MULHERES COM CÂNCER COLORRETAL

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MULHERES COM CÂNCER COLORRETAL:
IMPLICAÇÕES NA IMAGEM CORPORAL
No Brasil, o câncer colorretal é o terceiro câncer mais prevalente em mulheres
conforme estimativa do Instituto Nacional de Câncer. A cirurgia ainda é a única forma de
tratamento potencialmente curativo para portadores deste tipo de neoplasia (INCA/MS2014, CUTAIT e COTTI, 2004).
No câncer de reto, a radioterapia pré-operatória, isolada ou combinada à
quimioterapia tem sido empregada de forma crescente nos últimos anos, propiciando a
ressecabilidade em tumores irressecáveis e aumentando às chances de preservação
esfincteriana (CUTAIT e COTTI, 2004; FERRIGNO e DAVID FILHO, 2004).
A oncologia é uma especialidade que, demanda alta complexidade assistencial
durante todo o processo terapêutico. A comunicação e a atenção a graves sequelas dos
tratamentos, tais como mutilações, prejuízo de funções e suas consequências na perda de
qualidade de vida (prejuízos nas relações afetivas e profissionais, perda do referencial de
autoimagem e rebaixamento da autoestima), colocam claramente a necessidade de
cooperação de saberes interdisciplinares (INCA/MS - 2008).
É possível imaginar que, a necessidade de realizar uma cirurgia, produza
sentimentos conflitivos, traumáticos, de insegurança e ansiedade permeadas de dúvidas e
inquietudes na vida do ser humano (VILLAR e SILVA, 2009).
Pois a cirurgia como procedimento terapêutico revolve o problema de um órgão
doente, no entanto, acarreta no pré, trans e pós-operatório implicações que podem deixar
marcas e seqüelas visíveis, temporárias ou não no corpo da mulher. Isso pode afetar a sua
sexualidade e imagem corporal.
Neste sentido, a cirurgia para a “cura” ultrapassa o biológico, procedimento
objetivo e em seu bojo existem relevantes considerações subjetivas para quem o vivencia e
que devem ser investigadas. Faz-se necessário, portanto encontrar faces desse fenômeno
que contribuam para o cuidado, compreendendo a saúde em seu sentido amplo, integral e
humano (SALIMENA e SOUZA, 2008).
No decurso do tratamento para o câncer de colorretal, pode ser realizado um
estoma intestinal de caráter provisório ou definitivo, que é mais um fator que modifica a
imagem corporal e a autoimagem da mulher. Esse acontecimento deve ser considerado no
processo terapêutico do cuidado para a aceitação e reabilitação.
Essa intervenção altera a aparência e o funcionamento do corpo, embora as
mudanças nem sempre sejam visíveis quando uma pessoa está vestida. Embora a imagem
corporal não se modifique apenas pela dor, doença e mutilação, há insatisfação que está
ligada ao distúrbio libidinal (CAPISANO, 2010; FOISE, 2009).
A imagem corporal é aquela mental do corpo e não é, necessariamente, compatível
com a estrutura corporal ou aparência real de uma pessoa. Ela estruturaliza-se na mente,
quando do contato do indivíduo consigo mesmo e com o mundo, onde se rodeia
(CAPISANO, 2010; FOISE, 2009).
As modificações/alterações da imagem corporal não são mera sensação ou
imaginação. Trata-se da figuração do corpo em nossa mente. Ela se modifica na aparência
da desfiguração do corpo após uma amputação, deixando cicatriz. Esses afetam a imagem
corporal (CAPISANO, 2010 e FOISE, 2009).
A percepção dessa mudança pelo indivíduo e a importância relativa dada pela
equipe cirúrgica, sobre essa questão, geram impacto negativo que, frequentemente, leva a
efeitos adversos na saúde, como por exemplo, a depressão (CAPISANO, 2010).
A personalidade humana atravessa situações das mais diversas na vida, tornando-se
imperiosas as mudanças e suas adaptações. Isso se reflete na construção da autoimagem de
um ser humano.
Não há imagem corporal sem personalidade, pois ambas mantém relação íntima e
específica (FOISE, 2009). Do ponto de vista psicanalítico, a imagem corporal é construída
através da interação entre as instâncias psíquicas, o ego e o id, em interjogo contínuo das
tendências egóicas com as tendências libidinais (FOISE, 2009).
Os orifícios anatômicos constituem as zonas mais sensíveis do corpo, com sua
psicologia específica. Os órgãos, portadores dessas aberturas, levam o indivíduo a ter
contato com o mundo externo e com isso procede-se a descoberta do corpo. Ao se dar
ênfase às tendências psicossexuais dos orifícios anatômicos do corpo: olhos, boca, ânus,
meato urinário e orifício vulvar, aproximam-se o corpo da mente, pois essas aberturas do
soma são sede de fantasias psíquicas (FOISE,2009).
A imagem corporal não é sempre a mesma. É lábil, mutável e incompleta. Depende
do uso que fazemos dela, de nosso pensamento, de nossas percepções e das relações
objetais. O homem considerado “normal” mantém a unidade do corpo, em virtude do
predomínio de tendências construtivas. A modelagem embora vaga e nunca definitiva
acompanham as necessidades da vida (FOISE,2009).
Temos que considerar que os fatores socioculturais, além da mídia e da globalização
são fatores que, interferem no modelo da imagem corporal e trazem implicações no
processo de reabilitação da mulher submetida a tratamento, em decorrência de câncer
colorretal.
Referências
CAPISANO, H. F. Imagem Corporal. In: Mello Fº J, Burd M. e cols. 2ª ed. Porto Alegre:
Artmed; 2010 p.255-270.
CUTAIT, R.; COTTI, G. C. C. Tratamento Cirúrgico de Câncer de Colón:
Ressecções Clássicas. In: Rossi B.M. at al. Câncer de Colón, Reto e Ânus. Lemar e
Tecommed Editora. São Paulo. 2004, p.207-215.
FERRIGNO, R.; DAVID, F. W. J. Radioterapia e Quimioterapia Pré-Operatória em
Câncer de Reto. In: Rossi B. M. et al. Câncer de Colón Reto e Ânus. Lemar e
Tecnommed. São Paulo. 2004, p.264-273.
BRASIL. Incidência de Câncer no Brasil. Estimativa 2014 - INCA. Ministério da Saúde.
Disponível em: www.inca.gov.br. Acesso em 15 de março de 2014
INCA/MS, 2008. Ações de enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de
integração ensino-serviço. Instituto Nacional de Câncer. 3ª ed. Rio de Janeiro.
FOISE, V. N. Autoconceito. In: PORTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de
Enfermagem. Elsevier. Rio de Janeiro. 2009. p.410-425.
SALIMENA, A. N. O.; SOUZA, I. E. O. O Sentido da Sexualidade de Mulheres
submetidas a Histerectomia: Uma Contribuição da Enfermagem para a Integralidade da
Assistência Ginecológica. Revista Esc. Enferm. Anna Neri, Rio de Janeiro, vol. 12, n.4,
p.637-644, 2208. Disponível em: www.scielo.br/pdf/ean/v12/n4/v12n4a05. Acesso em 15
de março de 2014.
VILLAR, A. S.; SILVA, L. R. Os Sentimentos de Mulheres Submetidas á Histerectomia e a
Interferência na Saúde Sexual. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online.
Rio de Janeiro, vol.1, n.2, 2009. Disponível em: www.seer.unirio.br/index. php/cuidado
fundamental/article/view/365/342. Acesso em: 20 de março de 2014.
Autoras:
Maria da Penha Schwartz
Enfermeira Estomaterapeuta Hospital de Câncer I-Instituto Nacional de Câncer RJ.
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação do Doutorado em Enfermagem e Biociências
da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (PPBGENFBIO/UNIRIO). Turma:
1/2014.
Leila Rangel da Silva
Doutora em Enfermagem - UFRJ. Professora Associada do Departamento de Enfermagem
Materno-Infantil da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto (EEAP) da UNIRIO.
Nébia Maria Almeida de Figueiredo
Doutora em Enfermagem – UFRJ. Professora Emérita da Escola de Enfermagem Alfredo
Pinto (UNIRIO). Professora no Programa de Pós Graduação Doutorado em Enfermagem
e Biociências (PPBGENFBIO/UNIRIO). Grupo de Pesquisa MOTRICIDADE
HUMANA E CUIDADOS (PPBGENFBIO/UNIRIO).
Como citar este post (Vancouver adaptado): SCHWARTZ, MP; SILVA, LR;
FIGUEIREDO, NMA. MULHERES COM CÂNCER COLORRETAL:
IMPLICAÇÕES NA IMAGEM CORPORAL. [internet]. Rio de Janeiro (Br); 2014
[Acesso em: dia mês (abreviado) ano]. Disponível em: http://www... (completar com os
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