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Verão, 2017. Londrina,
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Edição 4 MMXVII
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Grupo C
CIENTISTAS DESCOBREM SISTEMA
PLANETÁRIO COM SETE 'IRMÃOS' DA TERRA
Fábio de Castro , O Estado de S.Paulo 22 Fevereiro 2017
Astros estão na órbita de uma estrela anã próxima e podem ter água líquida na superfície,
condição para existência de vida; estudo foi publicado na 'Nature'
SÃO PAULO - Cientistas anunciaram nesta quarta-feira, 22, a descoberta de um sistema
com sete planetas de tamanho comparável ao da Terra, na órbita de uma estrela “vizinha”
do Sistema Solar. De acordo com o estudo publicado na revista Nature, os seis planetas
mais próximos da estrela têm temperaturas entre 0 e 100 °C - uma característica
considerada indispensável para a eventual existência de vida.
“É a primeira vez que tantos
planetas
desse
tipo
são
encontrados em um só sistema
planetário. Eles estão em órbita
muito estreita entre si e muito
próximos de sua estrela, mas ela é
tão pequena e fria que os planetas
são
temperados.
Por
isso,
poderiam ter água líquida e, por
extensão,
abrigar
teriam
vida”,
condições
disse
o
de
autor
principal do estudo, o astrofísico
Michaël Gillon, da Universidade de
Liège, na Bélgica.
Segundo Gillon, os novos
planetas são agora “o melhor alvo”
para o estudo de atmosferas de
planetas potencialmente habitáveis
semelhantes
à
Terra.
“Essa
Foto: Nature/Segundo o estudo, o novo sistema
planetário fica a 39 anos-luz da Terra
descoberta pode ser uma importante peça no quebra-cabeças da busca de ambientes
habitáveis que possam abrigar vida”, disse o diretor da área de missões científicas da Nasa,
Thomas Zurbuchen. “Responder se estamos sozinhos no Universo é uma prioridade
máxima da ciência e descobrir tantos planetas como esses pela primeira vez na zona
habitável é um notável passo adiante em direção a esse objetivo.”
De acordo com o estudo, o novo sistema planetário fica a 39 anos-luz da Terra - uma
distância pequena para os padrões astronômicos. Ainda assim, o instrumento mais veloz já
construído pelo homem - a nave Juno, que viaja a 265 mil quilômetros por hora - levaria
quase 160 mil anos para chegar lá.
Os novos exoplanetas têm massa semelhante à da Terra e, segundo os cientistas,
também devem ser rochosos como ela. A estrela anã no centro do sistema - chamada
Trapppist-1 - é tão pequena que não chega a ser muito maior do que Júpiter. Sua massa
equivale a 8% da massa solar e seu brilho é cerca de mil vezes mais fraco que o do Sol.
Segundo Gillon, enquanto a temperatura na superfície do Sol é de 5,5 mil°C, na Trappist-1
o calor é de “apenas” 2,2 mil°C.
A descoberta partiu de pesquisas lideradas por Gillon. Sua equipe descobriu a
estrela Trappist-1 em 2010 e, em maio do ano passado, relatou a detecção de três
exoplanetas que a orbitavam. A partir daí, os autores passaram a monitorar intensamente
a estrela, o que permitiu identificar mais quatro.
Para a detecção e o estudo dos planetas do sistema Trappist-1, foram usados o
telescópio espacial Spitzer, da Nasa, e o telescópio Trappist, instalado no Chile, em 2010,
pela equipe de Gillon. Com os dados obtidos, foi possível calcular a massa dos exoplanetas
e as distâncias entre eles e a estrela.
De acordo com Gillon, no entanto, será preciso fazer novos estudos para caracterizar
cada um dos planetas. “Conseguimos obter medidas e dados de seis dos sete planetas. No
que diz respeito ao planeta mais distante da estrela, porém, ainda desconhecemos seu
período orbital e sua interação com os outros seis planetas”, explicou o astrofísico belga.
Ano de 13 dias. Os seis planetas mais próximos têm períodos orbitais - isto é, o tempo
que o planeta leva para dar uma volta completa em sua estrela -, que vão de 1,5 a 13 dias. O
fato de um “ano” nesses planetas durar apenas alguns dias ocorre porque eles estão muito
próximos de uma estrela tão pequena.
O planeta mais próximo da estrela é o mais rápido de todos: quando ele completa oito
órbitas, o segundo, o terceiro e o quarto planetas perfazem, respectivamente, cinco, três e
duas voltas ao redor da estrela.
Foto: Nature
Os cientistas concluíram que pelo menos três dos planetas podem ter oceanos de água em suas
superfícies
PARA ENTENDER
Exoplanetas e ‘zona habitável’
Todos os planetas que existem fora do Sistema Solar - isto é, que giram em torno de
outras estrelas, assim como a Terra gira em torno do Sol - são chamados pelos cientistas de
exoplanetas. Segundo os autores do novo estudo, pelo menos três dos sete exoplanetas
descobertos estão com certeza na chamada “zona habitável”, isto é, ficam a uma distância
de sua estrela que permitiria, teoricamente, a existência de água líquida em sua superfície uma característica indispensável para a existência de vida.
Se o exoplaneta estiver muito longe da estrela, a água congela. Se estiver muito
próximo, as altas temperaturas a fazem evaporar - nos dois casos, a existência de vida é
impossível. Quanto maior e mais quente é a estrela, mais distante dela fica localizada a
faixa de zona habitável.
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