em: A- B- C- D- E- a conspiração envolvendo o jornalista Carlos Lacerda é um dos elementos do desfecho trágico e o recuo da ação de políticos conservadores devido ao impacto da reação popular. a tentativa de assassinato sofrida pelo jornalista Carlos Lacerda por apoiar os assessores do presidente que discordavam de suas idéias e o avanço dos conservadores foi intensificado pela ação dos militares. o presidente sentiu-se impotente para atender a seus inimigos, como Carlos Lacerda, que o pressionavam contra a ditadura e os aliados do presidente teriam que aguardar mais uma década para concretizar a democracia progressista. o jornalista Carlos Lacerda foi responsável direto pela morte do presidente e este fato veio impedir definitivamente a ação de grupos conservadores. o presidente cometeu o suicídio para garantir uma definitiva e dramática vitória contra seus acusadores e oferecendo a própria vida Vargas facilitou as Carlos [Drummond de Andrade], Achei graça e gozei com o seu entusiasmo pela candidatura Getúlio Vargas – João Pessoa. É. Mas veja como estamos... trocados. Esse entusiasmo devia ser meu e sou eu que conservo o ceticismo que deveria ser de você. (...). Eu... eu contemplo numa torcida apenas simpática a candidatura Getúlio Vargas, que antes desejara tanto. Mas pra mim, presentemente, essa candidatura (única aceitável, está claro) fica manchada por essas pazes fragílimas de governistas mineiros, gaúchos, paraibanos (...), com democráticos paulistas (que pararam de atacar o Bernardes) e oposicionistas cariocas e gaúchos. Tudo isso não me entristece. Continuo reconhecendo a existência de males necessários, porém me afasta do meu país e da candidatura Getúlio Vargas. Repito: única aceitável. Mário [de Andrade].” Renato Lemos. Bem traçadas linhas: a história do Brasil em cartas pessoais. Rio de Janeiro: Bom Texto, 2004, p. 305. Acerca da crise política ocorrida em fins da Primeira República, a carta do paulista Mário de Andrade ao mineiro Carlos Drummond de Andrade revela: A- a simpatia de Drummond pela candidatura Vargas e o desencanto de Mário de Andrade com as composições políticas sustentadas por Vargas. B- a veneração de Drummond e Mário de Andrade ao gaúcho Getúlio Vargas, que se aliou à oligarquia cafeeira de São Paulo. C- a concordância entre Mário de Andrade e Drummond quanto ao caráter inovador de Vargas, que fez uma ampla aliança para derrotar a oligarquia mineira. D- a discordância entre Mário de Andrade e Drummond sobre a importância da aliança entre Vargas e o paulista Júlio Prestes nas eleições presidenciais. E- o otimismo de Mário de Andrade em relação a Getúlio Vargas, que se 92 recusara a fazer alianças políticas para vencer as eleições. EXERCÍCIO COMENTADO ENEM [2000] Os textos abaixo relacionam-se momentos distintos da nossa história: a “A integração regional é um instrumento fundamental para que um número cada vez maior de países possa melhorar a sua inserção num mundo globalizado, já que eleva o seu nível de competitividade, aumenta as trocas comerciais, permite o aumento da produtividade, cria condições para um maior crescimento econômico e favorece o aprofundamento dos processos democráticos. A integração regional e a globalização surgem assim como processos complementares e vantajosos.” Resposta certa: Alternativa C. A questão é pura interpretação de texto, os trechos citados abordam diferentes pontos de vista sobre a questão econômica em diferentes momentos históricos: o primeiro trata de uma relação econômica de integração regional, em que uma rede é formada através da produção em distintas regiões beneficiando o crescimento econômico e o desenvolvimento de políticas econômicas internacionais. O segundo texto apresenta um momento específico da história brasileira, dentro do governo Vargas, onde houve a necessidade de um investimento pesado na indústria nacional como substituição aos produtos que eram importados. A substituição das importações por uma indústria nacional possibilitou um crescimento econômico sólido, com geração de empregos e garantia de desenvolvimento social. GABARITO: (Declaração de Porto, VIII Cimeira Ibero-Americana, Porto, Portugal, 17 e 18 de outubro de 1998) “Um considerável número de mercadorias passou a ser produzido no Brasil, substituindo o que não era possível ou era muito caro importar. Foi assim que a crise econômica mundial e o encarecimento das importações levaram o governo Vargas a criar as bases para o crescimento industrial brasileiro.” (POMAR, Wladimir. conservadora) Era Vargas – a modernização É correto afirmar que as políticas econômicas mencionadas nos textos são: A- opostas, pois, no primeiro texto, o centro das preocupações são as exportações e, no segundo, as importações. B- semelhantes, uma vez que ambos demonstram uma tendência protecionista. C- diferentes, porque, para o primeiro texto, a questão central é a integração regional e, para o segundo, a política de substituição de importações. D- semelhantes, porque consideram a integração regional necessária ao desenvolvimento econômico. E- opostas, pois, para o primeiro texto, a globalização impede o aprofundamento democrático e, para o segundo, a globalização é geradora da crise econômica. Exercícios de Fixação: 1- C 2- A Pintou no Enem: 123456789- D A E D D C E A A 93 CAPÍTULO 10 OS REGIMES TOTALITÁRIOS: Introdução: Totalitarismo é um termo que representa uma ideologia e prática política caracterizada pela total subordinação dos indivíduos aos interesses do Estado. Num regime totalitário o Estado possui poderes absolutos sobre toda a vida política, social, cultural, religiosa e econômica. O totalitarismo foi particularmente visível nas ditaduras europeias surgidas após o final da Primeira Guerra Mundial, constituindo uma das características principais do fascismo, do nazismo, do franquismo, do salazarismo e do comunismo soviético. É importante lembrar que, ao fim da Primeira Guerra Mundial, a Europa passava por uma grave crise econômica. No cenário de inflação, miséria e desemprego surgem líderes político-ideológicos antidemocráticos, pregando o discurso da necessidade de um governo forte capaz de restaurar o equilíbrio da nação. Foi ainda no decorrer da Primeira Guerra Mundial que começou a nascer o Totalitarismo. Com a necessidade de direcionar a produção industrial para as demandas geradas pela guerra, os governos das frágeis democracias liberais europeias tiveram de se fortalecer, acumulando poderes e funções de Estado, em detrimento do poder parlamentar, para agilizar as decisões importantes em tempos de guerra. Quando voltasse a paz, dizia-se, que esses poderes seriam retornados à distribuição democrática usual. Mas não foi o que aconteceu. O Estado com executivo forte e legislativo debilitado acabou tornando-se a semente do modelo de Estado autoritário que surgiria na década seguinte. Das várias monarquias parlamentares europeias em 1914 (Reino Unido, Itália, Espanha, Portugal, Holanda, Bélgica, Dinamarca, Suécia, Noruega, Sérvia, Bulgária, Romênia, Grécia, Áustria-Hungria e outras), só a Grã-Bretanha terminou o século sem ter passado por uma ditadura de inspiração fascista. Nas suas origens íntimas, os regimes totalitários revelam-se como um ímpeto de reação contra os males do liberalismo filosófico, político, social e econômico, males que contribuíram decisivamente para a quebra de unidade religiosa, política e social da Europa, a partir do Renascimento. Os regimes totalitários, por sua vez, divinizando os bens criados – Estado, Partido, Chefe, Raça, Nação – procuram falsamente substituir os valores desalojados pelo liberalismo. SESSÃO LEITURA A Propaganda Totalitária: Buscando o domínio total da população em regimes pautados por teorias conspiratórias e uma realidade fictícia criada em meio a um desprezo pela realidade dos fatos, a propaganda totalitária foi essencial para, num primeiro momento, conquistar as massas e arregimentar em torno de si uma enorme quantidade de simpatizantes. Baseados no terror os propagandistas dão realidade às afirmações fictícias do regime. Por exemplo: Stalin, ao divulgar que acabara com o desemprego na URSS, uma inverdade de fato, extinguiu os programas de benefícios para desempregados. Ou ainda, ao afirmarem que os poloneses não tinham intelecto, os nazistas começaram o extermínio de intelectuais poloneses. Desta forma, o uso da violência é tido como parte da propaganda. A propaganda é destinada aos elementos externos ao movimento, àqueles que ainda não se dominaram completamente, já o terror é perpetrado entre aqueles já dominados e que não mais oferecem resistência ao regime, alcançando sua perfeição nos campos de concentração onde a propaganda é totalmente substituída pela violência. O Fascismo Italiano: O despertar do sentimento nacionalista na Itália do Pós Primeira Guerra Mundial foi extremamente forte, ocasionado principalmente pela não obtenção de territórios estratégicos nos tratados do pós-guerra. Soma-se a isso, o número de mortos italianos no conflito que chegaram à casa dos 650.000. As “recompensas” territoriais concedidas à Itália foram consideradas insignificantes o que 94 despertou um sentimento de frustração necessidade de conquista de novos territórios. e A economia do pós-guerra italiano se encontrava em estado grave. O país passava por problemas como: destruição, inflação causada pela emissão excessiva de moeda, dívidas de empréstimos, desemprego, depreciação da moeda local, etc. Dentro deste cenário a crise logo se transformou em ingrediente forte para uma revolução. O número de greves cresceu assustadoramente após 1919; revoltas e pilhagens eram conduzidas pela população desempregada; nos campos as revoltas também aumentavam. O poder político mostrava-se incapaz de acabar com a crise. A burguesia sentia-se ameaçada pela revolta social e pela crescente simpatia com teorias sociais alternativas como o comunismo. Assim, decidiram apoiar um grupo político pequeno, mas muito bem organizado, e disposto a acabar com a onda revolucionária: Os Fascistas. O partido foi fundado em março de 1919 em Milão. Dentre seus membros encontravam-se pessoas das mais diferentes tendências políticas: anarquistas, sindicalistas, nacionalistas e principalmente antigos combatentes ainda não acostumados à vida civil. Concorreram as eleições em 1919, mas foram derrotados sem conseguir uma cadeira no Parlamento. O fracasso demonstrou sérias deficiências no partido e um de seus líderes Benito Mussolini resolveu reorganizá-lo nos moldes paramilitares. Fundado como uma associação nacionalista (o Fasci di Combattimento), o movimento fascista de Mussolini converteu-se num partido nacional (o Partito Nazionale Fascista) após ter ganhado 35 assentos nas eleições ao parlamento de Maio de 1921. Em Julho de 1922, a violência fascista conseguiu evitar uma greve geral decretada pelos partidos de esquerda. Foi preparada uma demonstração de força através de uma marcha militar sobre Roma. Em 26 de outubro, Mussolini dirigiu-se ao Rei Vitor Emanoel exigindo o poder. O monarca organizou um novo ministério composto de vários membros do partido fascista. No dia seguinte o exército desfilou pelas ruas da cidade sem encontrar nenhuma resistência, movimento que ficara conhecido como a MARCHA SOBRE ROMA. Em janeiro de 1925, Mussolini anunciou o estabelecimento de um regime totalitário de governo onde a oposição foi eliminada, a constituição reformulada, e o Primeiro Ministro passaria a ter plenos poderes, eliminando a Câmara e o Senado. Mussolini foi capaz de explorar os medos perante o capitalismo numa era de depressão pós-guerra, e um sentimento de vergonha nacional e de humilhação que resultaram da "vitória mutilada" da Itália nos tratados de paz pós Primeira Guerra Mundial. Tais aspirações nacionalistas não realizadas (ou frustradas) manchavam a reputação do liberalismo e do constitucionalismo entre muitos sectores da população italiana. O feito político mais duradouro deste regime foi talvez o Tratado de Latrão (1929), entre o Estado italiano e a Igreja Católica, em que se concedeu ao Papado a soberania sobre a Cidade do Vaticano, e recebeu a garantia do livre exercício do catolicismo como a única religião do Estado. O Nazismo: Após a Primeira Guerra, a Alemanha passava por enormes dificuldades especialmente ao assinar, em 1919, o Tratado de Versalhes que, impunha pesadas obrigações ao país. Com o fim da guerra, além da perda de territórios os alemães foram obrigados a pagar pesadas indenizações aos países vencedores. Essa penalidade fez crescer a dívida externa e comprometeu os investimentos internos, gerando falências, inflação e desemprego em massa. As tentativas frustradas de revolução socialista (1919, 1921 e 1923) e as sucessivas quedas de gabinetes de orientação socialdemocrata criaram as condições favoráveis ao surgimento e a expansão do nazismo no país. À medida que os conflitos sociais foram se intensificando, surgiram no cenário políticoalemão, partidos ultranacionalistas, radicalmente contrários ao socialismo. Um desses partidos era o Partido Nacional 95 Socialista dos Trabalhadores Alemães (Partido Nazista), liderado por Adolf Hitler. As eleições presidenciais de 1925 foram vencidas por Von Hindenburg que, com a ajuda do capital estrangeiro, especialmente norteamericano, conseguiu com que a economia do país voltasse a crescer lentamente. Esse crescimento, porém, perdurou somente até 1929. Foi quando o Crash de Nova York atingiu com tal força a Alemanha, que, em 1932, já havia no país mais de 6 milhões de desempregados. Nesse contexto de crise, os milhões de desempregados e muitos integrantes dos grupos dominantes, passaram a acreditar nas promessas de Hitler de transformar a Alemanha num país rico e poderoso. Assim, nas eleições parlamentares de 1932, o Partido Nazista conseguiu obter 38% dos votos (230 deputados), mais do que qualquer outro partido. Valendo-se disso, os nazistas passaram a pressionar o presidente e este concedeu a Hitler o cargo de chanceler (chefe do governo). No poder, Hitler conseguiu rapidamente que o Parlamento aprovasse uma lei que lhe permitia governar sem dar satisfação de seus atos a ninguém. Em seguida, com base nessa lei, ordenou a dissolução de todos os partidos, com exceção do Partido Nazista. Em agosto de 1934, morreu Hindenburg e Hitler passou a ser o presidente da Alemanha, com o título de Führer (guia condutor, criando o 3º Reich - Terceiro Império). Fortalecido, o Führer lançou mão de uma propaganda sedutora e de violência policial para implantar a mais cruel ditadura que a humanidade já conhecera. A propaganda era dirigida por Joseph Goebbles, doutor em Humanidades e responsável pelo Ministério da Educação do Povo e da Propaganda. Esse órgão era encarregado de manter um rígido controle sobre os meios de comunicação, escolas e universidades e de produzir discursos, hinos, símbolos, saudações e palavras de ordem nazista. Já a violência policial esteve sob o comando de Heinrich Himmler, que se utilizava da SA (guarda do Exército), SS (guarda especial) e Gestapo (polícia política) para prender, torturar e eliminar os inimigos do nazismo implantando o terror, bem como a perseguição aos judeus, aos sindicatos e aos políticos comunistas, socialistas e de outros partidos. Bandeira da Gestapo (polícia política de Hitler) No plano econômico, o governo hitlerista estimulou o crescimento da agricultura, da indústria de base e, sobretudo, da indústria bélica. Com isso, o desemprego diminuiu, o regime ganhou novos adeptos e a Alemanha voltou a se equipar militarmente, ignorando os termos do Tratado de Versalhes. O intervencionismo e a planificação econômica adotados por Hitler eliminaram, no entanto, o desemprego e provocaram o rápido desenvolvimento industrial, estimulando a indústria bélica e a edificação de obras públicas, além de impedir a retirada do capital estrangeiro do país. Esse crescimento foi resultado também do apoio dado pelos grandes grupos alemães, como Krupp, Siemens e Bayer, a Adolf Hitler. Desrespeitando o Tratado de Versalhes, Hitler reinstitui o serviço militar obrigatório (1935). Nesse mesmo ano, criou o Serviço para a Solução do Problema Judeu, sob a supervisão das SS, que se dedica ao extermínio sistemático dos judeus por meio da deportação para guetos ou campos de concentração. Anexou a Áustria (operação chamada, em alemão, de Anschluss) e a região dos Sudetos, 96 na Tchecoslováquia (1938). Ao invadir a Polônia, em 1939, dá início à Segunda Guerra Mundial (1939-1945). A Guerra Civil Espanhola e o Franquismo (1936-1939) Em 1931, foi proclamada a República na Espanha, e o novo governo estabeleceu um plano de reformas para modernizar o país. As mudanças, porém, sofriam oposição das forças armadas, da Igreja Católica, e dos grandes proprietários de terras. As eleições de 1936 foram vencidas por uma frente popular liderada por socialistas, com a participação de sindicalistas e comunistas, que pretendiam aprofundar as reformas. Dessa forma o novo governo dava início à reforma agrária. Por outro lado, os grupos de oposição criaram uma coligação denominada Partido da Falange, cujo objetivo era barrar as mudanças propostas pela situação. Dessa forma, o cenário político espanhol se polarizou em dois grupos: os falangistas, liderados pelo general Francisco Franco, de orientação fascista; e os republicanos, que lutavam pela liberdade política e pelas garantias constitucionais. Em 18 de julho de 1936, militares engajados na Falange iniciaram uma sublevação que foi o estopim do confronto. Assim dava-se início à Guerra Civil, que durou três anos e foi uma das mais cruéis do séc. XX. Os nazistas, que se preparavam militarmente para o confronto com a Inglaterra, aproveitaram o episódio da guerra civil espanhola para testar suas novas armas, matando indiscriminadamente soldados e civis espanhóis. A Ditadura em Portugal e o Salazarismo O Golpe Militar que derrubou a primeira república portuguesa (1910-1926) e instituiu a ditadura em Portugal ocorreu em 1926. Após o triunfo, os golpistas trataram de eliminar o aparato democrático, fechando o Congresso, extinguindo os partidos políticos, e censurando a imprensa. A organização efetiva do Estado totalitário ficou a cargo de Antônio de Oliveira Salazar, que foi conduzido ao poder pelos militares em 1928. Salazar era um político ligado ao catolicismo, adversário dos republicanos e teve como principais grupos de apoio: a Igreja, o exército, os latifundiários e os empresários da indústria. O ditador português estabeleceu um instrumento jurídico-administrativo (inscrito na Constituição de 1933) copiado do modelo italiano e que lhe garantia poderes excepcionais. A legislação proibia greves, eleições livres, formação de partidos políticos e sindicatos independentes. Tratava-se então de um regime de partido único, que usava a polícia política (Pide) para perseguir e punir seus opositores. A ditadura instituída por Salazar sobreviveu à sua morte, em 1970. A Revolução dos Cravos, ocorrida em 1974 e que teve a participação de vários segmentos da sociedade portuguesa, derrubou o governo totalitário, já perto de completar meio século, e instituiu um governo democrático. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: 1- UNICAMP [2003] As forças republicanas foram derrotadas (por conta do apoio dos militares nazistas ao exército da Falange), e Francisco Franco impôs aos espanhóis um governo totalitário de caráter fascista que durou até 1975, ano da morte do ditador. O Estado totalitário espanhol tinha características específicas, como a submissão do Estado às forças armadas, o excessivo clericalismo, o incentivo às atividades agrícolas, e o desinteresse pela expansão territorial. “A tentativa dos nazistas de dissimular suas atrocidades nos campos de concentração e de extermínio resultou em completo fracasso. Muitos sobreviventes desses campos sentiram-se investidos da missão de testemunhar e não deixaram de cumpri-la, alguns logo depois de serem libertados e outros, quarenta e até cinquenta anos mais tarde.” (Adaptado de Tzvetan Todorov, Memória do mal, tentação do bem. Indagações sobre o século XX. ARX, 2002, p.211) 97 A- Caracterize o contexto histórico em que surgiram os campos de concentração e de extermínio. B- Que parcelas da população aprisionadas nesses campos? C- Com base no importância do sobreviventes. foram texto, explique a testemunho das PINTOU NO ENEM: 1- ENEM [2013] “As brigadas internacionais foram unidades de combatentes formados por voluntários de 53 nacionalidades dispostos a lutar em defesa da República espanhola. Estima-se que cerca de 60 mil cidadãos de várias partes do mundo – incluindo 40 brasileiros – tenham se incorporado a essas unidades. Apesar de coordenadas pelos comunistas, as Brigadas contaram com membros socialistas, liberais e de outras correntes políticoideológicas”. Com sua entrada no universo dos gibis, o Capitão chegaria para apaziguar a agonia, o autoritarismo militar e combater a tirania. Claro que, em tempos de guerra, um gibi de um herói com uma bandeira americana no peito aplicando um sopapo no Fürer só poderia ganhar destaque, e o sucesso não demoraria muito a chegar. COSTA, C. Capitão América, o primeiro vingador: crítica. Disponível em: www.revistastart.com.br. Acesso em: 27, jan. 2012 (adaptado). A capa da primeira edição norte-americana da revista do Capitão América demonstra sua associação com a participação dos Estados Unidos na luta contra: A- a Tríplice Aliança, na Primeira Guerra Mundial B- os regimes totalitários, Guerra Mundial na Segunda C- o poder soviético, durante a Guerra Fria D- o movimento comunista, na Guerra do Vietnã E- o terrorismo internacional, após 11 de setembro de 2001. SOUZA, I. I. A Guerra Civil Europeia. História Viva, n.70, 2009. (Fragmento). A Guerra Civil Espanhola expressou as disputas em curso na Europa na década de 1930. A perspectiva política comum que promoveu a mobilização descrita foi o(a) A- Crítica ao stalinismo. B- Combate ao fascismo. C- Rejeição ao federalismo. D- Apoio ao corporativismo. E- Adesão ao anarquismo. 2- ENEM [2012] 3- ENEM [2011] Os três tipos de poder representam três diversos tipos de motivações: no poder tradicional, o motivo da obediência é a crença na sacralidade da pessoa do soberano; no poder racional, o motivo da obediência deriva da crença na racionalidade do comportamento conforme a lei; no poder carismático, deriva da crença nos dotes extraordinários do chefe. BOBBIO, N. Estado, Governo, Sociedade: para uma teoria geral da política. São Paulo: Paz e Terra, 1999. (Adaptado). O texto apresenta três tipos de poder que podem ser identificados em momentos históricos distintos. Identifique o período em que a obediência esteve associada predominantemente ao poder carismático. A- República Federalista Norte-Americana. B- República Fascista Italiana no Século XX. C- Monarquia Teocrática do Egito Antigo. D- Monarquia Absoluta francesa no século XVII. 98 E- Monarquia Constitucional Brasileira no século XIX. GABARITO: CAPÍTULO 11 A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL (1945-1949) Exercícios de Fixação: 1- Aberta Pintou no Enem: 1- B 2- B 3- B Introdução: A Primeira Guerra Mundial - "feita para pôr fim a todas as guerras" - transformou-se no ponto de partida de novos e irreconciliáveis conflitos, pois o Tratado de Versalhes (1919) disseminou um forte sentimento nacionalista, que culminou no totalitarismo nazifascista. As contradições se aguçaram com os efeitos da Grande Depressão. Além disso, a política de apaziguamento, adotada por alguns líderes políticos do período entre guerras e que se caracterizou por concessões para evitar um confronto, não conseguiu garantir a paz internacional. A Segunda Guerra Mundial, iniciada setembro de 1939, foi a maior catástrofe provocada pelo homem em toda a sua longa história. Envolveu setenta e duas nações e foi travada em todos os continentes (direta ou indiretamente). O número de mortos superou os cinquenta milhões havendo ainda uns vinte e oito milhões de mutilados. É difícil de calcular quantos outros milhões saíram do conflito vivos, mas completamente inutilizados devido aos traumatismos psíquicos a que foram submetidos (bombardeios aéreos, torturas, fome e medo permanente). Outra de suas características, talvez a mais brutal, foi ter afetado de igual modo aqueles que combateram no front e a população civil na retaguarda. Foi uma guerra total. A Segunda Guerra Mundial (1939–1945) opôs os Aliados às Potências do Eixo, tendo sido o conflito que causou mais vítimas em toda a história da Humanidade. As principais potências Aliadas eram a China, a França, a GrãBretanha, a União Soviética e os Estados Unidos. O Brasil se integrou aos Aliados em 1943. A Alemanha, a Itália e o Japão, por sua vez, perfaziam as Forças do Eixo. Muitos outros países participaram na guerra, seja por terem se aliado a um dos lados, 99 seja por terem sido invadidos, ou ainda por haver participado de conflitos paralelos. As Causas da Guerra: Vários foram os fatores que influenciaram o início do conflito, que teve início na Europa e que rapidamente se espalhou pela África e Ásia. Um dos mais importantes motivos foi o surgimento, na década de 1930, na Europa, de governos totalitários com fortes objetivos militaristas e expansionistas. Na Alemanha, o nazismo, liderado por Hitler, implementava o programa de expansão do território germânico, desrespeitando o Tratado de Versalhes, inclusive reconquistando territórios perdidos com o fim da Primeira Guerra. Na Itália o crescimento do Partido Fascista, liderado por Benito Mussolini, dava ao Duce plenos poderes. Nos dois casos mencionados a crise econômica na década de 1930 foi um fator preponderante, para a ascensão dos respectivos regimes totalitários. à Alemanha. Em seguida, reivindicou a integração das minorias germânicas que habitavam os Sudetos (região montanhosa da Tchecoslováquia). Como a Tchecoslováquia não estava disposta a ceder, a guerra se mostrava iminente. Ingleses e franceses tentam na Conferência de Munique (1938), apaziguar os ânimos cedendo a Hitler parte do território. Hitler que havia prometido na conferência não fazer novas exigências após receber a região dos Sudetos, no ano seguinte (1939) invade e ocupa o restante da Tchecoslováquia, e em seguida volta-se para a Polônia buscando uma saída para o mar. Para poder invadir a Polônia, havia a necessidade da neutralização de uma das potências vizinhas da Alemanha. A Inglaterra e a França já haviam cedido a Tchecoslováquia e provavelmente iriam à guerra se a Polônia fosse invadida. Uma das soluções tomadas pelos governos destes países foi a industrialização, principalmente no que diz respeito à criação de indústrias de armamentos e equipamentos bélicos (aviões de guerra, navios, tanques etc.). Por outro lado ainda havia a possibilidade de uma intervenção da URSS. Assim Hitler assina em 1939 um acordo com Stalin: o Pacto de não agressão germano-soviético. As cláusulas deste acordo definiam a partilha da Polônia entre os dois países, e o reconhecimento da hegemonia soviética sobre os Estados Bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia). O caminho para a guerra estava aberto. Do outro lado do Mundo, na Ásia, o Japão também possuía fortes desejos de expandir seus domínios para territórios vizinhos e ilhas da região. Em setembro de 1939, o exército alemão lançou uma ofensiva surpresa contra a Polônia, com o principal objetivo de reconquistar seus territórios perdidos durante a Primeira Guerra. Estes três países, com objetivos expansionistas, uniram-se e formaram o Eixo. Um acordo com fortes características militares e com planos de conquistas elaborados em comum acordo. As tropas alemãs conseguiram derrotar as tropas polacas em apenas um mês. A União Soviética tornou efetivo o acordo com a Alemanha nazi e ocupou a parte oriental da Polônia. A Grã-Bretanha e a França, responderam à ocupação declarando guerra à Alemanha, mas não entrando, porém, imediatamente em combate. A Itália, nesta fase, declarou-se "país neutro". A Política Expansionista de Hitler: Logo após o abandono do Japão da Liga das Nações (que já se ressentia da ausência dos Estados Unidos, URSS e Brasil), foi a vez da Alemanha retirar-se. O plano de Hitler organizava-se segundo etapas bem calculadas. Em 1938 com o apoio da maioria da população austríaca, anexou a Áustria Episódios da Guerra: A Guerra relâmpago: Em maio de 1940, o exército alemão lançou uma ofensiva, também de surpresa, contra os Países Baixos, dando início a Batalha da França. 100 Com os britânicos e franceses julgando que se repetiria a guerra de trincheiras da Primeira Guerra Mundial, e graças à combinação de ofensivas de paraquedistas com rápidas manobras de blindados em combinação com rápidos deslocamentos de infantaria motorizada (a chamada "guerra-relâmpago" - Blitzkrieg, em alemão), os alemães derrotaram sem grandes dificuldades as forças franco-britânicas. O Marechal Pétain (francês) assumiu então a chefia do governo em França, que ficou conhecido como o governo de Vichy, assinou um armistício com Adolf Hitler e começou a colaborar com os alemães. A guerra na África: Em Setembro de 1940, após a tomada da França pelas forças alemãs, as tropas italianas iniciaram uma série de ofensivas contra o Egito, então colônia da Grã-Bretanha. O objetivo era dominar o canal de Suez e depois atingir as reservas petrolíferas do Iraque, também sob domínio britânico. Os efetivos ingleses destacados no norte da África realizaram uma espetacular contraofensiva contra as forças italianas que foram empurradas por 1200 km de volta à Líbia, perdendo todos os territórios anteriormente conquistados. Esta derrota custou aos italianos a destruição de 10 divisões, a perda de 130.000 homens feitos prisioneiros, além de 390 tanques e 845 canhões. Com isso, foi enviada a África duas divisões alemãs em auxílio aos Italianos. Os Alemães conseguiram reverter a iminente derrota italiana e empreenderam uma ofensiva esmagadora contra as forças britânicas enfraquecidas empurrando-as de volta à fronteira egípcia. Após uma sucessão de batalhas memoráveis os alemães e italianos são detidos por falta de combustível e provisões. Finalmente, em Outubro de 1942, após 4 meses de preparação, os Britânicos contra-atacaram sob o comando do General Montgomery. Rechaçadas pelas bem supridas forças britânicas, as tropas ítalo-alemãs iniciaram um grande recuo. Finalmente, cercados pelos exércitos americano (que havia desembarcado no Marrocos) e britânico, o restante do contingente italiano na África do Norte se rendei aos aliados na Tunísia em maio de 1943, dando fim à guerra na África. A invasão da URSS: Em junho de 1941, os exércitos do eixo lançaram-se rumo a conquista do território soviético, com a chamada “Operação Barbarossa”. A invasão só é contida em 1943: dos trezentos mil soldados alemães, noventa mil morreram de frio e fome e mais de cem mil foram mortos nas três semanas anteriores à rendição. Devido às rigorosas dificuldades do inverno nessa época do ano, fato que dificultava a subsistência até mesmo da população local, um grande número dos soldados alemães, sem proteção contra o frio nos campos de prisioneiros, não sobreviveu, e poucos retornaram a sua terra natal após a guerra. O Conflito se torna Mundial: Podemos elencar dois fatores como os responsáveis pela guerra europeia transformar-se em mundial, ambos em 1941: a invasão da União Soviética pela Alemanha e o ataque à base americana de Pearl Harbor no Hawaii pelos japoneses. Durante vários meses após esse ataque, os japoneses realizaram várias conquistas: China, Indochina, Filipinas, Indonésia, chegando a ameaçar inclusive a Austrália. As conquistas no Pacífico indicavam que logo o território estaria sobre domínio nipônico. Quando o Japão atacou os Norte Americanos, a Alemanha logo se aproveitou da situação e declarou guerra aos EUA, mesmo estando envolvida em grandes batalhas na parte oriental com a URSS. Vale lembrar que a guerra contra a União Soviética não era apenas uma disputa territorial, o Comunismo era um dos grandes senão o maior dos inimigos do governo Totalitário de Adolf Hitler. Hitler colhe derrotas: Na batalha de Stalingrado, os soviéticos derrotaram o poderoso exército alemão levando ao fim o mito da invencibilidade germânica. O episódio representou também o início da contra ofensiva soviética. Foi na Rússia que a Alemanha começou a perder a guerra. 101 Em junho de 1944, no chamado Dia D, os Aliados efetuaram um desembarque nas praias da Normandia, e iniciam mais um conflito. O exército alemão não conseguiu responder ao ataque, e iniciou um recuo constante até o completo domínio em Berlim, em fevereiro de 1945, e decretando a rendição incondicional em seguida, em maio de 1945. Do outro lado, o Japão: Na Guerra do Pacífico, os porta-aviões representaram um dos recursos mais importantes nos conflitos, pois a maioria das batalhas se delineou através da aviação e da marinha. Um aspecto fora do comum nesta guerra e que obteve notoriedade internacional, foram os pilotos suicidas japoneses denominados Kamikazes (vento divino) que se lançavam juntamente com seus aviões carregados de bombas contra os alvos inimigos. lançamento de uma segunda bomba atômica, a "Fat Man" que foi lançada sobre Nagasaki em 9 de agosto. Em 14 de agosto o Japão rende-se incondicionalmente. As chefias militares norte-americanas justificaram esta ação afirmando que uma invasão do Japão teria custos elevados em termos de vidas de soldados americanos. Decisões Diplomáticas: No decorrer da Segunda Guerra os Aliados realizaram inúmeras conferências, cujas decisões produziram grandes consequências no pósguerra. a) Conferência do Cairo: Em novembro de 1943, após a capitulação da Itália e durante a contraofensiva norte americana no pacífico, realizou-se a primeira reunião dos Aliados, a Conferência do Cairo, no Egito. Os aliados resolveram devolver à China os territórios ocupados pelos japoneses, bem como conceder independência à Coréia e outros países ocupados pelo Japão. b) Conferência de Teerã: Em dezembro de 1943, Roosevelt, Churchill e Stalin se reuniram em Teerã. Decidiu-se então pela abertura da segunda frente de batalha na Europa e a Normandia foi o lugar escolhido para desembarque das tropas aliadas. Em agosto, o Imperador Hirohito, verificando as elevadas perdas nos últimos conflitos, autorizou que o embaixador japonês na União Soviética apresentasse a rendição jaonesa. Os Aliados pediam ao Japão uma rendição incondicional, todavia o Japão exigia maior clareza quanto ao futuro do Imperador, decidindo não responder ao apelo Aliado. Em 6 de Agosto, a bomba atômica "Little Boy", foi lançada sobre Hiroshima do B-29 "Enola Gay", pelo "esquadrão Atômico". Contudo, não obteve o efeito esperado, pois o Imperador Hirohito e o Gabinete de Guerra japonês não se pronunciaram sobre o caso. Boa parte do povo japonês ainda desconhecia o ataque a Hiroshima. Truman decidiu não esperar por uma resposta do Japão, ordenando assim o c) Conferência de Yalta: Em fevereiro de 1945, as vésperas da queda do III Reich, os três grandes voltaram a se reunir em Yalta (URSS). Ali decidiram que a Polônia receberia os territórios ocupados pelos alemães situados no rio Oder, assim como a divisão da Alemanha em zonas de ocupação. Decidiu-se finalmente, a entrada da URSS na guerra contra o Japão e concessões territoriais no oriente. d) Conferência de Potsdam: Em julho de 1945, após a queda do III Reich, os Aliados realizam uma nova conferência em Potsdam, subúrbio da cidade de Berlim. Nesta conferência ficou decidido que a Alemanha pagaria 20 bilhões de dólares de indenização de guerra aos países Aliados. Decidiu-se também pelo julgamento dos líderes nazistas por crimes de guerra, a ser realizado em um tribunal na cidade de Nuremberg. Finalmente confirmou-se a divisão da Alemanha em quatro zonas de ocupação dos 102 países aliados. No lado Oriental, ficaria a administração sob incumbência da União Soviética e, no lado Ocidental, a administração ficaria sob incumbência dos Estados Unidos, França e Inglaterra, tendo estas duas últimas desistido da incumbência. A Itália perderia todas as suas colônias. Relato de um combatente brasileiro durante a Segunda Guerra. Retirado de: < http://segundaguerra.net> Último acesso em: 23, mai. 2014. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: Consequências da Guerra: Com o final do conflito, em 1945, foi criada a ONU (Organização das Nações Unidas), cujo objetivo principal seria a manutenção da paz entre as nações. Inicia-se também o período conhecido como Guerra Fria, colocando em lados opostos os Estados Unidos e a União Soviética. Uma disputa geopolítica entre o capitalismo norteamericano e o socialismo soviético, em que ambos buscavam ampliar suas áreas de influência sem entrar em conflito armado. SESSÃO LEITURA Relatos da Segunda Guerra – De onde vem os tiros? “Não se tinha ideia da distância porque era montanhoso demais, e assim fomos avançando até que numa tarde, acompanhando o Pelotão de Fuzileiros, de repente estávamos recebendo tiros de metralhadora. Alguns até pensaram que eram brasileiros, que saíram pelo lado e apareceram na nossa frente e foi aquela confusão. Uns diziam que era o alemão, outros diziam que não era, mas eles continuaram atirando com a metralhadora, dando aquele tiro luminoso, um traçante, diferente do nosso. A nossa munição traçante era vermelha na sua trajetória e aquela era meio prateada e esverdeada, bem diferente da nossa; aquilo começou a chamar a atenção e atingir o pessoal, que se dispersou rapidamente. Eu estava com uma metralhadora que caiu num lugar e o reparo caiu em outro; a segunda peça atrás tinha que deitar e não conseguia fazer o tiro. De ouvido não dava, então chegou a um ponto em que eu estava separado, olhando as balas atingirem o pessoal, cortando tudo em que pegavam. Até que recebemos aquela rajada que estremeceu o chão, espirrou o barro e pegou a quase um metro de minhas pernas. E lá naquele local tivemos que permanecer, mas eu consegui que um soldado do Pelotão, que portava fuzilmetralhadora, atirasse para o morro de onde estava partindo o fogo inimigo.” 1- Adaptado UFJF A viagem levou uns vinte minutos. O caminhão não parou; via-se um grande portão e, em cima do portão, uma frase bem iluminada (cuja lembrança ainda hoje me atormenta nos sonhos): ARBEIT MACHT FREI – o trabalho liberta. Descemos, fazem-nos entrar numa sala ampla, nua e fracamente aquecida. Que sede! O leve zumbido da água nos canos da calefação nos enlouquece: faz quatro dias que não bebemos nada. Há uma torneira e, acima, um cartaz: proibido beber, água poluída (...). Isto é o inferno. Hoje, em nossos dias, o inferno deve ser assim: uma sala grande e vazia, e nós, cansados, de pé, diante de uma torneira gotejante, mas que não tem água potável, esperando algo certamente terrível acontecer, e nada acontece, e continua não acontecendo nada. (LEVI, Primo. É isto um homem? Rio de Janeiro: Rocco, 1988. p. 20.) A descrição acima – de um prisioneiro chegando a Auschwitz – revela angústia e horror. Os campos de concentração nazistas eram: a) lugares de reabilitação de doentes mentais, criminosos comuns e prisioneiros políticos, adversários do Nazismo. b) instalados apenas na Alemanha e, neles, foram alojados, durante a Segunda Guerra Mundial, judeus, homossexuais e comunistas. c) lugares de execução sumária e imediata de inimigos nacionais alemães e de pessoas que se recusavam a trabalhar. d) instalados para acolher os imigrantes que, vindos da Europa Oriental, tentavam penetrar no território do Terceiro Reich sem autorização. e) lugares onde os considerados “indesejáveis” eram submetidos a humilhações, trabalhos forçados ou execuções em massa. 103 2- Adaptado UFJF Em agosto de 1945, três meses após a capitulação da Alemanha, os Estados Unidos jogaram, sobre as cidades japonesas de Hiroshima e de Nagasaki, a sua mais nova invenção militar: a bomba atômica, um artefato com capacidade de destruição várias vezes superior ao que se conhecia até então. Com relação ao bombardeio de Hiroshima e de Nagasaki, assinale o que for correto. 01. Os japoneses consideravam-se divinamente protegidos e a rendição era incompatível com os antigos ideais samurais. 02. O bombardeio foi um modo de impedir a aliança dos “tigres asiáticos”, ou seja, a aliança entre o Japão e a República Popular da China. 04. Após o bombardeio, foi obtida a rendição incondicional do Japão, oficializando o final da Segunda Guerra Mundial. 08. Movidos pelas vitórias em Pearl Harbor e pelo apoio da China e da Rússia, as tropas japonesas não aceitavam a rendição e não depunham suas armas. 16. A decisão de bombardear essas cidades japonesas foi a última opção que restou aos norte-americanos, de modo a garantir o controle do Mediterrâneo e o desembarque de tropas em Pearl Harbor. 32. A destruição dessas cidades foi quase completa. Só posteriormente os sobreviventes ficaram sabendo que estavam contaminados pela radiação e que não eram sobreviventes, mas sim “mortos de médio e longo prazo”. II. a ONU pode mobilizar tropas, constituir exércitos e realizar intervenções militares para preservar os interesses de seus membros. O exemplo mais recente foi o ataque contra o Iraque para depor o governo de Saddam Hussein. III. a ONU mantém uma Assembleia Geral com representantes de todos os países membros. Este é um fórum de discussão para os principais problemas políticos, econômicos e humanitários que afetam a segurança mundial. IV. a ONU mantém uma série de órgãos especializados, subordinados ao Conselho de Segurança, dentre os quais se destaca o Fundo Monetário Internacional (FMI). Assinale: a) se somente I e II estão corretas. b) se somente I e III estão corretas. c) se somente I, III e IV estão corretas. d) se somente II e III estão corretas. e) se todas as alternativas estão corretas. 4- Adaptado UFJF Uma das ironias deste estranho século XX é que o resultado mais duradouro da Revolução de Outubro de 1917, cujo objetivo era a derrubada global do capitalismo, foi salvar seu antagonista, tanto na guerra quanto na paz... (Eric J. Hobsbawm, A Era dos Extremos. 1995) De acordo com a argumentação do autor, a União Soviética salvou o capitalismo graças à: Some os números dos itens corretos. 3- Adaptado UFJF Em junho de 1945, a Organização das Nações Unidas (ONU) foi fundada por cinquenta países com o propósito, entre outros, de zelar pela segurança internacional e evitar novos conflitos. Com relação à estrutura e funções da ONU, é correto afirmar que: I. o Conselho de Segurança, órgão mais importante da ONU, funciona como um poder executivo, pelo qual passam todas as decisões, sendo constituído por cinco membros permanentes com direito a veto e dez membros eleitos com mandato de dois anos e sem direito a veto. a) vitória militar na Segunda Guerra Mundial e ao planejamento econômico para substituir a economia de mercado. b) neutralidade na Primeira Guerra Mundial e à utilização da economia de mercado para fomentar a industrialização. c) aliança com a Alemanha nazista, em 1939, e ao colapso dos planos quinquenais para desenvolver a economia. d) derrota na Guerra Fria, entre 1945-1962, e ao fracasso na tentativa de fomentar a industrialização da Europa oriental. 104 e) retirada dos mísseis de Cuba, em 1962, e ao sucesso na ajuda à implementação da economia socialista na China. 5- Adaptado UFJF O jornal O Estado de S. Paulo publicou: Apesar de ser um tema recorrente no cinema, na mídia e na literatura, 89% dos brasileiros não sabem o que foi o holocausto (...). Em 14 países pesquisados na Europa e América Latina (...), os brasileiros ficaram na penúltima colocação, com 11% (...). Os dados no Brasil foram coletados pelo IBOPE.... (17.7.2001, p. A-8.) O holocausto foi a perseguição e o massacre de judeus ocorridos no contexto da Segunda Guerra Mundial. a) Cite dois argumentos que os responsáveis pelo holocausto utilizaram na época para justificar seus atos. b) Indique outro evento de mesma natureza, registrado pela história após 1945. 6- Adaptado UFJF Em dezembro de 1943 foi realizada por Roosevelt, Churchill e Stalin, a Conferência de Teerã, que decidiu a abertura de um novo front da Guerra com a invasão da Normandia. Esta reunião assinala alteração na situação estratégica da Alemanha, que passa a atuar na defensiva. A inversão no quadro da guerra se deveu à: a) ruptura do pacto germano-soviético pela URSS, que libertou a França. b) unificação da Coreia e ao controle do petróleo romeno pelos norte-americanos. c) aliança da URSS com o Japão, obrigando o Eixo a recuar na Ásia. d) ofensiva soviética iniciada na Batalha de Stalingrado e à capitulação italiana frente aos aliados. e) proclamação da República Social Italiana por Mussolini, que rompeu o pacto com a Alemanha e arrastou a Iugoslávia. 7- Adaptado UFJF O ataque mais devastador já ocorrido contra um prédio da ONU chocou os funcionários na sede da entidade, em Nova York, levando alguns às lágrimas. O atentado com um caminhão-bomba ocorreu na terça-feira em Bagdá e matou o chefe da missão da ONU no Iraque, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, e pelo menos 15 subordinados dele. As bandeiras dos 191 países da ONU, que enfeitam a fachada da sede em Manhattan, foram retiradas. Ficou só o pavilhão azul e branco da ONU, a meio-mastro, em sinal de respeito pelos mortos. (Morte de Vieira de Mello repercute no mundo. In Terra - 19/08/2003) A morte do representante especial da ONU no Iraque, o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, chocou o mundo pela violência do atentado e pela clara demonstração de que a ONU, apesar de seu papel humanitário, não é vista com bons olhos por todo o povo iraquiano. Esse fato nos faz lembrar que: a) a ONU foi fundada em plena Segunda Guerra Mundial, como forma de evitar que mais judeus sofressem perseguição e morte nos campos de concentração. b) a ONU foi fundada em 1919, depois da Primeira Guerra Mundial, na tentativa de evitar um novo embate como o vivido entre 1914-1919, porém falhou em seu intuito. c) a ONU foi fundada após as guerras napoleônicas com o intuito de evitar que uma nova nação tentasse realizar uma guerra de anexação, como a França de Napoleão Bonaparte. d) a ONU foi fundada em 1945, depois da Segunda Guerra Mundial, com o intuito de fomentar a paz e os direitos humanos entre as nações. e) a ONU foi fundada após a construção do muro de Berlim para evitar que mais países tivessem seus filhos, mães e pais separados fisicamente por um muro e ideologicamente por blocos políticos. 8- Adaptado UFJF Os ataques aéreos às torres gêmeas do WTC em Nova Iorque e ao prédio do Pentágono em Washington, ocorridos nos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, fizeram com que os americanos e a imprensa evocassem o ataque à 105 base militar de Pearl Harbor, no Havaí, em 7 de dezembro de 1941. a) O que foi o ataque a Pearl Harbor? b) Qual foi a arma utilizada pelos americanos para obrigar à rendição o país que os atacou? c) Cite duas diferenças políticas entre o ataque a Pearl Harbor e os ocorridos em 11 de setembro de 2001. PINTOU NO ENEM: GABARITO: Exercícios de Fixação: 1- E 2- 36 3- A 4- A 5- Aberta 6- D 7- D 8- Aberta 1- ENEM [2008] Em discurso proferido em 17 de março de 1939, o primeiro-ministro inglês à época, Neville Chamberlain, sustentou sua posição política: “Não necessito defender minhas visitas à Alemanha no outono passado, que alternativa existia? Nada do que pudéssemos ter feito, nada do que a França pudesse ter feito, ou mesmo a Rússia, teria salvado a Tchecoslováquia da destruição. Mas eu também tinha outro propósito ao ir até Munique. Era o de prosseguir com a política por vezes chamada de ‘apaziguamento europeu’, e Hitler repetiu o que já havia dito, ou seja, que os Sudetos, região de população alemã na Tchecoslováquia, eram a sua última ambição territorial na Europa, e que não queria incluir na Alemanha outros povos que não os alemães”. Sabendo-se que o compromisso assumido por Hitler em 1938, mencionado no texto acima, foi rompido pelo líder alemão em 1939, infere-se que: a) Hitler ambicionava o controle de mais territórios na Europa, além da região dos Sudetos. b) a aliança entre a Inglaterra, a França e a Rússia poderia ter salvado a Tchecoslováquia. c) o rompimento desse compromisso inspirou a política de “apaziguamento europeu”. d) a política de Chamberlain de apaziguar o líder alemão era contrária à posição assumida pelas potências aliadas. e) a forma que Chamberlain escolheu para lidar com o problema dos Sudetos deu origem à destruição da Tchecoslováquia. Pintou no Enem: 1- A 106 CAPÍTULO 12 progressistas tivessem sido aprovadas, como a implantação de um sistema tributário que fixava taxas mais altas para os detentores de mais rendas; OS GOVERNOS DESENVOLVIMENTISTAS (1946/1964) Política e Economia: O GOVERNO DUTRA: Dutra procurou apoiar-se em vários partidos a fim de combater o crescimento do PCB e de movimentos populares. Introdução: O próximo passo foi a suspensão das eleições sindicais e, finalmente em 1947, a determinação da ilegalidade do PCB, cassando o mandato de seus representantes no congresso, inclusive Luís Carlos Prestes, que fora eleito o senador mais votado. O General Eurico Gaspar Dutra, candidato à presidência pelo PSD, venceu as eleições e assumiu a Presidência em 1946. No mesmo ano, Dutra convocou uma Assembleia Constituinte para elaborar a quinta Constituição do país. Todos os partidos políticos, inclusive o Partido Comunista, participaram da elaboração da nova Constituição. Apesar disso, na Assembleia dominaram os representantes do liberalismo, vinculados aos setores rurais com sentido conservador (PSD). Influências político-partidárias: PTB: de ideologia populista, que mantinha e reforçava a tradição inaugurada por Vargas. UDN: reunia elementos anti-getulistas e eram de ideologia liberal. PSD: inspirado por Getúlio, partido do Presidente que apoiado pelo PTB venceu as eleições com a maioria esmagadora dos votos. Mantendo essa política até o fim de 1948, o governo acabou por determinar a intervenção em todos os sindicatos de trabalhadores do país. No plano da política externa, a Guerra Fria - envolvendo a disputa por áreas de influência entre EUA e URSS - acabou por afetar a vida política brasileira, fazendo com que o governo Dutra acentuasse seus vínculos com os Estados Unidos. Em 1946, durante a Conferência Interamericana para Manutenção da Paz e da Segurança do Continente, ocorrida em Petrópolis, o presidente dos EUA Harry Truman esteve no país, o que fortaleceu a posição do Brasil que, neste mesmo ano acabou rompendo relações diplomáticas com a União Soviética. PCB: de base urbana, com penetração no meio militar e apoiado pelo operariado. Em 1948, era fundada a Organização dos Estados Americanos (OEA) com ampla e ativa participação do Brasil no seu estabelecimento. A Constituição de 1946: Dutra também foi o responsável pela tentativa de colocar em prática o primeiro plano de governo do país, o chamado Plano SALTE (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia). Em seu governo ainda pavimentou a rodovia Rio São Paulo e instalou a Companhia Hidrelétrica do São Francisco. A nova Constituição mantinha alguns elementos antigos e inovava em novos pontos: * Manutenção da República Federativa Presidencialista, voto secreto e universal para maiores de 18 anos, excetuando-se soldados, cabos e analfabetos; * Preservava a estrutura de unidade da terra, não se tocando nos latifúndios; Ainda no plano econômico foram consumidos os saldos acumulados durante a 2ª GM, graças à chamada Lei das Importações, que liberou a entrada de produtos estrangeiros no país. * A estrutura sindical de cunho fascista foi mantida, embora algumas inovações Junto com este processo veio também um pesado processo inflacionário, visto que, para * Divisão do Estado em 3 Poderes; 107 acompanhar o crédito, houve um aumento na emissão de papel moeda. Tal situação gerou uma forte alta dos preços no mercado interno, diminuindo bruscamente o poder aquisitivo da população, principalmente nos primeiros anos do governo Dutra. A partir de 1948, as importações começaram a precisar de uma licença prévia fornecida pelo governo, o que reduziu um pouco as importações, favorecendo a indústria nacional. Ao mesmo tempo, o governo elevou o preço do café e das matérias primas no mercado internacional, procurando equilibrar a balança de comércio brasileiro. Essa situação econômica com diminuição do poder aquisitivo da população acabava favorecendo ao governo de Vargas, devido à comparação que era feita involuntariamente pela população entre os dois governos. uma vinculação e consequentemente, uma maior exploração do capital estrangeiro na economia brasileira. Um dos momentos mais importantes do debate entre os dois grupos ocorreu quando da nacionalização da exploração do petróleo no Brasil. O grupo nacionalista defendia que a extração e a distribuição do petróleo brasileiro fossem feitas por uma empresa brasileira e estatal, e pregavam o slogan “o petróleo é nosso”. Os entreguistas eram favoráveis a permitir a exploração do petróleo a grupos estrangeiros. O NOVO GOVERNO DE VARGAS (1951-1954) A Política Nacionalista de Vargas: Getúlio objetivou realizar um governo cuja característica fosse à defesa dos interesses nacionais. Dizia que era preciso “atacar a exploração das forças internacionais” para que o país alcançasse sua tão sonhada independência econômica. Vargas procurou apagar a imagem de ditador do Estado Novo e construiu em seu lugar, a figura de um estadista democrata. Além disso, retomou duas características que o consagraram: o nacionalismo econômico e a política de amparo aos trabalhadores urbanos, bandeiras políticas de forte apelo popular. A proposta nacionalista de Vargas era duramente questionada e atacada pelo governo norte americano, pelas empresas estrangeiras instaladas no Brasil ou por representante destas empresas, normalmente membros do grupo economicamente dominante no país, visto que tal modelo de política era considerado um perigo para estes grupos. (Nacionalismo X Imperialismo). Estabeleceu-se no Congresso Nacional e na Imprensa um intenso debate entre os grupos NACIONALISTAS que apoiavam o modelo varguista, e os ENTREGUISTAS, que pretendiam A campanha do petróleo teve um final favorável ao grupo nacionalista e em 1953, foi criada a PETROBRÁS, empresa estatal responsável pelo monopólio total da extração e, parcialmente do refino do petróleo do país. Ainda em 1953, o governo propôs uma Lei de Lucros Extraordinários, que limitava a remessa de dinheiro das empresas estrangeiras para o exterior. A lei, no entanto, foi barrada no Congresso, devido às pressões dos grupos internacionais. Diante das ameaças que a política nacionalista de Vargas passava a representar para o grande capital internacional e para os seus representantes no país, a oposição começou a se articular. A UDN derrotada nas eleições de 1746 (Dutra) e 1950 (Vargas) torna-se o principal instrumento de contestação do governo. O objetivo era articular a derrubada de Vargas do poder. Um dos principais líderes da oposição foi o jornalista Carlos Lacerda, político da UDN e diretor do jornal Tribuna da Imprensa (ou O Corvo). 108 O Modelo Trabalhista de Getúlio Vargas: temporariamente do governo; os Militares, porém queriam que ele renunciasse definitivamente. Para as classes trabalhadoras das cidades, Vargas anunciava a construção de uma verdadeira “democracia social e econômica”. Para o Presidente, a democracia daria ao trabalhador não só os direitos políticos, mas também, o direito de desfrutar e beneficiar-se do progresso que ele mesmo criava com seu trabalho. Diante de tal situação as pressões aumentaram e em 22 e 23 de agosto surgiram manifestações militares exigindo a renúncia de Getúlio Vargas. O presidente, entretanto, recusava-se deixar o cargo, e mesmo denunciando as manobras políticas oposicionistas, Getúlio ficava cada vez mais isolado no poder. Em 1954, Vargas autorizava o aumento de 100% do salário mínimo, atendendo a proposta de seu Ministro do Trabalho João Goulart, para desta forma recompor o poder de compra do salário, corroído pela inflação do governo Dutra. Tal decisão de Vargas acabou provocando uma enorme revolta entre o grupo patronal, que ainda era contra a organização da classe trabalhadora, estimulada pelo governo. Tal organização era vista como uma ameaça de esquerda aos interesses capitalistas. A Eclosão da Crise Política e o Suicídio de Vargas: A UDN e a imprensa de oposição continuaram a atacar violentamente o governo de Vargas, e os abusos de poder de outros elementos do governo, ligados ao Presidente. Em agosto de 1954, o líder da oposição, Carlos Lacerda, foi vítima de uma tentativa de assassinato, ocorrido na porta do prédio onde morava em Copacabana (Atentado na Rua Toneleros). Lacerda escapou do atentado ferido com um tiro no pé, e seu guarda costas (também Major da Aeronáutica), Rubem Vaz, acabou morrendo. As investigações feitas pela Aeronáutica após o ocorrido resultaram na prisão dos assassinos, e na vinculação destes com Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de Getúlio. Nesse cenário, a oposição encontrou o motivo que precisava para pressionar Vargas a deixar o cargo de presidente. A situação insustentável: Seus pressioná-lo para de Getúlio tornou-se Ministros começaram a que se afastasse Na noite de 23 de agosto de 1954, Vargas teve uma reunião com todo o Ministério e, ao encerrá-la, afirmou: “como não chegaram a nenhuma conclusão, declaro que aceito a licença. Mas, se vierem depor-me, encontrarão o meu cadáver”. Finalmente, em 24 de agosto Getúlio recebe mais um ultimato, desta vez com a assinatura do Ministro de Guerra Zenóbio da Costa, exigindo seu afastamento. Isolado no palácio do Catete, Getúlio Vargas prepara seu último ato político, redige uma carta testamento e se suicida com um tiro no coração. A morte de Vargas comoveu grande parte da população, gerando um clima de comoção nacional. Carlos Lacerda fugiu do país, com medo de uma reação popular. Os diretórios da UDN por todo o país foram destruídos pelo povo. Nos meses que ainda faltavam para completar o mandado de Getúlio, a sucessão da presidência caberia ao vice Café Filho, que se afastou do poder por motivos de saúde. Pela ordem sucessória, seria a vez de Carlos Luz Presidente da Câmara dos Deputados, porém como era partidário da UDN, ele renunciou, e Nereu Ramos, Presidente do Senado, assumiu interinamente. A partir daí teve início o processo de sucessão eleitoral, desviando a atenção da nação da morte de Vargas para a disputa do pleito. O quadro político, neste momento era bastante simples: PTB: Com a morte de Getúlio, ficava sem um grande nome, visto que João Goulart, que poderia assumir a liderança, fora contestado em face de sua pouca idade e experiência política. UDN: Apontada como causadora da morte de Getúlio, estava desgastada e não tinha condições de apresentar qualquer nome, 109 naquele momento, que pudesse ganhar as eleições. PSD: Partido que estava coligado com o PTB e que, portanto, poderia apresentar uma candidatura, o ex-governador de MG, Juscelino Kubitschek de Oliveira. O GOVERNO JUSCELINO KUBITSCHEK (1956-1961) Introdução: O período de um ano e meio que vai da morte de Getúlio Vargas até a posse do novo presidente, foi marcado por uma grande turbulência social e política. Completado o período do governo dos substitutos de Vargas, foram realizadas novas eleições presidenciais em 1955, com os vencedores JK e João Goulart (Vice). Após sua vitória nas urnas, Juscelino teve que contar com o apoio do General Henrique Teixeira Lott, seu Ministro de Guerra, para sufocar dois movimentos dos setores militares, que tentavam impedir a sua posse, sob a alegação que sua candidatura e de João Goulart tinham sido financiadas por grupos comunistas internacionais. Desenvolvimento X Crescimento: JK orientou todo promover transformações econômica do país, desenvolvimentismo nacionalismo econômico o seu governo para radicais na estrutura era o nacionalsubstituindo o de Vargas. Com isso ele pretendia acelerar o processo de desenvolvimento industrial brasileiro, contando com o chamado, Plano de Metas, um programa de governo cujo slogan era: “fazer o Brasil crescer 50 anos em 5”. Para isso, era necessário a entrada de empresas multinacionais, sendo as primeiras, as indústrias automobilísticas. Paralelamente, JK pretendia superar o subdesenvolvimento resultante do atraso do setor primário da economia. Para cuidar dos problemas regionais do nordeste, criou a SUDENE (Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste em 1959). É importante ressaltar que neste mesmo ano, a Revolução Cubana, liderada por Fidel Castro, derrubava o governo de Fulgêncio Batista em Cuba, provando que o movimento agrário era capaz de provocar uma revolução social de profundidade. A construção de Brasília: A nova capital, símbolo do Brasil Moderno e Industrializado, significou a abertura de uma nova frente de colonização. A transferência do centro das decisões políticas para o centro do território pretendia servir de fator de integração nacional. Os anos JK foram um período de euforia social e crescimento econômico. A implantação da indústria automobilística, a construção de Brasília, o “respeito” às liberdades democráticas, além da notável habilidade do presidente em lidar com as crises políticas e as pressões sociais, tudo isso alimentou um clima de liberdade e progresso. No entanto, o governo não esteve alheio à reações por parte de alguns setores da sociedade: As classes médias estavam insatisfeitas com a política desenvolvimentista, pois esta havia provocado um significativo aumento da inflação e um endividamento do país com o exterior, em especial bancos norte-americanos. Os problemas sociais de fome, analfabetismo e desemprego não se resolveram, a despeito de medidas como a construção de Brasília; por um lado à construção da nova capital demandou enorme utilização de mão de obra, por outro, aumentou a inflação por causa dos vultosos recursos gastos. Os setores rurais não se beneficiaram da modernização, pois a política clientelista dos coronéis emperrava qualquer iniciativa inovadora. 110 Assim os desequilíbrios entre o campo e a cidade se acentuaram. O GOVERNO JÂNIO QUADROS (1961) Além disso, o modelo desenvolvimentista de JK pagou um preço alto: abertura total da economia ao capital estrangeiro, às grandes multinacionais, e a submissão político-econômica à hegemonia norte americana. O custo social interno foi igualmente elevado; descontrole inflacionário, pesando especialmente sobre os assalariados. Introdução: Parece claro que crescimento econômico não resultou em desenvolvimento econômico. SESSÃO LEITURA Uma Nova Era Cultural: Por fim, não foi apenas no campo da estabilidade política e do crescimento econômico que o governo Juscelino foi excepcional. Seu quinquênio correspondeu também a um momento de grande produção cultural, de novas propostas literárias, de grande politização do pensamento e de uma euforia no campo das artes plásticas, da música, e dos esportes. Jânio governou o país, num momento de forte crise financeira, com uma extensa inflação e um déficit na balança de pagamentos, acompanhado por uma crescente dívida externa. Para combater tal situação, ele instaurou uma política anti-inflacionária, restringindo os créditos, congelando os salários e incentivando as exportações. A inflação estava altíssima, decorrente das constantes emissões monetárias, da dívida externa, da desvalorização da moeda, e da falta de correspondência entre o aumento dos salários e do custo de vida. A presença de grandes tensões sociais decorrentes desses fatores, culminavam em violentas disparidades regionais, e na existência de bolsões de miséria. Todavia, Jânio era possuidor de um carisma e de uma habilidade que lhe permitiram manobrar a massa trabalhadora com discursos e gestos populistas, e com promessas de salva-los dos problemas mais sérios. Sua campanha tinha como símbolo uma vassoura, para “varrer a corrupção” conforme ele mesmo pregava. Em 1956 é publicada a obra de Guimarães Rosa, Grande Sertão Veredas, e dois anos depois Jorge Amado publica Gabriela, Cravo e Canela. O cinema buscava romper com a linguagem convencional. Dentre os filmes de cunho social, podemos citar Rio 40º, de Nelson Pereira dos Santos, que retrata a população pobre dos morros cariocas. A juventude se libertava dos comportados “bailinhos familiares”, e se soltava ao som de um novo balanço: O Rock and Roll. Seus principais apelos políticos eram dirigidos às classes médias urbanas, que desejavam um governo dinâmico e honesto, com um líder carismático capaz de beneficiá-los economicamente. A Política Anti-inflacionária: Desde os primeiros momentos de seu governo, Jânio buscou colocar em prática as promessas feitas durante a campanha: uma 111 austera política externa independente que preservasse a imagem do Brasil como nação autônoma, o combate à corrupção e a especulação. A crise financeira herdada da gestão anterior não era de fácil solução. De acordo com compromissos assumidos pelo governo JK, o Brasil teria de pagar 2 bilhões de dólares de dívida, durante o governo de Jânio, e só em 1961 deveria ser saldado 600 milhões. Era sem dúvida uma situação que exigia de Jânio Quadros esforços extraordinários, o que o levou a adotar uma política anti-inflacionária ortodoxa, sintetizada numa reforma cambial e no congelamento dos salários. . A austeridade da política econômica de Jânio teve o aval do FMI, cuja relação com o Brasil havia sido interrompida no governo de JK. Isso facilitou as novas negociações com os credores externos, resultando em um novo empréstimo de 2 bilhões de dólares. Os novos empréstimos significavam que Jânio, no início de seu governo, ganhava confiança da comunidade financeira internacional, aliviada com a possibilidade de estabilização financeira que poderia equilibrar as contas estrangeiras no Brasil. Contudo, internamente, a situação era diferente. A política de redução do crédito bancário, e a retirada de subsídios, afetava as empresas de pequeno e médio porte, acostumadas com os “favores” cambiais do governo anterior. As classes trabalhadoras também se manifestavam e protestavam contra o congelamento dos salários e os aumentos do pão e dos transportes, provocados pela retirada dos subsídios do trigo e dos combustíveis. Com essa política Jânio começava a ter contra si as mesmas forças urbanas que o elegeram. O preço político de sua ortodoxia econômica tornava-se alto demais. E isso traria consequências desagradáveis a toda nação em curtíssimo prazo. Política Externa Independente: No campo externo, o Ministro das Relações Exteriores, Afonso Arinos, procurou desenvolver uma política independente, tentando desvincular o país dos dois grandes blocos políticos: EUA e URSS. Restaurou as relações diplomáticas com a União Soviética, além de condecorar um dos líderes da revolução cubana, o argentino Ernesto “Che” Guevara. Também apoiou o ingresso da República Popular da China (comunista) na ONU. Tais atitudes começaram a preocupar os representantes norte-americanos, assim como os setores brasileiros ligados ao capital internacional. A postura independente assumida pelo presidente, cujo objetivo econômico era a ampliação do mercado externo e o consequente aumento das exportações brasileiras, provocara acirrada campanha interna da conservadora oposição civil e militar. A Renúncia: A UDN rompe definitivamente com Jânio e um de seus mais ferrenhos opositores foi o governador do estado da Guanabara Carlos Lacerda, que acusou o presidente de estar preparando um golpe de Estado. Sem apoio dos setores populares, não restou a Jânio outra alternativa senão renunciar ao cargo. A renúncia faria parte de um plano para instituir um governo forte, pretendia que seus Ministros militares não aceitassem a renúncia e garantindo-lhe maiores poderes. Pretendia também, que os militares não aceitassem a entrega da Presidência ao vice João Goulart contra o qual havia uma generalizada indisposição militar. O Tiro saiu pela culatra. Alegando pressões das chamadas “forças ocultas” o presidente, renunciou após sete meses de governo, provocando uma crise política, já que seu vice estava ausente no país em visita a China (Comunista). Como solução, foi dada a posse ao presidente da Câmara dos Deputados, Ranieri Mazzili. 112 O GOVERNO JOÃO GOULART (19611964) Introdução: O passado getulista de Goulart, além de suas ligações com os sindicatos e sua proposta reformista e nacionalista, levou a formação de duas correntes de opiniões. Uma opositora liderada por Carlos Lacerda e representantes da UDN, que procurou, com o apoio de setores e de ministros militares, e do grande empresariado, impedir a posse de João Goulart, sob a alegação de que o mesmo se ausentara do país sem autorização, logo ficando impedido de tomar posse. Outra corrente defendia a legalidade constitucional, com grande parcela dos sindicalistas e trabalhadores, profissionais liberais e pequenos empresários, apoiando a posse de Goulart, já que o mesmo estava representando o governo brasileiro e, portanto, em condições legais para assumir o poder. Diante de tal quadro de dualidade, o Exército acabou dividido entre as duas correntes, mas o apoio do Marechal Lopes, comandante do III Exército, acabou garantindo a Jango a tomada de posse. Para que a posse ocorresse, foi necessário um acordo político entre as duas correntes, resultando deste acordo à adoção do sistema parlamentarista de governo em setembro de 1961. Por essa medida, os poderes do presidente ficavam limitados, sendo esta a condição negociada para Goulart assumir o poder. Para o cargo de Presidente do conselho de Ministros, foi eleito pela Câmara dos Deputados Tancredo Neves. Contando com um forte apoio popular, Jango convocou um plebiscito para 6 de janeiro de 1963, onde o povo foi consultado sobre a manutenção ou não do sistema parlamentarista. O resultado foi à vitória esmagadora do presidencialismo, devolvendo assim, os poderes retirados em 1961 a João Goulart. Política, Economia e Sociedade: Após o resultado do plebiscito, Goulart assumiu plenamente o poder presidencial, reforçando a partir de então, sua linha de governo de tendência nacionalista e política externa independente. Jango tomou posse num momento em que crescia assustadoramente o déficit governamental, declinavam as receitas totais das exportações, aumentava sensivelmente a taxa de inflação e reduziam-se os empréstimos externos e os financiamentos. A rápida deterioração da economia exigia que o governo buscasse soluções para o profundo impasse e dificuldades por que passava a sociedade brasileira. O governo tinha que canalizar esforços que possibilitassem o aumento dos empréstimos externos, a renegociação da dívida externa, a retomada do crescimento econômico, o alívio das tensões sociais e o combate à inflação. A crise econômica, no entanto, era uma realidade, obrigando o Ministro do Planejamento e da Coordenação Econômica, Celso Furtado, a implementar o chamado Plano Trienal que havia sido elaborado ainda durante o período parlamentarista, para combater os problemas de ordem econômica. A proposta do Plano Trienal acabava entrando em colisão com a política de mobilização popular, isto porque o plano econômico visava combater a inflação e promover o desenvolvimento da economia a partir do setor industrial. No entanto, exigia também uma ampla austeridade econômica e financeira. Principais Pontos: Promover uma melhor distribuição das riquezas nacionais, atacando os latifúndios improdutivos para defender os interesses sociais; Encampar as refinarias particulares de petróleo; Reduzir a dívida brasileira; Diminuir a inflação e manter o crescimento econômico, sem sacrificar exclusivamente os trabalhadores; Na época as massas trabalhadoras mobilizavam-se cada vez mais contra as explorações das classes dominantes. Apavorados com a ideia de perder seus lucros e privilégios, os 113 empresários começavam a se articular contra Jango. As revoltas aumentaram depois que um conjunto de medidas, denominadas Reformas de Base, foram anunciadas por Jango. Elas incluíam: A Reforma Agrária, com a divisão dos latifúndios, para facilitar o acesso à terra a milhões de lavradores que desejavam trabalhar e produzir no campo, controlando, com isso o êxodo rural; A Reforma Eleitoral, para dar aos analfabetos o direito de votar e participar da vida pública; A Reforma Urbana, para socorrer milhões de favelados e moradores de cortiços nas grandes cidades; A Reforma Tributária para corrigir as desigualdades sociais na distribuição dos deveres entre ricos e pobres, patrões e empregados; A Reforma Universitária, ampliando as vagas nas faculdades públicas e acesso de estudantes a órgãos diretivos educacionais. Tais transformações ameaçavam os interesses dos setores tradicionais da sociedade brasileira, que reforçaram a oposição a Jango. Jango deu ênfase ainda em sua política nacionalista, elaborando leis, limitando a remessa de lucros para o exterior, e monopolizando a importação do petróleo com a tomada de posse das refinarias particulares. O Golpe e a Deposição de Jango: A tensão atingiu o auge quando Jango criou a lei implementando o 13º salário, que foi recusado pelo Congresso, levando os trabalhadores a entrarem em greve. Ao mesmo tempo, os movimentos populares pressionavam o governo para que as reformas fossem concretizadas e até ampliadas. Sob aplauso de trabalhadores, decretava a nacionalização das refinarias de petróleo e desapropriava terras à margem das ferrovias, rodovias e em regiões de irrigação de açudes. Tais medidas atendiam aos setores particulares e rurais da sociedade brasileira, inclusive as Ligas Camponesas, que acenavam com perspectiva de uma revolução camponesa socialista, nos moldes ocorridos em Cuba. A reação dos proprietários rurais e setores da burguesia não demorou. Realizaram uma grande mobilização com 400.000 pessoas, a chamada Marcha da Família com Deus pela Liberdade, demonstrando o descontentamento com o apoio político assumido pelo governo. Significava uma passeata anticomunista pelas ruas centrais da cidade, onde as pessoas rezavam para que o Brasil não fosse atingido pelo comunismo, pois acreditavam que João Goulart era comunista e que estes iriam desembarcar no Brasil e tomar a sociedade. Tal manifestação acabou marcando o início do movimento organizado por grupos de oficiais das Forças Armadas, provocando desta forma, um movimento de confrontação entre a oficialidade e os sargentos marinheiros. Diante de tal quadro de confrontação, oficiais aparentemente neutros, acabaram por apoiar a conspiração e a derrubada do governo de João Goulart. No dia 31 de março de 1964, iniciou-se um movimento que acabou depondo João Goulart em abril do mesmo ano. Este movimento foi liderado pelos Generais Luís Carlos Guedes e Olímpio Mourão Filho de MG, e Carlos Lacerda da Guanabara. Jango acabou sendo totalmente abandonado pelos militares legalistas. A greve geral decretada pela CGT fracassou e as manifestações civis foram facilmente reprimidas. No Rio Grande do Sul, os partidários do Governador Leonel Brizola, cunhado e partidário do Presidente, não resistiram e, João Goulart abandonou Brasília em 1º de abril de 1964, foi 114 para o RS e depois se abrigou no Uruguai aonde veio a falecer anos mais tarde. O golpe político foi muito bem visto pelos EUA, preocupados com o avanço de uma política “neutra” e nacionalista pregada pelo governo civil de Jango. A neutralidade defendida por uma política externa independente e a não intervenção nos assuntos internos dos países, irritava os Estados Unidos, que desejavam a formação de um bloco anticomunista no continente, em função da posição cubana. A reação ao golpe foi quase nula, sem proteção civil ou militar, o governo desmoronou. O senado declarou vaga a presidência e empossou o presidente da Câmara, Ranieri Mazzili. Chegava ao fim um governo democraticamente eleito e um regime constitucional legítimo, assim como chegava ao fim a República Populista. 2- Fuvest-SP Os governos de Getúlio Vargas (1930-45/195154), no Brasil, de Juan Domingo Perón (1946-55), na Argentina, de Victor Paz Estensoro (195256/1960-64), na Bolívia, e de Lázaro Cárdenas (1934-40), no México, foram alguns dos mais significativos exemplos do populismo latinoamericano, que se caracterizou notadamente: A- pela aliança com as oligarquias rurais na luta contra os movimentos de caráter socialista. B- pelo predomínio político do setor agrárioexportador em detrimento do setor industrial. C- pelo nacionalismo, e intervenção do Estado na economia, priorizando o setor industrial. D- por propostas radicais de mudanças nas estruturas socioeconômicas, em oposição ao capitalismo internacional. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: 1- PUC-RS O Plano Salte (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia) foi uma tentativa de planificação estatal da economia no governo Dutra. Pode-se afirmar que um dos fatores que condicionaram o relativo fracasso do plano foi a política econômica inicialmente adotada por aquele governo, a qual determinou: A- a elevação drástica das taxas inflacionárias, devido aos aumentos reais concedidos ao salário mínimo. B- uma forte recessão, devido aos termos ortodoxos do acordo então firmado com o FMI. C- graves dificuldades no setor exportador, devido à elevação de taxas protecionistas condenadas formalmente pelo GATT. D- falhas no abastecimento interno de insumos industriais, devido ao cancelamento unilateral de acordos comerciais com os Estados Unidos. E- o esgotamento das divisas internacionais do país, devido à abertura então praticada no setor das importações. E- por ter concedido às multinacionais papel estratégico nos setores agrário e industrial. PINTOU NO ENEM: 1- ENEM [2014] Mas plantar pra dividir Não faço mais isso, não. Eu sou um pobre caboclo, Ganho a vida na enxada. O que eu colho é dividido Com quem não planta nada. Se assim continuar vou deixar o meu sertão, mesmo os olhos cheios d’água e com dor no coração. Vou pro Rio carregar massas pros pedreiros em construção. Deus até está ajudando: está chovendo no sertão! Mas plantar pra dividir, Não faço mais isso, não. VALE, J.; AQUINO, J. B. Sina do Caboclo. São Paulo: Polygram, 1994 (fragmento). No trecho da canção, composta na década de 1960, retrata-se a insatisfação do trabalhador rural com 115 a) b) c) d) A distribuição desigual da produção Os financiamentos feitos ao produtor rural A ausência de escolas técnicas no campo Os empecilhos advindos das secas prolongadas e) A precariedade de insumos no trabalho do campo 2- ENEM [2013] realização de reformas corajosas no terreno econômico, financeiro e social. Mensagem Programática da União Democrática Nacional (UDN) -1957. Os trabalhadores deverão exigir a constituição de um governo nacionalista e democrático, com participação dos trabalhadores para a realização das seguintes medidas: a) Reforma bancária progressista; b) Reforma Agrária que extinga o latifúndio; c) Regulamentação da Lei de Remessa de Lucros. Manifesto do Comando Geral dos Trabalhadores (CGT) -1962. BONAVIDES, P; AMARAL, R. Textos políticos da história do Brasil. Brasília: Senado Federal, 2002. Nos anos 1960 eram comuns as disputas pelo significado de termos utilizados no debate político, como democracia e reforma. Se, para os setores aglutinados em torno da UDN, as reformas deveriam assegurar o livre mercado, para aqueles organizados no CGT, elas deveriam resultar em A- fim da intervenção estatal na economia. A charge ironiza a política desenvolvimentista do governo de Juscelino Kubitschek, ao A- evidenciar que o incremento da malha viária diminuiu as desigualdades regionais do país. B- destacar que a modernização das indústrias dinamizou a produção de alimentos para o mercado interno. C- enfatizar que o crescimento econômico implicou aumento das contradições sócio espaciais. D- ressaltar que o investimento no setor de bens duráveis incrementou o salário dos trabalhadores. E- mostrar que a ocupação de regiões interioranas abriu frentes de trabalho para a população local. 3- ENEM [2011] A consolidação do regime democrático no Brasil contra os extremismos da esquerda e da direita exige ação enérgica e permanente no sentido do aprimoramento das instituições políticas e da B- crescimento consumo. do setor de bens de C- controle do desenvolvimento industrial. D- atração de investimentos estrangeiros. E- limitação da propriedade privada. 4- ENEM [2011] Em meio às turbulências vividas na primeira metade dos anos 1960, tinha-se a impressão de que as tendências de esquerda estavam se fortalecendo na área cultural. O Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) encenavam peças de teatro que faziam agitação e propaganda em favor da luta pelas reformas de base e satirizavam o “imperialismo” e seus “aliados internos”. KONDER, L. História das Ideias Socialistas no Brasil. São Paulo: Expressão Popular, 2003. No início da década de 1960, enquanto vários setores da esquerda brasileira consideravam que o CPC da UNE era uma 116 importante forma de conscientização das classes trabalhadoras, os setores conservadores e de direita (Políticos vinculados à União Democrática Nacional – UDN -, Igreja Católica, grandes empresários, etc.) entendiam que esta organização A- constituía mais uma ameaça para a democracia brasileira, ao difundir a ideologia comunista. B- contribuía com a valorização da genuína cultura nacional, ao encenar peças de cunho popular. C- realizava uma tarefa que deveria ser exclusiva do Estado, ao pretender educar o povo por meio da cultura. D- prestava um serviço importante à sociedade brasileira, ao incentivar a participação política dos mais pobres. E- diminuía a força dos operários urbanos, ao substituir os sindicatos como instituição de pressão política sobre o governo. 6- ENEM [2010] A chegada da televisão A caixa de pandora tecnológica penetra nos lares e libera suas cabeças falantes, astros, novelas, noticiários e as fabulosas, irresistíveis garotaspropaganda, versões modernizadas do tradicional homem-sanduíche. SEVCENKO, N. (Org.) História da vida privada no Brasil 3. República: da Belle Époque à Era do Rádio. São Paulo: Cia das Letras, 1998. A TV, a partir da década de 1950, entrou nos lares brasileiros provocando mudanças consideráveis nos hábitos da população. Certos episódios da história brasileira revelaram que a TV, especialmente como espaço de ação da imprensa, tornou-se também veículo de utilidade pública, a favor da democracia, na medida em que A- amplificou os discursos nacionalistas e autoritários durante o governo Vargas. 5- ENEM [2010] Não é difícil entender o que ocorreu no Brasil nos anos imediatamente anteriores ao golpe militar de 1964. A diminuição da oferta de empregos e a desvalorização dos salários, provocados pela inflação, levaram a uma intensa mobilização política popular, marcada por sucessivas ondas grevistas de várias categorias profissionais, o que aprofundou as tensões sociais. Dessa vez, as classes trabalhadoras se recusaram a pagar o pato pelas “sobras” do modelo econômico juscelinista. MENDONÇA, S.R. A Industrialização brasileira. São Paulo: Moderna, 2002. (adaptado). Segundo o texto, os conflitos sociais ocorridos no início dos anos 1960 decorreram principalmente A- da manipulação política empreendida pelo governo João Goulart. B- das contradições econômicas do modelo desenvolvimentista. C- do poder político sindicatos populistas. E- da recusa dos sindicatos em aceitar mudanças na legislação trabalhista. adquirido pelos D- da desmobilização das classes dominantes frente ao avanço das greves. B- revelou para o país, casos de corrupção na esfera política de vários governos. C- maquiou indicadores sociais negativos durante as décadas de 1970 e 1980. D- apoiou, no governo Castelo Branco, as iniciativas de fechamento do parlamento. E- corroborou a construção de obras faraônicas durante os governos militares. EXERCÍCIO COMENTADO ENEM [2010] Opinião Podem me prender Podem me bater Podem até deixar-me sem comer Que eu não mudo de opinião. Aqui do morro eu não saio não Aqui do morro eu não saio não. Se não tem água Eu furo um poço Se não tem carne Eu compro um osso e ponho na sopa E deixa eu andar, deixa andar... 117 Falem de mim Quem quiser falar Aqui eu não pago aluguel Se eu morrer amanhã seu doutor, Estou pertinho do céu. CAPÍTULO 13 O REGIME MILITAR Zé Ketti. Opinião. Disponível em: http:/www.mpbnet.com.br. Acesso em: 28, abr. 2010. Essa música fez parte de um importante espetáculo teatral que estreou no ano de 1964, no Rio de Janeiro. O papel exercido pela Música Popular Brasileira (MPB) nesse contexto, evidenciado pela letra de música citada, foi o de A- entretenimento para grupos intelectuais. B- valorização do progresso econômico do país. C- crítica à populares. passividade dos E- mobilização dos setores que apoiavam a Ditadura Militar. Resposta certa: Alternativa D. Dentre todas as expressões culturais brasileiras nas décadas de 1960 e 1970, nenhuma foi tão eficaz em relação à denúncia do momento político-social vivido naquele momento quanto a música. Ao longo do regime militar tivemos inúmeros compositores perseguidos pela ditadura, e muitos deles abusaram da criatividade e inteligência para burlar a censura, dentre tantos exemplos uma das canções mais emblemáticas do período foi Cálice, lançada em 1978, por Chico Buarque. Exercícios de Fixação: 1- E 2- C Pintou no Enem: 123456- A C E A B B A queda de João Goulart significou o fim do período democrático e o início da mais longa ditadura de nossa história. Foram 21 anos sob a dominação dos militares, que colocaram no poder cinco Generais – Presidentes: Castelo Branco, Costa e Silva, Médici, Geisel e Figueiredo. Uma página triste na História Brasileira, que revela uma sociedade calada pelas forças armadas através da tortura, cassada em seu direito de voto, e censurada em suas manifestações. setores D- denúncia da situação social e política do país. GABARITO: Introdução Economia: Em termos econômicos, a ditadura militar adotou um modelo de desenvolvimento dependente, que subordinava o país aos interesses do capital estrangeiro. Foi a época em que se gastaram bilhões de dólares em obras faraônicas. As forças que assumiram o poder em 1964 tinham como prioridade econômica o crescimento acelerado. Para concretizar este objetivo, optaram por um modelo baseado na concentração de renda, criação de amplo crédito ao consumidor e abertura da economia brasileira (incentivo às exportações e aos investimentos estrangeiros no país). Esse tripé gerou o chamado milagre econômico brasileiro, que durou aproximadamente de 1969 a 1973. A concentração de renda: O primeiro eixo da política econômica foi proporcionado fundamentalmente pela redução do poder aquisitivo dos assalariados. Contribuiu também, decisivamente, a organização do sistema de tributação nacional, composto de impostos diretos (que incidem sobre os rendimentos de cada contribuinte) e impostos indiretos (que são repassados ao preço das mercadorias). O Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), classificado como indireto, foi criado pela reforma tributária em 1966. Expansão do crédito ao consumidor: O segundo eixo do tripé da política econômica serviu para ampliar a demanda de bens duráveis (casas, automóveis, eletrodomésticos) possibilitando a participação da classe média neste patamar de consumo. Como a intenção era 118 ampliar o mercado consumidor, utilizava-se da poupança para financiar o consumo da classe média. Porém, esse esquema apresentava pesadas consequências para as camadas populares, uma vez que aumentava rapidamente a quantidade de dinheiro em circulação, elevando as taxas de juros e provocando a inflação. Abertura externa da economia brasileira: O terceiro eixo da política econômica englobava tanto os incentivos às exportações como os atrativos para investimentos estrangeiros no Brasil. A concentração de renda prejudicava a indústria nacional produtora de bens de consumo não duráveis, como alimentos, roupas, etc., destinados ao mercado composto pelas camadas de baixa renda. Política: O modelo político implantado logo após 1964 derivou da hegemonia exercida sobre os setores dominantes pelos representantes do capital internacional. A implementação de tal modelo econômico exigiria severa repressão contra os setores desprestigiados. Assim, em poucos anos, os governos militares impuseram um regime político baseado na centralização do poder, fortalecimento do Executivo, controle da estrutura partidária, dos sindicatos e das entidades classistas, censura aos meios de comunicação e repressão a quaisquer formas de oposição: Centralização do Poder: Em poucos anos a federação brasileira foi transformada em mera ficção. A participação dos estados e municípios na receita tributária nacional caiu significativamente no período. Cerceando a autonomia financeira dos estados e municípios, o governo federal conseguia controla-los politicamente. Além disso, eliminavam-se as eleições diretas para presidente. Nos estados extinguiam-se as eleições diretas para governador, passando os chefes estaduais do executivo a serem indicados pelo governo federal e referendados indiretamente pelas Assembleias Legislativas estaduais. Quanto aos municípios, mais de uma centena deles passaram a ser considerados de segurança nacional, tendo seus prefeitos nomeados pelo governo federal ou pelos governos estaduais. Fortalecimento do Executivo: O equilíbrio entre o executivo, o Legislativo e o Judiciário foi desfeito: o poder Executivo, exercido por militares e aliados civis, se outorgou plenos poderes, marginalizando o Legislativo, cassando vários de seus representantes e interferindo nas decisões do Judiciário. Vários Ministros do Supremo Tribunal Federal foram obrigados a abandonar as suas funções, sendo substituídos por outros indicados pelos governos militares. Além dos 17 atos institucionais e dos 130 atos complementares outorgados a partir de 1964, quase mil leis excepcionais foram impostas sobre os mais variados pretextos e objetivos. Controle da estrutura partidária: o Ato Institucional nº 2 (AI 2), entre outras coisas restringiu os partidos políticos, impondo restrições extremas para legalização dos novos partidos. Desta arbitrariedade surgiram a ARENA (Aliança Renovadora Nacional), partido da situação e o MDB (Movimento Democrático Brasileiro) partido de oposição. Controle dos sindicatos e entidades classistas: A movimentação grevista e a organização dos sindicatos, antes de 1964, davam a impressão de uma expressiva liberdade sindical, que no momento não era formalizada por lei. Mesmo no governo de João Goulart, as leis controladoras dos sindicatos não foram anuladas, voltando após o golpe de 1964, a ser utilizadas. Além disso, realizou-se intervenção em 425 sindicatos de trabalhadores, destituindo-se seus líderes e substituindo-os por interventores dóceis aos ditames governamentais. A lei da greve, criada em 1964, proibia as greves de natureza política, social ou religiosa, bem como as que poderiam ocorrer em setores que prestassem serviços essenciais. A interpretação do tipo de greve ficava a cargo dos que detinham o poder e, na prática, quase todas as greves tornaram-se ilegais. Censura dos meios de comunicação: Em seguida ao Golpe de 1964 foram ocupadas o Jornal do Brasil, a Tribuna da Imprensa, O Globo e o Última Hora. Nos meses posteriores, vários jornais oposicionistas foram fechados, entre eles o semanário Novos Rumos, do PCB, o Panfleto e o Brasil Urgente. Em 1967 são criadas a Lei de Imprensa e a Lei de Segurança Nacional. Após o AI 5, em dezembro de 1968, a censura política passou a ser sistemática sobre quaisquer jornais, revistas e emissoras de rádio e televisão. Repressão política: De 1964 a 1968, a repressão apresentava-se na forma de prisões arbitrárias, intervenções nos sindicatos, demissões de empresas estatais e órgãos públicos, expurgos nas forças armadas, cassação de parlamentares, etc. A ação policial repressiva passou a ser comandada por novos órgãos estatais. 119 No governo Castelo Branco foi estruturado o Serviço Nacional de Informações (SNI), centro coordenador dos demais serviços militares e civis de informações, como o CIEX do exército, CISA da aeronáutica, CENIMAR da marinha e o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), nos estados. Após 1969, o aparato repressivo chegou ao auge com a criação em SP da Operação Bandeirantes (OBAN), que depois de maio de 1970 deu origem ao DÓI-CODI (Departamento de Operações e Informações – Centro de Operações de Defesa Interna), financiado por setores do grande empresariado, que realizavam prisões arbitrárias e torturas, fazendo desaparecer opositores do regime. Esse clima começou a arrefecer somente em 1975. Em 05 de fevereiro de 1966, foi instituído o AI-3: - Determinava que os Governadores e vices também fossem eleitos de maneira indireta; - Ficava firmado que seriam considerados eleitos para vice-presidência da República e para vicegovernador do estado os candidatos inscritos para o cargo na chapa dos vitoriosos; - Os Prefeitos das capitais não seriam mais eleitos e sim nomeados pelos governadores dos referidos estados ou pelo Governo, sob a justificativa de segurança nacional. SESSÃO LEITURA A Constituição de 1967: O GOVERNO COSTA E SILVA (19671969) Introdução: O marechal Arthur da Costa e Silva assumiu a presidência, em 15 de março de 1967, contra a vontade do marechal Castelo Branco, porém como Costa e Silva era Ministro do Exército e contava com o apoio dos seus comandados, acabou por assumir o mandado presidencial. Em 1968 Costa e Silva ampliou os poderes do Conselho de Segurança Nacional, que passou a decidir sobre política econômica, educação, política externa e interna, ideologia, artes, ciências, sindicalismo, imprensa, opinião pública, religião, etc. A Face do Autoritarismo: a “Linha Dura” no poder: Durante o governo Costa e Silva o ressentimento popular e a oposição ao regime militar aumentava. Carlos Lacerda radicalizava os discursos insultuosos contra Costa e Silva e seus ministros, especialmente os militares, chamando o governo de ditadura corrupta. Em janeiro de 1967 foi aprovada uma nova Constituição elaborada por um pequeno número de constitucionalistas nomeados pelo governo. Ao Congresso Nacional coubera apenas a função de aprová-la. Os estudantes que há muito vinham se manifestando contra a ditadura militar e em prol das reformas na Universidade, intensificaram as críticas e o enfrentamento ao regime, através de passeatas e outras manifestações liberadas pela UNE, entidade estudantil que naquele momento agia clandestinamente. De maneira geral a Constituição de 1967 era a afirmação dos Atos Institucionais e Complementares até então decretados. Ao mesmo tempo bania da vida pública a maior parte dos políticos de esquerda e alguns de centro. Em março de 1968 a tropa de choque da polícia militar da Guanabara matou o menor Edson Luís de Lima Souto, estudante, enquanto reprimia a tiros um protesto estudantil. A morte de Edson simbolizou a desproporcional violência militar exercida contra os estudantes. A chefia da execução de toda a política nacional era de competência do Presidente da República, assessorado pelo Alto Comando do Estado Maior das Forças Armadas e pelo Serviço Nacional de Informação (SNI). As amplas funções do SNI e a instalação e livre acesso de seus membros em todas as áreas administrativas civis e militares garantiam ao Governo as informações necessárias para a fiscalização oficial sobre a vida política nacional. Em junho os confrontos entre militares e estudantes resultaram na chamada “Sexta Feira Sangrenta”, quando morreram 28 pessoas. Em protesto os estudantes realizaram a Passeata dos 100 mil, que para surpresa geral não foi reprimida, pois o governo federal ordenou a retirada das tropas das ruas. Aos tumultos das marchas estudantis somavam-se greves operárias, os políticos mais corajosos que discursavam contra a violência da 120 ditadura, os padres progressistas contra a fome do povo e a tortura. pregavam Nesse contexto de violência entre governo e oposições, o Deputado Márcio Moreira Alves, do MDB do RJ, provocou os “duros” com discursos que estimulavam pais e estudantes a protestar contra o regime não participando do 07 de setembro. A esta “ofensa” aos militares, somese ainda a estimulação para que as mulheres fizessem greve de sexo com seus maridos até que o governo extinguisse a repressão. O que parecia uma piada explodiu como uma bomba. Os ministros militares exigiam que o Congresso suspendesse a imunidade parlamentar do Deputado para que ele pudesse ser julgado e processado pelos insultos às Forças Armadas. Embora a maioria dos parlamentares fosse do partido do governo (ARENA), a Câmara negou a suspensão em votação ocorrida no dia 12 de dezembro. Em contrapartida, no dia seguinte, a nação conhecia o AI-5 e o Ato Suplementar 38. Este último colocava o Congresso em recesso indefinido. A nação iria conhecer o período mais triste e estarrecedor de sua história política: o país era colocado nas mãos das forças mais retrógradas e reacionárias de sua sociedade O AI-5 e o Controle Governamental: Principais Pontos: - Reiterava alguns artigos dos Atos Institucionais anteriores e em seus novos artigos ampliava o autoritarismo do governante da nação e de seus principais assessores, que com ele detinham um poder quase absoluto. - Cassou parlamentares, aposentadoria forçada de Ministros do Supremo Tribunal Federal e de vários professores universitários. - Estendeu a censura à imprensa, proibindo a publicação de qualquer notícia sobre movimentos operários e estudantis, bem como a divulgação de qualquer crítica ao regime. A decretação do AI-5, que jogaria a nação no mais obscuro autoritarismo, era mais um distanciamento entre as promessas democratizantes e a prática repressora. Contudo, o presidente Costa e Silva, apesar de representante da “linha dura”, tentou evitar sem sucesso que a direção do país caísse nas mãos dos reacionários e dos torturadores, que usariam sem limites os poderes arbitrários que do AI-5. Com essa finalidade, Costa e Silva e seu vice Pedro Aleixo, contrariando Ministros militares, participaram diretamente da elaboração de uma nova constituição que deveria ser promulgada em 07 de setembro de 1969. Entretanto esta que seria a nova constituição não entrou em vigor, pois em 28 de agosto, Costa e Silva foi acometido de uma grave enfermidade (trombose cerebral), que o levaria a morte pouco tempo depois. Impossibilitado de governar, o presidente foi afastado e os Ministros militares contrariando o art. 78 da Constituição que garantia a presidência ao vice se o cargo ficasse vago, não permitiram a posse do civil Pedro Aleixo. O país passou a ser governado por uma Junta Militar Interina, composta pelo Almirante Augusto Redemaker, pelo General Lyra Tavares e pelo Marechal do Ar Márcio de Souza Melo. A junta foi responsável pela outorga de uma Emenda Constitucional pela qual incorporava a Constituição de 1967 a prisão perpétua e a pena de morte, fortalecendo a Lei de Segurança Nacional, aumentava o prazo de decretação de estado de sítio e criava a fidelidade partidária para evitar que deputados da ARENA votassem contra projetos governamentais ou se abstivessem de votar. No dia 22 de outubro, após 10 meses de recesso, o Congresso – já sem os deputados cassados pelo AI-5 – foi reaberto para receber a indicação do General Emílio Garrastazu Médici à Presidência da República. No dia 25 do mesmo mês, o general Médici era eleito e no dia 30 de outubro tomava posse do cargo. O GOVERNO MÉDICI (1969-1974) Introdução: Dentre todos os governos militares de 1964 a 1985, o presidente Médici foi sem dúvida o mais autoritário e repressor. Com ele as liberdades individuais chegaram ao limite das restrições. 121 No seu governo a oposição foi literalmente jogada na clandestinidade, graças à intensa e sistemática ação de órgãos repressores como DOPS e DÓI-CODI, e CCC (Comando de Caça aos Comunistas). Apesar do extraordinário crescimento econômico do país, que configurava o “Milagre Brasileiro” e colocava o Brasil entre as 10 potências industriais do mundo, a sociedade civil vivia sob o julgo do autoritarismo, do terror psicológico, das prisões arbitrárias, dos sequestros, confinamentos e assassinatos de presos políticos, dos esquadrões de morte, dos grampos telefônicos, dos sádicos torturadores que chegavam a requintes de crueldade como torturar crianças e mulheres apenas por serem parentes de “elementos subversivos” enquadrados ou não na Lei de Segurança Nacional. O modelo econômico adotado gerou um rápido crescimento que entre 1969 e 1973 atingiu taxas que variavam entre 7% e 13% ao ano, levando a euforia o empresariado brasileiro e o capital estrangeiro. O Auge da repressão: A sociedade civil vivia amordaçada e mal informada, já que a censura dos meios de comunicação impedia que a imprensa em geral notificasse os fatos, salvos aqueles permitidos oficialmente. Havia também o rigor da censura à literatura, ao cinema, teatro, Shows, novelas. Mais uma vez a realidade se contrapunha ao discurso, pois, Médici, no discurso de posse, também prometeu instaurar a democracia no país. Quanto às reformas sociais, de prático apenas lançou o dispendioso e fracassado programa da Rodovia Transamazônica com o objetivo de povoar a selva com nordestinos miseráveis, e criou o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) e ampliou os programas de seguro social. A postura repressora de Médici já se configurava quando ele era chefe do SNI e achava que o AI-5 fora necessário para “combater e deter o mal”, que para ele era a subversão e contra revolução. Ao terrorismo urbano de direita, somaram-se o terrorismo de esquerda, com assaltos a bancos e quartéis, assassinatos e sequestro de diplomatas estrangeiros no Brasil. Com estas ações as esquerdas pretendiam ganhar espaços nos noticiários para divulgar junto a opinião pública sua luta contra a ditadura militar, ou principalmente conseguir libertar presos políticos em troca da liberdade de sequestrados. Apesar do efêmero sucesso na libertação de mais de uma centena de presos políticos, o inócuo e infeliz terrorismo de esquerda que arrastou consigo centenas de jovens e sonhadores estudantes secundários, só serviu para confirmar a previsão do PCB de que militares usariam a luta armada das esquerdas como pretexto para radicalizar sua ação repressora. Repressão e Resistência: A imprensa foi proibida de divulgar qualquer acontecimento ligado à guerrilha urbana e rural. Os órgãos de segurança deram-se plena liberdade de prender, interrogar e sequestrar suspeitos de ligação com a subversão. Institucionalizou-se a tortura como instrumento para que confissões e informações que levassem a outros comprometidos com a luta armada. Agentes de repressão foram infiltrados em organizações terroristas de esquerda. Dezenas de guerrilheiros e suspeitos de subversão foram mortos nos porões da repressão. Alguns foram enterrados em cemitérios clandestinos e outros foram mortos quando tentavam escapar. Além do uso do aparato repressor de uma intensa propaganda anti-guerrilha e de exaltação patriótica como nas inscrições: Brasil, ame-o ou deixe-o. O governo Médici foi grandemente favorecido, no combate a movimentos terroristas de esquerda, pelo fantástico crescimento econômico que lhe permitia angariar simpatias em vários setores da sociedade, notadamente nas classes médias que participaram da “divisão do bolo”, aumentando a sua renda. 122 Em síntese, o governo Médici marcou-se por duas características fundamentais: o arbítrio e o milagre econômico que mascarava a violência do regime. Entretanto, no final do governo Médici, já se vislumbrava uma crise econômica que iria alterar a visão das classes médias sobre o regime militar e encaminhar o país para uma lenta e gradual abertura política. O GOVERNO GEISEL (1974-1979) Introdução: A posse, em março de 1974, do General Ernesto Geisel e do General Alberto Adalberto Pereira dos Santos, escolhidos pelas forças armadas e eleitos indiretamente, significava a volta dos castelistas (moderados) ao poder. O novo Presidente e alguns oficiais militares eram favoráveis à devolução gradual do poder aos civis, e estavam dispostos a promover um processo gradual, lento e seguro, de abertura democrática. Os Primeiros Política: Passos Rumo à Abertura De personalidade marcante e avesso a propagandas, o Presidente Geisel e os militares castelistas que o apoiavam, entendiam que nenhuma sociedade poderia viver tanto tempo submetida a um rígido regime autoritário e sem liberdade de manifestações. Entendiam que a permanente falta de liberdade, o medo e a dominação repressiva impopularizavam o regime militar e poderiam resultar numa explosão social de consequências incalculáveis. A crise econômica e a aceleração inflacionária iniciada em 1974 causaram um surpreendente revés eleitoral para a ditadura, pois nas eleições parlamentares ocorridas em novembro daquele ano, o MDB quase duplicou o número de cadeiras na Câmara dos Deputados (87 para 165); Quanto às eleições para o Senado, a surpresa foi mais grandiosa, o MDB teve 14,6 milhões de votos, contra 10 milhões da ARENA praticamente triplicando seu número de cadeiras no Senado (de 7 para 20). Assim o MDB ampliava sua área de influência junto ao eleitorado e começava a assumir o papel de oposição. A mudança no quadro eleitoral era um recado aos generais de que significativas parcelas da sociedade estavam dispostas, pelo menos através das urnas, a contestar o autoritarismo militar. O resultado daquelas eleições não deixava dúvidas sobre a impopularidade da ARENA e consequentemente, do regime, que tomava consciência de que a ARENA não mais teria capacidade de vencer eleições verdadeiramente livres. Era preciso criar mecanismos políticos que evitassem maiores desgastes ao governo e garantissem a continuação dos militares no poder. Foi com este intuito que o Presidente Geisel iniciou o processo de abertura política que resultou mais tarde, num processo de redemocratização, embora não fosse esta intenção da maioria dos militares: Os Limites da Abertura: Embora tenha o mérito de ter iniciado a abertura política, o ideal democratizante de Geisel era bastante limitado. Os órgãos de repressão continuavam prendendo, sequestrando, confinando e torturando opositores e prisioneiros políticos, e o governo continuava caçando mandatos de parlamentares, enquadrando-os na Lei de Segurança Nacional e no AI-5. Em outubro de 1975, o DÓI-CODI de SP, órgão da repressão ligado ao exército, efetuou inúmeras prisões de supostos membros do Partido Comunista Brasileiro, entre os quais o jornalista Wladimir Herzog, que mais tarde fora encontrado morto em sua cela. Contra todas as evidências, o Comandante do II Exército General Eduardo D´Avila Mello, apresentou uma declaração para os meios de comunicação, afirmando que o jornalista havia praticado “suicídio”. Diante de tal afirmação o Cardeal D. Paulo Evaristo Arns, realizou na catedral da Sé, um culto ecumênico, como forma de demonstração de desagrado das oposições, apoiado pela OAB e MDB. Em janeiro de 1976, novamente no DÓICODI de SP, outra morte era anunciada, a do operário Manuel Fiel Filho, torturado e morto enquanto era submetido a interrogatório, e mais uma vez a versão oficial foi o suicídio. Tal fato provocou uma rápida reação do Presidente 123 Geisel, ao desafio da linha dura respondeu com a demissão do Comandante do II Exército, a quem, aliás, o Presidente já havia advertido quando da morte de Herzog, de que não toleraria mais nenhum episódio semelhante. venceu com 335 votos contra 266 do General Euler Bentes Monteiro. O GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985) Começava então o desmantelamento dos órgãos repressores. O poder dos torturadores foi finalmente golpeado pela demonstração de força de Geisel nos meios militares. Introdução: Porém, isso tinha um preço. Para manter o apoio da maioria da oficialidade o Presidente tinha de fustigar a oposição civil, impedindo-a de chegar ao poder. Para tanto era necessário criar novos mecanismos políticos para impedir a vitória de um candidato do MDB nas eleições presidenciais indiretas que se daria em outubro de 1978. Durante o Governo do General Figueiredo, as manifestações populares foram crescendo através de movimentos de críticas às decisões autoritárias e centralizadoras do governo militar. Diversos setores da sociedade brasileira (sindicatos de trabalhadores, grupos de empresários, Igreja, associações artísticas e científicas, Universidades e imprensa), passaram a reivindicar a redemocratização do país. Temeroso de um rápido avanço das oposições, o Presidente retrocedeu no processo de abertura política, decretou uma lei que limitava a propaganda eleitoral dos candidatos no rádio e na televisão, reduzindo a apresentação do nome, número e currículo dos candidatos, sem que houvesse debates. Em abril de 1977, decretou o chamado “Pacote de Abril”, uma série de medidas autoritárias, entre as quais destacamos: Um entre dois Senadores que seriam eleitos em cada estado, seria escolhido diretamente pelo Governo, instituindo-se assim, o chamado “Senador Biônico”, isto é, Senadores não eleitos por voto popular. Os governadores continuariam sendo escolhidos em eleições indiretas. O mandado de seu sucessor foi aumentado para 6 anos. Em outubro de 1978, válido somente para vigorar a partir de janeiro de 1979, Geisel revogou os atos institucionais, entre eles o famoso AI-5. No plano econômico, Geisel anunciou a necessidade de expansão das indústrias de bens de produção (máquinas, equipamentos pesados, aço, cobre, energia elétrica, etc.), a fim de se obter uma significativa infraestrutura econômica para o progresso econômico industrial do país. Neste período, estimularam-se grandes obras nos setores de Mineração e Energia. Ao final do governo Geisel novas eleições se anunciavam. Na votação do Colégio eleitoral, o General João Batista de Oliveira Figueiredo Diante de tal situação, o governo assumiu o compromisso de realizar a “abertura política” e devolver a democracia para o Brasil. Diante deste processo, os sindicatos representativos das classes trabalhadoras se fortaleceram e despertaram as primeiras greves contra o achatamento salarial. Dentre estas greves (ilegais dentro das leis do Ministério do Trabalho), destaca-se a dos operários metalúrgicos de São Bernardo do Campo (SP). É nesse momento em que surge a figura de Luís Inácio Lula da Silva, que mais tarde torna-se candidato à Presidência da República pelo PT. A campanha da sociedade pela redemocratização do país obteve os primeiros resultados positivos, dentre os quais destacamse: Anistia ampla e geral vigorando para todos aqueles que foram punidos pelo governo militar. Desta forma, vários brasileiros que ainda se encontravam no exílio, puderam retornar para o país. Os cassados foram reabilitados na sua cidadania. O fim do bipartidarismo e o aparecimento de novos partidos políticos para disputar as eleições. Isso se deu graças à fragmentação do MDB: - ARENA tornou-se o PDS (Partido Democrático Social) 124 - MDB desmembrou-se em: PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro); PT (Partido dos Trabalhadores); PDT (Partido Democrático Trabalhista); PTB (Partido Trabalhista Brasileiro) Em 1980, Figueiredo restabelecimento das eleições governador de estado. decretou o diretas para No plano econômico, o Ministro do Planejamento promoveu um plano de desenvolvimento nacional preocupado com o crescimento da renda nacional e do emprego; o controle da dívida externa; o combate à inflação; o desenvolvimento de novas formas de energia. (Foi uma busca de um novo milagre econômico). No ano seguinte, em 30 de abril de 1981, ocorreu o mais violento atentado: No Riocentro, enquanto 20 mil pessoas assistiam a um Show musical promovido pelo Centro Brasil Democrático (Cebrade), uma bomba explodiu no estacionamento, sob o colo do Sargento do Exército Guilherme Pereira do Rosário, matandoo instantaneamente e ferindo gravemente o Capitão Wilson Machado, que dirigia o automóvel. Outra bomba havia sido colocada na casa de força, mas não chegou a explodir. No plano energético o governo lançou o chamado Proálcool (Programa Nacional do Álcool), visando substituir gradualmente o petróleo importado. Contudo existiam outros entraves para o desenvolvimento como: a Dívida Externa, a Inflação, e o Desemprego. Politicamente a abertura provocou descontentamento entre os militares da extrema direita, que iniciaram uma onda de “atentados”: No segundo semestre de 1980 e início de 1981, os militares da linha dura, ao que se supõe, foram responsáveis por vários atentados sangrentos, ainda hoje não esclarecidos. Conforme notícias veiculadas na época, os vários atentados foram praticados por forças policiais – militares comprometidos com a repressão, a tortura e o assassinato de presos políticos. Segundo se especulava, tais forças agiram por temor ao revanchismo, que julgavam inevitável com a restauração do estado de direito e democracia. Os atentados terroristas começaram em 1980 com incêndios em bancas de revistas e jornais de São Paulo e Minas Gerais, visando intimidar seus proprietários que vendiam publicações consideradas “subversivas”. Em agosto de 1980 começaram os atentados a bomba. O primeiro alvo foi o Conselho Federal da OAB no RJ, ocasionando a morte de uma funcionária da entidade. Depois foi a vez do atentado à Câmara Municipal do Rio, na sala de um vereador do PMDB, que mutilou um funcionário. Havia a mais indisfarçável evidência de que os militares vitimados pela bomba eram os culpados, porém foram identificados como vítimas de terroristas não identificados. Para apurar o acidente o Exército nomeou o Coronel Luís Antônio Prado como chefe do Inquérito Policial Militar (IPM). Dias depois, o oficial abandonou o posto e a farda, sendo substituído pelo Coronel Job Lorena de Sant´Anna, cujo relatório final sobre o caso foi considerado falho e cheio de erros factuais. Apesar disso, o Superior Tribunal Militar encerrou o caso. Em razão de os responsáveis não terem sido punidos, o Ministro Gobery do Couto e Silva pediu demissão, abandonando o governo. Sua demissão representou provavelmente o mais importante desdobramento político do atentado do Riocentro. Resultados da Reforma Partidária: Nas eleições de novembro de 1982, a oposição conseguiu eleger os governadores dos estados mais ricos do Brasil, a começar por São Paulo com Franco Montoro. Tancredo Neves elegeu-se governador de Minas Gerais também pelo PMDB. No Rio de Janeiro venceu Leonel Brizola, do Partido Democrático Trabalhista (PDT). 125 Porém a grande novidade política foi mesmo a fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), que nas eleições de 1982, lançou como candidato a governador do estado de São Paulo um operário: Luis Inácio Lula da Silva. “Diretas Já!”: Para novembro de 1984, estavam marcadas as eleições indiretas para escolha do sucessor de Figueiredo. Apesar do visível esgotamento do regime e de sua impopularidade, os militares pretendiam continuar no poder. Contra essa possibilidade, em novembro de 1983, foi lançada a campanha para eleições diretas para Presidente. As primeiras manifestações não reuniram mais de 10 mil pessoas. Em janeiro de 1984 já eram 50 mil no comício pelas diretas em Curitiba, e 30 mil na praça da Sé em SP; em Teresina 25 mil; em Belém 60 mil; 300 mil em BH. No dia 10 de abril de 1984 já era 1 milhão na Candelária no RJ; no dia 16 de abril, mais de 1 milhão no Anhangabaú em SP. Todos estes comícios foram importantes demonstrações de que a sociedade estava farta do regime militar. Na esperança de fazer passar a emenda Dante de Oliveira (Dep. Federal pelo PMDB do Mato Grosso), que restabelecia eleições diretas para Presidente da República, o povo compareceu em massa às concentrações organizadas pelos partidos. Não bastou toda esta demonstração de inconformidade do povo com o regime. No dia 25 de abril de 1984, a emenda foi rejeitada no Congresso Nacional. Não adiantou a união dos partidos de oposição. O PDS, presidido por José Sarney, manteve-se coeso e fiel à ditadura e derrotou a emenda. A partir de então, a liderança do PMDB, tendo Tancredo Neves como candidato à Presidência, passou a concentrar toda força política no Colégio Eleitoral, defendendo as eleições diretas. Preparou-se para enfrentar, na eleição indireta, o candidato do PDS, Paulo Salim Maluf. Em julho de 1984 formalizou-se a Frente Liberal, congregando os mais expressivos chefes políticos do PDS (que se opunham a Maluf) então dispostos a apoiar a candidatura de Tancredo Neves. O Acordo entre o PMDB e a Frente Liberal deu origem a Aliança Democrática, que se expressava na candidatura de Tancredo Neves à presidência e a de José Sarney a vice. Graças à cisão do PDS, Tancredo conseguiu reunir maioria no Colégio Eleitoral, batendo facilmente Maluf na eleição indireta de novembro de 1984, contudo sem jamais tomar posse. No dia 14 de março de 1985, um dia antes de sua posse, Tancredo foi submetido às pressas a uma operação no Hospital de Base de Brasília. Após 39 dias de internamento, sofrendo com complicações do pós-operatório, Tancredo faleceu em 21 de abril de 1985, no Instituto do Coração em São Paulo. Por ironia da história, a “Nova República”, batizada por Tancredo, acabou tendo como seu primeiro presidente Jose Sarney. Exatamente o mesmo político que, em abril de 1984, comandaria a rejeição da emenda das diretas, contra a vontade popular. Era no mínimo estranho que o slogan das diretas “Muda Brasil” tivesse que ser concretizado pelo ex-presidente do PDS. Talvez não tenha sido como os líderes do PMDB desejavam, mas o partido subiu ao poder com Sarney. O maior partido da oposição tornouse, simplesmente, o maior partido do Brasil e um partido da situação. Desde 1982, o PMDB era situação também em vários estados: São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, Espírito Santo e etc. Isso significava que, a partir de então, o PMDB seria julgado pela sua competência em conduzir os negócios públicos. Portanto, seu desempenho eleitoral não seria mais facilitado pela impopularidade do regime militar, alvo do protesto dos eleitores que votaram nos candidatos do partido. O primeiro teste aconteceu em novembro de 1985, nas eleições municipais para escolha de prefeitos das capitais dos estados. Conforme a opinião dos políticos mais experientes, era decisivo para o futuro do PMDB, vencer em São Paulo. O candidato, pelo PMDB foi o sociólogo Fernando Henrique Cardoso. Realizada a eleição, saiu vitorioso Jânio Quadros, que disputou pelo PTB. Os resultados de novembro de 1985, no principal estado, indicaram que o PMDB começava a decepcionar. 126 EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO: PINTOU NO ENEM: 1- ENEM [2014] 1- FUVEST-SP Sobre o fim do período militar no Brasil (1964 1985), pode-se afirmar que ocorreu de forma: A- conflituosa, resultando em um rompimento entre as forças armadas e os partidos políticos. B- abrupta e inesperada, como na Argentina do general Galtieri. C- negociada, como no Chile, entre o ditador e os partidos na ilegalidade. D- lenta e gradual, como desejavam setores das forças armadas. E- sigilosa, entre o presidente Geisel e Tancredo Neves, à revelia do exército e dos partidos. 2- UFTM-MG Há vinte anos, a eleição de Tancredo Neves e de José Sarney para presidente e vice-presidente da República, respectivamente, significou um marco importante na História brasileira, porque: A- permitiu a retomada do poder pelos civis, numa eleição direta vencida no primeiro turno, a exemplo do ocorrido na Argentina. B- se tornou o primeiro governo civil desde a queda de João Goulart, apesar de Tancredo não ter chegado a assumir a presidência. C- levou à vitória do partido situacionista no Colégio Eleitoral, o que permitiu a implementação da política econômica neoliberal. D- foi a primeira eleição direta desde o golpe militar de 1964 e deu início a uma nova fase, chamada pela imprensa de Nova República. E- concretizou os objetivos da campanha Diretas-Já, com a vitória da Aliança Democrática em todos os estados. A Comissão Nacional da Verdade (CNV) reuniu representantes de comissões estaduais e de várias instituições para apresentar um balanço dos trabalhos feitos e assinar termos de cooperação com quatro organizações. O coordenador da CNV estima que, até o momento, a comissão examinou, “por baixo”, cerca de 30 milhões de páginas de documentos e fez centenas de entrevistas. Disponível em: www.jb.com.br. Acesso em: 2 mar. 2013 (adaptado). A notícia descreve uma iniciativa do Estado que resultou da ação de diversos movimentos sociais no Brasil diante de eventos ocorridos entre 1964 e 1988. O objetivo dessa iniciativa é a) Anular a anistia concedida aos chefes militares b) Rever as condenações judiciais aos presos políticos c) Perdoar os crimes atribuídos aos militantes esquerdistas d) Comprovar o apoio da sociedade aos golpistas anticomunistas e) Esclarecer as circunstâncias de violações aos direitos humanos 2- ENEM [2014] TEXTO I O presidente do jornal de maior circulação do país destacava também os avanços econômicos obtidos naqueles vinte anos, mas, ao justificar sua adesão aos militares em 1964, deixava clara sua crença de que a intervenção fora imprescindível para a manutenção da democracia. Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 1 set. 2013 (adaptado). TEXTO II Nada pode ser colocado em compensação à perda das liberdades individuais. Não existe nada de bom quando se aceita uma solução autoritária. FICO, C. A educação e o golpe de 1964. Disponível em: www.brasilrecente.com. Acesso em: 4 abr. 2014 (adaptado). Embora enfatizem a defesa da democracia, as visões do movimento político-militar de 1964 divergem ao focarem, respectivamente: 127 a) Razões de Estado – Soberania popular. b) Ordenação da Nação – Prerrogativas religiosas. c) Imposição das Forças Armadas – Deveres sociais. d) Normatização do Poder Judiciário – Regras morais. e) Contestação do sistema de governo – Tradições culturais. A morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida durante o regime militar, em 1975, levou a medidas como o abaixo assinado feito por profissionais da imprensa de São Paulo. A análise dessa medida tomada indica a: A- Certeza do cumprimento das Leis B- Superação do governo de exceção C- Violência dos terroristas de esquerda D- Punição do torturadores da polícia E- Expectativa da investigação dos culpados 3- ENEM [2013] EXERCÍCIO COMENTADO ENEM [2011] A imagem foi publicada no jornal Correio da Manhã, no dia de Finados de 1965. Sua relação com os direitos políticos existentes no período revela a: “Em meio as turbulências vividas na primeira metade dos anos 1960, tinha-se a impressão de que as tendências de esquerda estavam se fortalecendo na área cultural. O Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE) encenava peças de teatro que faziam agitação e propaganda em favor da luta pelas reformas de base e satirizavam o ‘imperialismo’ e seus ‘aliados internos’”. KONDER, L. História das Ideias Socialistas no Brasil. São Paulo: Expressão Popular, 2003. A- extinção dos partidos nanicos. B- retomada dos partidos estaduais. C- adoção do bipartidarismo regulado. D- superação do fisiologismo tradicional. E- valorização parlamentar. da representação 4- ENEM [2012] “Diante dessas inconsistências e de outras que ainda preocupam a opinião pública, nós, jornalistas, estamos encaminhando este documento ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, para que o entregue à Justiça; e da Justiça esperamos a realização de novas diligências capazes de levar à completa elucidação desses fatos e de outros que porventura vierem a ser levantados.” Em nome da verdade. In: O Estado de São Paulo, 3 fev. 1976. Apud. FILHO, I. A. Brasil, 500 anos em documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999. No início da década de 1960, enquanto vários setores da esquerda brasileira consideravam que o CPC da UNE era uma importante forma de conscientização das classes trabalhadoras, os setores conservadores e de direita (políticos vinculados a União Democrática Nacional - UDN (Igreja Católica, grandes empresários etc.) entendiam que esta organização: A- constituía mais uma ameaça para a democracia brasileira, ao difundir a ideologia comunista. B- contribuía com a valorização da genuína cultura nacional, ao encenar peças de cunho popular. C- realizava uma tarefa que deveria ser exclusiva do Estado, ao pretender educar o povo por meio da cultura. D- prestava um serviço importante sociedade brasileira, ao incentivar participação política dos mais pobres. A a 128 E- diminuía a forca dos operários urbanos, ao substituir os sindicatos como instituição de pressão política sobre o governo. CAPÍTULO 14 A NOVA REPÚBLICA Resposta certa: Alternativa A. O Centro Popular de Cultura (CPC) foi uma organização associada à União Nacional de Estudantes (UNE), e extinta com o golpe militar em 1964. Um grupo de intelectuais ligados ao movimento de esquerda visando criar uma “arte popular revolucionária”, reuniu artistas de diversos ramos para defender o caráter coletivo e didático da obra de arte, além do engajamento político do artista. A proposta do CPC diferia no entanto da posição das vanguardas artísticas dos anos 1950 (tais como o concretismo), que defendiam o diálogo com a técnica e a indústria. Os artistas ligados ao CPC recusavam-se a considerar a arte como "uma ilha incomunicável e independente dos processos materiais". Acreditavam que toda manifestação cultural deveria ser compreendida exatamente "sob a luz de suas relações com a base material", combatendo o hermetismo da arte: "nossa arte só irá onde o povo consiga acompanhá-la, entendêla e servir-se dela.", afirmavam à época. GABARITO: Exercícios de Fixação: 1- D 2- B Pintou no Enem: 1- E 2- A 3- C 4- E O GOVERNO JOSÉ SARNEY (19851990) Introdução: Durante os 5 anos do governo Sarney, o país enfrentou recordes de taxas de inflação, diversas crises ministeriais, e vários planos econômicos que alteraram as regras da economia. O país passou por graves crises, com altíssimos índices de inflação anual e queda das reservas cambiais a níveis críticos. Em vista disso, o país requereu a moratória de sua dívida externa, ou seja, a suspensão temporária do pagamento dos débitos aos credores estrangeiros. Por outro lado, caracterizou-se como um governo de transição democrática, e estabeleceu novos avanços políticos importantes, como a Convocação de uma Assembleia Constituinte, o estabelecimento de eleições diretas em todos os níveis e a legalização de partidos de qualquer tendência, inclusive comunistas e socialistas. Em decorrência disso, o país renovou seus Governadores, Senadores e Deputados, Prefeitos, Vereadores e pode acompanhar, depois de quase 30 anos, uma nova campanha presidencial. Economia: Na tentativa de equilibrar a economia, foram postos em prática alguns planos, cuja principal característica era o combate à alta inflacionária. Foram eles: o Plano Cruzado 129 (1986); o Plano Bresser (1987); e o Plano Verão (1989). De todos estes planos, o que obteve maior repercussão foi o Plano Cruzado. Em fevereiro de 1986, sob a orientação do então Ministro da Fazenda, foi lançado esse plano de estabilização, objetivando conter a inflação e reorganizar a economia. Entre as principais medidas destacavam-se: O Cruzeiro perdia três zeros e passava a ser chamado de Cruzado (1000 Cruzeiros = 1 Cruzado); todos os preços estavam congelados por um ano; Os salários receberiam um abono de 8%, seriam recalculados na média dos últimos seis meses, mas só seriam reajustados após um ano ou quando a inflação atingisse 20%; Paralelamente, o governo brasileiro conseguiu renegociar a dívida externa, e a redução dos juros foi obtida sem que fosse necessário recorrer ao FMI. Um dos resultados dessa mudança foi que muitos estabelecimentos comerciais iniciaram um processo de remarcação clandestina de preços, provocando a reação dos consumidores, incentivada pela própria propaganda governamental (“Sou fiscal do Sarney”). Os resultados do Plano Cruzado foram positivos nos primeiros meses. O poder aquisitivo das camadas populares aumentou; a extinção da correção monetária realocou parte do capital dos setores financeiros para o produtivo; o índice de desemprego ficou menor. Antes do final de 1986, porém, o plano já demonstrava ter fracassado. Uma Nova Constituição: No início de seu governo, Sarney propôs ao Congresso Nacional que os parlamentares eleitos em 1986, fossem ao mesmo tempo, os membros da Assembleia Nacional Constituinte. A constituição aprovada revelou-se uma solução de compromissos entre dois blocos ideológicos distintos: os liberais tradicionais, contrários à intervenção do Estado na atividade econômica, e os intervencionistas, favorável a atuação reguladora por parte do Estado. Se encarada, porém, do ponto de vista dos chamados direitos sociais, é a mais ampla de nossa história, superando inclusive a de 1934. Em 5 de outubro de 1988, o presidente da Assembleia Constituinte, Ulisses Guimarães, declarou promulgada a nova Constituição, qualificando-a como “Constituição cidadã”. O texto havia sido aprovado por 474 votos a favor, 15 contrários e 6 abstenções. 64 deputados não estiveram presentes à votação. Um balanço geral permite-nos observar que os trabalhadores conseguiram diversas vantagens com a Constituição. Sua organização e a combatividade de seus representantes na Constituinte foram sem dúvida, os principais responsáveis por estas conquistas, dentre as quais destacam-se: A população exigia a intervenção policial e, em várias ocasiões, interditavam a empresa fraudadora por sua iniciativa. Sucederam-se tumultos e intervenção governamental de empresas, particularmente os supermercados. Alguns meses depois, muitos produtos só eram oferecidos com o pagamento de “ágil” (valor cobrado acima da tabela). Os órgãos governamentais não conseguiram controlar esta prática e o congelamento rapidamente deixou de ser respeitado pelos produtores e comerciantes. O ímpeto dos primeiros dias, quando a própria população garantia o cumprimento das normas do Plano Cruzado, também sucumbiu. Salário: ao sair de férias o trabalhador tinha direito a um abono igual a 33% de seu salário. O empregado demitido deveria receber uma indenização correspondente a 40% de seu FGTS. Todo o trabalhador que recebesse até dois salários mínimos mensais, teria direito a um abono de um salário mínimo no final do ano, pago pelo governo. Direito de greve: Tornou-se praticamente irrestrito. Jornada de trabalho: A jornada semanal baixou de 48 horas para 44 horas; a jornada de trabalho em turnos ininterruptos de revezamento era de no máximo seis horas. 130 Aposentadoria: Os aposentados passavam a receber 13º salário; nenhuma aposentadoria seria inferior a um salário mínimo. Licença Maternidade: Passava de 90 para 120 dias; também passaria a existir a licença paternidade, inicialmente de 5 dias. Outras mudanças importantes foram: - O estabelecimento de dois turnos nas eleições para Presidente, Governadores, e Prefeitos de cidades com mais de 200.000 habitantes. - O voto facultativo entre 16 e 18 anos. - A redistribuição dos impostos em favor dos estados e municípios. - A garantia por parte do estado, de benefícios e proteção às empresas brasileiras de capital nacional. - O fim da censura à rádio, televisão, cinema e etc. Em novembro e dezembro de 1989, realizaram-se as primeiras eleições diretas para Presidente da República desde 1960. Concorreram a sucessão presidencial, representantes de vários partidos políticos: Mário Covas (PSDB); Paulo Maluf (PDS); Roberto Freire (PCB); Ulisses Guimarães (PMDB), entre outros. A disputa principal, no entanto, restringiuse a três candidatos: Fernando Collor de Mello, do incipiente Partido da Renovação Nacional (PRN), representando os grupos mais conservadores da política nacional; Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT); e Leonel Brizola, do Partido Democrático Trabalhista (PDT), ambos defendendo propostas de mudanças mais profundas na estrutura socioeconômica do país. A disputa no segundo turno restringiu-se a oposição entre Collor (que já no primeiro turno havia despontado na preferência dos eleitores), e Lula, que tomou a frente de Brizola numa disputa acirrada. - A proteção ao meio ambiente. - O mandado de 5 anos para Presidente da República foi reduzido para 4 anos a partir de 1995. - Eleições diretas para Presidente da República a partir de 1989. - Garantiu-se aos índios a posse da terra que já ocupavam tradicionalmente, competindo a União, demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. Collor venceu as eleições com cerca de 35 milhões de votos (5 milhões a mais que seu opositor), assumindo a presidência em 15 de março do ano seguinte. Vendendo a imagem de “caçador de marajás”, Collor iniciou sua carreira política em Alagoas, onde foi eleito indiretamente prefeito de Maceió (Prefeito “Biônico”), Deputado Federal e Governador de estado. - A prática de racismo, constitui crime inafiançável, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei. A Constituição de 1988 não trouxe avanço, porém, em relação à reforma agrária, pois determina que as propriedades consideradas produtivas não podem ser desapropriadas. As Eleições de 1989: No final de seu governo, Sarney não havia conseguido melhorar o panorama econômico do Brasil. Contudo, levou até o fim o processo de transição democrática, iniciado em seu mandado embalado pelos ventos da liberalização política que começavam a soprar do leste europeu. A campanha de Collor baseara-se na luta contra a corrupção, na busca da modernidade para o país e na proteção às camadas mais carentes da população, os “descamisados”. 131 O GOVERNO COLLOR (1990-1992) Os Escândalos: A instabilidade econômica trouxe consigo a instabilidade política, determinando a substituição de vários Ministros e a queda da popularidade do Presidente. Com seu estilo personalista e arrogante e afeito a exibições públicas, Collor deu continuidade a sua política econômica, favorecendo as exportações e privatizando muitas empresas estatais. Com isso, acentuaram-se a recessão e a oposição ao seu governo. Além disso, Collor não conseguiu estabelecer uma base de apoio parlamentar, o que o enfraqueceu politicamente. Introdução: Ao assumir a Presidência, Collor prometeu uma política de austeridade, como corte de gastos do governo pela redução do número de funcionários fantasmas, o fim dos privilégios desmedidos de funcionários públicos e membros do governo e a privatização das empresas estatais, reduzindo assim os gastos com o aparelho estatal. O caráter neoliberal do discurso de Collor, advogando principalmente, o fim do intervencionismo estatal em assuntos econômicos, contribuiu para aglutinar setores das classes dirigentes em torno de sua proposta. Economia: No dia de sua posse, o presidente anunciou um plano econômico de combate à inflação – O Plano de Reconstrução Nacional ou Plano Collor, como ficou conhecido – que previa, entre outras medidas, o bloqueio por 18 meses de praticamente todos os depósitos bancários feitos no país. Além disso, estabeleceu o congelamento de preços e salários e a extinção de diversas empresas estatais. No comando do Ministério da Economia estava Zélia Cardoso de Mello, que, durante pouco mais de um ano, conduziu uma política econômica de caráter marcadamente recessivo. As medidas adotadas durante o governo Collor, embora drásticas, não solucionaram o grave problema da inflação, além de terem contribuído para piorar ainda mais a crise social, com o acentuado rebaixamento do padrão de vida da população brasileira. As privatizações foram também bastante tumultuadas, desencadeando violenta reação de alguns setores da sociedade. Ao mesmo tempo, surgem as primeiras denúncias de corrupção no governo, envolvendo ex-ministros (Antonio Rogério Magri, do Trabalho e Previdência Social; Alceni Guerra da Saúde; Zélia Cardoso de Mello da economia), assessores diretos da Presidência e a própria Primeira Dama Rosane Collor, na época a frente da Legião Brasileira de Assistência (LBA), todos acusados de desvio de verbas públicas. Em maio de 1992, um desentendimento familiar levou o irmão mais novo do presidente, Pedro Collor, a denunciar à imprensa irregularidades cometidas pelo empresário alagoano Paulo César Farias, ex-tesoureiro da campanha presidencial e que ainda mantinha vínculos com o governo. Suspeitando do envolvimento do presidente num amplo esquema de corrupção e tráfico de influência, o Congresso Nacional instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias contra P.C. Farias. O relatório final da CPI apontou ligações estreitas entre o presidente e o empresário, iniciando a partir daí, um processo de impeachment contra Fernando Collor. Ele recorreu a manobras judiciais e regimentares, assim como a política de troca de favores e compra de votos, para tentar bloquear o processo. Os “Caras Pintadas” e o Impeachment: 132 A população saiu às ruas em diversas cidades do Brasil, exigindo o afastamento. Estudantes secundaristas e universitários, com os rostos pintados de verde e amarelo, também participavam das manifestações pró impeachment. Pressionado pela opinião pública às vésperas das eleições municipais, o Congresso Nacional, em 29 de setembro de 1992, numa sessão histórica, decidiu pelo afastamento de Collor do cargo presidencial, enquanto se apuravam as denúncias dos fatos e se ouviam os envolvidos. Isolado politicamente e sem conseguir provar sua inocência, Fernando Collor renunciou à Presidência em 30 de dezembro de 1992. Neste mesmo dia, Itamar Franco, vice-presidente, assumiu o cargo interinamente com o apoio de todos os partidos políticos. Caso raro na história mundial – o Chefe do Executivo de um país ser afastado do poder pelas vias democráticas-, a repercussão externa do impeachment do presidente foi bastante positiva. Este fato ganhava especial importância para um país que estivera sob uma ditadura militar, e que só recentemente voltara à condição de uma democracia. passada, apeou a cáfila de salteadores que ocupou a Presidência. No acaso da chamada ao microfone por ordem alfabética, coube ao deputado Paulo Romano, do PFL mineiro, o voto que emocionou o país. Foi ele, com o 336º voto, aquele que garantia a aprovação do impeachment, que deu a senha para a comemoração, para o momento de grandeza maior. O Brasil se agitou, lágrimas foram derramadas e bandeiras agitadas. Na Câmara, presidida de maneira impecável por Ibsen Pinheiro, cantou-se o Hino da Independência com fervor cívico. Ao determinar que Collor deixe de exercer os poderes presidenciais como vinha fazendo há 930 dias, a Câmara escreveu uma página gloriosa de sua história. [...] Até minutos antes da votação, Collor estava eufórico, garantindo que iria ganhar. Quando começou a chamada dos deputados, retirou-se sozinho para o seu gabinete. Numa sala ao lado, instalaram-se o seu secretário e cunhado, Marcos Coimbra, Lafaiete Coutinho, Álvaro Mendonça, o assessor Luís Carlos Chaves e seu amigo Luiz Estevão. Estavam macambúzios, derrubados. Depois da acachapante derrota, Célio Borja saiu do Ministério da Justiça para, junto com o chefe do gabinete militar, Agenor de Carvalho, o porta-voz Etevaldo Dias e Marcos Coimbra, encontrar-se com Fernando Collor. Collor determinou a Célio Borja que desse uma entrevista coletiva, dizendo que colaboraria na transição do poder para Itamar Franco. Segundo o ministro da Justiça, o presidente apeado se disse disposto a transmitir o cargo com dignidade, cumprindo as determinações da presidência do Senado e do Supremo Tribunal Federal. Itamar Franco, que acompanhou a sessão da Câmara de sua casa, divulgou uma nota dizendo que "a nação espera de seus filhos união, paz e trabalho para o resgate desta e de futuras gerações". O novo presidente herdou os graves problemas econômicos e sociais de seu antecessor, principalmente o aumento descontrolado da inflação. Trechos extraídos da revista Veja de 30/09/2012. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/especiais/extras/fechado/impea impeac01.html>. Último acesso em 23 mai. 2014. SESSÃO LEITURA O GOVERNO ITAMAR FRANCO (19921994) Collor perde por 441 votos e anuncia, através de Célio Borja, que não renuncia e que irá colaborar na transição para Itamar O presidente Fernando Collor de Mello foi afastado do cargo que ocupava desde 15 de março de 1990. O voto de 441 deputados a favor do seu julgamento no Senado, dado em alto e bom som na memorável sessão de terça-feira Introdução: 133 O novo Presidente empossado deveria completar o mandado de seu antecessor. No plano político, o fato mais importante do governo Itamar foi à realização do Plebiscito em 1993. Previsto nos dispositivos transitórios da Constituição de 1988, essa consulta popular deveria decidir qual o regime político (monarquia ou república) e a forma de governo (parlamentarismo e presidencialismo) a serem adotados no país. Em 21 de abril de 1993 o resultado das urnas confirmou a preferência dos eleitores pela manutenção da República Presidencialista do Brasil. O Plano Real: Em sua gestão, Itamar incentivou as investigações sobre corrupção na administração pública, tendo estimulado a CPI promovida pelo Congresso Nacional para apurar as irregularidades relativas ao orçamento da União. Foram denunciados durante a investigação 23 parlamentares, 6 ministros e ex-ministros, e 3 governadores estaduais. O temperamento impulsivo, populista e algumas vezes hesitante do Presidente foi caracterizado como marca negativa de sua gestão. Em compensação, sua simplicidade, austeridade e probidade administrativa renderamlhe uma imagem positiva perante a população. Em 1995, ao passar a faixa presidencial para seu sucessor, Itamar contava com um índice de aprovação de 80% ao seu governo, conforme pesquisa efetuada por renomado instituto de pesquisa de opinião pública. O GOVERNO FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995-2002) Economicamente, a realização mais relevante do novo governo foi o Plano Real. Antes desse plano, sucederam-se três Ministros da Fazenda, que buscaram sem sucesso combater o crescente processo inflacionário. O cargo foi ocupado em maio de 1993 pelo senador Fernando Henrique Cardoso, até então Ministro das relações exteriores do governo Itamar. Em fins de 1993, com a inflação próxima a 2500% ao ano, entrou em vigência o Plano Real, cujo nome derivou da adoção de uma nova moeda nacional, que começou a circular em 1º de julho de 1994. Suas principais metas eram a redução da inflação e a estabilização econômica. Para atingir esses objetivos adotaram-se medidas visando conter os gastos públicos, privatizar as empresas estatais, reduzir o consumo com o aumento da taxa de juros e baixar o preço dos produtos com abertura do mercado interno às exportações. Política Interna: A queda da inflação e a abertura da economia propiciaram o aumento do poder aquisitivo e da capacidade de consumo dos setores de baixa renda, garantindo altos índices de popularidade ao presidente Itamar Franco. Introdução: Em 1º de janeiro de 1995, Fernando Henrique Cardoso assumiu a Presidência da República, depois de eleger-se já no primeiro turno com quase 55% dos votos válidos. Sua candidatura fora sustentada por uma aliança formada entre PSDB e PFL, este último congregando parte das forças conservadoras do país, ligadas ao regime anterior. Contra FHC concorreu Lula (PT) que obteve 27% dos votos válidos, além de Leonel Brizola (PDT), Orestes Quércia (PMDB), Esperidião Amim (PPR), entre outros. Com o sucesso do Plano Real e o prestígio político de sua formação acadêmica, o presidente recém empossado conferiu ao novo 134 governo brasileiro respeito e reconhecimento internacional. Entre as mais importantes políticas governamentais encontram-se a Reforma da Constituição e a Continuidade do Plano Real. As Reformas: No âmbito da Reforma Constitucional, no início do governo, foram aprovadas pelo Congresso Nacional as emendas que estabeleceram a quebra dos monopólios do petróleo e das comunicações. Foram também eliminadas as discriminações ao capital estrangeiro com a mudança do conceito de empresa nacional, que passou a ser considerada toda aquela constituída sob as leis brasileiras no país sediadas e administradas, independentemente de seus sócios controladores serem estrangeiros ou residentes no exterior. No final do mandado presidencial o Congresso discutia as Reformas da Previdência, do Estatuto do Funcionalismo Público e dos Sistemas Fiscal, Tributário e Administrativo. As mudanças da Constituição de 1988 visavam segundo o governo, atingir objetivos mais essenciais: assegurar a estabilidade política, mediante a reorganização do Estado e da Administração, e retomar o desenvolvimento econômico, acelerando a integração ao mercado mundial e a moderação científica e tecnológica. Efeitos do Plano Real e da Política Econômica: A política econômica do novo governo deu prosseguimento ao Plano Real. Durante os dois primeiros anos, a moeda estabilizou-se e manteve uma relativa equivalência com o dólar, além disso, a inflação manteve um patamar bastante baixo. Contudo, as medidas de ajuste adotadas provocaram recessão econômica, quebras de bancos e empresas, assim como um surto de demissões e desemprego em todos os setores da economia. Além do alto nível de desemprego nas grandes cidades, a indefinição governamental quanto à reforma agrária provocou no campo uma onda de ocupação de propriedades rurais, liderados pelo MST (Movimento dos Sem Terra). A par de importantes realizações, problemas como a distribuição de renda, a questão agrária, a melhoria da educação e saúde, entre outros, continuavam a exigir do novo governo, medidas urgentes. A política recessiva e de alto custo social foi denominada pelos diversos setores da oposição como resultado do neoliberalismo. A Reeleição: O empenho político do governo destinouse a aprovação de uma Emenda Constitucional que permitia a reeleição do Presidente da República, e dos Governadores dos estados. A partir de uma forte ofensiva junto aos grandes partidos nacionais, (PMDB, PFL, PPB, PSDB), o governo conseguiu e obteve, em outubro de 1998, uma nova vitória eleitoral. Contra a aliança de FHC, a oposição de esquerda relançou Lula como candidato a presidência e Brizola como vice. Pela primeira vez, os dois maiores partidos de oposição saíram unidos desde o início numa disputa eleitoral. Mesmo abalada por uma impressionante crise cambial, em 1998, a sociedade brasileira manteve seu apoio a FHC, que foi reeleito no primeiro turno. No entanto o resultado das eleições não pode ser considerado totalmente favorável ao governo. Nos estados houve importantes vitórias de candidatos de oposição, principalmente as de Olívio Dutra (PT/RS), Itamar Franco (PMDB/MG), e Anthony Garotinho (PDT/RJ). Em SP a vitória de Mário Covas (PSDB) só foi possível graças ao apoio de importantes lideranças de esquerda, realizando uma aproximação de setores do PSDB com setores do PT e PSB. Além disso, as eleições estaduais ativaram as lutas internas na base governista, excessivamente ampla e heterogênea. Para garantir a governabilidade do país, FHC permitiu que o Legislativo Federal fosse controlado pelos maiores partidos brasileiros, PMDB e PFL, enquanto comandava o Executivo Federal com uma equipe composta em sua maioria por velhos companheiros de militância política e amigos pessoais, muitos dos quais exilados e perseguidos pela ditadura militar. A ambiguidade do governo FHC é sempre justificada pelos seus 135 mais ardorosos defensores pelas necessidades pragmáticas do exercício do poder. Desde 1995, o ex-governador da Bahia e Senador Antônio Carlos Magalhães – o ACM – tornou-se uma espécie de eminência parda do governo brasileiro. Sua presença, no mesmo campo político de líderes marcados pela luta contra a ditadura – Franco Montouro, José Serra, Francisco Weffort – e propagandistas da modernização da política brasileira, soa pelo menos como contraditória. Parece mesmo um casamento de conveniências repleto de traições. As ambiguidades e contradições do governo FHC, somaram-se às dificuldades do PT e dos demais partidos de esquerda em ampliar suas lideranças e apresentar os programas de transformações sociais e econômicas necessárias ao país. Enquanto o governo e a oposição viveram seus dilemas e limites políticos, a sociedade brasileira apresentava índices alarmantes de desemprego, analfabetismo, desnutrição, e miséria. EXERCÍCIO DE FIXAÇÃO 1- (Fuvest 2012) b) nebuloso e pouco estudado pelos historiadores, que, em sua maioria, trataram de censurá-lo, impedindo uma justa e equilibrada compreensão dos fatos que o envolvem. c) acidental, na medida em que o impeachment de Fernando Collor foi considerado ilegal pelo Supremo Tribunal Federal, o que, aliás, possibilitou seu posterior retorno à cena política nacional, agora como senador. d) menor na história política recente do Brasil, o que permite tomar a censura em torno dele, promovida oficialmente pelo Senado Federal, como um episódio ainda menos significativo. e) indesejado pela imensa maioria dos brasileiros, o que provocou uma onda de comoção popular e permitiu o retorno triunfal de Fernando Collor à cena política, sendo candidato conduzido por mais duas vezes ao segundo turno das eleições presidenciais. PINTOU NO ENEM: 1- ENEM [2014] O presidente do Senado, José Sarney (PMDBAP), disse nesta segunda-feira [30/5] que o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello foi apenas um “acidente” na história do Brasil. Sarney minimizou o episódio em que Collor, que atualmente é senador, teve seus direitos políticos cassados pelo Congresso Nacional. “Eu não posso censurar os historiadores que foram encarregados de fazer a história. Mas acho que talvez esse episódio seja apenas um acidente que não devia ter acontecido na história do Brasil”, disse o presidente do Senado. Correio Braziliense, 30/05/2011. Sobre o “episódio” mencionado na notícia acima, pode-se dizer acertadamente que foi um acontecimento a) de grande impacto na história recente do Brasil e teve efeitos negativos na trajetória política de Fernando Collor, o que faz com que seus atuais aliados se empenhem em desmerecer este episódio, tentando diminuir a importância que realmente teve. A discussão levantada na charge, publicada logo após a promulgação da Constituição de 1988, faz referência ao seguinte conjunto de direitos: A) Civis, como o direito à vida, à liberdade de expressão e à propriedade. B) Sociais, como direito à educação, ao trabalho e à proteção à maternidade e à infância. 136 C) Difusos, como direito desenvolvimento sustentável ambiente saudável. à e paz, ao ao meio EXERCÍCIO COMENTADO ENEM [2014] D) Coletivos, como direito à organização sindical, à participação partidária e à expressão religiosa. E) Políticos, como o direito de votar e ser votado, à soberania popular e à participação democrática. 2- ENEM [2011] O movimento representado na imagem, do início dos anos de 1990, arrebatou milhares de jovens no Brasil. Nesse contexto, a juventude, movida por um forte sentimento cívico, A- aliou-se aos partidos de oposição e organizou a campanha Diretas Já. B- manifestou-se contra a corrupção e pressionou pela aprovação da Lei da Ficha Limpa. C- engajou-se nos protestos relâmpago e utilizou a internet para agendar suas manifestações. D- espelhou-se no movimento estudantil de 1968 e protagonizou ações revolucionarias armadas. Resposta certa: Alternativa E. Questão contemporânea, faz parte da ideia corrente no ENEM de trabalhar com temas ligados ao presente. Mais uma questão de interpretação de texto, que ressalta especificamente o tema “política e sociedade”. Resumidamente o texto fala de uma cultura política existente hoje no Brasil pautada na ideia de que a sociedade brasileira é conservadora, o que acabou legitimando, segundo o texto, o conservadorismo do sistema político. O argumento para a vigência de tal concepção é de que a sociedade, por ter um caráter conservador, não aceita mudanças bruscas, justificando politicamente a lentidão da redemocratização e da redistribuição de renda. Ou seja, uma sustentação ideológica por parte dos políticos das desigualdades existentes. Todavia o autor alerta que a sociedade é muito mais avançada que seu sistema político. GABARITO: Exercício de Fixação: 1- A Pintou no Enem: E- tornou-se porta-voz da sociedade e influenciou no processo de impeachment do então presidente Collor. 1- B 2- E 137 Referências ARENDT, Hannah. Origens do Totalitarismo. São Paulo: Cia. das Letras, 1990. CARVALHO, José Murilo. Os Bestializados. São Paulo: Cia. das Letras, 1987. FAUSTO, Bóris. A Revolução de 1930: Historiografia e História. São Paulo: Brasiliense, 1975. FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucília de Almeida Neves (org.). O Brasil Republicano: O tempo do nacional-estatismo. Do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003, v. 1, 376p. GARCIA, Nelson J. O Estado Novo: ideologia e propaganda política. São Paulo: Loyola, 1982. HOBSBAWM, Eric J. Era dos extremos. O breve século XX. 1914-1991. 2ª ed. São Paulo: Cia das Letras, 1995. MARX, Karl & ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista. 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