G L O S S Á R I O DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 3a e d i ç ã o Desertificação Milhões de hectares 300 250 Desmatamento 200 Superpastejo 150 Cultivos 100 50 0 África Ásia Australásia Europa Re giões América do Norte América do Sul GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 1 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 2 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS BRENO MACHADO GRISI GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS (3ª edição revisada e ampliada) ILUSTRADO COM FOTOS, QUADROS, FIGURAS E GRÁFICOS JOÃO PESSOA 2007 3 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Breno Machado Grisi Endereço eletrônico: [email protected] Blog: http://brenogrisi-ecologiaemfoco.blogspot.com Capa: no sentido horário começando com o (i) mapa resumido dos biomas brasileiros (informação/divulgação do Ministério do Meio Ambiente); (ii) pintor-verdadeiro (Tangara fastuosa), pássaro da Mata Atlântica (foto de documento sobre a Mata Atlântica, sem dados da publicação); (iii) captação e armazenamento do dióxido de carbono (foto de documento sobre iniciativa de estudos do IPCC – International Panel on Climate Change,); (iv) gráfico representativo da desertificação mundial; (v) carvoaria na amazônia, uma das causas do desflorestamento (foto reproduzida de Collins, M. (ed.) (1990) The last rain forests. London, Mitchell Beazley Publ., 200p.) 4 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS HOMENAGEIO os “Severinos, Josés, Marias”... das caatingas do Nordeste, “botânicos”, “zoólogos”, “ecólogos” anônimos que puseram nomes em todas as plantas e praticamente todos os animais desse bioma brasileiro e sempre souberam usufruir dos limitados recursos da Natureza ao seu alcance, mesmo sem ter um mínimo conhecimento teórico hoje propiciado pela ecologia e ciências ambientais. DEDICO às crianças brasileiras cujos pais desprovidos de recursos, não poderão lhes dar a oportunidade de se beneficiarem com os resultados práticos da ciência e tecnologia 5 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 6 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS “O objetivo da ciência não é o de abrir portas para a sabedoria infinita, mas o de estabelecer limites para o erro infinito” Bertolt Brecht 7 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 8 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Agradecimentos: a todos que tiveram oportunidade de testar os termos inseridos nas duas primeiras edições e cujas sugestões estimularam-me na busca da melhoria do presente trabalho. Agradeço em particular, aos Mestres que testando as edições anteriores “na linha de frente” dos estudos em ecologia, ajudaram-me a entender que o objetivo final de quem tenta contribuir para o conhecimento das ciências que lidam com o meio ambiente, está sempre muito distante para ser alcançado. 9 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 10 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS apresentação N ão há nenhuma pretensão aqui de apresentar uma enciclopédia ou dicionário tecnológico com todos os termos ecológicos. Neste aspecto é interessante lembrar o que diz o “The New Fowler’s Modern English Usage” (um clássico da língua inglesa) sobre o que seja um GLOSSÁRIO, em oposição a um Dicionário e a um Vocabulário: “um glossário é uma lista alfabética de palavras difíceis que são usadas num assunto ou texto específico; é usualmente de comprimento modesto; nele é selecionado o que se julga ser obscuro, enquanto num vocabulário, tudo é julgado como obscuro; e um dicionário é um trabalho mais ambicioso, embora tenha termos com semelhanças a de um glossário”. O objetivo maior é definir claramente alguns dos termos mais comuns de ecologia e ciências ambientais. São também focalizados termos que, embora de emprego comum em outras ciências (geologia, botânica, oceanografia etc), estão relacionados direta ou indiretamente com as características ambientais do ser vivo, ou melhor dizendo, relacionados com as “ciências ambientais”. A ecologia, que se originou como ciência no início do século XX, comparada com outras disciplinas das ciências biológicas, como a botânica e a zoologia, cujos estudos iniciaram-se com os gregos (Aristóteles, 384 a 322 a.C., era um observador perspicaz da Natureza), pode ser considerada como disciplina novíssima. Suponhamos que se cada século vivido por nós do mundo ocidental correspondesse a 10 anos; a botânica e a zoologia, por exemplo, estariam hoje com mais de “230 anos de existência”, enquanto a ecologia estaria prestes a completar seu “1o aninho de vida”. Daí a possível explicação à tendência de se introduzir tantos termos, devido às novas descobertas e necessidade de definí-las ou conceituá-las. A vivência ou confirmação dos fenômenos e processos descritos como novos, fixarão os termos introduzidos, fazendo-os comuns e desejavelmente, fáceis de serem entendidos. Os termos aqui incluídos foram selecionados a partir de conceituações feitas pelos autores de livros e artigos relacionados na bibliografia consultada e apresentada no final do glossário. Neste aspecto, não haveria como negar que a obra maior de referência aqui utilizada foi o livro dos ecólogos M.Begon, C.R.Townsend e J.L.Harper (nas edições 2a, 11 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS do ano 1990 e 4a, de 2006), que constam da bibliografia. Muitos desses termos foram modificados em sua definição, para facilitar seu entendimento ou complementar sua conceituação, visando atender aqueles que estudam ecologia ou que estão interessados no conhecimento das ciências ambientais. Outra obra de consulta freqüente, constando da Bibliografia, foi a de R.E. Ricklefs (“The economy of nature”), que em sua quinta edição (2007) inclui uma nova seção de grande utilidade (“Data Analysis Update”, ou Atualização de Análise de Dados). Considero ser o presente trabalho, apenas mais uma obra simples de referência, direcionada para principiantes, devendo ser complementada com consultas a outras mais específicas, para os mais avançados e que figuram na “Bibliografia Utilizada para o Glossário”. Hoje em dia, são muitos os sites disponíveis na Internet e que podem ser de grande utilidade para enriquecer conhecimento e elucidar dúvidas; devendo o leitor no entanto, ser cuidadoso com relação às fontes de consulta. Este glossário, mesmo em sua terceira edição, considero ser uma experiência incipiente, devendo por isso ser melhorado e ampliado futuramente. Neste sentido, solicitam-se aos consulentes em geral, críticas e sugestões. 12 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Aos consulentes Quando determinado termo tiver sinônimos ou corresponder a termos similares, com mesmo significado ecológico, estes figuram com um sinal de igualdade. Exemplo: • HABITAT HABITAT = ECOTOPO = BIOTOPO A definição é dada no termo mais comum: HABITAT. • ACIDÓFILO (ACIDOFÍLICO, ACIDOFILIA) ACIDOFÍLICO e ACIDOFILIA são termos derivados ou relacionados ao termo ou verbete de entrada ACIDÓFILO. Alguns termos estão definidos em outros, no qual foram necessariamente inseridos. Exemplo: • CARNÍVORO (Ver CADEIA ALIMENTAR) No verbete CADEIA ALIMENTAR o termo carnívoro é definido. Alguns outros termos são usualmente utilizados como denominações compostas, mas o nome principal vem em primeiro lugar e o complemento vem logo após vírgula: • AUTOTRÓFICO, LAGO Embora raros, aparecem verbetes (termos de entrada) em inglês, ou outra língua, por serem às vezes mais conhecidos sob a denominação original; ou o termo em português ainda não está bem definido ou não se consagrou seu uso. Estes são os casos, por exemplo, de: • “FITNESS” O termo (sem equivalente preciso em português) é definido em “fitness”. • “GUILD” O termo (sem equivalente preciso em português) é definido em “guild”. 13 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 14 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS A “a-” e “an-” Prefixo de origem grega indicando “ausência; falta; sem”. Ex.: acromático (sem coloração; despigmentado); anaeróbio (que vive na ausência de oxigênio). Alguns termos de entrada virão a seguir. “ab-” e “ad-” Prefixos latinos. “Ab-” significa “do lado oposto ou afastado do eixo”; referindo-se, por exemplo em botânica, à face inferior da folha (abaxial). “Ad-” quer dizer “que se encontra do lado do eixo ou próximo a ele”; referindo-se no caso botânico à face superior da folha (adaxial), lembrando a palavra aderir. ABALOS SÍSMICOS (EM REPRESAS) Nas represas com grandes massas de água, geralmente ocupando áreas extensas, a alta pressão hidrostática pode gerar acomodações das camadas do subsolo, gerando abalos sísmicos. A parte da geofísica que estuda os terremotos e a propagação das ondas (elásticas) sísmicas é a Sismologia. (Ver ESCALA DE RICHTER) ABIOSSÉSTON (Ver SÉSTON) ABIÓTICO Sem vida. Diz-se do meio ou do elemento (substância, composto...) desprovido de vida. Fatores abióticos ou componentes abióticos de um ecossistema: são os fatores ambientais físicos desse ecossistema (clima, por exemplo) ou químicos (inorgânicos como a água, o oxigênio e orgânicos, como os ácidos húmicos etc). (Ver BIÓTICO) ABISSAL (Ver ZONA ABISSAL; e APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ABISSOBENTÔNICO (ou ABISSOBÊNTICO ou ABISSALBENTÔNICO ou ABISSALBÊNTICO) (Ver ZONA ABISSOBENTÔNICA; e APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ABISSOPELÁGICO (ou ABISSALPELÁGICO) (Ver ZONA ABISSOPELÁGICA; e APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ABROLHO Denominação dada geralmente, a rochedo que aflora acima d’água, no mar, formando por vezes, ilhas, como o do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, no litoral sul da Bahia (a 70 km da costa), entre Caravelas (sul da Bahia) e São Mateus (norte do Espírito Santo). O parque assenta-se sobre cinco formações rochosas, constituindo-se nas ilhas de Santa Bárbara, Siriba, Redonda, Sueste e Guarita, dispostas em arco, denunciando, sua provável origem de borda de cratera vulcânica. De julho a novembro as baleias jubarte ali procriam. Inúmeros são os peixes que habitam nos seus exuberantes recifes de corais (parus, barracudas, badejos, garoupas, meros, enguias, arraias ...); e lá vivem também golfinhos e aves marinhas (ver fotos que seguem do site ibama.gov.br: no sentido horário começando com a vista aérea dos abrolhos, anêmona, ave marinha e peixe-pedra). 15 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS (Ver RECIFES) “ABS − ALKYLBENZENE SULPHONATE” O sulfonato de alquilbenzeno (sigla em inglês, “ABS”) é uma substância surfactante (tensoativa) usada como detergente. Cinqüenta por cento dos detergentes (líquido ou em pó) comercializados nos E.U.A. e europa ocidental contêm o “ABS”; sendo este muito procurado por ter eficiente propriedade de limpeza e produção de espuma. Não é imediatamente biodegradável e é altamente tóxico aos organismos aquáticos. ABSCISÃO Processo natural em que duas partes de um organismo se separam. Aplica-se este termo ao processo de queda de partes de plantas (folhas, flores, frutos ...) por ação de substância estimuladora (abscisina). O ácido abscísico (ABA, sigla em inglês) é também um potente inibidor de crescimento, auxiliando a induzir e prolongar a dormência de gemas vegetativas. Além disso, o ABA é inibidor de germinação de semente e exerce papel importante no fechamento de estômatos. ABSENTEÍSMO Refere-se ao comportamento de certos animais que nidificam a uma certa distância de sua área de vivência (onde estão seus outros descendentes), levando alimento para os filhotes, dedicando-lhes um mínimo de cuidado. ABSORÇÃO Movimento de íons e água para dentro da raiz da planta; se ocorre como resultado de processos metabólicos da raiz (contra um gradiente) é dita ativa; e se é resultado de forças que “puxam” a água a partir da corrente transpiratória gerada pelas folhas, é dita passiva. ABUNDÂNCIA Este termo é geralmente usado para designar uma estimativa grosseira de densidade, quando se deseja informação superficial e mais rápida sobre determinada situação de uma planta ou animal (como por exemplo na seguinte classificação: 1) muito raro; 2) raro; 3) ocasional; 4) abundante; 5) muito abundante). (Ver ABUNDÂNCIA RELATIVA; DENSIDADE; DENSIDADE ECOLÓGICA; e ESPÉCIE RARA) 16 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ABUNDÂNCIA RELATIVA Refere-se à abundância de um determinado organismo, relacionando-se com o tempo (ex.: animais vistos por hora) ou como porcentagem (ex.: porcentagem de quadrados ou pontos de amostragem ocupados por determinada espécie de planta ou animal fixo). (Ver ABUNDÂNCIA; DENSIDADE; e DENSIDADE ECOLÓGICA) AÇÃO BACTERIOSTÁTICA (Ver ANTIBIOSE; e EFEITOS ANTIMICROBIANOS) AÇÃO DEPENDENTE / INDEPENDENTE DA DENSIDADE (Ver DENSIDADE) AÇÃO FUNGISTÁTICA (Ver ANTIBIOSE; e EFEITOS ANTIMICROBIANOS) ACARICIDA Diz-se da substância que mata ácaros e carrapatos (acarinos, da classe dos aracnídeos, do filo dos artrópodes). ACAROFITISMO Simbiose ácaro-planta. A planta que serve como hospedeira de ácaro é um organismo acarófito. ACASALAMENTO ou COPULAÇÃO EXTRA-PAR (Ver EXOCRUZAMENTO) “ACCESSIBILITÉ” Termo importado do francês, usado em fitossociologia referindo-se às condições prevalecentes num certo local e que podem influenciar na possibilidade de um propágulo ali se estabelecer. ACEIRO Remoção de parte de uma vegetação feita para evitar a propagação do fogo ou como trilha. Qualquer remoção de vegetação em torno de construção, ao longo de cercas etc. ACETIFICAÇÃO Conversão por bactérias aeróbias, de etanol para ácido acético. ACICULIFOLIADA (Ver FLORESTA ACICULIFOLIADA) ACIDENTAL (ou CASUAL) Diz-se geralmente de uma espécie vegetal que normalmente não ocorre numa certa comunidade ou habitat. ÁCIDO ABSCÍSICO e ABSCISINA (Ver ABSCISÃO) ACIDOBIÔNTICO (Ver ACIDÓFILO) ACIDÓFILO (ACIDOFÍLICO, ACIDOFILIA) ACIDÓFILO = ACIDOBIÔNTICO Organismo que medra em ambiente ácido (em pH abaixo de 7). O oposto, ou seja, o organismo que não consegue viver em tal pH é chamado de acidófobo (ou acidofóbico). Usa-se o termo acidotrófico para designar aquele que se alimenta de substâncias ácidas (ou microrganismo que vive de substrato ácido). (Ver “alcali-”; e “-filia” / “-filo”) ACIDÓFOBO (Ver ACIDÓFILO) ACIDÓLISE Em ambientes (alguns deles frios) onde a decomposição da matéria orgânica não é total, formam-se ácidos orgânicos que reduzem o pH das águas, tornando capaz a complexação do ferro e alumínio, pondo-os em solução. Nestes ambientes com pH <5, ocorre a acidólise (ao invés de hidrólise), constituindo-se no processo dominante de decomposição dos minerais primários no solo. As rochas que sofrem acidólise total (ex. de reação com pH <3: KAlSi3O8 + 4H+ + 4H2O → 3H4SiO4 + Al3+ + K+) geram solos constituídos praticamente apenas dos minerais primários mais insolúveis, tal como ocorre nos espodossolos (alguns dos antigos podzólicos). (Ver LATOLIZAÇÃO; e SILICATOS) ACIDOTRÓFICO (Ver ACIDÓFILO) ACLIMAÇÃO (ou ACLIMATAÇÃO) (Ver ADAPTAÇÃO) ACLIMATAÇÃO (ou ACLIMAÇÃO) (Ver ADAPTAÇÃO) 17 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ACLIVE CONTINENTAL (Ver TALUDE (e TALUDE CONTINENTAL); e APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ACONDICIONAMENTO DE NICHO (Ver NICHO ECOLÓGICO) ACREÇÃO Um aglomerado ou deposição de material, ocorrendo geralmente no processo de sedimentação. ACRIDOFAGIA Hábito de comer gafanhotos (estes acrídeos são insetos ortópteros heterometabólicos). Acridófago é aquele que come gafanhotos, como alguns seres humanos africanos. ACRODENDRÓFILO Que vive no topo de árvores. (Ver “-cola”) ACTINOMICETO Denominação não-taxonômica dada a um tipo de bactéria filamentosa, apresentando certas características que a põem entre a bactéria e o fungo verdadeiro. ACTINORRIZA Tipo de actinomiceto (bactérias filamentosas do gênero Frankia) que vive em simbiose com raízes de certas plantas, como a Casuarina. ACTÓFILO (ACTOFILIA) Organismo que vive sobre rochas costeiras. AÇUDE Reservatório de água, natural ou feito pelo homem a partir de represamento de um rio ou condução de água vinda de outro local. Serve de abastecimento d’água (manancial) e para irrigação. ACUMULAÇÃO (ou GRAU DE ACUMULAÇÃO) (Ver GRAU DE ACUMULAÇÃO) ADAPTAÇÃO ADAPTAÇÃO = ADAPTAÇÃO ECOLÓGICA Capacidade que tem determinado ser vivo (ou determinado elemento constituinte morfológico ou fisiológico do organismo do ser vivo) de ajustar-se a um ambiente, devendo-se entender que “ajustarse” é uma conseqüência do passado. A adaptação envolve mudança genética, ao passo que a aclimatação geralmente não envolve. Às plantas de clima frio, do hemisfério norte por exemplo, atribui-se uma reação de robustecimento (termo usado entre os horticultores, do inglês “hardening” = robustecimento, endurecimento), em que os vegetais, inaptos a lidarem com a friagem no verão, já em outubro (no outono) adquirem tolerância ao abaixamento da temperatura. Tal tolerância ao resfriamento, depende do estádio de desenvolvimento da planta. A adaptação vai além da mera tolerância às flutuações ambientais; estende-se à participação ativa na periodicidade (Ver RELÓGIO BIOLÓGICO) como um meio para coordenar e regular funções vitais. A figura seguinte mostra a adaptação morfológica de folhas do carvalho negro (Quercus nigra) à luz (COLINVAUX, 1986). A B C D E Obs.: 1) A: folha de plântula de Q. nigra. B: Folha de um ramo à sombra, próximo do solo. C, D e E: folhas, progressivamente, para o alto da árvore. 2) Os círculos desenhados nas folhas realçam a superfície do limbo, importante na absorção da luz, comparada com os lobos da folha; estes se acentuam à medida que as folhas reduzem a superfície do limbo, ou seja, à medida em que elas vão estar em maior contato com a luz (no topo das árvores). Em muitos ecossistemas observa-se uma redução da intensidade clorofílica nas folhas de sombra (do estrato inferior) para as de sol (do estrato superior) (na figura, de A para E, reduzindo a intensidade da cor verde). (Ver FATOR LIMITANTE) 18 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ADAPTAÇÃO ECOLÓGICA (Ver ADAPTAÇÃO) ADELFOFAGIA Diz-se geralmente de larvas que se alimentam de outras larvas ou de ovos de animais que lhes são relacionados taxonomicamente (às vezes da mesma espécie). ADELFOPARASITA Um organismo que parasita um hospedeiro que se lhe relaciona taxonomicamente, em oposição ao aloparasita. ADESÃO Atração molecular que mantém duas substâncias dissimilares, juntas, como a que ocorre entre a água e partículas minerais do solo. (Ver ADSORÇÃO; e COESÃO) ADIABÁTICO Aplica-se este termo, por exemplo, a uma massa de ar que se eleva, reduzindo-se sua pressão e se expandindo adiabaticamente na atmosfera, ou seja, sem perda nem ganho de temperatura. E em assim sendo, sua temperatura cairá ao tempo em que se expande para ocupar maior volume. ADITIVOS ALIMENTARES Substâncias, naturais ou sintéticas, adicionadas aos alimentos processados, com diversos propósitos (conservar, complementar com vitaminas ou aminoácidos, melhorar o sabor, cor ou textura ou alterar outras características, como o pH; ou evitar sua oxidação (antioxidantes) ou que não adquira umidade (antiumectantes) ou que a adquira (umectantes). Tais aditivos são submetidos à rigorosa análise toxicológica, antes de se permitir seu uso na indústria alimentícia. ADSORÇÃO Ligação, geralmente temporária, de íons ou compostos à superfície de sólidos. (Ver ADESÃO; e COESÃO) ADUBAÇÃO ORGÂNICA Uso de material orgânico (partes de plantas, dejetos animais etc) para fertilizar um solo, fornecendo a um cultivo, os nutrientes necessários a uma boa produtividade. (Ver COMPOSTAGEM; e FERTILIZANTE) ADUBAÇÃO VERDE Procedimento recomendado na agroecologia e hoje bastante utilizado na prática agrícola em geral, de incorporar ao solo matéria orgânica proveniente de um cultivo (geralmente os remanescentes deixados após a colheita do produto agrícola desejado), com a finalidade de melhorar as condições nutricionais e edáficas do solo; ao tempo em que se evita sua erosão e degradação de suas propriedades. Utiliza-se esta expressão também quando se deseja referir-se ao enriquecimento em nitrogênio que as leguminosas proporcionam ao solo, pela simbiose de suas raízes com bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico. AERÓBIO Organismo que respira aerobiamente. (Ver RESPIRAÇÃO AERÓBIA) AEROSSOL Pequena partícula (< 0,001 mm) sólida ou líquida, em suspensão no ar ou gás. Exemplo: aerossóis marinhos, que são partículas contendo sais marinhos, que conduzidas pelo vento, atingem a grandes distâncias da costa. AFITAL (Ver ZONA AFITAL) AFLATOXINAS Substâncias tóxicas, cancerígenas, produzidas por fungos (Aspergillus flavus) que proliferam em grãos de amendoim, trigo ou milho, mal armazenados. Alguns invertebrados marinhos (ostras, mexilhões) também podem concentrar aflatoxinas em suas carnes. AFÓTICO (Ver ZONA AFÓTICA) AGENTE LARANJA (Ver DIOXINAS) AGENTE POLUIDOR (Ver POLUENTE) AGREGAÇÃO Agrupamento de indivíduos de uma mesma população, ou de várias populações, em resposta às diferenças de habitat ou em resposta às mudanças diárias ou estacionais, ou como resultado de processos reprodutivos ou como resultado de atrações sociais (nos animais superiores). Em algumas populações 19 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS (inclusive a de seres humanos) ocorre uma agregação num determinado local do seu habitat escolhido como área de dormida. Ao aumento de densidade de predador em locais (ou manchas de habitat da presa) onde se concentre maior número de presa, dá-se o nome de resposta de agregação. No processo de agregação vale considerar o “egoísmo dentro da manada” (tradução literal do inglês “selfish herd”, sem equivalência precisa em português); segundo W.D.Hamilton, em algumas populações animais com certa organização racional, os novos indivíduos são admitidos no grupo ocupando inicialmente a borda, ou seja, o “território perigoso”. Em certas agregações, a periferia é mais suscetível ao ataque de predadores. AGRESTE Ecossistema de transição entre a mata úmida e a caatinga, no estado da Paraíba, possuindo portanto espécies vegetais comuns desses ecossistemas. Alguns autores subdividem o agreste em sublitorâneo e da borborema. No primeiro ocorrem: marmeleiro, Crotalum sp; juazeiro, Zizyphus joazeiro; além de bromeliáceas e cactáceas, como o facheiro, Cereus jamacaru. No agreste da borborema ocorrem: catingueira, Caesalpinia pyramidalis; umbuzeiro, Spondias tuberosa; baraúna, Schinopsis brasiliensis; angico, Anadenanthera macrocarpa; e o pau d’arco Tabebuia sp, além de outras. AGRICULTURA DE SUBSISTÊNCIA Uso de energia (energia solar, de tração animal e do próprio homem) visando uma produção agrícola apenas suficiente para gerar alimento e recursos para o sustento do próprio agricultor e sua família. Raramente há produção de excedente para a comercialização ou para armazenar, como suprimento para “tempos mais difíceis”. AGRICULTURA ITINERANTE Tipo de sistema agrícola (“shifting cultivation”, em inglês), primitivo, adotado historicamente nos ecossistemas de floresta tropical, em que o ser humano derruba trecho da floresta, queimando-o como preparo da terra para o cultivo de subsistência, obtendo durante poucos anos (4 a 6 ) alimento e posteriormente, abandonando essa área que se tornou improdutiva. Passa então a ocupar novo trecho de floresta e assim por diante. A área inicial abandonada, onde se estabeleceu vegetação secundária, após cerca de 20 anos, poderá ser novamente utilizada para o cultivo. Na amazônia os indígenas ainda praticam a agricultura itinerante, plantando milho, mandioca etc, assim como muitos agricultores ditos civilizados usam este sistema, também conhecido por “slash-and-burn” (em inglês; sendo também usada a expressão “clear cutting”). As queimas de pastagens, principalmente em Rondônia, feita para controlar as “ervas daninhas” que nelas proliferam, são também consideradas como sério problema ecológico. AGROCLIMATOLOGIA O estudo do clima em relação à produtividade de plantas e animais de importância na agropecuária. (Ver BIOCLIMATOLOGIA) AGROECOLOGIA Aplicação de princípios ecológicos nas ciências agronômicas. (Ver BIOAGRONOMIA) AGROECOSSISTEMA (Ver AGROSSISTEMA) AGROFLORESTA O sistema agroflorestal baseia-se na reconstituição do complexo sistema florestal original, nele inserindo-se algum tipo de cultivo ou diferentes tipos de cultivo, de maneira a manter o sistema economicamente produtivo, preservando a biodiversidade e as características, o mais próximo possível, do sistema original natural. A combinação deste sistema com diversidade de atividades antrópicas (agrícola, agroflorestal, extrativista, pesca e caça) é que pode se constituir em garantia de sucesso ecológico e econômico na obtenção de melhor qualidade de vida ambiental, estando aqui inserido o ser humano. Tem sido agora comum encontrar-se na amazônia, por exemplo, o plantio de árvores frutíferas nativas, entre parcelas de plantio de mandioca. No nordeste brasileiro, procedimento similar é encontrado na caatinga. Nas fotos que seguem (do site: www.biosferadacaatinga.org.br; autor: Pieter Vranckx) vê-se sistema agroflorestal na caatinga, em período chuvoso (à esquerda, com cultivos de banana, milho, mandioca, palma ...) e em período seco (à direita, com cultivo de palma, Opuntia sp). 20 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS AGROINDÚSTRIA Atividade industrial baseada no beneficiamento de produto obtido da agricultura e/ou pecuária. Exemplos: usina de cana-de-açúcar, destilarias de álcool, óleos vegetais, laticínios, frigoríficos e matadouros, fecularias, curtumes, sucos e conservas, bebidas, têxteis. (Ver ECOLOGIA INDUSTRIAL) AGRONOMIA Conjunto de ciências e princípios aplicados à agricultura. (Ver AGROECOLOGIA) AGROSSISTEMA AGROSSISTEMA = AGROECOSSISTEMA = ECOSSISTEMA AGRÍCOLA Sistema ecológico introduzido e manipulado pelo homem, constituído por seres vivos (componente biótico) em interação com o ambiente (componente abiótico). No caso específico de cultivo introduzido em floresta, dá-se o nome de agrofloresta. (Ver AGROFLORESTA; AQÜICULTURA; e ECOSSISTEMA) AGROSTOLOGIA Estudo das gramíneas. AGROTÓXICO (Ver PESTICIDA) ÁGUA BRUTA Água, geralmente para abastecimento, antes de receber qualquer tratamento. ÁGUA CAPILAR Água existente nos poros do solo, aderindo às partículas como uma película e que sob a influência de “forças capilares” (decorrentes de um gradiente de potencial de água) disponibiliza-se à absorção pelas raízes das plantas e pela microbiota. ÁGUA DE PERCOLAÇÃO ÁGUA DE PERCOLAÇÃO = ÁGUA INTERSTICIAL Água, geralmente de precipitação pluvial, que penetra no solo, ou seja, nos seus espaços ou interstícios. As raízes de muitas plantas se beneficiam somente dessa água. ÁGUA DURA (Ver DUREZA DA ÁGUA) ÁGUA HIGROSCÓPICA Vapor d’água adsorvido às partículas do solo. ÁGUA INTERSTICIAL (Ver ÁGUA DE PERCOLAÇÃO) ÁGUA MOLE (Ver DUREZA DA ÁGUA) ÁGUA POTÁVEL Água de boa qualidade, adequada para o consumo humano, satisfazendo aos padrões de potabilidade determinados pelo Ministério da Saúde. A Resolução CONAMA nº 20, de 18/06/86 estabelece nove classes para as águas doces, salobras e salinas do Território Nacional. Quanto às águas doces há as seguintes classes e respectivas destinações: I-Classe especial destinada: a) ao abastecimento doméstico sem prévia ou com simples desinfecção; b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas. 21 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS II-Classe 1 destinada: a) ao abastecimento doméstico após tratamento simplificado; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho); d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e) à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à alimentação humana. III-Classe 2 destinada: a) ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional; b) à proteção das comunidades aquáticas; c) à recreação de contato primário (esqui aquático, natação e mergulho); d) à irrigação de hortaliças e plantas frutíferas; e) à criação natural e/ou intensiva (aqüicultura) de espécies destinadas à alimentação humana. IV-Classe 3 destinada: a) ao abastecimento doméstico, após tratamento convencional; b) à irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; c) à dessedentação de animais. V-Classe 4 destinada: a) à navegação; b) à harmonia paisagística; c) aos usos menos exigentes. Para as águas de Classe Especial, os coliformes totais deverão estar ausentes em qualquer amostra. No quadro que segue estão representados os valores das principais fontes de água da Terra (COLINVAUX, 1986). RESERVATÓRIO Oceanos Gelo glacial Lençol freático Água retida no solo Água doce dos lagos Mares em terra e lagos salgados Rios e riachos Atmosfera (nuvens e vapor no ar) VOLUME DE ÁGUA (X 106 km3) 1322,0 29,2 8,4 0,067 0,125 0,104 0,001 0,013 TOTAL (%) 97,21 2,15 0,62 0,005 0,009 0,008 0,0001 0,001 ÁGUA RESIDUÁRIA Água de despejo, contendo resíduo com potencialidade para poluir. ÁGUA SUBTERRÂNEA (Ver LENÇOL FREÁTICO) AGUDO (EFEITO AGUDO / DOENÇA AGUDA) Efeito / doença que ocorre em curto espaço de tempo, por exposição à determinada substância tóxica / agente causador de doença, podendo ocorrer morte ou recuperação rápida. No caso de doença, citam-se como exemplos, a febre tifóide e o sarampo. (Ver CRÔNICO) AIA (AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL) (Ver IMPACTO AMBIENTAL) ALBEDO Relação entre a energia (solar ou eletromagnética) incidente e a refletida. É de importância ecológica, uma vez que participa do fluxo energético. Como exemplo de seus valores, geralmente representados em porcentagem, um solo arenoso tem um albedo de 25 a 30 e uma floresta de 5 a 10. “alcali-” “alcali-” = “basi-” Prefixo de origem árabe, significando “soda”, ou seja, qualquer substância de sabor cáustico ou acre e que tem sido utilizado para indicar meio ou ambiente alcalino ou básico (com pH acima de 7). Se um organismo tem afinidade por este meio ou ambiente, ele é dito alcalófilo (ou alcalifílico) ou ainda basófilo (ou basofílico); e se não o tolera é dito alcalófobo ou basófobo. Planta incapaz de tolerar solo alcalino ou básico é dita basífuga. (Ver ACIDÓFILO) ALDEÍDOS Compostos orgânicos que contêm o grupo -CHO ligado a hidrocarbono. Certos aldeídos poluentes têm cheiro desagradável, como os derivados da exaustão do diesel, irritando nariz e olhos. Alguns são venenosos. ALDRIN (Ver ORGANOCLORADO) ALELO Um ou outro gene, de um mesmo par de cromossomos, chamados de homólogos, responsáveis por uma mesma característica hereditária. (Ver EQUILÍBRIO DE HARDY-WEINBERG) 22 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ALELOPATIA Termo geralmente usado para indicar a inibição do desenvolvimento de uma população, através de substâncias químicas inibidoras produzidas por plantas. Um exemplo é o ácido úsmico, produzido por liquens, que inibe plântulas de coníferas e que tem efeito antibiótico sobre fungos. (Ver ANTIBIOSE) ALELOQUÍMICOS São produtos ditos semioquímicos, que viabilizam mudança comportamental em indivíduos de outra espécie. (Ver FEROMÔNIOS; e PESTICIDA) ALGICIDA Agente químico que mata alga. ALGÍVORO (ALGIVORIA) Organismo que se alimenta de algas. ALGOLOGIA (Ver “fico-”) ALIMENTOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (Ver TRANSGÊNICOS) ALISSOLOS (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) ALITIZAÇÃO (Ver SILICATOS) ALLEE (Ver PRINCÍPIO DE ALLEE) ALLEN (Ver REGRAS ECOGEOGRÁFICAS) “alo-” Prefixo significando “outro”. Há inúmeros termos com este prefixo, como por exemplo: alocórico, alomônio, aloquímico, aloparasita, alóctone etc. ALOCAÇÃO REPRODUTIVA (Ver ESFORÇO REPRODUTIVO) ALOCÓRICO (ALÓCORE) Ocorrendo em duas ou mais comunidades dentro de uma determinada região geográfica. (Ver “-coria”) ALÓCTONE ALÓCTONE = INVASOR Organismo alóctone, também chamado de “invasor”, é aquele que se origina em outro local e é transportado para determinado ambiente na forma vegetativa ou de esporo. Animais que foram inadvertidamente introduzidos pelo ser humano em ambientes que lhes são estranhos, são também alcunhados de “invasores”. As “plantas invasoras” de cultivos, assim chamadas pelos ecólogos e conhecidas na linguagem agronômica como “ervas daninhas”, são em muitos casos, organismos alóctones. (Ver AUTÓCTONE) ALOGAMIA (Ver EXOCRUZAMENTO) ALOMETRIA Estudo das mudanças de proporções das partes de um organismo no decorrer do seu crescimento. A “lei alométrica” tem sido aplicada com sucesso nos aspectos relacionados ao metabolismo, problemas de dose-resposta, diferenças raciais e história evolutiva. (Ver RELAÇÃO ALOMÉTRICA) ALOMÔNIO (Ver FEROMÔNIO) ALOPARASITA Um organismo que parasita um hospedeiro que não se lhe relaciona taxonomicamente, em oposição ao adelfoparasita. (Ver ADELFOPARASITA) ALOPATRIA Caso em que duas espécies, intimamente relacionadas, descendentes de um ancestral comum (portanto, do mesmo gênero), embora vivendo geograficamente separadas, apresentam convergência de 23 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS caractéres, isto é, têm características (morfológicas, fisiológicas, ecológicas ou de comportamento) similares. O isolamento geográfico (ou uma barreira topográfica ou espacial qualquer) pode resultar numa especiação alopátrica. (Ver SIMPATRIA) ALOQUÍMICO Um composto secundário produzido por plantas, como parte de seu mecanismo de defesa contra herbívoros; age como uma toxina ou como um redutor de digestibilidade. ALOTRÓFICO, LAGO (Ver AUTOTRÓFICO, LAGO) ALPINO (ou ALPESTRE) e SUBALPINO Os organismos que vivem em altitudes elevadas (a 1000 m ou mais de altitude) são geralmente denominados de alpinos ou alpestres. O termo subalpino, em fitogeografia, refere-se às plantas que vivem no alto das montanhas; dá-se a essa comunidade vegetal também o nome de orófila (fala-se que orófito é um vegetal da montanha). ALQUILBENZENO (Ver “ABS − ALKYLBENZENE SULPHONATE”) ALTRUÍSMO e EGOÍSMO (ou MALEVOLÊNCIA) Alguns autores usam estas expressões (em inglês respectivamente, “altruism” e “selfishness” ou “spitefulness”) nos estudos sobre interações sociais entre certas espécies (como em insetos sociais). No altruísmo a espécie recipiente recebe o benefício da espécie doadora. Esta última terá seu “fitness” reduzido. No egoísmo o “fitness” do doador aumenta. (Ver JOGO DO FALCÃO-POMBO) “ALTWASSER” (Ver MEANDROS) ALUVIÃO Deposição de material, nas margens ou várzeas de rios, proveniente do próprio rio. Os solos de aluvião são geralmente, férteis e produtivos. Uma vegetação que ocorra em áreas sob influência dos cursos d’água, lagoas e assemelhados, geralmente arbustiva ou herbácea, é dita vegetação aluvial. (Ver ELUVIÃO) AMBIENTALISMO DA EMANCIPAÇÃO Talvez seja esta expressão a mais adequada para traduzir a expressão norte-americana “emancipatory environmentalism” ou ecologia do bem-estar humano; é uma aproximação de caráter mais ambientalista, holística, para o planejamento econômico, professado pelo ecólogo norte-americano Barry Commoner e pelo economista alemão Ernst Friedrich Schumacher. Estes, enfatizaram a necessidade de se introduzir processos produtivos que trabalhassem com a Natureza e não contra ela, priorizando o uso de produtos orgânicos e os recicláveis. AMBIENTALISTA (Ver ECOLOGISMO; e ECOFEMINISMO) AMBIENTE (Ver MEIO AMBIENTE) AMEAÇADO DE EXTINÇÃO Alguns autores aplicam este termo para espécies que, embora não estejam ainda sob risco de extinção, poderão estar se não forem adotadas medidas urgentes para sua proteção. (Ver ESPÉCIE EM VIA DE EXTINÇÃO; e “IUCN”) AMENSALISMO Tipo de interação ecológica na qual uma das populações é inibida e a outra não é afetada. Ex.: uma população pode produzir toxina que inibirá outra população, mas a população produtora não é afetada diretamente pela supressão da população competidora. (Ver INTERAÇÃO ECOLÓGICA) AMETABÓLICO (ou AMETÁBOLO) Diz-se do inseto que se desenvolve sem metamorfose, ou seja, a larva ao eclodir do ovo já tem a forma do imago ou adulto (ex.: pulga, piolho). (Ver HOLOMETABÓLICO; e HEMIMETABÓLICO) AMONIFICAÇÃO Processo de formação de amônia, que no solo, ocorre a partir da degradação de aminoácidos realizada por bactérias específicas, como as dos gêneros Pseudomonas, Clostridium e Penicillium. Na água, o gás de amônia tem alta solubilidade, formando-se íons NH4+ e íons OH- a partir das seguintes reações: NH4OH ↔ NH4 + OH- ou NH3 + H2O ↔ NH4 + OH-. Quando uma substância que forneça íon 24 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS de hidrogênio é adicionada a uma solução de amônia, há liberação de íon de amônia, pela reação: NH3 + H+ → NH4+. (Ver NITRIFICAÇÃO; e DESNITRIFICAÇÃO) AMPLITUDE ECOLÓGICA AMPLITUDE ECOLÓGICA = LIMITE DE TOLERÂNCIA = TOLERÂNCIA AMBIENTAL Amplitude de condições ambientais, nas quais um organismo pode viver e prosperar. O termo “tolerância” será melhor usado quando se desejar referir-se aos extremos dentro dos quais um organismo pode sobreviver. (Ver LEI DA TOLERÂNCIA) ANABOLISMO Fase inicial do metabolismo, onde ocorre síntese de substâncias que se constituirão na estrutura celular de um organismo. É uma fase de assimilação, construtiva. (Ver CATABOLISMO; e METABOLISMO) ANÁDROMO ANÁDROMO = PIRACEMA Organismo, geralmente peixe, que sobe o rio em direção às cabeceiras, para a desova. Algumas espécies realizam a piracema todos os anos, de outubro a maio. Denomina-se catádromo o peixe que desce o rio, em direção ao mar, para a desova. Os termos potamódromo e oceanódromo dizem respeito aos organismos que só se movimentam (ou migram) nos rios e nos oceanos, respectivamente. (Ver DEFESO) ANAERÓBIO Organismo que respira anerobiamente. (Ver RESPIRAÇÃO ANAERÓBIA) ANÁLISE DE VIABILIDADE DE POPULAÇÃO A análise de viabilidade de uma população, conhecida originalmente em inglês como “PVA − Population Viability Analysis”, é uma estimativa das probabilidades de extinção de uma população, a partir de análises do processo de extinção que incorporam ameaças, identificáveis, à sobrevivência de uma população. Utiliza-se nesta análise um modelo de simulação para computador denominado de VORTEX. Este é uma ferramenta que explora a viabilidade de populações sujeitas a inúmeros fatores que as põem em risco (perda de habitat, super-captura, competição ou predação por espécies introduzidas, etc.). Neste programa são simulados: processos de nascimento e morte, de transmissão de genes através de gerações, em que se procura verificar ao acaso o número de filhotes que cada fêmea gera anualmente e qual dos dois alelos de um locus gênico é transmitido de cada um dos pais para cada descendente. Um exemplo de sua aplicação pode ser visto no trabalho de um dos seus pioneiros em usá-lo: “Lacy, R.C. (1993). VORTEX: a computer simulation model for population viability analysis. Wildlife Research, 20(1): 45-65”. Este autor afirma que o VORTEX é particularmente recomendado para investigar espécies animais com baixa fecundidade e longo período de vida, como mamíferos, aves e répteis. ANÁLISE DE VULNERABILIDADE DE UMA POPULAÇÃO Análise geralmente feita sobre populações ou espécies sob risco de extinção, quanto às suas chances de se extinguirem. Melhor metodologia é aplicada num programa para computação (VORTEX) e que analisa a viabilidade de populações sujeitas às interações determinísticas e processos ao acaso; sendo este aspecto tratado no termo ANÁLISE DE VIABILIDADE DE POPULAÇÃO. (Ver ANÁLISE DE VIABILIDADE DE POPULAÇÃO; e ESPÉCIE EM VIA DE EXTINÇÃO) ANÁLISE DO FATOR CHAVE Estimativa do número de indivíduos de uma espécie presentes numa área em determinado tempo da “estatística vital da população” em que são computadas as condições anteriormente presentes, adicionadas principalmente dos processos de nascimento, menos mortes ocorridas, mais imigrantes e menos emigrantes. Daí se inferem as mudanças ocorridas no tamanho da população. ANÁLOGOS (Ver ESTRUTURAS ANÁLOGAS e ESTRUTURAS HOMÓLOGAS) ANDROCÓRICO (ANDROCORE) Dispersão pela ação humana. (Ver “-coria”) ANELAMENTO Remoção dos tecidos vegetais do câmbio e floema de uma árvore (ou arbusto), causada muitas vezes pelo pastejo de caprinos ou por esquilos, coelhos e outros roedores, provocando morte da planta, uma vez que o fluxo de carboidratos entre as folhas e as raízes é interrompido. 25 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ANEMOCORIA (Ver “-coria”) ANEMOFILIA (Ver “-filia” / “-filo”) ANILHAMENTO Tipo de marcação usada para identificar um animal em estudo. Muito útil, por exemplo, para estudo de aves migratórias, em que se coloca um anel numa das patas, contendo informações (numéricas) de sua origem. “ANIMALIA” (Ver REINO) ANÓXICO Sem oxigênio. ANTAGONISMO ANTAGONISMO = INTERFERÊNCIA Termo que reúne as categorias de interação ecológica: “competição, comensalismo, parasitismo e predação (ou predatismo)” e em que uma das espécies em interação se beneficia. Aplica-se o termo antagonismo mútuo ou ainda predação recíproca ao caso em que indivíduos de duas espécies diferentes competem entre si, como as do exemplo clássico descrito, que vivem preferencialmente em farinha de trigo (os coleópteros Tribolium confusum e T. castaneum; adultos e larvas destas espécies, predam ovos e pupas, reciprocamente. Antagonismo, em termos gerais, é oposto a sinergismo. (Ver COEFICIENTE DE INTERFERÊNCIA; e SINERGISMO) ANTAGONISMO MÚTUO Refere-se à ação negativa recíproca, geralmente entre duas espécies, na competição interespecífica ou na predação mútua. (Ver ANTAGONISMO; e PREDAÇÃO MÚTUA) ANTAGONISTAS (Ver ANTAGONISMO; e RECURSOS ANTAGONISTAS) ANTIBIOSE Produção de substância, por determinado indivíduo ou população, danosa a outro indivíduo ou outra população com a qual compete. A antibiose diz respeito tanto a organismos superiores quanto a microrganismos; neste último caso cita-se como exemplo clássico a ação da penicilina, produzida pelo mofo (que ocorre no pão) e inibidora do desenvolvimento de bactérias (ação bacteriostática). Se a substância impedir desenvolvimento de fungo, a ação é fungistática. (Ver ALELOPATIA; e EFEITOS ANTIMICROBIANOS) ANTIMICROBIANOS (Ver EFEITOS ANTIMICROBIANOS) ANTRÓPICO Relativo ao ser humano. Quando por exemplo, nos referimos ao “meio antrópico”, queremos dizer tudo que diz respeito ao homem, ou seja, os fatores sociais, econômicos e culturais, em interação com o ambiente em que ele vive. ANTROPOCÊNTRICO Considerando o homem como o ser mais importante do Universo, interpretando tudo em função de sua existência. (Ver ECOCÊNTRICO) ANTROPOGÊNICO Refere-se à antropogenia ou antropogênese, ou seja, que diz respeito à origem e desenvolvimento da espécie humana. Há circunstâncias em que se usa este termo para indicar algo “de origem humana ou causado pelo homem” (ver EXTINÇÃO ANTROPOGÊNICA). (Ver ANTRÓPICO) ANTRÓPICO Relativo ao homem, em termos daquilo que lhe pertence e relativo às suas ações e modificações que ele causa à Natureza. (Ver EXTINÇÃO ANTROPOGÊNICA) APA (Ver ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL) APARTE (Ver “CULL”) 26 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS APOSEMATISMO Embora pouco usado, este termo diz respeito a uma reação importante no reino animal, que é o fato de algumas espécies realçarem cores, às vezes berrantes e brilhantes, que servem de advertência para possíveis predadores. Alguns destes animais são extremamente venenosos (rãs da amazônia) e outros têm sabor apenas desagradável. (Ver CAMUFLAGEM; CRÍPTICO; DEFESA QUÍMICA; MIMETISMO; e MIMETISMO MÜLLERIANO (ou de MÜLLER)) “APOSTA, CERCANDO UMA ou “APOSTANDO DOS DOIS LADOS” (Ver “BET HEDGING”) APTIDÃO (Ver “FITNESS”) AQUECIMENTO GLOBAL (Ver EFEITO ESTUFA) AQÜICULTURA Cultivo de organismos aquáticos, de água salgada ou doce (de ostras, ostreicultura; peixes, piscicultura; camarões, caranguejos e siris, carcinicultura etc). Ao cultivo de organismos marinhos dá-se o nome de maricultura. AQÜÍFERA(O) Denomina-se aqüífera a rocha permeável à água, retendo-a ou permitindo sua passagem para o lençol freático ARAUCÁRIA (Ver FLORESTA ACICULIFOLIADA) ARBORICIDA Um agente químico que mata árvore. (Ver BIOCIDA) ARCHAEA (Ver ÁRVORE FILOGENÉTICA UNIVERSAL; e DOMÍNIOS DOS MICRORGANISMOS) ÁREA BASAL Área seccional transversal de árvores, comumente medida à altura do peito (Ver D.A.P. − DIÂMETRO À ALTURA DO PEITO) ou cobertura de uma determinada área ocupada por gramíneas. Para calcular esta área, mede-se o perímetro da árvore à altura do peito; a área basal da circunferência assim delimitada é deduzida a partir das fórmulas: r = P / 2.π, onde r é o raio e P o perímetro medido. Logo, a área basal, delimitada pela circunferência traçada à altura do peito, será: Área = π.r2. A área basal é o melhor indicador da densidade de uma vegetação. A visão de uma determinada área em que se efetuou a medição de área basal seria semelhante à de uma “vista aérea” de um trecho da mata, como se as árvores (com mais de 10 cm de perímetro) tivessem sido cortadas (a 1,30 m do solo); conforme esquematizada a seguir uma área de 400 m2 (20 m X 20 m). Alguns exemplos de valores de área basal da região central da amazônia (LONGMAN & JENÍK, 1987) são apresentados no quadro seguinte: ALTURA MÉDIA DA COPA (m) NÚMERO DE INDIVÍDUOS/ha ÁRVORES PALMEIRAS 35,4 - 23,7 50 0 25,9 - 16,7 315 0 14,5 - 8,4 760 15 5,9 - 3,6 2765 155 3 - 1,7 5265 805 Obs.: (segundo LONGMAN & JENÍK, 1987) 27 ÁREA BASAL (m2/ha) 7,1 14,6 5 2 1 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 1) Para efeito de comparação, uma floresta natural nas montanhas da Europa central tem uma área basal total de árvores entre 40 e 50 m2/ha. 2) Cálculos de área basal (e de classes de diâmetro de árvores) de diferentes estudos, podem não ser comparáveis. ÁREA DE DORMIDA (Ver AGREGAÇÃO) ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL (APA) Categoria de unidade de conservação do Grupo II do SNUC. Área, constituída por terras públicas ou privadas, contendo ecossistema que se deseje proteger de interferência humana e que para isso é disciplinado o uso do solo. (Ver SNUC − SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO; e UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO (ARIE) Categoria de unidade de conservação do Grupo II do SNUC. Área em geral de pequena extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional. Entre outras atividades não predatórias, é permitido o exercício do pastejo equilibrado e a colheita limitada de produtos naturais, desde que devidamente controlados pelos órgãos supervisores e fiscalizadores, sendo no entanto proibidas quaisquer atividades que possam por em risco a conservação dos ecossistemas, a proteção especial à espécie de biota localmente rara e a harmonia da paisagem. (Ver SNUC − SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO; e UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) ÁREA DE TENSÃO ECOLÓGICA (Ver ECOTONO) ÁREAS ESPECIAIS Denominação dada pelo IBGE - Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, às Unidades de Conservação. (Ver UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO A definição de regras para identificação de áreas prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade, no âmbito das atribuições do Ministério do Meio Ambiente, são regulamentadas no Decreto no 5.092, de 21/05/2004. A avaliação e identificação dessas áreas e as ações prioritárias far-se-ão considerando-se os seguintes conjuntos de biomas: I – Amazônia; II – Cerrado e Pantanal; III – Caatinga; IV – Mata Atlântica e Campos Sulinos; e V – Zona Costeira e Marinha. Detalhes da instituição e aplicações de tal decreto podem ser vistos em PAZ et al. (2006). (Ver UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) AREIA (Ver TEXTURA DO SOLO) ARENA (Ver TERRITORIALIDADE) ARESTA CONTINENTAL (Ver TALUDE (e TALUDE CONTINENTAL); e APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ARGILA É uma pequena partícula do solo (tamanho inferior a 2 μm), predominantemente coloidal e cristalina, formada a partir de produtos solúveis de minerais primários, em cuja composição química participa em sua maioria oxigênio (70 a 85% do volume) e mais íons de hidroxila, alumínio e sílica; em alguns tipos de argila ocorrem também íons de ferro, zinco, magnésio e potássio. Sua estrutura constituise de planos com átomos de O sustentados por átomos de Al e Si, formando ligações iônicas, que assim atuam como atrativos de átomos com cargas positivas e negativas. Citam-se os seguintes tipos (clássicos) de argila: montmorilonita (nome derivado de cidade francesa, de onde foi pela primeira vez descrita), tida como pegajosa, com relação camada de alumínio e sílica de 2 : 1, entre cujas camadas a água penetra facilmente; ilita ou mica hidratada (nome derivado de Illinois, do levantamento de solos daquele lugar nos E.U.A.) com estrutura similar à da montmorilonita, com relação também de 2 : 1, mas com íons de potássio que tornam as camadas aderentes de maneira a dificultar a penetração de água; caolinita (nome derivado do chinês “kao-ling”, que significa montanha elevada, de onde proveio esta fina argila usada na fabricação da porcelana chinesa), com relação alumínio e sílica de 1 : 1, onde os íons de Al3+ não são substituídos pelos de Si4+, ou os de Mg2+ não o são pelos de Al3+, daí sua CTC (seus sítios negativos) ser 28 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS baixa, com forte ligação do H ao O, sendo portanto resistente à penetração de água (não incha e por isso é utilizada na confecção de potes de barro); vermiculita com estrutura similar a da ilita, com camadas fracamente aderidas entre si por moléculas hidratadas de magnésio, facilmente hidratável, porém menos do que a montmorilonita, mas com alta CTC, sendo por isso muito usada em plantas envasadas (como nos estudos de MVA). (Ver TEXTURA DO SOLO) ARGILOMINERAIS (Ver SILICATOS) ARGISSOLOS (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) ARIDEZ (Ver ÍNDICE DE ARIDEZ) ÁRIDO (REGIÃO ou CLIMA) (Ver DESERTO) ÁRIDO-ATIVA, PLANTA Planta que utiliza mecanismos fisiológicos de resistência à seca, tais como aumento na eficiência de absorção (condução) e de economia (transpiração) de água. ÁRIDO-PASSIVA, PLANTA Planta que sobrevive nos períodos de seca graças à produção de estruturas resistentes, como sementes e componentes morfo-anatômicos especiais. ÁRIDO-TOLERANTE, PLANTA Planta que resiste à seca sem danos citoplasmáticos. ARIE (Ver ÁREA DE RELEVANTE INTERESSE ECOLÓGICO) ARQUEBACTÉRIAS (Ver DOMÍNIOS DOS MICRORGANISMOS) ARQUIBÊNTICA (ou ARQUIBENTÔNICA ou ARQUIBENTAL) (Ver ZONA ARQUIBÊNTICA) ARREICA (Ver REGIÃO ARREICA / ENDO... / EXO...) ARRIBAÇÃO ARRIBAÇÃO = ARRIBAÇÃ = AVE DE ARRIBAÇÃO = AVOANTE Fenômeno ou ave, columbiforme, que migra para certos locais do nordeste brasileiro, para a desova. ARRIBADA, ALGAS DE É muito comum nos locais adjacentes a bancos de algas, que algas foliares (Sargassum spp e outras), fixas sobre rodolitos e sob ação de correntes mais fortes, se desloquem até as praias, produzindo o fenômeno denominado de arribada. Diz-se também arribada, quando se refere à migração das tartarugas, durante a baixa-mar, para a desova. (Ver ARRIBAÇÃO) ARROIO (Ver CÓRREGO) ÁRVORE EMERGENTE Numa vegetação, geralmente em ecossistema de floresta, dá-se este nome à arvore cuja copa destaca-se acima das demais. Numa floresta tropical, como a da amazônia ou da mata atlântica, com árvores em geral de 30 a 40 m de altura, tal tipo de árvore (algumas chegando aos 50 m), estando mais exposta à radiação e ventos, certamente transpiram mais do que as outras árvores, podendo tender à deciduidade. ÁRVORE FILOGENÉTICA UNIVERSAL Com o uso do seqüenciamento pelo rRNA (ácido ribonucleico ribossômico, o 16S ou o 18S) e a partir de métodos de seqüenciamento macromoleculares relacionados, pesquisadores da biologia molecular organizaram os seres vivos partindo de um ancestral comum (a “raiz da árvore”) e daí ramificando-se em três grandes domínios: “archaea” e “bacteria” (procariotos) e “eukarya” (eucariotos). As “archaea” são consideradas como os organismos mais primitivos, estando entre estes procariotos os microrganismos hipertermofílicos, os metanogênicos e os halofílicos extremos. Nos “eukarya” figuram desde os protozoários, como também os fungos, as plantas e os animais. ASBESTO Fibra natural, de amianto (silicato de magnésio, MgSiO4), utilizada na fabricação de diversos artigos, tais como telhas, isolantes térmicos usados em construção, embreagem e freios de automóveis 29 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS etc. Suas fibras, microscópicas, se inaladas, causam (em alguns anos de contato direto) a asbestose (doença pulmonar). Contatos curtos podem causar mesotelioma, uma forma fatal de câncer. ASBESTOSE (Ver ASBESTO; e SILICOSE) ASCAREL Grupo de substâncias orgânicas (bifenilas policloradas), conhecidas também como “PCBs − Polichlorinated biphenyl”, resultado da mistura de compostos clorados em vários graus, de acordo com a sua finalidade. Um deles, oleoso, é usado para dissipar calor em capacitores elétricos e transformadores. É insolúvel em água e resistente à biodegradação, acumulando-se ao longo da cadeia alimentar, sendo altamente tóxico e podendo causar problemas (por ingestão ou contato) gástricos, danos renais e hepáticos, defeitos congênitos, bronquite, aborto, lesões na pele e tumores. ASSEMBLÉIA Um ajuntamento de organismos sociais objetivando uma atividade em grupo (de insetos, peixes ...). ASSIMILAÇÃO ASSIMILAÇÃO = ENERGIA METABOLIZADA No caso dos autótrofos (produtores primários) a “assimilação” corresponde à produtividade primária bruta. Nos heterótrofos (consumidores) refere-se à energia metabolizada, ou seja: ingestão de alimentos - egestão = assimilação; é portanto, a “produção dos consumidores”; ou em outras palavras, esta assimilação pode ser dada pela relação alimento absorvido : alimento ingerido. Em ecologia usa-se a expressão eficiência de produção que é a porcentagem da energia assimilada (An) que é incorporada como nova quantidade de biomassa (Pn), ou: EP = Pn/An X 100. Alguns autores preferem distinguir a eficiência de produção bruta, como sendo a porcentagem de alimento ingerido por um organismo e que é usado no seu crescimento e reprodução e a eficiência de produção líquida, que é a porcentagem de alimento assimilado por um organismo e que é usado com o mesmo propósito; tal eficiência é também conhecida como coeficiente de eficiência de assimilação. (Ver TAXA DE ASSIMILAÇÃO LÍQUIDA) ASSOCIAÇÃO INTERESPECÍFICA Refere-se às diferentes espécies que vivem muito próximas ou que geralmente ocorrem juntas. ASSOCIAÇÃO VEGETAL É um tipo de comunidade vegetal, de composição definida, apresentando uma fisionomia uniforme e crescendo em condições de habitat uniforme. Caracteriza-se pela presença de um ou mais dominantes que lhes são peculiares. Alguns autores acham conveniente atribuir nomes às diversas associações vegetais, de acordo com os seus dominantes peculiares, como por exemplo, a associação Caesalpinia - Zizyphus - Schinopsis brasiliensis (espécies vegetais da caatinga, ocorrendo as duas últimas em “baixadas” e a primeira, próxima a córregos e rios e que muitas vezes são encontradas formando tais associações características). É comum usar-se o sufixo “-etum” para designar uma associação, combinado ao nome genérico da espécie dominante. Ex.: “avicennietum”, comunidade de manguezal dominada por planta do gênero Avicennia. Ao índice da freqüência de co-ocorrência de duas espécies dá-se o nome de coeficiente de associação, que é calculado como o número de amostras no qual ambas as espécies ocorrem, dividido pelo número de amostras no qual poderia se esperar que ocorressem por acaso. (Ver CONSOCIAÇÃO) ASSOCIES Um estádio intermediário e não-estável no desenvolvimento de uma associação; referindo-se também a um estádio numa sucessão ecológica. ASSOREAMENTO Deposição geomórfica, nos sedimentos de rios, lagos etc. ATERRAMENTO DE SEDIMENTO (Ver SEDIMENTAÇÃO) ATERRO SANITÁRIO Disposição do lixo de uma cidade, numa depressão ampla, em camadas sucessivas, cada uma recoberta por solo e depois compactada. O “chorume” resultante da decomposição no aterro sanitário, poderá atingir o lençol freático e por isso, embora pareça uma solução econômica, poderá ser um problema ecológico. ATMOSFERA ATMOSFERA = ATMOSFERA TERRESTRE = HOMOSFERA 30 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Conjunto de várias camadas externas ao nosso planeta e que atinge os 1.000 km de altitude. Sua composição química é homogênea, daí também ser conhecida como homosfera. Seus componentes de destaque são (por volume, em %): Componente químico Quantidade (%) Nitrogênio (N2) 78,08 Oxigênio (O2) 20,84 Argônio (A) 0,93 Dióxido de carbono (CO2) 0,033* Neônio (Ne) 0,0018 Hélio (He) 0,0005 Criptônio (Kr) 0,0001 Xenônio (Xe) 0,00009 Hidrogênio (H) 0,00005 Monóxido de dinitrogênio (N 2O) 0,00005 Metano (CH4) 0,00002 * Obs.: em 1880 a quantidade estimada era 0,028 % e em 1968 era 0,031 %, tendo ocorrido um aumento de 60 % da era pre-industrial para a industrial. Em 2004 foram registrados 379 ppm de CO2. A atmosfera subdivide-se nas seguintes camadas: Troposfera (0 - 10 km de altitude); mais espessa no equador do que nos polos. Tropopausa (com 3 km ou mais). Estratosfera (15 - 30 km). Estratopausa (30 - 40 km). Mesosfera (40 - 80 km). Mesopausa (80 - 90 km). Segue-se a termosfera ou heterosfera, com composição química variável (com camadas de N2, O, He e H), chegando a atingir os 10.000 km de altitude. (Ver OZONOSFERA) ATOL Refere-se a um tipo de recife, com tendência circular, formado geralmente em torno de uma laguna. O Atol das Rocas, a 200 km da costa do Rio Grande do Norte, originou-se provavelmente de vulcão truncado pela erosão marinha, por aglomeração de algas calcárias. (Ver ABROLHO) ATRAZINA (Ver ORGANOCLORADO) ATRIBUTOS DA POPULAÇÃO ATRIBUTOS DA POPULAÇÃO = PROPRIEDADES DO GRUPO POPULACIONAL Referem-se àquelas características inerentes à população e não ao indivíduo da população, tais como a natalidade, longevidade, mortalidade, potencial biótico enfim. São como se fossem “padrões”, devendo-se no entanto considerar-se o “fitness” do indivíduo. (Ver “FITNESS”) “AUFWUCHS” (Ver PERIFITON) AUDITORIA AMBIENTAL Avaliação sistemática, documentada, periódica e objetiva da performance de um empreendimento, do manejo e dos equipamentos em relação ao impacto sobre o ambiente, objetivando facilitar o manejo e o controle das práticas ambientais e estimar a obediência às exigências regulamentares. AULÓFITA Planta não-parasita que vive dentro de uma cavidade existente em outra planta. AUSTRALIANA, REGIÃO (Ver REGIÕES ZOOGEOGRÁFICAS) AUTOCORIA (Ver “CORIA”) AUTÓCTONE AUTÓCTONE = INDÍGENO Organismo originado em determinado local e que em certo estádio de desenvolvimento da comunidade ele cresce, multiplica-se, contribuindo assim para o metabolismo da comunidade. (Ver ALÓCTONE) 31 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS AUTODEPURAÇÃO Purificação natural de um sistema aquático, mormente efetuado a partir de atividade microbiana (bactérias, fungos, protozoários, algas), dependendo de diversos fatores ambientais, sendo a oxigenação um dos mais importantes. AUTOÉCIO (Ver o sufixo “-ÉCIO”) AUTOECOLOGIA AUTOECOLOGIA = AUTECOLOGIA Uma das subdivisões da ecologia, que estuda o organismo individual ou indivíduos de determinada espécie em relação ao ambiente. (Ver SINECOLOGIA) AUTOLIMITAÇÃO Quando a densidade de predadores aumenta, em determinado local, mesmo que o suprimento de alimento (presas) exista em abundância, chegar-se-á a um ponto em que algum outro tipo de recurso poderá faltar, como local para nidificação, local seguro de refúgio ou para dormida etc. Embora o modelo de Lotka-Volterra considere que um grande número de presas seja sempre suficiente para manter sempre um grande número de predadores, o mais provável é que em certo nível de densidade populacional, um mecanismo, como por exemplo, o de “interferência mútua”, estabeleça limites ao seu crescimento. AUTOPARASITA (Ver HPERPARASITA) AUTOPELÁGICO (Ver PELÁGICO) AUTORRALEAMENTO (Ver LEI DA POTÊNCIA DOS TRÊS MEIOS) AUTORREGULAÇÃO (ou AUTO REGULAÇÃO) AUTORREGULAÇÃO = REGULAÇÃO DE UMA POPULAÇÃO Refere-se à tendência de uma população em diminuir de tamanho quando atinge um nível particularmente mais alto e de aumentar de tamanho quando abaixo desse nível. A autorregulação pode ocorrer como resultado de um ou mais processos “dependentes da densidade” agindo sobre as taxas de natalidade (e/ou imigração) e/ou de mortalidade (e/ou emigração). AUTOTRÓFICO, LAGO Um lago onde praticamente toda a matéria orgânica nele existente é originária do próprio lago; em oposição, fala-se em lago alotrófico, que recebe matéria orgânica das áreas circundantes. (Ver DISTRÓFICO; EUTRÓFICO; e OLIGOTRÓFICO) AUTÓTROFO Organismo que obtém energia da luz (fotoautótrofo) ou da oxidação de compostos inorgânicos ou íons (quimioautótrofo) e adquire carbono parcial ou totalmente do CO2. Algumas algas fotossintetizadoras requerem um ou mais fatores de crescimento, embora sua fonte principal de carbono continue sendo CO2 e são denominadas fotoauxótrofos. (Ver HETERÓTROFO) AUXOTROFIA Diz-se da dependência dos organismos a um ou mais nutrientes, como por exemplo a aminoácidos e vitaminas. Alguns autores especificam que esta dependência não existe no “tipo selvagem” de, por exemplo, microrganismo (conhecido como protótrofo, ou seja, que se nutre de uma única fonte de alimento); também se aplica este termo às linhagens de microrganismos que não conseguem sintetizar um ou mais fatores essenciais ao crescimento. (Ver AUTÓTROFO) AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA) (Ver IMPACTO AMBIENTAL) AVE DE ARRIBAÇÃO (Ver ARRIBAÇÃO) AVE MIGRATÓRIA (Ver ARRIBAÇÃO) AVOANTE (ver ARRIBAÇÃO) AXÊNICO (Ver CULTURA AXÊNICA) AZODRIN (Ver ORGANOFOSFORADO) 32 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS B BACHARACH (Ver ESCALA DE BACHARACH) “BACKGROUND” Termo muito utilizado na língua inglesa para designar diversos efeitos, tais como: 1) Refere-se à concentração de determinado poluente na ausência da fonte poluidora, que antes ali ocorria. 2) Diz também respeito ao nível de radiação proveniente de fontes naturais ou de outras fontes além daquelas que estejam sendo medidas e são usadas como dados de referência contra as quais sejam comparadas para efeito de informação ao público. 3) Algumas vezes refere-se à concentração de determinada substância a alguma distância da fonte e portanto, sem sua influência direta. Em português aplica-se o termo equivalente “ruído de fundo” para designar possíveis interferências nas medições, por exemplo, de material radioativo. Alguns autores usam o termo “ruído ambiental” (do inglês “environmental ‘noise’”) referindo-se a “sinais estranhos” que tendem a mascarar processos bióticos. (Ver RADIAÇÃO DE FUNDO) BACTÉRIA (e “BACTERIA”) (Ver ÁRVORE FILOGENÉTICA UNIVERSAL; e DOMÍNIOS DOS MICRORGANISMOS) BACTERICIDA Substância que elimina bactérias. (Ver EFEITOS ANTIMICROBIANOS; e PESTICIDA) BACTERIOCLOROFILA Pigmento, quimicamente diferente da clorofila, que ocorre nas cianobactérias, tendo pico de absorção de luz entre 800 nm e 890 nm, que é a faixa dos raios infravermelhos. BACTERIOFAGIA (Ver BACTERÍVORO; e FAGO) BACTERIOLÍTICO (Ver EFEITOS ANTIMICROBIANOS) BACTERIOPLÂNCTON (Ver APÊNDICE V − PLÂNCTON: TIPOS E CATEGORIAS DE TAMANHO) BACTERIOSTASE (Ver ANTIBIOSE) BACTERIOSTÁTICO(A) (Ver ANTIBIOSE; e EFEITOS ANTIMICROBIANOS) BACTERÍVORO Organismo (como certos protozoários) que se alimenta de bactérias. Acredito ser esta denominação mais apropriada para definir o organismo que se alimenta de bactérias do que bacteriófago, que alguns autores (principalmente os de língua inglesa) aplicam ao fago. (Ver FAGO; e “-voria”) BAIXA-MAR BAIXA-MAR = MARÉ BAIXA Altura mínima da maré, correspondendo ao limite inferior do estirâncio. (Ver APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) BAKER (Ver REGRA DE BAKER) 33 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS BALANÇO DE CALOR É um balanço do conteúdo energético ou teor de calor de um organismo (“heat budget”, em inglês), que é geralmente expresso por uma equação que se refere à taxa de troca de calor desse organismo (com o ambiente) em termos de ganhos e perdas (pela radiação, condução, convecção e evaporação ou transpiração) somados ao calor interno que é gerado pela metabolização dos alimentos; ou seja: Troca do conteúdo de calor = metabolismo – evaporação ± radiação ± condução ±convecção. Obs.: 1) o símbolo mais ou menos (±) é utilizado porque radiação, condução e convecção pode acrescentar ou retirar calor do organismo em questão. 2) O balanceamento perfeito entre ganhos e perdas determina que a troca de calor do organismo seja 0 (zero). BALANÇO HÍDRICO Balanço da entrada e saída de água num determinado compartimento ambiental (lago ou bacia hidrográfica qualquer). Refere-se este termo também, em ecofisiologia vegetal, ao balanço ou valores de economia de água de uma planta, ou seja, sua capacidade de absorção de água, suas perdas pela transpiração; enfim seus mecanismos de manutenção deste imprescindível componente da matéria viva. BALANÇO NUTRICIONAL Ganho e perda de nutrientes por comunidades. Estando as comunidades em equilíbrio dinâmico, “a entrada (ou ganho) de nutrientes = a saída (ou perda)”. Quando a entrada é superior à saída há um acúmulo de nutrientes, muitas vezes em forma de necromassa. As comunidades em sucessão ecológica têm tipicamente a representação: entrada - saída = armazenamento. A figura seguinte (extraída de BEGON et al., 1990) ilustra alguns componentes representativos do balanço nutricional de um ecossistema terrestre e um aquático. Observar na figura que: a) FBN = fixação biológica do nitrogênio (N2 atmosférico). b) Os dois ecossistemas estão ligados pelo fluxo de água, que é uma importante “saída” de nutrientes do ecossistema terrestre e uma importante “entrada” no ecossistema aquático. emissão e absorção de gases precipitações úmida e seca FBN precipitações úmida e seca fluxo de água desnitrificação FBN e desnitrificação fluxo de água p/ rios e estuários dissolução e emissão de gases perda por aerossóis água p/ o lençol freático intemperização de rocha e solo fluxo de água do lençol freático perda p/ e liberação do sedimento BANCO DE GERMOPLASMA Determinada área de um ecossistema preservada para fins de estoque de espécies vegetais e animais. Diz-se também de locais onde são preservadas sementes, ou sêmen, para fins futuros, de multiplicação. Estes propágulos são colocados em recipientes herméticos e em baixa temperatura, podendo ser armazenados por dezenas de anos. O CENARGEN – Centro Nacional de Recursos Genéticos, da EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, em Brasília, vem realizando trabalhos nesse sentido. BANDO, ANDAR EM (Ver “FLOCKING”) 34 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS BANHADO Denominação comum no sul do Brasil, das extensões de terra inundadas por rios, semelhante às várzeas e propícias à agricultura. Na foto ao lado vê-se o ratão-dobanhado (Myocastor coypus), um roedor miocastorídeo, num trecho desse ecossistema (foto do site www.wikipedia.org). Na Natureza, o banhado garante a existência de ecossistemas vizinhos, como as lagoas, fornecendo-lhes água durante a seca e retendo-a durante a cheia (ação de tamponamento). (Ver CAMPOS SULINOS; e PRADARIAS) BARLAVENTO e SOTAVENTO Em relação a um obstáculo, uma montanha por exemplo, barlavento é o lado de onde vem o vento e sotavento é o lado da montanha protegido do vento. (Ver SOMBRAS DE CHUVA) “baro-” Prefixo de origem grega significando “peso; gravidade” e que é usado no sentido de “pressão atmosférica” como prefixo de muitos termos, como por exemplo: barômetro (aparelho que mede a pressão atmosférica); e muitos outros termos, em que a um organismo ou a uma ação ou situação se atribui a propriedade relacionada à pressão em geral ou atmosférica: barosensível (que não tolera pressão hidrostática elevada; barocórico (cujo propágulo se dispersa graças a seu peso); barotropismo (orientação em resposta a estímulo de pressão) e muitos outros. BARÓFILO Termo geralmente utilizado para indicar microrganismo que prefere viver sob alta pressão. É conhecida uma espécie de bactéria, do gênero Spirillum, que cresce bem mais rápido sob pressão entre 300 e 600 atm, do que sob 1 atm. Observe que a unidade “atm” deve ser substituída por Pa (Pascal) (1 atm = 101.325 Pa = 0,1013MPa) (ver APÊNDICE II − SI − SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES). BARREIRA AMBIENTAL (Ver BARREIRA ECOLÓGICA; e SIMPATRIA) BARREIRA DE CHUVA BARREIRA DE CHUVA = SOMBRA DE CHUVA Interrupção de precipitação pluvial (ou de precipitação atmosférica) no lado de sotavento de uma cadeia montanhosa ou serras. No estado da Paraíba, por exemplo, é sabido que a serra da Borborema (em Campina Grande) constitui-se em barreira para a chuva que poderia cair nas microrregiões dos carirís, deste Estado. Esta serra alonga-se paralelamente às microrregiões do brejo e litoral paraibanos. BARREIRA ECOLÓGICA (ou BARREIRA AMBIENTAL) Obstáculo, limite ou um impedimento qualquer (de origem natural ou antrópica) que impeça a dispersão de população ou populações de organismos, isolando-os e assim, dificultando ou impedindo suas interações com outros organismos. (Ver SIMPATRIA) BARREIRAS (SÉRIE ou FORMAÇÃO) São assim chamados os terrenos da série Barreiras, formações terciárias, ocorrendo do Amapá ao Rio de Janeiro, sendo bastante típica a falésia da ponta do Cabo Branco, no ponto mais oriental do Brasil, em João Pessoa (PB). As barreiras são geralmente arenitos friáveis; há algumas que são argilosas. BASES TROCÁVEIS (Ver CÁTIONS TROCÁVEIS; e SATURAÇÃO DE BASES) “basi-” (Ver “alcali-”) “BASKING RANGE” (Ver FAIXA DE AQUECIMENTO AO SOL) BASÓFILO (ou BASIFÍLICO) (Ver “alcali-”) 35 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS “bati-” Prefixo de origem grega que significa “profundo”. Utilizado em diversos termos, referindo-se à zona ou local de profundidade aquática, como em batimetria (medição do relevo no fundo de oceanos... usando-se batímetro); batiplâncton (plâncton da região batipelágica ou seja, de grande profundidade oceânica) etc. (Ver APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) BATIPELÁGICO(A) (Ver ZONA BATIPELÁGICA) BATRACOTOXINAS (Ver DEFESA QUÍMICA) “BCF − BIOCONCENTRATION FACTOR” (Ver FATOR DE BIOCONCENTRAÇÃO) “benti-” (ou “bento-”) Prefixo de origem grega significando “fundura; profundidade”. É usado em referência ao leito ou sedimento de fundo de rio, lago e oceano. São muitos os termos em que se usa tal prefixo, como por exemplo: bentófita (planta que vive no leito de um corpo de água ou rio); bentopleustófita (planta que vive livremente no leito de um lago e que pode ser carregada pelas correntes de água); bentopotâmico (que vive em leito de rio ou córrego); e muitos outros. (Ver BENTOS) BENTOPELÁGICO(A) (Ver ZONA BENTOPELÁGICA; APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) BENTOS Organismos aderidos ou em repouso sobre o fundo de habitats aquáticos ou vivendo nos sedimentos de fundo. (Ver “benti-”; NÉCTON; NEUSTON; PLÂNCTON; e PLEUSTON) BERGER-PARKER (Ver ÍNDICE DE BERGER-PARKER) BERGMAN (Ver REGRAS ECOGEOGRÁFICAS) “BET HEDGING” Em inglês significa literalmente “cercando uma aposta; ou apostando dos dois lados”. Refere-se, no ciclo vital de um organismo, à redução do risco de mortalidade ou falha reprodutiva, pela adoção de uma estratégia ou de estratégias simultâneas, ou diluindo tais riscos no tempo e no espaço. A reprodução contínua, perene, ao invés de anual, seria um exemplo. “BHC − BENZENE HEXACHLORIDE” (ou HEXACLORETO DE BENZENO) (Ver ORGANOCLORADO) BHOPAL, TRAGÉDIA DE Cidade da Índia onde, em 1984, ocorreu o que talvez tenha sido o pior acidente industrial do mundo. Cerca de 45 Mg (megagrama = tonelada) do gás isocianato de metila, altamente tóxico, usado na fabricação de carbamato (pesticida) vazaram e pelo menos 2.500 pessoas morreram. Cerca de 20.000 pessoas sofreram de cegueira, infecções renais e hepáticas, esterilidade, tuberculose e outros problemas sérios. A indústria de pesticidas responsável era americana, a Union Carbide. BICADA, ORDEM DE (ou DOMINÂNCIA DE) Do inglês “peck order” é a hierarquia de dominância existente principalmente entre as aves, sendo um comportamento de ordem social (agressivo ou não) em que um indivíduo domina outro de posição hierárquica inferior e assim por diante. Há geralmente um domínio físico, ou seja, uma ave de maior posição dominante bica a que lhe está imediatamente abaixo e esta, por sua vez, bica outra ave que vem abaixo nessa dita ordem (ou “rank”). BIFENILAS POLICLORADAS (ou “PCBs” ou ASCAREL) (Ver ASCAREL) BÍFERO Que floresce e frutifica duas vezes ao ano. Alguns autores também usam este termo para significar “que produz duas safras por estação”. BIOACUMULAÇÃO (Ver BIOMAGNIFICAÇÃO) BIOAGRONOMIA Parte das ciências biológicas onde se estuda a aplicação de princípios biológicos e ecológicos, visando a melhoria da produção das plantas de interesse econômico. (Ver AGROECOLOGIA) 36 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS BIOCENOLOGIA (ou CENOBIOLOGIA) Estudo qualitativo e quantitativo de biocenoses (ou comunidades). BIOCENOSE BIOCENOSE = COMUNIDADE Termo usado por autores russos e europeus em geral, equivalente à comunidade. Refere-se ao conjunto da fitocenose, zoocenose e ecotopo. (Ver COMUNIDADE) BIOCICLO (Ver BIOSFERA) BIOCIDA Um agente químico tóxico ou letal para um organismo. (Ver ECOCIDA) BIOCLÁSTICO, GRANULADO Constituído por fragmentos de material orgânico. Granulados bioclásticos marinhos, no Brasil, são formados principalmente por algas calcárias. Os granulados bioclásticos marinhos são aqueles de composição carbonática, constituídos por algas calcárias ou por fragmentos de conchas (coquinas e areias carbonáticas). BIOCLIMATOLOGIA Estudo do clima, relacionado à flora e à fauna; geralmente dos seus efeitos sobre a biota. “BIOCONCENTRATION FACTOR − BCF” (Ver FATOR DE BIOCONCENTRAÇÃO) BIOCONVERSÃO Conversão de um substrato para um produto ou produtos, por ação enzimática ou celular. Resume-se na conversão de substrato para biomassa celular. BIÓCORO (ou BIOCÓRIO ou BIOCORE) (Ver “-coria”) BIODEGRADAÇÃO Degradação de compostos orgânicos ou inorgânicos, determinada geralmente pela ação de microrganismos. Os compostos que sofrem mineralização microbiana são denominados de biodegradáveis e os resistentes a esse fenômeno são chamados de recalcitrantes; e os não-biodegradáveis são os que não se decompõem por processos naturais. BIODEGRADÁVEL (Ver BIODEGRADAÇÃO) BIODETERIORAÇÃO Deterioração ou estrago de um material, resultante de ação biológica, geralmente de atividade microbiana. (Ver DECOMPOSIÇÃO) BIODIESEL O biodiesel é um combustível alternativo ao diesel (este último obtido do petróleo), a ser usado em veículos com motores do tipo diesel. É considerado como recurso natural renovável e biodegradável, uma vez que é obtido de reação química de óleos (vegetais) ou gorduras (de animais) com um álcool e na presença de um catalisador; sendo esta reação denominada de “transesterificação”. Os óleos de girassol, soja e mamona vêm sendo apontados como as principais fontes de biodiesel. Conforme revelado em New Scientist (13/07/06), pesquisadores da Universidade de Minnesota (E.U.A.) observaram que o etanol reduziria em 12% a emissão de gases do efeito estufa, em comparação com o petróleo; enquanto o biodiesel reduziria as emissões em até 41% em relação ao diesel comum. Mas eles estimam que nos E.U.A. o biodiesel obtido de todo o milho e soja que lá são produzidos, cobriria menos de 5% da demanda atual por combustível naquele país. (Ver ZONEAMENTO) BIODIGESTOR Equipamento, geralmente de construção e manutenção simples, em que se criam condições para que matéria orgânica em decomposição produza gases. BIODIVERSIDADE BIODIVERSIDADE = DIVERSIDADE BIOLÓGICA Variação do número de espécies em determinado ecossistema. Este é um importante componente funcional dos ecossistemas. Alguns autores falam de três tipos de diversidade: alfa ou local (variedade de números de espécies em área pequena, com habitat uniforme), gama ou regional (a variedade observada em todos os habitats numa região) e beta (a diferença entre um habitat e o próximo). 37 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Alguns autores admitem que ocorre na biosfera um aumento significativo na biodiversidade em função da variação climática, ou seja, a riqueza em espécies vai aumentando dos polos para os trópicos. Tal “força extrínseca”, geraria um efeito cascata, ou seja, ocorreria um gradiente de riqueza em que a biodiversidade dos herbívoros aumentaria e sobre eles aumentaria a pressão dos predadores, que por sua vez teria sua biodiversidade aumentada e assim por diante, na cadeia alimentar. Seria difícil este efeito cascata ser explicado no caso dos desertos tropicais e nas regiões de altitude elevada (ambos com baixa biodiversidade). (Ver “eMergia” SOLAR; HIPÓTESE DO DISTÚRBIO INTERMEDIÁRIO (DE CONNELL); e POLÍTICA NACIONAL DA BIODIVERSIDADE) BIOENERGÉTICA (Ver ECOLOGIA ENERGÉTICA) BIOESPELEOLOGIA (ou BIOESPEOLOGIA) Estudo da vida nas grutas e cavernas. BIÓFAGO Organismo que se alimenta de outro organismo vivo. Alguns autores utilizam este termo como sinônimo de fagótrofo ou macroconsumidor. BIOGÁS Resultante da digestão anaeróbia da matéria orgânica, como por exemplo, da água residuária doméstica e de diversos resíduos de origem orgânica. Da sua composição típica participam o metano (62%) e gás carbônico (38%). Pode ser utilizado para gerar calor (para cozinhar, aquecimento ...). Em “Trigueiro,A. (2005) O mundo sustentável: abrindo espaço na mídia para um planeta em transformação. São Paulo, Editora Globo, 302p.” é informado que o aterro Bandeirantes, em São Paulo, tem sobre ele a maior usina de energia do mundo sobre aterro de lixo e é capaz de produzir 22 MW, energia suficiente para abastecer uma cidade de 400 mil habitantes. BIOGEOCENOSE (Ver ECOSSISTEMA) BIOGEOCICLAGEM BIOGEOCICLAGEM = GEOBIOCICLAGEM Fenômeno comum nos sistemas ecológicos em que os elementos químicos, incluindo os nutrientes, tendem a circular na biosfera, por caminhos característicos, passando dos organismos para o ambiente e daí de volta para os organismos. (Ver CICLO DE NUTRIENTES; NUTRIENTES; e TEORIA DA CICLAGEM MINERAL DIRETA) BIOGEOGRAFIA Disciplina da geografia que trata da distribuição dos organismos. No caso das plantas, fala-se em Fitogeografia e dos animais, Zoogeografia. Há também a Paleobiogeografia, que estuda a distribuição geográfica da flora e fauna fósseis; a Neobiogeografia, que seria a Fito e a Zoogeografia modernas (estuda a flora e a fauna atuais). (Ver REGIÕES ZOOGEOGRÁFICAS) BIOGEOGRAFIA DE ILHAS (Ver TEORIA DA BIOGEOGRAFIA DE ILHAS) BIOINDICADOR (Ver INDICADOR ECOLÓGICO) BIOLIXIVIAÇÃO Lixiviação determinada pela ação, geralmente de microrganismos, sobre metais ou ligas metálicas. O Thiobacillus,por exemplo, age sobre o sulfeto de cobre (CuS), oxidando-o na presença de íon férrico (Fe+++), formando sulfato de ferro e liberando o cobre para o ambiente. (Ver LIXIVIAÇÃO) BIOLOGIA AMBIENTAL (Ver ECOLOGIA) BIOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO Refere-se ao estudo das mudanças biológicas (anatômicas, morfológicas, fisiológicas etc.) que ocorrem num organismo vivo durante o seu ciclo vital. Os organismos multicelulares exibem muitas similaridades ao longo de suas gerações, passando por uma série de processos comuns a todos, em geral, quais sejam: gametogêneses, fertilização, embriogêneses, diferenciação celular, diferenciação de tecidos, organogêneses, maturação, crescimento, reprodução, senescência e morte. BIOMA BIOMA = ZONA MAIOR DE VIDA É a maior unidade de comunidade terrestre com flora, fauna e clima próprios. É um termo geralmente aplicado aos grandes ecossistemas terrestres (ver BIOMA OCEÂNICO). 38 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Alguns biomas brasileiros: floresta amazônica, caatinga, cerrado, mata atlântica e pantanal. Fala-se ainda em biomas costeiros (ecossistemas de manguezais, dunas e restingas) e dos campos sulinos. (Ver ZONA(S) CLIMÁTICA(S) (de WALTER, HEINRICH); e FORMAÇÃO VEGETAL) (Ver outras denominações de BIOMA que seguem) BIOMA DA COSTA ARENOSA Bioma costeiro caracterizado por sedimentos com grânulos grosseiros, com “infauna” relativamente pobre. BIOMA DA COSTA LAMACENTA Bioma da costa ou litoral caracterizado por sedimentos finos móveis, com “infauna” (biota animal no interior de um sedimento) típica, relativamente rica. BIOMA DA COSTA ROCHOSA Bioma costeiro caracterizado por substratos sólidos estáveis, apresentando zonação típica de organismos neles fixados. BIOMA OCEÂNICO Denomina-se assim o bioma em “oceano aberto” (“mar aberto”), distante das influências do litoral ou costa; alguns o dividem nos sub-biomas “planctônico, nectônico e bentônico”. BIOMAGNIFICAÇÃO BIOMAGNIFICAÇÃO = MAGNIFICAÇÃO BIOLÓGICA = BIOACUMULAÇÃO Fenômeno que ocorre com muitos poluentes lipofílicos e persistentes no ecossistema, em que são absorvidos inicialmente por microrganismos procariotos e eucariotos e daí são transferidos para os organismos do nível trófico seguinte e assim sucessivamente, sem sofrerem degradação nem excreção significantes, o que os levam a uma concentração cada vez maior nos últimos elos da cadeia alimentar. Tal concentração do poluente, no topo da cadeia alimentar (como por exemplo nas aves de rapina, nos carnívoros em geral e grandes peixes predadores), pode alcançar níveis mais altos do que no ambiente, por um fator de 104 a 106. O quadro seguinte mostra as diversas concentrações de metilmercúrio em organismos de um ecossistema de brejo à beira-mar (GOUDIE, 1990): ORGANISMO Sedimentos Spartina Equinodermas Anelídeos Bivalvos Gastrópodes Crustáceos Musculatura de peixe Fígado de peixe Musculatura de mamífero Musculatura de ave Fígado de mamífero Fígado de ave PARTES POR MILHÃO (ppm) < 0,001 < 0,001 - 0,002 0,01 0,13 0,15 - 0,26 0,25 0,28 1,04 1,57 2,2 3,0 4,3 8,2 BIOMASSA BIOMASSA = PRODUTO EM PÉ (“STANDING CROP”) Em ecologia, biomassa refere-se à quantidade de matéria orgânica viva presente num determinado tempo e por unidade de área (da superfície terrestre) ou de volume (de água). A biomassa é geralmente expressa em termos de matéria seca (g.m-2 ou kg.m-2 ou ainda em Mg.ha-1, no caso de ecossistemas terrestres) (Mg = 1.000.000g = 1 tonelada). O termo biomassa, que significa literalmente massa de matéria viva, também é aplicado para designar quantidades de microrganismos produzidos comercialmente para uso como alimento para o ser humano e como ração para animais. A figura que segue ilustra as diferentes proporções de biomassa animal e microbiana num 39 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS hectare de um ecossistema de região temperada. Segundo os autores (PIMENTEL & PIMENTEL, 1979), nesse ecossistema uma produção anual de fitomassa de 2.400 kg (peso seco) seria capaz de manter uma zoomassa (animal) e uma microbiomassa (de microrganismos) de 200 kg (peso seco) / ano, assim distribuídas (em porcentagem): aves: 0,5 mamíferos: 1,5 outros animais:10 artrópodos: 20 oligoquetas:25 microbiota: 43 BIOMONITORAÇÃO (ou BIOMONITORIZAÇÃO ou BIOMONITORAMENTO) O uso de organismos vivos como indicadores de condições ambientais, no caso de avaliação de mudanças ou impacto de efluentes industriais, resíduos em geral e outros poluentes ou agentes de degradação ambiental. (Ver MONITORAMENTO) BIONOMIA (Ver ECOLOGIA) BIORREMEDIAÇÃO Este termo foi introduzido para caracterizar a limpeza de ambientes (solo e água) poluídos, a partir do uso de microrganismos decompositores (ou degradadores). A biotecnologia, através da engenharia genética, utiliza o potencial genético de microrganismos, “criando novos” microrganismos (ou novas cepas ou linhagens) capazes de degradar certos compostos específicos (recalcitrantes, xenobióticos), tais como o petróleo e derivados (óleo diesel, solventes ...). Biorremediação é também um termo aplicado para indicar a recuperação ou regeneração de solos degradados, usando-se plantas em simbiose com bactérias da FBN e fungos endomicorrízicos. (Ver RECOMPOSIÇÃO) BIOSFERA BIOSFERA = ECOSFERA Espaço do globo terrestre ocupado pelos seres vivos. Portanto, refere-se à toda superfície terrestre (litosfera), às águas e sedimentos de ambientes aquáticos (hidrosfera) e à porção da atmosfera habitada pelos organismos que voam (pássaros) ou que flutuam (bactérias). Considera-se, em geral, que há vida desde cerca de 60 m abaixo do nível do mar até cerca de 60.000 m acima deste nível. Alguns autores subdividem a biosfera em biociclos, quais sejam: epinociclo (o biociclo das terras firmes, ou seja, os ecotopos continentais e insulares), limnociclo (o biociclo das águas doces ou ecotopos dulciaquícolas) e o talassociclo (os biociclos ou ecotopos marinhos). BIOSSÉSTON (Ver SÉSTON) BIOSSISTEMA (Ver NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DA MATÉRIA VIVA) BIOTA Todos os componentes vivos de um local ou sistema ecológico (ecossistema). Fala-se assim em microbiota, ou microflora e microfauna (organismos com dimensões microscópicas); mesobiota, geralmente referindo-se a organismos do solo (com menos de 50 mm ou 40 mm, até um tamanho visto com uma pequena lupa de mão); e macrobiota (organismos com dimensões superiores a 40 mm ou 50 mm). BIOTECNOLOGIA (e BIOTECNOLOGIA DO SOLO) Uso de métodos e técnicas, fundamentadas nos conhecimentos da biologia molecular, microbiologia, bioquímica e fisiologia, utilizando organismos ou qualquer de suas partes para obter ou 40 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS melhorar produtos, plantas e animais e/ou para desenvolver novos organismos (microrganismos, plantas, animais) com ampla aplicação (indústria, agricultura, serviços) em benefício do ser humano. Na “biotecnologia de solo” pretende-se com o estudo e a manipulação de microrganismos e seus processos metabólicos, otimizar a produtividade agrícola e a qualidade do meio ambiente. BIÓTICO Que tem vida. Diz-se dos componentes vivos de um eco ou agrossistema (plantas, animais, microrganismos). Componentes ou fatores bióticos de um eco ou agrossistema: todos os seres vivos desses sistemas ecológicos. (Ver ABIÓTICO; e BIOTA) BIOTOPO BIOTOPO (ou BIÓTOPO) = ECOTOPO (ou ECÓTOPO) (Ver HABITAT) BIOTRÓFICO (Ver PARASITA BIOTRÓFICO) BISSIALITIZAÇÃO (Ver SILICATOS) “BLOOM” Denominação em inglês que poderia ser traduzida como “explosão” na densidade de populações, atribuída geralmente aos animais ciliados e algas (presumivelmente em mutualismo), ocorrendo em condições aquáticas favoráveis (correntes e nutrientes); registros de alta produtividade têm sido feitos tanto em “bloom” de primavera como em de outono, em lagos temperados. Alguns autores usam o termo, em inglês, “HAB – Harmful Algal Bloom” referindo-se a uma “explosão algal nociva”. (Ver MARÉ VERMELHA) BOLOR BOLOR = MOFO Aos fungos filamentosos, cujas hifas se entrelaçam formando micélio, formando ramificações com conídios (esporos assexuados) nas extremidades, denominam-se bolor ou mofo. Os bolores do grupo dos zigomicetos (gêneros Mucor e Rhizopus) são comuns sobre o pão “estragado”. Há outros gêneros que se desenvolvem sobre o queijo e frutas muito maduras. Muitos deles têm por habitat o solo e material vegetal em decomposição. BORBOLETA (Ver EFEITO BORBOLETA) BOTULISMO Toxina, considerada supertóxica (DL50 de 0,00001mg/kg de peso corpóreo), produzida pela bactéria Clostridium botulinum que se desenvolve principalmente nas carnes em conserva. “braqui-” Prefixo de origem grega designando “curto; reduzido” e que ocorre em muitos termos, como braquignatos (crustáceos decápodes ou caranguejos); braquicarpo (que tem fruto curto); braquicéfalo (que tem o crânio um pouco alongado e ovóide); e muitos outros termos. BREJO BREJO = PALUDE = PALUSTRE = PÂNTANO = PAUL Em termos gerais, o brejo é um local quase ou permanentemente alagado (Ver PÂNTANO). No estado da Paraíba a zona do brejo é uma zona incrustada entre a borborema oriental e a borborema central, com cerca de 1.105 km2. Esta zona beneficia-se das massas de ar úmidas provenientes do atlântico. A mata do brejo ou mata latifoliada de altitude, ainda pode ser encontrada em vários locais a 500 ou 600 m de altitude, onde a precipitação pluvial, média anual, atinge os 1.400 mm. Na zona do brejo estão os municípios de Areia, Bananeiras, Alagoa Nova, Borborema e outros. BRILLOUIN (Ver ÍNDICE DE BRILLOUIN) BUMERANGUE ECOLÓGICO (Ver EFEITO BUMERANGUE) “BUTTERFLY EFFECT” (Ver EFEITO BORBOLETA) 41 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 42 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS C C3 (PLANTA C3) Planta que, no processo de fotossíntese, forma como primeiro produto da fixação do CO2, o ácido fosfoglicérico (PGA), que tem 3 átomos de C na sua molécula. A maioria das plantas é C3. C4 (PLANTA C4) Planta que, no processo fotossíntético, forma como primeiro produto da fixação do CO2, o ácido málico ou aspártico, que tem quatro átomos de C na sua molécula. Gramíneas tropicais, como a cana-deaçúcar e o milho, são plantas C4. São consideradas como plantas de alta produtividade. Muitas “plantas invasoras” ou “ervas daninhas” são também C4. (Ver HATCH-SLACK, CICLO DE) CAATINGA Ecossistema típico da região nordeste do Brasil, com uma representação significativa de cerca de 40.000 km2 dos 56.584,6 km2 no estado da Paraíba. Caracteriza-se pela adaptação das plantas ao clima semi-árido (Bsh e Aw’, da classificação de Köppen), com espécies caducifólias, espinhosas, algumas suculentas (cactáceas) e áfilas (sem folhas). Ver fotos que seguem (na foto à esquerda, com xique-xique no primeiro plano, uma caatinga ainda no período não totalmente seco; e na direita durante plena seca): Obs.: fotos obtidas do site: www.biosferadacaatinga.org.br. Tipos de caatinga da Paraíba: 1) Carirís e curimataú: ocorrem após o agreste, no sentido leste-oeste; são em geral tipos semelhantes, arbustivo-arbóreos, onde se destacam: mandacarú, Cereus jamacaru; xique-xique, Pilosocereus gounellei; macambira, Bromelia laciniosa; catingueira, Caesalpinia pyramidalis; jurema, Mimosa sp; e caroá, Neoglaziovia variegata. 2) Seridó: situada na região centro-norte da Paraíba, é uma caatinga pobre em elementos vegetais, destacando-se o estrato herbáceo formado pelo capim panasco, Aristida sp, aparecendo por vezes o xique-xique, a catingueira e a jurema. 3. Sertão: ocupa a região oeste do Estado, sendo de clima menos árido do que as anteriores, é menos densa, arbustiva, destacando-se: faveleira, Cnidoscolus phyllacanthus; pereiro, Aspidosperma pyrifolium; jurema preta, Mimosa hostilis; angico monjolo, Piptadenia zehntueri. Nas margens dos rios ocorrem a oiticica, Licania rigida; carnaúba, Copernica cerifera. CAATINGA AMAZÔNICA (Ver CAMPINARANA) 43 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS CAÇA PREDATÓRIA Conseqüência maléfica à fauna silvestre, causada principalmente pelo exercício da caça profissional e comércio de produtos e subprodutos desta atividade, que é proibida desde 1967 pela Lei nº 5.197, de 03/01/1967. A caça de subsistência e mais ainda a esportiva, são em geral predatórias, principalmente quando realizadas sem nenhum critério ou controle e nos períodos críticos de redução da produção agropecuária como por exemplo, como conseqüência de seca. A predação muitas vezes ocorre com a “justificativa do homem do campo de eliminar pragas” (ou animais invasores) como morcegos, gambás e roedores, que danificam seus cultivos e criações. A caça predatória destes animais causa desequilíbrios ecológicos devido às funções benéficas que estes animais também realizam no ecossistema. (Ver PRAGA) CADEIA ALIMENTAR Série de organismos de um ecossistema, através dos quais a energia alimentar proveniente dos produtores, que são as plantas clorofiladas, é transferida de um organismo para outro, numa seqüência de organismos que ingerem e que são ingeridos. A cadeia alimentar é, em geral, constituída pelos seguintes níveis tróficos: produtores primários; consumidores de primeira ordem ou herbívoros, que devoram os produtores primários; em seguida vêm os consumidores de segunda ordem ou carnívoros de primeira ordem, que se alimentam dos herbívoros; seguem-se os consumidores de terceira ordem ou carnívoros de segunda ordem, que devoram os consumidores de segunda ordem; e assim por diante. Alguns autores dividem a cadeia alimentar em dois tipos principais: a) Cadeia alimentar de pastejo (na qual se fundamenta o ecossistema marinho). b) Cadeia alimentar de detritos (na qual se fundamenta o ecossistema terrestre). Um exemplo de uma cadeia alimentar simples seria: Capim ⇒ gafanhoto ⇒ sapo ⇒ cobra ⇒ carcará. (Ver FLUXO DE ENERGIA; e TEIA ALIMENTAR) CADUCIFOLIA CADUCIFOLIA = DECÍDUA Fenômeno que ocorre periodicamente em muitas plantas (geralmente adaptadas a ambiente com escassez d’água), em que suas folhas caem. Em ambientes muito frios, onde geralmente neva, também ocorre caducifolia. Muitas plantas da caatinga, como a faveleira (Cnidoscolus phyllacanthus) e a jurema (Mimosa sp) são caducifólias. Considera-se uma comunidade vegetal como caducifólia ou decídua, quando 90% de seus componentes (geralmente árvores) perdem as folhas. Uma vegetação, geralmente mata de regiões com uma estação seca e com uma estação fria, que no seu coonjunto (e não suas árvores individualmente) perde entre 20 e 50% de sua folhagem, no período desfavorável, diz-se chamar-se de semicaducifólia ou semidecídua. CALCÁRIO Designação generalizada atribuída a compostos que contêm cálcio. Quimicamente a base é CaO, podendo ser utilizado na agricultura, como corretivo de solo, muitas variedades neutralizadoras de pH ácido, como os óxidos, hidróxidos e carbonatos de cálcio ou de cálcio e magnésio. São ricos em cálcio também casca de ovos, conchas de ostras, ossos animais e carapaças de alguns animais. “calci-” Prefixo de origem latina, usado para indicar relação com cálcio, ou ainda com calcário e pedra calcária e similares. O organismo que tem afinidade com o cálcio diz-se ser calcífilo (ou calcifílico) e o oposto, calcífobo (ou calcífugo, que é incapaz de tolerar o cálcio). São muitos os termos usados com este prefixo. (Ver “alcali-”) CALHAU (Ver TEXTURA DO SOLO) CALVIN-BENSON (Ver CICLO DE CALVIN-BENSON) CAMADA DE OZÔNIO (Ver OZONOSFERA) CAMBISSOLOS (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) CAMPANHA GAÚCHA (Ver ESTEPE) 44 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS CAMPINARANA CAMPINARANA = CAATINGA AMAZÔNICA Campinarana ou “falsa campina”, é uma mata relativamente baixa, com predominância de árvores com troncos finos; sobre podzol hidromórfico ou regossolo de areia branca, ocorrendo expressivamente no alto rio Negro. O humus acumulado no solo arenoso torna-o muito ácido. Quando há excesso de chuva e em locais de solo raso, a água em excesso prejudica as plantas; e quando há sêca e em locais com solo profundo, o solo arenoso não propicia a ascensão da água por capilaridade. E assim, a vegetação tende a ser xerofítica mas a folhagem persiste. A temperatura média anual é 24oC (um pouco superior a das matas circundantes) e a precipitação anual varia de 2.500 mm a 3.000 mm, com boa distribuição no ano. CAMPO CERRADO (Ver CERRADO) CAMPOS Os campos ou “formações campestres” são ecossistemas com o solo coberto geralmente por gramíneas, podendo haver trechos sem nenhuma cobertura vegetal e muito espaçadamente ocorrem subarbustos e raramente arbustos. São muitos os subtipos, destacando-se no Brasil os seguintes: 1) Campos meridionais: incluindo subtipos como os gerais, do planalto, da campanha e da vacaria (SP, PR, SC, RS e MS). [Ver CAMPOS SULINOS]. 2) Campos da hiléia: ocorrendo principalmente na região do baixo rio Amazonas. Os campos de várzea também são aqui incluídos. 3) Campos serranos: tipo de ecossistema de altitude, em geral ocupando o alto das serras (Bocaina, Itatiaia, Caparaó, Cipó, dos Órgãos etc), com cobertura vegetal baixa, descontínua, onde são freqüentes plantas das famílias veloziácea, melastomatácea, eriocaulácea e outras. CAMPOS SULINOS Denominação abrangente dos ecossistemas de campos que ocorrem do sul do estado de São Paulo ao sul do Rio Grande do Sul. Neste último, concentrase a maior extensão de campos sulinos, estimado em mais de 130.000 km2 (ver ao lado, foto, de autoria desconhecida, de trecho de campo no Rio Grande do Sul). (Ver PRADRIAS) CAMPO SUJO (Ver CERRADO) CAMUFLAGEM Um tipo de padrão de cor e forma que alguns animais ostentam, fazendo com que se assemelhem com o ambiente em que vivem, passando portanto muitas vezes desapercebidos aos possíveis predadores. O verde de alguns gafanhotos, à semelhança do bicho-pau (ou louva-a-Deus) com gravetos ou ramos finos de plantas, assim como a transparência das medusas, à semelhança da água onde vivem, são alguns exemplos. Este termo é mais adequado para definir este tipo de caracterização animal do que mimetismo. (Ver APOSEMATISMO; e MIMETISMO) CANIBALISMO Predação intraespecífica. Chama-se de canibalismo filial aquele realizado dentro da própria família; e heterocanibalismo aquele realizado fora da própria família. CAOS Termo que alguns autores utilizam para definir mudanças caóticas numa população, ou seja, flutuações, geralmente com altas taxas intrínsecas de crescimento, “governadas”por equações diferenciais. Modelos matemáticos, nos estudos de competição intraespecífica, têm sido desenvolvidos na expectativa de se entender o fenômeno do caos. 45 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS CAPACIDADE DE CAMPO (DO SOLO) Quantidade de água que permanece no solo quando este é saturado com água e o excesso é drenado naturalmente; é geralmente expresso em porcentagem. Tal capacidade pode ser estimada no campo, colocando-se solo em recipiente com orifícios no fundo e saturando-se o solo com água. O recipiente é posto no próprio local de onde se retirou o solo. Posteriormente mede-se a quantidade de água retida pela amostra de solo. (Ver CAPACIDADE DE SATURAÇÃO (DO SOLO)) CAPACIDADE DE MANUTENÇÃO AMBIENTAL (Ver CAPACIDADE DE SUPORTE; e CAPACIDADE DE SUPORTE CULTURAL) CAPACIDADE DE SATURAÇÃO (DO SOLO) Semelhante à capacidade de campo, é geralmente estimada no laboratório, sendo também dada em porcentagem. Uma amostra de solo (25g, por exemplo) previamente seca em estufa (105°C) é saturada com água (colocada por cima, quando a amostra é colocada num funil com algodão de vidro na sua saída; ou adsorvida por baixo, quando a amostra é colocada num cadinho de Gooch) e daí mede-se a quantidade de água retida após 2 horas de saturação. CAPACIDADE DE SUPORTE (e CAPACIDADE DE SUPORTE CULTURAL) CAPACIDADE DE SUPORTE = CAPACIDADE DE MANUTENÇÃO AMBIENTAL Limite em que determinado ecossistema é capaz de suportar (ou manter) uma população ou populações, em nível de equilíbrio, isto é, no ponto em que não há modificação significante no número de indivíduos dessa população. A capacidade de suporte cultural é uma expressão que foi introduzida pelo professor de ecologia humana norte-americano Garrett Hardin, autor da obra “The Tragedy of the Commons” (1968). Este ecólogo enfatiza que, além da necessidade de “pão e água para todos os passageiros da espaçonave Terra”, um país qualquer “não deveria ter mais pessoas do que poderia ter para desfrutar diariamente de um copo de vinho e um pedaço de bife no jantar”. Em outras palavras, nenhuma nação teria o direito de exigir ou reivindicar de outro país que este sacrifique seus recursos (florestas, fontes de água naturais, patrimônio paisagístico e outros bens naturais) em benefício de outros países (alguns esgotaram os seus recursos de maneira inconseqüente). A qualidade de vida como resultado da capacidade cultural de um povo se reduziria à pobreza e ruína ambiental se a prioridade fosse a capacidade de suporte (ambiental) pura e simples. CAPACIDADE DE TROCA CATIÔNICA − CTC (Ver CTC) CAPOEIRA Termo aplicado vulgarmente para designar uma vegetação secundária que se sucede a uma primária, seja por queima desta ou desmatamento. Aos diferentes estádios de sua evolução, usam-se as denominações (dependendo da densidade de vegetação): capoeira rala, densa ou grossa, ou capoeirão. CAPTOR (ou DRENO) (Ver FONTE E DRENO (ou CAPTOR)) CAPTURA E ARMAZENAMENTO DE DIÓXIDO DE CARBONO Programa do “IPCC − Intergovernmental Panel on Climate Change” (Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática) da “UNEP – United Nations Environment Programme” (programa das Nações Unidas para o meio ambiente). Tem por finalidade, estudar meios para capturar e armazenar o CO2, principalmente o gerado pelas indústrias e usinas produtoras de energia a partir de queima de compostos de origem orgânica. A figura que segue, mostra algumas das possibilidades de armazenamento do CO2. O esquema acima foi reproduzido do relatório especial do IPCC (2005) (ver na BIBLIOGRAFIA, site do IPCC) e mostra alguns dos seus pontos essenciais. 46 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS O processo como um todo, consta de captura, separação de outros subprodutos industriais, transporte e armazenamento deste gás, a longo prazo, em locais isolados do contato com a atmosfera, visando à mitigação da problemática do aquecimento global (efeito estufa). Também estão previstas nesse estudo, outras iniciativas tais como eficiência na melhoria do uso de energia, mudança para alternativas Visão geral das opções de armazenamento geológico: 1 Reservatórios já esgotados de petróleo e gás 2 Uso de CO2 na recuperação intensificada de petróleo e gás 3 Formações salinas profundas: (a) no mar; (b) na terra 4 Uso de CO2 na recuperação intensificada de metano do lençol carbonífero Gás ou petróleo produzido CO2 injetado CO2 armazenado energéticas (energias renováveis e energia nuclear), assim como incremento na captura biológica de CO2 e redução de outros gases que contribuem para o efeito estufa. CAPTURA-RECAPTURA (Ver ÍNDICE DE LINCOLN (OU CAPTURA-MARCAÇÃO-RECAPTURA (MÉTODO DE)) CARBAMATO Composto derivado do ácido carbâmico, com ação semelhante ao organofosforado e tido como de menor toxicidade para os mamíferos, usado como agrotóxico ou pesticida. No entanto, o carbamato “aldoxycarb” é altamente tóxico para mamíferos. O carbofuran (inseticida e nematicida) também é altamente tóxico para mamíferos, pássaros e invertebrados aquáticos. Um outro carbamato, o carbaril, embora considerado de toxicidade moderada para mamíferos, pássaros e peixes, é muito tóxico para invertebrados aquáticos. Alguns carbamatos são extremamente tóxicos a insetos benéficos como abelhas e vespas (produtores de mel e polinizadores). (Ver TIOCARBAMATO) CARBONO (NA BIOSFERA) (Ver FONTE E DRENO; e INICIATIVA PARA MITIGAÇÃO DO CARBONO) CARGA POLUIDORA Quantidade de poluente lançado num corpo d’água. Uma alta carga poluidora expressa o potencial (não quantificado) de poluição de um efluente para um ecossistema aquático. Quando se diz que a carga poluidora é admissível, isto significa (não quantitativamente) que os poluentes não afetarão o ecossistema aquático para onde é lançado o efluente. CARNICEIRO Embora signifique animal que se alimenta de carne, sem deixar de ser portanto, um carnívoro, refere-se este termo àquele animal que se alimenta de outros animais mortos. Incluem-se neste caso os animais de maior porte (urubus, hienas, alguns lobos ...), enquanto os pequenos (centopéias, coleópteros, alguns helmintos, e alguns moluscos e crustáceos nos ecossistemas aquáticos) são designados como detritívoros. (Ver DETRITÍVOROS) CARNÍVORO (Ver CADEIA ALIMENTAR) 47 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS CARVÃO ATIVADO Partículas de carvão, geralmente obtidas pela queima da celulose (sem ar), que são utilizadas como filtro, devido à sua grande capacidade de adsorção. CARVÃO MINERAL Também conhecido como carvão de pedra. É uma forma fóssil de armazenamento do carbono, provindo provavelmente da transformação da celulose dos vegetais (formando a hulha) que perde hidrogênio e oxigênio, formando então um minério com alta concentração de carbono. A “IEA – International Energy Agency” (Agência Internacional de Energia) estima que haja uma reserva mundial de 3 trilhões de toneladas de carvão mineral (sólido) que somados à forma gaseificada totalizariam 6 trilhões de toneladas. China e Índia são os detentores das maiores reservas do mundo. No Brasil destaca-se o estado de Santa Catarina com grande reserva de carvão mineral betuminoso. Em termos de conseqüências ambientais com o uso desta imensa fonte de energia, preocupa o seu altíssimo potencial de contribuição à poluição atmosférica, a partir da tecnologia vigente, e os seus reflexos no aquecimento global (ou efeito estufa). (Ver “SYNFUEL”) CASCALHO (Ver TEXTURA DO SOLO) “CASCATA TRÓFICA” Este termo, utilizado por RICKLEFS (2007), refere-se a um trabalho original dos ecólogos N. Hairston, F. Smith e L.Slobodkin, da Universidade de Michigan (E.U.A.) que em 1960 sugeriram que “a Terra é verde porque os carnívoros reprimem as atividades dos herbívoros, que se consumissem livremente, exterminariam a maioria da vegetação”. Este fenômeno, que mostra os efeitos indiretos das interações consumidor-recurso disponível, ao longo dos diferentes níveis tróficos da comunidade, é o que se chama de “cascata trófica”. E ainda: quando o nível mais alto da cadeia trófica é o determinante do tamanho dos demais níveis que lhe estão abaixo, diz-se ocorrer um “contrôle de cima para baixo”; e quando é o alimento o determinante, diz-se ocorrer um “contrôle de baixo para cima”. CASMÓFITO Vegetal que se desenvolve em fissuras e fendas de rochas. (Ver CRIPTOBIÓTICO) CASUAL (Ver ACIDENTAL) “CAT − CENTRE FOR ALTERNATIVE TECHNOLOGY” (Ver TECNOLOGIA ALTERNATIVA) CATABOLISMO Fase que se segue ao anabolismo, em que a matéria orgânica (anteriormente assimilada) é oxidada e degradada a componentes menores (mais simples). Dá-se o nome de catabólito (ou excreta) ao produto resultante do catabolismo. (Ver METABILISMO; EGESTA; EXCRETA; e REJEITO) CATÁDROMO (Ver ANÁDROMO; e DEFESO) CATANDUVA (ou CATANDUBA) Tipo de mato rasteiro, um tanto quanto áspero e espinhento, com certa semelhança a um campo de cerrado. CATÁSTROFE Evento ou distúrbio tão pouco freqüente num ecossistema que as populações não guardam, geneticamente, registros de sua ocorrência. Uma erupção vulcânica que ocorra inesperada e fortuitamente, é uma catástrofe. (Ver DESASTRE) CÁTIONS TROCÁVEIS CÁTIONS TROCÁVEIS = BASES TROCÁVEIS Cátions que podem ser substituídos por outros e que em solução no solo formam bases, daí também a denominação “bases trocáveis”. Os cátions adsorvidos resistem à remoção por lixiviação, mas podem ser “trocados” por outros (competição pelos sítios negativos) de maior força de adsorção. Esta força aumenta com a valência do cátion, ou seja, na seguinte ordem: Na < K = NH4 < Mg = Ca < Al(OH)2 < H. (Ver CTC; e SATURAÇÃO DE BASES) CAVERNÍCOLA (Ver “-cola”; e “troglo-”) CAVIOMORFO(A) (Ver ESPÉCIE CAVIOMORFA) 48 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS CELULOLÍTICO Diz-se do processo em que a enzima celulase decompõe a celulose. (Ver ENZIMAS DO SOLO) CELULOSE Polímero de moléculas de glicose, componente fundamental da parede celular dos vegetais clorofilados. O algodão é um exemplo de celulose quase pura. A celulose representa cerca de 1/3 de todo o CO2 fixado pelas plantas. CENO Palavra grega, usada muitas vezes como prefixo, designando o sentido de “compartilhar”. Ex.: cenose (uma assembléia de organismos com preferências ecológicas similares). CENOBIOLOGIA (Ver BIOCENOLOGIA) CENSO Em ecologia, assim como em demografia, o censo é uma tentativa de se contar todos os membros constituintes de uma população. CEPA (Ver LINHAGEM) CEROSIDADE DO SOLO (Ver PERFIL DO SOLO; e TEXTURA DO SOLO) CERRADÃO (Ver CERRADO) CERRADO O cerrado é um tipo de “savana brasileira”, formado por um gradiente de densidade de vegetação com estratos herbáceo, arbustivo e arbóreo, que aumenta no sentido campo sujo de cerrado → campo cerrado → cerrado → cerradão. A vegetação apresenta escleromorfismo oligotrófico, cujas árvores apresentam aparência retorcida, com troncos de casca grossa. As raízes são na maioria, profundas. Estima-se que essa vegetação cobre área aproximada de 2 milhões de km2, estando seu núcleo no Brasil central, nos estados de MT, MS, GO e MG; atinge também o sul do AM e os estados de SP e PR. Na Paraíba alguns autores consideram os tabuleiros, arbustivos, como cerrado. Segundo alguns autores, o gradiente do campo sujo de cerrado ao cerradão, depende essencialmente de características do solo; o Al que é tóxico, por exemplo, diminui no solo à medida que a densidade de vegetação aumenta; o fósforo (PO4), importante nutriente, aumenta do campo sujo para o cerradão. As fotos abaixo, de autoria do ecólogo Leopoldo Magno Coutinho, ilustram um cerrado, subtipo campo sujo (à esquerda) e um cerrado, stricto sensu (à direita). Este autor foi um dos primeiros a defender a hipótese de que o cerrado é um bioma cujas características e existência, são dependentes da ação do fogo, estando este fator ecológico presente nesse bioma há milênios (COUTINHO, 1990). As características (médias) da vegetação e do solo dos quatro tipos de cerrado acima mencionados, estão representados no quadro que segue (GOODLAND & FERRI, 1979). 49 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS CARACTERÍSTICA CAMPO SUJO CAMPO CERRADO CERRADO CERRADÃO a) Vegetação: 1 3 19 46 • dossel (%) 3 4 6 9 • altura das árvores (m) 300 7.600 16.800 31.300 • área basal/ha (cm2) 849 1.408 2.253 3.215 • nº de árvores/há 31 36 43 55 • nº de espécies arbóreas 96 93 95 100 • nº total de espécies b) Solo: 5,2 5,2 5,4 5,4 • pH 1,88 1,93 1,91 2,32 • C (%) 0,08 0,08 0,16 0,17 • K (meq/100mL) 0,07 0,07 0,08 0,10 • N (%) 0,024 0,036 0,044 0,067 • PO4 (%) 3,2 3,3 3,3 4,0 • M.O.S. (%) 58,2 52,6 38,1 34,6 • Saturação de Al (%) CERTIFICAÇÃO DE MATERIAL DE FLORESTAS Documento ou certificado concedido aos explotadores de recursos florestais. O “FSC – Forest Stewardship Council” (literalmente, em inglês, Conselho de Procuradoria, ou Intendência, de Florestas) é a primeira instituição credenciadora de certificadores na área florestal. É uma entidade nãogovernamental (sem fins lucrativos) internacional, sediada em Oaxaca, México, tendo sido fundada em 1993, com o objetivo de promover a conservação cuidando do credenciamento e monitoramento de certificadores de florestas que estejam submetidas a práticas de bom manejo. O FSC recebe apoio do setor ambientalista e pouco a pouco, também do setor empresarial e de governos de diferentes países. CFC − CLOROFLUORCARBONO (ou CARBONO FLUORCLORADO) Substância utilizada industrialmente, em aparelhos de ar condicionado e de refrigeração, propelentes do tipo aerossol (em inseticidas, desodorizadores etc) e em processos de fabricação de plásticos, à qual se atribui a indesejável ação destruidora da ozonosfera. Tais propelentes, até um certo tempo muito usados, são conhecidos comercialmente como gás “freon” e os principais produzidos são o CFC-11, CCl3F ou triclorofluormetano e o CFC-12 ou CCl2F2, diclorodifluormetano. O cloro da molécula do CFC reage rapidamente com o ozônio, produzindo óxido de cloro e oxigênio molecular. Os CFCs vêm sendo substituídos pelos HCFCs – hidroclorofluorcarbonos (com menos átomos de cloro do que os CFCs) e pelos HFCs – hidrofluorcarbonos (que não contêm nem cloro nem bromo). Estes últimos, embora menos impactante na ozonosfera, exerce efeito poderoso no efeito estufa, permanecendo na atmosfera por mais tempo do que os CFCs e o CO2. A Convenção de Genebra para a Proteção da Camada de Ozônio (1985) e o Protocolo de Montreal (1987) constituíram-se nos primeiros acordos internacionais para reduzir o uso dos CFCs no final do século XX e início do século XXI. (Ver OZONOSFERA) CHAPADA Tipo de relevo, geralmente de altitude, com extensas áreas planas, muito comum no Brasil Central. Ex.: chapada Diamantina. Esta é uma região de serras, situada no centro do estado da Bahia, onde nascem quase todos os rios das bacias do Paraguaçu, Jacuípe e rio de Contas. A vegetação é exuberante, exótica, com diversidade de espécies da caatinga e flora serrana, com destaque para as veloziáceas, bromélias, orquídeas e sempre-vivas. As fotos a seguir são do site www.wikipedia.com, a da esquerda mostrando vista geral e a da direita flora típica da chapada Diamantina. 50 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS CHAPARRAL Vegetação dominada por arbustos de folhas endurecidas (esclerófilas), resistentes à seca e por plantas lenhosas de crescimento lento, ocorrendo nas regiões de clima do tipo mediterrâneo (brando, inverno úmido e verão seco), distribuindo-se amplamente, na Europa, noroeste do México, em pequenas áreas na Austrália, Chile e África do Sul. Algumas espécies de plantas têm sistema radicular profundo, que penetra através de fissuras nas rochas, enquanto outras, com raízes menos profundas, se utilizam apenas da água que se precipita durante a estação das chuvas, como a espécie típica do chaparral da Califórnia, Salvia mellifera (a salvia preta). A foto à direita (do site www.wikipedia.com) é de uma vegetação montanhosa de chaparral, nas montanhas Santa Ynez, em Santa Barbara, Califórnia, E.U.A. CHERNOBYL Desastre de conseqüências imensuráveis, ocorrido em 26/04/1986 na antiga União Soviética, na Estação de Energia Nuclear de Chernobyl (cidade a 104 km de Kiev, na Ucrânia). Estima-se que 100 milhões de Ci (unidades Curie; 1 Ci = 3,7X1010 Bq, becquerel) de material radioativo tenha emanado afetando diretamente os seres vivos num raio de pelo menos 30 km da Estação. Estima-se também um aumento na taxa de mortalidade de seres humanos de 0,05%, ou seja, mais 5.000 pessoas morrerão de câncer (além dos 9,5 milhões que se esperam morrer dessa doença) ao longo dos 70 anos que se seguirão a esse desastre. As conseqüências da precipitação radioativa do césio-137 far-se-ão sentir em diversas regiões do planeta, mesmo naquelas supostamente distantes de Chernobyl, ao longo de dezenas de anos. CHERNOSSOLOS (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) CHERNOZEM (ou “TCHERNOZIOM”) Termo que em russo significa “tcherno” = negrume e “ziom” = terra de grande extensão, ou massapê preto, referindo-se a um tipo de solo da região central e sul da Rússia, muito rico em humus, levemente alcalino, com aproximadamente 1 m de espessura e que é tido, para a agricultura, como o solo mais fértil do mundo. (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) CHICAGO (DE MUDANÇA CLIMÁTICA), bolsa de A “bolsa de Chicago, de Mudança Climática” (“CCX – Chicago Climate Exchange”) é um empreendimento piloto de negociação internacional, em que empreendimentos os mais diversos (e conseqüentemente os respectivos países onde estão instalados) poderão receber benefícios ao implantarem programas de redução na emissão de gases do efeito estufa e de seu seqüestro, entre os anos de 2003 e 2010. A unidade de medida das emissões é a tonelada métrica (ou megagrama) de dióxido de carbono. Detalhes do sistema podem ser vistos no site da referida bolsa: www.chicagoclimatex.com). 51 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS CHORUME Líquido escuro, ácido e mal cheiroso, produzido pela decomposição do lixo amontoado em aterro sanitário. (Ver ATERRO SANITÁRIO) CHUVA ÁCIDA Chuva contendo compostos ácidos, sulfúrico e nítrico, originados dos poluentes primários óxidos de enxofre e de nitrogênio, que existem na atmosfera como decorrência de atividades industriais, queima de carvão mineral, queima de combustíveis fósseis (este em menor escala) etc. Estes ácidos acidificam a água da chuva para pH abaixo de 5,0. CHUVA OROGRÁFICA (Ver SOMBRAS DE CHUVA) CIANOBACTÉRIA Denominação dada, recentemente, à antiga “alga verde-azul”. É um procarioto fixador de N2 atmosférico, incluído no reino Monera. CIANETO (Ver DEFESA QUÍMICA) CIANOGÊNICO Organismo vivo que produz ou libera o ácido cianídrico (HCN), que é tóxico. Na verdade, o nome “cianogênio” refere-se mais especificamente ao gás C2N2, também tóxico e inflamável. Concentrações variadas de cianeto constituem-se em “defesa química” de certas plantas, como em samambaia (Pteridium aquilinum). (Ver DEFESA QUÍMICA) CICLO DE CALVIN-BENSON É o ciclo de fixação do CO2, em que os vegetais clorofilados absorvem CO2 do ar, reagindo com a ribulose difosfato (RDP ou RuDP), formando em seguida o ácido fosfoglicérico (PGA) e daí por diante vai dando origem aos demais compostos essenciais (açúcares etc), inclusive à própria RDP. Há plantas que formam inicialmente, ao invés do PGA (que tem 3 átomos de C - plantas C3), o ácido málico ou aspártico (com 4 átomos de C - plantas C4). A energia utilizada neste ciclo é fornecida pelo ATP (adenosina trifosfato) e NADPH2 (nicotinamida adenina difosfato, reduzido), sintetizados na fotossíntese (nas fotofosforilações cíclica e acíclica). (Ver C3; C4; e HATCH-SLACK, CICLO DE) CICLO (ou CICLAGEM) DE NUTRIENTES Refere-se ao caminho percorrido pelos nutrientes na Natureza. A figura seguinte ilustra a circulação de nutrientes (1) idealizada, (2) em floresta decídua temperada e (3) em floresta pluvial tropical, segundo TIVY & O’HARE (1986). Observar as proporções de espessura (setas) e tamanho (círculos) no esquema, representando as respectivas concentrações de nutrientes: 1 Entrada pela chuva Biomassa Queda de folhas... Necromassa Mineralização 2 Entrada por intemperismo B Absorção pelas plantas N 3 Solo B N Perda por escorrimento S S Perda por lixiviação A figura a seguir representa a ciclagem em floresta clímax da Nova Guiné (Nye, cit.p. LONGMAN & JENÍK, 1987): 52 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Vegetação acima do solo: P.S: 310.000 N 683 K 668 P 37 Ca 1.270 Mg 187 Queda de folhas N 91 P 5,1 K 28 Ca 95 Mg 19 Entrada pela chuva: N 6,5 P 0,5 K 7,3 Ca 3,6 Mg 1,3 Percolação foliar: N 30 P 2,5 K 71 Ca 19 Mg 11 Necromassa P.S.:6.460 N 91 K 11,5 P 9,8 Ca 96 Mg 14,5 Absorção Solo M.O.S. 415.000 N 19.200 K 403 P total 2.560 e P solúvel 16 Ca 3.750 Mg 682 Sistema radicular P.S.: 40.000 N 137 K 186 P 6,4 Ca 333 Mg 61 Lixiviação e percolação (p/ o lençol freático) Entrada pela chuva, queda de folhas e percolação foliar, em kg.ha-1.ano-1 Demais valores, em kg.ha-1 Pontilhados: sem dados quantitativos Ver também figura sobre concentração de nutrientes em floresta tropical e de região temperada, no verbete NUTRIENTES. (Ver BIOGEOCICLAGEM) CICLO DE VIDA Seqüência de estádios (ou fases) da vida de um organismo, a partir do desenvolvimento do zigoto até a produção de zigotos descendentes (ou seja, de sua progênie). CICLONE Um ciclone tropical é um distúrbio atmosférico violento, nos oceanos tropicais que ocorre entre as latitudes aproximadas de 5 e 30 graus, em ambos os hemisférios. No Atlântico e no Caribe os ciclones são denominados de furacões e no Pacífico são conhecidos como tufões. Um ciclone tropical tem pressão atmosférica muito baixa no seu calmo centro (o “olho”), circundado por uma estrutura de chuvas, nuvens e ventos muito fortes. Devido à rotação da Terra, gira no sentido dos ponteiros do relógio no hemisfério sul e no sentido contrário no hemisfério norte (de acordo com a força de Coriolis). Eles podem ter de 80 a 800 km de diâmetro e ventos acima de 180 km/h. Quanto aos danos que podem causar, estima-se que ventos de 74 a 93 km/h desfolha e arranca galhos de árvores; ventos de 111 a 130 km/h arrancam árvores com sistema radicular pouco profundo, derrubam paredes finas e destelham tetos frágeis. Os ventos podem exercer uma pressão de 400 kg/m2, fazendo objetos se tornarem verdadeiros “mísseis”. Estudos sugerem que os furacões estão ficando mais fortes. O Katrina foi considerado o desastre natural mais destrutivo que atingiu o sul dos Estados Unidos, no golfo do México, principalmente Nova Orleans, no estado da Louisiana, em 29/08/2005, forçando milhares de pessoas a abandonarem a cidade e matando aproximadamente mil pessoas, além de causar prejuízos de bilhões de dólares. A revista americana Science (em 2005) divulgou que o número de furacões das Categorias 4 e 5 tem quase que duplicado nos últimos 35 anos (18 por ano, a partir de 1990). O fato de que as tempestades tropicais retiram energia da água oceânica para ganhar força, tem levado os cientistas a hipotetisar que o 53 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS aquecimento global e as águas mais quentes a ele associadas, poderiam levar a furacões mais fortes. Esta hipótese, no entanto, requer comprovações mais seguras uma vez que o número total de furacões e sua longevidade têm decrescido nos últimos 10 anos. CICLOS DE LIMITES ESTÁVEIS Na relação predador-presa há populações com tendência a retornar ao ciclo original, após certos distúrbios. CIÊNCIAS AMBIENTAIS As ciências ambientais podem ser consideradas como o conjunto das diversas ciências da Natureza, ou ciências naturais, adicionadas daquelas que mesmo não estando inteiramente voltadas ao conhecimento dos componentes e fenômenos naturais, contribuem direta ou indiretamente para isso. Portanto, entre as ciências ambientais consideram-se além da ecologia, biologia, geologia, geografia, climatologia, agronomia, (e diversas outras), incluem-se também a física (ambiental, principalmente), química (ambiental, com bastante ênfase), sociologia, economia e diversas outras. CIMENTAÇÃO DO SOLO (Ver PERFIL DO SOLO) CINTURÃO (ou CINTO) VERDE Uma estreita faixa ou área de vegetação, geralmente circundando, completamente ou parcialmente uma área urbanizada ou de origem antrópica. CIÓFITO(A) / CIÓFILO(A) CIÓFILO = ESCIÓFILO = PLANTA DE SOMBRA Ciófita é uma planta que vive melhor à sombra. Ciófilo (ou esciófilo ou esciofílico e outros termos similares; ver dicionário) é um organismo que gosta de viver à sombra ou em baixa intensidade de luz. Opõe-se este termo a heliófilo. CIRCALITORAL (Ver ZONA CIRCALITORÂNEA) “CITES − CONVENTION ON INTERNATIONAL TRADE IN ENDANGERED SPECIES” (Ver “CONVENTION ON INTERNATIONAL TRADE IN ENDANGERED SPECIES − CITES”) CLAREIRA (e DINÂMICA DE CLAREIRA) Espaço (ou “mancha”) gerado num ecossistema, aberto por ação natural (queda de árvore se for numa floresta, vento forte, queima leve e restrita etc) ou por ação antrópica (derrubada ou queima de pequeno trecho), descaracterizando o ambiente natural; podendo nas pastagens este fenômeno ocorrer pela ação intensiva dos pastejadores (o gado) ou outro herbívoro. Nos sistemas aquáticos a ação da maré (ondas fortes) poderá causar clareira nas algas, sobre os recifes. Na figura que segue (reproduzida de LONGMAN & JENÍK, 1987) está representado o andamento diário do Déficit de saturação do Vapor d’Água em quatro situações numa floresta tropical de Costa Rica. Vê-se como uma clareira pode modificar o fator ambiental umidade. 1,4 1,2 1 0,8 0,6 0,4 0,2 0 Clareira Dossel Abertura 20 16 12 8 4 Estrato inferior 0 Pressão (KPa) DEFICIT DE SATURAÇÃO DE VAPOR D'ÁGUA Horas do dia Estudos sobre dinâmica de clareira (do inglês “gap dynamics”) têm mostrado nos trópicos, que tanto as plantas de sol quanto as de sombra são capazes de colonizarem clareiras, sugerindo que a colonização depende mais do acaso de recrutamento do que das condições ambientais da clareira, embora se saiba que as várias espécies de árvore possam se especializar para germinar nos mais diferentes locais, segundo observaram Steve Hubbell e colaboradores no Panamá. (Ver DISTÚRBIO; e HIPÓTESE DO DISTÚRBIO INTERMEDIÁRIO, DE CONNELL) 54 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS CLASSIFICAÇÃO DE BIOMAS DE WHITTAKER (Ver ZONA(S) CLIMÁTICA(S) (de WALTER, HEINRICH)) “CLEAR CUTTING” (Ver AGRICULTURA ITINERANTE) CLEPTOPARASITISMO Forma de parasitismo encontrado em alguns organismos sociais, no qual uma fêmea de uma espécie rouba a presa ou a reserva de alimento da fêmea de outra espécie para alimentar sua prole. CLIMATOGRAMA (Ver DIAGRAMA CLIMÁTICO) CLIMATOPO O conjunto das condições climáticas e atmosféricas em geral, de um determinado habitat ou ecotopo, incluindo por exemplo: luz, temperatura do ar, oxigênio, dióxido de carbono, gases liberados pelas indústrias etc. CLÍMAX (Ver COMUNIDADE CLÍMAX; e TEORIAS MONO E POLICLÍMAX) CLÍMAX CLIMÁTICO Uma comunidade cuja estrutura e composição foram estabelecidas pela ação macroclimática, constitui-se num clímax climático. (Ver CLÍMAX TRANSITÓRIO e CLÍMAX CÍCLICO) CLÍMAX DE FOGO Uma comunidade onde a ação freqüente do fogo selecionou espécies vegetais tolerantes a este fator ecológico (muitas vezes de origem antrópica), constitui-se num clímax de fogo. Por conseqüência, estabelecem-se nesse local, animais cujo alimento provém principalmente do rebrotamento das plantas após a queima. Muitos autores atribuem esta característica aos cerrados. CLÍMAX EDÁFICO Em todas as situações em que o substrato edáfico (solo) apresente peculiaridades pronunciadas que permitem o aparecimento e a manutenção de uma cobertura vegetal que a fazem diferir do clímax climático circunvizinho, forma-se aí um clímax edáfico. CLÍMAX TOPOGRÁFICO Em locais onde um declive acentuado e sua posição geográfica permitem uma incidência de radiação, vento etc, diferente da que ocorre numa condição topográfica normal (uma planície, por exemplo), há a probabilidade de ali se estabelecer uma comunidade, chamada então de clímax topográfico. Esta denominação é aplicada às situações em que surge um microclima marcante, em decorrência de uma característica topográfica. Ela é muito comum nas encostas de montanhas. CLÍMAX TRANSITÓRIO e CLÍMAX CÍCLICO Alguns autores aplicam o termo clímax transitório à condição de máximo desenvolvimento de um ecossistema como conseqüência da estacionalidade, como ocorre por exemplo nas lagoas temporárias nas regiões semi-áridas, onde ocorrem etapas sucessivas que culminam com um máximo desenvolvimento, degradando-se em seguida, com a chegada do período seco. O clímax cíclico é marcado por algumas particularidades, como por exemplo, no caso em que uma espécie de planta X cujas sementes só germinam e crescem sob uma planta Y, que por sua vez dependerá da existência da planta Z, e esta dependerá da planta X. O tempo de vida da espécie dominante é que determinará a duração de cada estádio. CLÍMAX ZOÓTICO Diz-se da comunidade onde um herbívoro dominante e a vegetação por ele “modelada” formam um sistema de interação recíproca, dinâmica. “-clino” ou “-clina” Derivado do grego, geralmente como sufixo, refere-se a um determinado gradiente. Daí os termos termoclino (gradiente de temperatura num sistema aquático, por exemplo); picnoclino (gradiente de densidade, também num sistema aquático); cenoclino (uma seqüência de comunidades distribuídas ao longo de um gradiente ambiental). O termo “continuum” confunde-se com clino(a) se usado no sentido de gradiente de características ambientais e não exclusivamente como gradiente de adaptações dos organismos de uma população ou de composição de comunidade. O “continuum index” (que poderia ser traduzido do inglês como “índice de continuidade”) foi aplicado por J.T.Curtis e R.P.McIntosh, em estudos no sudoeste de Wisconsin (E.U.A.), para definir os pontos finais de sucessão, num gradiente, variando de locais secos dominados por carvalho (Fagaceae) e faia (Salicaceae) até locais úmidos dominados por bordo (Aceraceae), pau-ferro e tília americana (Tiliaceae). (Ver CLINOLIMNIO e TERMOCLINO) 55 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS CLINOLIMNIO Parte do hipolimnio de um lago no qual a taxa de aquecimento cai exponencialmente com a profundidade (ver figura em EUTRÓFICO, LAGO). CLONAGEM Em biologia molecular a clonagem é considerada como um procedimento no qual uma determinada seqüência de DNA, como um gene, é reproduzida em grandes quantidades a partir de sua inserção num vetor adequado, introduzindo a molécula híbrida resultante numa célula que possa replicála, fazendo então esta célula crescer em meio de cultura apropriado. Assim sendo, um segmento de uma cadeia de DNA ou gene, extraído de uma célula qualquer de um animal macho, por exemplo, seria inserido num óvulo de uma fêmea desprovido de seu material genético, fazendo-o então crescer. (Ver CLONE; e CLONAL, FLORESTA) CLONAL, FLORESTA Todo organismo derivado de multiplicação assexual ou vegetativa originado de um único organismo parental (pai ou mãe), admite-se ser geneticamente idêntico ao organismo que lhe gerou e é assim chamado de clone. A floresta clonal, portanto, é uma floresta homogênea originada de um único indivíduo parental. (Ver CLONAGEM) CLONE Em biologia molecular o clone é um indivíduo (unidade vetor ou hospedeiro) constituído por uma única seqüência inserida de DNA, originada de uma única célula progenitora. Atribui-se esta denominação também a uma assembéia de organismos derivados de reprodução assexual ou vegetativa e que são provenientes de um só dos pais, admitindo-se assim que todos esses organismos são geneticamente iguais. É um tipo de linhagem ou cepa, originando-se de manipulação pela engenharia genética. CLOROFLUORCARBONO (Ver CFC) Cmic : Corg (Ver RELAÇÃO CARBONO DE MICRORGANISMOS : CARBONO ORGÂNICO TOTAL) C:N (Ver RELAÇÃO C : N) CO2 (ou DIÓXIDO DE CARBONO) (Ver EFEITO ESTUFA) CO2 – CAPTURA E ARMAZENAMENTO O “IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change” juntamente com o “UNEP – United Nations Environment Programme”, através do Grupo III, de estudos sobre Mitigação da Mudança de Clima (do IPCC), proveram um relatório (“Special Report on Carbon Capture and Storage (CCS) – 2005”, analisando a viabilidade técnica, ambiental, econômica e social para capturar e armazenar CO2. Uma das propostas importantes é a do armazenamento geológico do CO2 emitido pelas atividades humanas (principalmente industrial) nos vazios subterrâneos onde antes existia petróleo ou gás, além da possibilidade de armazenamento em depósitos salinos profundos. (Ver INICIATIVA PARA MITIGAÇÃO DO CARBONO) CÓDIGO FLORESTAL Diz respeito à lei de proteção às florestas e demais tipos de vegetação, conforme prevê seu Artigo 1º: “As florestas existentes no território nacional e as demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidades às terras que revestem, são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem”. O “novo Código Florestal Brasileiro” foi instituído pela Lei nº 4.771, de 15/09/65. O Código Florestal do Estado da Paraíba foi instituído pela Lei nº 6.002, de 29/12/94 (data de publicação no Diário Oficial do Estado). Este código estadual tem o seu Art. 1º semelhante ao do Código Federal e seu Art. 2º diz: “ A política florestal do Estado tem por fim o uso adequado e racional dos recursos florestais com base nos conhecimentos ecológicos, visando à melhoria de qualidade de vida da população e à compatibilização do desenvolvimento sócio-econômico com a preservação do ambiente e do equilíbrio ecológico”. (Ver CONAMA; e LEGISLAÇÃO AMBIENTAL) CO-DOMINANTE Espécie que, juntamente com outra ou outras, domina numa comunidade. (Ver DOMINANTE ECOLÓGICO) COEFICIENTE DE ASSOCIAÇÃO (Ver ASSOCIAÇÃO VEGETAL) 56 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS COEFICIENTE DE COMPETIÇÃO É uma medida do grau em que indivíduos de uma espécie competidora utiliza o recurso de outras espécies. Suponha-se que 10 indivíduos de uma espécie 2 tenha o mesmo efeito inibitório (competindo entre si, ou seja intraespecificamente) de um único indivíduo da espécie 1. O efeito competitivo total (intra e interespecífico) sobre a espécie 1 será então equivalente ao efeito de (N1 + N2/10) indivíduos da espécie 1. Esta constante 1/10 é chamada de coeficiente de competição e é representada por α12 (leia-se “alfa um-dois”) que em suma, mede o efeito competitivo per capita da espécie 2 sobre a espécie 1. COEFICIENTE DE COMUNIDADE Termo utilizado por alguns ecólogos, significando na prática um “índice de similaridade” existente entre amostras de duas comunidades, calculado pela fórmula simples: 2C / (A + B), em que C é o número de amostras comuns às duas comunidades, A é o número de amostras de uma das comunidades e B o da outra comunidade. COEFICIENTE DE DIFERENÇA Uma medição da diferença entre duas populações, calculada como a diferença entre as duas médias, dividida pela soma de seus desvios padrões. COEFICIENTE DE EFICIÊNCIA ECOLÓGICA (Ver EFICIÊNCIA ECOLÓGICA; e CONSUMO, EFICIÊNCIA DE) COEFICIENTE DE EFICIÊNCIA DE ASSIMILAÇÃO (Ver ASSIMILAÇÃO) COEFICIENTE DE EFICIÊNCIA FOTOSSINTÉTICA NA UTILIZAÇÃO DE ENERGIA É a proporção da energia absorvida, fixada por uma planta na forma de ligações químicas, estimada pela conversão de CO2 para carboidrato, sendo expressa em porcentagem. COEFICIENTE DE INTERFERÊNCIA Medição (com represesentação gráfica) da taxa de consumo do alimento por um consumidor, correlacionada com a sua densidade de população. O resultado é uma correlação negativa (a taxa decresce com o aumento da densidade). Ex.: as fêmeas de uma certa espécie parasitóide aumentam sua emigração (reduzem em número no hospedeiro) à medida que sua densidade populacional aumenta. Dáse o nome também a este processo de interferência mútua. COEFICIENTE DE RELAÇÃO (Ver IGUALDADE POR DESCENDÊNCIA) COESÃO Atração molecular que mantém duas substâncias similares, juntas. O aumento da temperatura desfaz ou diminui a coesão. (Ver ADESÃO) CO-ESPECÍFICO Pertencente à mesma espécie. E heteroespecífico é quando pertence a espécies diferentes. COEXISTÊNCIA Usa-se este termo para designar a existência simultânea, temporal e espacial, de espécies competidoras, numa comunidade, como resultado de adaptações seletivas. Quando uma espécie competidora dominante é a que mais sofre, pela ação brusca de um distúrbio, por exemplo, estará se criando espaço e recursos para outras espécies, aumentando a biodiversidade. A predação também propicia a coexistência de espécies entre as quais provavelmente poderia ocorrer “exclusão competitiva” (este efeito da ação predatória ocorre porque a densidade de algumas espécies reduzem-se para níveis em que a competição deixa de ser importante). A coexistência oriunda deste processo é conhecida como coexistência mediada pelo explotador. (Ver PRINCÍPIO DA EXCLUSÃO COMPETITIVA) COEXISTÊNCIA MEDIADA PELO EXPLOTADOR (Ver COEXISTÊNCIA) COEVOLUÇÃO Processo em que duas espécies intimamente relacionadas ostentam modificações (ou adaptações) que indicam evolução simultânea, ou seja, a coevolução conduz ambas as espécies a especializações cada vez mais estreitamente relacionadas. É fácil entender e admitir a coevolução no mutualismo planta-bactéria fixadora de N2 ou planta-polinizador (inseto, ave...), ou sementes de plantasaves dispersoras; mas a coevolução de presa-predador, ou planta-herbívoro, torna difícil sua admissão, uma vez que as evidências (se existirem) são sutís (ou pouco prováveis). COGUMELO O cogumelo é um tipo de fungo também filamentoso, que se caracteriza principalmente por formar grandes estruturas, os corpos frutíferos, que em algumas espécies consituem-se em parte comestível. Em outras, esta parte é extremamente venenosa (gênero Amanita). Algumas espécies 57 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS constituem os chamados fungos ectomicorrízicos. Há cogumelos pertencentes aos grupos dos ascomicetos e dos basidiomicetos. Muitos deles são fundamentais na decomposição da matéria orgânica no solo. (Ver BOLOR; DOMÍNIOS DOS MICRORGANISMOS; e LEVEDURA) COIVARA (Ver ENCOIVARAMENTO) “-cola” (SUFIXO) Sufixo latino significando aquele que “habita”. Aquele ser que vive sobre árvore é arborícola; o que vive na água é aqüícola; o habitante da caverna é cavernícola (ou troglóbio ou troglobionte); o que vive sobre alga é algícola; o que vive na casca de árvore é cortícola; o que vive em palude ou local pantanoso é paludícola; o que vive sobre ou dentro de planta é plantícola; etc. COLIFORMES Bactérias coliformes são bacilos Gram negativos que degradam a lactose, formando uma típica colônia verde-metálica brilhante, utilizadas como indicadoras de potabilidade da água. Os coliformes “totais” e os coliformes “fecais” medidos na água, diferem na sua incubação; os primeiros são geralmente incubados a 35 ou 37 °C e os segundos a aproximadamente 43 °C. De acordo com a resolução nº 20 do CONAMA − Conselho Nacional do Meio Ambiente, publicada em 18/06/86, a água especial para abastecimento não deve conter coliformes totais. A água excelente (chamada “3 estrelas”) para balneabilidade, pode ter um máximo de 250 coliformes fecais/100 mL ou 1.250 coliformes totais/100 mL de água. Usa-se atualmente a unidade decilitro (100 mL = 10dL). (Ver ÁGUA POTÁVEL) COLMATAGEM ou COLMATAÇÃO Termo geralmente utilizado para designar um aterramento natural, em depressões. COLÓIDE Termo dado a partículas muito diminutas (entre 1 μm e 1 nm) que, quando suspensa em água, dificilmente se difunde nesta, ou o faz muito lentamente, através de membrana semipermeável. Partículas orgânicas formam, no solo, colóides, que participam na retenção de nutrientes nos grumos. (Ver GRUMO (DO SOLO)) COLÔNIA Termo de uso bastante amplo. Refere-se a qualquer grupo de organismos em convivência próxima, assim como um grupo de uma sociedade integrada cujos membros se especializam em subunidades e também um grupo de organismos que acabaram de se estabelecer numa área; e ainda, em microbiologia, um certo número de células ou de microrganismos de uma determinada espécie que se desenvolvem agregadamente, havendo contato direto ou continuidade entre as células. COLONIZAÇÃO Processo em que espécies imigrantes se estabelecem em área anteriormente vazia. (Ver COLÔNIA; e ESPÉCIE PIONEIRA) COLORAÇÃO DE ADVERTÊNCIA (Ver APOSEMATISMO) COLÚVIO / COLUVIAL Detritos rochosos provenientes do intemperismo, que descem uma encosta, pela ação da gravidade, depositando-se como camadas. COMBUSTÍVEL FÓSSIL Potencial energético, visto assim pelo ser humano civilizado, armazenado no subsolo a partir de matéria orgânica (plantas e animais) decomposta ao longo dos vários períodos ou eras geológicas (milhões de anos). Em termos ecológicos, além de potencial energético, é também um potencial de poluição. Em resumo, representa interferência do homem na biogeociclagem, alterando o teor de diversos componentes químicos (C, S, N etc) no ar, água e solo. COMENSALISMO Tipo de interação ecológica na qual uma das populações é beneficiada e a outra não é afetada. Ex.: a rêmora e o tubarão. (Ver INTERAÇÃO ECOLÓGICA) COMISSÃO INTERNACIONAL DE PESCA DA BALEIA Em inglês, “International Whaling Commission”, intenciona regulamentar quotas para os países que realizam captura e industrialização deste mamífero. COMPARTIMENTO Por conveniência, considera-se compartimento como sendo uma divisão ou parte de um ecossistema que pode ser estudada quantitativamente. É um tipo de unidade de um ecossistema composta de matéria e energia. Esta denominação substitui perfeitamente o anglicismo “pool”, que alguns ainda insistem em usar. 58 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS COMPARTIMENTO DE CICLAGEM (ou “POOL” DE CICLAGEM) COMPARTIMENTO DE CICLAGEM = COMPARTIMENTO DE TROCA Parte de um ecossistema, bastante ativa, onde os nutrientes (ou elementos químicos e compostos inorgânicos e orgânicos) movem-se rapidamente, passando do meio biótico para o abiótico e vice-versa, no processo de biogeociclagem. No caso do ciclo do nitrogênio, representado no esquema do verbete BIOGEOCICLAGEM, este compartimento seria, por exemplo, a parte relacionada à nitrificação. (Ver COMPARTIMENTO DE RESERVA; e FONTE E DRENO) COMPARTIMENTO DE RESERVA Parte de um ecossistema, geralmente abiótica, podendo ser de grandes proporções, onde os nutrientes (ou elementos químicos e compostos inorgânicos e orgânicos) movem-se lentamente, no processo de biogeociclagem. No caso do ciclo do nitrogênio, representado no esquema do verbete BIOGEOCICLAGEM, este compartimento seria, por exemplo, a parte relacionada ao armazenamento deste elemento nos sedimentos. (Ver COMPARTIMENTO DE CICLAGEM; e FONTE E DRENO) COMPARTIMENTO DE TROCA (Ver COMPARTIMENTO DE CICLAGEM) COMPENSAÇÃO DE DENSIDADE (Ver DEPENDÊNCIA DA DENSIDADE ;e PREDATISMO) COMPENSAÇÃO DE LUZ (Ver PONTO DE COMPENSAÇÃO) COMPENSAÇÃO EXATA DEPENDENTE DA DENSIDADE (Ver DEPENDÊNCIA DA DENSIDADE) COMPETIÇÃO APARENTE Quando indivíduos de uma só espécie predam duas diferentes espécies de presa (espécie 1 e espécie 2), o aumento em abundância da espécie predadora, que se beneficia da espécie 1, afeta indiretamente a espécie 2, que devido ao aumento dos predadores, sofrerá mais seus ataques, daí havendo uma competição aparente entre as espécies de presa; ou ainda dizendo, diminuindo a espécie 1, o predador atacará mais a espécie 2. Haverá a possibilidade de uma “convivência pacífica” entre as espécies de presa, se por exemplo, a espécie 1 mudasse de habitat ou se houver uma diferenciação de nicho. Este ato de “ser diferente” favorecerá a coexistência mas somente porque reduziu a “competição aparente”. COMPETIÇÃO ASSIMÉTRICA Quando numa competição entre duas espécies (ou dois indivíduos da mesma espécie) uma delas (ou um indivíduo) se prejudica mais do que a outra (ou o outro indivíduo). COMPETIÇÃO EVOLUTIVA, EVITAÇÃO (ou ESCAPE) DA (Ver FANTASMA DA COMPETIÇÃO PASSADA) COMPETIÇÃO (INTERESPECÍFICA e INTRAESPECÍFICA) Num sentido amplo, competição refere-se à interação entre dois organismos ou duas populações, que disputam por determinado componente ambiental (nutriente, luz, espaço etc). Na competição pode ocorrer que os indivíduos ou as populações envolvidas se inibam mutuamente ou que um dos competidores afete o outro na luta por um suprimento escasso. A competição interespecífica é a que ocorre entre dois ou mais indivíduos (ou populações) de diferentes espécies. E a intraespecífica é a que ocorre entre dois ou mais indivíduos (ou populações) da mesma espécie. Muitas inferências (incluindo um “sem-número” de termos e expressões) são feitas a partir destes dois amplos processos ecológicos, fundamentais à homeostase e evolução dos ecossistemas. Segue uma representação de competição, a partir de experimento clássico de Gause com protozoários (Paramecium aurelia e P. caudatum) (COLINVAUX, 1986). Observar nesta figura: 1) Paramacium aurelia, seja cultivado isoladamente ou em população mista, persiste, enquanto Paramecium caudatum tende a morrer (mais rapidamente quando em população mista). 2) Neste experimento Gause confirma a hipótese de Lotka-Volterra, a qual prevê que duas espécies muito próximas não ocupam o mesmo nicho por muito tempo. 59 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Paramecium aurelia isolado população mista VOLUME 150 50 120 isolado P. caudatum população mista 40 2 6 10 14 18 DIAS (Ver COEFICIENTE DE COMPETIÇÃO; COMPETIÇÃO APARENTE; COMPETIÇÃO POR “CONTENDA” E POR “ADVERSIDADE EXTREMA”; e PRINCÍPIO DA EXCLUSÃO COMPETITIVA). COMPETIÇÃO PASSADA (Ver “FANTASMA DA COMPETIÇÃO PASSADA”) COMPETIÇÃO POR “CONTENDA” E POR “ADVERSIDADE EXTREMA” Expressões sem equivalentes precisos em português, que foram introduzidas em 1954 por A.J.Nicholson, referindo-se ao que comumente ocorre na competição intraespecífica. A competição por “contenda”, proveniente do inglês “contest competition”, é tida como aquela em que há um número constante de vencedores ou sobreviventes. Na competição por “adversidade extrema”, também do inglês “(pure) scramble competition” e sem equivalente corriqueiro em português, é considerada como uma forma de “supercompensação de dependência da densidade”, em que os competidores são afetados de maneira tão adversa que não deixa sobreviventes. COMPETIÇÃO POR EXPLOTAÇÃO Ocorre numa competição, quando cada indivíduo é afetado por um recurso que permanece, após a explotação realizada pelos seus competidores, ou seja, um recurso remanescente (portanto, nãoabundante); isto quando o suprimento do recurso é limitado. COMPETIÇÃO POR INTERFERÊNCIA Competição entre dois organismos na qual um dos competidores exclui fisicamente o outro, da parte do habitat onde o recurso é explotável. COMPETITIVIDADE Um dos atributos dos organismos necessários à colonização e sucessão, ou seja, habilidade em superar a resistência ambiental atribuída aos organismos já presentes em determinado habitat. COMPLEMENTARIDADE DE NICHO Tendência em que duas espécies que ocupam posição similar num nicho com certa dimensão, difiram com relação a outra dimensão de nicho. Observou-se por exemplo, que quando uma determinada espécie de abelha foi suprimida de um local que competia com outra espécie, esta última prontamente passou a explorar flores menos procuradas, que antes somente eram visitadas pela espécie suprimida. Isto demonstra que as duas espécies, coexistindo no mesmo local, diferenciavam-se pela dieta alimentar. A procura ou tendência em diferenciar-se quanto ao uso dos recursos é denominada de diferenciação de nicho. (Ver NICHO ECOLÓGICO) COMPLEXO DO PANTANAL É um sistema ecológico (ou bioma) formado por distintos ambientes, onde predomina a baixa altitude (média de 100 m acima do nível do mar), com elevações esparsas, submetida esta planície às cheias periódicas do rio Paraguai, na região centro-oeste (principalmente no Mato Grosso do Sul). Sua diversidade ambiental emprestou-lhe o nome de “complexo”. No pantanal ocorre uma das maiores concentrações faunísticas do mundo; nele destacam-se: o jacaré, Cayman c. yacare; a onça, Panthera onca palustris (ver foto que segue); suçuarana, Felis concolor; jaguatirica, Felis pardalis; cervo-dopantanal, Blastocerus dichotomus; capivara, Hidrochaeris hidrochaeris; aves típicas, tuiuiú ou jaburu, Jabiru mycteria (ave símbolo do pantanal; ver foto que segue) e o cabeça-seca, Mycteria americana. Ocupa cerca de 200.000 km2. Forma uma espécie de delta interno devido à pouca declividade do terreno (3 m / km) e com isso há deposição lenta de matéria orgânica no solo, fertilizando-o. 60 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Associações ou aglomerações vegetais típicas: 1) Paratudal (paratudo, Tabebuia caraiba). 2) Carandazal (carandá, Copernica alba e C. australis). 3) Buritizal (burití, Mauritia sp). 4) Tabual (tabua, Typha domingensis). 5) Pirizal (pirí, Cyperus giganteus), uma ciperácea aquática grande. As fotos abaixo mostram: a superior da esquerda (do site www.wikipedia.com), lagoas formadas após a retração das águas provenientes das cheias e os corixos, ou corixas do pantanal (parte inferior da foto) que são canais de campos baixos por onde se escoa a água para os rios vizinhos. Na foto superior, da direita, do site www.ecoa.org.br, jacarés; nas fotos inferiores, à esquerda a onça pintada no meio de aguapés e outras plantas flutuantes (autor da foto: Duncan Chapman); e na foto da direita, ninho de tuiuiú (ambas fotos obtidas do site www.ecoa.org.br). O solo, aluvial, do Pantanal é rico, ocupando um terço da bacia do rio Paraguai superior. Os ecossitemas do Pantanal são altamente dinâmicos, funcionando o ambiente como uma “esponja” em que as cheias anuais transformam a paisagem por completo. COMPORTAMENTO MIGRATÓRIO (Ver MIGRAÇÃO e COMPORTAMENTO MIGRATÓRIO) COMPOSTAGEM Ajuntamento de resíduos orgânicos, podendo ser empilhados em camadas alternadas com solo ou cinza ou calcário, umedecido e misturado periodicamente e que após certo período de decomposição gera o produto final, o “composto”, que é usado como adubo orgânico. Alguns autores usam o termo vermicompostagem para definir a transformação biológica do composto pela ação combinada dos oligoquetas (minhocas) e da microbiota do seu trato digestivo, afirmando que este processo é mais rápido do que a compostagem simples. COMPOSTO (Ver COMPOSTAGEM) COMUNIDADE COMUNIDADE = BIOCENOSE Todas as populações que ocupam determinado local do meio ambiente. Plantas, animais, bactérias e fungos que vivem num ambiente, interagindo entre si, com composição própria, estrutura, relações ambientais, desenvolvimento e função. 61 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Referindo-se somente a diversas populações de plantas, fala-se em comunidade vegetal e a diversas populações animais, fala-se em comunidade animal. (Ver BIOCENOSE) COMUNIDADE ABERTA e COMUNIDADE FECHADA Em ecologia vegetal usa-se a primeira denominação para aquela comunidade que se mostra com cobertura incompleta da área; é formada por tufos (ou agrupamentos) de plantas que não chegam a se tocar (separados por distância inferior ao seu diâmetro); portanto, permitem imigrantes. A comunidade fechada é uma associação ou assembléia de plantas que recobrem toda a área de habitat disponível, impedindo assim, a entrada de imigrantes. COMUNIDADE CLÍMAX Forma estabilizada, da interação seres vivos-ambiente, em que esses componentes mantêm-se em harmonia e equilíbrio. Neste estádio clímax a composição em espécies é mantida razoavelmente constante no tempo. Tal estabilidade reflete uma situação dinâmica e nunca estática, de circunstâncias. (Ver CLÍMAX CLIMÁTICO; CLÍMAX EDÁFICO; CLÍMAX DE FOGO; CLÍMAX TOPOGRÁFICO; e CLÍMAX ZOÓTICO) CONAMA - CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE O Conselho Nacional do Meio Ambiente foi instituído pela Lei nº 6.938, de 31/08/81, integrando o SISNAMA − Sistema Nacional do Meio Ambiente, tendo por finalidade: I) assessorar, estudar e propor a instâncias superiores do Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e recursos ambientais; II) deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida. É composto por mais de 70 membros, representando Ministérios, confederações de trabalhadores, Presidentes da ABES − Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente, da FBCN − Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza e de associações civis de defesa ambiental (representando as cinco regiões geográficas do país). (Ver CÓDIGO FLORESTAL; e LEGISLAÇÃO AMBIENTAL) CONCENTRAÇÃO LETAL (ou LC50) Concentração de um produto químico que no meio (de cultura) ou ambiente, causa a morte de pelo menos metade dos organismos ali existentes. Usa-se o símbolo LC50 (do inglês “lethal concentration”) para indicar a morte de 50% dos indivíduos ou de parte da amostra. CONCEPÇÃO HOLÍSTICA (Ver HOLISMO (ou HOLÍSTICO); REDUCIONISMO; e SUPERORGANISMO) CONCEPÇÃO “INDIVIDUALÍSTICA” (ou DO INDIVIDUALISMO) (Ver HOLISMO (ou HOLÍSTICO); REDUCIONISMO; e SUPERORGANISMO) CONECTIVIDADE Termo usado para designar as interrelações entre diferentes componentes ou compartimentos de um ecossistema. Alguns autores usam o termo “teias de conectividade” quando se referem às relações que retratam as ligações numa teia ou rede alimentar. CONEXÃO Uma possível tradução do inglês “connectance”, significando a relação de ligações “potenciais” dentro de uma teia ou rede alimentar para as ligações que “realmente” existem. (Ver CONECTIVIDADE) CONIÓFILO Que se desenvolve sobre substratos enriquecidos com poeira, contendo geralmente excreta. Dizse também de alguns liquens que medram bem, quando cobertos por poeira. CONJETURA, HIPÓTESE, LEI e TEORIA A conjetura não passa de uma especulação, semelhante a uma hipótese, mas que não se propõe a ser testada. Hipótese, conceito restrito geralmente postulado como uma explicação potencial para um fenômeno, para ser testado por experimentação ou observação. Lei, em ciência é um conceito com alto grau de certeza (ou convicção), suficiente para se confiar em seu uso, visando a previsão de fenômenos. Teoria, é um conceito amplo, baseado em observação extensiva, experimentação ou raciocínio e da qual se espera responder por uma ampla variedade (ou gama) de fenômenos cobertos no seu âmbito. CONJUGAÇÃO (Ver TRANSFERÊNCIA DE DNA) CONNELL (Ver HIPÓTESE DO DISTÚRBIO INTERMEDIÁRIO (DE CONNELL)) CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Ver CONAMA) 62 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS CONSERVAÇÃO Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (ver “IUCN”), “conservação é o manejo dos recursos do ambiente, com o propósito de obter-se a mais alta qualidade sustentável de vida humana”. Como a conservação é uma interação homem-Natureza, ela implica em atitudes inteligentes na utilização dos ecossistemas terrestres e aquáticos e também de melhoria das condições ambientais sem que esses ambientes percam sua originalidade. (Ver PRESERVAÇÃO) CONSOCIAÇÃO Consociação vegetal em que há apenas uma espécie dominante. Este termo, de uso pouco comum em Ecologia, não deve ser confundido com CONSORCIAÇÃO, de uso generalizado em agronomia, em que um cultivo é associado a outro, numa mesma área. (Ver ASSOCIAÇÃO VEGETAL) CONSOCIES Etapa do desenvolvimento de uma consociação. CONSORCIAÇÃO (Ver CONSOCIAÇÃO) “CONSORTIUM” (ou CONSÓRCIO) Grupo de indivíduos de diferentes espécies, tipicamente de diferentes filos (ou “phyla”) vivendo em associação íntima ou bastante próxima. CONSTÂNCIA Termo usado em ecologia vegetal para definir uma medição do padrão de distribuição de uma planta, a partir do número de diferentes quadrados amostrados que contenham aquela determinada espécie, expressa usualmente pela seguinte escala: r (menos de 1%), I (1 – 20%), II (21 – 40%), III (41 – 60%), IV (61 – 80%) e V (81 – 100%). A constância é também um termo usado em estudos de dinâmica de ecossistema para definir a inexistência de mudança num determinado parâmetro. CONSUMIDOR Organismo heterotrófico, ou seja, que não sendo capaz de produzir o próprio alimento o recebe dos produtores primários. O consumidor ocupa os níveis tróficos seguintes ao primeiro, que é formado pelos produtores. (Ver CADEIA ALIMENTAR) CONSUMO, EFICIÊNCIA DE Em ecologia energética o consumo é a ingestão total de alimento ou energia por um indivíduo ou população heterotrófica ou ainda por uma unidade trófica, por unidade de tempo, podendo ser expressa por: C = P + R + FU,onde C é o consumo, P a produção, R a respiração e FU (rejeitos, uma sigla usada em ecologia energética). E a eficiência de consumo é a quantidade de energia transferida de um nível trófico para o nível mais próximo, expresso em porcentagem. CONTAGEM (DE MICRORGANISMOS, EM PLACAS) Método amplamente utilizado para contar microrganismos viáveis, principalmente bactérias. Como a maioria dos microrganismos carece de enzimas que utilizem o agar, este é adicionado de nutrientes e é colocado em placas de Petri (placa ou recipiente achatado, de forma circular, de pequeno volume, utilizada em laboratório para cultivar microrganismos). Uma pequena quantidade da diluição desejada da amostra é espalhada sobre o agar na placa e esta é colocada sob temperatura ideal para o crescimento microbiano, incubando-se durante um certo tempo. Formam-se então colônias, ou seja, cada bactéria gera uma colônia. As colônias são contadas, desprezando-se aquelas placas com quantidade muito reduzida ou excessivamente grande de colônias. (Ver NÚMERO MAIS PROVÁVEL − NMP) CONTAMINAÇÃO Resultado do contato de organismos, geralmente o ser humano, com substâncias nocivas à saúde, tais como substâncias tóxicas ou radioativas ou organismos patogênicos. A contaminação referese ao efeito do contato com poluentes, não devendo portanto, ser confundida com poluição. “CONTINUUM” (e “CONTINUUM INDEX”) (Ver “-clino” ou “-clina”) CONTRACORRENTE (e CIRCULAÇÃO CONTRACORRENTE) Em termos de ecossistema aquático, refere-se a contracorrente a uma corrente que flui junto a outra corrente mas em sentido oposto. Em fisiologia animal e de grande interesse na ecologia energética, a circulação contracorrente ou ainda o multiplicador de contracorrente é encontrado em muitos organismos, como por exemplo: (i) em 63 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS mamíferos aquáticos, como nas barbatanas de golfinhos (as veias envolvem as artérias, onde estas conduzem o sangue que vai se resfriando à medida que flui para as partes externas e as veias retornam o sangue venoso que vai se aquecendo ao retornar); (ii) répteis e pássaros marinhos também dispõe de tal mecanismo nas “glândulas de sal” (geralmente em pares nos pássaros, secretando cloreto de sódio concentrado nos ductos nasais e que são excretados como gotas de sal), assim como (iii) peixes nas suas guelras; (iv) camelos, dromedários e alguns outros animais de deserto dispõem de multiplicadores de contracorrente atuando nas narinas (mantendo-as sempre umedecidas e resfriadas) e nos rins, concentrando a urina; esta adaptação ocorre também (v) nos pingüins da Antártica, onde a contracorrente atua de maneira fundamental na manutenção da temperatura nas patas e pés dessas aves. CONTROLE AUTOCIDA Forma de controle biológico em que se usa a própria praga para aumentar sua taxa de “mortalidade” (no sentido de desaparecimento). A estirilização de insetos machos, por irradiação, tem sido uma técnica usada nesse sentido. Sua efetividade dependerá de vários fatores, entre eles: fêmeas com baixa freqüência de cruzamento, machos estirilizados com alta competividade com os demais machos, reduzida probabilidade de imigração de machos férteis e fêmeas com ovos fertilizados ... CONTROLE BIOLÓGICO Utilização intencional dos inimigos naturais de um organismo indesejável ao homem, com a finalidade de reduzir sua população para nível abaixo de dano econômico ou nível tolerável. Exemplo: alguns fungos, como o Metarrhizium anisopliae, têm sido usados para controlar pragas em certos cultivos, como a cigarrinha da cana-de-açúcar. A bactéria Bacillus thuringiensis produz toxina (δendotoxina) nociva a certas pragas (insetos). (Ver MIP) “CONVENCIONAL, PRUDÊNCIA” A “prudência convencional” é um termo que poderia ser assim traduzido do inglês “coventional wisdom” querendo dizer-se em estudos sobre complexidade e estabilidade de comunidades que: uma crescente complexidade numa comunidade conduz a uma crescente estabilidade; significando isto que com mais espécies há mais interações entre elas e conseqüentemente, em média, há maior força de interações, sendo portanto a comunidade menos suscetível a mudanças, face a uma perturbação. “CONVENTION OF INTERNATIONAL TRADE IN ENDANGERED SPECIES (OF WILD FLORA AND FAUNA) - CITES” Convenção sobre o comércio internacional de espécies da flora e da fauna, em via de extinção. CONVERGÊNCIA DE CARACTÉRES (Ver ALOPATRIA) CONVERGÊNCIA INTERTROPICAL, ZONA DE Região da Terra na qual as correntes de superfície, de ar, vindas das regiões subtropicais dos hemisférios norte e sul (latitudes de 30o), encontram-se próximo ao equador e se eleva sob a influência do calor do sol. O ar trpical carregado de umidade ao elevar-se resfria na área de convergência e a umidade em condensação forma nuvens e se precipita. Daí afirmar-se que os trópicos são mais úmidos, não porque exista mais água nessas regiões do que nas outras, mas sim porque neles a água cicla mais rapidamente. COORTE Grupo de indivíduos (geralmente de animais) da mesma idade, recrutados numa população, no mesmo tempo. Refere-se também a uma determinada classe de idade. Ainda é usado para referir-se a uma categoria taxonômica. COPÉPODES Organismos da subclasse Crustacea, sendo a maioria das suas 6000 espécies marinhas de vida livre minúsculas (de 0,5 mm a 10 mm de comprimento), embora muitas sejam parasitas e outras simbiontes. Os de vida livre são os organismos mais abundantes no mar, servindo de alimento, na base da cadeia alimentar, a inúmeras espécies de peixes; e até mesmo para mamíferos como a baleia. COPIOTRÓFICO Organismo que cresce somente na presença de alta concentração de nutrientes. “COPPICING” (= PODA RASTEIRA) Este termo em inglês pode ser traduzido como “poda rasteira”, ou seja, é um corte periódico numa vegetação, geralmente arbórea cultivada, para estimular o múltiplo rebrotamento. “copro-” Prefixo de origem grega que se refere a “fezes; dejetos”. COPRÓFAGO (ou MERDÍVORO) Organismo que ingere dejetos (fezes), que se encontram muitas vezes enriquecidos pela atividade de microrganismos, ditos coprofílicos. Muitos detritívoros são coprófagos. 64 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS COPRÓFILO Organismo, geralmente “fungo coprofílico”, que vive em fezes de diversos tipos de animais (da mesofauna do solo, assim como de pássaros e de animais maiores), enriquecendo-as com certos nutrientes, úteis aos organismos coprófagos. COPULAÇÃO ou ACASALAMENTO EXTRA-PAR (Ver EXOCRUZAMENTO) CORAL Concreção calcária formada no mar, a partir de pólipos. Nas costas do Brasil são mais comuns os corais originados de antozoários e hidrozoários (celenterados) que constroem um “esqueleto” de matéria orgânica ou carbonato de cálcio. Nos corais são comuns ocorrerem as algas zooxantelas, equinodermas, moluscos, protozoários. A foto ao lado (do site www.wikipedia.com) mostra estrêla-do-mar de cor azul (Linckia laevigata) repousando sobre coral Acropora, na Grande Barreira de Recifes (de corais), da Austrália. (VerATOL; e RECIFES) “-coria” Sufixo de origem grega que significa “dispersão; espaço”. É utilizado mais comumente para indicar a forma de dispersão dos vegetais, como nos seguintes casos: anemocoria (dispersão pelo vento); hidrocoria (pela água); zoocoria (pelos animais); autocoria (autodispersão ou por expulsão ou ainda por produção de estolões); e muitas outras denominações. No sentido de “espaço” alguns autores denominam de biócoro (ou biocório) ao conjunto de condições inerentes a um “ecossistema”; sendo esta última denominação a mais usada e mais aceita. Ainda alguns autores usam biócoro ou biocore quando se referem a um grupo de biotopos similares. CORIOLIS (Ver FORÇA DE CORIOLIS) CORPO DE ÁGUA Qualquer sistema aquático (rio, lago, reservatório, oceano) que receba efluentes líquidos (ou água residuária), tratados ou não. CORREDOR e CORREDOR ECOLÓGICO Em termos geológicos o corredor é uma conexão contínua ligando massas de terra adjacentes e existente há longo período geológico de tempo. O corredor ecológico é uma concepção moderna relacionada a manejo e conservação de fauna. Os corredores de mata, são uma idéia defendida por alguns conservacionistas, de que os remanescentes de matas (ou relitos) devem se interligar a partir de “faixas” de mata, propiciando assim aos animais, possibilidades de deslocamento. Teoricamente, isto ocorrendo, dará alternativas de habitats (alimento, refúgio etc) para certos animais. CÓRREGO CÓRREGO = ARROIO = REGATO = RIBEIRO Curso de água, estreito, pouco volumoso, de pequena extensão e às vezes intermitente. CORRENTE DE BENGUELA (Ver RESSURGÊNCIA) CORRENTE DO PERU (ou CORRENTE DE HUMBOLDT) (Ver HUMBOLDT, CORRENTE DE; e RESSURGÊNCIA) 65 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS CORRENTE “EL NIÑO” Assim chamada porque ocorre em dezembro, a cada dois a sete anos (“El Niño” significa em espanhol menino Jesus), resulta dos ventos que sopram na direção do hemisfério sul, ao longo das costas do Equador e do Peru, empurrando uma corrente marinha quente, juntando-se à Oscilação do Sul (mudança de pressão atmosférica na superfície terrestre, proveniente da Indonésia, norte da Austrália e sudeste do Pacífico), viabilizando maciça transformação do tempo, afetando imensas regiões da Terra. A este efeito conjunto do “El Niño” com a Oscilação do Sul aplica-se a sigla ENOS. Seus efeitos fazem-se sentir na Austrália, África e Indonésia, com a seca, tempestade de areia, queimadas; ou na India, que se priva das chuvas de monção; no Peru e no Equador, assim como no sudeste e sul do Brasil, com as grandes enchentes; e tufões no oeste do Pacífico. Tais acontecimentos registraram-se com bastante intensidade nos anos 1982-83 e novamente em 1991-92. Os ventos alísios enfraquecidos, fazem com que as águas quentes permaneçam próximas da América do Sul, impedindo a ressurgência. As águas quentes não propiciam abundância de nutrientes, essenciais à cadeia alimentar marinha, ocorrendo morte ou migração de peixes e aves próximas. Pesquisadores norte-americanos e europeus, detectando um fenômeno que teria efeitos opostos aos da corrente “El Niño”, ou seja, os ventos alísios aumentam levando as águas quentes superficiais para a Ásia, onde ocorrem chuvas e no Brasil ocasionando fortes chuvas no norte e nordeste e estiagem no sul, deram o nome a este fenômeno de “La Niña”. Esta caracteriza-se por chuvas pesadas em muitas regiões dos trópicos, seca nas regiões temperadas-norte e uma intensa atividade de furacões no oceano atlântico norte. CORRENTEZA (LAMINAR e TURBULENTA) Quando a movimentação da água dá-se paralelamente (à superfície) sem ocorrer mistura, a correnteza é laminar; e quando as diversas partes do corpo de água se misturam, ela é turbulenta. Nos rios e córregos naturais a correnteza dificilmente é laminar. CORRETIVO DO SOLO Qualquer composto adicionado ao solo (gesso, calcário...) com a finalidade de melhorar suas propriedades (que não as de fertilidade), tais como pH, porosidade, densidade... visando o melhor crescimento das plantas. (Ver FERTILIZANTE) CORTE SELETIVO Corte de árvores, geralmente na fase intermediária de seu desenvolvimento, visando obter madeira já em fase matura ou para eliminar árvore com algum tipo de problema (doença, por exemplo), num ecossistema com indivíduos em idade não-uniforme (numa floresta natural, por exemplo). É um processo que estimula o rebrotamento e o surgimento de novos indivíduos, mantendo assim o ecossistema com desenvolvimento não-uniforme. (Ver MANEJO SUSTENTADO) CRENÓFILO Que se desenvolve numa fonte natural ou próximo a ela. CRESCIMENTO ALOMÉTRICO (Ver ALOMETRIA) CRESCIMENTO CRÍPTICO Alguns microrganismos, mesmo na chamada fase estacionária de crescimento, continuam metabolizando (alimentando-se das células microbianas mortas) e chegam até a crescer, daí esta denominação. (Ver CRESCIMENTO EXPONENCIAL; CRESCIMENTO LINEAR; e FASE ESTACIONÁRIA DE CRESCIMENTO) CRESCIMENTO EXPONENCIAL Crescimento, de uma população por exemplo, onde ocorre aumento no número de seus componentes, num percentual fixo do total e em determinado período de tempo, sendo graficamente representado por uma curva em forma de J. Na prática, à maneira do aumento geométrico dos “grãos de trigo no tabuleiro de xadrez”, se em 1994 a população humana mundial aumentou em 1,6% e se esta taxa de crescimento continuar, a população duplicará em 44 anos, ou seja 70/1,6 ≅ 44 (obs.: aplica-se a regra prática dos “70/percentual de crescimento = tempo para duplicação em anos”, conforme a fórmula matemática básica de crescimento exponencial). Como curiosidade estima-se que se uma bactéria (que pesa não mais do que um trilionésimo de um grama, ou seja, 10-12 gramas) crescesse exponencialmente, com um tempo de geração de 20 min., em 48 horas produziria uma massa que pesaria 4.000 vezes mais do que o planeta Terra!). Certamente isto não aconteceria porque haveria limite de nutrientes para o crescimento desta bactéria, que assim entra em fase estacionária de crescimento. 66 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS (Ver CRESCIMENTO LINEAR; EQUAÇÃO LOGÍSTICA; FASE ESTACIONÁRIA DE CRESCIMENTO; e TAXA DE CRESCIMENTO) CRESCIMENTO LINEAR Crescimento de uma população por exemplo, onde ocorre aumento no número de seus componentes em quantidade fixa por cada unidade de tempo. Se a cada dia nascem três indivíduos numa determinada população humana, em cinco dias a população cresceu em quinze indivíduos e em um mês terá crescido em 90 indivíduos. (Ver CRESCIMENTO EXPONENCIAL) CRESCIMENTO ZERO (Ver ISOCLINO ZERO) CRIME AMBIENTAL (Ver LEGISLAÇÃO AMBIENTAL) CRIÓFILO (ou CRIOFÍLICO) / CRIOFILIA Organismo que medra em temperaturas baixas. Alguns admitem ainda o termo criofilático, para designar o organismo resistente a temperaturas baixas. (Ver TERMÓFILO) CRÍPTICO(A), ANIMAL / CARACTERÍSTICA Refere-se ao fato de que alguns animais, especialmente devido à sua coloração, se integram ao ambiente tornando-se difícil sua detecção por predadores e às vezes também por suas presas. Esta é assim, uma “característica críptica”. No sentido de parecer-se com o ambiente em que está, um termo mais usado é camuflagem. (Ver APOSEMATISMO; CAMUFLAGEM; e MIMETISMO) CRIPTOBIÓTICO / CRIPTOFAUNA / CRIPTOZÓICO Que vive escondido, sob pedras, em fendas etc. (Ver CASMÓFITO) CRIPTODEPRESSÃO Alguns lagos que têm a superfície acima do nível do mar, mantêm suas águas abaixo do nível marinho, chamando-se esta parte “criptodepressão”. CRÔNICO (EFEITO CRÔNICO / DOENÇA CRÔNICA) Efeito/doença que ocorre em tempo longo, por exposição a determinada substância tóxica/agente causador de doença, podendo progredir para uma condição pior ou desaparecer com a idade do indivíduo afetado. No caso de doença, citam-se a malária (que periodicamente ressurge violentamente no indivíduo contaminado), o câncer e doenças cardiovasculares, assim como a asma (que pode desaparecer com o crescimento da criança). (Ver AGUDO (EFEITO AGUDO / DOENÇA AGUDA)) “crono-” Prefixo de origem grega significando “tempo”. Ex.: cronoclino (uma mudança gradual num caráter ou grupo de caracteres ao longo de um período extenso de tempo geológico); cronofauna (uma comunidade animal geograficamente restrita que mantém seu caráter básico ao longo de um período de tempo geologicamente significativo); e outras denominações. (Ver “-clino” ou “-clina”) C–S–R, TRIÂNGULO (Ver TRIÂNGULO C–S–R) CTC - CAPACIDADE DE TROCA CATIÔNICA Diz respeito ao total de cátions trocáveis adsorvidos ao solo, expresso em centimolesc (+) por kg de solo, argila ou colóide orgânico. O subscrito “c” significa a carga do íon. Os cátions adsorvidos resistem à lixiviação, mas podem ser substituídos (trocados) por outros cátions da solução do solo por efeito da competição (o grande número de íons positivos presentes leva à competição pelos sítios negativos). A CTC refere-se à quantidade desses sítios negativos existentes no solo. Nos sítios (locais) de troca catiônica, em solos com pH superior a 6 ou 7, os íons geralmente adsorvidos à argila ou colóide orgânico são Ca2+, Mg2+ e K+; enquanto nos solos ácidos tais sítios são ocupados na maioria por íons de Al(OH)2. Quantidades menores de outros íons, como os de Na+, NH4+ e Zn2+, ocorrem em alguns dos sítios de troca. Estima-se que 1% de humus ou matéria orgânica do solo (1g de humus/100g de solo) tem uma CTC de 2 cmolc / kg de solo e que 1% de montmorilonita tem uma CTC de cerca de 1 cmolc (100cmolc/kg para 100% de argila). Na nomenclatura antiga usava-se para CTC a unidade meq ou miliequivalente/100g de solo, que hoje deve ser representada por: a) 1 meq/100g = 1 cmol (+) / kg de solo (ou 1 centimol) b) “ “ “ = 10 mmol (+) / kg “ “ (ou 1 milimol) 67 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS c) “ “ “ = 10 mmol (1/2 Ca2+) / kg de solo (se for usado Ca). (Ver SATURAÇÃO DE BASES) “CULL” (APARTE) Denominação em inglês de um processo de manejo em que se faz o aparte (se separa) dos indivíduos de pouco valor (de uma manada, por exemplo), que estejam em condições físicas inferiores em relação aos demais, ou que estejam doentes; alguns sendo sacrificados. CULTIVAR − C.V. (ou CV) Designação de variedade de planta de uma determinada espécie, obtida de cultivo, geralmente em que foi feito melhoramento genético, visando por exemplo, maior produtividade, maior resistência à praga ou à seca etc. Usa-se comumente a abreviatura c.v. para indicar a cultivar; ex.: Phaseolus vulgaris c.v. carioca. O termo variedade refere-se à subespécie ou híbrido silvestre. Há interesse especial em ecologia, sobre os estudos das variedades introduzidas pelo homem no meio ambiente e suas interações com outras espécies e o meio abiótico, principalmente na época atual, após a criação e disseminação dos transgênicos. CULTIVO ITINERANTE (Ver AGRICULTURA ITINERANTE) CULTIVO MANIPULADO GENETICAMENTE Na engenharia genética tem se procurado inserir num determinado cultivo um gene proveniente de outro organismo, que possa conferir a este cultivo uma certa propriedade, como por exemplo, de resistência à seca ou a uma praga. O gene δ-endotoxina, isolado da bactéria Bacillus thuringiensis (utilizada em controle biológico), foi inserido em tabaco (planta do fumo), conferindo-lhe resistência potencial à praga de lepidópteros. (Ver ENGENHARIA GENÉTICA) CULTIVO ROTACIONAL CULTIVO ROTACIONAL = ROTAÇÃO DE CULTURAS Alternância de diferentes tipos de cultivo, com a finalidade de reduzir ou repor nutrientes consumidos por certos vegetais. Exemplo: algodão, milho e fumo são grandes consumidores de nitrogênio, que poderá ser reposto ao solo com plantio de leguminosa. CULTURA AXÊNICA Refere-se à cultura pura , livre de organismos contaminantes. Termo comum em microbiologia. CUPIM (Ver TÉRMITAS) CURVA DE SOBREVIVÊNCIA Curva representativa do declínio, em número e ao longo do tempo, de um grupo de recémnascidos ou de indivíduos que acabaram de emergir, como no caso dos organismos modulares; é interpretada também como uma representação gráfica da probabilidade desses descendentes de sobreviverem nas idades subseqüentes. (Ver TABELA DE FERTILIDADE; e TABELA DE VIDA) 68 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS D DANO ECONÔMICO DANO ECONÔMICO = NÍVEL DE INJÚRIA Refere-se ao nível em que o controle de uma praga na agricultura está no limiar econômico, ou seja, qualquer gasto adicional compromete o benefício (lucro). Usa-se a expressão limiar de ação de controle, para designar a observação da combinação da densidade de praga e as densidades dos seus “inimigos naturais” além da qual se faz necessário intervir, para evitar dano econômico. D.A.P. − DIÂMETRO À ALTURA DO PEITO Diâmetro de secção transversal, geralmente efetuada em troncos de árvores, a 1,30 m do solo (ou 1,35 m, segundo alguns autores), utilizado em cálculo de área basal, ou como um dado útil em estimativa de biomassa vegetal, levantamento de densidade de vegetação, avaliação de cobertura vegetal etc. Em vegetação arbustiva (na caatinga, por exemplo) mede-se o D.B. (diâmetro da base). (Ver ÁREA BASAL) DARLING, EFEITO DE (Ver FRASER-DARLING, EFEITO DE) DARWINISMO Processo evolutivo que ocorre na Natureza na visão de Charles Darwin, que expressa a evolução como ocorrendo através de seleção natural (ou a luta pela vida), onde os organismos agem espontaneamente determinando variações dentro das populações e espécies e que resulta na sobrevivência do mais apto. (Ver NEO-DARWINISMO) D.B. − DIÂMETRO DA BASE (Ver D.A.P.) DBO − DEMANDA BIOLÓGICA DE OXIGÊNIO É o mesmo que Demanda Bioquímica de Oxigênio. É um índice biológico usado para monitorar poluição aquática e que é obtido geralmente pelo seguinte procedimento: uma amostra de água é colocada em frasco especial (capaz de excluir todo o ar da amostra) e deixada em incubação a 20 °C durante 5 dias; a quantidade de O2 consumida (pelos microrganismos existentes na amostra, que oxidam a matéria orgânica) é estimada a partir da medição da quantidade do oxigênio residual (por comparação com amostra-controle). Quando o valor de DBO é alto, isto significa que os microrganismos existentes estão em quantidade elevada, consumindo (demandando) muito oxigênio, competindo pelo O2 com os organismos maiores (peixes, por exemplo). Costuma-se estimar também a DQO − Demanda Química de Oxigênio, que indica o carbono orgânico total da amostra de água, medindo-se com dicromato ou permanganato, a quantidade do reagente consumido durante a oxidação da matéria orgânica. A figura que segue ilustra a curva de oxigênio (linha contínua) e a curva de demanda biológica de oxigênio ou DBO (linha interrompida), ao longo de um rio e considerando um determinado ponto onde ocorre despejo de uma certa atividade humana (segundo MILLER, 1990): 69 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ponto de descarga Organismos Concentração zona límpida, com organismos de água normal O2 dissolvido zona de decomposição, com peixes pouco exigentes zona de recuperação fungos, bactérias anaeróbias... zona límpida DBO Tempo ou distância rio abaixo DCE − DICLOROETANO Composto obtido na indústria do cloro, utilizado como solvente de óleos, graxas, gordura, gomas, resinas e principalmente borracha. Seu vapor, presumivelmente carcinogênico, gera problemas respiratórios, problemas nos olhos, no sistema nervoso central, danos ao fígado e rins. DDD (Ver ORGANOCLORADO) DDE (Ver ORGANOCLORADO) DDT (Ver ORGANOCLORADO) DE (Ver DOSE EFETIVA) DECIBEL (db) Unidade não-absoluta de medida do som, baseada na razão logarítmica da intensidade do som (I) para um nível de referência (Io) estabelecido arbitrariamente como a pressão sonora (mínima audível ao ser humano) de 0,0002 microbars (ou dinas/cm2 ou uma energia de cerca de 10-6 watts). Inicialmente obtém-se o bel: bel = log10 I/Io, e depois o decibel: db = 10 log10 I/Io. Portanto, 10, 20 e 100 db significam respectivamente 10, 100 e 1010 vezes o limite mínimo. Em geral, 90 db podem ser considerados como nível crítico de dano para o ouvido humano. DECÍDUA (Ver CADUCIFOLIA) DECLÍNO PROGRESSIVO (NA DENSIDADE POPULACIONAL) (Ver LEI DA POTÊNCIA DOS TRÊS MEIOS (-3/2)) DECOMPOSIÇÃO DECOMPOSIÇÃO = PUTREFAÇÃO Processo de desintegração da estrutura da matéria orgânica em que moléculas orgânicas complexas se transformam em substâncias simples (dióxido de carbono, água e componentes minerais) atingindo, no solo, um estado final de humus. Juntamente com essas substâncias simples, muitas das quais são nutrientes inorgânicos, são liberadas substâncias orgânicas que poderão fornecer energia ou inibir ou estimular outros componentes bióticos do ecossistema. Há uma tendência atual para se considerar a decomposição como mais importante para o ecossistema do que os próprios decompositores, uma vez que, em certos ecossistemas, os animais demonstraram ser mais importantes do que bactérias e fungos no processo de decomposição da matéria orgânica. É importante também observar os efeitos das ações físicas no processo da decomposição. DECOMPOSITOR DECOMPOSITOR = MICROCONSUMIDOR = OSMÓTROFO = REDUTOR = SAPRÓBIO = SAPROBIONTE = SAPRÓFAGO = SAPRÓFILO = SAPRÓTROFO = SAPROXENO Organismo heterotrófico, principalmente bactérias e fungos, que degradam os compostos complexos dos protoplasmas mortos, absorvendo alguns produtos da decomposição e liberando nutrientes inorgânicos que serão utilizados pelos produtores. Saprófito ou saprofítico refere-se aos vegetais (plantas) que retiram seus alimentos da matéria orgânica em decomposição. Nos ecossistemas 70 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS aquáticos citam-se os organismos saprobiontes (resistem a águas poluídas), saprófilos (estão geralmente presentes em tais águas) e saproxenos (não se encontram nessas águas). (Ver DECOMPOSIÇÃO) “DEET – N,N-DIETHYL-META-TOLUAMIDE” Composto usado nos repelentes (de insetos), muito utilizados nos E.U.A., principalmente nas regiões de grande infestação, tais como no Alaska e nos “Everglades”, na Flórida. Há indicações de que este composto causa danos neurológicos em ratos e por isso é recomendado que o produto repelente não contenha mais do que 30% de “DEET” e que seu uso não seja nunca combinado a protetor solar, uma vez que este composto reduz a ação do protetor em cerca de 30%. DEFENSIVO AGRÍCOLA (Ver PESTICIDA) DEFESA ECONÔMICA (Ver POSSIBILIDADE DE DEFESA ECONÔMICA) DEFESA (EM PLANTAS) Muitos vegetais, durante o processo evolutivo, desenvolveram estruturas e alguns, compostos químicos que tornaram possível defender-se do ataque de herbívoros. As estruturas são facilmente notadas, como por exemplo os espinhos em certas plantas da caatinga (bromélias, foto da esquerda) e em cactos (foto da direita). Nestes últimos, os espinhos são folhas modificadas, que além de protegerem o cacto contra predadores, reduzem a superfície de transpiração da planta: Obs.: ambas as fotos do site www.biosferadacaatinga.org.br: a da esquerda, de Tadeu Jankosviki; e a da direita de Roberto Linsker. (Ver DEFESA QUÍMICA) DEFESA NATURAL (Ver DEFESA QUÍMICA) DEFESA QUÍMICA Produção de substâncias químicas (muitas delas são metabólitos secundários) por certos organismos e que desempenham nestes a função de “defesa” contra possíveis predadores ou competidores. Muitas plantas são ricas em tais substâncias, como alcalóides, terpenóides, taninos, flavonóides, glicosídeos, cianeto, ácido oxálico etc. Entre os animais valem ser destacados: um gastrópodo marinho que produz ácido sulfúrico e um “besouro bombardeiro” (Brachinus crepitans) que produz hidroquinona e peróxido de hidrogênio em seu abdômen (que se misturam em câmara de explosão sob ação da enzima peroxidase, formando a quinona, tóxica; o inseto a ejeta como um “spray” explosivo). Sapos e rãs produzem batracotoxinas, epibatidinas (de efeito 200 vezes superior à ação da morfina e similares) e pumiliotoxinas em sua pele, extremamente venenosas ao simples toque; espinhos de muitas plantas produzem substâncias tóxicas variadas. Índios do oeste da Colômbia esfregam as pontas de suas flechas e setas da zarabatana, na pele de rãs (Dendrobates auratus e Phyllobates terribilis), usando-as para caçar com eficiência duradoura (de pelo menos 1 ano) (segundo artigoreportagem de M.W.Moffett, publicado em National Geographic, 1995, Vol.187, no 5, p.98-111). Há substâncias que são mantidas pelo organismo (plantas) durante todo o seu tempo de vida, constituindo-se na chamada defesa constitutiva. Entre estas há os taninos, resinas, óleos essencias em folhas e ramos de algumas plantas, que se ligam facilmente às proteínas, tornando-as indigestas. Grande parte de substâncias desse tipo, são incluídas no grupo dos metabólitos secundários. Há também os alcalóides, nos quais algumas plantas são ricas, constituindo-se em substâncias tóxicas para os animais. E há substâncias que são produzidas (por plantas) em resposta a danos causados por herbívoros ou outro qualquer agente, constituindo-se na chamada defesa induzida. (Ver CIANOGÊNICO) 71 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS DEFESO Literalmente significa ato de proibição. É a ação de proteção às espécies da fauna, como por exemplo aos da piracema, que consiste em fiscalizar a pesca no período em que ela acontece, ou seja, de outubro a maio, proibindo-se a pesca predatória com o uso de redes, tarrafas, puçás, bombas etc, que causariam grande apreensão de peixes e mortandade predatória. Neste período, de acordo com o IBAMA, só se permite o uso de linha e anzol. DEFICIT DE SATURAÇÃO DE VAPOR D’ÁGUA É uma medida da quantidade de água que falta no ar em relação ao ar saturado. (Ver CLAREIRA) DEGRADAÇÃO AMBIENTAL É a redução de um recurso natural renovável até um certo nível de produção sustentável, ou seja, refere-se à explotação até uma taxa limite de reconstituição natural. São bastante variadas as conotações da degradação ambiental, no geral. Do ponto de vista do interesse de exploração de um recurso natural pelo ser humano, qualquer “ameaça” à continuidade de explotação, pode se constituir em degradação. Na foto seguinte, da NASA (obtida pelo Landsat), vê-se a capital da Mauritânia, Nouakchott, sendo ameaçada pela aproximação de dunas gigantescas, certamente resultantes da devastação da vegetação dos arredores. DEMANDA BIOLÓGICA (ou BIOQUÍMICA) DE OXIGÊNIO − DBO (Ver DBO) DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO − DQO (Ver DBO) DEMERSAL Termo que se refere a ovos (de peixes) que não flutuando, tendem a depositar-se no fundo do sistema aquático (mar ou lago). “DENDRIUM” Uma comunidade de orquídeas. “dendro-” Prefixo de origem grega significando “árvore”. Ex.: dendrocronologia (método de datação usando contagem dos anéis de crescimento anual das árvores); dendroquímica (campo emergente da química ambiental em que se analisa a composição química, especialmente minerais, dos anéis de crescimento); dendroclimatologia (parte da climatologia que utiliza o conhecimento sobre os registros em anéis de crescimento das árvores para quantificar os níveis de elevação do dióxido de carbono na atmosfera, procurando entender o processo de aquecimento global); dendropirocronologia (utiliza tal conhecimento dos anéis de crescimento para tentar reconstruir a história de incêndios florestais); dendrícola (o mesmo que arborícola, que vive sobre árvore); dendrófago (que se alimenta de madeira). DENDROTELMATOBIONTES (Ver FITOTELMOS) DENSIDADE Refere-se ao número ou biomassa de indivíduos de uma espécie, por unidade de área ou volume, respectivamente nos ecossistemas terrestre ou aquático. Há diversos aspectos ecológicos dependentes da densidade (ação dependente da densidade) como por exemplo, a carência de nutrientes, cujos efeitos poderão ser desastrosos no caso de alta densidade populacional; e há também os independentes (ação independente da densidade) como por exemplo um desastre ou uma catástrofe, como o fogo ou temporal, cujos efeitos sobre as populações não dependerão da densidade populacional. Entre os diversos aspectos ecológicos relacionados à dependência e à independência da densidade, são também mencionados os fatores de crescimento. (Ver ABUNDÂNCIA; DEPENDÊNCIA OU DEPENDENTE DA DENSIDADE; DENSIDADE ECOLÓGICA; e ÍNDICE DE DENSIDADE) 72 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS DENSIDADE APARENTE (DE UM SOLO) Refere-se à densidade de um volume de solo, da maneira como ele existe naturalmente, incluindo o ar (sua porosidade) e a matéria orgânica, mas excluindo a umidade. Sua estimativa pode ser feita da seguinte maneira (MILLER & DONAHUE, 1990): a) Um cilindro (com 5 cm de altura e 4,4 cm de diâmetro interno) é enterrado no solo e uma amostra de solo é coletada, seca em estufa a 105°C; sem alterar a estrutura do solo, dando então como resultado, 87,6 g. b) O volume do cilindro é dado por: V = πr2h = 3,14 X 2,22 X 5 cm = 76 cm3. c) Densidade aparente = massa do solo/volume do solo = 87,6 g/76 cm3 = 1,15 g/cm3. DENSIDADE ECOLÓGICA Termo usado por alguns autores para indicar o número ou biomassa de indivíduos de uma espécie, por unidade de espaço de habitat, ou seja, de área ou volume que possa ser eventualmente colonizado pela população da espécie em questão. Alguns autores chamam de intensidade de abundância a este número de indivíduos por local habitável numa comunidade. (Ver ABUNDÂNCIA; DENSIDADE; e ÍNDICE DE DENSIDADE) DENSIDADE RELATIVA Uma medida da densidade de uma espécie (representada por a) numa área ou comunidade, relativa ao número total de indivíduos (Ntot) de todas as espécies dentro dessa área ou comunidade; sendo usualmente expressa como porcentagem, usando-se a fórmula: Densidade relativa = 100Na/Ntot. DEPENDÊNCIA (ou DEPENDENTE) DA DENSIDADE Relação entre fatores, fenômenos ou processos, abióticos ou bióticos e a densidade populacional de um determinado organismo. Assim sendo, há reações dessa população que dependerão da sua densidade, no momento em que for atingida por um certo fenômeno ou processo. Reciprocamente, há reações da população a certos fatores (abióticos ou bióticos) que independem da densidade. Se, por exemplo, ocorrer uma certa escassez de alimento, a reação de uma população dependerá do número de indivíduos que a compõem, constituindo-se assim uma dependência de densidade. Se por outro lado, ocorrer por exemplo, um incêndio ou enchente, é bem possível que os efeitos destas catástrofes sobre as populações independam da densidade (ver também FATORES “DEPENDENTE” e “INDEPENDENTE” DA DENSIDADE). Muitos processos ecológicos estão relacionados com a dependência da densidade, como o crescimento populacional, a competição intra e interespecífica, relações presa-predador e parasitahospedeiro e até mesmo tamanho de indivíduos numa população. Quando um aumento na densidade inicial de uma população é exatamente contrabalançado pelo aumento da mortalidade e/ou redução na taxa de natalidade e/ou taxa de crescimento, diz-se ocorrer uma compensação exata dependente da densidade. Por outro lado, quando uma dependência da densidade de população é tão intensa que aumentos na densidade inicial conduzem a reduções na densidade final, ela é denominada de supercompensação da dependência da densidade. Por sua vez, quando aumentos na taxa de mortalidade ou reduções na de natalidade ou na taxa de crescimento ocorrem na dependência da densidade em magnitude inferior aos aumentos na densidade inicial e de maneira que aumentos nesta densidade inicial ainda conduzem a aumentos ainda menores na densidade final, denomina-se este processo de subcompensação da dependência da densidade. DEPENDÊNCIA INVERSA DA DENSIDADE Refere-se à mudança na influência de um fator ambiental (denominado “fator dependente inverso da densidade”) que afeta a densidade de população que, quando muda, pode ocorrer uma das seguintes tendências: (i) estímulo ao crescimento da população (reduzindo a mortalidade ou aumentando a fecundidade) quando a densidade de população aumenta; (ii) ou retardamento ao crescimento da população (aumentando a mortalidade ou reduzindo a fecundidade) quando a densidade de população diminui. Há três possíveis explicações para este “desvio da equação logística”: (i) refere-se inicialmente ao “efeito Allee”, no qual a capacidade de indivíduos encontrarem seu par reprodutivo é intensificada com o aumento da população; (ii) poderá estar relacionada ao aumento da diversidade e conseqüente diminuição da incidência de mutações deletérias; (iii) ou seria devido ao aumento da capacidade da população (no caso de animais) de predar populações de presas. DEPRESSÃO DA PROCRIAÇÃO CONSANGÜÍNEA Perda do “vigor híbrido” entre os membros de uma prole, que cruzam entre si, resultando na expressão gênica de caractéres deletérios, gerando assim alta homozigosidade (reduzindo portanto, a heterozigosidade). (Ver HOMOZIGOSIDADE) 73 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS DERIVA GENÉTICA (ou DESVIO GENÉTICO) Mudança na freqüência do alelo, devido mais às variações aleatórias, do que evolutivas, na fecundidade e mortalidade de uma população. (Ver ESPÉCIE EM VIA DE EXTINÇÃO; e VARIABILIDADE GENÉTICA) DESASTRE Evento ou distúrbio que ocorre freqüentemente num ecossistema, afetando a vida de populações de maneira a exercer pressão seletiva, sendo registrado no processo evolutivo. O fogo no cerrado e a seca na região nordeste do Brasil, podem ser definidos como desastres. Alguns acidentes, por suas repercussões negativas, são classificados como desastres, como alguns aqui referenciados, como os de Bhopal e Chernobyl. (Ver CATÁSTROFE) DESENCADEADOR (ou LIBERADOR) Em inglês, “releaser”, significando literalmente, desencadeador ou liberador, sendo então um estímulo que serve para iniciar uma atividade instintiva. (Ver “IMPRINTING”) DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO (Ver DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL) DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL = DESENVOLVIMENTO SUSTENTADO = ECODESENVOLVIMENTO Pode ser definido como: “melhoria da qualidade de vida humana, dentro da capacidade de suporte dos ecossistemas”. Poderia ainda ser: “desenvolvimento visando às necessidades do presente, sem comprometer a disponibilidade de recursos que as gerações futuras necessitarão”. Ou: “desenvolvimento sócio-econômico, respeitando e procurando manter as características da Natureza, sendo portanto, baseado em princípios ecológicos, para exploração dos seus recursos; esperando-se com isso, que sejam evitados o desperdício e a degradação ambiental”. Alguns autores fazem distinções entre três tipos de desenvolvimento sustentável: o ecológico, o econômico e o social. É bem possível que esta seja uma “ordem crescente de dependência”. O MMA − Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal, do governo federal, criou uma Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável − CPDS. (Ver MANEJO SUSTENTADO) DESERTIFICAÇÃO Processo de origem climática e/ou antrópica, que converte um determinado local sob cobertura vegetal natural ou sob cultivo, em terra onde a produtividade agroecológica é insignificante. São muitas as causas da desertificação, podendo ocorrer como conseqüência climática, combinada com outros agentes, tais como superpastejo ou superexplotação, erosão, queimas repetidas etc. É bem possível que os carirís paraibanos, principalmente o ocidental, onde estão os municípios de Taperoá (ao norte), São José dos Cordeiros, Serra Branca, Ouro Velho, Sumé, Prata, Congo, Monteiro, Camalaú, São João do Tigre e São Sebastião do Umbuzeiro (ao sul) seja hoje uma microrregião em processo de desertificação. Nesta microrregião a precipitação pluvial em 1993 foi inferior a 50 mm (no Saara chove 200 mm/ano e no deserto de Atacama, no Chile, chove 75 mm/ano); além disso, a atividade humana mais comum é a olaria (caieiras e cerâmicas). (Ver SAHEL) DESERTO Termo aplicado à região onde a precipitação pluvial é geralmente inferior a 250 mm/ano, sendo menor do que a evaporação potencial, não proporcionando condições para o estabelecimento de uma biota significantemente densa. O bioma de deserto ocorre em extremos de temperatura, como o de alta temperatura no deserto do Saara, no norte da África e o de baixa temperatura no deserto de Gobi, na Mongólia. Regiões onde ocorrem precipitações abaixo dessa magnitude e muito irregulares (ano ou anos sem chuva) determinando escassez crítica de água ao meio biótico, são ditas regiões áridas; e aquelas onde a precipitação é em torno desse nível, com distribuição irregular (às vezes a chuva cai num período muito curto do ano) são denominadas de semi-áridas. As fotos que seguem, dos arquivos do “Greenpeace International”, site www.greenpeace.org, mostram efeitos da desertificação na Mongólia central: 74 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS a primeira foto, a da esquerda, mostra local onde antes existia água e a da direita, filhote morto, de camela que não produzia leite (por falta de pastagem). As fotos seguintes, também do Greenpeace, mostram: a da esquerda, tempestade de areia muito freqüente na Mongólia, atingindo por vezes, o Japão; e a da direita, cabra montanhesa protegida com roupa para evitar que companheiras devorem seus pêlos, em desespero de fome por falta de pastagem. (Ver DESERTIFICAÇÃO; e APÊNDICE VI – OS MAIORES DESERTOS DO MUNDO) DESERTO SUBTROPICAL (Ver ZONA(S) CLIMÁTICA(S) (de WALTER, HEINRICH)) DESFLORESTAMENTO (Ver DESMATAMENTO) DESIDROGENASE (Ver ENZIMAS DO SOLO) DESLOCAMENTO DE CARACTÉRES Processo pelo qual um caráter morfológico de uma espécie muda com a seleção natural, originando-se da presença, no mesmo ambiente, de uma ou mais espécies similares ecologica ou reprodutivamente. DESMATAMENTO Processo, de origem antrópica, de remoção de uma cobertura vegetal natural (geralmente uma mata ou floresta), por corte e abate das plantas, para diversas finalidades (expansão urbana, agricultura, utilização de madeira etc). DESNITRIFICAÇÃO Processo de degradação do nitrato, que ocorre no solo e em ecossistemas aquáticos, geralmente em condições anaeróbias, em que bactérias desnitrificantes (Pseudomonas desnitrificans, é um exemplo) formam principalmente óxido nitroso (N2O) e nitrogênio molecular (N2). DESPEJO INDUSTRIAL (Ver EFLUENTE) DESVIO GENÉTICO (Ver DERIVA GENÉTICA) DETERMINISMO Baseia-se na teoria de que o resultado de qualquer processo é estritamente predeterminado por causas antecedentes definidas e leis naturais, implicando assim na idéia de que pode ser previsível. 75 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS DETERMINÍSTICO (Ver ESPÉCIE EM VIA DE EXTINÇÃO) DETRITÍVORO Organismo que se alimenta de detritos orgânicos, exercendo importante papel ecológico no ciclo da matéria, desintegrando a matéria orgânica a partículas que se tornam mais suscetíveis à decomposição. Exemplos de detritívoros: centopéias, alguns helmintos e coleópteros (nos ecossistemas terrestres) e moluscos e alguns crustáceos (nos ecossistemas aquáticos). (Ver CARNICEIRO; e DECOMPOSITOR) DETRITO ORGÂNICO Partícula de matéria orgânica originária do processo de desintegração de organismos mortos ou de suas partes. “dia-” Prefixo de origem grega significando “através; durante; por”. Alguns verbetes com este prefixo são apresentados a seguir. DIAGEOTROPISMO DIAGEOTROPISMO = GEODIATROPISMO Orientação em ângulo reto à direção da gravidade. No que se refere à planta ou animal aderido a uma superfície, o diageotropismo resulta num crescimento paralelo à superfície do solo. DIAGRAMA CLIMÁTICO Representação gráfica do clima de uma região, feita a partir dos dados (médias) de temperatura e precipitação, coletados num longo período de tempo e representados nos doze meses do ano. O diagrama climático, proposto pelo biogeógrafo e ecólogo alemão Heinrich Walter, dá uma idéia global do clima. Quando se representam os dados de precipitação e temperatura de um período de um (1) ano, dá-se o nome de climatograma. A figura que segue é um diagrama climático representativo do clima de Pirassununga (SP), numa região de cerrado (GRISI, 1978). 38,4 30,0 19,8oC Pirassununga (584m) [27] 1.301,6mm 300 100 80 30 60 20 40 10 20 Precipitação (mm) Temperatura (oC) 200 7,0 -3,3 J A S O N D J F M A M J MESES DO ANO Obs.: 1) No alto da figura vêem-se a partir da esquerda: cidade (altitude, de 584m), [nº de anos dos dados coletados, ou seja, 27], temperatura média anual (19,8oC) e precipitação pluvial média anual (1.301,6mm). 2) À esquerda na ordenada, a partir de cima: temperatura máxima registrada no período dos 27 anos de coleta dos dados (38,4oC), média das máximas (30,0oC); seguem-se os valores de temperatura (entre 10 e 30oC) e embaixo a média das mínimas (7,0oC) e finalmente a mínima registrada no período dos 27 anos (-3,3oC). 3) À direita, na ordenada os valores de precipitação (entre 20 e 300 mm). 4) Embaixo, na abscissa: os meses do ano; como o diagrama climático refere-se a uma região no hemisfério sul, os meses mais quentes (e mais chuvosos) são colocados no meio do gráfico. 76 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 5) Observar no gráfico, que no período de julho a setembro a curva de precipitação ficou abaixo da curva de temperatura, daí a representação, da respectiva área, por pontilhado. No período em que a precipitação for superior a 100 mm (de outubro a março), a respectiva área é representada em negrito. DIAHELIOTROPISMO Resposta de uma planta inteira ou de uma de suas partes, orientadas em ângulo reto à direção da luz solar incidente. DIÂMETRO À ALTURA DO PEITO (Ver D.A.P.) DIAPAUSA Uma pausa ou interrupção em decorrência de período estacional, como a que ocorre na hibernação. Fenômeno, comum em vários insetos (holometabólicos), em que há uma parada no seu desenvolvimento, causada por mudança num fator ecológico (luminosidade, temperatura, alimento ...), com posterior retomada do processo. Há insetos que põem ovos em um fruto e a larva desenvolve-se à medida que o fruto cresce; permanece então em diapausa, como pupa e somente dá continuidade ao desenvolvimento na próxima safra desse fruto. (Ver DORMÊNCIA) DIÁSPORA (Ver PROPÁGULO) DIAZINON (Ver ORGANOFOSFORADO) DICLOROETANO (Ver DCE) DIELDRIN (Ver ORGANOCLORADO) DIFERENCIAÇÃO DE NICHO (Ver COMPLEMENTARIDADE DE NICHO) DIFERENTE e DIVERSO Diferente: organismo que difere de outro por ter uma ou mais características dissimilares, tornando certo indivíduo (ou certa ocorrência) distinto de outro (ou outra). Diverso: é aquele organismo que apresenta uma faixa ou variação de diferenças. No caso do ser humano, por exemplo, pessoas têm interesses e habilidades diversas. DIMÍTICOS (Ver HOLOMÍTICOS) DINÂMICA DE MANCHAS Do inglês “patch dynamics”, em que se considera uma comunidade como um mosaico de manchas (ou sítios) nas quais ocorrem interações bióticas e distúrbios abióticos. DINÂMICA DE POPULAÇÃO (ou DE POPULAÇÕES) (Ver ECOLOGIA DE POPULAÇÕES) DINAMICAMENTE FRÁGIL (Ver ESTABILIDADE) DINAMICAMENTE ROBUSTA (Ver ESTABILIDADE) DIÓICA(O) Originalmente chamava-se “espécie dioécia”. Diz-se da espécie que tem espécime (ou indivíduo) com flor masculina e espécime com flor feminina. (Ver MONÓICA; e TRIÓICA) DIÓXIDO DE CARBONO (ou CO2) (Ver CAPTURA E ARMAZENAMENTODE DIÓXIDO DE CARBONO; e EFEITO ESTUFA) DIOXINAS Grupo de mais de 100 compostos de hidrocarbonetos clorados, formados sob ação de alta temperatura, combinando cloro e hidrocarbonetos. É um subproduto gerado, por exemplo, da fabricação de preservativo de madeira (“PCP − Pentachlorophenol”) e de herbicidas (o silvex, 2,4-D e 2,4,5-T). O agente laranja, utilizado como desfolhante pelos americanos no Vietnã, é uma mistura meio-a-meio desses dois herbicidas. A dioxina TCDD (Tetraclorodibenzodioxina) é uma das substâncias mais tóxicas (teratogênica) já fabricada pelo homem (LD50 ou DL50 de 0,001 mg/kg de peso corpóreo). Algumas dioxinas são usadas no processo de branqueamento do papel, devendo por isso seu uso ser banido da fabricação de filtros (ou coadores), embalagens cartonadas de alimentos, fraldas descartáveis, absorventes higiênicos e outros produtos. 77 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS “diplo-” Prefixo de origem grega significando “duplo, duas vezes”. (Ver “haplo-”) DIREITO AMBIENTAL Parte do direito que, além do conjunto das normas da legislação ambiental, considera as jurisprudências e outros instrumentos da ciência jurídica aplicados ao meio ambiente. É mais abrangente do que o direito ecológico, referindo-se este mais especificamente ao conjunto de técnicas, regras e instrumentos jurídicos, baseados em princípios apropriados, visando à sistematização de comportamento humano relacionado aos ecossistemas. DIREITO ECOLÓGICO (Ver DIREITO AMBIENTAL) DISCLÍMAX DISCLÍMAX = SUBCLÍMAX ANTROPOGÊNICO Comunidade estável que não é tida como clímax climático, edáfico ou topográfico, mantida por contínuos distúrbios causados pelo homem ou pelos seus animais domésticos. Este termo, segundo alguns autores, é apropriado quando se refere ao clímax de fogo ou ao zoótico. (Ver CLÍMAX CLIMÁTICO; CLÍMAX EDÁFICO; CLÍMAX DE FOGO; CLÍMAX TOPOGRÁFICO; CLÍMAX ZOÓTICO; e COMUNIDADE CLÍMAX) DISPERSÃO Termo, de uso geral, que implica por exemplo, na diluição e redução da concentração de poluentes na água ou no ar. No caso de dispersão clonal, significa o movimento ou crescimento à parte, de um organismo modular, que se destaca de sua “fonte de origem”. DISPERSÃO CLONAL (Ver DISPERSÃO) DISPERSÃO DA POPULAÇÃO Movimento de indivíduos ou de seus propágulos (sementes, esporos, larvas etc) para dentro ou para fora da população ou da área ocupada pela população. São mencionadas três formas de dispersão: a) Migração: deslocamento periódico e com retorno. Nos animais o deslocamento dá-se comumente em massas e com o propósito de procriar. b) Emigração: deslocamento para uma outra região. c) Imigração: deslocamento definitivo proveniente de outra região. (Ver ÍNDICE DE DISPERSÃO) DISSIMILARIDADE (Ver ÍNDICE DE SIMILARIDADE) DISTÂNCIA DE DISPERSÃO (Ver VIZINHANÇA, TAMANHO DE) DISTRIBUIÇÃO (Ver PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO) DISTRIBUIÇÃO BICÊNTRICA Ocorre quando determinada espécie habita regiões distintas, isoladas. Registra-se esta distribuição em planta, cujos propágulos encontraram condições ambientais com especificidade às suas necessidades (ex.: temperatura, característica peculiar de solo, como presença de calcário ...). Há também a hipótese de que a distribuição atual seja um relito de população que antes se distribuía de maneira mais ampla. Alguns autores usam o termo distribuição policêntrica referindo-se à população, espécie ou táxon que ocorre em diversas áreas geográficas amplamente separadas. DISTRIBUIÇÃO CONTAGIOSA (ou POR CONTÁGIO) Padrão de distribuição no qual valores, observações ou indivíduos estão mais agregados ou aglomerados do que numa distribuição aleatória, indicando que a presença de um indivíduo ou valor aumenta a probabilidade de um outro ocorrer mais próximo. DISTRIBUIÇÃO DISJUNTA Distribuição geográfica de uma espécie ou outro taxon, cujos componentes estão amplamente separados. DISTRIBUIÇÃO ETÁRIA Forma de representação de uma população, distinguindo os indivíduos por faixa de idade, ou seja, indivíduos recém-nascidos (ou filhotes), jovens, adultos e velhos (por exemplo). A distribuição etária é um dado importante nos estudos de dinâmica de populações, indicando o que poderá ser esperado no futuro; exemplo: uma população com grande número de jovens tende a crescer rápido, enquanto uma 78 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS população com grande número de indivíduos velhos estará em declínio e o meio termo indica um equilíbrio. DISTRIBUIÇÃO LIVRE IDEAL (ou “IDEALIZADA”) Alguns autores (S.D.Fretwell, H.L.Lucas e G.A.Parker) propuseram que, em termos comportamentais, se um consumidor forrageia (consome) de maneira otimística, o processo de redistribuição continuará, até que a disponibilidade de recursos de todas as subáreas ou manchas (diversos sítios) do local explorado se tornem iguais. Os consumidores “idealizam” seu julgamento do que seja disponível (ou “proveitoso”, em termos de recursos a serem por eles explorados) e daí são livres para se mobilizarem nas diversas subáreas. (Ver EFICIÊNCIA DE PROCURA; e FORRAGEADOR ÓTIMO) DISTRIBUIÇÃO POLICÊNTRICA (Ver DISTRIBUIÇÃO BICÊNTRICA) DISTRIBUIÇÃO POR IGUAL (ou EQÜITATIVA) Considera-se uma distribuição (por igual ou eqüitativa) dos indivíduos de uma população, de maneira que a distância entre eles é maior do que se a distribuição fosse ao acaso. Para alguns consumidores, as pressões de competição e interferências, são superiores às atrações de manchas (sítios) com mais recursos, daí evitam agregações. DISTRÓFICO, LAGO Lago rico em matéria orgânica, dissolvida, húmica, dando-lhe aparência marrom escura ou preta, embora transparente, com pH 4,0 a 5,5. (Ver AUTOTRÓFICO; EUTRÓFICO; e OLIGOTRÓFICO) DISTÚRBIO DISTÚRBIO = PERTURBAÇÃO Interrupção, brusca ou não, de um processo, ação ou condição que seja tida como normal. Em termos ecológicos refere-se a um evento pouco usual ou pouco freqüente que possa atingir um ecossistema, eliminando alguns indivíduos e abrindo espaço para nova colonização pelas mesmas espécies ou não. Fala-se então em distúrbio ou perturbação estocástica, que é um evento fortuito, aleatório, como o fogo (ou incêndio), tempestade violenta, terremoto, furacão etc. (Ver CATÁSTROFE; CLAREIRA (e DINÂMICA DE CLAREIRA); DESASTRE; e HIPÓTESE DO DISTÚRBIO INTERMEDIÁRIO (DE CONNELL)) DIVERGÊNCIA DE CARACTÉRES (Ver SIMPATRIA) DIVERSIDADE (Ver BIODIVERSIDADE; e ÍNDICE DE DIVERSIDADE DE ESPÉCIES) DIVERSIDADE ALFA, GAMA e BETA (Ver BIODIVERSIDADE) DIVERSIDADE BIOLÓGICA (Ver BIODIVERSIDADE) DIVERSIDADE GENÉTICA (Ver VARIABILIDADE GENÉTICA) DIVERSO (Ver DIFERENTE) DL (Ver DOSE LETAL) DNA, MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE (Ver TRANSFERÊNCIA DE DNA) DOADOR (Ver MODELO CONTROLADO-PELO-DOADOR) DOENÇA e ECOLOGIA DA DOENÇA Doença é um mal que acomete um organismo (planta ou animal, geralmente chamado de hospedeiro) e que é causado por um agente (denominado patógeno) microbiano (vírus, bactéria, fungo, protozoário) ou por outro organismo, que pode ser um parasita (helminto, por exemplo). Ecologia da doença: designação que alguns autores dão à interação do comportamento e ecologia de hospedeiros com a biologia do patógeno ou patógenos, no que diz respeito aos impactos da doença sobre as populações de tais hospedeiros. Em termos epidemiológicos, o cerne da questão reside no “teorema do limiar” (“threshold theorem”, em inglês), ou seja, se a densidade de hospedeiros suscetíveis estiver abaixo de um valor crítico, em média, a transmissão de uma doença não ocorrerá o rápido bastante para causar aumento no número de indivíduos infectados. A taxa reprodutiva de uma doença precisa ser maior do que 1 para que ocorra uma epidemia, sendo esta taxa definida como um número médio de novas infecções geradas por indivíduo infectado. Em epidemiologia sabe-se que tal teorema, no entanto, não tem validade para as 79 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS doenças sexualmente transmissíveis, cuja disseminação é muito menos dependente da densidade de hospedeiros. (Ver AGUDO; e PRAGA) DOMIN (Ver ESCALA DE DOMIN) DOMINÂNCIA (Ver ÍNDICE DE DOMINÂNCIA) DOMINÂNCIA DE BICADA (Ver BICADA, ORDEM DE (OU DOMINÂNCIA DE)) DOMINÂNCIA ECOLÓGICA (Ver DOMINANTE ECOLÓGICO) DOMINÂNCIA RELATIVA Em ecologia vegetal é uma medida da importância relativa de uma espécie num habitat, calculada como área basal expressa como porcentagem da área basal total (de todas as espécies). DOMINANTE ALFA O indivíduo da mais alta categoria (ou do mais alto “rank”) numa hierarquia de dominância. DOMINANTE ECOLÓGICO Espécie vegetal que, numa comunidade, exerce forte influência sobre o fluxo de energia, afetando o ambiente mais do que as demais espécies. Embora o termo seja de uso comum entre os fitoecólogos, alguns autores afirmam que animais (usualmente predadores) também podem exercer dominância em comunidades, daí a denominação de espécie-chave; alguns autores chamam de dominante alfa. (Ver ÍNDICE DE DOMINÂNCIA) DOMÍNIOS DOS MICRORGANISMOS Em termos taxionômicos (ou taxonômicos) o domínio é o nível mais elevado da classificação biológica. Os microrganismos estão organizados taxionomicamente em três domínios: “bacteria”, que juntamente com as “archaea” são os representantes dos procariotos e as “eukarya” que se constituem nos eucariotos. Entre as bactérias estão as cianobactérias, as púrpuras, as não-sulfurosas verdes etc. Entre as arquebactérias estão aquelas, consideradas mais primitivas, que vivem em ambientes extremos (de temperatura, de sal ...); e entre as eucárias, situam-se tanto microrganismos como os vegetais e animais. Portanto, observe-se que os microrganismos estão presentes nos três domínios. (Ver ÁRVORE FILOGENÉTICA UNIVERSAL; e TAXON) DORMÊNCIA DORMÊNCIA = LATÊNCIA Parada temporária do desenvolvimento / crescimento, como o que ocorre nas sementes das plantas. Alguns autores consideram dois tipos de dormência: previsível (refere-se à diapausa de alguns animais) e conseqüencial (que ocorre em resposta às condições adversas). (Ver DIAPAUSA; e HIBERNAÇÃO) DOSE EFETIVA (ou ED50) É a dose efetiva necessária para produzir uma determinada resposta em metade da população de organismos testes. A sigla provém do inglês “effective dose”. É raro encontrar-se a sigla DE. DOSE LETAL (ou LD50) Dose de uma determinada substância (radioativa ou não) capaz de causar morte. A dose letal LD50 (do inglês “lethal dose”) é aquela capaz de matar 50% dos animais submetidos ao teste com a substância em questão, sendo geralmente expressa em mg/kg de peso corpóreo (peso fresco). A dose letal mínima é a suficiente para matar 100% da população teste. É raro encontrar-se a sigla DL. DOSSEL Refere-se à folhagem das árvores, ou seja, ao estrato mais elevado num ecossistema de floresta. (Ver SINÚSIA) DQO − DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO (Ver DBO) DRENO (ou CAPTOR) (Ver FONTE E DRENO (ou CAPTOR)) DRILOSFERA Diz respeito em particular, à “esfera de ação dos oligoquetas” (minhocas) no solo. (Ver COMPOSTAGEM) DULCIAQUÍCOLA Que vive na água doce. (Ver “-cola”) 80 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS DUNA (ou VEGETAÇÃO DE DUNA) Ecossistema típico de praia, formado por plantas herbáceas, halófitas, psamófitas, algumas formando estolões e que limita o ponto atingido pela preamar. Plantas típicas: pinheirinho-do-mar, Remirea maritima; Iresine portulacoides (uma Amarantaceae); pé-de-cabra, Ipomea pes-caprae; Paspalum maritimum (uma Gramineae); maria-leite, Euphorbia sp; guajirú, Chrisobalanus icaco (formando arbustos, com fruto comestível, adstringente), entre outras. As características de um solo de duna, comparadas com as de um solo de mangue podem ser vistas no quadro no verbete MANGUE. DUREZA DA ÁGUA Dá-se este nome à formação de carbonatos ou bicarbonatos, podendo recombinar-se com sulfatos e cloretos, a partir dos teores de Ca e Mg da água. No Brasil, de acordo com o sistema dos E.U.A., o grau 1 de dureza é dado por 1 mg de CaCO3/litro de água. “DY” Sedimento orgânico, de origem alóctone, ocorrendo geralmente em ambientes aquáticos distróficos. A matéria orgânica é, na maioria das vezes, originada de plantas terrestres. (Ver “GYTTJA”) 81 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 82 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS E ECDISE Eliminação (ou muda) do exoesqueleto em certos animais como artrópodos (insetos, crustáceos ...) e répteis. ECESE Processo de adaptação de um organismo a seu novo lugar (novo habitat) e que se segue à migração. “-écio” Usado geralmente como um sufixo, referindo-se a habitat; deriva do grego “oikos”(= casa). Ex.: autoécio (parasita que passa todo seu ciclo de vida dentro do mesmo hospedeiro individual); opõe-se a heteroécio (parasita que ocupa dois ou mais diferentes hospedeiros nos diferentes estádios de seu ciclo vital). ECOCÊNTRICO Interpretando a biota como um todo, como a parte mais importante do Universo, estando o ser humano (e as espécies de seu interesse direto ou indireto) nela inserido como um dos seus componentes. (Ver ANTROPOCÊNTRICO) ECOCIDA Qualquer substância tóxica que penetra e mata um sistema biológico inteiro. (Ver BIOCIDA) ECOCLINO Adaptação genética gradativa que corresponde a um certo gradiente ambiental. ECODESENVOLVIMENTO (Ver DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL) ECOENERGÉTICA (Ver ECOLOGIA ENERGÉTICA) ECOFEMINISMO Termo introduzido pela francesa Françoise d’Eaubonne em 1974, preconizando a síntese do ambientalismo e feminismo, buscando o fim de todas as formas de opressão e de dominações, seja por raça, gênero ou classe social. (Ver ECOLOGISMO) ECOFENÓTIPO (Ver ECOTIPO) ECOFISIOLOGIA (VEGETAL e ANIMAL) Estudo dos processos fisiológicos de um organismo em relação às condições ambientais do habitat em que ele vive. É uma subdivisão da ecologia. ECOLOCAÇÃO Percepção de objetos (ou obstáculos) e comunicação de certos animais (golfinhos, baleias, morcegos), emitindo sons de alta freqüência, orientando-os no ambiente em que vivem. ECOLOGIA ECOLOGIA = BIOLOGIA AMBIENTAL = BIONOMIA Estudo da relação de um organismo ou de grupos de organismos, com o ambiente em que vivem, ou estudo das relações que os organismos mantêm entre si. A ecologia pode ser sucintamente definida como o estudo da estrutura e função da Natureza. O ecólogo é o cientista que estuda tais relações dos seres vivos. O termo ecologia (do grego “oikos” = casa e “logos” = estudo) foi proposto pelo zoólogo alemão Ernst Haeckel, em 1869 e não deve ser confundido com ecologismo. 83 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS As duas grandes divisões da ecologia são a ecologia vegetal e a animal. Entre outras subdivisões da ecologia destaca-se a ecologia humana (ou etnoecologia), que estuda as relações da sociedade humana com o seu ambiente natural, aplicando métodos de estudo e princípios ecológicos. Como ciência propriamente dita, penso ser importante repetir a afirmação do geneticista e evolucionista T.H.Dobzhansky: nada na biologia faz sentido, exceto à luz da evolução e que foi reproduzido e complementado por BEGON et al. (1990): nada na evolução faz sentido, exceto à luz da ecologia. (Ver ECOLOGISMO) ECOLOGIA AGRÁRIA (Ver AGROECOLOGIA) ECOLOGIA ANIMAL ECOLOGIA ANIMAL = ZOOECOLOGIA Estudo da relação dos animais com o ambiente em que vivem e da relação que os mesmos mantêm entre si. ECOLOGIA DE PAISAGENS (ou DE PAISAGEM) Estudo dos ecossistemas, que se constituem num conjunto heterogêneo de paisagens, no que diz respeito às causas e conseqüências de sua heterogeneidade espacial. Trata das interações entre as manchas de paisagens e seus comportamentos e funcionamentos, ou seja, da dinâmica das paisagens como um todo. A paisagem pode ser estudada em qualquer escala, dos murunduns formados num campo de cerrado às manchas do bioma savana formadas em diversas regiões do globo. ECOLOGIA DE POPULAÇÃO (ou DE POPULAÇÕES) Parte da ecologia que estuda as variações, no tempo e espaço, do tamanho e densidade das populações e os fatores que causam tais variações. Atualmente, os ecólogos que lidam com a dinâmica de populações, como alguns autores preferem chamar a ecologia de populações, consideram como fatores essenciais que regulam o tamanho das populações, os fatores dependentes e os independentes da densidade de população. No seu conjunto, a ecologia de populações e a dinâmica de todas as espécies são resultantes complexos da estrutura genética, história de vida dos indivíduos, flutuações da capacidade de suporte dos ambientes, das influências dos fatores dependentes e independentes da densidade populacional, da distribuição espacial dos indivíduos, assim como dos padrões de seus movimentos, que determinarão a estrutura das metapopulações. ECOLOGIA ENERGÉTICA ECOLOGIA ENERGÉTICA = ECOENERGÉTICA = ECOLOGIA TRÓFICA Parte da ecologia que estuda o fluxo energético, ou seja, a absorção da radiação solar pelos produtores primários, sua transformação em energia química e a sua passagem através dos vários níveis tróficos do ecossistema. Estudando o aspecto trofo-dinâmico da ecologia, em 1942, R.L.Lindemann estabeleceu os fundamentos da ecologia energética. O estudo das transformações da energia nos organismos é denominado de bioenergética, um ramo da biologia muito próximo da bioquímica. ECOLOGIA HUMANA ECOLOGIA HUMANA = ETNOECOLOGIA Estudo da relação do ser humano (considerando-se geralmente seus agrupamentos, raças ou etnias etc) com o ambiente em que vivem. O chamado “conhecimento etnoecológico” pode ser entendido como um conhecimento espontâneo, referenciado culturalmente por quaisquer membros da sociedade humana, compreendido e transmitido através de interações sociais e que objetivam a resolução de situações da rotina diária. (Ver “etno-”) ECOLOGIA INDUSTRIAL Estudo multidisciplinar dos sistemas industrial e econômico e suas ligações com os sistemas naturais. Na ecologia industrial há incorporação de pesquisas realizadas sobre materiais retirados da Natureza, suprimentos de energia, técnicas de manipulação de tais materiais e resíduos após seu beneficiamento, além de envolver profissionais de inúmeras áreas relacionadas à produção (mineração, agricultura, engenharia florestal, pesca ...). Além da própria ecologia, utiliza conhecimentos das ciências básicas: físicas, químicas e biológicas. Demanda ainda conhecimentos de diversas outras áreas, como geologia, ciências sociais, economia, direito e administração. De acordo com a “McGraw-Hill Concise Encyclopedia of Science and Technology (2004)” os cinco conceitos-chave da ecologia industrial são (em resumo): (i) Delineamento de produtos, processos, infraestrutura, equipamento, serviços e sistemas de tecnologia que possam ser facilmente adaptados a inovações ambientalmente favoráveis com o mínimo de desperdício. (ii) Minimização de desperdícios de materiais e de consumo de energia em todas as atividades. (iii) Uso de alternativas menos tóxicas, o máximo possível, em particular quando os materiais 84 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS residuais sejam dispersos no ambiente (um pequeno exemplo: a adição de chumbo à gasolina). (iv) Delineamento de produtos, infraestrutura, equipamento e sistemas de tecnologia para preservar a utilidade implícita de materiais e energia no processo inicial de manufaturamento. Há aqui preferência pelos processos que estendam a vida do produto e dêem suporte à reciclagem de componentes, mais do que os materiais em si. (v) Delineamento de produtos físicos em todas as escalas não apenas para realizar sua função intencionada mas também para ser usado para criar outros produtos úteis no final de sua vida corrente. (Ver AGROINDÚSTRIA) ECOLOGIA MICROBIANA ECOLOGIA MICROBIANA = MICROBIOLOGIA AMBIENTAL Parte da ecologia e também da biologia, que estuda os microrganismos no seu ambiente e os processos bioquímicos por eles desenvolvidos sob a ação dos fatores ambientais abióticos e bióticos. ECOLOGIA TRÓFICA (Ver ECOLOGIA ENERGÉTICA) ECOLOGIA VEGETAL ECOLOGIA VEGETAL = FITOECOLOGIA Estudo das relações das plantas com o ambiente em que vivem e das relações que as mesmas mantêm entre si. ECOLOGISMO ECOLOGISMO = AMBIENTALISMO = MOVIMENTO ECOLOGISTA Termo introduzido por Dominique Simonnet, em 1979, significando sumariamente, um movimento ideológico aparelhado com dupla visão, composta de um elemento político autônomo e de um movimento social que conduz a sociedade a valorizar seus desejos culturais e a Natureza e não somente a propriedade e os meios de produção do “Homo economicus” moderno, ou simplesmente, trabalhadorconsumidor. É uma doutrina que enfatiza características comportamentais humanas. O movimento ecologista identifica-se com o naturalismo contemporâneo, procurando harmonizar a sociedade com a Natureza, a coletividade com o indivíduo e o homem com o seu corpo. O adepto do ecologismo, ou seja, o ecologista ou ambientalista, distingue-se claramente do ecólogo, cientista que estuda ecologia. (Ver ECOFEMINISMO) ECOLOGISTA (Ver ECOLOGISMO) ECÓLOGO (Ver ECOLOGIA) ECOPROTERANDRIA Maturação de flores com estames (flores masculinas) antes de flores com pistilos (flores femininas). ECOPROTEROGINIA Maturação de flores com pistilos (flores femininas) antes de flores com estames (flores masculinas). ECOQUÍMICA Parte da ecologia que estuda as interações entre organismos feitas pela produção de substâncias químicas. A alelopatia e a antibiose, por exemplo, são estudadas na ecoquímica. ECOSFERA (Ver BIOSFERA) ECOSSISTEMA ECOSSISTEMA = BIOGEOCENOSE = GEOBIOCENOSE É um sistema ecológico natural constituído por seres vivos (componente biótico) em interação com o ambiente (componente abiótico), onde existe claramente um fluxo de energia que conduz a uma estrutura trófica, uma diversidade biológica e uma ciclagem de matéria, com uma interdependência entre os seus componentes. ECOSSISTEMA AGRÍCOLA (Ver AGROSSISTEMA) ECOTIPO ECOTIPO = RAÇA ECOLÓGICA População de indivíduos que desenvolveram características de adaptação às condições de um certo local, tornando-se distintos dos demais indivíduos da espécie que geralmente distribui-se em ampla faixa geográfica. Termo menos usado, com significado semelhante, é ecofenótipo, indivíduo que exibe adaptações não-genéticas num determinado habitat. 85 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ECOTONO (ou ECÓTONO) ECOTONO = ÁREA DE TENSÃO ECOLÓGICA Zona de transição entre duas ou mais diferentes comunidades em que há presença de organismos dessas comunidades que se limitam. A transição no ecotono pode ser abrupta ou gradual e nela muitas vezes ocorrem certas espécies que são típicas de zona de transição, ou seja, que provêm de outros ecossistemas (ver figura no termo EFEITO DE BORDA). O termo “área de tensão ecológica” vem sendo adotado pelo IBGE e pelo IBAMA. (Ver EFEITO DE BORDA) ECOTOPO (ou ECÓTOPO) ECOTOPO (ou ECÓTOPO) = BIOTOPO (ou BIÓTOPO) (Ver HABITAT) ECOTOXICOLOGIA Estudo dos efeitos de substâncias tóxicas, assim como de poluentes e outros agentes estressantes, na estrutura e função dos ecossistemas. ECOTURISMO ECOTURISMO = TURISMO ECOLÓGICO Denominação dada a um tipo de turismo em que se prioriza a beleza natural e a boa qualidade ambiental como maiores atrações para aqueles que visitam determinado local. O turista procura esse lugar tanto para lazer como para conhecer suas características ecológicas, as mais diversas. Outra definição: “o ecoturismo é um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista através da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações envolvidas”. Nesta definição estão implícitas modificações do ambiente visando sua preparação ou adequação ao turismo, respeitando-se o princípio do desenvolvimento sustentável. ECTENDOMICORRIZA (ou ECTOENDOMICORRIZA) (Ver ECTOMICORRIZA) ECTOCRINO ECTOCRINO = EXOCRINO = HORMÔNIO AMBIENTAL Substância (hormônio, antibiótico etc) produzida por um organismo e que poderá exercer ação no ambiente (externo) sobre outros organismos. A penicilina, produzida por um fungo, é um exemplo de ação inibitória sobre outros organismos. As vitaminas, tiamina e biotina, atuam como estimuladores. ECTOMICORRIZA ECTOMICORRIZA = FUNGO ECTOMICORRÍZICO Tipo de fungo micorrízico cujas hifas penetram na parte mais externa do córtex da raiz de certas plantas (como o pinheiro, da família Pinaceae), ocupando os espaços intercelulares, formando a rede de Hartig). Às vezes é possível visualizar a ectomicorriza, recobrindo as raízes com seu manto de micélio aveludado esbranquiçado. Os especialistas preferem hoje chamar FUNGO ECTOMICORRÍZICO e não simplesmente ectomicorriza. (Ver ENDOMICORRIZA) ECTORRIZOSFERA (Ver RIZOSFERA) ECTOTERMIA ECTOTERMIA = PECILOTERMIA Uso do calor ambiental por certos animais, proveniente principalmente da radiação solar, para regular a temperatura do corpo. Corresponde à antiga denominação de animais de “sangue frio”. Calcula-se que os animais ectotérmicos (répteis e anfíbios) têm uma eficiência de produção (relação caloria ingerida : caloria usada para crescimento e reprodução) de 43,6%, superior aos animais endotermos (aves e mamíferos), que é de 1,4%. 86 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS O gráfico que segue é uma representação do consumo de O2 de mamífero e de réptil (ambos pesando igualmente 1 kg), à medida que desenvolvem uma certa velocidade (segundo COLINVAUX, 1986). 60 O2 (mL/min.) 50 40 Mamífero 30 20 Réptil 10 1 2 Velocidade (km/h) 3 4 5 (Ver ENDOTERMIA) ED50 (Ver DOSE EFETIVA) EDÁFICO Relativo a solo, suas características nutricionais e conseqüente influência sobre os seres vivos, particularmente as plantas. EDAFOTOPO O conjunto das condições físicas e químicas do solo de um determinado habitat ou ecotopo, incluindo, por exemplo: umidade, temperatura, pH, oxigênio , nutrientes etc. EDUCAÇÃO AMBIENTAL Adoção de procedimentos e atitudes fundamentadas no conhecimento de conceitos e fatos da Natureza, objetivando uma melhor qualidade de vida, em harmonia com os componentes do meio ambiente. É um processo de aprendizagem relacionado à interação do ser humano com o ambiente natural. (Ver AMBIENTALISMO DA EMANCIPAÇÃO) EFEITO AGUDO (Ver AGUDO) EFEITOS ANTIMICROBIANOS Quando um agente antimicrobiano (agente químico) é adicionado a uma cultura de bactérias em crescimento exponencial, três tipos de efeitos podem ocorrer: 1) Efeito bacteriostático: o crescimento é inibido, mas não há morte de células. 2) Efeito bactericida: o agente mata a célula, mas não ocorre sua lise ou ruptura. 3) Efeito bacteriolítico: há morte de células por lise, como por exemplo, no caso da ação de antibiótico. As figuras que seguem ilustram os três efeitos. A seta indica o tempo ou ponto em que o agente foi adicionado à cultura: 1 Log no de células 2 Tempo 87 3 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS (Ver ANTIBIOSE) EFEITO BORBOLETA (“BUTTERFLY EFFECT”) Sistemas caóticos podem ser extremamente sensíveis, mesmo a distúrbios pequenos, significando que se se pudesse iniciar um sistema repetidamente e efetuar uma pequena mudança em alguma variável, esta pequena mudança cresceria a limites imprevisíveis no comportamento geral do sistema. A designação “efeito borboleta” é uma alusão à possibilidade de que o simples bater das asas de uma borboleta poderá iniciar uma “cascata de mudanças altamente imprevisíveis numa floresta inteira ou até mesmo em todo o planeta”. Em termos práticos isto significa que se alguém gerar um modelo perfeito de um sistema, este modelo poderá prever somente o futuro qualitativo do sistema e que ao menor erro de medida ou de aproximação, poderá levar tal previsão a desviar-se do futuro real. (Ver EFEITO BUMERANGUE) EFEITO BUMERANGUE EFEITO BUMERANGUE = BUMERANGUE ECOLÓGICO Conseqüência “imprevista” de uma modificação ambiental que anula o ganho esperado do projeto, ou seja, que “cria mais problemas do que soluções”. A situação “imprevista” provavelmente poderia ser evitada se avaliações corretas do impacto da modificação ambiental, fossem feitas a priori. São exemplos clássicos os represamentos dos rios Nilo e Zambesi (represas de Assuã e Zambesi, respectivamente), que apresentam problemas para as populações humanas circunvizinhas (abalos sísmicos, proliferação da mosca Tsé-tsé), inviabilizando a implantação de atividade humana prevista no projeto inicial. Há casos de entusiasmos por modificações ambientais drásticas, visando conquistar espaços e supostos benefícios para a sociedade e que se transformaram em “pesadelo ambiental”. Everglades na Flórida (E.U.A.) é uma região, em parte pantanosa (“wetland”), formada por um rio de movimento lento das águas, ao longo de uns 80 km. Metade de sua área foi transformada com vistas ao desenvolvimento e projetos de irrigação (com 2.250 km de canais, além de diques, estações de bombeamento, vertedouros), tendo se criado um parque nacional com 20% da área natural. Este parque está sucumbindo ao projeto, que lhe privou de água, causando vários problemas à flora e fauna local. A previsão para “devolver” à Natureza o que foi suprimido de Everglades já foi estimada em 2 bilhões de dólares. Mais recentemente (em 29 de agosto de 2005) o furacão Katrina (de categoria 5, o mais alto da escala) causou enorme devastação no estado da Louisiana (E.U.A.), particularmente na cidade de Nova Orleans. A rede em malhas de pântanos (“marshes”, em inglês) que antigamente caracterizava as costas do estado de Louisiana, no sul dos Estados Unidos, servia de escudo para a cidade de Nova Orleans. Mas o “progresso”, como todos parece almejar, retirou esta defesa natural, tornando esta cidade e arredores, vulneráveis às ações dos impactos de furacões, muito comuns na região. Defensores da preservação das áreas de pântanos e charcos (as “wetlands”, como são denominadas em inglês) são favoráveis a um plano que restaure completamente tais áreas naturais. O rio Mississippi (o mais longo rio dos Estados Unidos), que carreia entre 40 e 50% de toda a água que drena boa parte daquele país, tem depositado ao longo dos últimos 7.000 anos, sedimentos na sua bacia de drenagem, formando o que hoje constitui o estado da Lousiana. Atualmente, os mais de 3.200 km de muro de proteção que margeiam o rio e o lago Pontchartrain no norte da cidade, contribuem para evitar que ele continue depositando sua alta carga de sedimento, que certamente muito ajudaria na redução da força dos impactos provenientes de furacões, enchentes etc. Mas, vários trechos desses muros de proteção se romperam e diversas partes da cidade ficaram a 6 m de profundidade de água. (Ver EFEITO BORBOLETA) EFEITO CASCATA (Ver BIODIVERSIDADE) EFEITO DE BORDA Tendência para aumentar a variedade e a densidade de espécies animais e vegetais num ecotono. Assim sendo, poderão ocorrer espécies animais e vegetais que não são encontradas nas comunidades que se limitam formando o ecotono. A figura que segue ilustra esta situação. 88 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Comunidade B Comunidade A Espécie da Comun. A Espécie da Comun. B Espécie invasora Ecotono A exceção a esta regra de aumento da biodiversidade por conseqüência do efeito de borda foi observada na amazônia, onde na borda da floresta em contato com pastagem não ocorre tal aumento. (Ver ECOTONO) EFEITO DE DARLING (Ver FRASER-DARLING, EFEITO DE) EFEITO ESTUFA EFEITO ESTUFA = AQUECIMENTO GLOBAL Conseqüência de aumento de temperatura na biosfera, causada, segundo alguns pesquisadores, pelo contínuo acréscimo de CO2 e outros gases (ver parágrafo que segue) na atmosfera (pelas atividades industriais, desmatamento, veículos automotores etc). Estes gases, à semelhança de uma lâmina de vidro (como o teto de uma estufa ou casa de vegetação) deixam passar a radiação solar (ondas curtas de grande penetração), mas impedem o retorno ao espaço da radiação infravermelha (ondas longas, de baixa penetração) refletida pela Terra. A “bolsa de Chicago, de mudança climática” para efeitos de negociação, considera como “gases do efeito estufa” os seis seguintes tipos: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hidrofluorocarbonos (HFCs), perfluorocarbonos (PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6). Calcula-se que a duplicação da concentração de CO2 no ar aumentaria a temperatura média global entre 1,5 e 5,5°C, o que poderia acarretar alterações climáticas significantes. O reflexo disto poderia ser catastrófico, como por exemplo o derretimento das calotas polares e o conseqüente aumento do nível dos oceanos, que poderia inundar muitas cidades litorâneas. Na figura seguinte está representado o aumento da concentração de CO2 na atmosfera, segundo dados coletados em Mauna Loa (Havaí). As oscilações são conseqüências das variações estacionais: Concentração de CO2 (ppm) 350 340 330 320 310 1958 62 66 70 74 Observação: em 2004 foram registrados 379 ppm de CO2. 78 82 86 90 No quadro seguinte estão representados os principais gases que participam do efeito estufa (segundo MILLER, 1990). 89 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS PARTICIPAÇÃO E ORIGEM Contribuição (%) Fontes Permanência Eficiência Incremento anual (%) CO2 CFCs 57 25 Queima de Vazamento em ar combustível condicionado e fóssil (80%); refrigeradores; desflorestamento evaporação na (20%) indústria de solventes; produção de espumas plásticas e aerossóis propelentes 200 a 400 anos 22 a 111 anos --15 mil vezes mais do que o CO2 4 5 CH4 N2O 12 Decomposição em manguezais, arrozais; do estômago dos ruminantes 6 Degradação de fertilizantes nitrogenados no solo; dejetos animais; queima de biomassa 11 anos 25 vezes mais do que o CO2 1 150 anos 230 vezes mais do que o CO2 0,2 (Ver PROTOCOLO DE QUIOTO (ou KYOTO)) EFEITO GARGALO (DE GARRAFA) (Ver POPULAÇÃO EM GARGALO) EFÊMERO Organismo com um ciclo de vida curto. Há plantas cujas sementes germinam, crescem para produzir novas sementes e depois morrem, num período de um (1) ano. EFETIVIDADE Capacidade, geralmente de um microrganismo, de metabolizar ou de manter-se ativo em determinado processo, importante para o seu desenvolvimento. Exemplo: uma bactéria fixadora de N2 atmosférico, em simbiose com determinada planta, poderá ser eficiente na formação de nódulo, mas se desprovida da enzima nitrogenase ou da ferredoxina reduzida, ela é inefetiva e portanto, incapaz de participar da fixação simbiótica. (Ver EFICIÊNCIA) EFICIÊNCIA Capacidade, geralmente de um microrganismo, de crescer rapidamente, usando os recursos do ambiente e multiplicando-se mais rápido do que os microrganismos vizinhos. (Ver EFETIVIDADE) EFICIÊNCIA DE ASSIMILAÇÃO (Ver ASSIMILAÇÃO) EFICIÊNCIA DE CONSUMO (Ver CONSUMO, EFICIÊNCIA DE) EFICIÊNCIA DE PRODUÇÃO (BRUTA e LÍQUIDA) (Ver ASSIMILAÇÃO) EFICIÊNCIA DE PROCURA Alguns ecólogos utilizam esta expressão para definir comportamento de “forrageador especialista”, que investe energia e tempo à procura de presa proveitosa (que lhe renda mais energia e lhe apeteça). O forrageador especialista tem tendência a ser uma espécie monofágica ou estenofágica. (Ver FORRAGEAMENTO (TEORIA, ESTRATÉGIAS ...)) EFICIÊNCIA ECOLÓGICA Razões de fluxo de energia que se estabelecem entre os vários pontos da cadeia alimentar. É geralmente dado em porcentagem. Exemplo (dentro do mesmo nível trófico): diz-se que a eficiência ecológica de crescimento de um organismo é de 20%, ou seja, a razão Pt : It (produção de biomassa num certo nível trófico : energia absorvida neste mesmo nível trófico, ambos expressos em Kcal) é igual a essa porcentagem. Sempre que possível, a eficiência ecológica deve ser expressa em energia, representando-se o numerador e o denominador na mesma unidade. Também são estabelecidas razões de fluxo de energia entre diferentes níveis tróficos; entre dois níveis tróficos sucessivos, a denominação dada por alguns autores é de coeficiente de eficiência ecológica. EFICIÊNCIA FOTOSSINTÉTICA NA UTILIZAÇÃO DE ENERGIA (Ver COEFICIENTE DE EFICIÊNCIA FOTOSSINTÉTICA NA UTILIZAÇÃO DE ENERGIA) EFLORESCÊNCIAS DO SOLO (Ver PERFIL DO SOLO) 90 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS EFLUENTE Descarga de dejetos domésticos ou de resíduo industrial ou de qualquer outra atividade urbana. EGESTA Este nome significa qualquer substância desnecessária eliminada pelo organismo. Em ecologia refere-se tanto à parte do alimento que foi consumida e que é expelida (ou evacuada) como matéria fecal, sendo então um dos componentes do(s) rejeito(s), quanto à parte regurgitada e que portanto não foi absorvida. (Ver EXCRETA; e REJEITO) EGOÍSMO (Ver ALTRUÍSMO e EGOÍSMO (ou MALEVOLÊNCIA)) EGOÍSMO DENTRO DA MANADA (Ver AGREGAÇÃO) EIA (ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL) Ver esquema das fases do EIA, no verbete IMPACTO AMBIENTAL. (Ver IMPACTO AMBIENTAL) ELASTICIDADE (Ver ESTABILIDADE) “EL NIÑO” (Ver CORRENTE “EL NIÑO) ELTON (Ver PIRÂMIDE ECOLÓGICA) ELUVIÃO Depósito, no próprio local, de material proveniente da desintegração da rocha matriz. Opõe-se ao termo “aluvião”. (Ver ALUVIÃO) ELUVIAÇÃO Em pedologia refere-se ao movimento de soluções ou colóides em suspensão para as camadas inferiores, quando as chuvas excedem a evaporação. (Ver ILUVIAÇÃO) “eMergia” SOLAR Este termo, “eMergia” solar, foi sugerido por ODUM (1996) para valorar a biodiversidade, equivalendo à energia solar utilizada direta ou indiretamente para ser gerado na Natureza um serviço ou produto, utilizando como unidade o “solar emjoule (sej)” (em inglês). Segundo ODUM (1996) a energia impulsionadora da formação de novas espécies na Natureza é a energia solar, cuja incidência no planeta totaliza 9,44 X 1024 sej/ano. O resultado final desse processo (desenvolvido ao longo de 3 bilhões de anos) é estimado em 5 milhões de espécies (ou 5 X 106) atualmente conhecidas. O autor atribuiu um valor monetário macroeconômico que denominou de EM$, estabelecendo sua equivalência com a energia solar de: EM$ 1 = 1,5 X 1012 sej; donde então 1 sej = 6,7 X 10-13 EM$. Num período de tempo de 3 bilhões de anos a energia acumulada na biodiversidade atual seria: 9,44 X 1024 sej/ano X 3 X 109 anos = 2,83 X 1034 sej. O acúmulo de energia por espécie seria: 2,83 X 1034 sej / 5 X 106 espécies = 5,7 X 1027 sej / espécie. Logo, o valor monetário energético por espécie seria: 6,7 X 10-13 EM$/sej X 5,7 X 1027 sej / espécie = 3,8 X 1015 EM$ / espécie. E o valor monetário energético da biodiversidade atual seria: 3,8 X 1015 EM$ / espécie X 5,0 X 106 espécies = 1,9 X 1022 EM$. ODUM (1996) comparou este valor da biodiversidade atual, que estimou ser EM$ 1,9 X 1022 com o valor da infra-estrutura mundial criada pelo homem (pontes, estradas, cidades etc) que ele estimou ser de EM$ 6,3 X 1014 e comparou também com o valor da informação cultural e tecnológica gerada pela humanidade, que ele estimou ser de EM$ 6,3 X 1016; estes dois patrimônios da humanidade (o material e o cultural) teriam um tempo de reposição de, respectivamente 100 anos e 4.000 anos, frente aos 3 bilhões de anos de criação da biodiversidade pela Natureza. A análise eMergética já vem sendo aplicada no Brasil em estudos de viabilidade de instalação de grandes projetos, como o de usinas hidrelétricas [Ver trabalho de Sinisgalli,P.A.A.; Sousa Jr.,W.C.de & Torres,A. (2006) Megadiversidade, 2 (1-2)]. EMIGRAÇÃO (Ver DISPERSÃO DA POPULAÇÃO) ENCOIVARAMENTO Ato de juntar o resto da madeira e outras partes das plantas, não-queimadas (resultante da queimada feita para preparar o solo para plantio) e queimá-las novamente. Ao ajuntamento dá-se o nome de coivara. 91 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ENCOSTA Declive (acentuado ou suave) nos flancos de morro, colina ou serra. As encostas são geralmente locais onde a permanência da vegetação original é fundamental para evitar a erosão sendo portanto, imprescindível à sustentação do solo. (Ver VERTENTE) ENDEMISMO Inerente a uma determinada área isolada, diferindo do que ocorre em outras áreas, adjacentes ou não. Espécies endêmicas são aquelas originadas de determinado ecossistema ou área isolada. ENDOBIONTE ENDOBIONTE = ENDOSSIMBIONTE Organismo que vive no interior das células de um organismo hospedeiro, em íntima relação mutualística, sem causar-lhe dano aparente. (Ver MUTUALISMO) ENDOGAMIA ENDOGAMIA = “INBREEDING” (e “INBREEDING DEPRESSION”) Cruzamento, ou reprodução consangüínea, também conhecido como endocruzamento, que é geralmente muito comum em animais que vivem agregados, em grupos ou bandos, formando subpopulações. Ao cruzamento, geralmente num teste em animal, deste animal (heterozigoto) com um de seus próprios genitores (homozigoto recessivo), dá-se o nome de retrocruzamento, com recombinação gênica entre os descendentes propiciando a homozigosidade. Tem sido registrada, no caso de prática da endogamia (na introdução ou re-introdução de casal de animais para povoar reservas ecológicas), degenerescência no “fitness” como resultado de expressão no fenótipo, de alelos recessivos deletérios (em inglês, conhecido como “inbreeding depression”). (Ver EXOCRUZAMENTO) ENDOPEDON Termo aplicado no diagnóstico dos horizontes minerais de solos formados abaixo da superfície. (Ver EPIPEDON) ENDOMICORRIZA ENDOMICORRIZA = FUNGO ENDOMICORRÍZICO Tipo de micorriza ou fungo endomicorrízico cujas hifas penetram no córtex da raiz de muitas plantas, chegando próximo ao cilindro central. Ocupam os espaços intercelulares e penetram nas células onde algumas endomicorrizas (do tipo MVA - micorriza vesicular-arbuscular) formam enovelamentos intracelulares (pelotões), vesículas (estruturas armazenadoras) e arbúsculos (estruturas por onde elas realizam as trocas nutricionais com a planta). Atualmente alguns autores preferem chamar estes organismos de FUNGOS ENDOMICORRÍZICOS, como uma denominação genérica, inclusive em substituição ao termo MVA, uma vez que alguns destes fungos não formam vesículas. ENDORREICA (Ver REGIÃO ARREICA / ENDO ... / EXO ...) ENDORRIZOSFERA (Ver RIZOSFERA) ENDOSSIMBIONTE (Ver ENDOBIONTE) ENDOTERMIA ENDOTERMIA = HOMEOTERMIA = HOMOTERMIA Uso do calor gerado pelo próprio metabolismo para regular a temperatura do corpo (aves e mamíferos); são os chamados animais de “sangue quente”. Ver gráfico representativo de consumo de O2 por mamífero (endotérmico) e por réptil (ectotérmico), no verbete ECTOTERMIA. (Ver ECTOTERMIA) ENDRIN (Ver ORGANOCLORADO) ENERGIA Seu conceito clássico, “uma força capaz de desenvolver trabalho” está, para os pouco entendidos em física e em ciências ambientais, muito distante do significado profundo e da importância vital deste fator à manutenção da biosfera do nosso planeta, como um todo. Ela existe sob muitas formas: luz, calor, eletricidade, energia química armazenada nas ligações químicas dos combustíveis fósseis (petróleo, carvão mineral), açúcar, ATP e inúmeros outros compostos e também sob a forma de energia nuclear emitida dos radioisótopos. Sob muitos diversos aspectos a energia é tratada nas ciências em geral e em 92 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS particular nas ciências ambientais é de grande interesse o estudo dos recursos energéticos renováveis e não-renováveis. A seguir está reproduzido um gráfico da “UNEP” que representa o consumo total e per capita de energia em várias regiões do mundo no ano de 1995: 350 300 Consumo de Energia per capita (Gj) 250 200 150 Consumo total de Energia (Pj) 100 50 0 Mundo Ásia e Pacífico América Latina e Caribe Ásia Ocidental Obs.: Gj = gigajoule ou 10 9 e Pj = petajoule ou 1015 (Ver FLUXO DE ENERGIA; e ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO) ENERGIA DE ATIVAÇÃO Energia mínima necessária para ativar átomos ou moléculas num nível tal que lhes permitam um rearranjo, que conduz determinada substância a uma transformação química ou transporte físico. Esta conceituação é importante quando se deseja entender a ação das enzimas, como por exemplo, naquelas responsáveis pela decomposição da matéria orgânica. (Ver ENZIMAS DO SOLO) ENERGIA DE MANUTENÇÃO A energia que é usada pela célula ou organismo que não seja crescimento. ENERGIA METABOLIZADA (Ver ASSIMILAÇÃO) ENGENHARIA AMBIENTAL Sub-área da engenharia que trata dos problemas ambientais de forma integrada, nas suas dimensões ecológica, social, econômica e tecnológica, visando ao desenvolvimento sustentável. Dedica especial atenção para as tecnologias de manejo integrado, incluindo o re-uso, a reciclagem e a recuperação. Suas principais especialidades são o manejo do contrôle da qualidade do ar, suprimento de água, descarte da água residuária, manejo da água proveniente de intempéries, e manejo de resíduos sólido e perigoso. ENGENHARIA FLORESTAL (Ver SILVICULTURA) ENGENHARIA GENÉTICA É uma parte da biotecnologia que, utilizando conhecimentos da biologia molecular (e/ou genética molecular) pesquisa sobre técnicas de manipulação gênica de organismos, efetuando transformações que permitam a tais organismos perpetuá-las nas gerações subseqüentes. Tem aplicações muito amplas, como por exemplo, implantando-se segmentos de DNA em cromossomos bacterianos, tornando-os capazes de promover produção de hormônios (em alta escala). Os estudos de clonagem em plantas cultivadas criam perspectivas promissoras para aumento da produção agrícola. Em termos agroecológicos é muito importante investigar as reações dos organismos obtidos de processos da engenharia genética, no ambiente natural, incluindo as interações desses organismos modificados com os autóctones. (Ver TRANSGÊNICOS) ENOS (Ver CORRENTE “EL NIÑO”) ENTOMOFILIA (Ver “-filia” / “-filo”) ENTORNO Neologismo, adotado pelo IBAMA, IBGE ... e hoje utilizado por muitos pesquisadores, resultante da fusão de “ em + torno”, significando a área ao redor de um determinado local, ou seja, a 93 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS circunvizinhança. O (já) clássico “dicionário do Aurélio” incorporou este termo à nossa língua (no Brasil). O novo dicionário Houaiss mostra vários usos deste termo, incluindo, na área de arquitetura o “espaço ou área adjacente a um bem em processo de tombamento”. Não confundir com a 1ª pessoa do presente do indicativo do verbo entornar ou derramar. ENTREMARÉS (Ver ESTIRÂNCIO; EULITORAL; e APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ENZIMAS (DO SOLO) As enzimas do solo são na maioria, proteínas produzidas por microrganismos que, reduzindo a energia de ativação dos compostos orgânicos, promovem sua decomposição, ou seja, sua degradação para substâncias mais simples. São catalizadoras de reações. São inúmeras as enzimas do solo, podendo-se citar como exemplo, as seguintes e suas principais funções: a) Celulase: decompõe a celulose. Bactérias produtoras de celulase (gêneros): Pseudomonas, Chromobacterium, Bacillus, Clostridium, Streptomyces, Cytophaga e outras. Fungos (gêneros): Trichoderma, Chaetomium, Penicillium, Aspergillus, Fusarium e outros. b) Hemicelulase: decompõe a hemicelulose. Bactérias produtoras (gêneros): Erwinia, Clostridium, Pseudomonas e Bacillus. Alguns fungos responsáveis pela murcha e decomposição de vegetais produzem vários tipos de hemicelulases (como a protopectinase, que decompõe a pectina dos frutos). c) Quitinase: decompõe a quitina. O exoesqueleto de alguns animais (artrópodos principalmente), assim como a parede celular de fungos, são formados pela quitina. Algumas bactérias e actinomicetos produzem quitinase, como as dos gêneros Streptomyces, Pseudomonas, Bacillus e Clostridium. d) Protease: decompõe a proteína em peptídios e aminoácidos. e) Fosfatase: decompõe ésteres fosfatados, liberando fosfato. f) Urease: decompõe a uréia, formando compostos de N e liberando CO2. Ocorrem nos solos enzimas “controladas por propriedades inatas da célula” (enzimas constitutivas) e aquelas “impostas à célula pelas condições ambientais” (enzimas induzidas ou adaptativas) [Ver DEFESA QUÍMICA]. Entre as do primeiro tipo citam-se a desidrogenase e a urease, encontradas no sistema vivo, ativo. Entre as do segundo tipo cita-se, por exemplo, a celulase, que é produzida na presença de celulose. As enzimas do solo podem se “desnaturar” (inativar-se permanentemente) quando submetidas à alta temperatura ou alta concentração de sais solúveis. EPIBATIDINAS (Ver DEFESA QUÍMICA) EPIBIONTE Epífita ou epizoíto, ou seja, organismo que vive sobre planta ou animal. EPÍFITA Planta, bactéria ou fungo que vive na superfície de plantas. (Ver EPIBIONTE) EPIFITON (Ver PERIFITON) EPILIMNIO Camada (ou zona) de profundidade aquática com temperatura homogênea, geralmente à superfície e com água circulante quente. Ver figura no verbete EUTRÓFICO. (Ver METALIMNIO; e HIPOLIMNIO) EPINÉCTON Organismos aderidos a formas natantes ativas (nectônica) mas que não são capazes de movimentos independentes contra a correnteza. EPINEUSTON (Ver NEUSTON) EPINOCICLO (Ver BIOSFERA) EPIPEDON Termo aplicado no diagnóstico dos horizontes minerais de solos formados na superfície. (Ver ENDOPEDON) EPIPEDON ANTROPOGÊNICO (Ver TERRA PRETA DOS ÍNDIOS) 94 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Taxa de aumento da população EPIPELÁGICO (Ver ZONA EPIPELÁGICA; PELÁGICO; e APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) EPIPLÂNCTON Organismos planctônicos que vivem nos 200 m superficiais, da zona pelágica. EPIPLEUSTON Organismos que se movimentam na película superficial de um corpo de água, mantendo parte ou todo seu corpo acima da água. (Ver PLEUSTON) EPIZOÍTO Animal, um protozoário por exemplo, que vive nas porções mais externas de outro animal. (Ver EPIBIONTE) EPIZOÓCORO Que se dispersa aderente à superfície de animais. (Ver “-coria”) EPIZOÓTICO Relativo à doença epidêmica em animais. EQUAÇÃO LOGÍSTICA Foi introduzida por P.F.Verhuslt em 1838. Numa hipótese de que determinada população de uma espécie, vivendo num ambiente fechado com abundânica de alimento, teria “alta fecundidade”, “tempo curto de geração” e “alta taxa intrínseca de crescimento”. A população teria crescimento exponencial ou geométrico, mas depois viria a superpopulação e a competição alteraria essa condição de prosperidade. Seria alcançada uma situação em que o número de mortes balancearia o de nascimentos. Matematicamente a equação representativa dessa situação seria: dN/dt = rN (K-N)/K, onde: r = taxa intrínseca de aumento; N = número de indivíduos de uma população, num tempo t; K = número de indivíduos capazes de viver no ambiente, quando a população está em equilíbrio (capacidade de suporte). O gráfico representativo dessa hipótese seria uma parábola (segundo COLINVAUX, 1986): Tempo RICKLEFS (2007) representa a equação logística por: r = r0 (1 – N/K), onde r0 representa a taxa de crescimento exponencial intrínseco de uma população quando o seu tamanho ainda é pequeno (próximo a 0) e K é a capacidade de suporte do ambiente dessa população. Nesta concepção, a taxa de crescimento r diminui quando N aumenta. A equação diferencial que descreve o crescimento restrito de uma população é então dada por: dN/dt = r0N(1 – N/K), ou em palavras: [taxa de crescimento de uma população] = [taxa de crescimento intrínseco, com N próximo a 0] X [tamanho da população] X [redução na taxa de crescimento devido ao adensamento populacional]. EQUILÍBRIO DE HARDY-WEINBERG Princípio, ou lei, emitido pelo inglês G.H.Hardy e pelo alemão W.Weinberg, em genética de populações, no qual é afirmado que a proporção de diferentes alelos no patrimônio genético de uma população, permanece constante ao longo do tempo e das diversas gerações, contanto que ocorram: deriva genética, ausências de seleção natural e mutação e em panmixia (sem preferência sexual entre seus integrantes). EQUILÍBRIO DE UMA POPULAÇÃO (Ver NÍVEL DE EQUILÍBRIO) EQUILÍBRIO DINÂMICO (Ver NÍVEL DE EQUILÍBRIO) EQUILÍBRIO ESTÁVEL (Ver NÍVEL DE EQUILÍBRIO) 95 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS EQUILÍBRIO INSTÁVEL Condição de um ecossistema (componente biótico ou abiótico) em que há deslocamentos (mudanças) pequenas, que conduzem a modificações maiores. (Ver NÍVEL DE EQUILÍBRIO) EQUILÍBRIOS MÚLTIPOS ou ESTADOS ESTÁVEIS MÚLTIPLOS A primeira expressão, utilizada por BEGON et al. (2006), que também denominaram de “estados estáveis alternativos”, diz respeito à relação predador-presa, em que o isoclino zero do predador cruza com o isoclino zero da presa três vezes. RICKLEFS (2007), usando a segunda expressão, reporta que este modelo de estados estáveis múltiplos, descreve mudanças no recrutamento e predação das populações de presas como uma função do aumento na densidade de presas. Assim sendo, as curvas de predação e recrutamento, produzem três pontos de equilíbrio. A curva de predação lembra o tipo III [Ver PREDATISMO]. Este conhecimento tem aplicações práticas muito úteis no estudo de manejo e contrôle de pragas. EQUIVALÊNCIA ECOLÓGICA Similaridade de nichos ecológicos (ou mesmo nicho ecológico) ocupados por organismos de diferentes regiões geográficas. As espécies que ocupam nichos ecológicos equivalentes tendem a um relacionamento taxonômico íntimo em regiões contíguas. EQUIVALENTE ECOLÓGICO (Ver EQUIVALÊNCIA ECOLÓGICA) “eremo-” Prefixo de origem grega significando “deserto (solidão)”. É às vezes usado em muitas designações: eremologia (estudo dos desertos); eremófilo ou eremobionte (que vive no deserto); eremófito (vegetal do deserto). EROSÃO Desgaste ou arrastamento do solo, geralmente da superfície, por agentes climáticos (água da chuva, vento...) ou geológicos (ver figura em ESCOAMENTO). (Ver BIOLIXIVIAÇÃO; LIXIVIAÇÃO; e “RUNOFF”). ERVA DANINHA (Ver ALÓCTONE) ESCALA DE ABUNDÂNCIA DE HANSON Uma escala destinada à estimativa de abundância de uma espécie vegetal compreendendo seis categorias: ausente (0), escassa (1-4 plantas.m-2), infreqüente (5-14 plantas.m-2), freqüente (15-29 plantas.m-2), abundante (30-99 plantas.m-2) e muito abundante (mais de 100 plantas.m-2). ESCALA DE BACHARACH É uma escala usada para medir densidade de fumaça, indicando nível de poluição atmosférica. ESCALA DE DOMIN Escala que se utiliza para estimar cobertura vegetal e abundância de uma espécie de planta, compreendendo as seguintes 11 categorias: + (indivíduo único); 1 (muito poucos indivíduos); 2 (esparsamente distribuídos, com menos de 1% de cobertura); 3 (freqüente, porém com menos de 4% de cobertura); deste ponto em diante os valores da escala e os percentuais de cobertura são 4 (4-10%); 5 (1125%); 6 (26-33%); 7 (34-50%); 8 (51-75%); 9 (76-90%); e 11 (91-100%). ESCALA DE RICHTER Uma escala logaritmica desenvolvida em 1935, por Beno Gutenberg e Charles Francis Richter, destinada à medição da energia liberada como conseqüência de movimentos ou abalos sísmicos (terremotos do sul da Califórnia, E.U.A.). Um abalo de valor 6,0 é 10 vezes superior a um de 5,0 e um de 7,0 é 100 vezes superior ao de 5,0 ... e assim por diante. O maior terremoto já registrado não excedeu o valor de 9 na escala. ESCALA DE TEMPO GEOLÓGICO (Ver TEMPO GEOLÓGICO) ESCAPE (ou EVITAÇÃO) DA COMPETIÇÃO EVOLUTIVA (Ver FANTASMA DA COMPETIÇÃO PASSADA) ESCAPE-DO-INIMIGO, HIPÓTESE DE Traduzido da expressão em inglês “escape-from-enemy hypothesis”, este termo refere-se ao fato de que organismos introduzidos em áreas diferentes das do seu habitat natural, melhoram sua performance de sobrevivência no seu novo habitat. Geralmente são apontados os seguintes fatores para tal sucesso: (i) redução da competição, (ii) melhores condições ambientais (mais alimento, por exemplo) e (iii) ausência de inimigos (predadores, parasitas, patógenos). Assim, tem-se descrito que plantas introduzidas tendem a sofrer menos danos causados por insetos. O pardal da Europa, no seu habitat de origem, por exemplo, sofre duas vezes mais com seus ectoparasitas do que o pardal que foi introduzido na América do Norte. 96 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ESCATOLOGIA Refere-se ao conhecimento sobre fezes de animais. (Ver “copro-”) ESCIÓFITO (Ver CIÓFITO(A) / CIÓFILO(A)) ESCLEROFILIA, ÍNDICE DE Índice proposto por A.R.Loveless, em 1961, relacionando nas plantas esclerófilas: porcentagem de fibra crua : porcentagem de proteína crua. ESCLEROMORFISMO OLIGOTRÓFICO Diz-se do fenômeno típico das plantas do cerrado, onde elas apresentam-se com estruturas endurecidas ou esclerosadas (troncos com casca grossa, folhas coriáceas...) devido à pobreza em nutrientes do solo. Este é ácido, profundo, com teores altos de Al e Mg, baixo em fósforo. As plantas teriam limitações de crescimento embora possam armazenar carboidratos nessas referidas estruturas. (Ver OLIGOTRÓFICO, LAGO) ESCOAMENTO ESCOAMENTO = “RUNOFF” Água de precipitação pluvial que escorre sobre a superfície do solo e que em solo íngreme causa intensa erosão. A intensidade dos problemas da água que cai sobre um solo, em que uma de suas conseqüências é a água de escoamento, varia conforme a existência de cobertura vegetal e a topografia. Num declive, por exemplo, a existência de uma cobertura vegetal significativa, proporcionará a retenção da água de escoamento e sua penetração no solo; assim sendo, além de evitar a formação de ravinas e conseqüentemente a erosão, possibilita a realimentação do lençol freático. A figura que segue ilustra duas diferentes situações relacionadas à retenção de água no solo (com infiltração para o lençol freático, por percolação) e escoamento no solo em declive, conforme haja cobertura vegetal (representação da esquerda) ou sem cobertura vegetal. A espessura das setas representa a quantidade proporcional de água (observar a espessura das setas representando o escoamento nas duas situações): Transpiração ENTRADA EvapoENTRADA transpiração total Evaporação Escoamento Escoamento Erosão Infiltração, para o lençol freático Infiltração, para o lençol freático ESFORÇO REPRODUTIVO ESFORÇO REPRODUTIVO = ALOCAÇÃO REPRODUTIVA Diz respeito à concentração em energia que um organismo realiza, metabolicamente, visando o processo de reprodução. Em alguns organismos a avaliação do deslocamento de energia para a reprodução pode ser feita com base em medições da relação “peso das gônadas : peso córporeo”, ou “peso das sementes : peso da planta” ou “volume dos ovos de uma ninhada : volume do corpo do animal”. É uma aproximação válida, em que pese a imprecisão da avaliação. ESGOTO Refere-se, em geral, a todo tipo de água servida (usada). Há denominações específicas quando o esgoto se refere a despejo industrial (ou efluente) ou a despejo doméstico (esgoto sanitário). (Ver EFLUENTE) 97 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ESPAÇO DE FUGA Espaço que muitos animais necessitam para fugir à perseguição feita por um competidor (da mesma espécie ou não) ou por um predador. Este espaço é importante para a sobrevivência deste animal em muitas circunstâncias, sendo por isso que num cativeiro ao qual seja ele submetido, deve considerar-se esta característica comportamental. ESPECIAÇÃO ALOPÁTRICA A especiação, ou formação de nova espécie, ocorre quando o fluxo de genes dentro de um reservatório (ou “pool”) comum é interrompido por um mecanismo de isolamento que, se acontece pela separação geográfica de populações descendentes de um ancestral comum dá-se-lhe o nome de especiação alopátrica. (Ver ESPECIAÇÃO SIMPÁTRICA; e ALOPATRIA) ESPECIAÇÃO SIMPÁTRICA A especiação, ou formação de nova espécie, ocorre quando o fluxo de genes dentro de um compartimento (ou “pool”) comum é interrompido por um mecanismo de isolamento que, se acontece ecologica ou geneticamente numa mesma área dá-se-lhe o nome de especiação simpátrica. (Ver ESPECIAÇÃO ALOPÁTRICA; e SIMPATRIA) ESPÉCIE Indivíduo ou representante específico de uma população. Em termos filogenéticos, a espécie é a menor unidade taxionômica (ou taxonômica), que evoluiu de um ancestral comum. Identifica-se nominalmente pela composição das denominações “genérica” (nome do gênero) e “específica” (nome da espécie). Ex.: Phaseolus vulgaris (feijoeiro comum). No ambiente, em geral, é fácil individualizar a espécie, como no caso de um animal, a onça-pintada por exemplo, Panthera onca. Há animais identificados por apenas um nome, como a caravela (Physalis caravela) que é, na realidade, uma colônia de indivíduos com alto grau de polimorfismo (indivíduos polipóides e medusóides), alguns especializados na alimentação e outros na “defesa” (nematocistos contendo toxina), além do saco flutuador. (Ver sp (ESPÉCIE)) ESPÉCIE CAVIOMORFA Refere-se principalmente às espécies animais pertencentes aos cavídeos, roedores como o preá, a cotia .... Atribui-se a esses animais, em muitos ecossistemas, a importante função de dispersão de plantas, uma vez que enterram as sementes para consumí-las posteriormente e algumas delas são esquecidas por eles. Esta função também é exercida por outros animais, como a graviúna, ave da floresta aciculifoliada que realiza o mesmo trabalho utilizando sementes da araucária. ESPÉCIE-CHAVE (Ver DOMINANTE ECOLÓGICO) ESPÉCIE COM “BAIXO RISCO” Nos critérios propostos pela “IUCN” para espécies ameaçadas, um taxon é dito de “baixo risco” quando ele não se enquadra entre as categorias: “em perigo crítico”, “em perigo”, “vulnerável” ou como “dependente da conservação”; e que também não seja incluído no critério de dados insuficientes. (Ver “IUCN”) ESPÉCIE “COMERCIALMENTE AMEAÇADA” Dentre as categorias da “IUCN” para espécies ameaçadas, refere-se aos taxa que, embora não estejam presentemente ameaçados de extinção, estão ameaçados por serem comercializados; a menos que suas explorações sejam regulamentadas e eles se tornem sob controle. É uma designação que tem sido somente usada para espécies de peixes marinhos comercializados. (Ver “IUCN”) ESÉCIE COM “DADOS INSUFICIENTES” Dentre os critérios da “IUCN” para espécies ameaçadas, um taxon é tido como tipo “dados insuficientes” (sigla em inglês “DD – data deficient”) quando a informação requerida para se fazer uma avaliação, ou direta ou indireta do risco de extinção, é inadequada. (Ver “IUCN”) ESPÉCIE “DEPENDENTE DA CONSERVAÇÃO” Dentre os critérios propostos pela “IUCN” para as espécies ameaçadas, um taxon é considerado como “dependente da conservação” (sigla em inglês “CD – conservation dependent”) se se conseguir se evitar incluí-lo neste status de “ameaçado” como resultado de um programa continuado de conservação para o taxon específico ou habitat também específico. (Ver “IUCN”) ESPÉCIE “EM PERIGO” Este termo, que em inglês é “endangered”, inclui-se tanto dentre as categorias da “IUCN”, com a sigla (E), quanto dentre os critérios da “IUCN”, com a sigla em inglês (EN); nestes critérios, a espécie 98 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS “em perigo” é aquela que se saiba estar em risco muito alto de extinção no ambiente silvestre, num futuro próximo (comparar com “ESPÉCIE EM PERIGO CRÍTICO”). (Ver “IUCN”) ESPÉCIE EM “PERIGO CRÍTICO” Correspondendo à expressão em inglês “critically endangered – CE” proposto como um dos critérios da “IUCN”, para designar um taxon que se saiba estar em risco extremamente alto de extinção no ambiente silvestre, em futuro imediato. (Ver “IUCN”) ESPÉCIE EM “VIA DE EXTINÇÃO” ESPÉCIE EM VIA DE EXTINÇÃO = RISCO DE EXTINÇÃO Espécie da flora e da fauna, silvestres, de valor estético, científico, cultural, econômico e/ou recreativo, protegida contra a exploração. Há uma convenção internacional a este respeito. Considera-se geralmente, no caso dos animais, que uma espécie está em via de extinção quando não mais do que 30 indivíduos representantes desta espécie tenham sido localizados (avistados ou registrados) (ver ESPÉCIE EXTINTA, nas categorias da “IUCN”; ver também outras designações da “IUCN” nos vários termos iniciados por ESPÉCIE ...). Há muitos fatores ou “forças” que podem levar uma espécie à extinção, podendo eles serem classificados, em geral, como determinístico ou estocástico. Um poluente em concentração letal, por exemplo, seria um fator determinístico de ação direta. O fator estocástico (que pode ser analisado estatisticamente mas não pode ser previsto com precisão), segundo M.E.Gilpin e M.E.Soulé, poderia subdividir-se em cinco tipos: 1) ambiental (variabilidade nas condições e recursos, como densidade de predadores, patógenos, presas, competidores etc); 2) catastrófico (enchentes, queimadas, erupções vulcânicas etc); 3 demográfico (variações, além das normais, nas taxas de natalidade e mortalidade...); 4) genético (tendência das pequenas populações terem altos níveis de homozigosidade, ou baixos de heterozigosidade; a freqüência de genes de uma população é determinada pela deriva genética, ou seja, aleatoriamente, mais pela chance do que por vantagens evolutivas adquiridas); 5) e de fragmentação (há uma tendência da maioria das populações em se fragmentarem em subpopulações, onde os indivíduos de uma mesma subpopulação se cruzam mais com os seus companheiros do que com os membros de outra ou outras subpopulações). A análise de vulnerabilidade de uma população, embora careça da estimativa de tamanho mínimo de uma população viável, ela objetiva compreender como a vulnerabilidade de uma determinada população varia com o tamanho desta população. Na verdade, a viabilidade varia continuamente com o tamanho da população, devendo haver um limiar (ou patamar) abaixo do qual a população corre risco e acima do qual ela é considerada viável; resta saber julgar com exatidão qual o nível de risco de extinção “aceitável”. (Ver ANÁLISE DE VIABILIDADE DE POPULAÇÃO; e “IUCN”) ESPÉCIE “EXTINTA” Termo usado pela “IUCN”, tanto dentre as categorias (sigla em inglês Ex), designando o taxon, entre as espécies ameaçadas que não tenha sido vista no ambiente silvestre nos últimos 50 anos, como dentre os critérios (EX), designando o taxon, entre as espécies ameaçadas, quando não há dúvida razoável de que seu último indivíduo representante tenha morrido. Ainda dentre os critérios da “IUCN” para espécies ameaçadas, um taxon é classificado como “extinto no ambiente silvestre” (sigla em inglês “EW – extinct in the wild”) quando se sabe que ele tenha sobrevivido em criadouros, em cativeiro, ou como populações naturalizadas fora dos seus limites originais. (Ver “IUCN”) ESPÉCIE “INDETERMINADA” Uma das “categorias” da “IUCN”, cuja sigla em inglês é “I – indeterminate”, referente às espécies ameaçadas, cujos taxa sabe-se estarem em perigo, vulnerável ou rara, mas sobre os quais os dados são insuficientes para incluí-los numa das categorias apropriadas. (Ver “IUCN”) ESPÉCIE “INSUFICIENTEMENTE CONHECIDA” Dentre as categorias da “IUCN” para espécies ameaçadas, refere-se ao taxon (sigla em inglês “K – insufficiently known”) que se suspeita estar em perigo, vulnerável ou rara, mas sobre o qual não há dados suficientes para se formar um julgamento exato sobre se tal taxon está ameaçado ou não. (Ver “IUCN”) ESPÉCIE OCASIONAL Diz-se geralmente, da espécie que pode ser encontrada de tempo em tempo num certo habitat ou comunidade; não sendo portanto, componente permanente da associação. 99 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ESPÉCIE PIONEIRA Aquela que surge num local, anteriormente desprovido de vida e que assim poderá dar início a um processo de colonização, muitas vezes seguido de um processo de sucessão. Entre muitas espécies tidas como “mau competidoras” há muitas pioneiras eficientes. (Ver COLONIZAÇÃO) ESPÉCIE “RARA” Na classificação das categorias de espécies ameaçadas de extinção da “IUCN”, o taxon “raro” é aquele com pequenas populações mas que presentemente não estão “em risco” ou em “via de extinção”. É denominada em inglês por “rare – R”. Alguns autores não consideram que abundância seja uma questão de densidade de indivíduos de uma espécie numa determinada área (dado este que eles preferem chamar de intensidade), mas sim é uma questão de número de tamanho de áreas habitáveis (Ver DENSIDADE ECOLÓGICA). Esta relação de indivíduos com área habitável, esses autores denominam de prevalência de abundância. De fato, o uso de expressões como “espécie comum” ou “rara” em determinado ambiente, carece de qualificação adequada ou precisa. Haveria muitas razões para usar o termo “espécie rara”, podendo-se destacar: a) sua faixa de distribuição geográfica é estreita; b) sua faixa de habitat (específico) é estreita; c) suas populações locais são pequenas e não-dominantes. As duas primeiras razões são ligadas à “prevalência” acima mencionada e a última está ligada à “intensidade”. (Ver “IUCN”) ESPÉCIE VULNERÁVEL Dentre as diversas categorias propostas pela “IUCN” para as espécies ameaçadas de extinção, a espécie vulnerável é aquela cujo declínio por causa de destruição do seu habitat, distúrbio ou superexplotação, torna-se-á em perigo de extinção se tais fatores continuarem. É representada pele sigla em inglês “V – vulnerable”; e dentre os critérios da “IUCN” é representada pela sigla “VU – vulnerable”. ESPÉCIME (ou INDIVÍDUO) Indivíduo ou exemplar (unidade) representativo de uma espécie. ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO (Ver APÊNDICE III − ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO; e RADIAÇÃO FOTOSSINTETICAMENTE ATIVA − RFA) ESPODOSSOLOS (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) ESTABILIDADE Segundo alguns autores, refere-se à capacidade de um sistema ecológico em manter-se em condições relativamente constantes em termos de sua composição, sua biomassa e produtividade, com pequenas flutuações em torno de uma média, e que seja capaz de retornar a esta situação a cada vez que sofrer perturbações. Neste último aspecto, fala-se também em “resistência” de um ecossistema, que por sua vez, dependerá da “elasticidade” (resiliência) ou taxa com que o ecossistema se recuperará dos distúrbios que lhes são causados (naturais ou antrópicos). Na estabilidade, há que se considerar dois aspectos de interesse ecológico: a) é importante conhecê-la porque ela representa, em termos práticos, a sensibilidade de uma comunidade a distúrbios; b) talvez de cunho mais fundamental, porém um tanto quanto teórico, a estabilidade representa o grau de persistência da comunidade e suas chances de atingir o seu clímax e aí se manter. Neste último aspecto consideram-se a estabilidade local, que é a tendência da comunidade retornar ao seu estado original após pequena perturbação e estabilidade global, a mesma tendência sob efeito de grande perturbação. Alguns autores mencionam ainda os termos dinamicamente frágil, quando a comunidade é estável dentro de uma faixa muito restrita de condições ambientais e dinâmicamente robusta, quando tal faixa é ampla. (Ver FRAGILIDADE; HOMEOSTASE; RESILIÊNCIA; e RESISTÊNCIA) ESTABILIDADE GLOBAL (Ver ESTABILIDADE) ESTABILIDADE LOCAL (Ver ESTABILIDADE) ESTAÇÃO DE TRATAMENTO Conjunto de instalações destinadas ao “tratamento” de: água (ETA); de esgotos domésticos (ETE); de despejos industriais (ETDI) ou de efluentes industriais (ETEI). ESTAÇÃO ECOLÓGICA Categoria de unidade de conservação do Grupo I do SNUC. Área natural, representativa de um ecossistema que se deseje preservar, mas que deve também ser utilizada para os processos de educação ambiental e de pesquisa; esta, não devendo ultrapassar os 10% da área total e de acordo com o plano de manejo da unidade. 100 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS (Ver SNUC − SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO; e UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) ESTACIONAL Termo mais adequado (da língua portuguêsa) do que “sazonal” (do francês “saison” ou do inglês “season”), para indicar período ou influência da estação do ano. Fala-se por exemplo, no nordeste brasileiro, nos períodos estacionais de chuva (inverno) e de seca (verão). ESTÁDIOS SERAIS Segmentos distintos (estádios), florística ou estruturalmente, de uma “sere”. Nem todas as “seres”, no entanto, podem ser divididas em estádios. Alguns preferem usar a palavra “estágio”, em vez de “estádio”. (Ver SERE) ESTADOS ESTÁVEIS ALTERNATIVOS (Ver EQUILÍBRIOS MÚLTIPOS ou ESTADOS ESTÁVEIS MÚLTIPLOS) ESTENO Prefixo de origem grega usado para expressar o “estreito” (ou reduzido) grau de tolerância de um ser vivo. Fala-se então em: estenotérmico (relativo à temperatura); estenohídrico (relativo à água); estenofágico (relativo a alimento); estenoécio (relativo à seleção de habitat ou adaptação) etc, todos significando uma limitada tolerância às respectivas características ambientais citadas. (Ver “euri-”) ESTEPE Termo adotado por alguns fitogeógrafos (utilizado pelo IBGE) significando um “tipo de vegetação” estacional-decidual, geralmente com plantas suculentas, como cactáceas. Fala-se neste caso em “estepe do sertão semi-árido nordestino” e da “campanha gaúcha”, neste último caso dominando gramíneas, tendo também compostas e leguminosas. É também utilizada a expressão “savana estépica”, incluindo-se os campos de Roraima. Este termo é aplicado originalmente às planícies sem árvores do sudeste da Europa e da Sibéria. ESTIRÂNCIO ESTIRÂNCIO = ENTREMARÉS = ZONA “INTERTIDAL” = LITORAL É a zona delimitada pelas alta e baixa marés, ou seja, preamar e baixa-mar. Alguns a chamam de eulitoral. É a primeira zona da plataforma continental, no sentido da costa para o mar. O termo “intertidal” vem do inglês “tide” = maré. Observação: as muitas subdivisões da faixa litorânea (do continente para dentro do mar) que naturalmente devem existir devido à complexidade dos mais diversos contornos da costa, geraram um elevado número de denominações que nem sempre coincidem nos trabalhos (obras) de muitos autores. Grande parte dos “desencontros” surgem com relação aos limites (extensões ou dimensões) de tais zonas, ou regiões e suas respectivas subdivisões. (Ver APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ESTIVAÇÃO (Ver HIBERNAÇÃO) ESTOCÁSTICO (Ver DISTÚRBIO; e ESPÉCIE EM VIA DE EXTINÇÃO) ESTOCÁSTICO (Ver DISTÚRBIO) ESTOLÃO Caule subterrâneo, comum em plantas adaptadas a solos arenosos, que emite ramificações em diversos pontos ao longo de sua extensão. O pinheirinho-do-mar (Remirea maritima), planta típica das dunas de nosso litoral, forma estolões. Esta planta é importante na fixação das pequenas dunas. ESTOLONÍFERA Planta que forma estolões. ESTRATÉGIA Termo de caráter generalizado, significando qualquer padrão de comportamento ou história vital, de um indivíduo ou de uma população, refletindo uma adaptação (às vezes uma aclimatação) que se constitui em ganhos na eficiência de obtenção dos recursos. (Ver ESTRATEGISTAS C, K e r; e TRIÂNGULO C−S−R) ESTRATEGISTA C No triângulo C – S – R, o estrategista C é uma espécie tipicamente de grande tamanho, com crescimento rápido, tempo de vida relativamente longo, dispersão relativamente eficiente, destinando apenas uma pequena proporção de sua energia metabólica para produção de descendentes ou propágulos, sendo assim uma espécie competitiva. 101 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ESTRATEGISTAS K e r Denominam-se estrategistas, as espécies que, numa situação de equilíbrio das condições ambientais ou em condições adversas ou de superpopulações, adotam respectivamente, mecanismos característicos que as tornam tipicamente espécies “em equilíbrio” (estrategistas K) ou “oportunistas e fugitivas” (estrategistas r). As letras K e r provêm da “equação logística” onde, numa população em determinada condição ambiental, K é o número de indivíduos capazes de viver quando a população está em equilíbrio e r é a taxa intrínseca de aumento desta população. As espécies oportunistas e fugitivas predominam, por exemplo, entre as pioneiras que iniciam a sucessão ecológica num local inóspito. As espécies em equilíbrio geralmente sucedem as pioneiras, numa situação em que o local se tornou menos inóspito, com maior disponibilidade de nutrientes e menor competição. Em alguns ambientes a alternância desses dois tipos de estrategistas é uma ocorrência natural, constituindo-se no equilíbrio dinâmico (homeostase) de um ecossistema. (Ver EQUAÇÃO LOGÍSTICA; e SELEÇÃO K) ESTRATOSFERA Porção da atmosfera da Terra, acima da troposfera, de 15 a 30 km. Segue-se a ela a estratopausa (30 a 40 km). (Ver OZONOSFERA) ESTRATO VEGETATIVO (Ver SINÚSIA) ESTRESSE Diferentemente de distúrbio, que é caracterizado por ser uma perturbação momentânea, o estresse (do inglês “stress”) é geralmente interpretado como uma pressão, no nível de ação sobre um ecossistema (ou comunidade ou população), de forma contínua, com tendência a ser prolongada, gerando resposta dos seus componentes bióticos diferenciada da resposta ao distúrbio. (Ver DISTÚRBIO) ESTRUTURAS ANÁLOGAS e ESTRUTURAS HOMÓLOGAS As estruturas análogas são órgãos de origens evolutivas diferentes, que executam o mesmo papel nos diferentes organismos dos quais são partes integrantes. Ex.: a variedade de estruturas das plantas trepadeiras (folhas, pecíolos, caules, raízes, gavinhas, transformadas em estruturas que habilitam as plantas a treparem sobre diferentes suportes). As estruturas homólogas originam-se de um mesmo órgão, que no processo evolutivo modificou-se, transformando-se em estruturas bastante diferentes e que desempenham diferentes funções. Ex.: plantas que tiveram folhas modificadas em folíolo (subdivisão de folha composta), pecíolo, peciólulo (pecíolo do folíolo das folhas compostas), estípulas (geralmente duas pequenas projeções laminares na base de pecíolo). ESTRUTURA DO SOLO Arranjo ou combinação das partículas primárias do solo, originando partículas secundárias, que se constituem nas suas unidades ou pedons. (Ver PERFIL DO SOLO) ESTUÁRIO Ecossistema representado pela comunicação de um rio com o mar (flúvio-marinho), constituindo assim um ambiente relativamente complexo, onde usualmente ocorrem mangues. Apresenta propriedades inerentes aos sistemas dulciaqüícola e marinho, com certo gradiente de salinidade e propriedades peculiares. ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL (EIA) (Ver IMPACTO AMBIENTAL) ETA (Ver ESTAÇÃO DE TRATAMENTO) ETDI (Ver ESTAÇÃO DE TRATAMENTO) ETE (Ver ESTAÇÃO DE TRATAMENTO) ETEI (Ver ESTAÇÃO DE TRATAMENTO) ETIOPIANA, REGIÃO (Ver REGIÕES ZOOGEOGRÁFICAS) “etno-” Prefixo de origem grega que se refere à “raça; povo; nação”. Exemplos: etnologia (estudo do caráter, história e cultura das raças humanas; o mesmo que etnografia); etnobotânica (estudo do uso das plantas pelas distintas raças humanas); etnoecologia (estudo da relação das raças humanas ou etnias ou 102 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS seus agrupamentos, com o ambiente em que vivem; o mesmo que ecologia humana); etnozoologia (estudo do uso dos animais pelas raças humanas). ETNOECOLOGIA (Ver ECOLOGIA HUMANA) ETOLOGIA Estudo do comportamento (animal) ou das reações e conduta do organismo em relação ao ambiente em que vive. “eu-” Prefixo de origem graga que se refere à “bem; bem feito; de fácil execução” e significados similares. Como exemplo ver EUTRÓFICO e EUTROFIZAÇÃO. EUSSOCIABILIDADE (ou EUSSOCIALIDADE) Termo ainda não consagrado na língua portuguesa, referente ao comportamento (ou “instinto”) social de animais como os térmitas (cupins) (Isoptera) e formigas, abelhas e vespas (Hymenoptera). Segundo RICKLEFS (2007) este grau de sociabilidade caracteriza-se por (i) diversos adultos vivendo juntos em grupos, (ii) com gerações em superposição, isto é, pais e filhos vivendo juntos, (iii) cooperação na construção de ninhos e cuidados com a prole, e (iv) dominância reprodutiva por um ou uns poucos indivíduos, com a presença de “castas”. Na organização de sociedades dos insetos, há dominância de uma ou poucas fêmeas poedoras de ovos, a(s) “rainha(s)”. No caso de térmitas, a colônia é conduzida por um par (rei e rainha) que produzem os “operários” por reprodução sexuada. “-etum” (Ver ASSOCIAÇÃO VEGETAL) EUCARIOTO Organismo cuja célula tem seu material genético num núcleo individualizado, provido de membrana nuclear, como o são todos os seres vivos, com exceção dos procariotos. (Ver DOMÍNIOS DOS MICRORGANISMOS) EUFÓTICO (Ver ZONA EUFÓTICA) “EUKARYA” (Ver ÁRVORE FILOGENÉTICA UNIVERSAL; e DOMÍNIOS DOS MICRORGANISMOS) EULITORAL Subregião do litoral submetida aos distúrbios (movimentos) das ondas do mar, mais conhecida como entremarés. Dá-se também este nome à zona de margem de um lago, situada entre os níveis mais elevados e mais baixos da água, em seus movimentos estacionais. (Ver ESTIRÂNCIO; e APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) “euri-” Prefixo de origem grega usado para expressar o “amplo” grau de tolerância (ou de utilização de recurso) de um ser vivo. Fala-se então em: euribático (relativo à pressão, da profundidade de água); euritérmico (relativo à temperatura); eurihídrico (relativo à água); eurihígrico (relativo à umidade do ar); eurihalino (relativo à salinidade); eurifágico (relativo a alimento); euriécio ou euritópico (relativo à seleção de habitat ou adaptação); todos significando uma ampla tolerância às respectivas características ambientais citadas. (Ver ESTENO) EURIFÁGICO EURIFÁGICO = PLEÓFAGO = PLEOTRÓFICO = PLURÍVORO = POLÍFAGO = POLITRÓFICO Que se alimenta de uma grande variedade de tipos de alimento. (Ver “euri-”) EUTRÓFICO, LAGO Lago rico em nutrientes, orgânicos e inorgânicos, com alta produtividade primária. Na figura que segue está representado um lago eutrófico com seus diversos habitats: 103 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Habitat pelagial Epilimnio Litoral Metalimnio Hipolimnio Habitat bental Profundal Sedimento (lodo) (Ver AUTOTRÓFICO, LAGO; DISTRÓFICO, LAGO; e OLIGOTRÓFICO, LAGO) EUTROFIZAÇÃO Introdução, pelo homem, de matéria orgânica em ambientes aquáticos naturais, em quantidade e velocidade que não pode ser assimilada e reciclada, causando assim o seu acúmulo que poderá ser deletério para o ecossistema. Este material orgânico poderá derivar diretamente de detritos atirados pelo homem (detritos industriais, dejetos e lixos etc) ou indiretamente de erosão do solo, aumentada pelo homem, ou ainda, como em decorrência de uso em excesso de fertilizantes nas áreas agricultáveis circunvizinhas. Como conseqüência da eutrofização ocorre freqüentemente grande proliferação de algas, geralmente dominada por uma só espécie. EVAPORAÇÃO (POTENCIAL) A evaporação representa a passagem da água do estado líquido para o gasoso, de maneira natural, sob a ação da temperatura e na dependência do estado de saturação do ar (sua umidade relativa). (Ver PRECIPITAÇÃO PLUVIAL) EVAPORÍMETRO DE PICHE (Ver PICHE, EVAPORÍMETRO DE) EVAPOTRANSPIRAÇÃO Somatória da perda de água de um ecossistema pelos processos de evaporação (das superfícies de água e solo) e de transpiração (das plantas principalmente e animais), em área (mm ou cm) por tempo (dia). A evapotranspiração potencial é um índice da taxa máxima teórica na qual a água poderá evaporar para a atmosfera (dada em mm/ano), considerando-se a radiação prevalecente, a média do déficit de pressão de vapor no ar, a velocidade do vento e a temperatura. A figura representada no termo ESCOAMENTO, mostra a proporção da evapotranspiração em relação a outros processos relacionados ao fator ecológico água. (Ver ESCOAMENTO; e PRECIPITAÇÃO PLUVIAL) “EVERGLADES” (FLORIDA) (Ver EFEITO BUMERANGUE) EVITAÇÃO (ou ESCAPE) DA COMPETIÇÃO EVOLUTIVA (Ver FANTASMA DA COMPETIÇÃO PASSADA) EVOLUÇÃO (Ver DARWINISMO; e NEO-DARWINISMO) EXATIDÃO (e PRECISÃO) A exatidão (correspondendo ao “accuracy” da língua inglesa) é, tanto em estatística como no uso de aparelhos de medição, um grau com que se mede uma quantidade de maneira próxima ao valor verdadeiro que está sendo medido. Difere de precisão (“precision”, em inglês) que é um grau de “refinamento” com que uma medida é feita. Ex.: o valor 3,43 é uma medida “mais precisa” do que 3,4 mas não implica que seja “mais exata”. EXCLUSÃO COMPETITIVA (Ver PRINCÍPIO DA EXCLUSÃO COMPETITIVA) EXCRETA Em ecologia energética é a parte da energia assimilada que é removida do corpo como secreção, excreção ou sudação. É um dos componentes do rejeito. No processo do metabolismo é o mesmo que catabólito. 104 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS (Ver CATABOLISMO; EGESTA; e REJEITO) EXOCRINO (Ver ECTOCRINO) EXOCRUZAMENTO EXOCRUZAMENTO = ALOGAMIA = ACASALAMENTO ou COPULAÇÃO EXTRA-PAR Acasalamento de indivíduos de uma população com membros de outra ou outras populações. Há observações, por exemplo, de que fêmeas de chimpanzés (floresta de Taï, Costa do Marfim, África) afastam-se do seu grupo (ou subpopulação), à noite, para cruzarem com machos de outros grupos. Este comportamento é tido como muito importante à heterozigosidade, enriquecendo portanto, o patrimônio genético da espécie e aumentando suas chances de reagir às possíveis variações ambientais indesejáveis. O termo promiscuidade é usado por alguns autores para definir esta condição, em que um par duradouro é impedido de se formar no acasalamento. (Ver ENDOGAMIA; POLIGAMIA; e FLUXO GÊNICO) EXORREICA (Ver REGIÃO ARREICA / ENDO ... / EXO ...) EXPANSÃO DE HABITAT (Ver LIBERAÇÃO ECOLÓGICA) EXPECTATIVA DE VIDA Período de tempo médio que se espera um organismo sobreviver, dentro do padrão do seu ciclo de vida. (Ver ATRIBUTOS DA POPULAÇÃO) EXPLOSÃO NA DENSIDADE DE POPULAÇÕES (Ver “BLOOM”) EXPLOTAÇÃO Termo que significa, implicitamente, exploração de recursos naturais. EXSUDATÍVORO Tradução literal do inglês “exudativore” / “exudativorous” (a primeira forma é substantivo e a segunda é adjetivo), ou seja, que se alimenta de gomas (resinas) e outros exsudatos vegetais (de árvores, principalmente). O sagüi, que se alimenta da seiva de cupiúba (Tapirira guianensis), além de herbívoro e frugívoro pode também ser denominado de exsudatívoro. EXSUDATO Líquido, contendo substâncias produzidas por um organismo e liberado para o meio externo. O exsudato das raízes, por exemplo, é importante para os simbiontes e os organismos que vivem na rizosfera. EXTINÇÃO ANTROPOGÊNICA Extinção de uma espécie (de organismo animal ou vegetal) causada por atividades humanas, através de explotação direta da população desse organismo ou, indiretamente, por destruição de seu habitat. (Ver AMEAÇADO DE EXTINÇÃO; ESPÉCIE EM VIA DE EXTINÇÃO; e TAXA DE EXTINÇÃO) EXTINÇÃO EM MASSA Refere-se esta expressão à periodicidade de desaparecimento da vida na Terra, ao longo dos vários períodos geológicos de tempo. Muitos pesquisadores acreditam que tenham ocorrido eventos cataclísmicos, de origem astronômica, comuns a todas as extinções. Outros acham que cada evento de extinção foi único em si. Os eventos cataclísmicos podem também ter sido vários, como por exemplo: intensa atividade vulcânica, impacto de corpo celeste sobre a Terra, ou tendências graduais, como mudanças no nível dos oceanos e na temperatura, salinidade ou nutrientes, flutuações nos níveis de O2 e CO2, resfriamento, e radiação cósmica. Estas são possíveis causas das crises ocorridas nos períodos Permiano-Triássico. A hipótese muito defendida, do impacto de um asteróide, teria causado grande concentração de irídio (metal muito denso e quebradiço) na atmosfera, impossibilitando a penetração da radiação solar, impedindo a fotossíntese. Outra hipótese, a do abundante xisto pirítico laminado (rico em carbono orgânico) aliado à anoxia oceânica (carência em O2 dissolvido), teria causado a destruição da vida nos oceanos. De qualquer forma, é preciso admitir-se que nem todos os grupos foram afetados da mesma maneira pelas várias formas de extinção ocorridas. (Ver TEMPO GEOLÓGICO) EXTRATIVISTA (Ver RESERVA EXTRATIVISTA) EXTREMÓFILO (ou EXTREMOFÍLICO) Diz-se do organismo, principalmente microrganismo, que vive sob condições ambientais extremas, como nas fontes hidrotermais ou poças hipersalinas ou ricas em enxofre. 105 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 106 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS F FACIAÇÃO Uma categoria na classificação de uma vegetação, ou seja, uma subdivisão de uma associação que tem mais de uma, porém menos do que o número total de espécies dominantes, por causa de diferenças locais nas condições climáticas. (Ver FACIES) FACIES Aparência geral de um indivíduo, população ou comunidade. É considerado também como uma categoria na classificação de uma vegetação. Um termo mais comum e talvez mais apropriado para designar a aparência de uma comunidade vegetal é fitofisionomia. (Ver FACIAÇÃO; e FITOFISIONOMIA) FACILITAÇÃO (EM SUCESSÃO) (Ver SUCESSÃO AUTOGÊNICA) “–fagia” (“–fago”) Sufixo de origem grega, aplicado para designar a ação de “comer; alimentar-se de”, sendo homólogo de “–voria” (e “–voro”); é usado de maneira ampla, preferencialmente em certos casos, como por exemplo: antropófago (que se alimenta de carne humana); hematófago (que se alimenta de sangue); carpófago (que se alimenta de fruto); rizófago (que se alimenta de raiz); e muitos outros (ver “–fago”, em dicionário). Em muitos outros casos usa-se o sufixo latino “-voria”. (Ver FAGO; e “-voria”) FAGO Refere-se a um virus que usualmente infecta e destrói bactéria. Alguns fagos têm se mostrado úteis como vetores para a transferência de informação genética entre células. (Ver BACTERÍVORO) FAGÓTROFO (Ver MACROCONSUMIDOR) “FAIXA DE AQUECIMENTO AO SOL” Seria uma tradução literal da expressão em inglês “basking range” , significando a faixa de temperatura em que um réptil se expõe à luz direta do sol, ficando inativo porém alerta. FALÉSIA Termo geralmente utilizado para designar as formas abruptas ou escarpadas de relevo litorâneo. Na ponta do Cabo Branco, em João Pessoa, há falésia típica (formação Barreiras) próximo ao ponto mais oriental do Brasil, o pontal dos Seixas. A foto ao lado (de Breno Grisi, tirada em abril de 2004), mostra a ponta do Cabo Branco na praia do mesmo nome, em João Pessoa. (Ver BARREIRAS (SÉRIE ou FORMAÇÃO)) 107 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS FALSA CAMPINA (Ver CAMPINARANA) FANTASMA DA COMPETIÇÃO PASSADA Expressão cunhada por J.H.Connell (em 1980) desejando referir-se à “evitação (ou escape) da competição evolutiva” em que uma diferenciação de nicho pode resultar não de competição atual, mas sim de escape de uma situação de competição ocorrida no passado. São como que “marcas” deixadas no comportamento, distribuição ou morfologia das espécies. FASE ESTACIONÁRIA DE CRESCIMENTO Termo geralmente utilizado para microrganismos, em que uma população “pára de crescer”, ou seja, não ocorre aumento em número de indivíduos. As funções da célula microbiana nesta fase podem continuar, com seu metabolismo energético e processos de síntese. (Ver CRESCIMENTO CRÍPTICO; CRESCIMENTO EXPONENCIAL; e CRESCIMENTO LINEAR) FASE “LAG” e FASE “LOG” DE CRESCIMENTO A fase lag é o período no qual, geralmente ocorre pouco ou nenhum crescimento de uma população. A fase log ou fase de crescimento exponencial, é o período máximo de crescimento de uma população. (Ver CRESCIMENTO EXPONENCIAL) FATOR CHAVE (Ver ANÁLISE DO FATOR CHAVE) FATOR DE BIOCONCENTRAÇÃO Usado por alguns autores como uma medida do grau de concentração de um composto na biomassa de organismos aquáticos, sendo calculado como uma relação da concentração desse composto nos organismos, para sua concentração na água. Alguns autores usam a sigla em inglês: “BCF – bioconcentration factor”. FATORES “DEPENDENTE” e “INDEPENDENTE” DA DENSIDADE Referem-se os fatores dependentes da densidade àqueles (fatores ecológicos) cujos efeitos aumentam com o aumento da densidade de população, podendo assim tornarem-se os “controladores” que influenciam na taxa de crescimento dessa população. Entre os diversos tipos de fatores, são de grande importância os fatores limitantes ao suprimento de alimento e de habitats; além de predadores, parasitas e doenças onde seus efeitos são sentidos mais fortemente em populações mais adensadas do que em populações dispersas (ver também: DEPENDÊNCIA (ou DEPENDENTE) DA DENSIDADE. Os fatores independentes da densidade, são aqueles que atuam fortemente sobre as taxas de natalidade e mortalidade, independentemente do número de indivíduos da população, como por exemplo os fatores abióticos temperatura, radiação, ventos, assim como também os eventos catastróficos, como incêndio, furacões etc. Embora of fatores independentes da densidade possam influenciar na taxa de crescimento exponencial de uma população, eles não regulam o tamanho dessa população. FATOR ECOLÓGICO Agente, de origem biótica ou abiótica, que pode atuar ou influenciar positiva ou negativamente um ser vivo no seu habitat. Aos fatores “externos” ao organismo sobre o qual atuam (fatores físicos e químicos do ambiente, e outros organismos) dá-se a denominação de fatores extrínsecos (OBS.: como exemplo, às propriedades físicas, químicas e biológicas do solo que influenciam sobre a biota local, dá-se a denominação de “fator edáfico”). Um fator intrínseco (expressão pouco usada), refere-se aos inerentes à constituição biológica e/ou populacional do organismo. FATOR EXTRÍNSECO (Ver FATOR ECOLÓGICO) FATOR FUNDAMENTAL Traduzido do inglês (“ultimate factor”) como sendo um fator ambiental ao qual o tempo adequado de um evento biológico está basicamente associado. (Ver FATOR IMEDIATO) FATOR IMEDIATO Assim traduzido do inglês (“proximate factor”) como sendo um fator ambiental que age como um estímulo imediato a uma atividade biológica periódica. (Ver FATOR FUNDAMENTAL) FATOR INTRÍNSECO (Ver FATOR ECOLÓGICO) FATOR LIMITANTE Fator ambiental (físico, químico ou biológico) que limita o crescimento ou a reprodução de um indivíduo, população ou comunidade. Pode-se dizer, por exemplo, que a água é o fator limitante ao desenvolvimento da caatinga. 108 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS O ferro nos ecossistemas marinhos tem sido apontado como fator limitante da produtividade. Experimentos realizados por J.H. Martin, em 1993 no Pacífico, nas costas da América do Sul, mostraram que numa área de 64 km2 fertilizada com 450 kg de ferro solúvel (resultando num acréscimo de ferro 100 vezes superior ao natural), dentro de poucos dias as populações de fitoplâncton, medidas pelo teor de clorofila nas águas de superfície, triplicaram. Este resultado animou os adeptos do uso deste processo para aumentar a quantidade de fixadores de gás carbônico nos oceanos. No entanto, há observações de que as populações de zooplâncton também aumentam, como conseqüência; e assim, o teor de gás carbônico na água se renova proporcionalmente pela respiração. (Ver LEI DO MÍNIMO) FAUNA Este termo refere-se ao conjunto de entidades animais que vivem numa certa área. Ele diz respeito indistintamente, à distribuição ecológica dos animais e à lista taxonômica dos mesmos, não havendo diferença como a que existe entre vegetação e flora. FBN − FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO (Ver FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO) “FEEDBACK” (Ver RETROALIMENTAÇÃO) FEMTOPLÂNCTON (Ver APÊNDICE V − PLÂNCTON: TIPOS E CATEGORIAS DE TAMANHO) FENOLOGIA Estudo de eventos biológicos periódicos, tais como o crescimento, desenvolvimento e reprodução de um organismo, geralmente em relação às estações do ano. Um estudo fenológico de plantas pode ser feito a partir de observações sobre o lançamento (ou emissão) de folhas, flores e frutos; assim como sobre a maturação de frutos, caducifolia etc. FENÓTIPO Uma característica visível ou mensurável de origem morfológica, anatômica, fisiológica ou bioquímica que resulta da interação do genótipo de um organismo e seu ambiente. (Ver GENÓTIPO) FERAL Organismo ou população cujo patrimônio genético esteve por certo tempo sob regime seletivo artificial (quando sob condição domesticada ou de cativeiro) e que presentemente se encontra sob influências seletivas de ambiente natural. FERMENTAÇÃO Processo também anaeróbio, onde um composto orgânico atua como aceptor de eletron (oxidante). Na verdade, a fermentação é um processo metabólico em que a glicose (açúcar com seis átomos de carbono) é desintegrado em ácido orgânico (ácido pirúvico ou sua forma ionizada, piruvato) com três átomos de carbono, processo este acoplado à transferência de energia química para a formação de ATP (adenosina trifosfato); servindo os compostos orgânicos tanto como doadores de eletrons (oxidando-se) quanto como aceptores de eletrons (reduzindo-se). Na fermentação da glicose, por exemplo, a seguinte reação ocorre: C6H12O6 → 2CO2 + 2C2H5OH gás carbônico etanol FEROMÔNIO FEROMÔNIO = ALOMÔNIO É um dos produtos semioquímicos secretado por um indivíduo de determinada espécie para influenciar uma resposta fisiológica ou comportamental em outro(s) indivíduo(s). Os feromônios são utilizados como sinais de alarme, atrativos sexuais, reconhecimento de sinais e localização, ou como marcadores de trilhas, por indivíduos da mesma espécie. As interações entre diferentes espécies são enquadradas na aleloquímica. (Ver ALELOQUÍMICOS; ALELOPATIA; e ANTIBIOSE) FERRALITIZAÇÃO (Ver LATOLIZAÇÃO; e SILICATOS) FERRALITO (Ver LATOLIZAÇÃO) FERRO (NOS ECOSSISTEMAS MARINHOS) (Ver FATOR LIMITANTE) FERTILIDADE Biologicamente usa-se o termo “fértil”para indicar a capacidade de produzir descendentes (filhotes, frutos, pólens ...), sendo então seus sinônimos “fecundo” e “profícuo”. 109 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Em ecologia alguns autores o usam para indicar a capacidade de um habitat (local ou sítio) para sustentar uma produção de biomassa. Além disso, alguns chamam de “fertilidade”, a performance reprodutiva real de um organismo ou população que é medidada como o número real de descendentes viáveis produzidos por unidade de tempo, ou seja, é uma “taxa de natalidade”. Nos estudos sobre solo os pedólogos / edafólogos chamam de “fertilidade” a capacidade de um solo ter condições nutricionais e estruturais que lhe permitam ser produtivo. (Ver SOLO FÉRTIL) FERTILIZANTE Composto químico adicionado ao solo com o propósito de enriquecê-lo, em termos de nutrientes para a planta. Uma formulação muito comum aplicada aos solos é o NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), que, por exemplo, na proporção 20 : 10 : 5, garante conter 20% de N, 10% de ácido fosfórico (P2O5) disponível e 5% de potássio hidrossolúvel (K2O). (Ver ADUBAÇÃO ORGÂNICA) FERTILIZANTE ORGÂNICO (Ver ADUBAÇÃO ORGÂNICA) FERTIRRIGAÇÃO Processo em que se aplica fertilizante na água utilizada para irrigação. A presença de nutrientes na água de irrigação, como ocorre com o uso da vinhaça no plantio de cana-de-açúcar, justifica o uso deste termo. “fico–” Prefixo de origem grega significando “alga”. Ficologia ou algologia é portanto, o estudo das algas. FICOBIONTE No líquen ocorre um mutualismo entre um ficobionte (uma alga) e um micobionte (um fungo). FICÓFAGO Que se alimenta de algas. (Ver MICÓFAGO) FIDELIDADE (ou GRAU DE FIDELIDADE) (Ver GRAU DE FIDELIDADE) “-filia” / “-filo” Sufixo de origem grega que significa “amigo; que gosta; que vive bem em”. É utilizado para designar as várias formas de polinização dos vegetais, tais como anemofilia (polinização pelo vento), hidrofilia (pela água) e, quando no caso dos animais, por designações específicas (ornitofilia, pelas aves; entomofilia, pelos insetos ...). O sufixo “-filo” é usado para indicar afinidade de um organismo, ou preferência, por determinada característica. Alguns termos de entrada com estes prefixos são apresentados neste glossário. Outros exemplos: halófilo (que vive em ambiente salino); psamófilo (que prefere viver em local arenoso). Na divisão taxionômica (ou taxonômica) ou sistemática, usa-se o termo Filo (de origem latina, phyllum no singular e phylla no plural) referindo-se à principal subdivisão de Reino, compreendendo um conjunto de Classes afins. (Ver “-fóbico” / “fobo-”) FILO (Ver “-filia” / “-filo”) FILOGÊNESE (FILOGENIA) História evolutiva e linha de descendência de um taxon. FILOGENÉTICO Relativo à história evolutiva de um determinado grupo taxonômico. (Ver ONTOGENÉTICO) FILOSFERA Diz-se da “esfera de influência das folhas” de uma planta. Alguns autores referem-se à zona de interação das folhas com a atmosfera; ou ainda referem-se ao microhabitat de uma folha. (Ver RIZOSFERA) FILTRO BIOLÓGICO Dispositivo colocado em sistema aquático, geralmente feito de cascalho, seixo, pedra britada ou outro meio que permita a proliferação de microrganismos capazes de “fixar” certos poluentes ou partículas indesejáveis que comprometam a boa qualidade da água. Algumas bactérias, resistentes por exemplo, a metais pesados (do gênero Bacillus), têm sido usadas para purificar água residuária contendo tais elementos. 110 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS FÍSICA AMBIENTAL Utilização dos conhecimentos de física no estudo e compreensão da estrutura e principalmente dos processos físicos que ocorrem nos ambientes naturais, sendo campo de grande interesse da ecologia. A física da terra (ou geofísica) e a física do clima (radiação, temperatura, umidade, movimento do ar e da água, etc.), por exemplo, provêem conhecimentos fundamentais à compreensão dos processos ecológicos. FISIOGRÁFICO (FISIOGRAFIA) Referente (ou que trata) das caracteríesticas geográficas da superfície da Terra. FISIONOMIA DE UMA VEGETAÇÃO (Ver FITOFISIONOMIA (DE UMA VEGETAÇÃO)) “FITNESS” O “fitness” (palavra ainda sem equivalente preciso em português) de um organismo, ou o seu “fitness” reprodutivo, diz respeito ao seu potencial genotípico, em relação aos outros componentes da população, em deixar descendência viável; ou seja, é uma espécie de probabilidade em deixar descendente ao longo de grandes períodos de tempo. Embora um indivíduo nasça e morra dentro de um certo “padrão” da população à qual pertence, ele não possui uma natalidade e uma mortalidade rigorosamente definidas. Alguns autores admitem que o termo equivalente em português seja “aptidão”, que é uma qualidade inata ou adquirida para exercer determinada atividade. FITOALEXINA Composto químico produzido por plantas em resposta a uma infecção e que impede crescimento posterior do patógeno. FITOCENOSE FITOCENOSE = COMUNIDADE VEGETAL) Termo que em ecologia vegetal é usado quando se deseja se referir a todos os estratos ou sinúsias que se superpõem numa vegetação; ou simplesmente, quando se deseja referir-se à comunidade vegetal. FITOECOLOGIA (Ver ECOLOGIA VEGETAL) FITÓFAGO Animal que se alimenta de plantas, geralmente sugando sua seiva. Se a planta for de grande tamanho (como a maioria das fanerógamas, plantas superiores), o animal é denominado de macrofitófago. Se a planta for de pequeno tamanho (como a maioria das criptógamas, plantas inferiores), o animal é denominado de microfitófago. (Ver ZOÓFAGO) FITOFISIONOMIA (DE UMA VEGETAÇÃO) Refere-se à aparência de um certo tipo de vegetação, independentemente de sua composição taxonômica, ou seja, refere-se à estruturação do ecossistema, em termos de seus estratos vegetativos. (Ver SINÚSIA) FITOGEOCENOSE Refere-se à comunidade vegetal e o seu ambiente físico-químico e climático. (Ver COMUNIDADE) FITOGEOGRAFIA (Ver BIOGEOGRAFIA) FITOMASSA FITOMASSA = PRODUTO EM PÉ (“STANDING CROP”) DOS VEGETAIS É a biomassa dos vegetais (ou produtores primários). Ver valores de fitomassa de diversos tipos de ecossistemas no verbete PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA. (Ver BIOMASSA) FITOPLÂNCTON (Ver APÊNDICE V – PLÂNCTON: TIPOS E CATEGORIAS DE TAMANHO) FITORREMEDIAÇÃO Uso de plantas que são capazes de acumular metais tóxicos (geralmente metais pesados) para descontaminar solos poluídos. FITOSSOCIOLOGIA FITOSSOCIOLOGIA = SOCIOLOGIA DE PLANTA (ou VEGETAL) Estudo da vegetação, em que se incluem organização, interdependência (entre seus componentes vegetais), desenvolvimento, distribuição geográfica e classificação (tipos) de comunidades vegetais. FITOTELMOS FITOTELMOS = FITOTELMATA 111 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Referem-se aos microhabitats aquáticos, de acumulação de água em certas plantas, como nas bainhas das folhas de bromeliáceas e de outras plantas similares. Fala-se também em dendrotelmatobiontes como organismos que vivem nos ocos de troncos. FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO − FBN Processo biológico efetuado por bactérias (como as dos gêneros Rhizobium e Bradyrhizobium) que vivem, na sua maioria, em simbiose com raízes de plantas ou que vivem nos nódulos de colmos de certas plantas (cana-de-açúcar, por exemplo) ou no próprio caule e que são capazes de fixar o N2 atmosférico. Entre as que vivem nos nódulos e caule, podemos citar a Acetobacter diazotrophicus (da cana-de-açúcar) e Azorhizobium caulinodans, que nodulam raiz e caule de sesbânia (planta da África). Há algumas bactérias que nodulam no caule de Aeschynomene indica (planta de solos alagados, cujo gênero também ocorre no pantanal matogrossense), com característica interessante, além de fixadora de N2 é fotossintetizante. As enzimas nitrogenase e hidrogenase são fundamentais à FBN. Os dados que seguem, segundo SIQUEIRA et al. (1994), mostram as porcentagens de espécies nodulíferas de leguminosas (subfamílias da família Fabaceae ou Leguminosae, da ordem Fabales) florestais brasileiras: Caesalpinioideae (22) Mimosoideae (73) Papilionoideae) (67). (Ver FIXADORES DE NITROGÊNIO (DE VIDA LIVRE)) FIXADORES DE NITROGÊNIO (DE VIDA LIVRE) Bactérias e cianobactérias, que fixam N2 atmosférico e que vivem livre no solo ou na água (nãosimbiontes). Cianobactérias como as do gênero Anabaena, em simbiose com a pteridófita Azolla sp vêm sendo utilizadas como adubo verde em cultivo de arroz. Entre as bactérias há as do gênero Azotobacter, Beijerinckia, Clostridium e outras. FLAVONÓIDES (Ver DEFESA QUÍMICA) “FLOCKING” Em inglês significa literalmente, “andar em bando” como resultado de atração social entre indivíduos; alguns autores usam este termo, em inglês, quando se referem aos pássaros. FLOCULAÇÃO Processo que conduz à formação de agregados (flocos ou floculados) em suspensão num líquido. (Ver FLOTAÇÃO) FLORA Este termo refere-se ao conjunto de entidades vegetais taxonômicas que se encontram numa certa área. (Ver VEGETAÇÃO) FLORESTA ACICULIFOLIADA FLORESTA ACICULIFOLIADA = MATA (ou FLORESTA) DE ARAUCÁRIA É um ecossistema típico do sul do Brasil, mais especificamente do Paraná, atingindo também RS, SC e SP, assim denominado pela árvore predominante, o pinheiro-do-Paraná ou Araucaria angustifolia, com folhas em forma de agulha (acículo). Dos 20 milhões de hectares originalmente cobertos pela Floresta de Araucária, restam, atualmente, cerca de 2% dessa área. Particularmente no estado do Paraná; as serrarias e o uso industrial foram as principais responsáveis pelo desmatamento. As fotos que seguem mostram, na seqüência superior: remanescentes de araucárias (à esquerda) e corte ilegal de pinheiros (à direita); e na seqüência inferior acículos e cones (à esquerda) e a gralha azul (à direita), pássaro que se alimenta dos cones e por isso são considerados por alguns como disseminadores da planta. 112 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Obs.: fotos do site do IPEF – Instituto de Pesquisas e Estudos Florestais (www.ipef.br). FLORESTA AMAZÔNICA FLORESTA AMAZÔNICA = FLORESTA LATIFOLIADA EQUATORIAL A floresta amazônica é uma região constituída por grandes extensões de florestas densas, com grandes diversidade florística e fitomassa. Publicação recente sobre biodiversidade (ver CAPOBIANCO et al., 2001, na BIBLIOGRAFIA utilizada para o glossário), relaciona, para uma área do bioma amazônico de 4.105.401 km2, 23 ecorregiões na amazônia brasileira. As classes de vegetação relacionadas nessa publicação e seus respectivos percentuais de área são: 1. Campinaranas (4,10%). 2. Florestas estacionais (4,67%). 3. Florestas ombrófilas abertas (25,48%). 4. Florestas ombrófilas densas (53,63%). 5. Formações pioneiras (florestas inundadas) (1,87%). 6. Refúgios montanos (0,03%). 7. Savanas (6,07%). 8. Formações secundárias (1,93%). As fotos abaixo mostram: a da esquerda (do site www.wikipedia.com) visão, por satélite, da foz do rio Amazonas e a da direita, paisagem típica da floresta amazônica: FLORESTA BOREAL (Ver TAIGA) FLORESTA DE CONÍFERAS DO NORTE (Ver TAIGA) FLORESTA DE GALERIA (Ver MATA CILIAR) FLORESTA LATIFOLIADA EQUATORIAL (Ver FLORESTA AMAZÔNICA) 113 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS FLORESTA LATIFOLIADA TROPICAL Este ecossistema é um subtipo de floresta tropical com árvores de 25 a 30 m de altura, um pouco mais para o interior em relação à mata atlântica, indo da região nordeste ao sul do Brasil. Nessa floresta ainda ocorrem o pau d’alho, Gallesia gorarema; cedro branco, Cedrela fissilis; peroba, Aspidosperma sp; e o palmito, Euterpe edulis, entre outras. FLORESTA LATIFOLIADA TROPICAL ÚMIDA DA ENCOSTA (Ver MATA ATLÂNTICA) FLORESTA NACIONAL Área com cobertura florestal de espécies predominantemente nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas. A existência de populações humanas tradicionais é admitida desde que ali habitassem quando de sua criação. A visitação é permitida, condicionada às normas. (Ver SNUC − SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO; e UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) FLORESTA NEGRA Floresta situada em região montanhosa, no sudoeste da Alemanha, onde ficam as nascentes dos rios Danúbio e Neckar. Ocupa uma área de cerca de 6.000 km2, estendendo-se por 160 km em direção nordeste. Árvores de carvalho e bétula ocupam os declives mais baixos, enquanto a maior parte de sua extensão é coberta por pinheiros (que lhe comunicam a aparência interna escura, provindo daí sua denominação), indo até os 1.200 m de altitude. Tem-se atribuído à chuva ácida boa parte da destruição dessa floresta. (Ver “WALDSTERBEN”) FLORESTA PLUVIAL TROPICAL PERENIFÓLIA SUL-BAIANA Também conhecida como “floresta latifoliada tropical”, por alguns autores. (Ver FLORESTA LATIFOLIADA TROPICAL) FLORESTAS TEMPERADAS: ESTACIONAL E PLUVIAL Floresta estacional temperada: também conhecida como temperada decídua, ocorre na América do Norte principalmente no leste dos Estados Unidos e sul do Canadá, além de se distribuir amplamente na Europa e leste da Ásia. No hemisfério sul restringe-se à Nova Zelândia e sul do Chile. Nas maiores latitudes a estação de crescimento alcança os 130 dias, ao passo que nas menores latitudes (mais próximo do equador) ela chega aos 180 dias. O solo, podzolizado, recebe bastante água (a precipitação excede a evaporação e a transpiração), tendendo à acidez, coberto por espessa camada de humus. Vegetação típica deste tipo, com faia (“beech”, em inglês) (gên. Fagus, fam. Corylaceae) e bordo (“maple”, em inglês) (gên. Acer, fam. Aceraceae) ocorre no estado de Nova York, E.U.A. Floresta pluvial temperada: ocorre em clima temperado mais quente, como o próximo à costa no noroeste da América do Norte, assim como no sul do Chile, Nova Zelândia e Tasmânia, com chuvas abundantes de inverno e verões com nevoeiro, propiciando o aparecimento de floresta perenifólia com árvores muito altas. Na América do Norte, na região costeira na direção sul, ocorrem abetos (“Douglas fir”, em inglês), seis espécies de coníferas perenifólias do gên. Pseudotsuga, fam. Pinaceae e seqüóias (“redwood”, em inglês), espécies do gên. Sequoia, fam. Taxodiaceae. A foto ao lado ilustra um trecho desta floresta úmida, no Parque Nacional Olympic, noroeste do estado de Washington, nos E.U.A. (Ver ZONA(S) CLIMÁTICA(S) (de WALTER, HEINRICH)) FLOTAÇÃO Processo em que matéria orgânica é elevada à superfície, na forma de escuma (ou espuma), utilizando-se para isso aeração ou aplicação de gás ou produto químico ou alta temperatura e também às vezes, microrganismos; possibilitando assim a remoção de partículas indesejáveis junto com a escuma. 114 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS FLUORCARBONO (Ver CFC) FLUTUAÇÕES DA POPULAÇÃO Variações, ao longo do tempo, no tamanho de uma população. FLUVIOMARINHO Habitante do (ou relativo a) rio e mar. FLUXO DE ENERGIA Refere-se à radiação solar que atinge a superfície terrestre, sendo parte refletida, parte dissipada e parte sendo absorvida pelos produtores primários que a transformarão em energia química e a armazenarão. O trajeto dessa energia é unidirecional, em contraste com o trajeto cíclico da matéria (ver ilustração que segue, segundo ODUM, 1971): HERBÍVOROS PRODUTORES PRIMÁRIOS Energia total EE PPB EÑU EÑA PPL Calor EÑU EÑA PS1 A Energia refletida CARNÍVOROS R PS2 A A R R Transferência de. energia (kcal.m-2.dia-1): 3000(EI)...1500(EA)...15(PPL)...1,5(PS1)...0,3(PS2) EE-entrada de energia PPB-produtividade primária bruta PPL-produtividade primária líquida R-respiração EÑU-energia não usada (armazenada) EÑA-energia não assimilada (excretada) A-assimilação PS1-“produtividade” secundária PS2-“produtividade” secundária EI-energia incidente EA-energia absorvida FLUXO GÊNICO Mudança na freqüência dos alelos, resultante de cruzamentos por emigração e imigração de membros de uma espécie. (Ver EXOCRUZAMENTO) FNMA – FUNDO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE Criado pela Lei no 7.797 de 10/07/1989, o FNMA tem por missão contribuir como agente financiador e por meio da participação social, para a implementação da Política Nacional do Meio Ambiente. Seus recursos provêm do Tesouro Nacional, empréstimos com o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento e de recursos oriundos de multas aplicadas através da Lei de Crimes Ambientais (Lei no 9.605, de 12/02/1998). Seu Conselho Deliberativo é composto de organizações não-governamentais (ONGs) que atuam na área de meio ambiente. “-fóbico” / “fobo-” Quando um organismo é “intolerante” a algo ou algum fator ou carece de afinidade, diz-se que ele é -fóbico. Ex.: fotofóbico (que não tolera a luz); higrofóbico, (não tolera umidade); termofóbico (não 115 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS tolera calor). O prefixo fobo- algumas vezes é usado para denotar uma negação a um prefixo dito operativo, como por exemplo em fobofototropismo que significa “fototropismo negativo”. (Ver “-filia” / “-filo”) “FOG” (Ver “SMOG”) FOGO (Ver CLÍMAX DE FOGO) FOLHEDO (Ver NECROMASSA) FONTE E DRENO (ou CAPTOR) Referem-se estes termos respectivamente, ao componente ambiental de onde se origina um nutriente (ou elemento químico participante da biogeociclagem) e ao componente que absorve ou fixa tal nutriente (tirando-o momentaneamente do processo de ciclagem). O carbono tem como fonte mais importante a fitomassa. O processo de respiração e a queima da vegetação drenam este elemento, sendo posteriormente, no processo de biogeociclagem, captado pelos vegetais dos ecossistemas terrestres e aquáticos, formando nestes últimos as rochas carbonatadas; o C é desta maneira, fixado. Como “drenos” importantes de carbono na Natureza, são destacadas as queimas de combustíveis fósseis (5 X 1011 Mg) e de florestas (±2 X 1011 Mg). O gráfico que segue representa os logaritmos das proporções “fontes” de carbono na biosfera, cujos valores absolutos estimados (em Mg de C) são respectivamente: atmosfera = 7,6 X 1011; oceano = 2 X 1016 (total de carbonatos + compostos orgânicos dissolvidos + partículas + compostos orgânicos do sedimento) e ambiente terrestre = 1,2 X 1013 (biota + humus + combustíveis fósseis): 18 Atmosfera 16 14 12 Oceano 10 8 Amb. Terr. 6 4 2 0 “FOOTPRINT, ECOLOGICAL” (Ver PEGADA ECOLÓGICA) FORÇA DE CORIOLIS Uma força deflectora resultante da rotação da Terra e que causa a um corpo de água ou de ar a deflexionar para a direita no hemisfério norte e para a esquerda no hemisfério sul. FORMAÇÃO BARREIRAS (Ver BARREIRAS (SÉRIE ou FORMAÇÃO)) FORMAÇÃO VEGETAL Refere-se a uma grande comunidade vegetal terrestre. Somente as plantas são consideradas numa formação vegetal, diferindo assim de “bioma”, onde toda a biota é incluída. (Ver BIOMA) FORMAÇÕES CAMPESTRES (Ver CAMPOS) FORMAÇÕES LITORÂNEAS (Ver DUNA; MANGUE; e RESTINGA) FORMAS DE VIDA DE RAUNKIAER Uma das mais comuns classificações de forma de vida vegetal, proposta por C. Raunkiaer, em 1934, baseada na posição do broto vegetativo (ou gema) e sua correspondente proteção, sob condições adversas, em períodos frios ou secos. São seis as principais categorias: 116 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 1) Epífitas: plantas aéreas, sem raízes fixadas no solo. 2) Fanerófitas: plantas aéreas, com gemas vegetativas expostas em caules eretos. Subdividem-se em cinco grupos: árvores, arbustos, plantas com caule suculento, plantas com caule herbáceo e lianas (trepadeiras lenhosas). 3) Caméfitas: plantas de superfície, com gemas na superfície do solo. 4) Hemi-criptófitas: plantas em tufos, com gemas no próprio solo ou ligeiramente abaixo da superfície do solo. 5) Criptófitas ou geófitas: plantas com gemas abaixo da superfície do solo, em bulbos ou rizomas. 6) Terófitas: plantas anuais, com ciclo completo de vida num só período vegetativo, desde a fase de semente; sobrevivem como sementes nas estações desfavoráveis. FORMIGA-CORREIÇÃO Formiga carnívora (Eciton burchelli) de ampla distribuição neotropical, 10 mm de comprimento, que se destacam por formarem verdadeiros exércitos em expedição pela floresta, atacando e devorando nos seus caminhos (± 10 m de largura), pequenos vertebrados (sapos, lagartos) e insetos (aranhas, isópodes, milípedes, etc). As presas que conseguem fugir aos ataques destas formigas são, muitas delas, apanhadas por pássaros que acompanham a trajetória das formigas-correição. Até mesmo aves de rapina também as seguem, fazendo dos pássaros suas presas fáceis. Tais caminhos, quando beiram cursos d’água, forçam as presas das formigas-correição a se jogarem na água, onde peixes os capturam. FORRAGEADOR ÓTIMO Seria aquela espécie que utiliza um certo balanceamento na sua dieta alimentar, procurando maximizar sua ingestão de energia. Esta espécie tenderia a ser polifágica ou eurifágica. FORRAGEAMENTO (TEORIA, ESTRATÉGIAS ...) Em ecologia refere-se à ação de alimentar-se, dos animais. São várias as abordagens que são feitas acerca deste tema, destacando-se a teoria do forrageamento com os seguintes aspectos: a) Os animais têm um potencial para consumir uma faixa de alimentos bem mais ampla do que a que eles atualmente consomem; isto foi conduzido pela seleção natural, que favoreceu o “fitness” animal. b) Um alto “fitness” é alcançado a partir de uma alta taxa de absorção energética, ou seja, absorção bruta de energia menos os custos energéticos para obtê-la. Obviamente muitos outros fatores atuam nesse processo, a depender das condições locais onde ele ocorra. Forrageamento sensível a riscos: expressão utilizada por RICKLEFS (2007) em que considera ser importante para um animal obter alimento, não somente observando a taxa com que ele o obtém, mas também a segurança em obtê-lo, uma vez que esta é uma atividade que envolve riscos. Exemplificando esta característica de comportamento animal, é descrito um experimento relizado por James F.Gilliam e Douglas F.Fraser, em que uma certa espécie de peixe se arriscava a procurar presa (vermes em sedimento de ecossistema de água doce) em área “perigosa” (infestada com predadores) somente quando a densidade de presas disponíveis aumentava significativamente. (Ver EFICIÊNCIA DE PROCURA) FOSDRIN (Ver ORGANOFOSFORADO) FOSFATO Composto de fósforo, de importância fundamental para a produtividade primária de ecossistemas terrestres e aquáticos. Nos ecossistemas florestais por exemplo, os compostos de P resultam tanto da desintegração de rochas quanto da entrada nesse sistema através da precipitação pluvial. Nos ecossistemas aquáticos, como nos lagos por exemplo, esses compostos resultam da desintegração de rochas e do solo, nas áreas circunvizinhas, como também da atividade humana (fertilizantes, efluentes etc). Nos oceanos os fosfatos são trazidos pelos estuários e o processo de ressurgência também atua como condutor destes compostos. O guano é também importante fonte de fósforo. (Ver GUANO) FÓSFORO (Ver FOSFATO) FOSSA OCEÂNICA (Ver APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) FÓSSIL (Ver COMBUSTÍVEL FÓSSIL) “foto-” Prefixo de origem grega relativo à luz. São muitas as denominações com este prefixo. Ex.: fotofílico (que se desenvolve bem em plena luz); fotofóbico (que não tolera luz); fotoplagiotropismo (que 117 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS se dirige à luz incidente em ângulo oblíquo); fotomicrografia (fotografia de material visto ao microscópio); fotolítico (que se desintegra sob ação da luz); fotolitotrófico (relativo a organismo que utiliza energia radiante e doadores de eletrons inorgânicos); fotoorganotrófico (relativo a organismo que utiliza energia radiante e doadores de eletrons orgânicos); fototropismo (que se movimenta ou se orienta para a luz (ver HELIOTROPISMO). Verbetes com este prefixo são vistos a seguir. FOTOAUTÓTROFO (Ver AUTÓTROFO) FOTOAUXÓTROFO (Ver AUTÓTROFO) FOTOPERÍODO Diz respeito ao período de luminosidade no dia. Germinação de sementes, comportamento de plantas (floração, frutificação) e algumas reações de animais, dependem do fotoperíodo. FOTORRESPIRAÇÃO Processo que ocorre nos vegetais superiores (em muitas plantas tropicais) em que a enzima ribulose difosfato (RuDP) carboxilase, na presença de O2 livre, cataliza uma reação onde há combinação do O2 com a RuDP, formando-se uma molécula de ácido fosfoglicérico (PGA), útil à planta e subprodutos, que no final se transformam em CO2. O nome fotorrespiração é porque a reação ocorre na presença da luz. Este processo ocorre freqüentemente em plantas C3. Nas plantas C4 há um bloqueio na ação dessa enzima, ocorrendo tal atividade na ausência de O2. FOTOSSÍNTESE Processo desenvolvido pelos vegetais clorofilados, em que a energia solar é fixada e transformada em energia química, sendo portanto a energia luminosa convertida a ATP e NADPH2. Esta energia é utilizada pelo vegetal na fixação do CO2 (ciclo de Calvin-Benson). A equação geral da fotossíntese é: energia 6CO2 + 12H2O C6H12O6 + 6H2O + 1/2O2↑ clorofila A energia e a clorofila são catalizadores que viabilizam a transformação dos compostos inorgânicos em carboidrato. O oxigênio, subproduto da fotossíntese, provém da cisão da molécula de água pela luz (ou fotólise). Na figura que segue vêem-se os raios mais absorvidos pela clorofila e que têm maior ação fotossintética: 7 Absorção 5 50 3 30 Taxa de fotossíntese, em unidades relativas 70 1 10 400 500 600 Comprimento de onda, nm 700 (Ver CICLO DE CALVIN-BENSON) FRÁGIL, DINAMICAMENTE (Ver ESTABILIDADE) FRAGILIDADE Alguns autores admitem o conceito de fragilidade, que seria a facilidade com que um ecossistema pode ser perturbado (ou degradado). Alguns apontam certas características ou circunstâncias que tornariam um ecossistema frágil: a) aquele ecossistema com grande parte de sua energia e nutrientes armazenados na biomassa; b) aquele estabelecido sobre solo instável; c) aquele limitado a uma ilha ou fragmento de ambiente. 118 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS (Ver ESTABILIDADE) FRAGMENTOS FLORESTAIS (Ver RELITO) FRANJA INFRALITORÂNEA (ou FRANJA DO INFRALITORAL) Refere-se tanto à subdivisão da zona do sublitoral marinho, geralmente considerada como a parte compreendida entre a profundidade da maré baixa até 100 m (habitada por algas “fotofílicas”), como também se refere à zona de profundidade de um lago, sendo permanentemente coberta por vegetação macroscópica enraizada, podendo ser subdividida numa zona superior (vegetação emergente), zona mediana (vegetação flutuante) e zona inferior (vegetação submersa). (Ver APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) FRASER-DARLING, EFEITO DE (ou EFEITO DE DARLING) O estímulo à ação de acasalamento (cruzamento) de um par (casal) de animais, pela presença e atividade de outros membros da espécie. FREÁTICO (Ver LENÇOL FREÁTICO) FREON (Ver CFC - CLOROFLUORCARBONO) FREÓFITA Termo pouco usado que indica planta cujo sistema radicular atinge e se beneficia do lençol freático. Um exemplo: Andira humilis planta caméfita (ver FORMAS DE VIDA DE RAUNKIAER), leguminosa de pequeno porte (“quase um subarbusto”), possui sistema radicular cuja raiz pivotante alcança os 18 m de profundidade. Na caatinga a baraúna (Schinopsis brasiliensis) tem sistema radicular que atinge o lençol freático cuja profundidade é de 20 m ou mais. FREQÜÊNCIA “Medida da chance” de se encontrar representante de determinada espécie numa certa área. A freqüência fornece informações sobre a uniformidade de distribuição, sem necessariamente indicar o número de indivíduos encontrados. Na aplicação do método dos quadrados a freqüência é dada por: F = nº de Q onde são encontrados Isp / no total de Q; onde: Q = quadrados e Isp = indivíduos de determinada espécie. A freqüência gênica diz respeito à proporção com que um determinado alelo de um gene, aparece no patrimônio genético de uma população. FREQÜÊNCIA RELATIVA Uma medida da ocorrência de uma espécie, calculada como a relação da freqüência de uma dada espécie para a soma dos valores de freqüência de todas as espécies presentes; sendo expressa usualmente por porcentagem. FUGITIVO (ou FUGITIVAS) (Ver ESTRATEGISTAS K e r) FUMAÇA (Ver PARTÍCULAS EM SUSPENSÃO NO AR) FUNÇÕES DE INCIDÊNCIA Estudando populações de pássaros que se estabelecem em ilhas do arquipélago de Bismarck, J.M.Diamond (em 1975) observou espécies “superitinerantes”, com altas taxas de dispersão porém pobres em termos de habilidade para co-existirem com outras espécies e espécies somente capazes de se estabelecerem em ilhas grandes co-existindo com muitas outras espécies. “FUNGI” (Ver REINO) FUNGICIDA Substância que elimina fungos. (Ver EFEITOS ANTIMICROBIANOS; e PESTICIDA) FUNGIOLÍTICO (Ver EFEITOS ANTIMICROBIANOS) FUNGISTASE (Ver ANTIBIOSE) FUNGISTÁTICO(A) (Ver ANTIBIOSE e EFEITOS ANTIMICROBIANOS) FUNGO Grupo de microrganismos que se constituem num dos cinco reinos dos seres vivos ou num dos três domínios dos microrganismos. (Ver BOLOR; COGUMELO; DOMÍNIOS DOS MICRORGANISMOS; e LEVEDURA) 119 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS FUNGO ECTENDOMICORRÍZICO (Ver ECTENDOMICORRIZA) FUNGO ECTOMICORRÍZICO (Ver ECTOMICORRIZA) FUNGO ENDOMICORRÍZICO (Ver ENDOMICORRIZA) FURACÃO (Ver CICLONE; e EFEITO BUMERANGUE) FUSTE Refere-se à toda a porção do tronco de uma árvore de onde não se originam ramificações ou galhos. Este termo é de uso mais comum na indústria madeireira. 120 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS G GA – GESTÃO AMBIENTAL Forma de controle, através de regulamentos, normatizações e medidas, visando administrar determinado ambiente, no benefício da manutenção de uma boa qualidade de vida. (Ver “ISO 14.000 − INTERNATIONAL STANDARDIZATION ORGANIZATION”) GAIA (Ver HIPÓTESE GAIA) “GAME THEORY” (= TEORIA DO JOGO) Literalmente, teoria do jogo. Trata-se de uma estratégia comportamental, em que numa disputa entre dois (ou mais) animais competidores, não existe uma estratégia definida por um dos competidores, mas que sua reação depende, estatisticamente, do comportamento a ser adotado pelo oponente. Se, por exemplo, uma aranha se depara com um contendor que se retira, este último terá como perda um custo pequeno (a conquista momentânea do território), mas se os contendores se enfrentarem, o custo poderá ser bem mais elevado (vencer ou perder; vida ou morte). (Ver JOGO DO FALCÃO-POMBO) GARGALO POPULACIONAL (Ver POPULAÇÃO EM GARGALO) GAUSE (Ver PRINCÍPIO DA EXCLUSÃO COMPETITIVA) GENERALISTAS (Ver ESTRATEGISTA C; e ESTRATEGISTAS K e r) GENÉTICA POPULACIONAL (ou GENÉTICA DE POPULAÇÕES) Parte da genética que estuda o compartimento gênico de uma população (ou de populações), investigando a freqüência de genes (e genótipos), procurando conhecer suas mudanças e se estão em equilíbrio ou em evolução. GENOMA e GENÔMICA Genoma refere-se ao conjunto mínimo de cromossomos não-homólogos encontrado numa célula e que lhe possibilite funcionar. Aplica-se também este termo para designar o conjunto básico (monoplóide) de uma determinada espécie; ou o número de cromossomos gaméticos (que é um número haplóide). A genômica é uma parte da biologia, mais especificamente da biologia ou genética molecular, que trata da localização cromossômica de todos os genes que constituem o genoma ou patrimônio genético de um organismo, procurando especificar precisamente a estrutura química de cada gene, que em última análise servirá para entender sua função no organismo. No caso, por exemplo, do Projeto Genoma Humano, este conhecimento será útil para se entender sobre a saúde e a doença do organismo humano. (Ver METAGENÔMICA, ANÁLISE) GENÓTIPO Patrimônio genético de um indivíduo, que determina suas características estruturais e funcionais. (Ver FENÓTIPO) GEOBIOCENOSE (Ver ECOSSISTEMA) GEOBIOCICLAGEM (Ver BIOGEOCICLAGEM) 121 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS GEOBIONTE Termo pouco usado, que se refere aos organismos que passam toda sua vida no solo, como muitos fungos, bactérias, protozoários, nematódeos e oligoquetas. GEODIATROPISMO (Ver DIAGEOTROPISMO) GEOMAGNETISMO Em termos ecológicos o geomagnetismo é um fenômeno atribuído à capacidade de que algumas espécies migratórias utilizam (algumas aves e baleias, por exemplo) para se deslocarem a grandes distâncias. (Ver MIGRAÇÃO) GEOPROCESSAMENTO e GEOPLANEJAMENTO Em estudos sobre avaliação de ambientes (com os mais diversos propósitos), o geoprocessamento é um conjunto de métodos e técnicas de processamento de dados referenciados espacialmente (ou dados georreferenciados) procurando revelar relacionamentos entre os componentes estruturais da Natureza, classificando-os, e acompanhar e avaliar a dinâmica dos componentes territoriais, no tempo e no espaço. O geoplanejamento sucede o geoprocessamento, utilizando as informações por este geradas, visando ao conhecimento integrado de um território, subsidiando a elaboração de plano de ação para uma utilização racional dos recursos naturais, respeitando a manutenção de uma boa qualidade de vida ambiental. GEOSMINA Substância produzida por estreptomicetos (gênero Streptomyces, de actinomiceto, uma bactéria filamentosa) que é responsável pelo odor típico de “terra molhada”. GERMOPLASMA (Ver BANCO DE GERMOPLASMA) GESTÃO AMBIENTAL (Ver GA − GESTÃO AMBIENTAL) GINODIOÉCIA Alguns autores usam este termo para indicar a coexistência de hermafroditas e fêmeas na mesma população. Ocorre em plantas hermafroditas onde genes conduzem à esterilização masculina, ficando o sexo feminino ativo. Em muitos destes casos tais genes são transmitidos como herança citoplasmática, através do óvulo. (Ver DIÓICA; MONÓICA; e TRIÓICA) GLEBA São muitos os significados atribuídos a uma certa porção de terra como gleba. Eis alguns: terreno apropriado para cultivo; terra plantada, lavoura, plantação; terreno que contém minério; em zona urbana, terra não-urbanizada; terra em que se nasce (pátria); etc. GLEISSOLOS (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) GLICOSÍDEOS (Ver DEFESA QUÍMICA) GLOGER (Ver REGRAS ECOGEOGRÁFICAS) GONDWANA (Ver PANGÉIA (ou PANGAEA); e REGIÕES ZOOGEOGRÁFICAS) “GPS – GLOBAL POSITIONING SYSTEM” Também conhecido como “NAVSTAR - navigation system using time and ranging”, é um sistema global de navegação de satélites, dos E.U.A., desenvolvido para fornecer dados precisos de posicionamento e velocidade, assim como de sincronização de tempo global para viagens no ar, no mar e na terra. GRADIENTE Refere-se a diversos aspectos ou fatores, tais como à taxa de mudança de uma variável com a distância; um aumento ou diminuição regular de um fator, como por exemplo a temperatura; e a um gradiente de um caráter. (Ver “-clino” e “-clina”) GRAU DE ACUMULAÇÃO (ou ACUMULAÇÃO) É uma medição da concentração biológica de metais pesados ou de minerais, em plantas, dada como uma “relação da concentração em plantas nos solos contaminados para a concentração em plantas nos solos ditos normais”, expressa em porcentagem. 122 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS GRAU DE FIDELIDADE (ou FIDELIDADE) Em fitossociologia é um termo usado para designar numa comunidade ou associação, o grau de restrição de uma espécie vegetal a uma situação particular. Usa-se uma escala para estimar o grau de fidelidade de uma planta: (5) exclusiva; (4) seletiva; (3) preferencial; (2) indiferente; (1) estranha. GRUMO (DO SOLO) Agregação de partículas do solo (parte mineral: areia, silte e argila) com a participação de partículas orgânicas (colóides), microrganismos e água. A figura seguinte ilustra tal arranjo (LYNCH, 1983): bactéria areia hifa argila silte - Mn+ - - - íon de metal - matéria orgânica Obs.: 1) As hifas dos fungos circundam o conjunto de partículas, microrganismos, colóides, íons metálicos e água. 2) As bactérias, juntamente com as partículas menores (colóides e argila), participam da cimentação do grumo. 3) Tanto as bactérias quanto as partículas de argila têm eletronegatividade, o que faz com que se liguem facilmente aos íons metálicos positivos. GRUPO, SELEÇÃO POR (Ver SELEÇÃO POR GRUPO) GUANO Depósitos de dejetos provenientes de aves que vivem na costa do Peru e que se constituem em significante compartimento de fósforo (8 a 12% de ácido fosfórico) e nitrogênio (11 a 16%); sendo assim, muito importante na ciclagem destes elementos. “GUILD” Termo sem equivalente preciso em português (talvez “guilda”, mas sem significado preciso na nossa língua) significa em ecologia, a exploração de recursos de um ambiente por um grupo de espécies que não têm semelhança aparente entre si. Fala-se então, por exemplo, que na Austrália o cangurú e o carneiro são do mesmo “guild”. Já o coelho e uma espécie que a ele se assemelha (o “bandicoot”, um mamífero marsupial, Perameles nasuta) pertencem a “guilds” diferentes. “GUSANO” (Ver TEREDO) “GYTTJA” “GYTTJA” = SAPROPEL (Ver “DY”) 123 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 124 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS H “HAB – HARMFUL ALGAL BLOOM” (Ver “BLOOM”) HABITAT HABITAT = BIOTOPO = ECOTOPO Refere-se a um determinado espaço ou ambiente onde os fatores físicos e biológicos se interagem, formando condições mínimas para a manutenção de um ou de muitos organismos. Este termo é utilizado tanto de maneira restrita (o habitat de um organismo) como de maneira muito ampla (o habitat de floresta). HABITAT URBANO (Ver “poleo-”) HADAL (Ver ZONA HADOPELÁGICA) HADOPELÁGICO(A) (Ver ZONA HADOPELÁGICA) “halo-” / “hali-” Prefixo de origem grega, relativo a sal e salgado. Ex.: halófita (planta que vive em habitat salino); halofreatófita (planta que usa água de solo salino); halolímnico (organismo vivendo em água doce, mas com afinidade por habitat marinho); halobionte / halobiôntico (organismo que vive em habitat salino). Alguns verbetes seguem, com este prefixo. HALOBIÓTICO Organismo que vive no mar. HALOCARBONOS Qualquer composto no qual o hidrogênio de um hidrocarbono é substituído por halogênios, totalmente ou em parte. (Ver HIDROCARBONOS BROMADOS) HALONS (Ver HIDROCARBONOS BROMADOS) HALOPLÂNCTON Plâncton marinho. (Ver APÊNDICE V − PLÂNCTON: TIPOS E CATEGORIAS DE TAMANHO) HALOSERE Diz-se da sere cuja vegetação se desenvolve em charco (ou brejo) salino. (Ver HIDROSERE) HANSON (Ver ESCALA DE ABUNDÂNCIA DE HANSON) “haplo-” Prefixo de origem grega significando “simples; único”. Ex.: haplofase (fase do ciclo de vida de um organismo em que os núcleos são haplóides; ao organismo que assim se caracteriza dá-se a denominação de haplobionte; em oposição, ao organismo que exibe alternância de diplóide e haplóide dáse o nome de diplobionte); haplobionte é também o nome que se dá à planta que floresce uma vez por estação e diplobionte àquela que floresce duas vezes na mesma estação. HARDIN, GARRETT (Ver CAPACIDADE DE SUPORTE (e CAPACIDADE DE SUPORTE CULTURAL)) 125 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS HARDY-WEINBERG, EQUILÍBRIO DE e LEI DE Também conhecido como equilíbrio genético; refere-se à manutenção mais ou menos constante da freqüência de alelos numa população através de gerações sucessivas. A lei de Hardy-Weinberg diz que as freqüências tenderão a permanecer constantes de geração para geração e que os genótipos alcançarão uma freqüência de equilíbrio numa geração de acasalamento aleatório e assim manterá tal freqüência, demonstrando assim que a meiose e a recombinação não alterarão as freqüências dos genes. HATCH-SLACK, CICLO DE CICLO DE HATCH-SLACK = CICLO DE HATCH-SLACK-KORTSCHAK No processo fotossintético atribui-se esta denominação à fase de fixação do CO2 em que este gás ao penetrar nas células do mesófilo, combina-se logo com o fosfoenolpiruvato (“PEP − phosphoenolpiruvate”, em inglês), formando duas moléculas de oxaloacetato, cada uma com quatro átomos de carbono. As plantas com este ciclo são conhecidas como C4, sendo consideradas muito produtivas. Acredita-se que sejam umas 2.000 angiospermas pertencentes a 18 famílias, além de uma cianobactéria (Anacystis nidulans). Há muitas espécies anuais, monocotiledôneas, como cana-de-açúcar, milho, milheto e várias gramíneas (Poaceae) que são C4. Há também plantas C4 das famílias Cyperaceae, Portulaceae, Amaranthaceae, Chenopodiaceae e Euphorbiaceae. HCFCs – hidroclorofluorcarbonos (Ver CFC – CLOROFLUORCARBONO (ou CARBONO FLUORCLORADO)) “heli-” Prefixo de origem grega significando “sol”. Ex.: heliófita (planta que vive melhor ao sol, sendo por isso também chamada de planta de sol); heliófilo (que se desenvolve bem em condições de alta luminosidade, como é o caso da planta pioneira embaúba, do gên. Cecropia; este termo opõe-se a ciófilo); heliotropismo (que se movimenta ou se orienta para a luz do sol, como a planta girassol, Helianthus annuus); heliófugo (com tendência a afastar-se ou fugir do sol); heliófobo (que tem aversão ou teme a luz). (Ver CIÓFITO(A) / CIÓFILO(A); e PLANTA DE SOL) “helo-” Prefixo de origem grega que se refere a “brejo; pântano; charco, paul”. Ex.: helóbio (que vive em tais ambientes). Aos grandes ecossistemas caracterizados por tais condições ambientais, alguns autores dão o nome de helobiomas. “hemi-” Prefixo de origem grega significando “metade”. Ex.: hemiparasita (termo geralmente aplicado à planta que parasita parcialmente seu hospedeiro, tirando-lhe água e sais minerais mas não seus produtos metabolizados); hemisaprófita (um organismo saprófita facultativo, sendo alternativamente ou parasita ou autotrófico) hemiautófita (planta parasita que é capaz de fotossintetizar);; hemibiotrófico (fungo que depende de um hospedeiro vivo durante parte do seu ciclo vital). Seguem-se alguns verbetes com este prefixo. HEMICELULOSE Considerada como o segundo maior componente dos vegetais, é um polissacarídeo com estrutura molecular diferente da celulose. É constituído por arranjos de pentoses (como a xilose e a arabinose), hexoses (como a manose, glicose e galactose) e, freqüentemente, ácidos urônicos. Entre as hemiceluloses citam-se as xilanas, mananas e galactanas. HEMIMETABÓLICO (ou HEMIMETÁBOLO) HEMIMETÁBOLO = PAUROMETÁBOLO Diz-se do inseto sem metamorfose completa no seu desenvolvimento, mas que tem forma, ao sair do ovo (chamada ninfa), muito semelhante a de adulto. (Ver AMETABÓLICO) HEMIPARASITA Designação dada à planta que vive sobre outra (como epífita) sugando-lhe apenas a seiva bruta. A erva-de-passarinho é um hemiparasita. (Ver HOLOPARASITA) HERBICIDA Substância que elimina plantas “invasoras de cultivos” (termo preferido pelos ecólogos) ou “ervas daninhas” (termo preferido pelos agrônomos). Entre vários herbicidas podem ser citados: nitroanilinas, carbamatos, tiocarbamatos, triazinas, bipiridiliuns, glifosato... . Há herbicidas seletivos e herbicidas não-seletivos; estes últimos matam todas as plantas com as quais entrem em contato. (Ver PESTICIDA) HERBÍVORO (Ver CADEIA ALIMENTAR) 126 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS “hetero-” Prefixo de origem grega que significa “diferente; outro”. Seguem-se alguns termos com este prefixo. HETEROCISTO Células de paredes espessas, pobres em pigmentos fotossintetizantes, com importante papel de fixadoras de nitrogênio nas cianofíceas (gêneros Nostoc, Anabaena e outras). A cianofícea Anabaena azollae, por exemplo, vive em simbiose com a macrófita aquática do gênero Azolla fornecendo-lhe nitrogênio e recebendo nutrientes e proteção desta planta aquática. HETEROÉCIO (Ver “-écio”) HETEROESPECÍFICO (Ver CO-ESPECÍFICO) HETEROMETABÓLICO Diz-se do inseto que tem metamorfose incompleta, sem o estádio de pupa. HETEROSFERA (Ver ATMOSFERA) HETEROTERMIA (Ver ECTOTERMIA) HETERÓTROFO HETERÓTROFO = ORGANÓTROFO Organismo que obtém energia de compostos orgânicos, constituintes celulares e portanto, sintetizados por outros organismos. (Ver AUTÓTROFO; e QUIMIÓTROFO) HETERÓTROFO-LITÓTROFO (Ver MIXÓTROFO) HETEROXÊNICO (Ver “pleo-”) HETEROZIGOSIDADE Significa a expressão de um caráter a partir de um par de genes com alelos que determinam manifestações diferentes. Assim, uma característica que tenha o genótipo Aa, o alelo dominante (e respectiva característica) é o gene A, que se expressará no indivíduo. Em termos ecológicos, a heterozigosidade (em oposição à homozigosidade) gera maior variabilidade genética. (Ver HOMOZIGOSIDADE; e ESPÉCIE EM VIA DE EXTINÇÃO) HEXACLORETO DE BENZENO (Ver ORGANOCLORADO) HIBERNAÇÃO HIBERNAÇÃO = ESTIVAÇÃO Período de dormência, também chamado de latente ou quiescente (baixa atividade metabólica) de certos animais, durante o inverno (estação fria). “hidro-” Prefixo de origem grega significando “água”. (Ver “higro-”) HIDROBIOLOGIA Biologia dos organismos aquáticos. HIDROCARBONETO CLORADO (Ver ORGANOCLORADO) HIDROCARBONOS BROMADOS São assim denominados os diversos tipos ou grupos de compostos que contêm bromo (Br), como os halons e os HBFCs − hidrobromofluorcarbonos (ambos utilizados em extintores de incêndio) e o brometo de metila (um fumigante muito usado na agricultura). Esses compostos são considerados como destruidores da camada de ozônio, sendo os halons, por exemplo, de poder destruidor de 3 a 10 vezes superior ao dos CFCs. Os gases propano e butano, que também podem ser usados em aerossóis, refrigeração, fabricação de espumas e como agentes de limpeza, são conhecidos como hidrocarbonos. Aos compostos que contêm um ou mais halogênios ligado(s) ao carbono, dá-se o nome de halocarbonos. HIDROCORIA (Ver “-coria”) HIDROFILIA (Ver “-filia”) 127 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS HIDRÓFITA Planta que vive num solo deficiente de oxigênio, pelo menos periodicamente, como resultado do conteúdo excessivo de água. HIDROGENASE Enzima que, no processo de fixação do N2 atmosférico pelas bactérias (Rhizobium sp, por exemplo), tem o papel fundamental de absorver H2 e usá-lo como redutor para fixar o nitrogênio. Há linhagens de Rhizobium, no entanto, que não possuem hidrogenase. Aquelas que a possuem têm maior eficiência na absorção de nitrogênio para a planta simbionte. HIDROSERE HIDROSERE = SUCESSÃO HIDRARCA Diz-se da sere cuja sucessão se inicia em qualquer ambiente aquático (lago, charco, pântano...). HIDROSFERA Toda a “camada de água” da crosta do planeta Terra (corpos de água na superfície da Terra). HIDROTERMAL Refere-se este termo geralmente, a uma passagem ou corrente de água de profundidade oceânica, sendo alguns locais ricos em enxofre, e que provém de fonte geotérmica. Estabelecem-se em tais passagens hidrotermais, comunidades marinhas ricas, por vezes de grandes dimensões, como bivalvos gigantes de concha branca, pogonóforos (vermes marinhos do fundo do oceano, do filo Pogonophora), crustáceos, anelídeos e peixes; todos se beneficiando da riqueza nutricional de origem geotérmica, uma vez que a fotossíntese não ocorre nesses locais. Neste ambiente rico em H2S, prolifera em abundância “bactérias sulfurosas”, que realizando a quimioautotrofia, constituem-se na base da cadeia alimentar dessas comunidades. Elas reduzem o SO4 a H2S. Pesquisas feitas nas costas do Peru e Chile revelaram a existência de bactéria branca, do enxofre (Thioploca), localizadas entre 40 e 280 m de profundidade, que re-oxidam o enxofre reduzido de volta para sulfato, usando nitrato (NO3-). HIERARQUIA DE DOMINÂNCIA (Ver BICADA, ORDEM DE (ou DOMINÂNCIA DE)) HIFA Filamento celular, típico de fungos e actinomicetos (bactérias filamentosas). Os filamentos constituem o micélio dos fungos. “higro-” Prefixo de origem grega significando “úmido; molhado; encharcado”. (Ver “hidro-”) HIGRÓFITA Vegetal terrestre, que prefere viver em ambientes úmidos. “hiper-” e “hipo-” Prefixos de origem grega. Hiper significando “mais do que (efeito ou quantidade); acima de; posição mais elevada”; e hipo significando “sob ou posição abaixo; menos do que (efeito ou quantidade)”. Seguem-se vários termos com estes prefixos. HIPERHALINO Quando aplicado para os ecossistemas aquáticos, este termo indica água muito salgada (200 g de sais por litro), como a do mar Morto (Israel/Jordânia) e a do lago salgado de Utah (EUA). (Ver “halo-”) HIPERPARASITA HIPERPARASITA = AUTOPARASITA Parasita que vive no interior de um animal (ou sobre ele), que por sua vez é também um parasita. Um bacteriófago é um hiperparasita. HIPOLIMNIO Camada (ou zona) de profundidade aquática com temperatura relativamente estável, geralmente com água não-circulante fria, estendendo-se para o fundo, em seguimento ao metalimnio. Ver figura no verbete EUTRÓFICO. (Ver EPILIMNIO; e METALIMNIO) HIPONEUSTON (Ver NEUSTON) HIPÓTESE (Ver CONJETURA, HIPÓTESE, LEI e TEORIA) HIPÓTESE ALTERNATIVA (Ver HIPÓTESE NULA) 128 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS HIPÓTESE DO COMPORTAMENTO POLIMÓRFICO (ou HIPÓTESE DO POLIMORFISMO COMPORTAMENTAL GENÉTICO) Hipótese que diz respeito à auto-regulação de uma população fundamentada no fato de que indivíduos são (geneticamente) ou agressivos natos ou capazes de alto rendimento reprodutivo (alto “fitness”). E em assim sendo, em baixa densidade populacional, a seleção natural favorece as espécies do segundo tipo; em alta densidade, indivíduos genotipicamente agressivos são favorecidos de maneira que, aqueles indivíduos com alto potencial reprodutivo são forçados a dispersar-se, levando ao declínio da densidade populacional. HIPÓTESE DO DISTÚRBIO INTERMEDIÁRIO, DE CONNELL J.H. Connell propôs que a mais alta diversidade é mantida em níveis intermediários de distúrbio. A diversidade como resultado de distúrbios aumenta, em função do tempo disponível para a invasão de novas espécies. Em outras palavras, para que uma clareira se recupere faz-se necessário um intervalo de tempo longo entre os distúrbios. A figura que segue ilustra o andamento hipotético de ocupação de uma clareira ao longo do tempo (segundo BEGON et al., 1990): P P P1 m4 m3 m2 P4 P3 m5 m1 P2 c1 m1 c c3 c m2 P c3 c1 c4 c3 P c c1 Obs.: a) a diversidade começa baixa, com apenas algumas plantas pioneiras (P); b) em seguida vão aparecendo outras plantas, da situação mediana da sucessão (m), alcançando um máximo de diversidade (círculo inferior à esquerda); c) e finalmente a sucessão atinge o máximo desenvolvimento, onde as plantas do clímax (c) determinam uma queda na diversidade pela exclusão competitiva. (Ver CLAREIRA (e DINÂMICA DE CLAREIRA)) HIPÓTESE DO PADRÃO DE CLÍMAX (Ver TEORIAS MONO E POLICLÍMAX) HIPÓTESE GAIA James Lovelock químico e inventor inglês, juntamente com a bióloga norteamericana Lynn Margulis sugeriram este termo “Gaia” (ou Gea, literalmente significando “deusa da Terra”, em grego) para enfatizar a forte influência biológica na formação da atmosfera terrestre. Exemplo: a amônia produzida pelos microrganismos mantém, nos solos e sedimentos, um pH favorável a uma ampla diversidade de vida. Entretanto, a hipótese Gaia carece de avaliação quantitativa e de maneira científica de ser testada. Independentemente da validade da idéia de que a vida controla seu ambiente em seu próprio benefício, o reconhecimento de que os componentes físicos, químicos e biológicos da Terra interagem e alteram mutuamente seu destino coletivo (seja por acaso ou por desígnio de “alguém muito superior”), é uma verdade hoje cientificamente comprovada, numa visão profunda do nosso sistema. Segundo E. P.Odum, os organismos, principalmente os microrganismos, evoluíram junto com o ambiente físico, formando um sistema complexo de controle, o qual mantém favoráveis à vida as condições da Terra. HIPÓTESE NULA Em estatística refere-se à hipótese de que não existe diferença real ou associação entre duas populações; ou seja, uma diferença observada é devida somente ao acaso. Se o cálculo de probabilidade 129 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS de uma diferença observada é igual ou menor do que um nível de significância escolhido, a hipótese nula (H0) é rejeitada em favor da hipótese alternativa e assim, a diferença é considerada como significativa. HISTÓRIA DE VIDA (ou HISTÓRIA VITAL) (Ver TABELA DE VIDA (ou TABELA VITAL)) HOLISMO (ou HOLÍSTICO) Na teoria filosófica aplicada às ciências ambientais, o holismo considera de maneira abrangente todos os organismos (inclusive o homem) interagindo como um “todo”, sob leis físicas e biológicas bem definidas. Nas ciências humanas, como por exemplo na psicobiologia, o holismo, com relação a alguns sistemas, sustenta que o “todo tem algumas propriedades de que as partes carecem”. Segundo esta teoria, o “todo” não pode ser analisado pela soma de suas partes, sem deixar resíduos. Com relação à comunidade, alguns consideram-na como um superorganismo (“concepção holística”), ao passo que outros admitem que a comunidade apenas reflete as interações de cada espécie (“concepção individualística”), não expressando qualquer tipo de organização. (Ver REDUCIONISMO; e SUPERORGANISMO) “holo-” Prefixo de origem grega significando “inteiro; completo”. São muitos os termos científicos e técnicos, em que se utiliza este prefixo. A seguir são vistos alguns. HOLOBÊNTICO Organismo que vive no bentos (nas profundezas do mar) em todos os estádios do seu ciclo de vida. HOLOCENOSE Sistema formado pela reunião de uma biocenose (comunidade) e seu biotopo (habitat). HOLOFÍTICO(A) (ou HOLOTRÓFICO(A)) Organismo vegetal (planta) que transforma nutrientes inorgânicos em compostos orgânicos pela fotossíntese e assim, não é parasita nem saprofítico(a). O termo holotrófico é usado por alguns autores ao se referirem a um predador que utiliza sempre a mesma espécie de presa. (Ver AUTÓTROFO) HOLOMETABÓLICO (ou HOLOMETÁBOLO) Diz-se do inseto que apresenta metamorfose completa, passando pelos estádios de ovo, larva, pupa e imago ou adulto (ex.: borboleta). (Ver AMETABÓLICO; e HEMIMETABÓLICO) HOLOMÍTICOS, LAGOS Os lagos ditos holomíticos são aqueles cuja circulação atinge toda a coluna d’água. Subdividemse em: 1) Dimíticos: com duas circulações ao ano; outono e primavera; são de clima temperado (Europa, América do Norte, Japão). 2) Monomíticos: uma circulação ao ano; há os de clima quente e os de clima frio. 3) Oligomíticos: com pouca circulação; profundos, com queda de temperatura à noite. 4) Polimíticos: normalmente raros, com circulações freqüentes (ex.: grande parte dos lagos amazônicos e maioria das lagoas costeiras de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul). (Ver MEROMÍTICOS, LAGOS) HOLOPARASITA Parasita total. Planta que, carecendo de clorofila efetiva e necessária à fotossíntese, suga a seiva elaborada de outra planta, matando-a. O cipó-chumbo é um holoparasita. (Ver HEMIPARASITA) HOLOPLANCTÔNICO Organismo que vive todos os estádios de seu ciclo vital no plâncton, como flutuantes. HOLOSAPRÓFITA(O) (ou HOLOSAPROFÍTICO(A)) Organismo, vegetal, saprófito (ou saprofítico) obrigatório. É comum também a grafia com dois “ss”: holossaprófita. (Ver DECOMPOSITOR) HOLOTRÓFICO(A) (ou HOLOFÍTICO(A)) (Ver HOLOFÍTICO(A) ou HOLOTRÓFICO(A)) “homeo-” / “homo-” Prefixo de origem grega significando “similar; o mesmo” (não confundir com a palavra homo de origem latina e que se refere a “homem; ser humano”). Muitos termos científicos e técnicos utilizam a forma “homeo-”. Alguns termos com esse prefixo de origem grega são vistos a seguir. HOMEÓCRONO (ou HOMÓCRONO) Que ocorre ao mesmo tempo ou idade em gerações sucessivas. 130 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS HOMEOTERMIA (Ver ENDOTERMIA) HOMEOSTASE Tendência dos sistemas ecológicos para resistirem a mudanças e permanecerem em estado de equilíbrio (dinâmico). HOMOÉCIO Diz-se do parasita que ocupa o mesmo hospedeiro durante todo o seu ciclo de vida. É um parasita com hospedeiro específico. HOMÓLOGOS (Ver ESTRUTURAS ANÁLOGAS e ESTRUTURAS HOMÓLOGAS) HOMOSFERA (Ver ATMOSFERA) HOMOTERMIA (Ver ENDOTERMIA) HOMOZIGOSIDADE Significa a expressão de um caráter a partir de um par de genes formado por alelos idênticos. Em termos ecológicos, a homozigosidade é uma tendência dos indivíduos, em pequenas populações, de se cruzarem uns com os outros, gerando reduzida variabilidade genética (baixa freqüência de genes). (Ver HETEROZIGOSIDADE; e ESPÉCIE EM VIA DE EXTINÇÃO) HORIZONTE (DO SOLO) Camada do solo que se distingue por sua composição química, estrutura das partículas componentes, textura, cor e outras características físicas. (Ver PERFIL DO SOLO) HORMÔNIO AMBIENTAL (Ver ECTOCRINO) “HORN” (Ver MATRIZ DE HORN) HORTO FLORESTAL Área pertencente ao Poder Público, destinada a: propagar os conhecimentos relativos à silvicultura, mediante investigações e demonstrações práticas; organizar instruções sobre plantio, replantio e tratos culturais mais adequados a cada essência florestal e a cada região; estudar as essências nativas, manter sementeiras e fornecer mudas (criado pelo Decreto Federal nº 4.439, de 26/07/39). “HOT SPOT” Literalmente significa, em inglês, “uma mancha (lugar, ponto, local) que é quente”. São muito diversos o uso desta expressão em ciência e tecnologia. Em biologia molecular, por exemplo, o “hot spot” é uma região de um polinucleotídeo que sofre uma alta freqüência de mutação ou transposição. Em ciências ambientais usa-se esta expressão quando se deseja se referir a uma área ou situação (ou condição) que se apresenta com determinadas características “acentuadas ou elevadas”, de maneira que as façam distintas das demais, similares. Fala-se então, por exemplo, em: “hot spot” biogeoquímico (locais onde processos biogeoquímicos, com taxas de armazenamento e biogeociclagem, ocorrem de modo mais acentuado do que em outras áreas similares); “hot spot” de espécies em risco de extinção (áreas em condição tal que certas espécies que ali vivem estão em situação mais de risco do que a de outras áreas). HUBBEL (Ver TEORIA NEUTRA UNIFICADA (ou TEORIA DE HUBBEL)) HUMBOLDT, CORRENTE DE (ou CORRENTE DO PERU) Corrente do sudeste do oceano Pacífico, com aproximadamente 900 km de largura, conduzindo água fria proveniente da Antártica, provocando “fog” (nevoeiro) nas costas do Chile, Peru e Equador) gerando aridez, exceto durante o fenômeno “El Niño”. O fenômeno de ressurgência (combinação dos efeitos de ventos de superfície e rotação da Terra) conduz grande quantidade de nutrientes das profundidades para próximo da superfície do mar, proporcionando grande riqueza planctônica nas águas das costas desses países, tornando-os grandes produtores mundiais de peixes, como a enchova e o atum. Aves piscívoras (alimentando-se das enchovas) produzem o guano, fezes ricas em fósforo e nitrogênio. (Ver RESSURGÊNCIA) HUMIFICAÇÃO Transformação de matéria orgânica morta em humus (ou humo). HUMO (Ver HUMUS) HUMUS (ou HUMO) Mistura de matéria orgânica parcialmente decomposta, células microbianas e partículas de solo, que se forma nas camadas superiores do solo. O humus é um colóide orgânico, amorfo, praticamente 131 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS insolúvel em água, de coloração escura (marrom ou preta). Considera-se o humus ser constituído, por critério de solubilidade, em três componentes: ácidos fúlvico e húmico, e humina. Os dois primeiros se solubilizam em solução diluída de hidróxido de sódio (NaOH), sendo que o ácido húmico se precipitará se a solução for acidificada; e a humina é insolúvel nessa solução de NaOH. Ele é rico em carbono (50%), nitrogênio (5%) e menores quantidades de oxigênio, enxofre, fósforo e outros elementos. Sua alta CTC (capacidade de troca catiônica) supera a dos colóides da argila, sendo portanto, de grande importância para manter a fertilidade e produtividade do solo. Um esquema representativo do colóide humus-argila é apresentado a seguir (COLINVAUX, 1986): Ca Mg Ca Ca Humus-argila (carga negat.) Ca NH4 Mg H H NH4 K K Mg Mg H Íons monovalentes: H, K e NH4. Íons divalentes: Ca e Mg. Obs.: 1) O complexo humus-argila (carga negativa) atrai os íons positivos da solução do solo. 2) Em solos ácidos (pH baixo) os prótons (H+) neutralizam a carga, que poderá ser reestabelecida pela ação dos cátions. 3) Íons divalentes (Ca++ e Mg++) ligam-se fortemente, aumentando assim a retenção de nutrientes no complexo humus-argila. HUTCHINSON (Ver NICHO ECOLÓGICO) 132 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS I “IAPT – INTERNATIONAL ASSOCIATION OF PLANT TAXONOMY” Associação Internacional de Taxonomia de Plantas. IBAMA − INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVES A Lei nº 7.735, de 22/02/89 extinguiu a SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente, a SUDEPE - Superintendência do Desenvolvimento da Pesca e criou o IBAMA. A Lei nº 7.732, de 14/02/89, extinguiu o IBDF - Instituto Brasileiro do Desenvolvimento Florestal. O IBAMA, com sede principal em Brasília, é uma entidade autárquica, de regime especial, com a finalidade de formular, coordenar, executar e fazer executar a política nacional do meio ambiente e da preservação, conservação e uso racional, fiscalização, controle e fomento dos recursos naturais renováveis. Está ligado ao MMA - Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal. IBDF (Ver IBAMA) IBGE − FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA Órgão subordinado à Secretaria de Planejamento, Orçamento e Coordenação da Presidência da República (com sede principal no Rio de Janeiro), fundado em 19 de março de 1953, que coordena o SEN - Sistema Estatístico Nacional, executando o PGIEG - Plano Geral de Informações Estatísticas e Geográficas, visando: obter informações de natureza estatística (demográfica, social e econômica), geográfica, cartográfica, geodésica e ambiental, estabelecidas como necessárias ao conhecimento da realidade física, humana, social, econômica e territorial do Brasil. Vem publicando desde 1940 o Anuário Estatístico do Brasil, com tabelas, mapas e textos, dando-nos uma visão geral do país, contendo informações do IBGE e de outras entidades que integram o SEN. “IBP − INTERNATIONAL BIOLOGICAL PROGRAMME” Programa Internacional de Biologia, cujo objetivo principal é o estudo da base biológica da produtividade e o bem-estar humano. A investigação prioritária, dominante, tem sido a ecologia energética, tendo os estudos se dirigido especialmente para as produtividades terrestres e aquáticas, indo da tundra ártica, florestas tropicais e desertos, aos sistemas de pastejo, áreas cultivadas, produção de madeira e pesca. (Ver “IGBP”) IDER − INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E ENERGIAS RENOVÁVEIS (Ver TECNOLOGIA ALTERNATIVA) 133 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS IGAPÓ Floresta inundável da amazônia. A água é permanente; no igapó do rio Negro por exemplo, ela é ácida, talvez sendo por isto que ali quase não se encontram caramujos e mexilhões, faltando também calcário (importante para a formação das conchas). O solo do igapó é arenoso e sua água rica em ácidos húmicos. São freqüentes os arbustos, cipós, plantas aquáticas, epífitas e musgos. As árvores são adaptadas morfológica e fisiológicamente às inundações, tendo raízes respiratórias e sapopembas (ou sapopemas). A diversidade de espécies vegetais é considerada intermediária entre a da várzea e a da terra firme, com média de 130 espécies arbóreas por hectare. A foto acima mostra igapó típico da amazônia (foto do site www.wikepedia.com). (Ver IGARAPÉ) IGARAPÉ Córregos e pequenos rios amazônicos formados em decorrência da alta taxa de precipitação pluviométrica naquela região. Igarapé é termo indígena que significa “caminho de canoa”. São considerados cursos d’água de primeira ou segunda ordem, braços estreitos de rios ou canais, com pouca profundidade, adentrando a mata, consituindo-se em importante via de deslocamento de pessoas e material. A foto ao lado mostra um igarapé do Amazonas, segundo o site www.wikipedia.org. (Ver IGAPÓ) “IGBP− INTERNATIONAL GEOSPHERE BIOSPHERE PROGRAMME” Programa Internacional da Geosfera e da Biosfera, cuja finalidade é descrever e entender os processos físicos interativos que regulam o sistema da Terra como um todo, o ambiente único que possibilita a vida, as mudanças que estão ocorrendo neste sistema e a maneira pela qual tais processos são influenciados pelo homem. (Ver “IBP”) ÍGNEAS (ou MAGMÁTICAS), ROCHAS (Ver ROCHAS) IGUALDADE POR DESCENDÊNCIA Este termo provém do inglês “identity by descent” e poderia ser traduzido como igualdade por descendênica, referindo-se à probabilidade de que parentes próximos têm de herdar cópias do mesmo gene, proveniente de um determinado ancestral. A essa probabilidade, dá-se também o nome de coeficiente de relação; por exemplo, dois irmãos têm a probabilidade de 50% de herdarem cópias do mesmo gene de um dos pais; e dois primos têm a probabilidade de 1 em 8 (ou 12,5%) de herdarem cópias do mesmo gene de um dos avós, que são seus ancestrais mais próximos. “ILHAS DE CALOR” Nos centros urbanos, principalmente em ruas asfaltadas, por vezes estreitas, onde existam muitos edifìcios acima de três andares (superior a 12 m de altura), a água da chuva que ali cair é conduzida muito rapidamente para as galerias pluviais, sem evaporar lentamente (como num solo com vegetação) e portanto, sem “roubar calor do ambiente”. Além disso, os edifícios formam barreira ao vento e aumentam a radiação infravermelha (responsável pela elevação da temperatura); e os poluentes não se dispersam com facilidade. Ver figura: 134 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Radiação refletida Radiação incidente Radiação incidente Obs.: radiação forte (calor intenso) poluentes Radiação refletida radiação fraca (menos calor) Observe-se na figura acima que os raios solares incidentes na rua com adensamento de edifícios altos, refletem-se nos prédios e o próprio calor do asfalto (e dos motores de veículos que ali transitem) emitem radiação infravermelha para o alto. Uma rua ampla, arborizada e ventilada, em contraste, permeia a dispersão do calor e dos poluentes, com grande eficiência. É importante ainda considerar que, em termos de “conforto ambiental e qualidade de vida”, o local representado pela rua com edifícios, causa incômodos e malefícios à saúde das pessoas, principalmente nos “extremos etários”, ou seja, das crianças e dos idosos. ILUMINÂNCIA Ou iluminamento, refere-se a um fluxo luminoso por unidade de área, incidindo perpendicularmente sobre a superfície. ILUVIAÇÃO Em pedologia, refere-se à compactação da camada inferior de um solo (horizonte B), resultante de deslocamento de material que provém da camada imediatamente superior (horizonte A). (Ver ELUVIAÇÃO) IMAGO Fase adulta ou estádio reprodutor de um inseto. (Ver HOLOMETABÓLICO (ou HOLOMETÁBOLO)) IMIGRAÇÃO (Ver DISPERSÃO DA POPULAÇÃO) IMOBILIZAÇÃO Conversão de um elemento (nutrientes) inorgânico em complexo orgânico, como resultado da assimilação desse elemento pelas células microbianas (do solo ou da água) e sua incorporação no protoplasma. Esta é uma fase importante da biogeociclagem, em que determinado elemento químico fica imobilizado e ainda não disponível para os produtores. (Ver MINERALIZAÇÃO) IMPACTO AMBIENTAL Refere-se, genericamente, à ação induzida pelo homem e seu efeito sobre os ecossistemas, ou ainda seu efeito e significância para a sociedade humana. “Ação, efeito e singnificância” são três conceitos distintos em avaliação de impacto, sendo preferível limitar o termo “impacto” ao efeito de ação induzida pelo ser humano. Atualmente, no Brasil, na avaliação de impacto ambiental, há uma tendência em separá-la em duas fases distintas. “Estudo de impacto ambiental” (EIA), onde é geralmente feito um diagnóstico das condições naturais do ambiente e “Relatório de Impacto Ambiental” (RIMA), onde se faz uma análise 135 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS objetiva para identificar as ações do ser humano, medindo-se as condições de base do ambiente e fazendo-se previsão de mudanças que tenham a probabilidade de ocorrer como resultado de tais ações. A seguir é apresentado um esquema das diversas fases de um EIA, sugerido por WESTMAN (1985): AS FASES DO EIA Pré-impacto Definição dos ↓ objetivos do estudo ↓ Revisão das Fase II ↓ dos impactos em potencial Identificação noções ↓ Determinação de quais impactos são significativos ↓ Fase III →Teste dos efeitos das ações Medição das condições básicas→Teste dos efeitos das ações ↓ Previsão dos efeitos das ações Estimativa das proba↓ bilidades das previsões Resumo e análise dos achados ↓ Fase IV Avaliação da significância dos achados ↓ Fase V Modificação das ações propostas ↓ ↓ Ações alternativas Amenizações ↓ ↓ Fase VI Comunicação dos achados e recomendações ↓ Decisão sobre a ação proposta ↓ Pós-impacto Fase I Fase VII Monitoramento dos efeitos da ação ↓ P A R T I C I P A Ç Ã O P Ú B L I C A ↑ Modificação posterior e amenização da ação “IMPRINTING” “Marca indelével”; algo de grande efeito sobre alguma coisa (ou ser vivo) que não poder ser esquecido, mudado etc. Em espécies de animais sociais refere-se a um padrão comportamental estável, quando o organismo é exposto a um conjunto de estímulos por meio dos quais as amplas carateríesticas supraindividuais da espécie vêm a ser reconhecidas como um “padrão da espécie”; sendo subseqüentemente usado como “desencadeador ou liberador”. (Ver DESENCADEADOR (ou LIBERADOR)) “INBREEDING” (e “INBREEDING DEPRESSION”) (Ver ENDOGAMIA) INCIDÊNCIA (Ver FUNÇÕES DE INCIDÊNCIA) INDEPENDÊNCIA (ou INDEPENDENTE) DA DENSIDADE (Ver DEPENDÊNCIA (ou DEPENDENTE) DA DENSIDADE) INDICADOR ECOLÓGICO INDICADOR ECOLÓGICO = BIOINDICADOR Organismo que indica uma característica ou o tipo do ambiente físico em que vive. Da mesma maneira que é possível saber que tipo de organismo vive em determinadas condições ambientais físicas, o inverso também é possível ser estimado. Muitas espécies (“esteno”, por exemplo) são indicadoras ecológicas; há plantas que acumulam determinados elementos químicos em quantidades tais que indicam a possibilidade de exploração comercial desses elementos. (Ver ECOTIPO) 136 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ÍNDICE DE ABUNDÂNCIA Grau em que se expressa a dominância de uma ou mais espécies numa comunidade, baseando-se no valor de importância de cada espécie; pode ser calculado pela seguinte fórmula: c = Σ(ni/N)2, onde: c = concentração de dominância; ni = valor de importância para cada espécie (nº de indivíduos, biomassa, produção etc); N = total dos valores de importância. (Ver DOMINANTE ECOLÓGICO) ÍNDICE DE AFINIDADE (Ver ÍNDICE DE SIMILARIDADE) ÍNDICE DE ÁREA FOLIAR Relação entre a área das folhas, projetada sobre uma unidade de área de superfície terrestre. Um índice de valor 4, ou seja, a superfície foliar exposta à luz é quatro vezes superior à superfície do solo, indica uma elevada produção líquida; mas um índice de 8 a 10 (encontrado em florestas clímaces) indica uma elevada produção bruta (perda respiratória para manter grande quantidade de folhas). ÍNDICE DE ARIDEZ (Ia) Medida do suprimento efetivo de umidade, usado na classificação de tipos de solo ou de clima, calculado pela relação do déficit de umidade (d) para a evapotranspiração potencial (PE), expresso em porcentagem, ou seja Ia = 100 d/PE. Pode também ser calculado por Ia = 12P/T(T + 10), onde P é a média da precipitação pluvial mensal em milímetros e T a temperatura média mensal em oC; valor resultante menor do que 20 indica aumento de aridez e maior do que 20 indica aumento de umedecimento. (Ver ÍNDICE DE PALMER DE SEVERIDADE DE SECA) ÍNDICE DE ASSOCIAÇÃO (ou COEFICIENTE DE ASSOCIAÇÃO) (Ver ASSOCIAÇÃO VEGETAL) ÍNDICE DE BERGER-PARKER Índice que usa a abundância proporcional da espécie mais abundante num determinado habitat, comunidade ou amostra, numa escala de 0 – 10, como medida da dominância. É também uma medida da diversidade (d) de um habitat, comunidade ou amostra, calculada como: d = Nmax/Nt, onde Nmax é a abundância da espécie dominante. ÍNDICE DE BRILLOUIN Índice da diversidade específica derivada de informação teórica: D = 1/N X log2N!/(n1! N2! ... ns!), onde N é o número total de indivíduos observado numa amostra e n1, n2 ... ns é o número de indivíduos das espécies 1, 2 ... s. ÍNDICE DE DEFICIÊNCIA DE ÁGUA É dado pelo valor de evapotranspiração, menos o de precipitação pluvial. Indica o quanto a água disponível para o crescimento vegetal cai, abaixo do nível de transpiração de uma vegetação em crescimento. ÍNDICE DE DENSIDADE Cálculo usado por alguns autores para quantificar a densidade de indivíduos de determinada espécie e que é dado por: d = número ou biomassa de indivíduos / área ou volume total da amostragem. (Ver ABUNDÂNCIA, DENSIDADE e DENSIDADE ECOLÓGICA) ÍNDICE DE DISPERSÃO Uma medida da dispersão de uma população, baseada na relação variância : média; gera um valor de 1 para um padrão ao acaso (aleatório), maior do que 1 para uma população agregada e menor do que 1 para uma população uniforme. ÍNDICE DE DISSIMILARIDADE (Ver ÍNDICE DE SIMILARIDADE) ÍNDICE DE DIVERSIDADE (DE ESPÉCIES) Razão estabelecida entre o número de espécies e seus “valores de importância” (que tanto podem ser número ou biomassa, como produtividade). São muitas as fórmulas sugeridas para se calcular indices de diversidade de espécies. São mostradas aqui, apenas algumas delas; mas antes vejamos o significado dos termos geralmente utilizados nas fórmulas: S = número de espécies, seja na “amostra” ou na “população”; K = número de taxa (plural de taxon), seja na “amostra” ou na “população”; N = número de indivíduos numa população ou comunidade; Ni = número de indivíduos da espécie i de uma população ou comunidade; n = número de indivíduos numa amostra de uma população; 137 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ni = número de indivíduos de uma espécie i de uma amostra de uma população; Pi = a fração de uma amostra de indivíduos pertencentes à espécie i; πi = a fração de uma população de indivíduos pertencentes à espécie i; ln = logaritmo natural de um número. a) Índice de H. A. Gleason (1922): D = S/ln N. b) Índice de R.Margalef (1958): D = S - 1 / ln N. c) Índice de E.P.Menhinick (1964): D = S / √N. d) H.T.Odum (1960) D = S / 1.000 indivíduos. e) Índice de E. H. Simpson (1949), levando em consideração os padrões de abundância ou biomassa de uma comunidade e a riqueza em espécies; neste caso calcula-se para cada espécie, a proporção de indivíduos ou biomassa que contribui para o total da amostragem, ou seja, a proporção é Pi, para determinada espécie i: 1 Índice D= ----------------S ∑Pi2 onde: i=1 f) Índice de Shannon-Wiener (posteriormente atualizado e denominado de Índice de C.E. Shannon - W. Weaver, em 1949)): S Diversidade H = -∑ Pi ln Pi i=1 Nos índices de Simpson e Shannon os valores dos índices dependem da biodiversidade (riqueza em espécies) e da eqüidade com a qual os indivíduos são distribuídos dentro de cada espécie. (Ver ÍNDICE DE EQÜIDADE) ÍNDICE DE DOMINÂNCIA Grau em que se expressa a dominância de uma ou mais espécies numa comunidade, baseando-se no valor de importância de cada espécie; pode ser calculado pela seguinte fórmula: c = Σ (ni/N)2, onde: c = concentração de dominância; ni = valor de importância para cada espécie (nº de indivíduos, biomassa, produção etc); N = total dos valores de importância. (Ver DOMINANTE ECOLÓGICO; e ÍNDICE DE BERGER-PARKER) ÍNDICE DE EQÜIDADE Este índice pode ser quantificado expressando-se o índice de Simpson, D (ver este índice no verbete ÍNDICE DE DIVERSIDADE (DE ESPÉCIES)), como uma proporção do valor máximo possível de D, admitindo-se que os indivíduos estejam completa e igualmente distribuídos pelas respectivas espécies (Dmax = S). A fórmula do índice de eqüidade seria então: D 1 1 E = ------- = -------- X ---Dmax S S ∑ Pi2 i=1 É também conhecido como o componente da diversidade de espécies que mede a abundância relativa de espécies, calculado por: J’ = H’ / logS, onde: S = no de espécies; H’ = índice de diversidade de Shannon-Weiner. ÍNDICE DE LINCOLN (ou CAPTURA-MARCAÇÃO-RECAPTURA (MÉTODO DE)) Originalmente seu introdutor, Lincoln, denominou (em inglês) de “catch-mark-recatch”. Método de estudo de uma população animal, em que uma ou mais amostras, é capturada, marcada, liberada e depois reexaminada para observar a proporção de recaptura das amostras marcadas. De uma maneira geral, a recaptura das amostras marcadas é alta nas populações pequenas e baixa nas grandes. Neste índice o autor propôs que uma estimativa do tamanho N de uma população é obtida após liberação e recaptura de animais marcados. O tamanho da população é calculado a partir do número de animais marcados e [que foram] liberados (Nm), do número de animais capturados numa amostra (Ns) após a liberação e do número de indivíduos marcados na amostra (Nms), usando a fórmula: N = Nm X Ns / Nms 138 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS (Ver MARCAÇÃO-RECAPTURA, MÉTODO DE) ÍNDICE DE MARGALEFF Índice (com uma variável) da biodiversidade de uma amostra ou assembléia que é ponderado a favor da riqueza de espécies. É representado por: SR = (S-1)logN, onde S é o número de espécies e N é o número de indivíduos na amostra ou assembléia. ÍNDICE DE PALMER DE SEVERIDADE DE SECA Usado principalmente nos E.U.A. para comparar a quantidade de umidade no solo com a umidade do ar mais próximo à superfície. (Ver ÍNDICE DE ARIDEZ (Ia)) ÍNDICE DE SIMILARIDADE Entre duas áreas de amostragem poderá haver um grau de similaridade entre o número de espécies encontradas nas duas amostras, que pode ser calculado por: S = 2C / (A + B), onde: A = número de espécies da amostra A; B= “ “ “ “ “ B; C= “ “ “ comuns a ambas as amostras. O índice de dissimilaridade é dado por: 1 - S, onde: S = índice de similaridade. Este índice fornece o valor de dissimilaridade entre o número de espécies encontradas em duas áreas de amostragem. Alguns autores preferem o índice de afinidade, que é dado por: A = c/(a.b)1/2, com a, b e c tendo as mesmas denominações da equação do índice de similaridade. ÍNDICE DE UMIDADE (Ih) Medida do suprimento efetivo de umidade, na classificação dos tipos de clima, calculado pela relação do excedente de precipitação pluvial (S) e a carência ou necessidade (N), expresso em porcentagem; (S) é o valor representativo do excesso de precipitação acima da evapotranspiração potencial: Ih = 100(S/N). Outros autores preferem utilizar a relação da evapotranspiração (EP) para a precipitação total (P) expressa como porcentagem, sendo então positiva se a precipitação excede a evapotranspiração, e negativa se EP for maior do que P. Fórmula: Iu = 100(P-EP/EP). ÍNDICE DE VERSATILIDADE INDICE DE VERSATILIDADE = RELAÇÃO SENSIBILIDADE : RESISTÊNCIA Utiliza-se tal índice ou relação como um biomonitor de metais pesados poluidores do solo. A sensibilidade é considerada a inibição da atividade microbiana nos níveis extremamente baixos de concentração do poluente e a resistência é dada pela capacidade do microrganismo crescer na presença desse poluente. Considerando valores de “referência” (baixa concentração dos poluentes) e de “poluição” (alta concentração), são dados como exemplo, os seguintes resultados: em solo argiloso uma relação de 0,53 : 0,24 e em solo arenoso de 1,50 : 0,19. Neste último portanto, as populações microbianas são mais sensíveis (teoricamente, são mais “versáteis”, propiciando maior sucessão ecológica e maior reciclagem do metal pesado). INDÍGENO (Ver AUTÓCTONE) INDIVIDUALISMO (Ver SUPERORGANISMO) INDIVÍDUO (Ver ESPÉCIME) INEFETIVIDADE (Ver EFETIVIDADE) INEFICIÊNCIA (Ver EFICIÊNCIA) “INFAUNA” (Ver BIOMA DA COSTA LAMACENTA) INFECÇÃO Em termos ecológicos refere-se à contaminação de um hospedeiro por um parasita, assim como ao estabelecimento ou entrada de simbiontes microbianos na planta hospedeira (ex.: fungos endo, ectendo e ectomicorrízicos, e bactérias fixadoras de nitrogênio, infectando plantas hospedeiras). Ao número de parasitas por hospedeiro, denomina-se intensidade de infecção. (Ver PREVALÊNCIA) 139 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Tamanho da população INFLEXÃO, PONTO DE Inflexão significa “mudança de direção ou desvio”. É o ponto numa curva de crescimento, sigmóide, ou seja, em forma de S (numa equação logística), que separa a fase ascendente ou de aceleração do crescimento, da fase descendente ou de desaceleração do crescimento. K Ponto de inflexão K/2 Tempo Na equação logística ao se relacionar número de indivíduos de uma população ao tempo, o ponto de inflexão é a metade (N = K/2) da capacidade de suporte (K). (Ver EQUAÇÃO LOGÍSTICA) “infra-” Prefixo de origem grega significando “abaixo; inferior” (o oposto de “supra-”). Há vários termos com este prefixo; além dos verbetes que seguem há: infrapopulação (em parasitologia refere-se a todos os indivíduos de uma espécie de parasita ocorrendo num único espécime de hospedeiro); ritmo infrarradiano (um ritmo biológico com um período menor do que 24 h). (Ver “supra-”; “ultra-”; e RELÓGIO BIOLÓGICO) INFRALITORAL (Ver FRANJA INFRALITORÂNEA; e APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) INFRAPELÁGICO(A) (Ver ZONA MESOPELÁGICA; e APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) INIBIÇÃO (EM SUCESSÃO) (Ver SUCESSÃO AUTOGÊNICA) INICIATIVA PARA MITIGAÇÃO DO CARBONO Grande programa da “BP – Beyond Petroleum” (tradução do inglês: além do petróleo) (a antiga “BP – British Petroleum”, multinacional britânica) juntamente com a Universidade de Princeton, E.U.A. , denominado de “CMI – Carbon Mitigation Initiative”, em inglês, cujo objetivo principal é estimular as sociedades (de países desenvolvidos e de países em desenvolvimento) a desenvolverem alternativas energéticas, visando baixar as emissões de CO2 para a atmosfera, evitando que os 7 bilhões anuais de toneladas desse gás que são emitidos atualmente (2006) se elevem para os previstos 14 bilhões a serem atingidos em 2055. O programa como um todo, além das propostas de redução da emissão desse poluente atmosférico, é um grande conjunto de diversas iniciativas, incluindo o desenvolvimento de técnicas visando a captura e o armazenamento do CO2. (Ver na BIBLIOGRAFIA, o site da “BP – Beyond Petroleum”, onde são mostrados os diversos projetos relacionados a esta problemática ambiental) (Ver “IPCC”) (Ver CAPTURA E ARMAZENAMENTO DE DIÓXIDO DE CARBONO) INIMIGO NATURAL (Ver CONTROLE BIOLÓGICO) INOCULAÇÃO Introdução de um organismo (benéfico ou maléfico) num outro organismo, feito, geralmente, de maneira intencional. Fala-se portanto, que um patógeno humano pode ser inoculado num determinado animal (ou no próprio homem) ou que uma bactéria fixadora de N2 ou uma endomicorriza é inoculada na raiz de uma planta. 140 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Observe-se que é correto dizer que “uma bactéria é inoculada numa planta”, mas a recíproca, segundo alguns autores, não é correta; ou seja, deve-se dizer que “uma planta é infectada por uma bactéria” (e não “foi inoculada por uma bactéria”). INSETICIDA Substância que elimina insetos. (Ver PESTICIDA) INSETICIDA RACIONAL Seria um inseticida com características tais que não exercesse efeito danoso (ou que fosse de conseqüências limitadas) sobre outra espécie de inseto útil ou desejável. (Ver PESTICIDA) INTEMPERISMO Conjunto de processos de origem atmosférica (física e química) e biológica, levando à desintegração de rochas (liberação de minerais). Os chamados (cinco) fatores de controle do intemperismo são basicamente: o material parental (rocha matriz ou rocha mãe), clima, biota, topografia e tempo. (Ver ACIDÓLISE; e SILICATOS) INTENSIDADE DE ABUNDÂNCIA (Ver DENSIDADE ECOLÓGICA) INTENSIDADE DE INFECÇÃO (Ver INFECÇÃO) INTERAÇÃO ECOLÓGICA Relação existente entre indivíduos (ou populações) de duas espécies de organismos, na qual um dos grupos desses organismos poderá ou não afetar o outro grupo, de acordo com o tipo de interação considerado. Os vários tipos de interação estão representados no quadro que segue (ODUM, 1971): TIPO DE INTERAÇÃO 1. Neutralismo 2. Competição intraespecífica) 3. Amensalismo (inter ou ESPÉCIE (OU POPULAÇÃO) A B 0 0 - 0 4. Parasitismo + - 5. Predação + - 6. Comensalismo 7. Protocooperação (ou simbiose) 8. Mutualismo (ou simbiose) + + 0 + + + INTERPRETAÇÃO Nenhuma espécie é afetada Ambas as espécies se prejudicam Espécie A é prejudicada e a espécie B não é afetada Espécie A (parasita) se beneficia e a B (hospedeira) se prejudica) Espécie A (predador) se beneficia e a B (presa) se prejudica Espécie A se beneficia e a B não é afetada Ambas as espécies se beneficiam mas a interação “não” é obrigatória Ambas as espécies se beneficiam e a interação “é” obrigatória (Ver paramutualismo e parasimbiose, no verbete “para-”) INTERESPECÍFICO Relação entre indivíduos de espécies diferentes. (Ver INTRAESPECÍFICO) INTERFERÊNCIA (Ver ANTAGONISMO; COEFICIENTE DE INTERFERÊNCIA; e COMPETIÇÃO POR INTERFERÊNCIA) INTERFERÊNCIA MÚTUA (Ver COEFICIENTE DE INTERFERÊNCIA) “INTERNATIONAL WHALING COMMISSION” (Ver COMISSÃO INTERNACIONAL DE PESCA DA BALEIA) INTRAESPECÍFICO Relação entre indivíduos da mesma espécie. (Ver INTERESPECÍFICO) 141 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS INVASOR (Ver ALÓCTONE) INVERSÃO DE TEMPERATURA (ou INVERSÃO TÉRMICA) Normalmente a temperatura da atmosfera diminui proporcionalmente com o aumento da altitude; em algumas cidades, durante uma inversão de temperatura, uma camada de ar quente poderá penetrar entre duas camadas de ar frio e daí comprimir a camada fria subjacente, aprisionando os poluentes acumulados no ar próximo à superfície desse local. A figura seguinte ilustra esta situação: ar frio A l t i t u d e camada de inversão Concentração de poluentes Temperatura → IONOSFERA Região da atmosfera terrestre superior, iniciando-se a 90km acima da Terra. “IPCC – INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE” Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática. Atividade desenvolvida pela “UNEP – United Nations Environment Programme” (programa das Nações Unidas para o meio ambiente), cuja finalidade principal é o desenvolvimento da informação científica, técnica e socio-econômica que sejam relevantes à compreensão da mudança climática mundial. Seus relatórios estão disponíveis em várias línguas. (Ver na BIBLIOGRAFIA, site do IPCC) “iso-” Prefixo de origem grega significando “igual”. Exemplos: isograma (linha num mapa ligando pontos de iguais valores numéricos relacionados a determinado parâmetro); isohalino (linha num gráfico ou mapa unindo pontos de mesmos valores de salinidade); isoieta (linha num gráfico ou mapa conectando pontos de mesmos valores de precipitação); isomorfismo (similaridade superficial entre indivíduos de diferentes espécies ou raças); isófago (predadores ou parasitas que são seletivos quanto a alimento ou hospedeiros, mas que não são restritos a um só tipo de alimento ou de espécie hospedeira); isoterma (linha num gráfico ou mapa conectando pontos de mesmos valores de temperatura). “ISO 14.000 - INTERNATIONAL STANDARDIZATION / STANDARDS ORGANIZATION” Organização Internacional de Normalização, ligada à ONU - Organização das Nações Unidas, fixa normas e procedimentos técnicos de âmbito internacional para Gestão Ambiental (GA), conhecida como ISO 14.000. Os estudos para sua criação começaram em 1992, a partir de um comitê técnico do qual participaram representantes de 40 países, inclusive o Brasil, contribuindo nesse trabalho o segmento industrial e as organizações normativas governamentais e não-governamentais. A ISO 14.000 envolve o sistema de gestão ambiental e sua auditoria, os aspectos ambientais na padronização dos produtos e a avaliação do desempenho ambiental. Assim sendo, os responsáveis pela produção de bens de consumo poderão melhorar seus produtos preocupando-se com seus efeitos sobre o ambiente, levando em conta os impactos ambientais gerados em cada fase do ciclo da produção de tais bens, incluindo sua possível reciclagem. ISOCIANATO DE METILA (Ver BHOPAL, TRAGÉDIA DE) ISOCLINO Linha representativa da população de uma espécie, que une pontos indicadores da mesma taxa de aumento dessa população. (Ver “-clino” e ISOCLINO ZERO) ISOCLINO ZERO ISOCLINO ZERO = CRESCIMENTO ZERO 142 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Linha representativa da população de uma espécie, em que não ocorre crescimento nem redução no número de indivíduos, admitindo que não ocorra migração. Na equação de Lotka-Volterra o isoclino zero é dado por dN/dt = 0. (Ver “-clino” e ISOCLINO) ISOLAMENTO A combinação de diversos fatores, muitas vezes relacionada aos distúrbios que um habitat sofre, pode conduzir ao isolamento de uma (ou mais) determinada espécie de animal ou planta. O isolamento geográfico (ou “ilhamento”) por exemplo, é fator importante na especiação alopátrica. O isolamento ecológico ou genético (ou ainda reprodutivo), atua na especiação simpátrica. (Ver ALOPATRIA e SIMPATRIA) ITEROPARIDADE Repetição do ciclo reprodutivo, ou seja, o evento da reprodução acontece várias vezes ao longo da vida de uma espécie, aumentando suas chances de sobrevivência. (Ver SEMELPARIÇÃO) ITINERANTE (Ver AGRICULTURA ITINERANTE) “IUCN − INTERNATIONAL UNION FOR THE CONSERVATION OF NATURE” União Internacional para a Conservação da Natureza. Organismo não-governamental que se dedica à conservação da flora e fauna mundiais. Publica lista de espécies que correm risco de extinção. A “IUCN” desenvolveu categorias para uso em trabalhos de conservação referentes ao status de espécies e subespécies de animais: (i) extinta, (ii) em perigo, (iii) vulnerável, (iv) rara, (v) indeterminada, (vi) insuficientemente conhecida, (vii) ameaçada e (viii) comercialmente ameaçada. E propôs critérios para avaliar o status de declínio, níveis populacionais e tamanhos de faixas que reflitam aumentos no risco de extinção; tais critérios incluem: (a) extinta, (b) extinta silvestre, (c) criticamente em perigo, (d) em perigo, (e) vulnerável, (f) dependente de conservação, (g) baixo risco, (h) dados insuficientes, e (i) não-avaliada. “IUCN RED LIST” (ou LISTA VERMELHA DA “IUCN”) Uma lista de espécies e subespécies de animais ameaçados de extinção; e também daquelas que se saiba ou que se pense que estejam extintas da vida silvestre. É uma lista compilada pela “WCMC – World Conservation Monitoring Centre” (Centro Mundial de Monitoramento da Conservação). 143 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 144 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS J/K JARDIM BOTÂNICO Coleção de plantas (silvestres, ornamentais etc...) mantidas em local adequado à sua preservação e expostas à visitação pública. (Ver HORTO FLORESTAL; e UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) JARDIM ZOOLÓGICO Qualquer coleção de animais silvestres, mantidos vivos em cativeiro ou em semiliberdade e expostos à visitação pública. (Ver UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) JOANESBURGO (ou JOHANNESBURG), ENCONTRO DE O encontro mundial de Joanesburgo (África do Sul) iniciou sua jornada em Nova York e depois Bali (Indonésia). Reuniu 104 chefes de Estado, entre 26/agosto e 4/setembro/2002, tendo reconhecido a crescente pobreza e degradação ambiental mundial, procurou obter a participação dos países desenvolvidos para subsidiar os países em desenvolvimento, nos diversos pontos essenciais seguintes: água e sanitarismo, energia sustentável, saúde, agricultura e silvicultura sustentáveis, restauração da pesca e combate à redução da biodiversidade e à desertificação. Gerou como documento principal um Plano de Implementação, prevendo para cada um dos itens acima mencionados prazos de atendimento que se estenderão até o ano 2020. JOGO DO FALCÃO-POMBO Tradução literal do inglês (“hawk-dove game”), expressão esta ainda não convencionada em português, refere-se em estudo de comportamento animal às diferentes reações do falcão, como predador voraz que se comporta de maneira egoísta, não partilhando a presa com nenhum outro indivíduo da espécie e do pombo, que contrariamente, divide o que consegue como alimento, com os demais membros da população. No caso do falcão está implícito o custo da contenda (luta) pela conquista do alimento, enquanto o pombo tem uma estratégia altruísta de caráter mais “social”. (Ver ALTRUÍSMO e EGOÍSMO (ou MALEVOLÊNCIA)) JORDAN (Ver REGRAS ECOGEOGRÁFICAS) JUNDUS (Ver RESTINGA) JUSANTE Situado rio abaixo, ou seja, considerando-se a corrente fluvial em direção à foz (oposto de montante). (Ver MONTANTE) “KATRINA” (Ver EFEITO BUMERANGUE) K - ESTRATEGISTA (Ver ESTRATEGISTAS K e r) “KRILL” Crustáceo (da ordem Euphausiacea) marinho, pelágico, de pequeno tamanho (3 cm). A espécie mais comum da Antártica (com 6 cm de comprimento), a Euphausia superba, é alimento básico de muitos animais de grande porte (baleias, focas comedoras-de-caranguejo, as focas-leopardo), além de outros animais (lulas, peixes e aves). Uma baleia azul ingere de 2 a 3 Mg (megagramas) de “krill” a cada vez que se alimenta. Num m3 de água há cerca de 63.000 espécimes desse crustáceo. Na fase jovem o “krill” prefere as águas profundas (de 700 a 1500m) para se desenvolverem, por serem mais quentes. 145 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS KYOTO (ou QUIOTO) (Ver PROTOCOLO DE QUIOTO) 146 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS L LAGO Sistema limnológico (água continental), em depressão natural do solo, de grande extensão. (Ver APÊNDICE VII – OS MAIORES LAGOS DO MUNDO) LAGOA Sistema limnológico (água continental), em depressão natural do solo, de pequena extensão. LAGOA DE ESTABILIZAÇÃO Lagoa feita para reter efluentes (industriais e domésticos ou urbanos), onde são degradados naturalmente por processos anaeróbios e/ou aeróbios, antes de serem lançados nos rios ou de serem utilizados para outras finalidades (a vinhaça, ou vinhoto, por exemplo, após esse processo tem sido utilizado como adubo orgânico, pelas usinas de cana-de-açúcar, num processo chamado de “fertirrigação”). LAGO ALOTRÓFICO (Ver ALOTRÓFICO, LAGO) LAGO AUTOTRÓFICO (Ver AUTOTRÓFICO, LAGO) LAGOS DE FERRADURA, DE MEANDRO ou CRESCENTE (Ver MEANDROS) LAGUNA Diz-se geralmente do represamento de água salgada num braço de mar pouco profundo, entre bancos de areia ou de um rio que não consegue desembocar no mar, ou ainda, um ajuntamento de água no interior de um recife ou coral. (Ver MACEIÓ) “LA NIÑA” (Ver CORRENTE “EL NIÑO”) LARVA Nos insetos holometabólicos larva é o estádio imaturo entre o ovo e a pupa. LATÊNCIA (Ver DORMÊNCIA; e DIAPAUSA) LATERIZAÇÃO (Ver LATOLIZAÇÃO) LATOLIZAÇÃO LATOLIZAÇÃO = LATERIZAÇÃO = FERRALITIZAÇÃO Processo de formação de muitos solos tropicais, como por exemplo os latossolos, onde nutrientes e compostos de sílica são lixiviados (carregados), deixando um material intemperizado e rico em compostos de ferro (daí também o nome ferralitização) e alumínio (daí o nome alitização). A laterita (ou laterito ou ferralito), rocha ferruginosa, por vezes com aspecto poroso e terroso com alto teor de óxidos de ferro e de alumínio, aflora em certas regiões do Brasil como nos chapadões do centro-oeste, na floresta amazônica, na chapada do Araripe (CE) e no litoral paraibano, em João Pessoa, na ponta do Cabo Branco, apresentando-se como concreções e arenitos ferruginosos. (Ver SILICATOS) LATOSSOLOS LATOSSOLO = OXISOL Solos (antes classificados de oxisols, de acordo com classsificação dos E.U.A.) típico de clima tropical e subtropical, profundo (> 2 m), muito intemperizado, baixa fertilidade, com grande quantidade 147 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS de sesquióxidos de Fe e Al, ácido (pH < 5,0). Os latossolos apresentam, em geral, baixos teores de Ca e Mg (inferior a 3 cmol/kg ou me/100g). Seus principais tipos são: Roxo, Amarelo, Vermelho-Amarelo, Vermelho-Escuro, Latossolo Bruno, Vermelho-Escuro variação Una... (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) LAURASIA (Ver PANGÉIA (ou PANGAEA); e REGIÕES ZOOGEOGRÁFICAS) LC50 (Ver DOSE LETAL) LEGISLAÇÃO AMBIENTAL Conjunto de regulamentos jurídicos dirigidos às atividades antrópicas que inteferem ou afetam a qualidade do meio ambiente. Com relação a crime ambiental, ato que degrade, danifique e que enfim comprometa a existência e/ou a qualidade do patrimônio ambiental brasileiro, sendo seus responsáveis punidos conforme as leis vigentes, é digno de nota a nova Lei 9.605/98, que deveria estar em vigor desde 1º de abril de 1999, mas teve sua efetividade suspensa por medida provisória (1.170) por um período que poderá chegar a 10 anos. Sua suspensão, permeará a ação degradadora de reincidentes, acobertando aqueles que adotam o princípio de que “é mais econômico e rentável degradar, do que conservar”. A nova lei firmaria compromissos de obediência às inúmeras leis e resoluções (do CONAMA) já existentes, em especial a Lei nº 6.938/81 (instituindo o SISNAMA e a Política Nacional do Meio Ambiente; Ver CONAMA), contribuindo com maior eficácia no estabelecimento de sanções severas administrativas, civis e penais às pessoas físicas e jurídicas que praticam ação lesiva ao nosso patrimônio ambiental. O Governo Federal, na gestão do Exmo. Sr. Presidente da República Fernando Henrique Cardoso, aceitou a “explicação” (“diferente de justificativa”) de que inúmeros empreendimentos não teriam condições de atender às leis de proteção ambiental, sendo então adiada a aplicação da nova lei, com o compromisso dos infratores de que protocolariam nos órgãos ambientais de sua jurisdição, a intenção de ajuste de conduta. (Ver CÓDIGO FLORESTAL; e CONAMA) LEI (Ver CONJETURA, HIPÓTESE, LEI e TEORIA) LEI ALOMÉTRICA (Ver ALOMETRIA) LEI DA CONSTANTE DE EXTINÇÃO (ou LEI DE VAN VALEN) Lei empírica estabelecendo que para qualquer grupo de organismos relacionados que compartilhem condições ecológicas comuns, há uma constante de probabilidade de extinção de qualquer taxon por unidade de tempo. LEI DA POTÊNCIA DOS TRÊS MEIOS (-3/2) Refere-se, segundo os ecólogos vegetais, à relação entre os logaritmos da biomassa (ou da média de peso (w)) e a densidade de uma população de plantas (d), com uma inclinação de aproximadamente 3/2. A equação representativa é: log w = logc - 3/2 log d onde c é uma constante. Segundo seus introdutores, esta lei aplica-se às populações que, em crescimento, sofrem raleamento (declínio progressivo na densidade ou “self-thinning”, em inglês). Esta inclinação de -3/2 na verdade indica que nesta população em crescimento e raleamento, a sua média de peso (ou biomassa) aumenta mais rápido do que sua densidade diminui. LEI DA TERMODINÂMICA Sao duas as leis da termodinâmica que se aplicam a diversos processos ou fenômenos ecológicos. A primeira diz respeito à conservação da energia, ou seja, a energia não é criada nem destruída; ocorrem transformações de uma forma de energia para outra forma. A segunda refere-se à transferência espontânea de energia de um corpo mais “quente” para um mais “frio”, referindo-se também à eficiência, que não é de 100%, quando ela passa de uma forma para outra. Na transformação da energia solar em energia química na cadeia alimentar e na transferência desta energia de um nível trófico para outro, observa-se a aplicação destas duas leis. (Ver FLUXO DE ENERGIA) LEI DA TOLERÂNCIA LEI DA TOLERÂNCIA = LEI DE SHELFORD Todos os seres vivos têm um limite mínimo e um limite máximo ecológicos, entre os quais situase a sua faixa de tolerância às condições ambientais e onde se encontra também, o seu ótimo ecológico. O gráfico que segue representa os limites de tolerância e ótimos ecológicos de organismos esteno e euritérmicos. 148 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Desenvolvimento Ótimo ecológico euritérmico estenotérmico 10 estenotérmico 20 30 40 Temperatura, em oC (Ver AMPLITUDE ECOLÓGICA) LEI DE HARDY-WEINBERG (Ver EQUILÍBRIO DE HARDY-WEINBERG) LEI DE LIEBIG (Ver LEI DO MÍNIMO) LEI DE SHELFORD (Ver LEI DA TOLERÂNCIA) LEI DO MÍNIMO LEI DO MÍNIMO = LEI DE LIEBIG O crescimento de um organismo está sempre dependente do nutriente que se apresenta na quantidade mínima disponível. Em condições estáveis, os elementos que mais se aproximam do mínimo crítico necessitado pelo organismo são os que tenderão a tornar-se os fatores limitantes ao crescimento desse organismo. Recomenda-se que este conceito se restrinja aos elementos químicos (oxigênio, fósforo, nitrogênio etc) necessários à fisiologia e reprodução dos organismos. Os outros fatores ambientais (temperatura, luz) devem ser incluídos no conceito de tolerância. (Ver FATOR LIMITANTE) LEITO FLUVIAL Canal natural por onde flui um rio, em períodos normais. Seu “leito maior” diz respeito ao canal por onde ele flui nos períodos de cheia e o “leito menor” ao canal ocupado no período de águas baixas. LENÇOL FREÁTICO LENÇOL FREÁTICO = ÁGUA SUBTERRÂNEA Acúmulo de água abaixo do solo propriamente dito (parte desintegrada) e geralmente sobre camada de rocha subterrânea. Algumas plantas, como as do cerrado, lançam raízes que alcançam o lençol freático, a mais de 15 m de profundidade. LENTICELA Tecido especial existente em algumas plantas, com estrutura e função apropriadas para a troca gasosa entre a planta e o meio. Ocorre em raízes tabulares (sapopemas) de algumas plantas terrestres e nas raízes de plantas do mangue. LÊNTICO Relativo às águas paradas (lagos, águas represadas em geral...). Os organismos que aí vivem são chamados de lênticos. (Ver LÓTICO) LEPTOCÚRTICA, TRANSMISSÃO (Ver PARASITISMO) LEVEDURA Fungo unicelular que se reproduz assexuadamente por brotamento. O Saccharomyces cerevisae, utilizado na fermentação do caldo de cana-de-açúcar (fabricação do álcool) e da cerveja, é uma levedura. A maioria dos levedos são do grupo dos ascomicetos; têm por habitat o solo. (Ver BOLOR; e DOMÍNIOS DOS MICRORGANISMOS) 149 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS LIANA Trepadeira lenhosa. Planta (ou cipó) que se desenvolve, tendo geralmente uma árvore por suporte de sustentação. É portanto, uma epífita. LIBERAÇÃO ECOLÓGICA Processo ligado à expansão de habitat. Refere-se à observação de que em ilhas, normalmente há menos espécies do que em áreas continentais comparáveis, embora essas espécies insulares tenham maior densidade e se expandam em habitats que, no caso do continente, seriam preenchidos por outras espécies. Esses fenômenos são, no conjunto, denominados de liberação ecológica. LIEBIG (Ver LEI DO MÍNIMO) LIGNINA Carboidrato complexo que se deposita na parede celular das plantas, constituindo fundamentalmente a madeira das árvores e as fibras de muitas plantas. Cerca de 1/4 de toda a fitomassa da biosfera é lignina. LIGNÍVORO LIGNÍVORO = XILÓFAGO Ser que se alimenta de madeira; como o cupim. LIGNOCELULOSE Forte ligação de lignina e celulose, bastante resistente à decomposição microbiana. O bagaço de cana-de-açúcar é rico em lignocelulose. LIGNOLÍTICO (ou LIGNINOLÍTICO) Diz-se do processo em que enzimas específicas decompõem a lignina. (Ver ENZIMAS DO SOLO) LIMIAR DE AÇÃO DE CONTROLE (DE PRAGA) (Ver DANO ECONÔMICO) LIMITANTE (Ver FATOR LIMITANTE; e SIMILARIDADE LIMITANTE) LIMITE DE SIMILARIDADE Alguns ecólogos desenvolveram modelos que sugerem que existe um limite à similaridade entre competidores que coexistem. Numa das fórmulas sugeridas para representação desse limite, a condição que mostra tal limite é: d/w>1, onde d é a distância (num gráfico representativo da utilização de recursos, como alimento, por exemplo) entre os picos de uso do recurso por cada espécie competidora e w é o desvio padrão (ou grosseiramente, “largura relativa”) das curvas de uso do recurso. Esta representação seria muito simplória para uma universalidade desse limite de similaridade, admitem os autores. Um “ótimo de similaridade” também é uma expressão utilizada por alguns autores que consideram ser este ponto importante, ou seja, é um nível de similaridade entre espécies competidoras que, se em excesso ou carência, prejudicará o “fitness” de uma dessas espécies. LIMITE DE TOLERÂNCIA (Ver AMPLITUDE ECOLÓGICA) LIMNÉTICO (Ver ZONA LIMNÉTICA) LIMNOCICLO (Ver BIOSFERA) LIMNOLOGIA Literalmente, limnologia (do grego “limnos” = lago e “logos” = estudo) é o estudo dos lagos. Genericamente a limnologia é o estudo dos ecossistemas não-marinhos, continentais ou epicontinentais, geralmente dulciaqüícolas (de água doce). O prefixo “limno” é aplicado a tudo que se refere a tais ambientes, como limnoplâncton, organismo limnético etc. LIMO (Ver TEXTURA DO SOLO) LINCOLN, ÍNDICE DE (Ver ÍNDICE DE LINCOLN (ou CAPTURA-MARCAÇÃO-RECAPTURA (MÉTODO DE)) LINHAGEM LINHAGEM = CEPA = CLONE População, de células, proveniente (descendente) de uma mesma (única) célula. Termo muito utilizado em microbiologia. Uma linhagem de bactéria isolada do solo, por exemplo, gera numa cultura em placa de Petri, uma colônia de células com reações metabólicas idênticas. (Ver CLONE; e CLONAGEM) 150 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS LIPOFÍLICO Com afinidade por gordura. Que se acumula nos tecidos adiposos. (Ver BIOMAGNIFICAÇÃO) LIPOSSOLÚVEL (Ver ORGANOCLORADO) LÍQUEN Associação mutualística entre alga e fungo. A alga fotossintetiza, produzindo carboidratos e fixando N2; o fungo absorve água e supre a associação com nutrientes. Os líquens são populações pioneiras em rochas e minerais, participando do intemperismo e do processo de sucessão ecológica. Sua sensibilidade a poluentes atmosféricos permite seu uso como indicador ecológico nos locais sujeitos à poluição industrial (do ar), provavelmente porque o SO2 inibe o processo fotossintético no ficobionte. De alguns líquens extraem-se certos medicamentos. LITORAL (Ver ESTIRÂNCIO; e APÊNDICE IV– ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) LITOSFERA Porção da crosta da Terra que compreende as camadas de rocha e solo. Junto com os corpos de água forma a hidro-litosfera. LITÓTROFO (Ver QUIMIÓTROFO) LITOSERE Diz-se da “sere” cuja vegetação se desenvolve sobre rocha. (Ver OXISERE; PSAMOSERE; e XEROSERE) “LITTER” (Ver NECROMASSA) LIXÃO Designação geral de local onde é depositado todo o lixo de uma cidade, geralmente “a céu aberto”. (Ver ATERRO SANITÁRIO) LIXIVIAÇÃO Um tipo de lavagem do solo ocasionada geralmente pela chuva. Neste processo os nutrientes percolam no solo, indo para profundidades maiores, podendo ou não serem reutilizados pelas plantas. O processo de lixiviação empobrece o solo, carregando nutrientes e microrganismos importantes à vida das plantas. (Ver BIOLIXIVIAÇÃO; EROSÃO; e “RUNOFF”) LODO ATIVADO Floculação que comumente ocorre em efluentes ou em água parada, onde o O2 dissolvido permite a proliferação de bactérias como a zooglea e outros organismos, principalmente protozoários. (Ver ZOOGLEA) LOGÍSTICA (Ver EQUAÇÃO LOGÍSTICA) LÓTICO Relativo às águas correntes (rios, riachos, córregos, corredeiras, cachoeiras...). Os organismos que aí vivem são chamados de lóticos. (Ver LÊNTICO) LOTKA-VOLTERRA (Ver MODELO DE LOTKA-VOLTERRA) LUVISSOLOS (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) 151 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 152 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS M MAC (Ver METABOLISMO ÁCIDO DAS CRASSULÁCEAS) MaCARTHUR E WILSON (Ver TEORIA DA BIOGEOGRAFIA DE ILHAS) MACEIÓ Ajuntamento de água no litoral, causado pelas marés altas, adicionado de água de chuva. (Ver LAGUNA) MACROARTRÓPODO Denominação dada a diversas espécies de animais, alguns deles vivendo na necromassa acumulada sobre o solo, pertencentes a diversas ordens (Isopoda). MACROBIOTA (Ver BIOTA) MACROCLIMA O clima de uma região ampla, em oposição ao microclima. As condições climáticas de um ecossistema ou de um bioma. (Ver MICROCLIMA) MACROCONSUMIDOR Organismo heterotrófico, em especial um animal, que se alimenta de outros organismos, vivos. (Ver CADEIA ALIMENTAR) MACROFAUNA (Ver MESOFAUNA) MACRÓFITAS (AQUÁTICAS) Admitem-se estas plantas como, evolutivamente, retornadas do ambiente terrestre para o aquático, apresentando portanto ainda, algumas características dos vegetais superiores terrestres (cutícula fina, estômatos quase sempre não-funcionais). Mencionam-se os seguintes grupos ecológicos de macrófitas (com alguns exemplos de gêneros): 1) Aquáticas submersas: enraizadas no sedimento e com folhas acima da superfície da água (Typha, Pontederia...); 2) Aquáticas com folhas flutuantes: enraizadas no sedimento e com folhas flutuando na superfície (Nymphaea, Victoria...); 3) Aquáticas submersas enraizadas: raízes fixas no sedimento e folhas submersas (Elodea, Potamogeton...); 4) Aquáticas submersas livres: rizóides pouco desenvolvidos, flutuantes submersas (em locais sem turbulência) (Urticularia...); 5) Aquáticas flutuantes: flutuando na superfície da água (Eicchornia, Salvinia...). MACROFITÓFAGO (Ver FITÓFAGO) MACRONUTRIENTES (Ver NUTRIENTES) MACROPARASITA Parasita, macroscópico, que se desenvolve no hospedeiro, multiplicando-se através de estádios infectivos que, após liberados do organismo do hospedeiro, infecta novo hospedeiro. Incluem-se aqui os helmintos (ou vermes) que infestam o aparelho digestivo de animais, assim como pulgas, piolhos, carrapatos e até mesmo fungos, que atacam animais. Há também os macroparasitas de plantas, como certos fungos e plantas que parasitam outras plantas. MAGNIFICAÇÃO BIOLÓGICA (Ver BIOMAGNIFICAÇÃO) 153 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS MALATION (Ver ORGANOFOSFORADO) MALEVOLÊNCIA (Ver ALTRUÍSMO e EGOÍSMO (ou MALEVOLÊNCIA)) MANANCIAL Água (de rio, lago, nascente, lençol freático) utilizada para consumo humano. MANCHAS (ou SÍTIOS) (Ver REFÚGIOS) MANEJO AMBIENTAL Manipulação pelo homem, dos recursos naturais renováveis, aplicando princípios ecológicos e respeitando as características florísticas, faunísticas, edáficas e de suas fontes de água, garantindo assim sua perpetuidade. À manipulação da parte viva, exclusivamente, dá-se o nome de “manejo biológico”. MANEJO BIOLÓGICO (Ver MANEJO AMBIENTAL) MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS (Ver MIP) MANEJO SUSTENTADO MANEJO SUSTENTADO = MANEJO SUSTENTÁVEL Refere-se, geralmente, ao sistema de exploração de madeira numa floresta natural, onde são retiradas algumas árvores em “ponto ideal de abate” e esse trecho desbastado é deixado para que se regenere naturalmente. (Ver DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL) MANEJO SUSTENTÁVEL (Ver MANEJO SUSTENTADO) MANGUE MANGUE = MANGUEZAL A denominação mangue, refere-se especificamente a cada uma das árvores típicas do ecossistema de manguezal que ocorre no litoral, restrito ao alcance das marés alta e baixa, formado no estuário de um rio, na conjunção deste com o mar. Porém, o termo mangue tem sido usado indistintamente de manguezal. Espécies vegetais típicas: manguevermelho, Rhizophora mangle, formando grandes raízes escoras arqueadas (ver na foto ao lado) cujos frutos apresentam viviparidade (a semente germina quando ainda no fruto); mangue- branco, Laguncularia racemosa, distinguindo-se pelos pecíolos vermelhos; mangue- siriúba, Avicennia sp. As maiores “florestas de mangue” ocorrem na Malásia, Índia, Brasil, Venezuela, Nigéria e Senegal. No Brasil estima-se que os manguezais ocupam cerca de 25.000 km2. As características dos solos de mangue e duna estão representadas comparativamente no quadro seguinte (LAMBERTI, 1969): CARACTERÍSTICA Argila (%) Limo (%) Areia fina (%) Areia grossa (%) pH C:N C (g/100 g) Ca Mg K S (e.mg) PO4 DUNA ----100 --7,3 8 0,08 0,68 0,71 0,41 2,8 0,09 154 MANGUE 18 35 42 --4,85 27,4 12,6 10,09 5,75 3,38 109,22 0,7 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS MANGUEZAL (Ver MANGUE) MANTA HÚMICA (Ver NECROMASSA) MARCAÇÃO-RECAPTURA, MÉTODO DE Nesta denominação, está implícito no termo “recaptura” que o método poderia ser também chamado de “captura-marcação-recaptura”. Este é um método utilizado para se estimar o tamanho de uma população animal. Capturam-se alguns animais, que são marcados ou etiquetados e depois são soltos. Após um determinado tempo (suficiente para que se recuperem de qualquer trauma sofrido com a captura), são recapturados. Exemplo, de acordo com RICKLEFS (2007): 20 peixes são capturados num pequeno lago com população de N peixes de certa espécie e são marcados (M) com etiquetas de fácil visualização. A proporção de peixes marcados para não-marcados no lago é M/N. Após os peixes marcados terem se dispersado na população, qualquer amostragem posterior feita, deve incluir indivíduos marcados nessa proporção M/N. Suponhamos que após alguns dias, capturemos 50 peixes, tendo 6 deles a etiqueta que neles colocamos. O número de recapturas, tido como x, na segunda amostragem, é o produto do tamanho dessa amostra (n) vezes a proporção de indivíduos marcados, na população, ou seja: x = nM/N. O rearranjo desta equação nos forneceria o elemento que falta, ou seja, o tamanho da população: N = nM/x. No nosso exemplo seria então: N = 50(20)/6 = 167. (Ver ÍNDICE DE LINCOLN (ou CAPTURA-MARCAÇÃO-RECAPTURA, MÉTODO DE) MARÉ, POÇA (Ver POÇA DE MARÉ) MARÉ ALTA (Ver PREAMAR) MARÉ BAIXA (Ver BAIXA-MAR) MARÉ DE SIZÍGIA Maré de grande amplitude, que se segue ao dia de lua cheia ou de lua nova. MARÉ VERMELHA Fenômeno causado esporadicamente no mar por dinoflagelados principalmente, cujas toxinas conduzem à morte de peixes e outros animais. A denominação “paralisia por envenamento com moluscos” refere-se à ingestão desse animal, que tenha sido contaminado pelas toxinas de dinoflagelados associados à maré vermelha. (Ver “BLOOM”) MARGINAL (Ver TEOREMA DO VALOR MARGINAL) MARICULTURA (Ver AQÜICULTURA) MASSAPÊ Tipo de solo, comum no recôncavo baiano e em alguns outros locais do litoral nordestino, de constituição argilosa, ocorrendo calcário e acúmulo de matéria orgânica, bastante fértil e por isso muito utilizado para o cultivo da cana-de-açúcar. MATA Designação genérica, dada a toda cobertura vegetal com predominância de árvores. Quando a vegetação é homogênea (uma só espécie), fala-se especificamente o nome de seu componente dominante; ex.: mata de eucalipto, mata de pinheiro etc. Em alguns ecossistemas utiliza-se este termo para definir sua característica principal; ex.: mata de cipó, como a encontrada em área próxima do rio Tocantins, na amazônia. (Ver MATA ÚMIDA) MATA ATLÂNTICA MATA ATLÂNTICA = FLORESTA LATIFOLIADA TROPICAL ÚMIDA DA ENCOSTA Ecossistema que ocupa as encostas voltadas para o mar, estendendo-se do litoral do Rio Grande do Norte ao do Rio Grande do Sul, beneficiando-se das influências climáticas do oceano Atlântico, daí seu nome. Segundo vários autores, é tão rica em espécies vegetais quanto a amazônica, embora suas árvores sejam um pouco mais baixas (20 ou 30 m). Segundo informações da Fundação SOS Mata Atlântica, em 1 ha dessa mata, no estado do Espírito Santo (Estação Biológica de Sta. Lúcia), foram encontradas 476 espécies arbóreas, pertencentes a 178 gêneros e 66 famílias; sendo este o recorde de biodiversidade de árvores de florestas do mundo. As fotos que seguem (de documento sobre a Mata Atlântica, sem dados da publicação) ilustram trecho de mata atlântica e animal típico, endêmico deste bioma, o guariba ou barbado (Alouatta fusca): 155 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Espécies vegetais típicas: jacarandá, Dalbergia nigra; peroba, Aspidosperma sp; jatobá, Hymenaea sp; vinhático, Plathymenio reticulata; cupiúba, Tapirira guianensis; massaranduba, Manilkara salzmanii e outras. Entre os animais, destacam-se as espécies dos seis gêneros de primatas originários da mata atlântica (Callithrix, Leontopithecus, Callicebus, Cebus, Alouatta e Brachyteles). MATACÃO (Ver TEXTURA DO SOLO) MATA CILIAR MATA CILIAR = MATA DE GALERIA Mata que margeia rio, riacho ou córrego, beneficiando-se da disponibilidade de água e nutrientes que se acumulam nas margens. Reciprocamente, a mata ciliar beneficia o curso d’água que margeia, protegendo as margens contra erosão, evitando assoreamento. MATA DE ARAUCÁRIA (Ver FLORESTA ACICULIFOLIADA) MATA DE GALERIA (Ver MATA CILIAR) MATAS SERRANAS Ecossistemas comumente encontrados em regiões onde se faz sentir o efeito da altitude,com maior umidade e temperatura mais amena, apresentando, no estado da Paraíba, algumas espécies vegetais da mata úmida e, em certos locais, espécies da caatinga. Exemplos: violeta, Dalbergia cearensis; pau d’óleo, Copaifera nitida; paraíba ou simaruba, Simarouba amara, entre outras. MATA ÚMIDA Designação geral para os ecossistemas com vegetação densa, encontrados no litoral (mata atlântica) e no brejo paraibano. Tem sido bastante destruída, cedendo hoje lugar a cultivos como o da cana-de-açúcar. Na mata úmida ocorriam em abundância: louro, Ocotea glomerata; jatobá, Hymenaea martiana; sucupira, Bowdichia virgilioides; e o quase extinto pau-brasil, Caesalpinia echinata. MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO (Ver M.O.S.) MATÉRIA SECA Refere-se, geralmente, à matéria orgânica desprovida de água. É obtida por secagem do material fresco, seco em estufa a 105°C. MATO Designação genérica, dada a praticamente qualquer tipo de área com cobertura vegetal natural. Na região nordeste do Brasil tem certa conotação pejorativa, como por exemplo nas expressões “morar no mato” (viver à parte do mundo civilizado), estar “coberto ou tomado pelo mato” (desprezado, abandonado) ou “jogar no mato” (jogar no lixo, desejando-se descartar-se de algum objeto). MATRIZ DE HORN Matriz de probabilidades de reposição (“replacement”, em inglês) num ecossistema florestal, proposta por H.S.Horn. O quadro que segue ilustra, simplificadamente, esta matriz, de acordo com BEGON et al. (1990): 156 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS OCUPANTE ATUAL Bétula cinza 0,05 0,01 0,0 0,0 OCUPANTE (50 ANOS EM DIANTE) Goma-preta Bordo vermelho 0,36 0,50 0,57 0,25 0,14 0,55 0,01 0,03 Faia Bétula cinza 0,09 Goma-preta 0,17 Bordo vermelho 0,31 Faia 0,96 Obs.: a) O bordo vermelho dominará rapidamente, enquanto a bétula cinza desaparecerá. b) A faia aumentará vagarosamente, predominando posteriormente, enquanto goma-preta e bordo vermelho persistirão com abundância baixa. c) Em resumo, há 5% de chance de que um local presentemente ocupado por bétula cinza permanecerá assim nos próximos 50 anos; 36% de chance de que goma-preta a substituirá, 50% de que seja o bordo vermelho e apenas 9% de que seja faia. MATRIZ DE INTERAÇÃO Um método básico de avaliação de impacto ambiental em que se elabora uma matriz que apresenta num dos eixos os fatores ambientais e no outro as ações referentes a um determinado projeto. Na interseção das linhas e colunas são assinalados os prováveis impactos de cada ação. É uma visão do conjunto dos impactos previstos. MEANDROS MEANDROS = “ALTWASSER” = LAGOS DE FERRADURA, DE MEANDRO ou CRESCENTE = “OXBOW LAKES” = RIOS MEÂNDRICOS São tidos como meandros as modificações de reestruturação dos leitos dos rios, em decorrência principalmente da redução do seu fluxo. A diminuição da velocidade da água ou da declividade, proporciona acúmulo de sedimento, podendo ocorrer erosão lateral com formação de vales e/ou várzeas. As sinuosidades acentuadas de alguns rios, ou “meandros divagantes”, podem levar à formação de lagos periféricos ou de lagos em forma de ferradura (ou de cangalho, conforme a tradução literal de “oxbow lake”, expressão inglesa). MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO Conhecido também como MDL, foi concebido pelo Protocolo de Quioto (ou Kyoto) para auxiliar no processo de redução de emissões de CO2 por parte dos países signatários (países do Anexo I). Consiste na negociação num mercado mundial do CO2 retirado ou não-emitido por um país em desenvolvimento. O MDL fundamenta-se em fontes renováveis e alternativas de energia, eficiência e conservação de energia ou reflorestamento. (Ver PROTOCOLO DE QUIOTO (ou KYOTO)) MECANISMOS DE ISOLAMENTO (INTRÍNSECO e EXTRÍNSECO) (Ver SIMPATRIA) MECANISMOS DE TRANSFERÊNCIA DE DNA (Ver TRANSFERÊNCIA DE DNA) MEDIDAS CORRETIVAS Medidas que devem ser tomadas para eliminar um agente causador de impacto (um poluente ou um agente de degradação) num determinado ambiente. Elas são muito comuns nos relatórios de impacto ambiental. MEDIDAS MITIGADORAS Medidas destinadas a amenizar impacto ambiental ou para prevení-lo. “mega-” Prefixo de origem grega significando “grande; maior do que o comum”. É representado matematicamente pr 1 X 106, como por exemplo o megagrama (ou Mg) = 1.000.000 g = 1.000 kg ou 1 tonelada (métrica). O megagrama é portanto, a nova denominação da tonelada no sistema SI. MEGAFAUNA (Ver MESOFAUNA) MEIA-VIDA Refere-se especificamente à atividade de material radioativo, ou seja, um nuclídeo radioativo que se reduz à metade num determinado tempo. O carbono radioativo ou C14 leva 5.740 anos para se reduzir à metade, ou seja, nesse tempo metade dele se transforma em C12. Este elemento tem sido utilizado na datação de fósseis. MEIO AMBIENTE Reunião do ambiente físico e seus componentes bióticos. 157 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS A expressão “meio ambiente” é considerada por alguns autores como dúbia e pleonástica e como tal, inclui dimensões muito amplas com conotações econômicas, sócio-culturais e de segurança, inerentes ao ambiente humano. MELANISMO / MELANÍSTICO Aumento na intensidade de pigmentação de cor negra ou escura, num organismo, grupo ou população. A poluição industrial poderá gerar um aumento na freqüência de organismos melânicos em habitats sujeitos às influências de tal atividade antrópica; chamando-se isso de melanismo industrial. O termo melanístico é uma adjetivação de melanismo. MERDÍVORO (Ver COPRÓFAGO) “mero-” Prefixo de origem grega significando “parte; em parte; incompleto”. Ex.: meroneuston (organismo que vive parte do seu ciclo vital no neuston); meroparasita (um parasita parcial ou facultativo que pode viver na ausência do hospedeiro); meropelágico (que é membro temporário da comunidade pelágica); meroplâncton (temporariamente da comunidade planctônica). MEROMÍTICOS, LAGOS São lagos cuja circulação não alcança toda a coluna d’água. Diz-se que o lago meromítico está permanentemente estratificado devido à presença de um gradiente de densidade (picnoclino), resultante da estratificação química. (Ver HOLOMÍTICOS, LAGOS) “meso-” Prefixo de origem grega significando “meio; intermediário”. Há muitos verbetes neste glossário que se iniciam por este sufixo. Além dos verbetes que figuram neste glossário, eis alguns outros exemplos: metalófita (planta que medra em ambientes onde o substrato contém níves elevados de metais); metatrófico (é um organismo que utiliza nutrientes orgânicos como fontes de carbono e nitrogênio); metanímico (é o que pertence a um riacho (córrego) temporário); metabiose (é uma simbiose entre dois organismos, um dos quais habita um ambiente preparado pelo outro). MESOFAUNA Mesofauna ou macrofauna é a fauna composta por organismos medindo entre 0,5 m e 2,5 m. Com relação aos invertebrados do solo, alguns autores chamam de mesofauna ou macrofauna, aqueles animais medindo entre 2 mm e 20 mm de largura do corpo e de megafauna, os animais com largura superior a 20 mm. MESÓFILO Termo geralmente aplicado para definir microrganismos cuja temperatura ótima para seu crescimento está entre 25°C e 37°C; muitos deles podem viver entre 0°C e 40°C. Usa-se também a denominação mesofílico, significando o organismo que vive em condições ambientais moderadas. Mesófilo é também, em ecologia vegetal, uma classe de tamanho de folhas (de 2025 a 18.225 mm2 de área foliar) na classificação de Raunkiaer. MESÓFITA Planta que vive num habitat onde as condições de umidade e aeração permanecem entre os extremos (de escassez ou de excesso). MESOPELÁGICO (Ver ZONA MESOPELÁGICA) MESOSFERA Camada da esfera do planeta Terra situada entre 40 e 80km de altitude. Segue-se a mesopausa (80 a 90km). MESOTRÓFICO, LAGO Lago com características intermediárias entre o eutrófico e o oligotrófico. (Ver EUTRÓFICO; e OLIGOTRÓFICO) “meta-” Prefixo de origem grega significando “médio”, mas na maioria das palavras a que antecede, ele expressa noção de “compartilhar; ação em comum; seguir; questionar; mudar (de lugar, condição, ordem ou natureza)”. Além dos termos que seguem, das áreas de ecologia e ciências ambientais, este prefixo tem inúmeras outras ocorrências, como por exemplo: metafisiologia (sugerido por G.H. Lewes, significando uma doutrina de vida e fenômenos vitais que se baseariam em princípios, fora de e mais elevados do que os da fisiologia e do organismo material); metaquímica (a química do supersensível); metafísica (alguns consideram uma analogia à alusão daquilo que transcende o físico); e muitos outros. Este prefixo não deve ser confundido com o termo da química relacionado a compostos de carbono. 158 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS METABOLISMO O conjunto de todas as reações químicas que ocorrem no interior de uma célula ou de um organismo. Dá-se o nome de metabólito ao composto sintetizado no metabolismo. (Ver ANABOLISMO; e CATABOLISMO) METABOLISMO ÁCIDO DAS CRASSULÁCEAS – MAC Plantas (das famílias Crassulaceae e Bromeliaceae), epífitas geralmente, que evitam abrir os estômatos durante o dia para absorver o CO2 (quando a umidade do ar é baixa e a perda d’água seria grande) e só o fazem durante a noite. O CO2 absorvido é transformado em malato (processo de carboxilação, por ação de enzimas) e durante o dia, na presença de luz, ocorre a descarboxilação (também por enzimas) liberando o CO2, podendo a planta assim continuar o processo fotossintético. METABÓLITO Substância produzida por um organismo a partir de processos metabólicos. Fala-se em metabólito primário, produzido e utilizado pelo próprio organismo e em metabólito secundário, produzido pelo organismo mas que não é por ele utilizado diretamente. (Ver DEFESA QUÍMICA) METAGENÔMICA, ANÁLISE Sistema de análise introduzido em microbiologia na década de 1990, em que se efetua análise genômica de uma população ou de comunidades de microrganismos existentes num determinado compartimento do ambiente, por exemplo, no solo, evitando o processo de cultivo de microrganismos, em que nem todo microrganismo pode ser cultivado. O termo análise “metagenômica” foi cunhado para designar o sentido de análise de um conjunto de componentes similares mas não idênticos, de um certo compartimento do ambiente. O processo da análise metagenômica envolve o isolamento de DNA de uma amostra do ambiente (por exemplo, uma amostra de solo, como um todo) gerando DNA genômico heterólogo, clonagem de DNA num vetor apropriado (Escherichia coli, DH10B), transformação dos clones numa bactéria hospedeira e “screening” dos transformantes resultantes (como por exemplo, o “screening” de marcadores filogenéticos ou “âncoras”, tais como o 16S rRNA e o recA. Vários trabalhos com tal análise metagenômica funcional têm sido realizados para identificar novos antibióticos e genes de resistência a antibióticos, além de transportadores e enzimas degradadoras. A biblioteca de DNA de solo, obtida por exemplo nos E.U.A., conseguiu apenas 29 clones que expressavam uma certa atividade (hemolítica) dos 25.000 clones isolados. Dificuldades e desafios ainda são muitos, conforme descritos em revisão de HANDELSMAN (2004). METAHEMOGLOBINEMIA METAHEMOGLOBINEMIA = METEMOGLOBINEMIA Problema causado geralmente em mamíferos (inclusive no ser humano e principalmente em crianças) pela ingestão de nitratos, que no sangue, impedem a hemoglobina de absorver oxigênio, asfixiando o indivíduo. Alta concentração de nitratos ou nitritos no alimento podem causar este problema. (Ver NITROSAMINAS) METALIMNIO Camada ou zona de profundidade aquática, com temperatura rapidamente mutável; segue, em direção ao fundo, ao hipolimnio (ver figura no verbete EUTRÓFICO). METAL PESADO Elemento químico, de peso atômico elevado, geralmente tóxico aos seres vivos e por isso considerado poluente. Entre os principais elementos metálicos encontrados em muitos efluentes, destacam-se: Sn, Pb, Hg, Cu, Cd, Cr, Co, As, Zn, Sb, Ce e Bi. Observe-se que o termo é muito amplo e por isso são aqui incluídos o arsênio, assim como alguns também incluem o berilo (Be) e o selênio (Se), que não são metais. METAMÓRFICAS, ROCHAS (Ver ROCHAS) METANO (CH4) Gás, inflamável, que participa ativamente do efeito estufa. Emana de diversas fontes, sendo as principais: lodo, regiões pantanosas (mangues, brejos, arrozais ...), estômago dos ruminantes, flatulência de diversos animais (incluindo-se o ser humano). Estima-se que somente dos arrozais emanam 20% de metano do total mundial (que é estimado em ±520 Tg de CH4/ano. (Ver EFEITO ESTUFA e RUMINANTES) METANOGÊNESE Processo de produção de metano (CH4) efetuado por grupo altamente especializado de bactérias anaeróbias obrigatórias (metanógeno), usando CO2 como aceptor terminal de eletron, convertendo-o a CH4, pela seguinte reação: 4H2 + CO2 → CH4 + 2H2O. Algumas outras substâncias também servem de substrato a tais bactérias, como o metanol, formato, metilcarptan, acetato e metilaminas. O metano emanado de sedimentos pantanosos é conhecido como “gás de pântano”. 159 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS (Ver METILÓTROFO; e METANÓTROFO) METANÓGENO (Ver METANOGÊNESE) METANÓTROFO Bactéria aeróbia, que vive no solo ou na água, oxidando o metano e compostos de carbono (mais oxidados), possuidores de um só átomo de C. Possui uma enzima específica chamada metanomonoxigenase. (Ver METILÓTROFO) METAPOPULAÇÕES São populações que por processos de migração (e colonização em novas áreas) dividiram-se em subpopulações, formando “mosaicos” de ocupação em determinada área. Algumas dessas subpopulações mantêm certas interações entre si, tornando-se portanto, menos frágeis ou suscetíveis ao desaparecimento do que aquelas que têm baixa taxa de migração. METAZOOPLÂNCTON (Ver APÊNDICE V – PLÂNCTON: TIPOS E CATEGORIAS DE TAMANHO) METEMOGLOBINEMIA (Ver METAHEMOGLOBINEMIA) METILMERCÚRIO (Ver MINAMATA; POLUENTE SECUNDÁRIO; e SINERGISMO) METILÓTROFO Bactéria que utiliza como fonte de carbono, um composto orgânico cuja estrutura ostenta um só átomo de carbono. Ex.: metano (CH4), metanol (CH3OH), metilamina (CH3NH2), dimetilamina ((CH3)2NH), formato (HCOO-), monóxido de carbono (CO) e outros. Muitos metilótrofos são também metanótrofos. (Ver METANÓTROFO) MICELA Unidade (em química e biologia) composta por moléculas complexas, formando colóide, que pode mudar de tamanho sem alterar sua estrutura química. Os polissacarídios que constituem a celulose, por exemplo, formam micelas na parede celular, arranjando-se em estruturas maiores, as microfibrilas (10 a 20 micelas). MICÉLIO Talo dos fungos, formado pelas hifas (filamentos). MICOBIONTE Fungo. No líquen ocorre um mutualismo entre um micobionte (um fungo) e um ficobionte (uma alga). MICÓFAGO Que se alimenta de fungos. (Ver FICÓFAGO) MICOPLÂNCTON (Ver APÊNDICE V – PLÂNCTON: TIPOS E CATEGORIAS DE TAMANHO) MICORRIZA MICORRIZA = FUNGO MICORRÍZICO Interação entre fungo e raiz de planta, formando um mutualismo (ou simbiose) benéfico a ambos esses organismos. Esta simbiose diz-se ser uma micotrofia. O fungo micorrízico, ligando-se às raízes da planta, aumenta a superfície de absorção desta, ajudando no seu desenvolvimento, ao tempo em que recebe carboidratos da planta. Em termos morfológico e anatômico as micorrizas são dos tipos: ectomicorrizas, endomicorrizas e ectendomicorrizas (ou ectoendomicorrizas), além de outros subtipos: orquidáceas, ericáceas e arbutáceas. (Ver ECTOMICORRIZA; e ENDOMICORRIZA) “micro-” Prefixo de origem grega significando “pequeno; curto”. No sistema SI é 10-6 m (milionésima parte do metro ou milésima parte do milímetro, cuja unidade é representada atualmente por μm (= micrômetro). Muitos termos contêm este prefixo, apresentados neste glossário. MICROAMBIENTE (Ver MICROHABITAT) MICROARTRÓPODO Denominação dada a diversos animais, muitos deles vivendo na necromassa acumulada sobre o solo, pertencentes a diversas ordens (Collembola, Acarina, Diplura, Thysanura, Protura, Symphyla, 160 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Pauropoda, Tardigrada...). Algumas espécies destas ordens, são componentes mais da meso e macrofauna do que da microfauna. MICROBACIA HIDROGRÁFICA É conceituado como uma área compreendida entre um fundo de vale (rio, riacho, várzeas) e os espigões (divisor de água) que delimitam os pontos dos quais toda a água das chuvas escorre para esse fundo de vale. As microbacias se iniciam na nascente dos pequenos cursos d’água, ligando-se às outras até constituirem a bacia hidrográfica de um rio de grande porte. MICROBIOLOGIA AMBIENTAL (Ver ECOLOGIA MICROBIANA) MICROBIOTA (Ver BIOTA) MICROBÍVORO Animal que se alimenta de componentes da microbiota. (Ver ZOÓFAGO) MICROCLIMA O clima de uma área muito pequena ou particularmente de uma parte pequena e definida de um determinado habitat. (Ver MACROCLIMA) MICROCONSUMIDOR (Ver DECOMPOSITOR) MICROFAUNA (Ver BIOTA) MICROFITÓFAGO (Ver FITÓFAGO) MICROFLORA (Ver BIOTA) MICROHABITAT MICROHABITAT = MICROAMBIENTE Refere-se ao habitat diminuto no qual vive um organismo ou uma população. Alguns autores reservam este termo quando desejam referir-se ao habitat microbiano e neste caso, chamam-no também de microambiente. É muito comum dizer-se que os microrganismos exercem atividade diversa conforme as diferenças de microhabitat existentes num ecossistema. (Ver FITOTELMOS) MICRONUTRIENTES (Ver NUTRIENTES) MICROPARASITA Parasita, de dimensões minúsculas, que se multiplica dentro da célula do hospedeiro. Estão aqui incluídas as bactérias, vírus e alguns protozoários. Há também os microparasitas de plantas (bactérias e nematódeos, por exemplo). (Ver MACROPARASITA) MICRORGANISMO (Ver DOMÍNIOS DOS MICRORGANISMOS) MICROTOPOGRAFIA Refere-se às variações de altura ou irregularidades ou aspereza de um terreno (ou local) em escala muito pequena, no nível de organismo. MIGRAÇÃO e COMPORTAMENTO MIGRATÓRIO Deslocamento periódico e com retorno, de alguns animais, feito geralmente com o propósito de procriar. As espécies que migram e retornam diversas vezes durante o seu ciclo de vida, orientam-se não somente pelo geomagnetismo e/ou “informação do sol e das estrelas, como também pelo aprendizado da rota de migração”. Há evidências de que diversos insetos, peixes, uma espécie de salamandra, certas espécies de bactérias e aves, são capazes de deduzir informação direcional a partir do fraco campo magnético da Terra. As espécies que fazem somente uma viagem de retorno, têm grande capacidade de percepção olfativa e/ou de memorização topográfica. Há indícios de que a enguia européia (Anguilla anguilla) e a americana (A. rostrata) têm, por exemplo, sensibilidade olfativa a duas ou três moléculas do álcool β-fenil etílico. Há também evidências de que o salmão (fase de ovo e juvenil na água doce e de adulto no mar), retornando ao local anterior para a desova, relembra os odores ao longo desse trajeto. Uma certa espécie de andorinha do Ártico (Sterna paradisaea) desloca-se do Ártico às geleiras da Antártica, anualmente, num percurso de 16.100 km (ou o dobro de ida-e-volta), alimentando-se durante essa viagem, ao contrário de outras espécies. (Ver DISPERSÃO DA POPULAÇÃO) 161 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS MILIEQUIVALENTE / MILIEQUIVALÊNCIA (Ver CTC - CAPACIDADE DE TROCA CATIÔNICA) MIMETISMO Fenômeno, comum no reino animal, em que uma determinada espécie mimetiza (imita) um organismo que possa parecer aos predadores não-palatável ou indesejável (venenosa, por exemplo). Aplica-se também este termo para definir o fenômeno em que diversos animais tomam a cor dos objetos do meio em que vivem, embora para esta característica o termo mais apropriado seja camuflagem. (Ver APOSEMATISMO; CAMUFLAGEM; e CRÍPTICO) MIMETISMO MÜLLERIANO (ou de MÜLLER) Semelhança mútua entre duas ou mais espécies marcantemente não-palatáveis, que funciona como defesa contra predadores. (Ver APOSEMATISMO; CAMUFLAGEM; e CRÍPTICO) MINAMATA (ou DOENÇA DE MINAMATA) Minamata é uma cidade da costa oeste da ilha de Kyushu, no Japão, onde entre 1953 e 1956 ocorreram 43 mortes de pessoas e dezenas foram seriamente afetadas por um envenenamento com metilmercúrio (C2H6Hg). Alguns ambientalistas estimam que centenas de pessoas, na verdade, morreram em decorrência desse “acidente” ou desastre. (Ver POLUENTE SECUNDÁRIO e SINERGISMO) MINERALIZAÇÃO Fase da biogeociclagem em que há conversão da forma orgânica de um elemento (nutriente) para a forma inorgânica. Nesta fase da biogeociclagem, que segue à imobilização, o elemento é liberado para o ambiente (solo ou água) após a morte das células microbianas. (Ver IMOBILIZAÇÃO) MIP − MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS Ação integrada de agrotóxicos e controle biológico, combinando aspectos de natureza econômica e princípios ecológicos, aplicada na defesa de lavouras e de pastagens destinadas a animais. “mirmeco-” Prefixo de origem grega significando “formiga”. Ex.: mirmecófago (organismo que se alimenta de formigas, ou cupins; o nosso tamanduá-bandeira incorpora ao seu nome científico, este prefixo: Myrmecophaga tridactyla); mirmecófilo (aquele que vive em associação com formigas, podendo significar também aquele que vive parte do seu ciclo vital em ninhos de formiga ou de cupim; uma planta mirmecófita é aquela que abriga formigas ou cupins em estruturas especializadas ou que mantém uma interdependência com esses insetos, como por exemplo as formigas do gênero Azteca e a embaúba, Cecropia spp) “-mítico” Sufixo de origem grega significando “circulação de água”. Ainda se encontra a grafia “míctico”. (Ver HOLOMÍTICOS, LAGOS; e MEROMÍTICOS, LAGOS) MITIGAÇÃO DO CARBONO (Ver INICIATIVA PARA MITIGAÇÃO DO CARBONO) MIXÓTROFO Bactéria que é capaz de assimilar compostos orgânicos como fontes de carbono, obtendo simultâneamente energia a partir da oxidação de compostos inorgânicos. É por isso também chamada de heterótrofo-litótrofo. MODELO BIOLÓGICO Formulação, que representa um fenômeno do mundo real e por meio do qual podem ser feitas previsões. Ex.: uma formulação matemática que represente mudanças numéricas que ocorram em populações de insetos e que por meio desses números se possa prognosticar a que ponto atingirá a população, no tempo; esta formulação poderá ser considerada como um útil modelo biológico. MODELO CONTROLADO-PELO-DOADOR Modelo sugerido por S.L.Pimm (em 1982), fundamentado nas observações sobre as relações entre detritívoros e decompositores, em que é mostrado que o doador (a presa) controla a densidade do receptor (o predador). A dinâmica deste modelo difere, em várias maneiras, do modelo de Lotka-Volterra das interações predador-presa. No modelo controlado-pelo-doador, por exemplo, a dinâmica de interação é particularmente estável e que esta, na verdade, aumenta com o aumento na diversidade de espécies e da complexidade da teia alimentar (um contraste com o modelo de Lotka-Volterra). MODELO DE LOTKA-VOLTERRA Modelo desenvolvido a partir das conceituações de A.J.Lotka e V.Volterra. Refere-se à competição interespecífica como uma extensão da equação logística, esclarecendo sobre os fatores que determinam o efeito da interação competitiva. A equação logística é representada por: 162 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS dN/dt = rN (K – N)/K, onde K = capacidade de suporte; N = tamanho da população; r = taxa intrínseca de crescimento da população. A base do modelo de Lotka-Volterra é a substituição do termo responsável pela incorporação da competição intraespecífica (a expressão que está entre parênteses) por um termo que incorpore ambas as competições (intra e interespecífica). MODELOS NEUTROS Tipo de modelos em que, à semelhança da comprovação da “hipótese nula” da estatística, os dados sobre competição interespecífica (a mais usualmente testada) são rearranjados procurando-se observar o que aconteceria na ausência desta interação competitiva. Portanto, se os dados reais mostram uma diferença estatística significativa da hipótese nula, esta é então rejeitada e a ação do fenômeno sob investigação é fortemente inferida (ou comprovada). MODULAR (Ver ORGANISMOS UNITÁRIO e MODULAR) MOFO (Ver BOLOR) MONÇÃO Vento periódico típico do sul e do sudeste da Ásia, soprando no verão do mar para o continente (monção marítima) e no inverno soprando do continente para o mar (monção continental). “MONERA” (Ver REINO) MONITORAMENTO (ou MONITORAÇÃO ou MONITORIZAÇÃO) Acompanhamento das reações de certos fatores ecológicos, feito através de medições ou observações contínuas dos parâmetros ambientais que indicam a dinâmica de tais fatores. MONOCLÍMAX (Ver TEORIAS MONO E POLICLÍMAX) MONOCULTURA Sistema de cultivo em que é utilizada uma só espécie vegetal, apresentando portanto desvantagens, em termos ecológicos, por sua susceptibilidade a pragas, doenças e, em certos tipos, por causar problemas ambientais. Sua homogeneidade poderá dificultar sua reação às condições adversas que porventura surgirem. MONÓFAGO (ou MONOFÁGICO) Espécie de organismo que consome somente um tipo de alimento. É uma espécie estenofágica. O monófago se assemelha ao oligófago ou oligofágico. (Ver ESTENO; e OLIGÓFAGO) MONOGAMIA Formação de um par, no acasalamento de macho e fêmea, em que a união tem continuidade durante várias gerações de proles. A monogamia é pouco comum entre os mamíferos, em que a fêmea amamenta e cuida dos filhotes; é no entanto, muito comum entre aves nas quais em muitas espécies, tanto o macho quanto a fêmea chocam os ovos e alimentam a prole. (Ver POLIGAMIA) MONÓICA(O) Diz-se da espécie de planta que tem flor unissexual masculina e flor unissexual feminina num mesmo espécime ou indivíduo. Originalmente chamava-se espécie “monoécia”. O sufixo deriva do grego “oikos” (= casa). (Ver DIÓICA; GINOÉCIA; e TRIÓICA) MONOMÍTICO Lago que apresenta um período único de circulação livre ou re-circulação, por ano, com conseqüente rompimento do termoclino. (Ver HOLOMÍTICOS) MONOPLÓIDE (Ver GENOMA) MONOPROCRIAÇÃO (Ver SEMELPARIÇÃO) MONOSSIALITIZAÇÃO (Ver SILICATOS) MONTANTE Situado rio acima, ou seja, considerando-se a corrente fluvial, é o ponto contrário à direção da foz. (Ver JUSANTE) 163 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS MONTREAL, PROTOCOLO DE (Ver CFC − CLOROFLUORCARBONO (ou CARBONO FLUORCLORADO)) MONUMENTO NATURAL Categoria de unidade de conservação do Grupo I do SNUC. Denominação dada a uma unidade de conservação que tenha o propósito de conservar um objeto natural específico ou uma espécie determinada da flora ou fauna, quer seja de interesse estético ou valor histórico ou científico, sendo inviolável exceto para a realização de investigações científicas devidamente autorizadas, ou para inspeções oficiais (de acordo com Decreto Federal nº 58.054, de 23/03/66). (Ver SNUC − SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO; e UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) MORBIDADE (Ver TAXA DE MORBIDADE) MORTALIDADE (Ver TAXA DE MORTALIDADE) M.O.S. (MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO) Denominação que se refere à toda matéria orgânica existente no solo, incluindo tanto a necromassa como as raízes vivas. (Ver NECROMASSA) MOVIMENTO ECOLOGISTA (Ver ECOLOGISMO) MUDANÇAS CAÓTICAS DE UMA POPULAÇÃO (Ver CAOS) MULTIFATORIAL (Ver POLIGÊNICO) MULTIGÊNICO (Ver POLIGÊNICO) MURCHA PERMANENTE (Ver PONTO (ou COEFICIENTE) DE MURCHA PERMANENTE) MURUNDUM (ou MURUNDU) Monte de terra, comum em certos campos, com altura que pode alcançar os 3 m, contendo um ou mais termiteiros. MUTAÇÃO PLEOTRÓPICA (Ver “pleo-”) MUTUALISMO MUTUALISMO = SIMBIOSE Tipo de interação ecológica na qual ambas as populações se beneficiam e onde pelo menos uma delas, em condições naturais, não sobreviveria sem a outra. Diferencia-se da protocooperação porque é uma associação obrigatória, para a sobrevivência de uma ou ambas as populações. O adjetivo simbiótico qualifica a simbiose. (Ver INTERAÇÃO ECOLÓGICA) MUTUALISMO FACULTATIVO (Ver PROTOCOOPERAÇÃO) MVA - MICORRIZA VESICULAR-ARBUSCULAR (Ver ENDOMICORRIZA) 164 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS N “nano-” Prefixo de origem grega significando “anão; de excessiva pequenez”. Além da unidade “nanômetro (nm)”, do sistema SI (1 X 10-9 m ou a milésima parte do micro), é usado em outros termos (ver verbete NANOPLÂNCTON), como nanofóssil (um fóssil, geralmente alga, com tamanho próximo à resolução do microscópio óptico); nanófilo (da classe de tamanhos de folha, de 25 a 225 mm2 de área de superfície, segundo a classificação de Raunkiaer); nanotecnologia (que lida com dimensões e tolerâncias de 0,1 a 100 nanômetros). O nanismo, é derivado que significa “nanico” ou ainda “que tem crescimento restrito”. NANOPLÂNCTON (Ver PLÂNCTON) NÃO-SIMBIONTES (Ver FIXADORES DE NITROGÊNIO (DE VIDA LIVRE)) “-nastia”/ NÁSTICO Este sufixo de origem grega, “-nastia”, refere-se ao “movimento” da planta ou de suas partes (movimento nástico), resultando num crescimento maior dos tecidos do lado oposto ao do estímulo. Alguns termos: epinastia (uma curvatura para baixo de uma parte da planta devido ao crescimento diferenciado das superfíces superior e inferior); quimionastia (uma resposta a estímulo químico); nictinastia (movimento de orientação de plantas durante a noite; fotoepinastia (uma curvatura da planta para cima, induzida pela luz); seismonastia (movimento de crescimento de uma planta em resposta a um choque não-direcionado ou a um estímulo de vibração mecânica). Nástico é a forma adjetiva. NATALIDADE (Ver TAXA DE NATALIDADE) NATALIDADE ECOLÓGICA Dá-se esta denominação à relação “ovos ou filhotes gerados por fêmea : filhotes sobreviventes”. Este valor fornece uma idéia da eficiência de reprodução de uma população. Usa-se também o termo taxa de fecundidade específica da idade, que é o número de ovos ou filhotes gerados por unidade de tempo, por um indivíduo pertencente a uma certa classe de idade (ou idade específica x). (Ver TAXA DE NATALIDADE; e TAXA DE MORTALIDADE) NECRÓFAGO Que se alimenta de matéria ou organismos mortos. (Ver DECOMPOSITOR) NECROMASSA NECROMASSA = SERRAPILHEIRA = MANTA HÚMICA = FOLHEDO = “LITTER” Matéria orgânica morta que geralmente se acumula na superfície do solo e no sedimento. Este termo, em ecologia, substitui melhor as denominações “serrapilheira, manta húmica e folhedo”, assim como substitui perfeitamente ao anglicismo “litter”. No entanto, alguns autores somente utilizam o termo necromassa quando se referem à quantificação dos organismos mortos (massa total de organismos mortos por área ou volume) num determinado período. (Ver M.O.S.) NECROTRÓFICO (Ver PARASITA NECROTRÓFICO) 165 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS NÉCTON Organismos natantes (peixes, anfíbios etc), capazes de se locomoverem espontaneamente (e portanto, até, de “evitarem a captura”). O sufixo “-on” refere-se à comunidade. (Ver BENTOS; NEUSTON; PLÂNCTON; e APÊNDICE V – PLÂNCTON: TIPOS E CATEGORIAS DE TAMANHO) NEMATICIDA Substância que elimina nematódeos. NEMATÓDEOS (ou NEMATÓDIOS) Um helminto da classe Nematoda, de corpo cilíndrico, alguns são microscópicos, de interesse médico (parasita intestinal humano, como o Ascaris, Ancilostoma, Oxiurus), de interesse veterinário (parasita de cavalos, cães, gatos etc) e agronômico (parasita de raízes de muitas plantas). Há nematódeos no solo que são omnívoros (alimentam-se de necromassa) e outros são predadores (alimentam-se de bactérias, fungos, algas). NEOÁRTICA, REGIÃO (Ver REGIÕES ZOOGEOGRÁFICAS) NEOBIOGEOGRAFIA (Ver BIOGEOGRAFIA) NEO-DARWINISMO Teoria moderna da evolução, que combina a seleção natural e a genética de populações, admitindo que o conceito de variação espontânea é explicado em termos da mutação e recombinação genética. Chama-se também de “evolução neo-Darwiniana”. NEO-LAMARCKISMO A herança de caractéres adquiridos; ou a teoria de que os caractéres adquiridos pelos organismos em resposta aos fatores ambientais, são assimilados no genoma e transmitidos aos descendentes. Experimentos com microrganismos (bactérias) vieram “resssuscitar” o Lamarckismo, idéia já abandonada desde o Darwinismo. (Ver NEO-DARWINISMO) NEOSSOLOS (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) NEOTROPICAL, REGIÃO Também conhecida como Reino Neogeano ou Região sul-americana, é uma das seis maiores áreas do mundo definidas com base em suas características de vida animal. Estende-se do sul do deserto Mexicano até a zona sub-antártica da América do Sul. Sua fauna típica é muito rica: llama, anta, veado, porco, onça, suçuarana, gambás, inúmeros roedores e peixes, riquíssimas entomofauna e avifauna. A flora, muito rica em plantas típicas (alguns exemplos: gramíneas, os ancestrais de flores ornamentais, agaves, seringueira e muitas outras). (Ver REGIÕES ZOOGEOGRÁFICAS) NEUSTON Organismos, muitos deles microrganismos (algas, bactérias, fungos, protozoários) repousantes ou flutuantes na superfície de habitats de água doce. Os organismos do neuston situados acima da película superficial constituem o epineuston e os situados abaixo de tal película constituem o hiponeuston. O sufixo “-on” refere-se à comunidade. (Ver BENTOS; NÉCTON; PLÂNCTON; e APÊNDICE V – PLÂNCTON: TIPOS E CATEGORIAS DE TAMANHO) NEUTRALISMO Tipo de interação ecológica na qual nenhuma população é afetada. Talvez seja o tipo mais comum de interação na Natureza. Exemplo: um pássaro e um esquilo (o nosso caxinguelê ou serelepe) que vivam num mesmo habitat, utilizando inclusive a mesma árvore como fonte de alimento e ponto de dormida, estão de uma certa maneira interagindo, mas sem influência direta de um sobre o outro. (Ver INTERAÇÃO ECOLÓGICA) NICHO ECOLÓGICO Termo que inclui não somente o lugar restrito em que vive um organismo, mas também inclui sua função (posição trófica e posição com relação aos gradientes de vários fatores físicos, tais como temperatura, pH, umidade) na comunidade da qual faz parte. São muitas as definições de nicho (respeitados os aspectos da definição acima), sendo uma delas, bastante elucidativa, a de A.MacFadyen: “um conjunto de condições ecológicas sob as quais uma espécie pode explorar uma fonte de energia, que lhes seja suficiente para reproduzir e colonizar mais conjuntos com tais condições”. G.E.Hutchinson propõe uma definição, baseada num modelo de um “hipervolume”, onde uma figura tridimensional representando por exemplo os “eixos” das necessidades básicas de um esquilo (temperatura, quantidade de alimento e densidade de ramificação de uma árvore) seria facilmente 166 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS interpretada (inclusive por uma figura tridimensional), mas o acréscimo de outras necessidades ou “eixos” poderia ser entendida intuitivamente e representada matematicamente, embora não possa ser desenhada numa figura. Ao maior nicho ecológico que um organismo ou espécie possa ocupar, na ausência de competição específica e predação, denomina-se nicho fundamental. Em muitas espécies coexistentes, há uma tendência para que elas procurem preencher os espaços (ou “vazios”) mais importantes das dimensões de nichos disponíveis; termo este conhecido por “acondicionamento de nicho” (do inglês, “niche packing”). (Ver COMPLEMENTARIDADE DE NICHO; e HABITAT) NICHO FUNDAMENTAL (Ver NICHO ECOLÓGICO) NICHO INCLUSO É um nicho que ocorre dentro de outro, maior, pertencente a uma espécie mais generalizada. A espécie de nicho incluso sobrevive por ser altamente adaptada ou especializada e portanto, tendo superioridade competitiva em determinada parte do nicho maior. NINFA Forma jovem de inseto hemimetabólico, com semelhança à de imago (ou adulto). (Ver HEMIMETABÓLICO) NINHO (ou NINHADA), PARASITISMO EM (Ver PARASITISMO) NITOSSOLOS (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) NITRIFICAÇÃO Processo de formação de nitrato que ocorre em solos arejados e ecossistemas aquáticos, iniciando-se pela oxidação de amônia em nitrito (pelas bactérias dos gêneros Nitrosomonas, Nitrosococcus, Nitrosolobus, Nitrosospira e Nitrosovibrio) sendo este então oxidado (pelas bactérias dos gêneros Nitrobacter, único gênero do solo, Nitrospira e Nitrococcus, gêneros marinhos) formando nitrato. (Ver AMONIFICAÇÃO; e DESNITRIFICAÇÃO) NITROGENASE (Ver FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO – FBN) NITROGÊNIO (Ver BIOGEOCICLAGEM; FIXADORES DE N2 DE VIDA LIVRE; e FIXAÇÃO BIOLÓGICA DE NITROGÊNIO − FBN) NITROSAMINAS Nitritos e nitratos, quando ingeridos (pelo ser humano, por exemplo) transformam-se no organismo em compostos carcinogênicos conhecidos como nitrosaminas. Estes compostos de nitrogênio são também comumente encontrados na água (de lençol freático, de rios, riachos, lagoas, açudes, represas) que tenha recebido excesso de fertilizantes lixiviados de áreas cultivadas próximas. NIVEAL Relativo a ou próprio da neve ou que vive nela ou que nela, ou no inverno, floresce. Ex.: niveoglacial (relativo ou pertencente à ação combinada de neve e gelo); nivícola (vivendo na neve ou em habitat coberto por neve). (Ver “-cola”) NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DA MATÉRIA VIVA NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO DA MATÉRIA VIVA = BIOSSISTEMA Espécie de espectro biológico em que os componentes bióticos são apresentados numa seqüência, formando diferentes níveis de complexidade, ou seja: genes - células - tecidos - órgãos organismos - populações - comunidades. Esses componentes bióticos interagem e trocam matéria e energia com o ambiente onde vivem, formando no final um ecossistema. A ecologia dedica-se ao estudo do biossistema acima representado, iniciando no nível dos organismos. NÍVEL DE EQUILÍBRIO NÍVEL DE EQUILÍBRIO = EQUILÍBRIO DE UMA POPULAÇÃO É um estado dinâmico de flutuação, em torno de uma média, no número de indivíduos de determinada população. Quanto ao equilíbrio de uma população, alguns autores fazem a seguinte distinção: a) Equilíbrio dinâmico: condição de um ecossistema (componente biótico ou abiótico) que permanece inalterado pela ação simultânea de forças opostas, com uma mesma intensidade. b) Equilíbrio estável: condição de um ecossistema (componente biótico ou abiótico) que retorna à condição estável, após sofrer deslocamentos (mudanças) daquela condição. 167 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS NÍVEL DE INJÚRIA (Ver DANO ECONÔMICO) NÍVEL TRÓFICO Diz-se de um nível da cadeia alimentar, ocupado pelos organismos que obtêm sua energia alimentar (proveniente inicialmente dos produtores primários) da mesma maneira, isto é, na mesma gradação ou seqüência de organismos que ingerem e que são ingeridos. (Ver CADEIA ALIMENTAR) NMP − NÚMERO MAIS PROVÁVEL (Ver NÚMERO MAIS PROVÁVEL) N,N-DIETIL-META-TOLUAMIDA (Ver “DEET-N, N-DIETHYL-META-TOLUAMIDE”) NÓDULOS E CONCREÇÕES MINERAIS DO SOLO (Ver PERFIL DO SOLO) NOOSFERA Refere-se ao “mundo dominado pela mente humana” (do grego “noos” = mente). O homem em evolução gradualmente estende sua influência para fora do planeta Terra e com isso amplia o conceito de biosfera. NORMA ISO 14.000 (Ver “ISO 14.000 - INTERNATIONAL STANDARDIZATION ORGANIZATION”) NOTÓFILA Categoria de tamanho de folha (área de superfície entre 2025 e 4500 mm2) da classificação de Raunkiaer. NPK (Ver FERTILIZANTE) NUCÍFERO e NUCÍVORO Que ostenta nozes e que se alimenta de nozes, respectivamente. NÚMERO MAIS PROVÁVEL - NMP Também conhecido como método da “diluição de extinção”, usado para a contagem de microrganismos viáveis, é um método de diluição (em meio líquido, sem usar agar) em que são feitas diluições sucessivas da amostra “até a extinção”. São feitas geralmente de 3 a 10 replicações por diluição. Com base numa estatística da distribuição de Poisson (usando uma tabela ou programa especial de computador), as replicações positivas e negativas, exatamente antes do ponto de extinção, são contadas, obtendo-se a contagem dos viáveis. É um método, no entanto, laborioso e menos preciso do que o de contagem em placas. (Ver CONTAGEM (DE MICRORGANISMOS, EM PLACAS)) NUTRIENTES Substâncias ou elementos químicos essenciais à manutenção dos seres vivos, ou seja, ao seu crescimento e desenvolvimento, podendo ser requisitados em grandes ou pequenas quantidades (macro ou micronutrientes) (Ver TROFO). Na figura que segue vê-se a distribuição de nutrientes, principalmente de carbono, nas partes abióticas e bióticas de ecossistemas florestais (LONGMAN & JENÍK, 1987): FLORESTA TROPICAL FLORESTA TEMPERADA Solo 15% Madeira 39% Solo 49% Madeira 75% Folhas 4% Necromassa 8% 168 Necromassa 4% Folhas 6% GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS O OCASIONAL, ESPÉCIE (Ver ESPÉCIE OCASIONAL) OCEANÓDROMO (Ver ANÁDROMO) “ofio-” Prefixo de origem grega relativo a “cobra; serpente”. Ex.: ofiotoxicologia (trata do estudo dos venenos de cobras); ofiófago (organismo que se alimenta de cobras). “oligo-” Prefixo de origem grega significando “pouco(s)”. Além dos termos inseridos neste glossário, vejamos alguns exemplos: oligoaeróbio (organismo que se desenvolve em condições de baixa concentração de oxigênio; oligonitrófilo (organismo que vive em habitat com baixo teor de nitrogênio); oligosapróbio (organismo que medra em habitat poluído, porém com alta concentração de oxigênio, baixos níveis de matéria orgânica dissolvida e baixo nível de decomposição orgânica, sendo então um ambiente tipicamente com microbiota decompositora reduzida). OLIGÓFAGO (ou OLIGOFÁGICO) Que se alimenta de uma pequena variedade de tipos de alimento. Um termo mais apropriado para esta condição é estenofágico, que significa uma estreita faixa de seleção de alimento. Oligófago se assemelha ao monófago ou monofágico. (Ver MONÓFAGO e POLÍFAGO) OLIGOMÍTICOS (Ver HOLOMÍTICOS) OLIGOTRÓFICO, LAGO Lago pobre em nutrientes inorgânicos e com baixas concentrações de algas e matéria orgânica. Há também os lagos ultra-oligotróficos com extrema carência desses componentes. (Ver AUTOTRÓFICO, LAGO; DISTRÓFICO, LAGO; e OLIGOTRÓFICO, LAGO) OMBRÓFILA OMBRÓFILA = VEGETAÇÃO PLUVIAL Vegetação caracterizada por adaptações a ambiente de alta pluviosidade. (Ver PLANTA DE SOMBRA) OMNÍVORO OMNÍVORO = PANTÓFAGO Que utiliza como alimento, mais de um nível trófico, da cadeia alimentar, ou seja, alimenta-se de plantas e de animais. Exemplos: o homem, porco, rato, raposa, barata... ONG (ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL) Formada geralmente a partir de pessoas que se dedicam a uma determinada causa, podendo tal organização ser voltada para problemas ambientais. ONTOGENÉTICO Que acontece no transcorrer do crescimento de um indivíduo. (Ver FILOGENÉTICO) OPORTUNISTAS (Ver ESTRATEGISTAS K e r) ORDEM DE BICADA (Ver BICADA, ORDEM DE) 169 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ORDEM DE GRANDEZA Quando se deseja dizer que duas quantidades ou valores são da mesma ordem de grandeza, isto significa que elas não diferem por um fator de 10. Três ordens de grandeza significam um fator de 1.000. ORDENAÇÃO (ou ORDENAÇÃO POLAR) Tratamento matemático (utilizando teorema de Pitágoras) que permite a representação gráfica de comunidades, mostrando que semelhanças em composição de espécies e abundância relativa aparecerão próximos num determinado eixo da representação, enquanto comunidades que difiram muito na importância relativa do conjunto similar de espécies, aparecerão distanciados. A aparência da representação poderia ser (modificado de WHITTAKER, 1975): y úmido fértil 60 C E 39 D A 19 estéril 58 G B F H x 32 29 38 49 51 I J seco 23 Observações: as letras (de A a J) representam 10 tipos de ecossistemas de florestas da Polônia. Cada amostra é uma média de várias, coletadas e representativas de cada ecossistema. Os ecossistemas A e H representam os pontos terminais do eixo x e C e J os do eixo y. As amostras foram localizadas pela similaridade relativa (coeficientes de comunidade) às amostras dos pontos terminais; as unidades de distância ecológica marcadas nos eixos x e y (os traços nos eixos) são coeficientes de comunidade de 10%. As linhas oblíquas aos eixos, representam gradientes nas características de solo (umidade decrescendo do quadrante esquerdo superior para o direito inferior e fertilidade do direito superior para o esquerdo inferior); e os números são valores médios de espécies vegetais das amostragens obtidas. (Ver COEFICIENTE DE COMUNIDADE) ORGANISMO GENETICAMENTE MODIFICADO (Ver TRANSGÊNICOS) ORGANISMOS UNITÁRIO e MODULAR Um organismo unitário é aquele cuja forma é altamente definida, determinada. Resulta geralmente, da fusão de uma célula reprodutiva masculina (espermatozóide) com uma célula feminina (óvulo), formando o ovo ou zigoto. O descendente é assim, facilmente reconhecido, sendo seu desenvolvimento e forma, previsíveis. Um organismo unitário é, por exemplo, um cão, um gato, um réptil, uma ave, o homem etc. O organismo modular, no entanto, embora possa também surgir de processo reprodutivo semelhante ao do indivíduo unitário, gera um descendente com número e forma de elementos componentes, altamente variáveis. Um organismo modular é, por exemplo, uma árvore, uma esponja, um coral, um briozoário, uma ascídea (ou tunicado), um fungo etc. Seu desenvolvimento e forma são imprevisíveis, embora os indivíduos da mesma espécie (logicamente) se assemelhem. A modularidade também ocorre em função dos estímulos ambientais (luminosidade, temperatura, substrato/alimento etc). (Ver COLÔNIA) ORGANOCLORADO ORGANOCLORADO = HIDROCARBONETO OU HIDROCARBONO CLORADO 170 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Composto (ou conjunto de compostos) que entra na formulação de pesticidas, desenvolvido durante a 2ª guerra mundial, objetivando o controle de insetos (pragas, vetores de doenças como a malária, a do sono etc). O mais conhecido e usado tem sido o DDT-diclorodifeniltricloretano; há ainda o DDD-diclorodifenildietano (menos tóxico); o DDE-diclorodifeniletano resulta da desintegração do DDT e também é biologicamente ativo. Outros compostos deste grupo são o aldrin, endrin, dieldrin, atrazina e o BHC (“benzene hexachloride”, sigla em inglês ou hexacloreto de benzeno). Os organoclorados caracterizam-se, em termos ecológicos, pela sua susceptibilidade à biomagnificação. São pouco hidrossolúveis, mas são muito lipossolúveis, como o aldrin (C12H8Cl6) e o heptachlor (C10H5Cl7) um cupinicida, daí ser muito importante que a sua existência ou não em corpos d’água (rios, represas e mananciais em geral) seja investigada não somente na própria água mas também nos organismos que ali vivem. Atribui-se por exemplo ao DDT, sua atuação negativa no metabolismo do cálcio, em aves, levando estes animais a porem ovos mal-formados, quebradiços, impedindo sua reprodução. O DDT tem meia-vida de 10 anos no ambiente. (Ver CARBAMATO; ORGANOFOSFORADO; e TIOCARBAMATO) ORGANOFOSFORADO Grupo de pesticidas (ou defensivos agrícolas), geralmente inseticidas, composto por um grupo orgânico e um éster fosfórico; embora biodegradável na maioria (sua meia-vida é menor do que a dos organoclorados), o organofosforado, apesar de ser mais tóxico para os insetos, é muito tóxico para o ser humano e outros vertebrados, sendo carcinogênico. Todos estes compostos estão relacionados ao gás que atua no sistema nervoso (inativando a enzima que atua sobre a acetilcolina, responsável pela transmissão nervosa), desenvolvido durante a segunda guerra mundial. Exemplos de organofosforado: azodrin, clorpirifos, diazinon, fention, fosdrin, malation, paration e trition. (Ver PESTICIDA) ORGANOSSOLOS (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) ORGANÓTROFO (ou ORGANOTRÓFICO) (Ver HETERÓTROFO) ORIENTAL, REGIÃO (Ver REGIÕES ZOOGEOGRÁFICAS) “ornito-” Prefixo de origem grega significando “aves; pássaros”. Agluns exemplos: ornitofilia (termo relativo a planta polinizada por aves); ornitocoprófilo (organismo que vive em habitat rico em fezes de aves); ornitogênico (refere-se ao sedimento rico em fezes de aves). ORVALHO (Ver PONTO DE ORVALHO) “oro-” Prefixo de origem grega significando “montanha”. Alguns exemplos” orobático (que é encontrado em, ou associado com região montanhosa); orobioma (bioma caracterizado por terreno montanhoso); orográfico (que pertence a fatores do relevo, tais como montes, montanhas, platôs, vales e encostas); orófito é um vegetal das montanhas. (Ver ALPINO) “orto- ” Prefixo de orgigem grega significando “reto; direito”. Ex.: ortogênese (que se refere à evolução que ocorre numa única direção ao longo de um período de tempo considerável; admite-se, usualmente, que tal direcionamento seja determinado por um fator intrínseco ao organismo e não pelo processo de seleção natural); ortoseleção (seleção natural agindo continuamente na mesma direção através de longo período de tempo); ortotópico (alguns autores usam este termo para referir-se a indivíduo ou população no seu habitat natural (obs.: “-tópico”deriva da palavra de origem grega “topo”, significando lugar). OSCILAÇÃO DO SUL (Ver CORRENTE “EL NIÑO”) OSCILAÇÕES PAREADAS (Ver PREDATISMO) OSMORREGULAÇÃO Regulação da concentração de sais nas células e fluidos corpóreos. OSMÓTROFO (Ver DECOMPOSITOR) ÓTIMO DE SIMILARIDADE (Ver LIMITE DE SIMILARIDADE) ÓTIMO ECOLÓGICO Desenvolvimento máximo atingido por um organismo ou população, no seu habitat. 171 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS (Ver LEI DA TOLERÂNCIA) “OXBOW LAKES” (Ver MEANDROS) OXIDAÇÃO BIOLÓGICA Processo de degradação da matéria orgânica, em compostos simples, pela ação de microrganismos aeróbios. É também um processo metabólico típico de outros organismos aeróbios. Este processo tem sido utilizado nas lagoas de estabilização. (Ver DECOMPOSIÇÃO) OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD) Parâmetro medido na água, estimando a capacidade de um ecossistema aquático em assimilar uma certa carga de poluição com ou sem posterior suprimento de oxigênio. Como regra geral, o sistema aquático que contiver menos do que 5 mg de O2/L de água não será capaz de manter uma comunidade de organismos em condições satisfatórias. A solubilidade do oxigênio em água a 25°C, sob condições normais de pressão atmosférica, é de 3,5 mg/L. OXISERE Sere que se inicia em habitat ácido. (Ver LITOSERE; PSAMOSERE; e XEROSERE) OXISOL (Ver LATOSSOLO) OZONOSFERA Camada de ozônio, geralmente situada na estratosfera (a mais ou menos 30 km de altitude) que se constitui em importante filtro da radiação ultra-violeta. Medições feitas em Natal (RN) mostram que a maior concentração de ozônio ocorre na troposfera (a mais ou menos 16 km), confirmando resultados obtidos no Panamá, que também é uma região não muito distante do equador. A ozonosfera é formada a partir da cisão da molécula de O2, pela energia solar, na seguinte reação fotoquímica: O2 hv ↔ 2O + oxigênio molecular energia solar átomos de oxigênio em seguida o oxigênio combina-se com o O2 formando o ozônio: O2 + O ↔ O3 ozônio Há evidências de que alguns compostos, principalmente o clorofluorcarbono (CFC) e o metano (CH4) contribuem para a destruição da ozonosfera. (Ver CFC; e EFEITO ESTUFA) 172 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS P PADRÃO DE DISTRIBUIÇÃO Tipo de espaçamento dos indivíduos de uma população (plantas ou animais fixos), podendo ser uniforme (A), aleatório (B) e agrupado ou agregado (C), conforme mostra a figura que segue: A B C (Ver DISTRIBUIÇÃO BICÊNTRICA; DISTRIBUIÇÃO CONTAGIOSA; DISTRIBUIÇÃO DISJUNTA; DISTRIBUIÇÃO ETÁRIA; DISTRIBUIÇÃO LIVRE IDEAL; e DISTRIBUIÇÃO POR IGUAL) PADRÃO DE QUALIDADE DE ÁGUA (Ver ÁGUA POTÁVEL) PAGÓFILO Que se desenvolve em sopés de montanhas. Uma planta que medra em tais locais é denominada de pagófita. “PAH – POLYCYCLIC AROMATIC HYDROCARBON” Qualquer componente de um amplo grupo de substâncias formadas a partir de combustão, principalmente de carvão e de combustíveis de veículos, sendo em geral carcinogênico. PAISAGEM (Ver ECOLOGIA DE PAISAGENS (ou DE PAISAGEM)) “paleo-” Prefixo grego significando “antigo; velho”. Ex.: paleogeografia (que estuda a distribuição geográfica de fósseis da flora e da fauna); paleobiocenose ou paleocenose (assembléia ou conjunto de organismos fósseis que existiram em passado geológico histórico como comunidade integrada; paleobotânica (que estuda a vida das plantas em passado geológico); paleoclimatologia (estuda o clima que ocorreu em períodos de passado geológico); paleoecologia (estuda a ecologia das comunidades fósseis); paleopalinologia (estuda esporos fósseis, em geral). PALEOÁRTICA, REGIÃO (Ver REGIÕES ZOOGEOGRÁFICAS) PALEOBIOGEOGRAFIA (Ver BIOGEOGRAFIA) PALINOLOGIA Que estuda pólens e esporos. Palinologia refere-se em geral, a pólens vivos e fósseis, embora alguns autores refiram-se aos estudos destes últimos como paleopalinologia. PALMER (Ver ÍNDICE DE PALMER DE SEVERIDADE DE SECA) PALUDIAL (Ver LACUSTRE) PALUDOSO (Ver PÂNTANO) 173 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS PALUSTRE (ou PALUDIAL) (Ver PÂNTANO) PAMPA No Brasil o pampa é uma pradaria em terreno com ondulações suaves e com trechos de mata galeria, na parte sul do Rio Grande do Sul. Essa região estende-se à Argentina e Uruguai. Em termos fitofisionômicos, a vegetação compõe-se de gramíneas e plantas rasteiras, com predominância de capim mimoso em muitas áreas. Estima-se que lá vivem mais de 300 espécies de aves (pica-paus, caturritas, anus ...), cerca de 90 espécies de mamíferos terrestres (graxains ou guaraxains, veados, tatus ...), constituindo-se numa rica biodiversidade. A foto ao lado mostra o Graxaim-do-mato (Cerdocyon thous), no cânion Fortaleza, Parque Nacional da Serra Geral (foto de João Paulo Lucena, obtida do site www.wikipedia.org). (Ver CAMPOS SULINOS; e PRADARIAS) “pan-” Prefixo de origem grega significando “todos; completo; por inteiro”. Ex.: pandêmico (muito amplamente distribuído), como uma doença ou enfermidade epidêmica. PANGÉIA (ou PANGAEA) Segundo alguns autores, refere-se a um único continente, ou um supercontinente, que supunha-se existir há uns 240 milhões de anos passados, cercado por um oceano (pantalassa) e que fragmentou-se há uns 200 milhões de anos, formando os continentes atuais. Há cerca de 144 milhões de anos, os continentes do hemisfério norte, formando a Laurasia, teriam se separado dos continentes do hemisfério sul, que se constituiram na Gondwana, que posteriormente se subdividiu, formando a oeste a África e a América do Sul, a leste a Austrália e a Antártica, e a India, separando-se da África e derivou até colidir com a Ásia, há uns 45 milhões de anos. PAN-MIXIA (PAN-MÍTICO) Nome dado aos cruzamentos que ocorrem ao acaso, numa população e de maneira irrestrita. PAN – PEROXIACETILNITRATO (e “PHENYLACETONITRILE” ou FENILACETONITRILA) O primeiro, o peroxiacetilnitrato, é um composto de nitrogênio, poluente atmosférico, componente freqüente no “smog”. Atua negativamente nas plantas, bloqueando a fotossíntese. Surge pela ação da luz solar sobre hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio provenientes de veículos e de fábricas. E o segundo, a fenilacetonitrila (cuja sigla PAN é do nome em inglês) é uma substância que ocorre em gafanhotos machos (servindo de advertência para os demais ficarem sabendo que estão se reproduzindo) e que tem sido utilizado no contrôle biológico de pragas de gafanhotos, na Mauritânia e Marrocos, na África. (Ver PRAGA) PANSPERMIA Teoria em que se diz que a vida teve origem em qualquer outro lugar do Universo mas não no planeta Terra. PANTALASSA (Ver PANGÉIA) PANTANAL (Ver COMPLEXO DO PANTANAL) PÂNTANO PÂNTANO = BREJO = PALUDE = PALUSTRE = PAUL 174 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Ambiente encharcado, como brejos, palustres ou paúis, charcos ... pouco profundo, com solo lodoso, geralmente com vegetação típica. Na língua inglesa denomina-se de “wetland” a tais locais, que também são conhecidos (com algumas características específicas) como “marshes” ou “peatbogs” (a foto ao lado, é de “marshland” de Indiana, E.U.A.; do site www.wikipedia.com). As “wetlands” vêm sendo utilizadas como zonas de tratamento natural de águas residuárias. Em termos ecológicos essas zonas são muito importantes como “zona tampão” ou de amortecimento de impactos, como por exemplo, no caso dos “Everglades”, na Flórida (E.U.A.). (Ver EFEITO BUMERANGUE) PANTÓFAGO (Ver OMNÍVORO) PANTRÓPICO (PANTROPICAL) Que se estende principalmente pelos trópicos, e também pelas regiões subtropicais. Alguns autores aplicam este termo aos vírus que podem infectar uma ampla gama de células. Não confundir com “pantropismo”, que se refere a uma orientação de movimento sem direção fixa. “paqui-” Prefixo de origem grega significando “espesso”. Ex.: paquiderme (de pele espessa, como os elefantes, hipopótamos, antas ...). “para-” Prefixo de origem grega significando “ao lado de; pelo lado”, chegando em certos usos a significar que alguma coisa (referente à palavra que lhe segue) está “irregular, faltando; imprópria; errada”. Seu uso é muito amplo em ciências naturais (principalmente em anatomia, química e em outras áreas de estudo). Um termo que ilustra tal amplitude de significados é parabiose, que pode ser definido como (i) suspensão temporária de atividade fisiológica, (ii) utilização por insetos sociais, do mesmo ninho por colônias de diferentes espécies, mantendo suas respectivas ninhadas separadamente (parabionte e parabiótico também se aplicam a esta situação) e (iii) união anátomo-fisiológica, como em irmãos siameses. Outros exemplos: paracelular (passando ou situado ao longo e entre células); paraheliotropismo (movimento de folhas para evitar ou minimizar exposição ao sol); paramutualismo (simbiose facultativa em que ambas as espécies se beneficiam; seria um sinônimo de protocooperação); parasimbiose (simbiose que não beneficia nem prejudica os participantes da interação; é sinônimo de neutralismo) (ver INTERAÇÃO ECOLÓGICA). PARADIGMA Termo usado inicialmente pelo físico Thomas Kuhn (em sua obra clássica “The structure of scientific revolutions”) referindo-se a um conjunto de crenças científicas e metafísicas, constituindo-se num arcabouço teórico dentro do qual as teorias científicas podem ser testadas, avaliadas e, se necessário, revisadas. PARÂMETRO Denominação matemática utilizada para designar uma variável que é mantida constante enquanto outras estão sendo investigadas. Embora assim definido, como uma denominação matemática, este termo tem sido utilizado livremente em ecologia e ciências ambientais, quando se deseja referir-se à variável ou fator ambiental. PARAQUAT Herbicida de contato (C12H14N2) com baixa persistência em certos solos e na água, sendo extremamente tóxico para mamíferos e moderadamente tóxico para aves. PARASITA (Ver PARASITISMO) PARASITA ACIDENTAL (Ver PARASITISMO) 175 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS PARASITA BIOTRÓFICO Diz-se do parasita que se desenvolve somente sobre hospedeiro vivo. (Ver PARASITA NECROTRÓFICO) PARASITA NECROTRÓFICO Diz-se do parasita que se desenvolve sobre organismos mortos, certamente porque sua fonte principal de alimento somente ocorre na matéria orgânica morta. (Ver PARASITA BIOTRÓFICO) PARASITISMO Tipo de interação ecológica na qual uma das populações afeta a outra, de quem depende para manter-se. No parasitismo, geralmente o indivíduo da população parasita é menor do que o indivíduo da população hospedeira. Muitas inferências são feitas desta interação, em termos de interesse ecológico, gerando diversas expressões e termos específicos. No caso da transmissão de parasitas, por exemplo, as doenças em vegetais transmitidas pelo vento, têm sua eficiência de infecção dependente da distância entre as plantas, além de alguns fatores abióticos. Quando a transmissão não atinje grandes distâncias, resumindo-se ao seu local de origem, diz-se ocorrer uma transmissão leptocúrtica (termo da estatística que significa distribuição achatada, em oposição a uma distribuição normal). Outro aspecto importante diz respeito ao patamar (ou limiar) de transmissão do parasita, que é a dependência à sua taxa reprodutiva básica. Há animais (ovíparos), segundo registro feito inicialmente por R.B.Payne, em 1977, que desenvolveram um tipo de parasitismo que poderia ser chamado de parasitismo em ninhada ou de parasitismo de ninho, fortemente presente em espécies de pássaros que depositam seus ovos em ninhos de outros pássaros que os chocam até a eclosão. Geralmente a fêmea coloca no ninho alheio um ovo, no lugar de um da outra espécie que ela suprimiu. Há então, dois tipos de parasitismo em ninhada, o “intraespecífico” (observado em espécie de pato, por exemplo) e “interespecífico” (ocorre, por exemplo, na metade das espécies de cuco, um pássaro europeu e no peixe-gato). Usa-se também o termo parasita acidental para designar o organismo que é encontrado em outro organismo mas que este não é normalmente seu hospedeiro. (Ver INTERAÇÃO ECOLÓGICA; PARASITÓIDE; e PREDATISMO) PARASITÓIDE Alguns autores utilizam este termo quando desejam referir-se a um organismo que tem comportamento entre parasita e predador. Para a maioria dos autores, refere-se este termo diretamente aos insetos que põem seus ovos sobre determinados hospedeiros, sobre outros insetos ou raramente sobre aranha ou outro animal, podendo matar ou não seu hospedeiro. Grande parte desses insetos pertencem à ordem Hymenoptera e alguns à ordem Diptera. PARATÊNICO, HOSPEDEIRO (e PARASITA) Um hospedeiro paratênico é aquele que não é essencial para que um parasita complete seu ciclo vital, mas que é utilizado como um habitat temporário ou como um meio para conseguir alcançar o hospedeiro definitivo. Alguns autores referem-se a parasita paratênico àquele que utiliza tal habitat temporário. PARATION (Ver ORGANOFOSFORADO) “-paro” Sufixo de origem latina significando “gerar; pôr (ovos); parir; produzir”. São muitos os termos com este sufixo, como por exemplo: ovíparo (que põe ovos); ovovivíparo (que produz ovos no interior do corpo materno e ainda dentro do corpo libera o rebento); vivíparo (que produz o filhote ou rebento que sai do interior do corpo materno). Ainda com respeito à “produção”, são muitos os termos, como por ex.: ramíparo (que produz ramificações); sudoríparo (que produz suor); veneníparo (que produz veneno); e outros. PARQUE NACIONAL Categoria de unidade de conservação do Grupo I do SNUC. Também conhecido pela sigla PARNA ou PN, tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividade de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a Natureza e de turismo ecológico. Até meados de 2006 haviam sido criados 52 parques nacionais. PARQUE (NACIONAL, ESTADUAL ou MUNICIPAL) Área de propriedade governamental que contenha características naturais (aspectos geomorfológicos, espécies de interesse científico ...) importantes, atraentes para o público e que devam ser mantidas com sua aparência original. 176 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Segundo a Lei nº 4.711/65 que o instituiu, o parque tem por finalidade “resguardar atributos excepcionais da Natureza, conciliando a proteção integral da flora, fauna e das belezas naturais, com a utilização para objetivos educacionais, recreativos”. (Ver SNUC − SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO; e UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) PARTÍCULA ALFA (Ver RADIONUCLÍDEOS) PARTÍCULA BETA (Ver RADIONUCLÍDEOS) PARTÍCULAS EM SUSPENSÃO NO AR Geralmente são consideradas como sendo menores do que “poeira”, tendo menos do que 1μm de diâmetro. A fumaça, proveniente de queima de certos materiais sólidos (inclusive vegetação das queimadas), está aqui nesta categoria de poluente atmosférico. PASTAGENS TEMPERADAS Pradarias e estepes em regiões de clima temperado e seco. PASTEIO (Ver PASTEJO) PASTEJO (ou PASTEIO) Refere-se, em ecologia, à atividade desenvolvida pelos herbívoros ou consumidores primários, na cadeia alimentar. (Ver CADEIA ALIMENTAR) PATRIMÔNIO GENÉTICO (Ver GENÓTIPO) PAUL (Ver PÂNTANO) PAUROMETÁBOLO (Ver HEMIMETABÓLICO) “PCB – POLYCHLORINATED BIPHENYLS” (Ver ASCAREL) “PCP – PENTACHLOROPHENOL”) (Ver PENTACLOROFENOL) “PCR – POLYMERASE CHAIN REACTION” (Ver TERMÓFILO) PECILOTERMIA (ou POIQUILOTERMIA) (Ver ECTOTERMIA) PEDÓFAGO Que se alimenta de embriões ou de descendentes ainda muito jovens de outras espécies. PEDOGÊNESE Processo de formação dos solos. Ocorre como conseqüência de modificações causadas nas rochas pelo intemperismo; seguindo-se uma reorganização dos minerais formadores do solo, principalmente argilo-minerais e oxi-hidróxidos de ferro e alumínio, nas chamadas camadas do manto de alteração ou regolito. Na pedogênese exercem papel fundamental a flora e fauna local. PEDON O menor volume ou unidade, do que possa se chamar solo. É tridimensional, estendendo-se até a profundidade das raízes, com área de 1 a 10 m2, permitindo o estudo dos seus horizontes e suas relações. PEGADA ECOLÓGICA (“ECOLOGICAL FOOTPRINT”) Expressão introduzida por M.Wackernagel e W.R.Rees, em 1996, referindo-se aos recursos naturais e condições ambientais em geral, necessárias para manter uma população humana de maneira sustentável, tal que disponha de áreas naturais para manter o consumo dessa população e para manejo dos resíduos por ela gerados. Como exemplo é bastante útil e elucidativo o estudo de G.F.Dias sobre a pegada ecológica (PE) de Taguatinga, cidade satélite do Distrito Federal. A PE (somatória de vários itens, como população, uso de combustíveis fósseis, água, energia elétrica, madeira, papel, alimentos, resíduos sólidos) = 2,24 ha / pessoa. Multiplicando-se este resultado pela população local, que é de 738.578 habitantes, resulta numa PE = 1.654.414,7 ha de áreas naturais necessárias para suprir as demandas (consumo e absorção de resíduos). Como a TED (terras ecoprodutivas disponíves) = 13.637 ha, o déficit ecológico (DE) = 13.637 / 738.578 = 0,02-2,24 = -2,22. Este cálculo pode ser representado por: DE = TED – PE. Segundo G.F.Dias alguns países apresentam os seguintes déficits ecológicos: Brasil (DE = 6,73,16 = 3,5); E.U.A. (DE = 6,7-10,3 = -3,6); Japão (DE = 0,9-4,3 = -3,4); Canadá (DE = 9,6-7,7 = 1,9); 177 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS India (DE = 0,5-0,8 = -0,35); Austrália (DE = 14,0-9,0 = 5,0); Peru (DE = 7,7-1,6 = 6,1); Argentina (DE = 4,6-3,9 = 0,7). PEGAJOSIDADE DO SOLO (Ver TEXTURA DO SOLO) PELÁGICO Organismo pelágico é aquele que vive livre, em mar aberto, podendo ser componente do plâncton, nécton ou neuston. Dá-se o nome de epipelágico (ou autopelágico) ao organismo que vive continuamente na superfície do mar. (Ver ZONA PELÁGICA) PENTACLOROFENOL Conhecido também pela designação inglesa “PCP–pentachlorophenol”, é um composto orgânico altamente tóxico (C6HCl5O) que é usado como inseticida contra cupins e também como herbicida, fungicida e moluscicida. (Ver PESTICIDA) PERCENTUAL DE SIMILARIDADE (ou SIMILARIDADE PERCENTUAL) Uma medição da similaridade de comunidades, expressa como PS = 100-0,5∑(a-b), onde a e b são os percentuais de valores de importância (como densidade) para determinadas espécies das amostras A e B. PERCOLAÇÃO Movimento descendente de penetração da água no solo, geralmente lento, atingindo o lençol freático. (Ver PERCOLAÇÃO) PERENIFOLIA Fenômeno de preservação das folhas por plantas que estão adaptadas, geralmente, à escassez d’água. Na caatinga, o juazeiro, Zipyphus joazeiro e a baraúna, Schinopsis brasiliensis, são espécies perenifólias. PERFIL DO SOLO Corte ou secção feita no solo com a finalidade de observar os horizontes de que ele é composto. A grosso modo distinguem-se num perfil de solo os seguintes horizontes (sumariamente): 01: (zero) horizonte orgânico formado por partes de plantas, distinguíveis e de animais; 02: horizonte orgânico formado por partes de plantas e de animais em decomposição, sendo difícil distinguir suas origens; A1: horizonte superficial mineral, escuro, com húmus incorporado; A2: horizonte mineral, menos escuro, podendo estar desestruturado pela perda de argila, Fe e Al, e colóides e com concentração de quartzo e outros minerais; B: horizonte mineral às vezes cimentado com Al, Fe e colóides orgânicos; pode subdividir-se em B1 (transição com o horizonte A); B2 (concentração máxima de argila, Fe, Al e colóides), sendo o que melhor tipifica o horizonte B; B3 (transição para C); C: material não consolidado, proveniente da rocha matriz; R: rocha matriz consolidada; substrato do solo. No exame desse perfil são descritas pormenorizadamnte as características morfológicas dos horizontes que o compõem. As mais importantes a serem observadas são: 1) Cor; 2) Textura; 3) Estrutura; 4) Porosidade; 5) Cerosidade (e possíveis revestimentos e superfícies de fricção); 6) Consistência; 7) Cimentação; 8) Nódulos e concreções minerais; 9) Eflorescências. PERFIL ECOLÓGICO Método de representação da distribuição de plantas (e em alguns casos também de animais fixos) ao longo de uma linha, desde um ponto de vista vertical. Este método dá uma idéia da densidade e fisionomia de uma vegetação. A representação é feita geralmente, em papel milimetrado, no qual procura-se esquematizar o mais fielmente possível, a forma e o porte dos vegetais, como pode ser visto na ilustração que segue: 178 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Floresta 28 24 20 16 12 8 4 m Caatinga 0 2 4 6 8 10 12 14 0 2 4 6 8 10 12 m (Ver TRANSECÇÃO DE FAIXA) PERIFITON Comunidade microbiótica aquática (algas, bactérias, fungos, animais), que juntamente com detritos orgânicos e partículas inorgânicas, adere a um substrato. Chama-se epifiton a comunidade formada por organismos aderidos às macrófitas (plantas) aquáticas. O sufixo “on” refere-se à comunidade. PERIODICIDADE Ocorrência periódica ou rítmica de um evento. (Ver FOTOPERÍODO) PERÍODO DE SECA Período estacional do ano em que não ocorrem as chuvas. No nordeste brasileiro tem conotação mais ampla, referindo-se ao ciclo climático que castiga esta região, privando-a parcial ou totalmente das chuvas, com sérias conseqüências para a agropecuária e o ser humano, caracterizando-a como região semi-árida. (Ver ÍNDICE DE PALMER DE SEVERIDADE DE SECA) “PERMAFROST” Solo com água, quase permanentemente congelada, estando sob a forma líquida em período muito curto do ano, típico da região ártica, sobre o qual ocorre a tundra. (Ver TUNDRA) PERMEABILIDADE Num organismo, em suas células e tecidos, é a condição de passagem de moléculas de fluidos através de poros ou pequenos espaços. Em solos, a permeabilidade é medida como uma taxa de passagem de água através de certa quantidade de solo contido num cilindro. PEROXIACETILNITRATO (Ver PAN) PERSISTÊNCIA Tempo em que determinada substância tóxica fica num ambiente ou em determinado compartimento de um ecossistema. PERTURBAÇÃO (Ver DISTÚRBIO) PESO FRESCO Peso, de matéria orgânica provida de água. (Ver MATÉRIA SECA) PESTE (Ver PRAGA) PESTICIDA PESTICIDA = PRAGUICIDA = DEFENSIVO AGRÍCOLA = BIOCIDA É uma substância utilizada, geralmente na agricultura, para eliminar seres vivos danosos aos cultivos. Alguns deles são específicos para grupos de animais ou fungos ou outros organismos e são chamados de acordo com o organismo a ser exterminado: inseticida, fungicida, moluscicida (ou moluscocida) etc. 179 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS De acordo com Carroll Williams, há pesticidas de: a) 1ª geração (substâncias extraídas de plantas, como a rotenona; e os sais inorgânicos); b) 2ª geração (DDT e derivados; organofosforados); e c) 3ª geração (substâncias bioquímicas, os semioquímicos, como os aleloquímicos e feromônios). Os compostos químicos utilizados na eliminação de plantas invasoras dos cultivos são conhecidos como agrotóxicos. (Ver CARBAMATO; ORGANOCLORADO; ORGANOFOSFORADO; e TIOCARBAMATO) PETERSEN, MÉTODO DE Método de marcação-e-recaptura objetivando avaliar o tamanho de uma população N, fechada e que requeira um único período de marcação e também um único período de recaptura. Sua fórmula é: N = CM/R, onde M é o número de indivíduos marcados na primeira amostragem, C é o número de indivíduos capturados na segunda amostragem, e R o número de indivíduos marcados na segunda amostragem. pH Ponto de hidrogenização (do francês “pouvoir hydrogéne”: poder , força, do hidrogênio). Medida da acidez ou basicidade (alcalinidade) de um meio líquido. É representado por uma escala de 0 a 14, que pode ser: a) o valor negativo do logaritmo de base 10 da sua concentração em íons de hidrogênio; equação representativa: pH = -log[H+]. b) ou o logaritmo de base 10 da recíproca (do inverso) da sua concentração em íons de hidrogênio; equação representativa: pH = log I / [H+]. Um solo, por exemplo, com pH 5 tem 10 vezes mais hidrogênio em solução do que uma solução do solo com pH 6 (uma mudança de 10 vezes na concentração em [H+] é representada pela diferença de pH de 1 unidade). O pH 7 é neutro e baixando até 0 o pH indica aumento de acidez; elevando-se de 7 até 14 indica aumento de basicidade ou alcalinidade. O pH é de importância vital para os seres vivos terrestres e aquáticos. O aumento de acidez do meio aquático, por exemplo, pode afetar indiretamente a biodiversidade de algumas maneiras, tais como: a) perturbando diretamente a osmorregulação, a ação das enzimas e a troca gasosa nas superfícies respiratórias dos organismos; b) ação indireta sobre os efeitos na concentração de possíveis metais pesados e particularmente sobre o alumínio, interferindo na capacidade de troca catiônica do sedimento; c) reduzindo, indiretamente, a disponibilidade de alimento para os animais (em pH baixo a microflora fúngica reduz-se ou inexiste) “PhAR–PHOTOSYNTHETICALLY ACTIVE RADIATION” (Ver RADIAÇÃO FOTOSSINTETICAMENTE ATIVA – RFA) PICADA Passagem ou atalho aberto na mata, geralmente a golpes de facão, foice ou faca. PICHE, EVAPORÍMETRO DE Instrumento de confecção simples, em que um disco de papel do tipo mata-borrão, de cor verde (à maneira de uma folha de planta) é colocado bloqueando a parte superior de uma pipeta (em mm3) e em que esta é enchida com água e é posta com o topo para baixo. A água da pipeta em contato com o papel mata-borrão vai umedecendo este papel e seu nível vai baixando na pipeta, ao longo de um dia de medição. Esta redução é calculada em relação à área do disco, valor este que é então comparado com os valores de transpiração de uma planta (que pode ser avaliada através de balanço hídrico). PICNOCLINO (Ver “-clino” ou “-clina”) PIONEIRO(A) (Ver ESPÉCIE PIONEIRA) PIRACEMA (Ver ANÁDROMO) PIRÂMIDE ECOLÓGICA Representação gráfica, lembrando a forma de uma pirâmide, da estrutura e função tróficas de um ecossistema, na qual os produtores geralmente ocupam a base e os demais níveis tróficos lhe estão sobrepostos sucessivamente. Em geral são representados três tipos de pirâmide ecológica: de número, de biomassa e de energia. Na figura que segue estão representadas uma pirâmide dita normal (à esquerda) e uma pirâmide invertida (à direita): 180 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS zooplâncton carnívoros herbívoros fitoplâncton produtores Na pirâmide de número conhecida como pirâmide de Elton ou Eltoniana (representada pela primeira vez por C.Elton, da ecologia animal) o gráfico representativo de classe de tamanho de animais (na ordenada, y) e de número de indivíduos desses diferentes tamanhos (na abscissa, x), resultam numa forma piramidal. Segundo Elton, o tamanho de uma população é uma função de sua taxa de reprodução; animais pequenos se reproduziriam em taxas mais elevadas (com longevidade menor) do que animais grandes (com maior longevidade). PIVOTAL, PLANTA (Ver PLANTA-CHAVE) PLAGIOTROPISMO Resposta da planta pelo crescimento, orientado obliquamente à vertical. PLANCTÓFITA Um vegetal planctônico, ou seja, um indivíduo do fitoplâncton. PLÂNCTON (ou PLANCTO) Organismos diminutos que, em quantidade e qualidade variadas, vivem como flutuantes em ecossistemas aquáticos. O sufixo “-on” refere-se à comunidade. Aos organismos vegetais, produtores primários do plâncton, dá-se o nome de fitoplâncton. Aos organismos animais, consumidores, dá-se o nome de zooplâncton. Alguns autores consideram ainda o bacterioplâncton (bactérias), o nanoplâncton (microrganismos com tamanho de 5 a 60 μm) e abaixo desse valor mínimo o ultraplâncton (ver APÊNDICE V – PLÂNCTON: TIPOS E CATEGORIAS DE TAMANHO). Nos ambientes aquáticos profundos, acredita-se que o fitoplâncton exerça importância muito maior do que a vegetação com raiz, dos ambientes terrestres, na produção de alimento básico para o ecossistema. (Ver BENTOS; NÉCTON; NEUSTON; e PLEUSTON) PLANÍCIE ABISSAL Uma zona um pouco inclinada, abaixo dos 4.000 m de profundidade oceânica. (Ver APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) PLANÓFITA Planta flutuante livre, de água doce; ou uma pleustófita grande ou uma planctófita pequena. PLANOSPORO Um esporo móvel. PLANOSSOLOS (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) PLANTA C3 (Ver C3) PLANTA C4 (Ver C4) “PLANTA CARNÍVORA” (“PLANTA CARNÍVORA” = “PLANTA INSETÍVORA”) Planta ou erva, sem caule ou tendo este muito curto, com folhas dispostas em roseta, que secretam líquido viscoso, atuando na apreensão de pequenos invertebrados (geralmente insetos) e digerindo-os, graças à ação de enzimas. Esta planta é da família Droseraceae, do gênero Drosera. Tais plantas têm na nutrição mineral sua principal fonte de alimento. PLANTA-CHAVE PLANTA-CHAVE = PLANTA PIVOTAL Refere-se a uma planta que desempenha importante papel na manutenção da fauna de um ecossistema, geralmente de floresta tropical, frutificando na época de escassez geral de frutos, com produção de grande safra. São citadas como exemplos de plantas-chave algumas palmeiras e figueiras. PLANTA DE SOL PLANTA DE SOL = HELIÓFILA 181 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS É uma planta de alto ponto de compensação, ou seja, que necessita de muita luz para iniciar a fotossíntese. As árvores do estrato superior de uma floresta, por exemplo, são tidas como plantas de sol. (Ver PLANTA DE SOMBRA) PLANTA DE SOMBRA PLANTA DE SOMBRA = UMBRÓFILA = CIÓFILA = ESCIÓFILA Planta cujo ponto de compensação de luz é baixo, portanto, adaptada a viver em baixas condições de luminosidade. Muitas plantas dos estratos inferiores de uma floresta, por exemplo (subárvores, arbustos, subarbustos e herbáceas), são tidas como plantas de sombra. Observação: não confundir o termo umbrófila com ombrófila. (Ver CIÓFITO(A) / CIÓFILO(A); e PLANTA DE SOL) “PLANTAE” (Ver REINO) PLANTA INVASORA (Ver ALÓCTONE) PLANTA PIVOTAL (Ver PLANTA-CHAVE) PLANTA RUDERAL Planta que vive próxima às construções feitas pelo ser humano (estradas, ruas, casas, muros, cercas ...) ou em terrenos baldios. Tem se usado este termo também para designar espécies de organismos em geral, que vivem em tais condições. (Ver “poleo-”) PLASMÍDIO Elemento genético extracromossômico, de forma circular, com autonomia de reprodução e que, embora não exerça nenhum papel no crescimento da célula (célula microbiana, por exemplo), é responsável por transmitir importantes características para outras células. Em termos de ecologia microbiana, os plasmídios exercem ação muito importante, uma vez que são responsáveis, por exemplo, em transmitir características de resistência a antibióticos e metais pesados; além de outras características de adaptação dos microrganismos ao ambiente em que vivem. Alguns plasmídios conduzem genes que controlam a produção de toxinas. PLASTICIDADE (DE UM ORGANISMO) É a capacidade de um organismo de variar morfológica, fisiológica ou comportamentalmente como resultado das ações e/ou flutuações ambientais. (Ver PLASTICIDADE FENOTÍPICA) PLASTICIDADE DO SOLO (Ver TEXTURA DO SOLO) PLASTICIDADE FENOTÍPICA Habilidade de um único genótipo expressar-se de diferentes maneiras em diferentes ambientes. PLATAFORMA CONTINENTAL Parte do litoral recoberta pelo mar, até 200 m de profundidade; é a parte submersa, adjacente ao continente. Nos mapas, esta faixa, acompanhando as bordas dos continentes, é representada por uma tonalidade mais clara da cor que representa o oceano. (Ver SUBLITORAL; e APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) “pleo-” (e “pleio-”) Prefixo de origem grega que (e sua outra forma “pleio-”), dentre alguns significados, é utilizado para indicar “muitos; mais do que o número normal”. Vejamos alguns exemplos: pleomórfico (ou polimórfico, que se apresenta em diferentes formas); pleotrópico (refere-se a um gene que tenha um efeito fenotípico visivelmente independente); mutação pleotrópica (aquela que afeta a expressão de diversas características); pleoxênico (e heteroxênico) (refere-se a um parasita que não tenha especificidade de hospedeiro, ou a um parasita que tenha diversos hospedeiros durante seu ciclo de vida); pleogamia (maturação e polinização de diferentes flores de um espécime vegetal em diferentes épocas ou período de tempo); pleometrose (fundação de uma colônia de organismos sociais por mais do que uma fêmea original). PLEÓFAGO PLEÓFAGO = EURIFÁGICO = PLEOTRÓFICO = PLURÍVORO = POLÍFAGO Que se alimenta de uma grande variedade de tipos de alimento. Um termo mais apropriado para esta condição é eurifágico, que significa uma ampla (larga) faixa de seleção de alimento. (Ver “euri-”) PLEOTRÓFICO PLEOTRÓFICO = EURIFÁGICO = PLEÓFAGO = PLURÍVORO = POLÍFAGO = POLITRÓFICO 182 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Que se alimenta de uma grande variedade de tipos de alimento. Um termo mais apropriado para esta condição é eurifágico, que significa uma ampla (larga) faixa de seleção de alimento. (Ver “euri-”) PLEUSTÓFITA Uma planta macroscópica, aquática, flutuante livre. (Ver FITOPLÂNCTON; e PLANCTÓFITA) PLEUSTON Macrorganismos que nadam na superfície da água ou andam sobre a mesma, sendo representados por plantas, insetos (inclusive suas larvas). O sufixo “-on” refere-se à comunidade. Este termo é reservado para indicar o organismo que normalmente tem parte de sua estrutura mergulhada na água e parte no ar, como as macrófitas aquáticas. (Ver BENTOS; NÉCTON; NEUSTON; PLÂNCTON; e APÊNDICE V – PLÂNCTON: TIPOS E CATEGORIAS DE TAMANHO) PLINTOSSOLOS (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) PLURÍVORO PLURÍVORO = EURIFÁGICO = PLEÓFAGO = PLEOTRÓFICO = POLÍFAGO = POLITRÓFICO Que se alimenta de uma grande variedade de tipos de alimento. Um termo mais apropriado para esta condição é eurifágico, que significa uma ampla (larga) faixa de seleção de alimento. (Ver “euri-”) PLUVIAL Relativo à “chuva”. Alguns exemplos: pluviômetro (instrumento para medir quantidade de chuva); pluviofluvial (que diz respeito à ação combinada da chuva e de riacho); pluvioterófita (planta vascular que germina após chuva intensa e que rapidamente completa seu ciclo vital enquanto perdura a umidade); pluviófilo (um organismo que vive em condições de chuva abundante); pluviófobo (um organismo que não tolera condições de chuva abundante). PMS – PRODUÇÃO MÁXIMA SUSTENTÁVEL (Ver PRODUÇÃO MÁXIMA SUSTENTÁVEL) PMV – POPULAÇÃO MÍNIMA VIÁVEL (Ver POPULAÇÃO MÍNIMA VIÁVEL) PNEUMATÓDIO (Ver PNEUMATÓFORO) PNEUMATÓFORO Raiz aérea, de Avicennia sp (mangue-siriúba) por exemplo, que emerge do solo lodoso do mangue, ostentando estrutura respiratória importante, a lenticela ou pneumatódio. PNEUMOTRÓPICO Organismo que tem afinidade por pulmões. Pentastomídeos (Pentastomida) podem estar aqui classificados, parasitando trato respiratório de lagartos, lagartixas e cobras. POÇA DE MARÉ Pequena depressão, nas rochas ou na areia, no litoral (zona entremarés) onde se acumula água durante a maré baixa. As poças de maré criam ambientes apropriados (quando ocorrem sobre rochas) para a permanência de larvas de animais aquáticos, pequenos peixes, crustáceos, que se protegem dos predadores nas suas reentrâncias. (Ver foto ao lado, de Breno Grisi, mostrando poças formadas entre as rochas areno-ferruginosas no pontal dos Seixas, João Pessoa, PB). PODA RASTEIRA (Ver “COPPICING”) PODZOL ((Ver SPODOSOL) 183 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS PODZOLIZAÇÃO Aplica-se este termo à formação do podzol (tipo de solo conhecido atualmente por spodosol), solo arenoso que ocorre em regiões úmidas (a maioria na América do Norte, Europa e Ásia), ácido, com baixa CTC (exceto onde há acúmulo de humus), baixa porcentagem de saturação de bases, com deposição de óxidos de ferro, alumínio e/ou colóides humificados em subhorizonte e é considerado naturalmente infértil para a maioria dos cultivos. (Ver LATOLIZAÇÃO; e SPODOSOL) “poiquilo-” (ou “pecilo-”) Prefixo de origem grega significando “vários; variável”. POIQUILOTERMIA (ou PECILOTERMIA) (Ver ECTOTERMIA) POISSON, DISTRIBUIÇÃO DE Na matemática a distribuição de Poisson é usada quando se deseja descrever ou testar uma distribuição ou processo aleatório (ao acaso) e como um modelo de populações distribuídas ao acaso, onde a presença de um indivíduo em qualquer ponto (da distribuição ou processo) não aumenta nem diminui a probabilidade de um outro indivíduo (da população) ocorrer próximo e onde a variância é aproximadamente igual à média. “poleo-” O prefixo de origem grega “poleo-“ significa “negociar; vender”, mas usa-se este termo para designar o organismo que tem habitat urbano, sendo então poleófilo, aquele que prefere habitat urbano; o oposto, que não tolera viver em zona urbana é poleófobo; usa-se também poleotolerante para designar aquele que tolera essa zona. Alguns autores utilizam um índice de poleotolerância (escala qualitativa de tolerância a ambiente urbano). (Ver PLANTA RUDERAL) POLIANDRIA (Ver POLIGAMIA) POLICLÍMAX (Ver TEORIAS MONO E POLICLÍMAX) POLÍFAGO POLÍFAGO = EURIFÁGICO = PLEÓFAGO = PLEOTRÓFICO = PLURÍVORO = POLITRÓFICO Que se alimenta de uma grande variedade de tipos de alimento. Um termo mais apropriado para esta condição é eurifágico, que significa uma ampla (larga) faixa de seleção de alimento. (Ver “euri-”) POLIFATORIAL (Ver POLIGÊNICO) POLIGAMIA Refere-se ao indivíduo que se acasala com vários outros do sexo oposto. No caso do macho que se acasala com várias fêmeas dá-se a denominação de poliginia; e no caso da fêmea que se acasala com vários machos dá-se a denominação de poliandria. (Ver MONOGAMIA) POLIGÊNICO (POLIGENIA) POLIGÊNICO = MULTIFATORIAL = MULTIGÊNICO = POLIFATORIAL Refere-se a características controladas pela ação integrada de genes independentes múltiplos. POLÍGONO DAS SECAS Região semi-árida do nordeste brasileiro, de formato poligonal, periodicamente assolada por longos períodos de estiagem, abrangendo os estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e norte de Minas Gerais. POLIMÍTICOS (Ver HOLOMÍTICOS) POLIMORFISMO Coexistência de duas ou mais formas segregantes descontínuas, geneticamente determinadas, numa população, onde a freqüência do tipo mais raro não é mantida por si só pela mutação. Refere-se este conceito ao polimorfismo genético, dentre as várias denominações de polimorfismo (críptico, fenotípico, pseudoestacional ou pseudosasonal, transitório ...). O polimorfismo transitório é bastante comum na Natureza, onde as mudanças de condições ambientais num habitat possibilitam a substituição de uma forma por outra. (Ver TAUTOMORFISMO) 184 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS POLIMORFISMO COMPORTAMENTAL GENÉTICO (Ver HIPÓTESE DO COMPORTAMENTO POLIMÓRFICO (ou HIPÓTESE DO POLIMORFISMO COMPORTAMENTAL GENÉTICO)) POLINIZAÇÃO Em geral, é a fertilização de plantas com sementes, as fanerógamas (ou espermatófitas: angiospermas e gimnospermas). É a transferência de pólen do androceu de uma mesma flor (flor hermafrodita, em reprodução autogâmica) ou de outra flor, para o gineceu da flor receptora. (Ver MONÓICA; DIÓICA; e TRIÓICA) POLÍTICA DOS TRÊS Rs Reduzir, reutilizar e reciclar: em educação ambiental, princípio em que se procura sensibilizar e conscientizar os cidadãos visando poupar, aproveitar e reaproveitar os recursos naturais disponíveis. Procura-se hoje aplicar este princípio a uma gama muito grande de materiais utilizados no dia-a-dia das mais diferentes sociedades humanas. POLÍTICA NACIONAL DA BIODIVERSIDADE O Decreto no 4.339, de 22/08/2002, instituiu princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional da Biodiversidade. Durante a CNUMAD – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1992, e seguindo as orientações da Declaração do Rio e da Agenda 21, o Brasil assumiu o compromisso na Convenção sobre Diversidade Biológica, de implementar a Política Nacional da Biodiversidade, com a participação dos governos federal, distrital, estaduais e municipais, e da sociedade civil (pormenores referentes aos princípios e diretrizes gerais desta Política são apresentados em PAZ et al. (2006). Os componentes desta Política, considerados como eixos temáticos, são: I – Conhecimento da biodiversidade; II – Conservação da biodiversidade; III – Utilização sustentável dos componentes da biodiversidade; IV – Monitoramento, avaliação, prevenção e mitigação de impactos sobre a biodiversidade; V – Acesso aos recursos genéticos e aos conhecimentos tradicionais associados e repartição de benefícios; VI – Educação, sensibilização pública, informação e divulgação sobre biodiversidade; e VII – Fortalecimento jurídico e institucional para a gestão da biodiversidade. POLITRÓFICO POLITRÓFICO = POLÍFAGO = EURIFÁGICO = PLEÓFAGO = PLEOTRÓFICO = PLURÍVORO (Ver POLÍFAGO) POLUENTE POLUENTE = AGENTE POLUIDOR Resíduo ou qualquer outro material proveniente da fabricação e uso ou da atividade do homem, lançado por este na Natureza e que causa poluição. POLUENTE PRIMÁRIO Dá-se esta designação (complementar) ao agente poluidor que por si só, causa poluição. O metano, que emana naturalmente de pântanos (gás de pântano), arrozais etc, é um poluente primário. (Ver METANOGÊNESE; e POLUENTE SECUNDÁRIO) POLUENTE SECUNDÁRIO Designação (complementar) dada ao agente poluidor que se constitui como tal ao reagir com um outro componente natural ou um outro poluente. O SO2 em contato com vapor d’água forma H2SO4 (ácido sulfúrico), que é altamente poluidor. O Hg (mercúrio) nas guelras dos peixes ou no interior de ostras, forma o metilmercúrio, altamente tóxico nos sistemas aquáticos. (Ver SINERGISMO) POLUIÇÃO Efeito acarretado pelo procedimento humano de lançar na Natureza, resíduos, dejetos ou qualquer outro material que altere as condições naturais do ambiente, contaminando ou deteriorando nossa fonte natural de recursos, do ar, terra ou água, sendo prejudicial ao próprio homem ou a qualquer ser vivo desejável. O termo poluição é aplicado hoje a uma vasta gama de conseqüências de procedimentos humanos, mormente nos centros de grande atividade ou aglomeração, tais como excesso de efeitos sonoros (poluição sonora ou auditiva), de efeitos visuais (poluição visual), poluição do ar, poluição térmica (por geração indesejável de calor), poluição alimentar etc. O quadro seguinte ilustra a poluição atmosférica em centros urbanos com diferentes densidades de população (GOUDIE, 1990): 185 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS CONCENTRAÇÃO ---------------------------------------μg / m3--------------------------------------------------------CLASSE DE PARTÍCULAS EM PARTÍCULAS DE SO2 PARTÍCULAS DE NO2 POPULAÇÃO SUSPENSÃO (TOTAL) Não-urbano 25 10 33 <10.000 57 35 116 10.000 81 18 64 25.000 87 14 63 50.000 118 29 127 100.000 95 26 114 400.000 100 28 127 700.000 101 29 146 1.000.000 134 69 163 3.000.000 120 85 153 A fotos que seguem, mostram Pequim: à esquerda em dia após a chuva e à direita em dia com poluição atmosférica (do site www.wikipedia.com). Estas outras duas fotos que seguem, mostram: a da esquerda, Nova York em dia com poluição do ar elevada; e a da direita, dois edifícios em Bordeaux (França), onde o da esquerda foi construído com material suscetível à aderência dos poluentes atmosféricos, em contraste com o edifício da direita (fotos do site www.wikipedia.com). PONTO DE COMPENSAÇÃO (DE LUZ ou FÓTICO) Refere-se à luminosidade na qual o O2 produzido na fotossíntese compensa o O2 consumido na respiração. Em ecologia aquática, a profundidade de compensação é aquela, na coluna de água, onde a produtividade primária e o consumo pela respiração se igualam, não ocorrendo produtividade líquida. PONTO DE INFLEXÃO (Ver INFLEXÃO, PONTO DE) 186 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS PONTO (ou COEFICIENTE) DE MURCHA PERMANENTE (DE UMA PLANTA) Teor de água no solo que causa a murcha irreversível da planta, sendo que esta não se recupera quando é colocada em ambiente saturado com vapor d’água. Estima-se ser tal ponto em torno de -1,5 Mpa de potencial mátrico do solo. Este potencial é representado em termos de energia livre (e não de pressão), significando portanto, um valor negativo, ou seja, faz-se necessário “trabalho” (ou força) para remover a água do solo. (Ver POTENCIAL DE ÁGUA DO SOLO) PONTO DE ORVALHO Temperatura em que o vapor de água se liquefaz. “POOL” (Ver COMPARTIMENTO DE CICLAGEM e DE RESERVA) POPULAÇÃO Grupo de organismos de uma mesma espécie, coexistindo ao mesmo tempo e no mesmo espaço, e capazes, na maioria, de se intercruzarem, produzindo descendentes férteis. POPULAÇÃO EFETIVA (Ver TAMANHO DE POPULAÇÃO EFETIVA) POPULAÇÃO EM GARGALO POPULAÇÃO EM GARGALO = EFEITO GARGALO (DE GARRAFA) = GARGALO POPULACIONAL Originalmente o termo utilizado foi, em inglês, “bottleneck population”, querendo significar uma redução brusca no tamanho de uma população com conseqüente redução no tamanho do compartimento (“pool” em inglês) gênico ou da variabilidade genética total. POPULAÇÃO LOCAL Qualquer grupo de indivíduos, da mesma espécie, relativamente isolados, que se intercruzam. Devido às trocas genéticas e à continuidade da população através do tempo, a população local, mais do que o indivíduo, é a unidade básica da evolução. POPULAÇÃO MÍNIMA VIÁVEL − PMV É o número mínimo de indivíduos de uma população, que lhe possibilite evitar a vulnerabilidade à extinção e continue com chances de aumentar, tão logo as condições ambientais lhe permitam. (Ver ESPÉCIE EM VIA DE EXTINÇÃO) PORCENTAGEM DE SATURAÇÃO DE BASES (Ver SATURAÇÃO DE BASES) POROSIDADE (DO SOLO) Porção, de um volume de solo, não ocupado por partículas sólidas (seja mineral ou orgânica). Em condições normais de campo, os espaços entre tais partículas são ocupados por ar e água; é este o espaço disponível para a penetração das raízes no solo. Fala-se em microporos (ou em microporosidade do solo), geralmente no interior dos agregados, em que a água é retida por capilaridade; e fala-se em macroporos (ou em macroporosidade do solo ou porosidade não-capilar), em que a água o atravessa por gravidade e é então substituída por ar. A estimativa da porosidade pode ser feita da seguinte maneira (MILLER & DONAHUE, 1990): a) Uma amostra de solo é coletada com um cilindro (ver o utilizado no verbete DENSIDADE APARENTE), perfazendo um volume de 73,6 cm3. A amostra, seca em estufa a 105°C, pesou 87,8 g. A densidade de partícula “padrão” é 2,65 g/cm3 (ou 2650 kg/m3). b) Obtém-se inicialmente a densidade aparente (ver o verbete DENSIDADE APARENTE), que neste exemplo foi 1,19 g/cm3. c) A porcentagem de poros é dada finalmente por: = 100% - (densidade aparente/densidade de partículas) (100) = 100% - (1,19/2,65) (100) = 100% - 44,9% = 55,1%; esta é a porcentagem de volume de poros do solo. Um solo argiloso tem uma porcentagem em torno do valor dado neste exemplo. Um solo arenoso teria entre 45 e 50%. O volume de poros é portanto inversamente proporcional ao diâmetro das partículas sólidas do solo, ou seja, varia com a textura do solo. Raramente um solo apresenta porosidade inferior a 30% ou superior a 60%. (Ver DENSIDADE APARENTE; e PERFIL DO SOLO) POSCLÍMAX Refere-se à modificação de uma vegetação, como conseqüência de alterações ou ligeiras flutuações climáticas, refletindo tal modificação nas condições ambientais (climáticas) que se tornam mais frias e/ou mais úmidas do que a média do ambiente antes da modificação. 187 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS POSSIBILIDADE DE DEFESA ECONÔMICA A habilidade de um animal defender um território e que é medida como sendo os custos biológicos de defesa, comparados aos benefícios obtidos. Quando os benefícios excedem os custos, diz-se ser o território “defensável”. POTAMO Termo, de origem grega, utilizado como designação de rio e a tudo que a ele se refere. Combinados a esta nomenclatura há então termos tais como potamoceno (ecossistema de rio) e muitos outros (potamobento, potamoneuston, potamopleuston, potamopelagial, potamoquinal). POTAMÓDROMO (Ver ANÁDROMO) POTÊNCIA DE TRÊS MEIOS (Ver LEI DA POTÊNCIA DE TRÊS MEIOS) POTENCIAL BIÓTICO Diz-se da habilidade de uma determinada população em reproduzir numa certa taxa ou velocidade, geralmente num ambiente sem limitação de recursos. POTENCIAL DE ÁGUA (DA PLANTA) O potencial de água da planta é o estado termodinâmico da água nas células vegetais, mais do que a quantidade total de água que participa das reações bioquímicas da planta. O potencial de água, ψ, é o trabalho necessário para elevar a água combinada ao potencial de água pura. É expressa em energia por unidade de massa (J m-3), sendo convertida em potencial pela relação: 1 MJ m-3 = 1 Mpa. O potencial osmótico, ψπ, sendo mais baixo do que o da água pura, ele é um valor negativo; e o potencial de pressão ψP é geralmente positivo. Assim num certo estado de hidratação, o potencial da célula vegetal inteira é dado por: ψcél = (-)ψπ + (+)ψP. Um potencial de água da célula vegetal (ψcél) negativo indica que a célula está sob tensão. Um déficit de vapor de água no ar ou um meio hipertônico (solo salino, por exemplo), pode fazer com que a água saia da célula e assim baixe seu potencial. Nas células do ser vivo há uma tendência da água mover-se de pontos com potencial mais alto para pontos com potencial mais baixos. Outros elementos importantes na questão do potencial de água das plantas é o potencial mátrico (−)ψτ do protoplasma e da parede celular (geralmente é de valor negligível). Quando a célula, ou melhor o protoplasma está saturado com água, devido à pressão de turgescência, a parede da célula se distende ao máximo e assim impede a célula de absorver mais água. Os valores são então: ψcél = 0 e ψπ = ψP. (Ver outros pormenores em LARCHER, 2001). POTENCIAL DE ÁGUA (DO SOLO) Quantidade de trabalho que uma porção infinitesimal de água pode desenvolver para se deslocar do solo (maior concentração de sais ou nutrientes) para um local com água pura, em condição de pressão atmosférica normal. É uma combinação dos efeitos da área de superfície das partículas do solo, dos pequenos poros que adsorvem água (potencial mátrico), juntamente com os efeitos das substâncias dissolvidas (potencial osmótico) e dos efeitos da pressão atmosférica (potencial de pressão). A unidade de energia tradicionalmente utilizada para representar o potencial de água é o bar: 1 bar = 100 kPa (quilo Pascal) = 100 J/kg 1 kPa = 1J/kg = 0,009869 atm Modernamente usa-se o Pascal. Este potencial é representado em termos de energia livre (e não de pressão), significando portanto, um valor negativo, ou seja, faz-se necessário “trabalho” (ou força) para remover a água do solo. A figura que segue (MILLER & DONAHUE, 1990) mostra o aumento do valor negativo do potencial de água que está fortemente ligada aos sais em dissolução no solo: 188 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS kPa 0 -33 -100 Condição do solo Solo saturado Capacidade de campo Energia requerida Pouca energia Crescente Potencial mátrico Alto (maior) MPa 0 -0,03 -0,1 -0,2 -200 -400 -0,4 -600 -0,6 -0,8 -800 -1 -1200 -1,2 Ponto de murcha Muita energia -1600 Baixo (menor) -1,6 Observações sobre a representação do potencial mátrico do solo: 1) Alto potencial (pequenos valores negativos) corresponde a um solo úmido (alto teor de água, fracamente ligada às partículas do solo; disponível para os organismos, que requerem pouca energia para usá-la). 2) Baixo potencial (grandes valores negativos) corresponde a um solo seco (baixo teor de água, fortemente ligada às partículas do solo; pouco disponível para os organismos, que requerem muita energia para usá-la). POTENCIAL DE PRESSÃO (DO SOLO) (Ver POTENCIAL DE ÁGUA (DO SOLO)) POTENCIAL MÁTRICO (DO SOLO) (Ver POTENCIAL DE ÁGUA (DO SOLO)) POTENCIAL OSMÓTICO (DO SOLO) (Ver POTENCIAL DE ÁGUA (DO SOLO)) POTENCIAL REDOX (ou POTENCIAL DE REDUÇÃO-OXIDAÇÃO) Diz respeito às reações em que um composto orgânico sofre oxidação (adição de oxigênio ou remoção de hidrogênio) ao tempo em que outro sofre redução (remoção de oxigênio ou adição de hidrogênio). Nas reações biológicas, a transferência de eletron não é muito evidente, por causa da ausência comum de íons e também porque os estados de oxidação do carbono não são comumente usados em química orgânica. A maioria das reações biológicas de redox envolve a transferência de hidrogênio. Nos inúmeros processos oxidativos que ocorrem nos seres vivos há sempre liberação de energia, que é utilizada pelo organismo nos mais diferentes processos metabólicos vitais (transporte ativo, movimento flagelar, ATPase para formar ATP etc). A reação geral pode ser dada por: AH2 + B ↔ A + BH2 O agente oxidante B é o aceptor de hidrogênio. Esta reação é interpretada como de transferência de 2 átomos de H, com seus 2 eletrons, de A para B, de maneira que A ao perder 2 eletrons, se oxida. O potencial redox é atualmente expresso em Eh (anteriormente era Pε); assim: Pε = Eh (volts)/0,059. Como exemplo, a oxidação do NO2 a NO3 no solo (na nitrificação) tem um potencial redox de Eh = 0,42 volts. O potencial é negativo quando a substância redutora é mais forte; a oxidação do NH4 a N2 é Eh = -0,35 volts. PPB − PRODUÇÃO PRIMÁRIA BRUTA (Ver PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA BRUTA) PPL − PRODUÇÃO PRIMÁRIA LÍQUIDA (Ver PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA LÍQUIDA) 189 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS P:R (Ver RAZÃO P : R) PRADARIAS Denominação generalizada para as formações (ou ecossistemas) campestres, onde há predomínio de gramíneas (geralmente de uns poucos centímetros de altura até 2 m) e que ocorre em muitas regiões do mundo (do norte do Canadá ao México), em alguns campos de várzea da amazônia e no planalto central brasileiro. (Ver CAMPOS SULINOS; e PAMPA) PRAGA PRAGA = PESTE Organismo, geralmente um animal ou um microrganismo, com explosões de crescimento populacional, que rapidamente atinge níveis de dano a um cultivo e indiretamente, ao ser humano. Enquadram-se aqui, tanto gafanhotos, cochonilha, cigarrinhas (da cana-de-açúcar, por exemplo) e o bicudo do algodão, como ratos, escorpiões e a ferrugem (fungo) que ataca o cafeeiro, o trigo, e a podridão parda (fungo) do cacaueiro ou o mal-das-folhas (fungo) que ataca a seringueira. Em termos ecológicos pode se afirmar que na maioria das vezes “não existem pragas, mas sim conseqüências indesejáveis para o homem, pelo manejo inadequado dos componentes dos ecossistemas”, causando desequilíbrios. A siriema, ave de apetite voraz que ocorria em abundância no nordeste brasileiro, alimentava-se de gafanhotos; o desaparecimento da siriema propiciou a proliferação desse inseto que freqüentemente ataca plantios de cana-de-açúcar, constituindo-se portanto, em organismo indesejável, ou seja, uma “praga”. Atribui-se à praga a característica de espécie estrategista r. Nas fotos que seguem vêem-se, à esquerda, gafanhotos em campos da Mauritânia e à direita, grande concentração de gafanhotos, da espécie Schistocerca gregaria, atacando vorazmente uma planta, em campo, naquele país africano (fotos de G.Diana, do site www.fao.org, da FAO – Food and Agricultural Organization). Cada gafanhoto é capaz de comer o equivalente ao seu próprio peso, todo dia. Países como Mauritânia e Marrocos são freqüentemente sujeitos a ataques de gafanhotos. Em 1988 registrou-se deslocamento de gafanhotos do oeste da África até a India, atravessando o atlântico em 10 dias (suspeita-se que eles foram em navios e “navegando” sobre grandes quantidades de gafanhotos mortos. (Ver CAÇA PREDATÓRIA) PRAGUICIDA (Ver PESTICIDA) PREAMAR PREAMAR = MARÉ ALTA Altura máxima da maré, correspondendo ao limite superior do estirâncio. (Ver BAIXA-MAR; e APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) PRECIPITAÇÃO PLUVIAL Fenômeno em que o vapor d’água da atmosfera (concentrado na forma de nuvens), pelo abaixamento da temperatura, se condensa e se transforma em chuva. O termo precipitação atmosférica envolve a passagem desse vapor para outras formas de precipitação, tais como, orvalho, neblina, neve, granizo... A precipitação pluviométrica diz respeito ao registro da quantidade de chuva que cai num determinado local. É dada geralmente em mm/ano; ou seja, se num determinado local a precipitação pluviométrica é de 1500 mm/ano, isto significa a média anual de chuva (obs.: 1 litro de chuva/m2 = 1 mm). (Ver BARREIRA DE CHUVA) 190 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS PRECISÃO (Ver EXATIDÃO e PRECISÃO) PRÉ-CLÍMAX Refere-se à modificação de uma vegetação, como conseqüência de alterações ou ligeiras flutuações climáticas, refletindo tal modificação nas condições ambientais (climáticas) que se tornam mais secas e/ou mais quentes do que a média do ambiente antes da modificação. Considera-se freqüentemente o pré-clímax como um estádio seral que precede o clímax climático. PREDAÇÃO (Ver PREDATISMO) PREDAÇÃO RECÍPROCA (Ver ANTAGONISMO) PREDADOR (Ver PREDATISMO) PREDADOR-CHAVE É o predador dominante, que tem, entre outros predadores duma cadeia alimentar numa comunidade, a maior influência na estrutura dessa comunidade; mais do que poderia se esperar a partir de sua abundância relativa. Sua supressão significaria o “desmoronamento da pirâmide alimentar”. PREDATISMO Tipo de interação ecológica na qual uma das populações afeta a outra, de quem depende para manter-se. No predatismo geralmente, o indivíduo predador é maior do que a presa. Sendo esta interação um tipo de grande importância à manutenção da maioria dos ecossistemas, com grande ênfase nos ecossistemas aquáticos (cadeia alimentar típica de pastejo), muitas são as inferências sobre o predatismo e conseqüentemente muitas expressões e termos foram introduzidos em ecologia. Há uma classificação taxonômica dos predadores (herbívoro alimentando-se de plantas, carnívoro de 1ª ordem alimentando-se de herbívoros, carnívoro de 2ª ordem alimentando-se dos de 1ª ordem e omnívoro consumindo qualquer desses tipos); e há uma classificação dita funcional (pastejadores, predadores verdadeiros, parasitas e parasitóides). O entomólgo C.S.Holling introduziu o termo resposta funcional quanto à relação predador-presa, classificando-a em três tipos: tipo I (a população do predador cresce sempre proporcionalmente ao número de presas consumidas), tipo II (em que no início o número de presas consumidas por predador aumenta rapidamente com o aumento da densidade de população de presas, mas logo em seguida se nivelam) e o tipo III (com semelhanças ao tipo II, em que há um limite no consumo de presas, sendo o número de predadores reprimido com o decréscimo na densidade de presas). Ao predador que ataca e mata de imediato, ou quase, suas presas (e muitas serão estas ao longo de sua vida), dá-se o nome de predador verdadeiro. Há diversas formas de predatismo ou predação, citando-se aqui por exemplo a predação recíproca, em que duas espécies diferentes (de besouros do gênero Tribolium), em antagonismo mútuo (como também é chamada), predam ovos e pulpas reciprocamente. Alguns autores utilizam o termo compensação de densidade para designar o aumento no tamanho da população em resposta à redução no número de populações competidoras (muito observado em ilhas). A seguir é representado um esquema (teórico) das relações presa-predador (COLINVAUX, 1986): Predador + Presa + Predador + Presa - Predador Presa + Predador Presa - Alguns autores denominam de oscilações pareadas às flutuações na abundância de predador e presa, continuamente, conforme representado acima. Em RICKLEFS (2007) esta relação é denominada de trajetória de população. 191 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS (Ver DEPENDÊNCIA DA DENSIDADE; INTERAÇÃO ECOLÓGICA; PARASITISMO; e RETROALIMENTAÇÃO) PREFERÊNCIA BALANCEADA Refere-se à preferência por alimento, expressa pelos consumidores (herbívoros e carnívoros). Há consumidores que têm “alternativas” quanto à fonte de alimentos, constituindo-se estes em recursos complementares (seriam espécies eurifágicas). Há consumidores no entanto, que utilizam predominantemente alimento de maior teor energético e conseqüentemente sentem menor necessidade em adquirí-los (poderia isto ser chamado, como gostam alguns autores, de “energia ganha por unidade de tempo utilizado”). Estas últimas espécies poderiam ser denominadas de estenofágicas. (Ver “esteno-”; “euri-”; e UTILIZAÇÃO DIFERENCIADA DO RECURSO) PRESA (Ver PREDATISMO) PRESSÃO SELETIVA Determinado fator (ou “força”) agindo sobre uma população (ou populações), de maneira a determinar que alguns indivíduos dessa população (ou dessas populações) gerem mais descendentes (ou mais genes) do que outros, para as gerações subseqüentes. Dessa maneira, imprimem um certo direcionamento ao processo evolutivo da espécie. PRESERVAÇÃO (AMBIENTAL) Ação de proteção e/ou isolamento de um ecossistema com a finalidade de que ele mantenha suas características naturais, por constituir-se como patrimônio ecológico de valor. (Ver CONSERVAÇÃO) PREVALÊNCIA Em parasitologia refere-se ao número de indivíduos de uma espécie hospedeira infectado com um parasita, dividido pelo número de parasitas examinados. É usualmente expresso como porcentagem. Fala-se assim em prevalência de infecção. Usa-se uma outra avaliação, quanto ao parasitismo, denominada de intensidade de infecção. (Ver INFECÇÃO) PREVALÊNCIA (DE ABUNDÂNCIA) (Ver ESPÉCIE RARA) “PRIMAVERA SILENCIOSA” Ou “Silent Spring”, em inglês, foi o livro escrito pela bióloga e escritora científica norteamericana Rachel Carson, em 1962, alertando a humanidade sobre as ameaças da poluição à vida na biosfera. PRINCÍPIO DA “DESVANTAGEM IMPOSTA AO COMPETIDOR” (= “HANDICAP PRINCIPLE”) Expressão sugerida pelo biólogo israelense Amotz Zahavi (segundo RICKLEFS, 2007), denominada em inglês de “handicap principle” (ainda sem tradução exata e amplamente aceita em português), podendo ser traduzida como “desvantagem imposta ao competidor”. Seria a maneira com que um animal macho demonstraria à fêmea sua capacidade de superioridade em relação aos machos competidores. Há por exemplo, caso em que uma espécie de pássaro carrega para o ninho até 2 kg de pequenas pedras, como se demonstrando para os demais machos (principalmente para os “fracos”) que só ele é capaz disso, sendo portanto, merecedor de uma chance para transmitir seus genes à prole que gerar (com a concordância da fêmea que conquistar, é claro). PRINCÍPIO DA EXCLUSÃO COMPETITIVA PRINCÍPIO DA EXCLUSÃO COMPETITIVA = PRINCÍPIO DE GAUSE Duas espécies não podem coexistir permanentemente no mesmo nicho ecológico; ou seja, há uma tendência para que a competição leve as duas espécies intimamente relacionadas ou similares à separação ecológica, passando a viverem em habitats diferentes ou passando a ocuparem nichos diferentes. PRINCÍPIO DAS PROPRIEDADES EMERGENTES Alguns autores interpretam que um certo nível ecológico ou unidade ecológica não pode ser entendida a partir do estudo exclusivo de seus componentes, devendo-se observar uma comunidade ou um ecossistema como um “superorganismo” (com propriedades de plantas e animais, em conjunto), ou seja por exemplo, quando num coral as algas e os animais celenterados evoluem conjuntamente, forma-se um eficiente mecanismo de ciclagem de nutrientes (em água com baixo teor de nutrientes) mas com alta produtividade. A biodiversidade e a produtividade do coral seriam propriedades emergentes somente possíveis de serem caracterizadas no nível das comunidades desse recife de coral. 192 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS PRINCÍPIO DE ALLEE Embora a agregação possa aumentar a competição entre os indivíduos, por nutrientes ou espaço, os indivíduos quando agrupados poderão reduzir sua taxa de mortalidade pela sua capacidade conjunta de modificar as condições de microhabitat ou de microclima. O grau de agregação, que resultará num ótimo de sobrevivência e crescimento da população, varia com a espécie e as condições ambientais e por isso, tanto a subpopulação (ou ausência de agregação) como a superpopulação, poderão ser limitantes. O gráfico que segue mostra que a população da espécie A sobrevive melhor quando sua densidade é baixa, ao passo que a da espécie B tem menor sobrevivência nos extremos de densidade, ou seja, tanto a densidade baixa como a alta limita o crescimento populacional da espécie B: A B Sobrevivência Densidade PRINCÍPIO DE GAUSE (Ver PRINCÍPIO DA EXCLUSÃO COMPETITIVA) PRINCÍPIO DE HARDY-WEINBERG (Ver EQUILÍBRIO DE HARDY-WEINBERG) PROBIO Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade Biológica Brasileira. O PROBIO é desenvolvido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), objetivando promover parcerias entre o Poder Público e a Sociedade Civil na conservação da diversidade biológica, utilização sustentável de seus componentes e na repartição justa e eqüitativa dos benefícios dela decorrentes. Visa definir metodologias, instrumentos e processos, estimular a cooperação internacional, promover pesquisas e estudos, produção e disseminação de informações, capacitação de recursos humanos, aprimoramento institucional e desenvolvimento de ações para a conservação da diversidade biológica e utilização sustentável de seus componentes. PROCARIOTO Organismo (geralmente unicelular) cuja célula não possui núcleo individualizado. Exemplos: bactérias (incluindo os actinomicetos) e cianobactérias. (Ver ÁRVORE FILOGENÉTICA UNIVERSAL; DOMÍNIOS DOS MICRORGANISMOS; e EUCARIOTO) PROCLÍMAX Comunidade cuja manutenção caracteriza-se por repetidos distúrbios. (Ver CLÍMAX TRANSITÓRIO e CLÍMAX CÍCLICO) PROCRIAÇÃO CONSANGÜÍNEA (Ver HOMOZIGOSIDADE; e DEPRESSÃO DA PROCRIAÇÃO CONSANGÜÍNEA) PRODUÇÃO MÁXIMA SUSTENTÁVEL Refere-se ao balanço entre a sub e a superexplotação, sendo portanto uma taxa máxima de uso de uma determinada população (no pico de sua densidade maior), sempre, bem antes da capacidade de suporte (K). Há restrições a esta “teoria” que não considera aspectos importantes da dinâmica de população , como classes etárias, taxas diferenciais de crescimento, sobrevivência e reprodução. PRODUTIVIDADE PRODUTIVIDADE = TAXA DE PRODUÇÃO Refere-se genericamente, ao peso de matéria seca produzida num dado período pelas plantas clorofiladas, em crescimento, numa determinada área. (Ver PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA) PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA Refere-se à taxa com que a energia solar é armazenada pela atividade fotossintética dos organismos produtores (principalmente as plantas clorofiladas) sob a forma de substâncias orgânicas, por 193 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS unidade de área (nos ecossistemas terrestres) ou de volume (nos ecossistemas aquáticos) e por unidade de tempo. Nos ecossistemas terrestres a produtividade primária é geralmente expressa em termos de matéria seca (g.m-2.ano-1) ou de energia (kcal.m-2.ano-1). No quadro que segue estão representados valores de produtividade primária líquida e fitomassa de diversos ecossistemas: ECOSSISTEMA PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA LÍQUIDA Mat. seca, g m-2 ano-1 (média) Floresta tropical 2000 Pântanos, brejos 2000 Estuários, recifes, algas em estratos 1800 Floresta temperada 1200 Savana tropical 900 Floresta boreal 800 Mata e vegetação arbustiva, em geral 700 Terra cultivada, em geral 650 Oceano 125 TOTAL CONTINENTAL 773 TOTAL MARINHO 152 A produtividade primária líquida (média mundial) dos ambientes terrestres é estimada em 7 X 1010 Mg de C/ano e dos oceanos é de 4 X 1010 Mg de C/ano (lembre-se que Mg (megagrama) = 1.000.000g = 1 tonelada). PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA BRUTA – PPB É a taxa com que a energia solar é armazenada pela atividade fotossintética dos produtores, incluindo a matéria orgânica utilizada na respiração desses produtores; ou seja: PPB = PPL + R. (Ver PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA LÍQUIDA) PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA LÍQUIDA - PPL É a taxa com que a energia solar é armazenada pela atividade fotossintética dos produtores, em excesso à matéria orgânica utilizada na respiração desses produtores; ou seja: PPL = PPB - R. (Ver PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA BRUTA) PRODUTIVIDADE SECUNDÁRIA É a taxa com que a energia proveniente dos produtores é armazenada ao nível dos consumidores. Neste caso o termo “produtividade” seria melhor substituído por “assimilação”, uma vez que os consumidores recebem a matéria já produzida, com perdas respiratórias. (Ver ASSIMILAÇÃO) PRODUTO EM PÉ (Ver BIOMASSA) PRODUTOR Organismo autotrófico (especialmente as plantas clorofiladas), ou seja, que é capaz de produzir alimento pela fixação da energia solar e transformação de substâncias inorgânicas simples em compostos orgânicos. O produtor ocupa o primeiro nível trófico da cadeia alimentar. PROFUNDIDADE CRÍTICA Profundidade na qual a intensidade média de luz numa coluna de água iguala a intensidade de compensação de luz. (Ver PONTO DE COMPENSAÇÃO) PROFUNDIDADE DE COMPENSAÇÃO (DE LUZ) (Ver PONTO DE COMPENSAÇÃO (DE LUZ ou FÓTICO)) PROFUNDIDADE EFETIVA DO SOLO Profundidade do solo alcançada pelas raízes das plantas, sem impedimentos que possam causarlhes problemas. PROGRAMA INTERNACIONAL DA GEOSFERA E DA BIOSFERA (Ver “IGBP”) PROGRAMA INTERNACIONAL DE BIOLOGIA (Ver “IBP”) PROPÁGULO Qualquer parte originária de um vegetal (semente, esporo, gema ou broto vegetativo...) e que dá origem a novo indivíduo. Sinônimo menos usado: diáspora. 194 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS PROPRIEDADES DO GRUPO POPULACIONAL (Ver ATRIBUTOS DA POPULAÇÃO) PROPRIEDADES EMERGENTES (Ver PRINCÍPIO DAS PROPRIEDADES EMERGENTES) “PROTISTA” (Ver REINO) PROTOCOLO DE QUIOTO (ou KYOTO) O Protocolo de Quioto (nome de cidade do Japão) surgiu como conseqüência de evento iniciado em Toronto (Canadá) na “Toronto Conference on the Changing Atmosphere”, em outubro/1988, continuando com o “First Assessment Report” ocorrido em Sundsvall (Suécia) em agosto/1990 e depois com a Eco-92, das Nações Unidas, realizado no Rio de Janeiro em junho/1992. Foi discutido e negociado em Quioto, em 16 de março de 1998 e ratificado em 15 de março de 1999. Os detalhes finais foram estabelecidos em Marraquech (de 29/10 a 9/11/2001), tendo entrado oficialmente em vigor em 16 de fevereiro de 2005. Dele participam mais de 160 países, com as notórias exclusões dos E.U.A. e Austrália. Nele foi proposto um calendário no qual os países desenvolvidos (países do Anexo I) terão que reduzir a emissão de poluentes (essencialmente o CO2) em pelo menos 5,2% (em relação aos níveis de 1990) até 2012. Os E.U.A. no governo de George W. Bush, negaram-se a assinar o acordo. Em 18 de novembro de 2004 a Rússia confirmou sua participação. (Ver EFEITO ESTUFA) PROTOCOOPERAÇÃO Tipo de interação ecológica na qual ambas as populações se beneficiam mas, onde as relações de associação não são obrigatórias. Alguns autores usam o termo mutualismo facultativo com significado muito similar ao de protocooperação, ou seja, caso em que uma ou ambas as espécies de uma associação mutualística podem sobreviver na ausência do “parceiro (ou parceira)”. (Ver INTERAÇÃO ECOLÓGICA; e MUTUALISMO) PROTÓTROFO (Ver AUXOTROFIA) PROTOZOOPLÂNCTON (Ver APÊNDICE V – PLÂNCTON: TIPOS E CATEGORIAS DE TAMANHO) PROVÍNCIA FAUNÍSTICA Uma subregião geográfica contendo fauna distinta, que se situa mais ou menos isoladamente de outras regiões por barreiras que impedem migrações. PROVÍNCIA NERÍTICA (Ver REGIÃO OCEÂNICA; e APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) PROVÍNCIA OCEÂNICA (ou OCEANO ABERTO) (Ver REGIÃO OCEÂNICA; e APÊNDICE IV – ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) “psamo-” Prefixo de origem grega significando “areia”. Seguem alguns termos com este prefixo. PSAMOFAUNA Animais que vivem em substrato arenoso. PSAMÓFITA Planta que se desenvolve sobre areia (de dunas, por exemplo). Psamófilo é um organismo (um vegetal, em geral) que se desenvolve melhor na areia. PSAMOSERE Diz-se da “sere” cuja vegetação se desenvolve sobre areia (de dunas, por exemplo). (Ver LITOSERE; OXISERE; e XEROSERE) PSEUDOEFÊMERO Uma flor que fica aberta por cerca de um dia (há cacto que assim se comporta). PSEUDOINTERFERÊNCIA Refere-se a uma característica ou padrão, do declínio da taxa de consumo de um predador, com o aumento de sua densidade de população, que é uma reminiscência da “interferência mútua”, mas que na verdade, resulta da “resposta de agregação” do predador. Muitos herbívoros tendem a agregar-se sem que isto seja uma “resposta de agregação” à existência de maior densidade de presa. “psicro-” Prefixo de origem grega significando “frio”. O instrumento que mede umidade relativa do ar a partir das medições de temperatura feitas num termômetro de “bulbo seco” e num de “bulbo úmido”, cuja diferença de valores corresponde a uma determinada umidade relativa do ar (em porcentagem, vista numa tabela psicrométrica) chama-se psicrômetro. 195 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS PSICRÓFILO Termo aplicado geralmente para definir microrganismos capazes de crescer em temperatura abaixo dos 5°C, mas cuja temperatura ótima aproxima-se daquela dos mesófilos. “pterido-” Prefixo de origem grega que se refere a “samambaias; fetos” (ou pteridófitas). Pteridofágico: é aquele organismo que se alimenta de pteridófitas. PUMILIOTOXINA (Ver DEFESA QUÍMICA) PUPA Nos insetos holometabólicos pupa é o estádio intermediário entre larva e imago. Alguns derivados: pupívoro (pupivoria) (que se alimenta de pupas); pupígero (que gera ou produz pupa). PUTREFAÇÃO (Ver DECOMPOSIÇÃO) “PVA − POPULATION VIABILITY ANALYSIS” (Ver ANÁLISE DE VIABILIDADE DE POPULAÇÃO) 196 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Q qCO2 ou QUOCIENTE METABÓLICO QUOCIENTE METABÓLICO = TAXA DE RESPIRAÇÃO ESPECÍFICA DA BIOMASSA Variável (ou parâmetro) utilizada geralmente em ecologia microbiana, em que se relaciona o carbono emanado pela respiração dos microrganismos (representado como C-CO2) à biomassa desses microrganismos por unidade de tempo. De microrganismos de solo, por exemplo, obtiveram-se as seguintes faixas de qCO2 nas seguintes condições (com dados em mg de C-CO2.g-1 de biomassa de C.h-1 X 10-4): em monoculturas de 6 a 17 mg e em cultivos rotacionais de 1,7 a 12 mg . Parece haver uma tendência para que um agro ou ecossistema jovem tenha qCO2 mais elevado do que um maturo e da mesma maneira, um solo que recebeu substrato (matéria orgânica) recente também apresenta qCO2 mais elevado do que aquele com substrato mais antigo. QUADRANTE, MÉTODO DO (ou MÉTODO DO QUADRADO) Método de estudo de campo, em que se delimita uma área para se investigar ou amostrar plantas ou animais. A área é geralmente tomada ao acaso. Esta denominação é comumente aplicada para delimitação de pequenas áreas de estudo em vegetação rasteira (numa pastagem ou sobre dunas, por exemplo) em que se utiliza uma espécie de moldura quadrada, de 1 m2 ou pouco mais; mas também se aplica esta denominação para estudos em áreas grandes, como em matas por exemplo. QUALIDADE DA ÁGUA (Ver ÁGUA POTÁVEL) QUALIDADE DE VIDA Refere-se ao conjunto de condições (físicas, químicas, biológicas) que propiciem vida saudável ao ser humano, juntamente com as espécies vegetais e animais desejáveis. A boa qualidade de vida implica até num estado de bem-estar psicológico e social, em que o ser humano, especialmente, satisfaz todas suas necessidades biológicas sem riscos à sua segurança e saúde, podendo com isso manter-se em equilíbrio dinâmico ou crescer numericamente de acordo com suas aspirações. QUEBRA-VENTO Barreira constituída geralmente por árvores e introduzida pelo homem com o propósito de reduzir o impacto do vento sobre cultivos. Como exemplo cita-se um quebra-vento formado por espécimes de Leucaena leucocephala (duas fileiras externas), seguidos internamente por algaroba, Prosopis juliflora (duas fileiras) e mais internamente por espécimes de eucalipto, Eucalyptus calmadulensis (uma fileira). QUELAÇÃO Ligação muito forte entre metais e compostos orgânicos, sendo algumas dessas ligações insolúveis, como acontece com o humus do solo. Os quelantes (agentes da quelação) utilizados para fertilizar o solo, são solúveis e auxiliam na manutenção dos nutrientes metálicos (Fe, Zn, Mn e Cu), que se mobilizam no solo e atuam na absorção desses nutrientes pelas plantas. QUELANTE (Ver QUELAÇÃO) QUERATINOFÍLICO Organismo que se desenvolve em material rico em queratina (chifres, unhas, garras ...), como por exemplo alguns fungos que, no solo, degradam este composto. (Ver QUITINOLÍTICO) QUIESCÊNCIA (QUIESCENTE) Uma fase ou estádio de descanso ou repouso ou quietude, caracterizado pela atividade reduzida ou inatividade (ou cessação) do desenvolvimento. (Ver DORMÊNCIA) 197 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS QUÍMICA AMBIENTAL Uma visão da química (elementos químicos, compostos e suas estruturas, processos químicos etc.) relacionada ao ambiente em que vivem os organismos, ou seja, o ambiente físico-químico: a terra, o ar e a água. Esta possível disciplina, não seria uma mera subdivisão da química, mas sim uma maneira de entender a química moderna relacionando seus princípios básicos e conhecimentos atualizados, de maneira a propiciar ao ser humano a possibilidade de avaliar inteligentemente suas chances de usufruir dos ambientes por tempo indeterminado, sem comprometer sua vitalidade e qualidade. A química ambiental promove a junção dos conhecimentos da biologia molecular, bioquímica e ecologia, como bases necessárias ao desenvolvimento de tecnologias limpas. QUIMIOAUTÓTROFO (Ver AUTÓTROFO) QUIMIOLITÓTROFO Bactéria que utiliza ampla faixa de compostos inorgânicos como fonte de carbono. Ex.: a Thiobacillus desnitrificans, que atua na desnitrificação, reduz o NO3 a N2. A T. ferrooxidans oxida o Fe2+, sendo muito usada no processo de biolixiviação de minérios. (Ver QUIMIÓTROFO; e BIOLIXIVIAÇÃO) QUIMIÓTROFO QUIMIÓTROFO = LITÓTROFO Organismo, geralmente microrganismo, que sintetiza seu alimento a partir de compostos inorgânicos simples (à maneira dos fotossintetizantes, que utilizam H2O e CO2), sem necessitar de energia luminosa para tal síntese. As tiobactérias ou bactérias sulfurosas, oxidam o H2S, produzindo energia que é então usada para sintetizar glicose (C6H12O6) a partir de H2O e CO2. QUIROPTERÓFILO (QUIROPTEROFILIA) Vegetal que é polinizado por morcegos (quiropterofilia é a polinização por morcegos). QUITINA (e QUITINASE) (Ver QUITINOLÍTICO) QUITINOLÍTICO A quitina é um polímero de N-acetilglucosamina encontrada na parede celular da maioria dos fungos e no exoesqueleto de insetos. Alguns microrganismos, bactérias do gênero Pseudomonas, actinomicetos (bactérias filamentosas), Trichoderma (um fungo imperfeito, saprófita comum no solo), dentre outros, são quitinolíticos, ou seja, pela ação de uma enzima, a quitinase, degradam a quitina. QUOCIENTE METABÓLICO (Ver qCO2) 198 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS R RADIAÇÃO DE FUNDO “Background radiation”, denominada originalmente em inglês, é a radiação natural, formada pela radiação cósmica (partículas elementares vindas do espaço) e pela radiação terrestre (proveniente da degradação de isótopos de ocorrência natural). RAÇA ECOLÓGICA (Ver ECOTIPO) RADIAÇÃO FOTOSSINTETICAMENTE ATIVA–RFA Faixa de radiação, ou energia luminosa, entre 380 nm e 780 nm, que incidindo sobre a clorofila, cataliza no vegetal a transformação desta energia em energia química, a partir da fixação do CO2 atmosférico e absorção da água. Em inglês é comum o uso da abreviatura “PhAR–” ou “PAR–Photosynthetically Active Radiation”. (Ver APÊNDICE III – ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO). RADIAÇÃO GAMA (Ver RADIONUCLÍDEOS) RADIAÇÃO IONIZANTE Partículas alfa e beta (de movimento rápido) e gama (alta energia), emitidas por radioisótopos. Têm energia suficiente para deslocar eletrons de átomos que venham a atingir. (Ver RADIONUCLÍDEOS; e RADIAÇÃO FOTOSSINTETICAMENTE ATIVA) RADIONUCLÍDEOS Átomos de núcleo instável que se desintegra espontaneamente e emite partículas alfa e beta e/ou radiação gama. O rádio, urânio e estrôncio são exemplos de radionuclídeos. A partícula alfa (ou partículaα), tem carga positiva (dois prótons e dois nêutrons), produz alta ionização e sendo maior do que as outras partículas de radiação, tem reduzida capacidade de penetração nos tecidos vivos moles (em pele e músculos de 0,001 a 0,007 cm), mas em ferimentos, pode ser biologicamente danosa. A partícula beta (ou partícula-β) é negativa (constituída de elétrons) é de baixo poder de penetração, embora um pouco mais do que a alfa. RADON Elemento gasoso radioativo proveniente de emanação natural de certas rochas e minérios. É muito comum ser encontrado próximo a zonas de mineração de ferro, urânio e outras, onde há emissão desse gás sob a forma de partículas alfa. Há registros de câncer de pulmão em mineiros (da mineração do urânio) que se expuseram excessivamente ao radon. RAIZ ADVENTÍCIA Raiz que, diferentemente de uma raiz normal, origina-se de um caule ou folha. Um bom exemplo é a raiz da Rhizophora mangle, que auxilia na fixação desta árvore no solo movediço do mangue e desempenha importante função respiratória através dos pneumatódios ou lenticelas. (Ver MANGUE) RAIZ TABULAR RAIZ TABULAR = SAPOPEMA = SAPOPEMBA Raiz que se projeta externamente na base do tronco de certas árvores, principalmente das florestas tropicais. Ela é importante à sustentação da árvore e auxilia na respiração da árvore, que vive num solo rico em matéria orgânica, onde há grande competição por oxigênio. A figura que segue, ilustra raízes tabulares típicas de uma árvore de ecossistema tropical (do site www.nucleodeaprendizagem.com.br): 199 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS RAREFAÇÃO Do inglês “rarefaction” (termo usado por LINCOLN et al., 1998 e por RICKLEFS, 2007) é um meio de se padronizar a amostragem de uma comunidade para medir a diversidade de espécies, reduzindo-a (ou “rarefazendo” a amostragem) para um tamanho de amostra comum. É um tipo de subamostragem de indivíduos para um tamanho comum (ou padrão) para evitar que “ao se estimar a diversidade de espécies, o número de espécies numa amostra tenda a aumentar com o número de indivíduos amostrados” (RICKLEFS, 2007). “RASTER” e VETOR Denominações de dois métodos utilizados em computação gráfica no processamento de imagens. O tipo “raster” mantém uma imagem como uma matriz de pontos controlados independentemente, sendo a imagem armazenada na memória do computador como uma matriz ou grade de pontos individuais ou “pixels”; enquanto o vetor é mantido como uma coleção de pontos, linhas e arcos. O “raster” tem sido a tecnologia dominante nesse setor da computação, sendo muito utilizado em geoprocessamento. RAUNKIAER (Ver FORMAS DE VIDA DE RAUNKIAER) RAVINA Sulco ou depressão no solo causada por água de escoamento. Termo de uso mais freqüente em geociências. (Ver “RUNOFF”) RAZÃO DE FERTILIDADE (Ver RELAÇÃO DE FERTILIDADE) RAZÃO P : R (Ver RELAÇÃO P : R) REABILITAÇÃO (Ver RECOMPOSIÇÃO) REAÇÃO DE HILL (Ver FOTOSSÍNTESE) REBENTAÇÃO (Ver ZONA DE REBENTAÇÃO) RECALCITRANTE (Ver BIODEGRADAÇÃO) RECEPTOR (Ver MODELO CONTROLADO-PELO-DOADOR) 200 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS RECIFES (DE CORAIS) Ajuntamentos calcários formados no mar, nos trópicos, em profundidade inferior a 40 m, constituídos por exoesqueleto de corais e algas calcárias e por vezes também por arenito. Nos recifes de corais a salinidade geralmente é alta e a temperatura da água supera os 20 °C. (Ver ATOL; e CORAL) RECOMPOSIÇÃO RECOMPOSIÇÃO = REABILITAÇÃO = REVEGETAÇÃO Corresponde este termo à “rehabilitation” (= reabilitação, em inglês), termo introduzido por A.D.Bradshaw, significando uma recomposição de uma comunidade, num ambiente natural, à semelhança (mas não exatamente a mesma) da que existia anteriormente. Neste processo, principalmente em áreas intensamente degradadas, onde o solo original desapareceu, recomenda-se o uso de plantas que tenham simbiose com bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico e/ou com fungos endomicorrízicos. (Ver REPOSIÇÃO) RECRUTAMENTO / RECRUTA Considera-se como a entrada de novos membros numa população, pela reprodução ou imigração. Recruta refere-se ao indivíduo que entrou nessa população. RECUPERAÇÃO ou REGENERAÇÃO DE SOLOS DEGRADADOS (Ver BIORREMEDIAÇÃO e RECOMPOSIÇÃO) RECURSOS ANTAGONISTAS São recursos, geralmente um par de recursos (alimento por exemplo) que é requisitado simultâneamente por um animal para manter uma determinada taxa de aumento. Substâncias inibidoras de crescimento, por exemplo, contidas em sementes de duas diferentes plantas que servem de alimento a uma determinada larva de inseto, se ingeridas isoladamente não exercem nenhum efeito inibitório sobre o animal, mas se ingeridas simultâneamente retardam o crescimento da larva. (Ver SINERGISMO) RECURSOS COMPLEMENTARES (Ver PREFERÊNCIA BALANCEADA) RECURSO EXAURÍVEL (Ver RECURSO NÃO-RENOVÁVEL) RECURSO NÃO-RENOVÁVEL Recurso com disponibilidade limitada (dependente do seu estoque) na crosta terrestre. Exemplo: um metal, como o cobre ou o petróleo (este poderá ser naturalmente reposto mas de maneira extremamente lenta). (Ver RECURSOS NATURAIS) RECURSO RENOVÁVEL Diz-se do recurso natural passível de renovação, por processos naturais. Os recursos de origem biológica, quando utilizados numa velocidade inferior à sua capacidade de reposição, são recursos renováveis. (Ver RECURSOS NATURAIS) RECURSOS NATURAIS Componentes da crosta terrestre, como nutrientes, minérios, água, vida selvagem, ar, energia e outros elementos produzidos por processos naturais. Tais recursos, a grosso modo, são divididos em dois tipos principais: renováveis e não-renováveis. A palavra recurso, aplicada como uma necessidade à manutenção de um ser vivo, significa qualquer componente abiótico ou biótico da Natureza que seja importante à sua manutenção, crescimento e reprodução. REDE ALIMENTAR (Ver TEIA ALIMENTAR) REDE DE NEBLINA Em inglês “mist net”. É uma rede especial de finos fios de náilon, que é recomendada somente para capturar pássaros (e às vezes morcegos) que se constituiram em pragas. Para outros tipos de pássaros, somente com a finalidade de estudo sob controle. “RED QUEEN”, HIPÓTESE Uma alusão à passagem das “aventuras posteriores” de Alice (personagem de “Alice no País das Maravilhas”, do escritor norte-americano Lewis Caroll), em que na obra “Through the Looking-Glass” a “red queen” (rainha vermelha) diz: “Agora, aqui, você veja que leva-se todo o esforço de corrida que você possa fazer, para manter-se no mesmo lugar”. Em ecologia, o que realmente nos importa, refere-se às relações hospedeiro-parasita e predador-presa, em que (por exemplo neste último caso) quando as 201 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS adaptações do predador são relativamente efetivas e a presa é explotada em alta taxa, o processo seletivo da população da presa tende a melhorar seus mecanismos de escape mais rápido do que o processo seletivo ao qual o predador está submetido, em termos de sua habilidade para explotar a presa. Baixando a taxa de explotação, ocorreria o inverso, ou seja, a população da presa evoluiria mais lentamente. Daí podermos concluir que a pressão exercida pelo predador, favoreceria mais a população da presa do que a dele própria. Num sistema de equilíbrio dinâmico, haveria um contínuo “balanço de forças” nesta relação; ou em outras palavras, “um esforço de corrida contínua, permanecendo no mesmo lugar”, conforme a alusão à rainha vermelha da história de Lewis Caroll. REDUCIONISMO Em oposição ao holismo, o reducionismo trata do estudo pormenorizado de uma parte ou partes, de um todo. Por exemplo: a abordagem holística feita pela biologia ambiental (ecologia), contrapõe-se à abordagem reducionista da biologia molecular. (Ver HOLISMO) REDUTOR (Ver DECOMPOSITOR) REFÚGIOS Denominação dada às áreas ou habitats, geralmente restritas, em que um animal (ou presa) procura se localizar, em resposta à distribuição espacial e ao comportamento do seu predador (ou seus predadores). Há locais restritos, que poderiam ser chamados de sítios ou manchas (do inglês “patch”) que funcionam como “refúgios temporários”, geralmente em animais que procuram escapar de predadores ou de competidores. Alguns autores utilizam a expressão refúgio ecológico quando desejam referir-se a um tipo de vegetação, diferente das demais da região e que ocorre em grandes altitudes (às vezes superiores a 1.800 m), formando um tipo de relito especial, por vezes também denominado de campo de altitude. Este suposto refúgio ecológico pareceria melhor enquadrado na denominação geral de campos (Ver CAMPOS). (Ver TEORIA DOS REFÚGIOS) REFÚGIO DE VIDA SILVESTRE Categoria de unidade de conservação do Grupo I do SNUC. Tem como objetivo proteger ambientes naturais onde asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória. A visitação pública está sujeita às normas e restrições estabelecidas no plano de manejo da unidade. (Ver SNUC − SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO; e UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) REGATO (Ver CÓRREGO) REGIÃO ABISSAL (Ver ZONA ABISSAL) REGIÃO: ARREICA / ENDORREICA /EXORREICA A região arreica é aquela onde não existe rio. A região endorreica é aquela onde os rios lá se originaram mas não alcançam o mar, desaguando em bacias fechadas ou finalizando em cursos secos. E a região exorreica é aquela onde os rios se originam e desaguam no mar. REGIÃO OCEÂNICA Relativa aos oceanos. Toda a região situada além da plataforma continental. Quando se deseja referir-se às águas além da borda da plataforma continental, usa-se a expressão oceano aberto, que é denominado por alguns autores como província oceânica. As águas rasas sobre a plataforma continental constituem a região ou província nerítica. REGIÕES ZOOGEOGRÁFICAS As grandes regiões zoogeográficas da Terra fundamentam-se na distribuição dos animais nos diversos continentes do planeta, que no curso da evolução, mantiveram-se como grandes áreas de isolamento, tendo os animais (e plantas; incluindo-se estes organismos falamos então de regiões biogeográficas) desenvolvido características próprias. São elas: Neoártica (América do Norte) e Paleoártica (Eurásia), mantiveram conexões através do que é hoje a Groenlândia ou o estreito de Bering entre o Alaska e a Sibéria, pela maioria dos últimos 100 milhões de anos; Etiopiana (África) e Australiana (Austrália), experimentaram longa história de isolamento do resto do mundo desenvolvendo formas muito distintas de vida; Oriental (sudeste da Ásia) que isolou se da África e América do Sul, formando grande massa biótica principalmente na India. Neotropical (América do Sul) [Ver NEOTROPICAL, REGIÃO]. As regiões Paleoártica e Oriental, têm mais afinidades entre si, devido ao longo contato contínuo, do que a Neoártica e a Neotropical. As florestas temperadas da Ásia contêm uma alta porcentagem de espécies de 202 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS árvores oriundas de florestas tropicais, ao passo que as florestas temperadas da América do Norte, não contêm tais espécies. (Ver PANGÉIA (ou PANGAEA)) REGRA DE BAKER Diz respeito à vantagem de planta autopolinizadora na colonização de habitats remotos, por ser capaz de se estabelecer como população, a partir de um único indivíduo. REGRAS ECOGEOGRÁFICAS Tanto a ecologia energética e a ecofisiologia, como a biogeografia, possibilitaram que alguns ecólogos, a partir de estudos de caso ou inferências teóricas provenientes de observações, procurassem “explicações” para as relações entre a estrutura e fisiologia de organismos que habitam determinadas regiões. No que pese as restrições a tais generalizações, a ecologia, principalmente a autoecologia, reúneas em “regras”, que naturalmente têm suas exceções, por vezes conflitantes. Eis alguns exemplos (segundo COLINVAUX, 1986): a) Regra de Allen: animais endotérmicos de regiões frias, têm extremidades (orelhas, pernas e cauda) menores do que os endotermos similares ou parentes próximos, de regiões quentes. As extremidades menores reduziriam a perda de calor. b) Regra de Bergman: animais de “sangue quente” (mamíferos como veado, raposa, urso, coelho...) das regiões frias tendem a ser maiores do que as espécies similares ou parentes próximos, de regiões quentes. À semelhança da interpretação da regra de Allen, há necessidade daqueles animais de regiões frias de conservarem o calor corpóreo (animais de grande porte têm menor relação superfície : volume, do que os animais pequenos). c) Regra de Gloger: indivíduos de uma espécie de clima seco, tendem a ser mais claros na coloração do que os similares de regiões úmidas. Seria uma camuflagem das sombras ao fundo: cor clara no seco e cor escura no úmido. No entanto seria importante considerar que tais diferentes tonalidades de cor ajudam no balanço energético (ou balanço de calor): cor clara ao sol absorve menos energia e cor escura sem sol (ambiente úmido) aumenta a absorção da energia solar. Outras regras são mencionadas, sem no entanto nenhuma explicação plausível, como por exemplo: regra de Jordan: peixes de regiões frias têm menor número de vértebras do que os similares que vivem em águas quentes; regra do tamanho dos moluscos: os que vivem em águas de alta salinidade são maiores do que aqueles que vivem em águas de menor salinidade; regra da poliploidia: no hemisfério norte, particularmente na tundra e entre espécies alpinas, os organismos são mais provalmente poliplóides do que os que vivem mais para o sul. REGULAÇÃO (Ver AUTORREGULAÇÃO) REINO Denominação dada a cada um dos grandes grupos de seres vivos. Segundo a classificação de R. H.Whittaker, que propôs, em 1969, um sistema baseado nas diferenças evolutivas entre os seres vivos, quanto aos modos de nutrição (fotossíntese, absorção e ingestão), constituindo-se nos seguintes reinos: a) Monera: bactérias e cianobactérias (procariotos, nutrição sem ingestão). b) Protista: algas e protozoários (eucariotos unicelulares, com fotossíntese nas algas e ingestão nos protozoários). c) Fungi: fungos unicelulares e filamentosos (eucariotos pluricelulares). d) Plantae: plantas, fotossintetizantes (eucariotos pluricelulares). e) Animalia: animais (eucariotos pluricelulares). Observe-se que dos cinco reinos, três incluem microrganismos. REJEITO(S) Em ecologia energética refere-se à parte do alimento ou energia total ingerida por um indivíduo, população ou unidade trófica (do nível trófico) que não é utilizada para produção e respiração, perdendose como egesta e excreta, por unidade de área ou volume. É expresso por: Rejeito = egesta + excreta (Ver EGESTA; e EXCRETA) RELAÇÃO ALOMÉTRICA É aquela na qual uma propriedade física ou fisiológica de um organismo altera-se relativamente ao tamanho desse organismo. Em algumas espécies de pássaros o aumento do peso deste animal está associado com a “redução do tempo necessário para chocar os ovos por unidade de peso corpóreo”. A “lógica” desta relação poderia ser assim exemplificada: mudanças nas proporções ou relações de superfície ou área : volume resultaria em mudanças no tamanho de um organismo levando a mudanças na eficiência da transferência de calor por unidade de volume. (Ver ALOMETRIA) 203 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS RELAÇÃO CARBONO DE MICRORGANISMOS : CARBONO ORGÂNICO TOTAL ou Cmic : Corg Em ecologia microbiana, de solo por exemplo, é utilizada esta relação como indicadora da capacidade da biomassa dos microrganismos do solo em armazenar carbono como porcentagem do carbono orgânico total contido na M.O.S.. Esta relação também pode ser dada pela equação simples: CBM/CBT X 100 (ou carbono da biomassa dividido por carbono total do solo vezes cem). Solos em que esta relação seja elevada, indicariam que a biomassa microbiana está armazenando energia, que poderá ser investida em reprodução, podendo assim aumentar sua biodiversidade. Uma relação baixa indicaria que a energia contida nos carboidratos (o carbono) estaria sendo gasta na respiração, para as populações microbianas se manterem; e como conseqüência, a biodiversidade poderia não estar aumentando. (Ver qCO2) RELAÇÃO C : N Relação da porcentagem de carbono para a porcentagem de nitrogênio no solo. Este é um parâmetro importante que deve ser estimado sempre que se deseje conhecer as condições que as plantas devem ter para crescer, assim como para os microrganismos do solo que decompõem a necromassa. A um solo agricultável que se deseje adicionar (ou incorporar) matéria orgânica, é importante observar que os microrganismos, para decompor a necromassa, necessita de uma relação C : N entre 20 : 1 e 30 : 1; mesmo assim, é importante ainda observar que nesta circunstância não restará muito N para as plantas que se deseje cultivar. O quadro que segue mostra as porcentagens aproximadas de carbono orgânico, nitrogênio total e relação C : N, existentes em alguns tipos de matéria orgânica (resíduos) ou como constituintes de alguns microrganismos (segundo MILLER & DONAHUE, 1990): MATÉRIA ORGÂNICA C ORGÂNICO (%) N TOTAL (%) Resíduos de cultivos alfafa (jovem) 40 3 milho (sabugo, da espiga) 40 1 Trevo 40 2 capim-do-campo (ou 40 1,3 “bluegrass”) Palha 40 0,5 pó-de-serra 50 0,1 Microbiota Bactérias 50 10 Actinomicetos 50 8,5 Fungos 50 5 Humus do solo 50 4,5 * Pó-de-serra de certas madeiras pode atingir relação C : N de até 800 : 1 RELAÇÃO C : N 13 : 1 40 : 1 20 : 1 30 : 1 80 : 1 500 : 1* 5:1 6:1 10 : 1 11 : 1 RELAÇÃO DE FERTILIDADE Número de descendentes numa população em relação ao número de fêmeas adultas. RELAÇÃO P : R É a relação ou razão “produção : respiração”, referindo-se à relação entre a parte da energia fixada que é transformada em energia química ou matéria orgânica produzida (P) e a parte da energia fixada e transformada em energia química que é perdida na respiração (R). Na comunidade clímax essa razão tende a ser igual a 1, ou seja, a energia fixada na produção de matéria orgânica é balanceada pela perda de energia gasta na respiração para manter a comunidade. (Ver SUCESSÃO AUTOTRÓFICA; e SUCESSÃO HETEROTRÓFICA) RELAÇÃO SENSIBILIDADE : RESISTÊNCIA (Ver ÍNDICE DE VERSATILIDADE) RELAÇÃO SUPERFÍCIE (ou ÁREA) : VOLUME Cálculo da relação que existe, por exemplo, entre a superfície de uma esfera (uma bactéria, por exemplo) e o seu volume, mostrando o seguinte resultado: a) Superfície de uma bactéria com raio de 5 μm: S = 4πr2 = 314 μm2. Volume dessa bactéria: V = 3 4/3πr = 523,33 μm3. O resultado da relação é portanto: S : V = 0,6. b) Superfície de uma bactéria com raio de 10 μm: S = 1.256 μm2. Volume dessa bactéria: V = 4.186,66 μm3. O resultado da relação é portanto: S : V = 0,3. Portanto, a bactéria com menor raio (5 μm) tem uma relação S : V maior do que a bactéria com maior raio (10 μm). 204 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL (RIMA) (Ver IMPACTO AMBIENTAL) RELITO RELITO = FRAGMENTO FLORESTAL Relito é um remanescente, isolado, de um ecossistema típico de certa área. No “campus” da Universidade Federal da Paraíba, em João Pessoa, há relitos da mata atlântica. Alguns autores preferem chamar de fragmentos florestais. Seu tamanho é objeto de discussões, quando se trata de reserva ecológica e os problemas relacionados aos efeitos de borda. Alguns outros problemas ecológicos são apontados, quando se trata de reservas pequenas, como por exemplo a baixa taxa de reprodução, alteração nos níveis de homo e heterozigosidade etc. (Ver EFEITO DE BORDA; CORREDORES DE MATA; TAXA DE REPRODUÇÃO; HOMOZIGOSIDADE; e HETEROZIGOSIDADE) RELÓGIO BIOLÓGICO Mecanismo fisiológico, que muitos organismos têm, de medição do tempo (relógio biológico), ou de repetir funções num espaço de tempo de 24 horas (ritmo circadiano) mesmo até na ausência do estimulador diurno principal, a luz. A periodicidade lunar, assim como os ciclos estacionais são considerados ritmos circadianos. REÓFITA Planta adaptada a ambiente sujeito a corrente de água contínua, como num rio ou riacho. REPOSIÇÃO Corresponde ao termo “replacement” (em inglês), introduzido por A.D.Bradshaw, significando a substituição de uma comunidade, num ambiente natural, por outra comunidade completamente diferente. (Ver RECOMPOSIÇÃO; e RESTAURAÇÃO) RESERVA BIOLÓGICA Categoria de unidade de conservação do Grupo I do SNUC. Uma das unidades de conservação brasileiras, estabelecida em lei, com caráter semelhante ao das estações ecológicas, diferenciando-se pela proteção faunística. A reserva biológica tem a mesma finalidade dos parques, devendo preservar integralmente a biota e demais atributos naturais, sem inteferência humana direta ou modificações ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade biológica e os processos ecológicos naturais. (Ver SNUC − SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO; e UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) RESERVA DA BIOSFERA Iniciativa do programa “O Homem e a Biosfera” (em inglês “MaB – Man and Biosphere”), para o estabelecimento de “reservas da biosfera” (em 1970). Estas reservas devem conter: a) amostras do bioma natural; b) comunidades únicas ou áreas naturais de excepcional interesse; c) exemplos de uso harmonioso da terra; d) exemplos de ecossistemas modificados ou degradados, onde seja possível uma restauração para condições naturais. A reserva da biosfera pode incluir unidades de conservação, como parques nacionais ou reservas biológicas. No Brasil há seis biorregiões incluídas nesse programa (MaB). São as Reservas da Biosfera: da Amazônia Central, da Caatinga, do Cerrado, da Mata Atlântica, do Cinturão Verde da cidade de São Paulo (parte integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica) e do Pantanal. (Ver UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) RESERVA DE FAUNA Categoria de unidade de conservação do Grupo II do SNUC. É uma área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentátel de recursos faunísticos. Deve ser área de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares porventura em seus limites devem ser desapropriadas. A visitação pública é permitida, desde que compatível com o plano de manejo da unidade. RESERVA DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Categoria de unidade de conservação do Grupo II do SNUC. É uma área natural que abriga populações humanas tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que desempenham um papel fundamental na proteção da Natureza e na manutenção da diversidade biológica. Ao tempo em que a Natureza deve ser preservada, os meios necessários para a melhoria da qualidade de vida das populações humanas que vivem em tal reserva, devem ser garantidos. 205 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS RESERVA ECOLÓGICA Área de preservação permanente (pública ou particular, de acordo com a sua situação dominial), mencionada no artigo 18 da Lei nº 6.938, de 31/08/81, bem como a que for estabelecida por ato do Poder Público. (Ver SNUC − SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO; e UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) RESERVA EXTRATIVISTA Categoria de unidade de conservação do Grupo II do SNUC. Criada a partir da sugestão do líder sindical seringalista, “Chico Mendes” (assassinado em dez/89, no Acre). As reservas extrativistas (RESEX) são espaços territoriais destinados à exploração auto-sustentável e conservação dos recursos naturais renováveis, por uma população com tradição extrativista. A primeira delas foi criada com base na experiência do extrativismo do látex (da seringueira), na região de Xapuri, Acre. Complementam o extrativismo a agricultura de subsistência e a criação de animais de pequeno porte, devendo-se proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, assegurando o uso sustentável dos recursos naturais da unidade. Uma boa abordagem sobre o extrativismo pode ser encontrada em EMPERAIRE (2000). (Ver SNUC − SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO; e UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) RESERVA PARTICULAR (REP) ou RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NACIONAL (RPPN) Categoria de unidade de conservação do Grupo II do SNUC. É uma área privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. Imóvel sob domínio privado, em que, no todo ou em parte, sejam identificadas condições naturais primitivas, semi-primitivas, recuperadas ou cujas características justifiquem ações de recuperação, pelo aspecto paisagístico, ou para preservação do ciclo biológico de espécies da fauna e da flora nativa do Brasil. Instituída pelo Decreto nº 98.914, de 31/01/90. Nela são permitidos a pesquisa científica e a visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais. (Ver SNUC − SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO; e UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) RESGATE (ou SALVAMENTO), EFEITO Em estudos de dinâmica de populações, ou mais especificamente em estudos de metapopulações, uma imigração de subpopulação suficientemente grande, pode evitar que uma subpopulação em declínio venha a se tornar extinta, ou seja, a taxa de extinção desta subpopulação em declínio decrescerá à medida em que a fração de novas manchas ocupadas (pelos imigrantes) aumente no habitat desta subpopulação. RESÍDUO SÓLIDO Material sólido indesejável, descartado ou não sob a forma livre, de diversas atividades humanas (resíduos sólidos: agrícolas, industriais, domésticos ou urbanos em geral etc). RESILIÊNCIA Refere-se à elasticidade. É a velocidade com que uma comunidade retorna ao seu estado inicial após uma perturbação, ou seja, após sofrer um deslocamento desse estado ou condição. (Ver ESTABILIDADE) RESISTÊNCIA É a habilidade ou capacidade de uma comunidade em resistir à perturbação e portanto, de evitar modificação de seu estado inicial. Fala-se em resistência (simples ou múltipla) a antibióticos ou a pesticidas, quando um organismo apresenta mecanismos de reação aos efeitos desses biocidas. No caso particular dos pesticidas, utiliza-se o termo resistência cruzada quando uma determinada espécie (ou sua população) tende a resistir a um pesticida e aos demais a este relacionado (um inseto resistente ao paration, tolera o malation). (Ver ESTABILIDADE) RESISTÊNCIA CRUZADA (Ver RESISTÊNCIA) RESOLUÇÃO Ato administrativo normativo expedido por autoridade do executivo, procurando disciplinar matéria de sua competência específica. No caso do CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente, as resoluções referem-se às decisões normativas tomadas pelos seus membros. RESPIRAÇÃO AERÓBIA Respiração onde o oxigênio molecular (O2) funciona como aceptor de hidrogênio (oxidante). Os organismos que têm o O2 como indispensável para suas necessidades energéticas, funcionando este gás como um agente oxidante terminal, são denominados de “aeróbios obrigatórios” (os organismos superiores). 206 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Na respiração aeróbia há completa oxidação da matéria orgânica, emanando CO2, exceto em certas bactérias (do ácido acético, por exemplo) onde o substrato é oxidado parcialmente: CH3-CH2OH + O2 → CH3-COOH + H2O etanol ácido acético RESPIRAÇÃO ANAERÓBIA Respiração onde o oxigênio molecular não participa, sendo um composto inorgânico o aceptor de eletron (oxidante). Os organismos sobre os quais o O2 age como substância tóxica são denominados de “anaeróbios obrigatórios”, como por exemplo as bactérias que utilizam sulfatos e carbonatos como aceptores de eletrons. Os organismos que são capazes de crescer na presença ou ausência de O2, uns (como a bactéria do ácido lático) tendo um metabolismo energético exclusivamente fermentativo e outros (leveduras e bactérias coliformes) podendo mudar seu metabolismo energético de respiração para fermentação, são denominados de “anaeróbios facultativos”. (Ver FERMENTAÇÃO) RESPIRAÇÃO BASAL (Ver TAXA METABÓLICA) RESPIRAÇÃO DO ECOSSISTEMA (Re) A energia total utilizada durante a respiração, pelos autótrofos (Ra) e heterótrofos (Rh); dada então por: Re = Ra + Rh. RESPIRAÇÃO EDÁFICA Emanação de CO2 do solo, proveniente das atividades respiratórias dos organismos do solo e das raízes das plantas. A respiração edáfica é tomada por alguns autores como parâmetro de medição da produtividade primária bruta, uma vez que representa “queima de matéria orgânica” (carboidratos). Outros admitem que a respiração edáfica serve também como indicadora da ciclagem de nutrientes, ou seja, há uma relação linear e positiva entre o CO2 emanado do solo e a imobilização de minerais. A figura seguinte ilustra um método químico para medição do CO2, usando-se um cilindro invertido, segundo GRISI (1978): extremidade fechada do cilindro cilindro de PVC, com 22cm de diâmetro, enterrado no solo superfície do solo béquer sobre tripé e contendo solução de KOH 0,5N extremidade aberta do cilindro área, do solo, de emissão do CO2 Observar os seguintes aspectos: 1) O cilindro de PVC (extremidade aberta) é enterrado, pelo menos, uns 5 cm no solo. 2) A área do solo, isolada pelo cilindro, emite CO2 (da necromassa e das raízes) que será absorvido pela solução de KOH 0,5N; a solução é renovada a cada 12 h. 3) No laboratório é feita a dosagem do CO2 absorvido pelo KOH, usando-se solução de HCl 0,1N e indicadores colorimétricos de pH. RESPOSTA DE AGREGAÇÃO (Ver AGREGAÇÃO) RESPOSTA FUNCIONAL (Ver PREDATISMO; e RESPOSTA NUMÉRICA) RESPOSTA NUMÉRICA Refere-se, numa população de predadores, a uma mudança no número de seus componentes, se ocorrer mudança na densidade de presas. Quando ocorre uma mudança na taxa de predação (ou de 207 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS consumo) de um indivíduo predador em resposta à mudança na densidade de presas (ou o alimento do predador), dá-se o nome de resposta funcional. (Ver PREDATISMO) RESSURGÊNCIA Processo que ocorre em ecossistemas aquáticos, onde a camada mais profunda e fria de água sobe à superfície; sendo geralmente as águas de profundidade mais férteis, as populações de plâncton, NÉCTON e bentos são numerosas. Uma curiosidade a respeito da ressurgência, é o que acontece como conseqüência da rotação da Terra em que há uma deflexão das correntes oceânicas afastando-se das margens dos continentes (com a ajuda dos ventos), promovendo a ressurgência, com as correntes de superfície fluindo em direção ao equador. Esta riqueza de nutrientes das águas de profundidade, sustentam a pesca abundante na corrente de Benguela (costa oeste do sul da África) e a corrente do Peru (costa oeste da América do Sul). Esta mesma corrente do Peru, cria ambientes frescos, porém secos ao longo da costa (continental) oeste da América do Sul, ajudada pela sombra de chuva andina, resultando nos desertos mais secos do nosso planeta, no Chile e Peru. (Ver HUMBOLDT, CORRENTE DE (ou CORRENTE DO PERU)) RESTAURAÇÃO Corresponde ao termo “restoration”, em inglês, introduzido por A.D.Bradshaw, significando a restauração de um ambiente natural, por comunidade semelhante à que existia anteriormente nesse local. (Ver RECOMPOSIÇÃO; e RESTAURAÇÃO) RESTINGA A restinga, é um ecossistema da costa brasileira, constituída por vegetação diversificada, sobre solo arenoso. As comunidades vegetais vão de campos ralos de gramíneas à mata fechada de até 15 m de altura. Plantas típicas: muricí, Byrsonima sericea; espécies dos gêneros Eugenia, Myrcia e Clusia. Esse ecossistema, juntamente com o de dunas, ocorre ao longo de 79% do litoral brasileiro (ao longo de 5.000 km). Alguns autores designam de “jundus” a um tipo de restinga formado por plantas lenhosas, com altura aproximada de 5 m, constituindo um denso emaranhado, com algumas plantas espinhosas, bromeliáceas e cactáceas. r - ESTRATEGISTA (Ver ESTRATEGISTAS K e r) RETROALIMENTAÇÃO RETROALIMENTAÇÃO = “FEEDBACK” Mecanismo de controle, em que (por exemplo) uma população de determinado nível trófico da cadeia alimentar (uma certa presa, um herbívoro) ao diminuir pela ação do predador (um carnívoro) causaria “como conseqüência”, redução na população deste último; podendo então a população de herbívoro, recuperar-se. O esquema teórico visto em PREDATISMO, seria uma representação gráfica deste controvertido tipo de controle. Alguns autores denominam este processo de retroalimentação negativa. Um outro exemplo de retroalimentação negativa (ou “negative feedback”, em inglês) seria a regulamentação da caça e pesca limitando o abate ou captura de animais silvestres; outro exemplo é o de permissão para captura e comercialização de peixes de rios, somente após estes desovarem (no rio Mogiguaçu, em Cachoeira de Emas, Pirassununga, SP, um conjunto de degraus foram construídos no rio para facilitar a migração dos peixes rio-acima; e somente após um estoque suficiente ter garantido sua migração para o ponto de desova, é que a pesca é permitida). Uma retroalimentação positiva (ou “positive feedback”) seria por exemplo, o provimento (pelo governo) de subsídios (ajuda financeira aos pescadores) para evitar que as populações declinem mais ainda. Em geral, entende-se que um ecossistema será sustentável quando o efeito ou resultado líquido da retroalimentação negativa exceder os efeitos da retroalimentação positiva. REVEGETAÇÃO (Ver RECOMPOSIÇÃO) RIBEIRO (Ver CÓRREGO) RICHTER (Ver ESCALA DE RICHTER) RIOS MEÂNDRICOS (Ver MEANDROS) RIPARIANO (Ver ZONA RIPARIANA) RIPÍCOLA (Ver ZONA RIPARIANA) 208 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS RIQUEZA DE ESPÉCIES (Ver BIODIVERSIDADE) RISCO Probabilidade de que algo indesejável possa acontecer, expondo-se deliberada ou acidentalmente a um mal (ou dano). Fala-se portanto, em risco de extinção e nos estudos de impacto ambiental fala-se em risco de que algo (degradação, acidente, catástrofe, efeito bumerangue etc) possa acontecer no ambiente. RISCO DE EXTINÇÃO (Ver ESPÉCIE EM VIA DE EXTINÇÃO) RITMO CIRCADIANO (Ver RELÓGIO BIOLÓGICO) RITUAL DE CORTEJO Padrão de comportamento (uma característica geneticamente determinada) envolvendo a produção e recepção de uma seqüência complexa visual, auditiva e de estímulos químicos, pelo macho e pela fêmea, precedendo o coito ou acasalamento. RIZOMA Caule subterrâneo, muitos deles ricos em reservas, possuindo em geral escamas e gemas que geram ramos folíferos, floríferos e raízes. Uma planta muito comum em nossas praias, o pinheirinho-domar (Remirea maritima) possui rizoma, propiciando sua fácil expansão pela areia das pequenas dunas. RIZOPLANO (Ver RIZOSFERA) RIZOSFERA Literalmente é a “esfera que circunda a raiz”. Alguns autores distinguem a endorrizosfera, indo da epiderme até o cilindro central, onde alguns microrganismos vivem em simbiose com a raiz e a ectorrizosfera, parte mais externa da raiz, incluindo a área do solo imediatamente adjacente às raízes das plantas, onde, além das propriedades inerentes ao solo, existem microrganismos (simbiontes e às vezes patógenos e alguns de vida livre no solo), exudato da própria raiz etc. Esse ponto da raiz onde ocorrem as associações com microrganismos (simbiontes e patógenos) e onde se forma a rizosfera, alguns autores denominam de rizoplano (denominação proveniente do inglês “rhizoplane”). Alguns autores aplicam o termo rizosfera quando desejam se referir ao conjunto das raízes. Ver na figura a seguir, a distribuição espacial da rizosfera e da filosfera num ecossistema tropical e num de região temperada , segundo LONGMAN & JENÍK (1987): Floresta pluvial tropical Floresta de faia Rizosfera Filosfera Observações: 1) No ecossistema da floresta pluvial tropical a distinção, no nível do solo, entre rizosfera e filosfera é mais difícil de ser feita do que no ecossistema de região temperada. 2) No ecossistema tropical o estrato superior propicia condições para o aparecimento de microhabitats, permeando o desenvolvimento de epífitas. As trepadeiras lenhosas (ou lianas) são freqüentes. 209 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 3) Os dois ecossistemas distinguem-se entre si, facilmente, porque o de região tropical apresentase mais denso, com uma certa aparência “caótica”. ROBUSTA, DINAMICAMENTE (Ver ESTABILIDADE) ROBUSTECIMENTO (Ver ADAPTAÇÃO) ROCHA MATRIZ (ou ROCHA-MÃE) Rocha inalterada, não-decomposta, constituindo o horizonte mais profundo do solo (horizonte C) e que, por eventual intemperismo, dará origem ao solo. ROCHAS As rochas são resultado da consolidação natural de minerais. Entre estes, há os minerais essenciais, que estão sempre presentes nas rochas e lhes determinam o nome, e há os minerais acessórios, podem ou não estar presentes, sem no entanto modificar o nome dado à rocha. As rochas estão classificadas em três grupos: (i) ígneas ou magmáticas (resultante do resfriamento do magma; sendo ígnea intrusiva, quando o resfriamento ocorre no interior do globo terrestre e ígnea extrusiva, ou vulcânica, quando o resfriamento ocorre na superfície da Terra; o granito é a rocha ígnea intrusiva mais abundante no nosso planeta); (ii) sedimentares (formadas a partir da cimentação de fragmentos produzidos pela ação dos agentes de intemperismo e pedogênese; o material fragmentado é carregado pela chuva, vento ou gelo, depositando-se sobre rocha preexistente, que pode ser ígnea, metamórfica ou outra rocha sedimentar; as rochas sedimentares são facilmente reconhecidas pelas suas camadas de deposição); e (iii) metamórficas (resultam da transformação de uma rocha preexistente no estado sólido, por aumento de pressão e/ou temperatura; o metamorfismo regional, em extensas áreas, provavelmente ocorreu como conseqüência de eventos geológicos em grande escala, como a edificação de cadeias de montanhas; a estrutura de foliação, por vezes com camadas dobradas, caracterizam esse metamorfismo). Rs (Ver POLÍTICA DOS TRÊS Rs) ROTAÇÃO DE CULTURAS (Ver CULTIVO ROTACIONAL) ROTA DE MIGRAÇÃO (DE PÁSSAROS) Em inglês é “flyway”, que quer dizer “rota de vôo”. É a rota de migração de pássaros. RUDERAL (Ver PLANTA RUDERAL) RUÍDO Pode ser definido como sendo um som que, em termos “médicos” e mesmo “sociais”, é tido como indesejável ou causador de distúrbio e aborrecimento. Em nível elevado pode causar dano ao aparelho auditivo e problemas neurológicos. (Ver “BACKGROUND”; e DECIBEL) RUÍDO AMBIENTAL (Ver “BACKGROUND”) RUMINANTES Animais (ovinos, bovinos, caprinos e também veados, antílopes, ou seja, a maioria dos ungulados artiodáctilos, de dedos pares) cujo estômago está subdividido em câmaras, sendo a primeira câmara, a maior delas, o rúmen (ou rume), onde o alimento é reduzido a pequenas partículas, alcançando então a outra câmara, o retículo (ou barrete), depois o omaso (ou folhoso) e finalmente o abomaso (ou coagulador). Grandes populações de bactérias (superior a 1010/ml e de protozoários (superior a 105/ml), presentes no rúmen, juntamente com o controle de pH pela secreção salivar de bicarbonato de sódio, realizado pelo animal, garantem a degradação da celulose e outras fibras, uma vez que o ruminante carece de enzimas que as decomponham. Em termos gerais o alimento de um carneiro, por exemplo 960 g de alfafa, produz 57 g de ácidos graxos voláteis, 128 g de células microbianas, 43 g de sais minerais, 343 g de matéria seca e quantidade variável (menor) de CH4 e CO2; a matéria residual final (fezes) alcança os 369 g. Um carneiro com um volume de rúmen de 4,7 litros tem 20% deste espaço ocupado por microrganismos. É uma rica comunidade microbiana que o rúmen ostenta. O animal ruminante exerce papel importante na Natureza, pela sua posição no início da cadeia alimentar (herbívoro) e reciclando a matéria. “RUNOFF” É a água de escorrimento (ou escoamento) sobre a superfície do solo (água de precipitação pluvial), que não se infiltra no solo e se escoa, podendo carregar nutrientes, às vezes levando-os para os cursos d’água. (Ver BIOLIXIVIAÇÃO; EROSÃO; ESCOAMENTO; LIXIVIAÇÃO; e RAVINA) 210 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS RUPESTRE Organismo que vive sobre paredes ou rochas. 211 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 212 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS S SAHEL Região subsaariana (ou região saheliana, ao sul do deserto do Saara, no norte da África) é a região que cruza a África, onde se encontram os seguintes países de oeste para leste: Senegal, Mauritânia, Mali, Burkina, Níger, Nigéria, Chade, Sudão, Eritréia e Etiópia (inclui-se na costa oeste também Cabo Verde, ex-colônia portuguêsa). Esta região tem se caracterizado por períodos de seca extrema, como a de 1983-85 (que também atingiu o nordeste brasileiro) levando à fome cerca de 1 milhão de pessoas. Estudos recentes realizados por Leon Rotstyn (do CSIRO, Instituição da Austrália) e por Ulrike Lohmann (da Universidade de Dalhousie, Canadá) mostraram que as interações entre dióxido de enxofre e formação de nuvens (poluentes emitidos nos E.U.A. e Canadá) provocavam condensação e precipitação de chuvas na América do Norte, que assim deixavam de se deslocarem para o norte da África. O sofrimento nessa região tende a se agravar porque o solo desnudo (pelas secas contínuas) reflete mais radiação solar enquanto os aerossóis de poeira refletem os raios de volta, mantendo assim a atmosfera sempre quente; e sem vegetação a erosão eólica se acentua, reduzindo assim as propriedades produtivas do solo. SAIBRO Material mineral que resulta da desagregação de granito ou de gnaisse e que sendo grosso, não sofre muito desgaste de transporte pela água da chuva de escorrimento na superfície do solo. SALINIDADE É, literalmente, o teor em sais da água. A salinidade da água do mar é, em média, 35 partes por mil (35 °/°° ou 3,5 %). A água do mar contém principalmente cloreto de sódio (cerca de 27 %) e o restante é constituído por sais de Mg, Ca e K. Explica-se porque a água do mar é salgada pelo seguinte mecanismo: as águas dos rios (que correm para o mar) são geralmente ricas em feldspato potássico (KAlSi3O8), anortita (CaAl2Si2O8) e feldspato sódico (NaAlSi3O8). Estes cristais de rocha em solução, quando na água do mar, perdem potássio para o sedimento e o cálcio precipita-se nas rochas carbonatadas, combinando-se então o restante com o cloro (Cl), dando origem portanto à “água salgada”. Os principais componentes da água do mar e respectivas quantidades (ajustadas para uma salinidade de 35 ppt de NaCl), estão representados no quadro seguinte (COLINVAUX, 1986): ELEMENTO ELEMENTO μg / LITRO μg / LITRO Oxigênio como componente da água 8,83 X 108 Hidrogênio 1,10 X 108 Cloro 1,94 X 107 Sódio 1,08 X 107 6 Magnésio 1,29 X 10 Enxofre 9,04 X 105 5 Cálcio 4,11 X 10 Potássio 3,92 X 105 4 Bromo 6,73 X 10 Carbono inorgânico 28.000 Nitrogênio (N2 dissolvido) 15.500 Estrôncio 8.100 Oxigênio dissolvido 6.000 Boro 4.450 Silício 2.900 Fluor 1.300 Nitrogênio nas formas de NO3,NO2 e 670 Carbono orgânico 500 NH4 dissolvido Argônio 450 Rubídio 120 SALINIZAÇÃO Processo de acumulação de sais de várias naturezas (cloreto de sódio, sulfato de sódio, carbonato de cálcio, sulfato de cálcio e cloreto de cálcio) em alguns tipos de solo, cujos percentuais e condutividade elétrica, fazem-nos reunir em três categorias: solos salinos (< 15% de Na e condutividade de mmhos > 4), solos alcalinos (> 15% de Na e condutividade < 4) e solos salino-alcalinos (> 15% e condutividade >4). 213 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Presença de minerais silicatados ou de origem marinha e má drenagem são fatores causadores de salinização. Cuidados muito especiais são necessários para cultivos irrigados nesses tipos de solo. Solos salinos são encontrados na região nordeste brasileira,como por exemplo no carirí e sertão da Paraíba. SAMBAQUIS Termo, de origem indígena (“tambá” = concha e “ki” = depósito), designando as “pequenas elevações constituídas sobretudo de restos animais (carapaças de moluscos, pinças de crustáceos e fragmentos ósseos de peixes, mamíferos, aves e répteis), esqueletos humanos, artefatos (de pedra, osso, concha e cerâmica), vestígios de fogueiras e outras evidências da atividade humana”. Têm formas e dimensões variáveis (cerca de 400 m de extensão e excepcionalmente, 30 m de altura), podendo ocorrer próximos a margens de rios ou de lagoas, mas geralmente no litoral, sendo comum encontrá-los em restingas. “SANGUE FRIO” (Ver ECTOTERMIA) “SANGUE QUENTE” (Ver ENDOTERMIA) SAPOPEMA (Ver RAIZ TABULAR) “sapro-” Prefixo de origem grega significando “podre; em decomposição”. Seguem-se alguns termos com este prefixo. SAPRÓBIO (Ver DECOMPOSITOR) SAPROBIONTE (Ver DECOMPOSITOR) SAPRÓFAGO (Ver DECOMPOSITOR) SAPRÓFILO / SAPRÓFITO(A) (ou SAPROFÍTICO(A)) (Ver DECOMPOSITOR) SAPROPEL SAPROPEL = “GYTTJA”) Sedimento orgânico, de origem autóctone, característico de lagos eutróficos temperados. Este sedimento rico em matéria orgânica forma-se sob condições redutoras (ausência de oxigênio dissolvido na coluna de água) num sistema aquático estagnado. Este termo tem sido usado para caracterizar um sedimento com espessura de > 1cm, contendo > 2% em peso, de carbono orgânico. “Gyttja” é termo de origem sueca. SAPRÓTROFO (Ver DECOMPOSITOR) SAPROXENO (Ver DECOMPOSITOR) SAPROXILÓBIO Saproxilóbio é o organismo vivendo em ou sobre madeira em apodrecimento. “sarco-” Prefixo de origem grega significando “carne; carnoso”. Alguns usos em: sarcófago (que se alimenta de carne); sarcócoro ou sarcocore (geralmente propágulo carnoso de planta, que sendo ingerido por animais dissemina-se através destes). SATURAÇÃO DE BASES Utiliza-se a estimativa de “porcentagem de saturação de bases” de um solo estimando-se as bases trocáveis como porcentagem da CTC (capacidade de troca catiônica), ou seja: Porcentagem de saturação de bases = (cmol de bases trocáveis/CTC) (100). Assim sendo, se um solo tem uma CTC de 16 cmol/kg e se 4,2 cmol destes cátions forem Al e H, as bases trocáveis serão 16 4,2 = 11,8 cmol/kg. A porcentagem de saturação de bases será: (11,8/16) (100) = 73,7 %. (Ver CTC) SATURNISMO Intoxicação causada por ingestão de chumbo. Pode ocorrer a partir de recipientes utilizados para conter alimento ou bebida, ou a partir da inspiração de partículas de chumbo (no caso, por exemplo, da sua manipulação). SAVANA Designação generalizada para os ecossistemas com predominância de vegetação herbácea e arbustos ou árvores muito esparsas. O cerrado e a caatinga seriam tipos diferentes de savana. (Ver CAMPOS; e CERRADO) 214 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS SAVANA ESTÉPICA (Ver ESTEPE) SAZONAL (Ver ESTACIONAL) SDT (Ver SÓLIDOS DISSOLVIDOS TOTAIS) SECA (Ver PERÍODO DE SECA) SECA FISIOLÓGICA Condição de seca numa planta, causada por fatores que afetam a absorção de água pela planta, sem que o problema seja falta de água no solo. SECCHI, DISCO DE Método em que se utilizando um disco (de Secchi), geralmente pintado com a cor branca, é mergulhado na água para se estimar a profundidade de visibilidade, que dependerá da luz e turbidez da água. SEDIMENTAÇÃO Processo de formação de sedimento, ou seja, deposição de matéria particulada transportada pela água, vento ou gelo. A matéria particulada na água, pode se precipitar formando o sedimento. Alguns autores usam o termo aterramento de sedimento (do inglês “sediment burial”) que é definido como uma sedimentação em excesso a taxas de ≥ 0,5 mm ano-1. Estando tal aterramento ou acréscimo de sedimento, relacionado a distúrbios. SEDIMENTARES, ROCHAS (Ver ROCHAS) SEDIMENTO (Ver SEDIMENTAÇÃO) SEIXO Fragmento de rocha, de arestas arredondadas, podendo ter a forma de esfera ou elipse (seixos fluviais) ou achatada, como os seixos marinhos, devido ao movimento de vai-e-vem das ondas. Na caatinga são comuns encontrar-se os seixos rolados, de origem as mais diversas (rochas como o granito ou basalto etc). SELEÇÃO DIRECIONAL (ou DIRECIONADA) Seleção de um fenótipo ótimo num organismo, resultando numa mudança na freqüência dos genes desse fenótipo, proporcionando uma adaptação evolutiva num ambiente em transformação progressiva. SELEÇÃO K Refere-se a um processo de seleção natural que ocorre num ambiente, de acordo com sua capacidade de suporte (limite em que o habitat é capaz de manter populações em nível de equilíbrio). De maneira bastante simplificada, na seleção K os recursos naturais estão direcionados mais para a manutenção em si das diversas populações de um determinado ecossistema (ou habitat) do que para o “esforço reprodutivo”. No caso dos estrategistas “r” e “K” é a competição entre as espécies (“oportunistas e fugitivas” = r ou o “equilíbrio” entre elas = K) que predomina. (Ver ESTRATEGISTAS C, K e r; e EQUAÇÃO LOGÍSTICA) SELEÇÃO NATURAL Expressão introduzida a partir da publicação clássica de Charles Darwin, em 1859 (“A origem das espécies por meio da seleção natural”), em que as “forças da Natureza” determinam que alguns indivíduos, estando mais bem adaptados à sobrevivência, contribuem com maior intensidade na perpetuação da sua espécie, imprimindo assim, modificações genéticas ao longo do tempo (ou ao longo do processo evolutivo). (Ver “FITNESS”) SELEÇÃO POR GRUPO Refere-se à força de um grupo em deixar descendentes, como sendo superior à deixada por indivíduos, de maneira isolada, no processo evolutivo de uma população. “SELFISH HERD” Literalmente, em inglês, significa “egoísmo dentro da manada”. (Ver AGREGAÇÃO) “SELF-THINNING” Refere-se ao declínio progressivo na densidade populacional. (Ver LEI DA POTÊNCIA DOS TRÊS MEIOS (-3/2)) 215 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS SEMA (Ver IBAMA) SEMELPARIÇÃO (ou SEMELPARIDADE) SEMELPARIÇÃO = MONOPROCRIAÇÃO O prefixo grego “semel” quer dizer “geração, descendência”. Este termo refere-se à oportunidade única de uma espécie reproduzir-se ao longo de sua vida. Período reprodutivo muito curto. (Ver ITEROPARIDADE) SEMENTE TERMINAL Denominação das sementes obtidas na engenharia genética (obtida através da “terminator technology”, em inglês), em que as sementes de cultivos são geneticamente modificadas para não germinarem (para o plantio subseqüente) e assim os agricultores são forçados a adquirir continuamente novas sementes para novos plantios. SEMI-ÁRIDO (REGIÃO ou CLIMA) (Ver DESERTO) SEMICADUCIFÓLIA (Ver CADUCIFOLIA) SEMIDECÍDUA (Ver CADUCIFOLIA) SEMIOQUÍMICOS O prefixo grego “semio” significa sinal. Portanto, semioquímicos são produtos químicos que atuam como “sinalizadores”, viabilizando uma mudança no comportamento de organismos. Embora sejam produtos naturais, alguns já têm sido sintetizados. São mencionadas duas classes de semioquímicos: feromônios e aleloquímicos. Muitos desses compostos, assim como os reguladores de crescimento de insetos, são chamados de “inseticidas de terceira geração” (ver PESTICIDA). (Ver ALELOPATIA; e FEROMÔNIOS) SERE Designação coletiva de todas as comunidades temporárias que constituem as várias etapas (ou estádios) de desenvolvimento de uma vegetação no processo de sucessão ecológica em certo local. (Ver ESTÁDIOS SERAIS) SÉRIE BARREIRAS (Ver BARREIRAS, SÉRIE ou FORMAÇÃO) SERRAPILHEIRA (ou SERAPILHEIRA) (Ver NECROMASSA) SÉSTON Total da matéria particulada em suspensão na água, compreendendo o biosséston (plâncton, nécton e matéria particulada derivada de organismos vivos) e o abiosséston (matéria particulada nãoviva). SEVERIDADE DE SECA (Ver ÍNDICE DE PALMER DE SEVERIDADE DE SECA) SHANNON, ÍNDICE DE (Ver ÍNDICE DE DIVERSIDADE) SHELFORD (Ver LEI DA TOLERÂNCIA) “SHIFTING CULTIVATION” (Ver AGRICULTURA ITINERANTE) SIALITIZAÇÃO (Ver SILICATOS) SI, UNIDADES Refere-se ao “Système International d’Unités”, que é o sistema métrico internacional, composto das sete seguintes unidades básicas: metro (m), quilograma (kg), segundo (s), ampere (A), kelvin (K), candela (cd) e mol. As outras unidades são derivadas ou suplementares. (Ver APÊNDICE II − SI – SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES) SIDERÓFORO Refere-se a um produto metabólico (principalmente catecolato e hidroxamato) de alguns microrganismos, formando ligações estáveis com íons de ferro, sendo portanto, de certa maneira, responsáveis pela mobilização deste metal no solo. Aplica-se a denominação “microrganismos sideróforos” àqueles de importância agroecológica que, aprisionando o Fe, privam os nematódeos fitopatogênicos deste elemento, que é essencial ao seu desenvolvimento. 216 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS SIG − SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA ou SGI – SISTEMAS GEOGRÁFICOS DE INFORMAÇÃO Também chamados de Sistemas Geoinformativos (SGI), objetivam a estruturação de sistemas informativos, garantindo informações necessárias sobre o meio ambiente, para sua proteção e conservação, para os planejamentos urbanos e regionais; enfim cadastrando uma base de dados e de conhecimentos que forem necessários à compreensão sobre as interações Natureza-sociedade. Uma das exigências mais importantes dos SIGs é a unificação dos dados e informações sob o enfoque sistêmico. Consta em geral, dos componentes estruturais (i) banco de dados, (ii) modelos (conceituais e matemáticos) e (iii) imagens. SILICATOS Compostos salinos, abundantes na Natureza, formando feldspatos, micas, piroxênios, anfibólios e outros. Quando em contato com água, sofrem hidrólise, podendo ser total ou parcial (ver ACIDÓLISE). No caso de hidrólise total, além do alumínio, o ferro também pode permanecer no perfil do solo (estes elementos têm comportamento geoquímico semelhantes). Ao processo de eliminação total da sílica e formação de oxi-hidróxidos de alumínio e de ferro dão-se os nomes: alitização (referente ao alumínio) e ferralitização (referente ao ferro). No caso de hidrólise parcial, havendo formação de silicatos de alumínio, o processo é denominado sialitização; aqui aplicam-se os termos monossialitização (quando se formam argilominerais (= aluminossilicatos hidratados) do tipo da caulinita, com relação Si:Al de 1:1) e bissialitização (quando se formam argilominerais do tipo esmectita, com relação Si:Al de 2:1). (Ver LATOLIZAÇÃO) SILICOSE Afecção pulmonar causada pela inalação de partículas muito diminutas de sílica ou silicatos, principalmente. Partículas de areia, granito ou quartzo também estão enquadradas nesta conceituação. (Ver ASBESTO) SILTE (Ver TEXTURA DO SOLO) SILVICULTURA SILVICULTURA = ENGENHARIA FLORESTAL Estudo de florestas e exploração de recursos florestais. SIMBIONTE Organismo participante do processo de simbiose ou mutualismo. Portanto, o adjetivo simbiôntico qualifica o simbionte. (Ver MUTUALISMO) SIMBIOSE (Ver INTERAÇÃO ECOLÓGICA; e MUTUALISMO) SIMILARIDADE (Ver ÍNDICE DE SIMILARIDADE; e LIMITE DE SIMILARIDADE) SIMILARIDADE DE DEMANDAS E TOLERÂNCIAS (DE INDIVÍDUOS) (Ver SUPERORGANISMO) SIMILARIDADE PERCENTUAL (Ver PERCENTUAL DE SIMILARIDADE) SIMPATRIA Caso em que duas espécies, intimamente relacionadas, descendentes de um ancestral comum (portanto, do mesmo gênero), embora vivendo numa mesma área (mas não necessariamente com o mesmo nicho ecológico) apresentam divergência de caractéres, isto é, têm características (morfológicas, fisiológicas ou de comportamento) dissimilares. O isolamento ecológico ou genético numa mesma área, pode resultar numa especiação simpátrica. Ao fator determinante genético que impede o intercruzamento entre indivíduos de espécies simpátricas, dá-se o nome de mecanismo de isolamento intrínseco. Se houver um impedimento do tipo “barreira ambiental”, usa-se a denominação mecanismo de isolamento extrínseco. (Ver ALOPATRIA) SIMPSON, ÍNDICE DE (Ver ÍNDICE DE DIVERSIDADE) SINECOLOGIA Uma das subdivisões da ecologia que estuda grupos de organismos, que estejam associados, como uma unidade e a relação que os mesmos mantêm entre si. (Ver AUTOECOLOGIA) SINERGISMO Fenômeno em que duas populações, geralmente em protocooperação, são capazes de sintetizar determinado produto, formar uma estrutura distinta ou induzir uma resposta patológica etc. 217 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Sinergismo significa também a ação de dois elementos, que individualmente não são poluentes, mas que juntos tornam-se poluentes; ex.: o mercúrio metálico nos sistemas aquáticos é pouco tóxico, mas quando no interior de organismos (como nas guelras dos peixes) transforma-se no metilmercúrio, altamente tóxico. (Ver METILMERCÚRIO; MINAMATA; e POLUENTE SECUNDÁRIO) SINTROFISMO Fenômeno que ocorre entre duas ou mais populações auxotróficas em que, geralmente em circunstâncias de deficiência nutricional, elas são capazes de proliferar graças à troca de fatores de crescimento. Na ausência do sintrofismo, ou seja, sem esta protocooperação, uma dessas populações seria incapaz de sobreviver ou seria muito pobre. SINÚSIA SINÚSIA = ESTRATO VEGETATIVO Refere-se à determinada parte de uma vegetação, de acordo com a altura das plantas. Fala-se assim de sinúsias, arbórea, arbustiva e herbácea (com as respectivas subdivisões, subarbórea, subarbustiva e subherbácea). Alguns autores utilizam o termo sinúsia quando se referem a agrupamentos de plantas, considerando não só a altura como o modo de vida da planta e a sua morfologia. Assim, referem-se à sinúsia arbórea, de epífitas ou de lianas, embora todas estejam à mesma altura. (Ver FITOCENOSE) SISNAMA – SISTEMA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (Ver CONAMA) SISTEMA ABERTO Sistema ecológico que permuta matéria e energia com as partes que lhe circundam. (Ver SISTEMA FECHADO) SISTEMA ECOLÓGICO Ambiente natural (ecossistema) ou introduzido pelo homem (agrossistema), constituído por componentes bióticos e abióticos). (Ver AGROSSISTEMA; e ECOSSISTEMA) SISTEMA ESTABILIZADO Sistema ecológico em que, por exemplo, baseando-se no seu metabolismo, a razão da fotossíntese e respiração é igual à unidade, ou seja P : R = 1 (onde: P = fotossíntese e R = respiração). SISTEMA FECHADO Sistema ecológico que não permuta matéria com as partes circunvizinhas, embora possa permutar energia. (Ver SISTEMA ABERTO) SISTEMA TAMPÃO (Ver TAMPONAMENTO) SÍTIOS (ou MANCHAS) (Ver REFÚGIOS) “SLASH-AND-BURN” (Ver AGRICULTURA ITINERANTE) “SMOG” Palavra da língua inglesa cunhada a partir de “smoke” (fumaça) + “fog” (nevoeiro, cerração) para designar a poluição atmosférica, originalmente atribuída à que ocorre em Los Angeles (California, E.U.A.). No “fog”, em temperatura baixa, formam-se gotículas de água com diâmetro de 2 a 20 μm, que dificultam a visibilidade. (Ver PARTÍCULAS EM SUSPENSÃO NO AR) “SMOG” FOTOQUÍMICO Mistura complexa de poluentes atmosféricos produzidos na camada atmosférica inferior pela reação de compostos de hidrocarbonetos e de óxidos de nitrogênio sob a influência (ou ação) da luz solar. Entre os diversos de seus componentes danosos destacam-se: ozônio, peroxiacetilnitratos (PANs) e vários aldeídos. (Ver “SMOG” INDUSTRIAL) “SMOG” INDUSTRIAL Tipo de poluição atmosférica consistindo em sua maioria de uma mistura de dióxido de enxofre (SO2), gotículas de ácido sulfúrico (H2SO4) em suspensão, algumas delas formadas a partir do SO2, e de uma variedade de partículas sólidas em suspensão. (Ver “SMOG” FOTOQUÍMICO) 218 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS SNUC − SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Lei Federal no 9.985, aprovada em 18/07/2000, visando disciplinar a conservação e o uso das áreas protegidas. Novas categorias de áreas protegidas foram criadas e reunidas nos grupos I − Unidades de Proteção Integral e II − Unidades de Uso Sustentável. No Grupo I estão: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio da Vida Silvestre. No Grupo II estão: Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio Natural. (Ver UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) SOCIABILIDADE (ou SOCIALIDADE) (Ver EUSSOCIABILIDADE) SOCIOLOGIA DE PLANTA (ou VEGETAL) (Ver FITOSSOCIOLOGIA) SÓLIDOS DISSOLVIDOS TOTAIS Resíduos sólidos obtidos por evaporação de uma amostra de água ou efluente, expressos em mg/L. Alguns identificam-nos pela abreviação SDT. SOLO Toda a matéria mineral não consolidada da superfície da Terra, sujeita às influências ambientais (da rocha matriz, do clima, topografia e da biota, macro e microbiota), durante um período de tempo e que por isso difere (morfológica, física, química e biologicamente) do material que lhe deu origem. É essa parte não consolidada da Terra que serve de meio natural para o crescimento das plantas. (Ver PERFIL DO SOLO; e SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) SOLO FÉRTIL SOLO FÉRTIL = SOLO RICO Solo contendo os nutrientes que as plantas necessitam. (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE; SOLO PRODUTIVO; e PERFIL DO SOLO) SOLO PRODUTIVO Solo que, além dos nutrientes necessários às plantas, dispõe de outros fatores imprescindíveis a uma boa produtividade vegetal (rico em humus e biomassa microbiana ativa; porosidade, umidade e densidade adequadas; pH e potencial redox compatíveis com tal produtividade). (Ver SOLO FÉRTIL) SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE A EMBRAPA publicou em 1999 um “Novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos” (EMBRAPA, 1999). Resumidamente, as principais classes de solo (e equivalências com algumas mais antigas) são: Alissolos: constituídos por material mineral com argila de atividade ≥20 cmolc/kg de argila, textura de média a argilosa no horizonte A e de média a muito argilosa no horizonte subsuperficial, com saturação por alumínio ≥50%, baixa saturação por bases; comuns na região subtropical (PR, SC, RS) ocorrendo também na equatorial (AC) ou tropical (PE, AL, BA) (alguns eram conhecidos como: Rubrozem, Podzólico Bruno-Acinzentado, Podzólico Vermelho-Amarelo Distrófico ou Álico ...). Argissolos: material mineral com argila de atividade baixa, textura de arenosa a argilosa no horizonte A com aumento de argila no horizonte subjacente, de forte a moderadamente ácidos, com saturação por bases alta (alguns destes solos eram classificados como Podzólico Vermelho-Amarelo, pequena parte de Terra Roxa Estruturada e de Terra Bruna Estruturada). Cambissolos: devido à heterogeneidade do material de origem, das formas de relevo e das condições climáticas, estes solos variam muito de um local para outro; caracteriza-se por horizonte B incipiente com textura franco-arenosa ou mais argilosa; alguns deles assemelham-se a latossolos (esta denominação pre-existia a esta presente classificação). Chernossolos: constituídos por material mineral que tem como característica de destaque a alta saturação por bases e argila de atividade alta; solos moderadamente ácidos a fortemente alcalinos (correspondem aos Brunizens e Rendzinas de classificações anteriores). Espodossolos: solos mineralogicamente pobres, desenvolvidos de materiais arenoquartzosos sob condições de umidade elevada, com textura predominante arenosa, moderada a fortemente ácidos, com saturação por bases baixa, podendo ocorrer altos teores de alumínio; comuns em boa parte da amazônia e em muitas partes do litoral brasileiro (inclui atualmente todos os solos classificados como Podzol, equivalendo aos Spodosols e Entisols do “Soil Taxonomy” americano, e Podzol hidromórfico). Gleissolos: solos hidromórficos ou saturados com água, sendo mal drenados em condições naturais, desenvolvendo-se comumente em sedimentos recentes próximos a cursos d’água (correspondem aos antigos Glei Pouco Húmico, Glei Húmico, Glei Tiomórfico e Solonchak ). Latossolos: solos em avançado estádio de intemperização, muito evoluídos, destituídos de minerais primários ou secundários menos resistentes ao intemperismo, com baixa capacidade de troca de cátions, de fortemente a bem drenados, normalmente muito profundos, fortemente ácidos, baixa saturação por bases, com ampla ocorrência nas regiões equatoriais e tropicais, sendo comuns na amazônia e na 219 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Mata Atlântica (ferralsols e oxisols são denominações mais antigas destes solos) [ver LATOSSOLOS]. Luvissolos: não-hidromórficos, de bem a imperfeitamente drenados, normalmente pouco profundos de 60 a 120 cm, de moderadamente ácidos a ligeiramente alcalinos, com teores de alumínio extraível baixos ou nulos, com argila de atividade alta e saturação por bases alta (antes classificados como Bruno Não Cálcico, Podzólico Vermelho-Amarelo Eutrófico e alguns Podzólicos). Neossolos: pouco evoluídos, não apresentando horizonte B diagnóstico, com material original resistente ao intemperismo podendo impedir ou limitar a evolução destes solos (alguns destes solos eram conhecidos como Litossolos, Solos Litólicos, Regossolos, Solos Aluviais e Areias Quartzosas: Distróficas, Marinhas e Hidromórficas). Nitossolos: bem evoluídos, com horizonte B reluzente devido à cerosidade, com argila de atividade baixa, textura argilosa ou muito argilosa, de moderadamente ácidos a ácidos, com saturação por bases baixa a alta; são considerados férteis, ocorrendo em várias partes no sudeste da Bahia e no Paraná (correspondem hoje à maioria das: Terra Roxa Estruturada, Terra Bruna Estruturada e alguns Podzólicos Vermelho-Escuros e Podzólicos Vermelho-Amarelos). Organossolos: pouco evoluídos, com grande quantidade de matéria orgânica acumulada em ambientes mal drenados ou em ambientes de umidade elevada, em geral são fortemente ácidos, com alta capacidade de troca de cátions e baixa saturação por bases; ocorrem usualmente em áreas baixas de várzeas e depressões (correspondem aos antigos Solos Orgânicos, Semiorgânicos e Tiomórficos, e parte dos Solos Litólicos Turfosos). Planossolos: solos minerais imperfeitamente ou mal drenados, com horizonte B geralmente com acentuada concentração de argila, ocorrendo preferencialmente em áreas de relevo plano ou suave ondulado (abrange os antigos Planossolos, Solonetz-Solodizado e Hidromórficos Cinzentos). Plintossolos: solos minerais formados sob condições de restrição à percolação da água, com expressiva plintização ou segregação e concentração localizada de ferro, sendo típicos de zona quente e úmida, tendo ocorrência mais ampla no Médio Amazonas, Ilha de Marajó, Amapá, Baixada Maranhense-Gurupi, Pantanal, Ilha do Bananal e em Campo Maior no Piauí (corresponde às antigas Lateritas Hidromórficas, Podzólicos plínticos e partes de solos Glei). Vertissolos: solos com pronunciadas mudanças de volume com o aumento do teor de umidade no solo, fendas profundas na época seca; são solos com alta capacidade de troca de cátions, alta saturação por bases, com teores elevados de cálcio e magnésio, e são desenvolvidos normalmente em ambientes de bacias sedimentares; ocorrem em diversos tipos de clima sendo comuns em bacias sedimentares do semiárido nordestino (conservam a denominação dos antigos Vertissolos). Em que pese a melhoria neste sistema de classificação, ainda é importante ter acesso à antiga classificação, com a equivalência das classes de solo com os sistemas FAO/UNESCO e “Soil Taxonomy” americana, uma vez que muitas publicações importantes no Brasil utilizaram tais sistemas. Pode ser consultado o trabalho de CAMARGO et al. (1987). SOMBRAS DE CHUVA Ao encontrar montanha ou montanhas, o vento é forçado a ir para o alto, resfriando-se e ocasionando precipitação pluvial na porção a barlavento; e quando o vento desce do outro lado das montanhas ele arrasta a umidade dessas áreas a sotavento e cria ambientes áridos, formando-se assim as “sombras de chuva”. O deserto de Gobi na Ásia é um exemplo. No estado da Paraíba, a serra da Borborema (nas imediações de Campina Grande) conduzem à supersaturação da massa de ar, gerando assim a chamada chuva orográfica e na microrregião do Cariri paraibano, situada a sotavento, as chuvas são raras. SOS MATA ATLÂNTICA (Ver FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA) SOTAVENTO (Ver BARLAVENTO e SOTAVENTO) sp (ESPÉCIE) Significa, abreviadamente, espécie. Utiliza-se esta abreviação após o nome genérico, quando o específico não for determinado (ou identificado). Ex.: Triatoma sp (um dos insetos, “barbeiros”, vetor da doença de Chagas); quando se deseja referir-se a mais de uma espécie deste mesmo gênero, usa-se Triatoma spp (poderiam ser T. infestans ou T. megista ou T. sordida etc.). Observe-se que ao se citar várias espécies do mesmo gênero, pode-se abreviar o nome do gênero. SPODOSOL SPODOSOL = PODZOL (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE)) “STANDING CROP” (Ver BIOMASSA) SUBCLÍMAX Penúltimo “estádio” de uma sere, que pode persistir por longo tempo mas eventualmente, será substituído pelo clímax. 220 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS É considerada uma etapa “imperfeita” da evolução, em que a vegetação mantém-se em forma indefinida devido a fatores naturais alheios ao clima (incêndios, pastejos etc). SUBCLÍMAX ANTROPOGÊNICO (Ver DISCLÍMAX) SUBLITORAL Refere-se tanto à zona marinha que se estende da margem da zona de entremarés até a margem mais externa (em relação ao continente) da plataforma continental, até uma profundidade de 200 m; como também se refere à zona mais profunda de um lago abaixo do limite da vegetação enraizada. (Ver APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) SUBORDINADO Espécime vegetal que, se removido não ocasionaria muito rearranjamento no seu ecossistema. Há o “subordinado dependente”, ou seja, o vegetal que vivendo na dependência das condições mantidas pelo dominante, se extinguiria caso o dominante fosse removido do seu ecossistema. E há o “subordinado tolerante”, que é o vegetal que tolera mas não depende ou requer condições impostas pelo dominante do seu ecossistema. SUBPOPULAÇÕES (Ver ENDOGAMIA; EXOCRUZAMENTO; e METAPOPULAÇÕES) SUBSISTÊNCIA (Ver AGRICULTURA DE SUBSISTÊNCIA) SUBSTITUIÇÃO (Ver REPOSIÇÃO) SUBSTRATO Em geral, refere-se à base sobre a qual um organismo se estabelece. Em microbiologia e ecologia microbiana, utiliza-se este termo, ou mais apropriadamente, “substrato alimentar”, para significar o alimento de que o microrganismo faz uso. SUCESSÃO ALOGÊNICA Seqüência de comunidades que ocorre quando o habitat é modificado por fatores não determinados pelas populações que vivem nesse habitat. Os fatores determinantes da modificação são de origem abiótica. (Ver SUCESSÃO AUTOGÊNICA) SUCESSÃO AUTOGÊNICA Seqüência de comunidades que ocorre quando as populações que vivem em determinado local modificam o ambiente de tal maneira que elas são substituídas por espécies melhor adaptadas ao habitat modificado. Torna-se necessário, nesta sucessão autogênica, considerar três situações ou mecanismos, de acordo com a classificação de J.H.Connell e R.O.Slatyer, que em 1977 sugeriram: 1) Sucessão por facilitação: ocorrem mudanças no meio abiótico que são “impostas” pelas espécies pioneiras e portanto, os componentes do estádio seral subseqüente terão seu estabelecimento e desenvolvimento dependentes dos seus antecessores; tal tipo de sucessão foi registrada em ambiente onde ocorreu retraimento de glaciação. 2) Sucessão por tolerância: pelo fato de que diferentes espécies têm diferentes estratégias para explorar recursos, as espécies dos estádios serais subseqüentes ao primeiro (ou primeiros), toleram níveis baixos de disponibilidade desses recursos e atingem sua maturidade na presença dos componentes remanescentes dos estádios anteriores, competindo até com eles; sucessões velhas mostram este mecanismo. 3) Sucessão por inibição: tipo em que ocorre um mecanismo de resistência à invasão por competidores; há registros de ocorrência dessa inibição em algas marinhas sobre rochas. (Ver SUCESSÃO ALOGÊNICA) SUCESSÃO AUTOTRÓFICA Diz-se da sucessão ecológica em que, nos estádios iniciais, a taxa da produção primária (ou da fotossíntese bruta, total) (P), excede a taxa de respiração da comunidade (R). (Ver RELAÇÃO P : R; e SUCESSÃO HETEROTRÓFICA) SUCESSÃO ECOLÓGICA Ou simplesmente “sucessão”, é um processo de desenvolvimento de um ecossistema em que numa mesma área ocorrem seqüências de diferentes comunidades. A sucessão é uma mudança unidirecional, no tempo, resultante de modificações físicas do ambiente causadas pela própria comunidade (em parte) e culmina com um sistema ecológico estável, conhecido como clímax. Quando a sucessão se inicia numa área não ocupada previamente por uma comunidade, ela é denominada de sucessão primária. E quando a sucessão ocorre em área previamente ocupada por uma comunidade (tais como um campo cultivado, abandonado ou uma floresta que tenha sido derrubada), ela é denominada de sucessão secundária. Ver figura que segue, ilustrando o processo de sucessão (num lago): 221 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS A B C SUCESSÃO HETEROTRÓFICA Denominação freqüentemente usada para caracterizar uma sucessão ecológica na qual, nos seus primeiros estádios, a respiração (R) é maior do que a produção (P). (Ver RAZÃO P : R; e SUCESSÃO AUTOTRÓFICA) SUCESSÃO HIDRARCA (Ver HIDROSERE) SUCESSÃO PRIMÁRIA (Ver SUCESSÃO ECOLÓGICA) SUCESSÃO SECUNDÁRIA (Ver SUCESSÃO ECOLÓGICA) SUCESSÃO XERARCA (Ver XEROSERE) SULFATO DE ALUMÍNIO (Al2(SO4)3) Composto que é adicionado no tratamento da água, para remover partículas que interferem na sua transparência. Embora panelas e outros recipientes de alumínio também sejam importantes fontes de excesso de Al para o organismo humano, o nível de sulfato de alumínio na água de beber não deve exceder os 200 μg/L. SULFONATO DE ALQUILBENZENO (Ver “ABS − ALKYLBENZENE SULPHONATE”) SUPEREXPLOTAÇÃO Exploração excessiva dos recursos naturais. (Ver DESERTIFICAÇÃO; e EXPLOTAÇÃO) SUPERITINERANTES (Ver FUNÇÕES DE INCIDÊNCIA) SUPERORGANISMO O conceito de superorganismo foi emitido inicialmente pelo ecólogo F.E.Clements (em 1916), como uma característica generalizada de uma comunidade. Este autor comparou a comunidade, contendo indivíduos e populações, a um organismo, contendo células e tecidos. A somatória do funcionamento de 222 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS cada indivíduo promoveria o bem-estar de todo o conjunto. A concepção “individualística” (ou do individualismo) de H.A.Gleason (em 1926) e defendida por diversos autores, em contraste, vê a relação de espécies coexistentes como simples resultado das similaridades das demandas e tolerâncias dos indivíduos e por isso, uma comunidade é muito menos previsível do que um “superorganismo”. (Ver PRINCÍPIO DAS PROPRIEDADES EMERGENTES) SUPERPASTEJO Pastejo excessivo, ou consumo de pastagem por animais de maneira a impedir ou dificultar a recuperação natural da comunidade pastejada (consumida), podendo causar mudanças indesejáveis na composição dessa comunidade. SUPORTE (Ver CAPACIDADE DE SUPORTE (e CAPACIDADE DE SUPORTE CULTURAL)) “supra-” Prefixo de origem grega significando “acima” (o oposto de “infra- ”). O supralitoral, da zona litorânea, é um exemplo (ver APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA), assim como o supraorganismo ou superorganismo, uma associação de organismos, ou colônia, dotada de organização social análoga às propriedades fisiológicas de um organismo simples, agindo portanto, como uma unidade funcional única. (Ver SUPERORGANISMO) SUPRALITORAL Subregião do litoral imediatamente acima do nível mais alto da água, sujeita a ser coberta pela água durante a quebra das ondas. (Ver APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) SURFACTANTE Substância tensoativa, de moléculas grandes, ligeiramente solúveis na água, causando às vezes a formação de espuma e tendendo a manter-se na interface água-ar. SUSPENSÍVORO Diz-se do organismo que se alimenta de matéria em suspensão no meio aquático (fitoplâncton e zooplâncton, principalmente diatomáceas). O tatuí ou tatuíra (Emerita brasiliensis), pequeno crustáceo que vive na zona de arrebentação do mar, é tido como espécie suspensívora. “SYNFUEL” ( e “SYNGAS”) “Synfuel” é uma palavra inglesa que surgiu da combinação: “synthesis + fuel” (= síntese + combustível). Refere-se ao processo de gaseificação do carvão mineral em que há conversão de carvão sólido em gás natural sintético (metano) e daí efetua-se a liquefação, onde se converte este minério fóssil em combustível líquido, como metanol ou gasolina sintética. Os “synfuels”, que podem ser transportados por gasodutos, geram menor poluição atmosférica do que o carvão sólido. Estudos na China (o país mais rico do mundo em carvão mineral) vêm procurando retirar enxofre (alto poluente) do carvão mineral, ao tempo em que se obtém metanol e eletricidade, além de aditivos químicos. O “syngas” (“synthesis + gas”, em inglês) é um produto obtido através do processo FisherTropsch, em que se mistura metano + vapor, obtendo-se assim o “syngas” do qual pode se obter parafinas e hidrogênio e daí ser elevado para diesel e outros combustíveis “mais limpos” do que os derivados de hidrocarbonos, como a atual gasolina que produz gases do efeito estufa. Além disso, este “syngas” seria mais facilmente transportado. 223 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 224 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS T TABELA DE FERTILIDADE (ou DE FECUNDIDADE) Tabela ou quadro em que são quantificados os padrões de nascimentos provenientes de indivíduos de diferentes idades de uma ou mais populações. Estes dados, juntamente com os da tabela de vida e a curva de sobrevivência são fundamentais em ecologia de populações, permitindo a compreensão sobre o que está acontecendo no presente e criando possibilidades de conhecer o futuro da população ou populações em questão. (Ver CURVA DE SOBREVIVÊNCIA; e TABELA DE VIDA) TABELA DE VIDA (ou TABELA VITAL) É uma representação, num quadro (ou tabela) em que se sumariza o histórico de uma coorte (ou população). Originalmente, seus introdutores (O.W.Richards e N.Waloff, em 1954) representaram a história de vida (ou história vital) do gafanhoto Chorthippus brunneus, onde figuram dados de: número de indivíduos observados em cada um dos estádios do seu desenvolvimento (ou “intervalo de idade”), proporção da população original sobrevivendo ao início de cada estádio, proporção da população original morrendo durante cada estádio, a taxa de mortalidade, além de ovos produzidos no estádio de adulto, ovos produzidos por indivíduo adulto sobrevivente (fornecendo uma idéia da fecundidade da coorte) e os produzidos originalmente por indivíduo adulto. Ao número médio de indivíduos que cada indivíduo existente numa população dá origem, em um (1) intervalo de tempo que se segue, dá-se a denominação de taxa reprodutiva líquida fundamental. Conseqüentemente, é a taxa de multiplicação relacionando o tamanho de uma população ao seu tamanho em um (1) intervalo de tempo mais cedo (anterior). A partir dos cálculos sugeridos por Richards e Waloff, obtém-se um termo que sumariza o histórico de vida da população, que é a taxa reprodutiva básica, podendo ser estimada a partir do número total de ovos fertilizados produzidos numa geração, dividido pelo número original de indivíduos. Construir uma tabela de vida de um organismo que além de modular apresenta superposição de gerações (como uma planta rizomatosa, com produção contínua de brotos vegetativos subterrâneos), é uma tarefa muito difícil de ser executada a contento. TABELA VITAL (Ver TABELA DE VIDA (ou TABELA VITAL)) TABULEIRO Designação, mais topográfica, dada a um planalto e que é também conhecida como “chapada”, com declividade muito baixa. No nordeste, principalmente na Paraíba e Pernambuco, refere-se aos “cerrados” locais. Na Bahia esta denominação é mais pedológica ou edáfica, referindo-se aos latossolos pobres, às vezes cobertos por densas e altas matas (mata atlântica). TAIGA FLORESTA DE CONÍFERAS = TAIGA = FLORESTA BOREAL Os nomes boreal (grego) e taiga (russo) significam vento norte. É uma floresta essencialmente de coníferas que se estende por grande parte da região subpolar no norte da Eurásia (principalmente Rússia, incluindo a Sibéria, e Escandinávia) e norte da América do Norte, apresentando-se como um “cinturão verde”. Limita-se ao norte pela tundra e pelas estepes ao sul. A média anual de temperatura está abaixo dos 5oC e a precipitação pluviométrica está na faixa dos 400 a 1000 mm anuais. Sendo a evaporação baixa, os solos permanecem úmidos durante a estação de crescimento das plantas, com grande acúmulo 225 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS de necromassa devido também à ausência de invertebrados detritívoros. Árvores típicas da taiga são coníferas, da família do pinheiro, como os abetos dos gêneros Picea e Abies. Animais carnívoros peludos como a zibelina (Martes zibelina) e o arminho (Mustela erminea) tipificam esse bioma. Muitos animais e plantas apresentam dormência durante o inverno (água inacessível), com metabolismo muito baixo. Estima-se que somente a taiga da Sibéria totalize 19% das áreas de floresta do mundo. A madeira da taiga tem sido intensivamente explotada. A foto ao lado mostra um trecho de floresta de Taiga, na Sibéria. (Ver ZONA(S) CLIMÁTICA(S) (de WALTER, HEINRICH)) TAL – TAXA DE ASSIMILAÇÃO LÍQUIDA (Ver TAXA DE ASSIMILAÇÃO LÍQUIDA – TAL) TALASSOCICLO (Ver BIOSFERA) TALUDE (e TALUDE CONTINENTAL) Superfície inclinada de um solo, na base de um morro ou encosta, estando por vezes coberto por detritos. O talude continental refere-se à parte do oceano que segue à plataforma continental, situada entre 200 e 1.200 m de profundidade. Considera-se que o talude continental tenha um ângulo médio de inclinação de 4o e um máximo de 20o próximo à sua margem superior em contato com a plataforma continental; junção esta denominada de aresta continental. A esta inclinação alguns autores dão o nome de aclive continental. TAMANHO Esta é uma característica, talvez a mais “marcante” (conspícua) dos seres vivos. Seu incremento pode trazer benefícios, por certos aspectos, como por exemplo, o aumento das possibilidades do predador em capturar a presa; ou no caso da presa, a redução de sua vulnerabilidade ao predador. Em termos de adaptação às variações climáticas, o ser vivo de grande tamanho, devido a sua menor relação superfície : volume, estará mais apto a manter suas funções vitais constantes, uma vez que estará “menos exposto” a tais variações. (Ver REGRAS ECOGEOGRÁFICAS) TAMANHO DE POPULAÇÃO EFETIVA Considera-se como o tamanho de uma população “geneticamente idealizada” (Ne) para a qual a população real (N) é equivalente, em termos genéticos; Ne é usualmente menor do que N, devido a vários fatores, como razão (relação) de sexo, se não for 1 : 1, se o tamanho da população variar de geração para geração ... TAMANHO MÍNIMO VIÁVEL DE POPULAÇÃO Este conceito tem aplicação importante na conservação, seja de uma espécie ou da biodiversidade em geral. Um exemplo (de BEGON et al., 1990) mostra que o urso pardo (Ursos arctos), que tem uma probabilidade de 95% de sobreviver por 100 anos e uma população estimada de 50 a 90 animais, requer uma reserva com área de 1000 a 13.500 km2. A complexidade do problema aumenta quando a ele se adiciona a questão do tamanho mínimo crítico da população, que é necessário para evitar a endogamia ou a perda importante da diversidade genética. TAMPÃO (Ver TAMPONAMENTO) TAMPONAMENTO TAMPONAMENTO = SISTEMA TAMPÃO Propriedade inerente aos organismos que são capazes de manter estáveis, quantitativamente, suas características físico-químicas e fisiológicas, tais como temperatura, pH, pressão osmótica. Tal propriedade aplica-se tanto em relação ao ambiente interno do organismo (suas células) quanto ao ambiente externo. Penso ser este termo também apropriado a determinadas situações no ambiente, como no seguinte exemplo: a existência de um rio e de uma laguna ou lagoa em planície onde o lençol freático é 226 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS muito superficial, exerce ação de “tamponamento” ao propiciar que o excesso de água acumulada no lençol freático na época das chuvas, flua naturalmente através desses corpos d’água (ver BANHADO). Na prática refere-se a qualquer coisa que reduza o impacto. TANINOS (Ver DEFESA QUÍMICA) “taqui-” Prefixo de origem grega significando “rápido; ligeiro”. Alguns exemplos: taquigênese (com desenvolvimento ontogenético, e/ou filogenético, rápido; em alguns insetos há eliminação de estádio larvar); taquigâmico/taquigamia (uma espécie na qual o macho se afasta rapidamente após o coito, sem formar o par); taquifágico/taquifagia (que ingere alimento de maneira muito rápida). Taq POLIMERASE (Ver TERMÓFILO) TAUTOMORFISMO Termo que contém o prefixo de origem grega “tauto-” que significa “o mesmo” e que se refere à uma certa lembrança de forma pertencendo a duas ou mais diferentes espécies polimórficas. Equivale a um polimorfismo paralelo. (Ver POLIMORFISMO) TAXA DE ASSIMILAÇÃO LÍQUIDA – (“NAR − NET ASSIMILATION RATE”) Aumento em matéria seca ou peso seco (“dW = dry weight”) de uma única planta, por unidade de tempo, relacionada a uma área de assimilação (A). É também denominada de taxa de produção individual, sendo calculada por: NAR = dW / dt X 1/A TAXA DE CIRCULAÇÃO É a fração da quantidade total de uma substância em certo componente do ecossistema que é liberada (ou que entra), em determinado espaço de tempo. Ex.: se 1.000 unidades estão presentes num componente e 10 dessas unidades saem ou entram a cada hora, a taxa de circulação é 10/1.000 ou 0,01 ou 1% por hora. (Ver TEMPO DE CIRCULAÇÃO) TAXA DE CRESCIMENTO É calculada pela diferença entre as taxas de natalidade e de mortalidade de uma população. No gráfico que segue estão representados os resultados do crescimento de uma população de “besouros da farinha”, em diferentes volumes de farinha (COLINVAUX, 1986). Observações: 1) A cada contagem o alimento (farinha) era renovado. 2) O crescimento da população sempre parava quando a densidade de besouros atingia 4,4 besouros/g de farinha. 4000 Total de indivíduos 128g 3000 64g 2000 1000 16g 100 50 4g 32g 8g 150 Tempo (em dias) (Ver TAXA DE NATALIDADE; e TAXA DE MORTALIDADE) TAXA DE EXTINÇÃO Número de espécies num certo habitat ou área que se tornam extintas, por unidade de tempo. (Ver LEI DA CONSTANTE DE EXTINÇÃO (ou LEI DE VAN VALEN)) TAXA DE EXTRAÇÃO DE ENERGIA (Ver TEOREMA DO VALOR MARGINAL) TAXA DE FECUNDIDADE ESPECÍFICA DA IDADE (Ver NATALIDADE ECOLÓGICA) TAXA (DE FOTOSSÍNTESE) POR UNIDADE DE FOLHA Denominada em inglês, por seus descobridores, de “ULR-unit leaf rate”, refere-se a um aumento na taxa fotossintética por unidade de área das folhas sobreviventes, numa planta onde as demais folhas foram removidas. Exemplo: numa planta (Agropyron smithii) que foi experimentalmente podada, ocorreu 227 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS um aumento de 10% na taxa de fotossíntese das folhas remanescentes durante os 10 dias subseqüentes, enquanto a planta contrôle mostrou, simultâneamente, uma redução de 10%. A herbivoria, à semelhança da poda, pode estimular o aumento desta taxa. Este aspecto reveste-se de importância ao se efetuar poda de árvores (principalmente), como por exemplo em zonas urbanas. TAXA DE MORBIDADE Número de casos de uma determinada doença em relação ao total da população; é geralmente expressa em “casos por milhão por ano”. TAXA DE MORTALIDADE É o número de mortes por número de indivíduos de uma população, ocorrido num determinado tempo (geralmente num ano, no caso de estudos demográficos). Toma-se como valor representativo da população, o número de indivíduos no ponto médio do ano considerado para cálculo da taxa. Assim, a taxa de mortalidade no ano de 1990 no Brasil, será o número de mortes ocorridas nesse ano, dividido pela população estimada no meio do ano (30 de junho de 1990). O resultado é expresso em número de mortes por 1.000 pessoas da população. Em ecologia usa-se às vezes a taxa de mortalidade específica da idade, a qual se refere a um determinado grupo ou classe de idade de uma população, calculado como o número de indivíduos que estão morrendo numa certa classe (de idade) x, dividido pelo número de indivíduos que estão atingindo esta classe. TAXA DE MUTAÇÃO Proporção com que nucleotídeos numa seqüência de DNA sofrem modificações. Embora uma taxa de mutação pareça ser baixa, da ordem de 1 em 100 milhões por geração, se multiplicada por centenas ou milhares de nucleotídeos num gene e por trilhões de nucleotídeos existentes, por exemplo, num vertebrado, é provável que uma ou mais mutações estejam sempre ocorrendo em alguma parte do genoma desse organismo. A variabilidade genética, importante no processo evolutivo, é conseqüência das mutações. TAXA DE NATALIDADE É o número de nascimentos (nascidos vivos) de indivíduos de uma população, ocorrido num determinado tempo (geralmente num ano, no caso de estudos demográficos). Toma-se como valor representativo da população, o número de indivíduos no ponto médio do ano considerado para cálculo da taxa. Assim, a taxa de natalidade no ano de 1990 no Brasil, será o número de nascimentos ocorridos nesse ano, dividido pela população estimada no meio do ano (30 de junho de 1990). O resultado é expresso em número de nascimentos por 1.000 pessoas da população. (Ver NATALIDADE ECOLÓGICA) TAXA DE PRODUÇÃO DA COMUNIDADE − TPC Em ecologia vegetal é a produção, de matéria seca, de uma comunidade de plantas, calculada da taxa de crescimento de uma planta, individualizada (que seria sua taxa de assimilação líquida ou TAL) e também considerando-se um parâmetro que reflita a densidade de vegetação dessa comunidade, como por exemplo o índice de área foliar ou IAF). Usa-se então a fórmula: TPC = TAL X IAF TAXA DE PRODUÇÃO INDIVIDUAL (Ver TAXA DE ASSIMILAÇÃO LÍQUIDA) TAXA DE REPRODUÇÃO Número de descendentes gerados por um organismo (representativo de uma população) por unidade de tempo ou por um determinado período de tempo. (Ver TAXA REPRODUTIVA DEPENDENTE DA DENSIDADE; e NATALIDADE ECOLÓGICA) TAXA DE RESPIRAÇÃO ESPECÍFICA DA BIOMASSA (Ver qCO2) TAXA INTRÍNSECA DE CRESCIMENTO ou AUMENTO (NATURAL) Taxa de aumento per capita de uma população que alcançou uma estrutura etária estável sem competição ou outro efeito restringidor. É também conhecida como parâmetro Malthusiano e é dado por: r = b − d, onde b é a taxa de nascimento instantâneo e d a equivalente de morte. (Ver TABELA DE VIDA) TAXA METABÓLICA Refere-se ao consumo energético de um organismo por unidade de peso, num determinado tempo. Em ecologia, a eficiência energética de uma população ou comunidade, pode ser avaliada a partir da sua taxa metabólica, como por exemplo em plantas, onde se estima o consumo de oxigênio relacionado à fitomassa. Em geral, quanto menor for o organismo, maior é o seu metabolismo por grama (ou caloria) de biomassa. O fitoplâncton, por exemplo, pode ter um metabolismo tão elevado quanto um volume muito maior de árvores de uma floresta. Da mesma maneira, um zooplâncton que pasteja nas algas, pode 228 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ter uma respiração total igual ao do gado que come pastagem. Um beija-flor tem elevada taxa metabólica, daí necessitando ingerir mais carboidrato (açúcar) para manter sua grande atividade. Chama-se taxa metabólica basal à energia consumida por um organismo que está em repouso, sem ter ingerido alimento e em condições “normais de temperatura”. Nos microrganismos a respiração basal é definida como a referente à respiração que ocorre sem adição de substrato (sem adição de nutrientes, principalmente carbono). (Ver qCO2) TAXA REPRODUTIVA BÁSICA (Ver TABELA DE VIDA) TAXA REPRODUTIVA DEPENDENTE DA DENSIDADE Refere-se ao número de indivíduos representativos de uma população, encontrados numa determinada área. A floresta tropical, por exemplo, caracteriza-se por ter alta biodiversidade e baixa taxa reprodutiva. TAXA REPRODUTIVA LÍQUIDA FUNDAMENTAL (Ver TABELA DE VIDA) TAXON (ou TAXION) Unidade taxonômica (ou taxionômica) dos seres vivos (plural: taxa). Nas categorias da classificação taxonômica o menor taxon é a espécie, seguindo-se o gênero, a família, a ordem, a classe, o filo, o reino e o domínio. (Ver DOMÍNIOS DOS MICRORGANISMOS) TCDD (Ver DIOXINAS) TECNOLOGIA ALTERNATIVA A tecnologia alternativa constitu-se hoje num conjunto de materiais, equipamentos, utensílios os mais diversos, além de processos e procedimentos que substituam ou complementem os tradicionais, de maneira econômica, eficiente e efetiva, na execução das mais variadas tarefas e atividades inerentes à vida humana. Alguns exemplos: o “CAT − Centre for Altgernative Technology”, sediado na Inglaterra, vem propondo, através de cursos, participação voluntária, informação, publicações e inúmeras outras atividades, o engajamento das sociedades humanas que optem por adotarem a “nova ordem mundial dos três Rs: reduzir, reutilizar, reciclar”. Seu site: http://www.cat.org.uk. No Brasil, principalmente em termos de alternativas energéticas, o IDER − Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Energias Renováveis, sediado em Fortaleza (CE), vem desempenhando papel semelhante. Seu site: http://www.ider.org.br. TECNOLOGIA LIMPA (Ver MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO) TEIA ALIMENTAR TEIA ALIMENTAR = REDE ALIMENTAR A teia ou rede alimentar, é um entrelaçamento de diversas cadeias alimentares, ou seja, as cadeias alimentares não são seqüências isoladas e por isso podem estar interconectadas através de um ou mais de seus componentes. “tele-” Prefixo de origem grega significando “além; distante”. Alguns exemplos de uso deste prefixo: telemorfose (mudança da forma que resulta de estímulo distante); telegâmico / telegamia (processo ou comportamento de atrair o macho à distância); (Ver CADEIA ALIMENTAR) 229 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS CAPIM besouro sapo aranha cobra gafanhoto decompositores “telmato-” Prefixo de origem grega significando “pântano; pantanoso; paludoso”. Alguns exemplos: telmatologia (parte da ecologia que estuda pântanos, ou “wetlands”, “marshes” ou “peatbogs”; todos termos da língua inglesa); telmatófita (planta de tais ambientes); telmícola (o organismo que vive em zonas pantanosas); telmófago (inseto que suga sangue de tecido dilacerado ou sangue empoçado em tecido ulcerado); telmatoplâncton (constituído por organismos planctônicos de zonas de pântano). TEMPO DE CIRCULAÇÃO É o recíproco da taxa de circulação, ou seja, é o tempo necessário para compensar a fração da quantidade total de uma substância num componente do ecossistema, que sai ou que entra. Ex.: se 1.000 unidades estão presentes num componente e 10 dessas unidades saem ou entram a cada hora, o tempo de circulação é 1.000/10 ou 100 horas. (Ver TAXA DE CIRCULAÇÃO) TEMPO DE GERAÇÃO DA COORTE (ou POPULAÇÃO) Tentativa de estimar-se o verdadeiro comprimento de uma geração, sem considerar-se o fato de que alguns descendentes podem eles próprios desenvolverem-se o suficiente para reproduzir-se e originar novos rebentos (descendentes), durante o tempo de geração (ou vida reprodutiva) dos seus pais. Conseqüentemente, só se considerou o tempo médio entre o nascimento de um pai e o nascimento de seus filhotes (ou rebentos). TEMPO DE MANIPULAÇÃO TEMPO DE MANIPULAÇÃO = TEMPO DE MANEJO = TEMPO DE TRATAMENTO Espaço de tempo gasto por um predador, em perseguir, dominar e consumir uma presa e preparar-se para a procura da próxima presa. TEMPO DE RESIDÊNCIA Expressão semelhante a “tempo de circulação” e que se refere ao tempo em que determinada quantidade de substância permanece num certo compartimento do ecossistema. Esta expressão tanto é usada com relação ao fluxo energético como com relação à biogeociclagem. No primeiro caso, para uma certa taxa de produção, o tempo de residência de energia e seu armazenamento na biomassa viva e na necromassa estão diretamente relacionados; e quanto mais longo for o tempo de residência, maior será o acúmulo de energia. A fórmula seguinte é sugerida (RICKLEFS, 2007) para tempo de residência num certo nível trófico, que é dado pela energia armazenada dividida pela taxa na qual a energia é convertida em biomassa (lembrar que taxa implica em tempo); logo: Tempo de residência (ano) = energia armazenada na biomassa, em kJ m-2 / produtividade líquida, em kJ m-2 ano-1. Ainda de acordo com RICKLEFS (2007) a energia acumulada na necromassa, ou seja, o tempo de residência da matéria neste compartimento do ecossistema terrestre, pode ser representado de maneira similar ao da equação da biomassa: Tempo de residência (ano) = acúmulo de necromassa, em g m-2 / taxa de queda da necromassa, em g -2 m ano-1. Segundo esse autor, os valores médios de tempo de residência da necromassa em diferentes ecossistemas são: trópicos úmidos = 3 meses; habitats tropicais montanhosos = 1–2 anos; sudeste dos E.U.A. (floresta estacional temperada) = 4–16 anos; regiões montanhosas e boreais = > 100 anos. 230 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS (Ver COMPARTIMENTO DE CICLAGEM; e COMPARTIMENTO DE RESERVA) TEMPO FISIOLÓGICO Atribui-se esta denominação a animais ectotérmicos, os quais necessitam da combinação de tempo e temperatura, para o seu desenvolvimento. No caso de desenvolvimento dos embriões, em ovos, considerando-se que o limiar térmico básico ao desenvolvimento de um embrião animal de região temperada seja 16°C, o desenvolvimento até a eclosão a 20°C levaria 17,5 dias (4°C acima do limiar); mas seria de 5 dias se a temperatura fosse 30°C (14°C acima do limiar). Em ambos os casos, o cálculo de “dias-graus” (ou dias-graus acima do limiar) seria 70 (17,5 X 4 ou 5 X 14). Esta faixa de temperatura, obviamente, não é letal para o animal em questão (como acontece com algumas espécies de gafanhoto, por exemplo). Portanto, tempo é dependente do fator temperatura nos ectotermos. TEMPO GEOLÓGICO Refere-se ao tempo ocupado pela história geológica da Terra. Estende-se ao longo de 3,9 bilhões de anos, desde a mais antiga rocha que se estima ter existido até a presente data. A escala de tempo geológico, por sua vez, constitui-se no “calendário” dos eventos que marcaram a história da Terra. A estratigrafia, que correlaciona e classifica os estratos de rocha e a paleontologia, analisando os organismos que caracterizam determinadas partes do registro geológico, são os meios principais para se conhecer a escala de tempo geológico. O tempo geológico convencionou-se ser subdividido nos seguintes segmentos (em ordem descendente): Eon, Era, Período e Época (um quadro resumido é mostrado na próxima página). O objeto principal dos estudos da escala do tempo geológico é a VIDA, cujo aparecimento e evolução podem ser resumidamente distribuídos nos períodos vistos a seguir. A vida pode ter surgido no início da era Precambriana, há 3,8 bilhões de anos, mas evidência fóssil data de cerca de 1 bilhão de anos. As primeiras criaturas surgiram no mar (entre 545 e 495 milhões de anos) no Cambriano, surgindo moluscos, equinodermos, artrópodos. No Ordoviciano, há 443 milhões de anos, a vida ainda estava confinada no mar (apareceram crustáceos e alguns peixes não-mandibulares). No Siluriano, há 417 milhões de anos, apareceram os peixes mandibulares, escorpiões gigantes, parentes das atuais aranhas e as primeiras plantas terrestres. No Devoniano, há 354 milhões de anos, foi a “idade dos peixes”, que evoluíram em muitas formas; muitos já viviam em água doce, encorajando a evolução dos pulmões; apareceram os anfíbios, os primeiros vertebrados a viverem na terra firme; os insetos se espalharam e as primeiras verdadeiras florestas apareceram; estima-se que neste período a “terceira extinção em massa” eliminou 70% das espécies de animais. No Carbonífero, ou “idade do carvão”, há 290 milhões de anos, o clima quente ajudou a formação de florestas em solos pantanosos, estimulando anfíbios e insetos, como as libélulas com até 60 cm de envergadura; assim como no mar eram muito comuns os moluscos. Foram estas florestas que geraram grandes depósitos de carvão, a característica maior deste período. No Permiano, há 248 milhões de anos, os répteis tornaram-se os animais terrestres dominantes; os continentes eram uma única massa de terra; estima-se que 75% da vida terrestre e 90% da vida marinha tenha perecido diante da extinção em massa causada por atividade vulcânica e mudança climática. No Triássico, há 206 milhões de anos, novamente os répteis dominaram a vida na terra; apareceram os pterossauros (voadores) os notossauros e ictiossauros (nadadores) e uma minoria terrestre dos primeiros mamíferos. No Jurássico, há 142 milhões de anos, na chamada “idade dos dinossauros”, estes se fortaleceram como dominantes herbívoros e carnívoros; apareceram no final deste período as plantas com flores e os insetos polinizadores. As aves evoluíram, destacando-se o Archaeopteryx, que talvez tenha aparecido há mais de 150 milhões de anos. O Cretáceo, há 65 milhões de anos, assistiu a evolução rápida das plantas com flores e dos animais que delas se alimentavam; os gigantescos dinossauros, como os herbívoros saurópodos (talvez de 90 toneladas ou Megagramas) e bípedes como os Tyrannosaurus, vieram, no final deste período a sofrer extinção em massa. No Terciário, há 1,8 milhão de anos, após desaparecimento dos dinossauros, grupos de mamíferos tiveram grande evolução isoladamente. E no período mais recente, o Quaternário, até o presente, as mudanças abruptas no clima propiciaram condições para a grande evolução dos mamíferos, com predominância do ser humano, com domínio supremo sobre as demais formas de vida. Segue-se um quadro, resumido, com os segmentos do tempo geológico e o tempo estimado (em milhões de anos − M.a.): 231 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS EON ERA PERÍODO ÉPOCA Quaternário Holoceno (ou Recente) 0,01 FANEROZÓICO Plioceno Neógeno Mioceno Terciário CENOZÓICO Pleistoceno Oligoceno Paleógeno Eoceno Paleoceno MESOZÓICO Cretáceo Jurássico Triássico Permiano PALEOZÓICO Carbonífero Devoniano Siluriano Ordoviciano 5,3 24 33 54 65 142 206 248 290 354 417 443 495 545 PROTEROZÓICO Cambriano 1,8 ARQUEANO 2.500 4.560 M.a. (Ver EXTINÇÃO EM MASSA) TEMPO LETAL (ou LT50) Tempo necessário para matar 50% dos organismos-testes numa dada concentração. TENDÊNCIA EXPONENCIAL Numa série temporal é uma tendência descrita por uma equação da forma y = ab2; aparecendo como uma linha reta quando plotada em papel de gráfico semilogaritmo. TENSÃO ECOLÓGICA (Ver ECOTONO) TEOREMA DO VALOR MARGINAL Modelos da previsão de comportamento de espécies animais forrageiras, criados simultâneamente por alguns ecólogos e denominado, em 1976 por E.L.Charnov, de “teorema do valor marginal”. Diz respeito à taxa de extração de energia de um forrageador, no momento em que ele deixa o local restrito do recurso (usualmente energia ou alimento). Parte-se da premissa de que um forrageador ótimo, maximizará a aquisição do recurso que ocorre em diversos locais (sítios ou “manchas”) no seu habitat. Ao se mover de um local para outro o forrageador não estará adquirindo energia. Quando o animal atinge o local do recurso, a taxa inicial de sua extração será elevada, decrescendo à medida que o 232 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS recurso escasseia. Obviamente essa taxa dependerá do conteúdo inicial da energia no local escolhido pelo animal e da sua eficiência em adquirí-lo. TEORIA (Ver CONJETURA, HIPÓTESE, LEI e TEORIA) TEORIA DA BIOGEOGRAFIA DE ILHAS (ou TEORIA DE MaCARTHUR E WILSON) Teoria introduzida por R.H.MacArthur e E.O.Wilson, em 1967, levantando a possibilidade de que a história e o acaso poderiam por si sós desempenhar um papel igual ou maior na estruturação das comunidades, do que as regras de assembléias fundamentadas nos nichos. O modelo proposto pelos autores pode ser sumarizado na representação que segue, explicando o equilíbrio dinâmico do número de espécies em ilhas: I E Taxa de imigração Taxa de extinção Ŝ Número de espécies na ilha Na figura estão representados: equilíbrio dinânico (Ŝ) do número de espécies em ilhas, em função da taxa de imigração de novas espécies na ilha e da taxa de extinção das espécies já residentes (I = taxa de imigração; E = taxa de extinção) (reproduzido de HUBBEL, 2001). (Ver TEORIA NEUTRA UNIFICADA) TEORIA DA CICLAGEM MINERAL DIRETA Teoria proposta por “Went,F.W. & Stark,N. 1968. Mycorrhiza. BioScience, 18: 1035-1039”, que diz: “nos ecossistemas de floresta tropical as micorrizas, extremamente abundantes na necromassa da superfície e no húmus do solo, são capazes de digerir a matéria orgânica morta e transferir os minerais e substâncias nutritivas para as células das raízes das plantas, através das hifas”. E assim, pouca será a perda de nutrientes por lixiviação. TEORIA DO EQUILÍBRIO A teoria do equilíbrio refere-se à observação de propriedades de um sistema, num ponto de equilíbrio definido, não levando em consideração portanto, o tempo e quaisquer variações que poderiam estar ocorrendo no sistema. (Ver NÍVEL DE EQUILÍBRIO; e TEORIA DO NÃO-EQUILÍBRIO) TEORIA DO JOGO (Ver “GAME THEORY”) TEORIA DO FORRAGEAMENTO (Ver FORRAGEAMENTO) TEORIA DO NÃO-EQUILÍBRIO Em oposição à teoria do equilíbrio, na teoria do não-equilíbrio, observam-se as propriedades de um sistema num ponto de transição em que tais propriedades se afastam do ponto de equilíbrio. Neste caso são focalizados o fator tempo e as variações que possam ocorrer no sistema. (Ver NÍVEL DE EQUILÍBRIO; e TEORIA DO EQUILÍBRIO) TEORIA DOS REFÚGIOS Teoria proposta pelo cientista alemão H.Haffer e pelos cientistas brasileiros Paulo Vanzolini (zoólogo) e Aziz Ab’Sáber (geomorfólogo) considerando que sucessivas glaciações causaram ciclos alternados de expansão e contração das florestas; nos períodos mais secos a floresta se reduziria a “pequenas ilhas ou refúgios”, permitindo a geração de espécies, constituindo-se em alto grau de endemismo, uma característica hoje reconhecida na floresta amazônica e na mata atlântica. TEORIA NEUTRA UNIFICADA (ou TEORIA DE HUBBEL) Introduzida por Stephen P. Hubbel (ver Bibliografia), refere-se à “neutralidade” como sendo os organismos numa comunidade idênticos nas suas probabilidades de produzir descendentes, migrar e gerar especiação. A neutralidade é definida no nível do “indivíduo” e não da espécie. Considera o autor que, 233 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS embora seja difícil entender que ocorra uma neutralidade completa, muitos ecólogos admitem que populações e comunidades estão sujeitas não somente a fatores físicos e interações bióticas mas também à “estocasticidade demográfica” (estocástico refere-se à variável aleatória). (Ver TEORIA DA BIOGEOGRAFIA DE ILHAS) TEORIAS MONO E POLICLÍMAX A teoria monoclímax propõe que todas as seqüências de uma sucessão numa mesma região, conduzem a uma característica clímax única, segundo seu autor, F.Clements (publicada em 1916). A teoria policlímax defende a idéia de que a sucessão ecológica conduz a uma variedade de ecossistemas clímaces, dependendo das condições locais. O policlímax é portanto, determinado por um conjunto de fatores limitantes, tais como clima, condições geológicas, solos, microclima e até mesmo o ser humano. Assim sendo, fala-se em tantos tipos de vegetação ou de ecossistema clímax, quanto são os fatores que os determinam. Em 1953 R.H.Whittaker propôs a hipótese do padrão-de-clímax, que concebe uma continuidade ou gradiente de tipos de clímax e não necessariamente clímaces distintos, separados. Alguns ecólogos brasileiros consideram o cerrado como um “ecossistema clímax do fogo”. TERATOGÊNICO É um agente causador de deformidades ou defeitos ocorridos quando o ser vivo nasce. A dioxina é considerada como um forte teratogênico. (Ver DIOXINAS) TEREDO TEREDO = GUSANO Moluscos marinhos, geralmente da família Teredinidae (gênero Teredo) perfurantes de madeira. É muito encontrado em alguns dos nossos mangues, na base do tronco de Rhizophora mangle. Gusano é um nome vulgar usado principalmente no nordeste. O teredo, que é utilizado como alimento (no Pará, por exemplo), rico em proteínas, destroi embarcações e árvores dos manguezais. TERMINAL, SEMENTE (Ver SEMENTE TERMINAL) “TERMINATOR TECHNOLOGY” (Ver SEMENTE TERMINAL) TÉRMITAS TÉRMITAS = CUPINS São insetos (Isoptera), sociais, que formam colônias, participando ativamente da reciclagem da matéria. Alguns grupos ditos mais avançados cultivam fungos. Outros alimentam-se diretamente de madeira, digerindo celulose, hemicelulose e lignina. Os térmitas reutilizam suas próprias fezes como alimento. No aparelho digestivo desses animais predominam protozoários, que fermentam anaerobiamente a celulose, produzindo acetato, dióxido de carbono e hidrogênio, compostos estes que são aproveitados por bactérias que assim produzirão metano. À maneira dos ruminantes, produzem também ácidos graxos voláteis e principalmente ácido acético, que é absorvido no intestino posterior. O mutualismo térmita-protozoário é imprescindível à digestão de madeira. Foi observado que bactérias que vivem no aparelho digestivo dos térmitas fixam N2. Estes insetos têm importante papel na Natureza, reciclando a matéria e embora possam causar problemas ao ser humano, são no entanto, de importância na fertilização natural de alguns solos mineralogicamente pobres. (Ver MURUNDUM) TERMOCLINO (ou TERMOCLÍNIO ou TERMOCLINA) Refere-se à gradação de temperatura numa coluna de água de um ecossistema aquático, ou mais especificamente, à queda acentuada da temperatura em direção à profundidade. Inicialmente a temperatura, que na superfície é mais elevada, vai diminuindo gradativamente com a profundidade, caindo repentinamente logo abaixo desta camada quente e, na camada inferior mais fria, volta a diminuir com regularidade. A seguir está representado um gráfico de termoclino registrado no açude Bodocongó (Campina Grande, PB), em 1943, conforme reproduzido de KLEEREKOPER (1990): 234 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS o C→ 25 26 28 27 29 m ↓ 1 2 3 4 5 6 TERMÓFILO (ou TERMOFÍLICO) Termo geralmente aplicado para definir microrganismos cuja temperatura ótima para seu crescimento está entre 55°C e 65°C; muitos deles em geral, toleram faixa entre 45°C e 75°C. O Quadro seguinte mostra temperaturas em que diferentes classes de microrganismos termofílicos (ou termófilos) vivem: Classe de termófilos Temperatura (oC) Mínima Ótima <30 <45 Máxima Termotolerante Termofílico facultativo >45 Termofílico moderado <70...75 Termofílico ≥40 ≥55 ≥65 Hipertermofílico ≥40 ≥65 ≥70* * O Bacillus caldolyticus, isolado de fonte termal a 84°C, tem sido cultivado a 105°C. A bactéria que vive em fontes termais, Thermus aquaticus é a que produz a enzima Taq polimerase, usada no “PCR – polymerase chain reaction”. Esta enzima, sendo termoestável, é reutilizável, atendendo às condições necessárias à amplificação do DNA, no equipamento de PCR (muito utilizado em biotecnologia, microbiologia ambiental, medicina legal etc). (Ver CRIÓFILO) TERPENÓIDES (Ver DEFESA QUÍMICA) TERRA PRETA DOS ÍNDIOS Em algumas poucas localidades na amazônia (às vezes próximas a aldeias indígenas), é encontrada a “terra preta dos índios”, um trecho de latossolo caolinítico amarelo (originariamente pobre em nutrientes) onde supõe-se que ao longo do tempo os índios foram acumulando matéria orgânica, tornando o solo muito fértil. É considerado um epipedon antropogênico, ou seja, um horizonte superficial originado de atividades humanas. TERRA ROXA Refere-se a um tipo de solo que ocorre no Paraná e em São Paulo, em grandes extensões, laterítico, muito rico em matéria orgânica, sendo considerado um dos solos mais ricos do mundo, suscetível ao desgaste, se exposto à erosão. A maioria das terras roxas incluem-se hoje nos nitossolos. (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE)) TERREMOTO (Ver ESCALA DE RICHTER) 235 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS TERRITORIALIDADE Termo geralmente usado para designar a defesa ativa de um território, efetuado por animais, principalmente vertebrados, com diversas finalidades (alimentação, acasalamento, reprodução, nidificação etc). P.COLINVAUX e R.E.Ricklefs utilizam o termo arena (ou “lek”, em inglês) para definir como um local delimitado por machos para cortejar as fêmeas. E.P.Odum afirma que, embora com o risco de ofensa aos puristas da semântica, é incluído neste termo qualquer mecanismo ativo desenvolvido por qualquer organismo (mesmo as plantas e os microrganismos) que afaste outro organismo do seu espaço ou “território”. Nos organismos superiores este mecanismo é comportamental (neural) e nos inferiores é de origem química. Em termos energéticos é importante considerar os custos de defesa do território. (Ver ALELOPATIA; ANTIBIOSE; e POSSIBILIDADE DE DEFESA ECONÔMICA) TERRITÓRIO PERIGOSO (Ver AGREGAÇÃO) TEXTURA DO SOLO Uma das importantes características do solo, examinada num perfil do solo. Pode ser avaliada pelo tato, tomando-se uma pequena amostra úmida; a areia transmite a sensação de “atrito”, o silte, de “serosidade” e a argila, de “plasticidade e pegajosidade”. As diferentes combinações destes três componentes constituem as classes de textura, geralmente representada por um triângulo (de origem americana, segundo o “Soil Survey Manual”) com os seguintes tipos e seus equivalentes em português: Inglês Clay Sandy clay Silty clay Clay loam Silty clay loam Sandy clay loam Loam Silt loam Sandy loam Silt Loamy sandy Sand Português Argila Argila arenosa Argila siltosa Franco-argiloso Franco-argiloso-siltoso Franco-argiloso-arenoso Franco Franco-siltoso Franco-arenoso Silte Areia franca Areia Quanto às faixas de tamanho dos componentes do solo consideram-se as seguintes (diâmetro): Matacão: maior que 20 cm Calhau: de 2 mm a 20 mm (ou 2 cm) Areia grossa: de 2 mm a 0,2 mm Areia fina: de 0,2 mm a 0,05 mm Silte (ou limo): de 0,05 mm a 0,002 mm Argila: menor que 0,002 mm. A areia é um grão essencialmente de quartzo. O silte diferencia-se da areia, pelo tamanho menor. A argila é um silicato hidratado de alumínio, cuja cor varia de acordo com o óxido que a impregna. (Ver ARGILA e PERFIL DO SOLO) TIOCARBAMATO Herbicida que atua inibindo crescimento de raízes e caules de plantas herbáceas. (Ver CARBAMATO) TOLERÂNCIA AMBIENTAL (Ver AMPLITUDE ECOLÓGICA) TOLERÂNCIA (EM SUCESSÃO) (Ver SUCESSÃO AUTOGÊNICA) “TRADE-OFF” Termo usado na língua inglesa (ainda sem equivalente convencionado na língua portuguesa) e que é traduzido como “balanço; compensação; barganha; negócio”, refere-se aos recursos que um organismo utiliza para uma determinada finalidade e que pode faltar para a execução de outra finalidade ou atividade. Exemplo: uma planta “investe” energia metabólica para produção de frutos e em conseqüência retarda seu crescimento. Um animal, como a mosca-da-fruta, beneficia-se de intensa atividade reprodutiva, com alta freqüência de acasalamentos, mas quanto mais elevada for sua atividade reprodutiva, mais curto será seu período de vida. Há organismos no entanto, que têm eficiência para mais 236 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS de uma atividade simultâneamente, como uma víbora venenosa (Vipera aspis) (BEGON et al. (2006)), cujas fêmeas recuperavam-se mais rapidamente para procriar quando tinham maiores ninhadas. TRAJETÓRIA DE POPULAÇÃO (Ver PREDATISMO) TRANSDUÇÃO (Ver TRANSFERÊNCIA DE DNA) TRANSECÇÃO DE FAIXA Faixa delimitada ao longo de uma linha (por exemplo, a linha traçada para o perfil ecológico) na qual, num espaço paralelo à linha (1 m de cada lado da linha, por exemplo), se observa, esquematiza-se a forma e o porte dos vegetais e se coletam exemplares desses vegetais com finalidades de estudo taxonômico ou estudo de fitomassa, zonação etc. (Ver PERFIL ECOLÓGICO) TRANSFERÊNCIA DE DNA, MECANISMOS DE Em ecologia microbiana de solo são importantes os três mecanismos conhecidos, sobre a transferência de material genético nas linhagens ou cepas de várias bactérias (mas não todas) da microbiota edáfica. São eles: a) Conjugação: o DNA transfere-se no contato de célula-a-célula, à semelhança da reprodução sexual dos eucariotos. b) Transdução: o DNA passa de uma bactéria para outra, através de vírus, ou seja, estes seres agem como vetores de transferência ou mediadores. c) Transformação: uma célula bacteriana ao se romper (lise) libera o DNA, que então livre no meio (em solução no solo), é receptado por outra bactéria. Estes mecanismos foram detectados tanto em Archaea como em Bacteria. Em Bacillus subtilis, uma bactéria típica do solo, por exemplo, a sua molécula de DNA mede 1700 μm de comprimento; após a lise da bactéria e sua liberação no meio, a molécula se quebra facilmente, facilitando assim sua entrada na bactéria receptora. Microbiólogos de solo afirmam que partículas de argila exercem papel importante na transferência de DNA entre linhagens de bactérias (e de “arquebactérias”), principalmente no mecanismo de transformação. TRANSFORMAÇÃO (Ver TRANSFERÊNCIA DE DNA) TRANSGÊNICOS (ou ALIMENTOS GENETICAMENTE MODIFICADOS) Trata-se da nova criação ou melhor dizendo, da manipulação humana das características genéticas de uma planta cultivada. A planta transgênica recebe um ou mais genes (transgenes) de um indivíduo de diferente espécie, visando, por exemplo, torná-la resistente a determinada “praga”ou “doença”. Ex.: genes do Bacillus thringiensis ou genes Bt (da bactéria que é usada no controle biológico de insetos) são inseridos numa planta cultivada, que assim se tornará imune ao ataque por insetos; com esta planta transgênica espera-se reduzir a quantidade de inseticida, antes necessária ao combate da praga. Um outro exemplo é o da obtenção do “Golden Rice” (arroz dourado, em inglês). É um organismo geneticamente modificado (ou “GM food”, alimento geneticamente modificado) que é obtido a partir da planta de arroz comum, na qual se inseriu gene de outra planta (narciso, uma planta ornamental da família Liliaceae) capaz de produzir beta-caroteno, o precursor da vitamina A. A técnica, resumidamente, consiste em utilizar este gene e genes da bactéria Erwinia uredovora, fazendo ainda uso de “promotors” (promotores ou segmentos de DNA que ativam genes), sendo inseridos em plasmídios (pequenas alças de DNA) da bactéria Agrobacterium tumefaciens. Estas agrobactérias são colocadas em placas de Petri contendo embriões de arroz. Ao infectar tais embriões, as bactérias transferem os genes que codificam as instruções para sintetizar beta-caroteno. Estas plantas transgênicas assim obtidas são submetidas a cruzamentos com plantas já adaptadas à região específica. Muitas discussões ainda existem sobre riscos à saúde causados pelos transgênicos. Exemplo: cientistas escoceses observaram que pacientes saudáveis ao ingerirem alimentos transgênicos, não apresentaram no sistema digestivo, nenhum indício do DNA transgênico, ao passo que pacientes que sofreram ileostomia (remoção do colon intestinal) apresentaram 3,7% de DNA transgênico. Os médicos presumiram que os pacientes sem o colon não produziam enzimas que destruiriam o DNA transgênico. (Ver SEMENTE TERMINAL) TRANSMISSÃO LEPTOCÚRTICA (Ver PARASITISMO) TRANSPORTE ATIVO Um mecanismo de transporte em que se requer energia para se conseguir, por exemplo, vencer um gradiente de concentração. TRATAMENTO (Ver ESTAÇÃO DE TRATAMENTO) TRÊS MEIOS (Ver LEI DA POTÊNCIA DOS TRÊS MEIOS) 237 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS TRIÂNGULO C−S−R Sistema, de componente triplo, em estratégias ecológicas, conceitualizado como um triângulo com os três extremos representando espécies competitivas (C-estrategistas), espécies tolerantes a estresses (S-estrategistas) e espécies ruderais (R-estrategistas). TRIOICA(O) Originalmente chamava-se “espécie trioécia”. Diz-se da espécie de planta que tem espécime (ou indivíduo) só com flor masculina, espécime só com flor feminina e espécime só com flor hermafrodita. (Ver GINODIOÉCIA; DIÓICA; e MONÓICA) TRITION (Ver ORGANOFOSFORADO) TROCA DE CÁTIONS Troca que ocorre entre um cátion em solução no solo e um outro adsorvido à superfície de uma partícula coloidal (argila ou matéria orgânica). (Ver CTC) “trofo-” Prefixo de origem grega significando “alimento”. Surgem daí inúmeros termos a ele relacionados ou dele derivados, como oligotrófico (que necessita de pouco alimento ou nutriente ou que vive em local com carência de nutrientes); copiotrófico (que necessita de muito alimento ou nutriente ou que vive em local com abundância de nutrientes). São conceituados neste glossário diversos termos, tais como autótrofo, auxotrofia, heterótrofo, litótrofo, mixótrofo etc. TROFO-DINÂMICO O prefixo “trofo”, significando alimento, e dinâmica, implicando processo ativo, diz respeito à produção primária. (Ver ECOLOGIA ENERGÉTICA) “troglo-” Prefixo de origem grega significando “caverna”, sendo então usado para indicar os organismos que vivem em cavernas ou em ambientes subterrâneos. Fala-se então em troglófilos (que preferem tais ambientes) e em troglobiontes ou troglóbios (que vivem nesses locais) e que são também chamados de cavernícolas. (Ver “-cola”) TROPOSFERA Porção inferior da atmosfera terrestre (0 a 15 km), com uns 8 km de altura nos polos e 16 km na região do equador. Esta é a camada da atmosfera de influência maior e direta sobre os seres vivos do nosso planeta, onde a temperatura diminui gradativamente com o aumento da altitude. Segue-se a tropopausa (uns 3 km acima da troposfera). TUFÃO (Ver CICLONE) TUNDRA Termo lapônio ou russo, significando “planície desprovida de árvores da região norte”. A maioria das tundras ocorre nas regiões onde a temperatura média está abaixo do ponto de congelamento da água. Por isso, o solo, denominado “permafrost” apresenta-se permanentemente congelado até grandes profundidades. Bioma típico do círculo polar ártico, caracterizado por vegetação rasteira, arbustos (“árvores nanicas, atrofiadas”), líquens e musgos. A fauna é pobre, com insetos “estacionais”, aves e mamíferos migrantes. Entre estes, o caribu (Rangifer tarandus; da família do veado, Cervidae) migra 1.200 km duas vezes ao ano. A foto à direita, mostra tundra no Alasca, E.U.A. As tundras alpina e ártica, apesar de semelhanças, têm importantes diferenças, como por exemplo, a tundra alpina tem estação de crescimento mais quente e mais longa, invernos menos rigorosos, maior precipitação, solos mais bem drenados, maior produtividade e maior biodiversidade do que a tundra ártica. (Ver “PERMAFROST”; e ZONA(S) CLIMÁTICA(S) (de WALTER, HEINRICH)) 238 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS TURBIDEZ Medida da transparência de uma amostra ou corpo d’água, estimada a partir do grau de penetração da luz, sendo resultado da quantidade de matéria em suspensão ou substâncias coloidais. TURFA Material de origem vegetal que se acumula em certos solos (solos turfosos), encontrado freqüentemente em regiões pantanosas formando turfeiras. Alguns autores usam o termo turfeira para designar uma vegetação xeromorfa que se estabelece em solos turfosos. Em certas regiões, mormente as frias, a turfa dá origem a carvão, por vezes utilizado como combustível para aquecimento. TURISMO ECOLÓGICO (Ver ECOTURISMO) 239 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 240 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS U “ultra-” Prefixo de origem grega significando “além de”. Além de alguns verbetes que seguem, há os seguintes termos: ultrarradiano (ritmo biológico com um período que excede 24 h); ultracentrifugação (uso de um campo de centrifugação da ordem de 500.000 g para a sedimentação de macromoléculas) (obs.: g é a designação atual de uma força de centrifugação, baseada na força da gravidade que atua sobre um rotor com peso x e certo número de rotações; em substituição à antiga denominação “rpm − rotações por minutos”); ultra-abissal (ver ZONA HADOPELÁGICA). (Ver “infra-”; e RELÓGIO BIOLÓGICO) ULTRAPLÂNCTON (Ver PLÂNCTON) UMBRÓFILA (Ver OMBRÓFILA; e PLANTA DE SOMBRA) UMIDADE RELATIVA (DO AR) Massa de vapor de água por unidade de volume de ar, como porcentagem da mesma medida de um ar saturado, à mesma temperatura. Pode ser facilmente medida através de dois termômetros (um com o bulbo umedecido e outro com o bulbo seco, chamado de psicrômetro). A diferença de temperatura medida simultaneamente por estes termômetros, corresponde a uma determinada porcentagem de umidade relativa do ar, vista numa tabela psicrométrica. (Ver ÍNDICE DE UMIDADE) “UNEP − UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME” Organismo internacional criado em 1972 para guiar e coordenar atividades ambientais no âmbito do sistema da Organização das Nações Unidas (ONU). Sua missão: prover liderança e encorajar a participação das nações no cuidado ao meio ambiente, inspirando, informando e habilitando-as a melhorar a qualidade de vida sem comprometer a qualidade de vida das gerações futuras. Tem também estimulado organizações do setor privado a promover o uso sustentável dos recursos naturais mundiais. Seus grupos consultores: “ECG − Ecosystem Conservation Group”; “IPCC − Intergovernmental Panel on Climate”; “GESAMP − The Joint Group of Experts on the Scientific Aspects of Marine Environment Protection”; “STAP − The Scientific and Technical Advisory Panel”; “UNSCEAR − The United Nations Scientific Committee on the Effects of Atomic Radiation”. Seu site: http://www.unep.org. UNIÃO INTERNACIONAL PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA (Ver “IUCN”) UNIDADES DE CONSERVAÇÃO Denominação dada a diversas categorias de “sítios ecológicos de relevância cultural” seguintes (de acordo com resolução do CONAMA nº 11, de 03/12/1987): a) Estações Ecológicas b) Reservas Ecológicas c) Áreas de Proteção Ambiental - APA, especialmente suas zonas de vida silvestre e os Corredores Ecológicos d) Parques Nacionais, Estaduais e Municipais e) Reservas Biológicas f) Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais g) Monumentos Naturais h) Jardins Botânicos i) Jardins Zoológicos j) Hortos Florestais 241 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS l) Refúgios de Vida Silvestre m) Áreas de Relevante Interesse Ecológico – ARIE n) Reservas Extrativistas. Outras áreas não incluídas nas Unidades de Conservação, são protegidas por lei específicas como por exemplo as Terras Indígenas. Segue um quadro com as unidades de conservação do Brasil (até setembro/91), suas quantidades e respectivas áreas totais: TIPO DE UNIDADE Parques nacionais Reservas biológicas Estações ecológicas (decretadas) Estações ecológicas (não-decretadas) Reservas ecológicas Área de proteção ambiental Florestas nacionais Reservas extrativistas TOTAL QUANTIDADE 34 23 21 ÁREA (ha) 9.703.243 3.085.982 2.694.455 ÁREA (km2) 97.032,43 30.859,82 26.944,32 10 411.699 4.116,99 6 16 1.130.198 1.456.681 11.301,98 14.566,81 38 4 152 12.655.902 2.162.989 33.301,119 126.559,02 21.629,89 333.011,19 Dados mais recentes mostram o seguinte quadro das reservas e parques federais e estaduais (Anuário Estatístico do IBGE, de 1997) com o percentual de cada região: NORTE NORDESTE SUDESTE SUL CENTROOESTE BRASIL UNIDADES ÁREA PROTEGIDA ÁREA DA REGIÃO ÁREA PROTEGIDA (ha) (km2) (%) 43 16.183.573 3.869.637,9 4,18 81 1.767.688 1.561.177,8 1,13 119 1.512.554 927.296,6 1,63 59 702.515 577.214,0 1,22 27 1.244.605 1.612.077,2 0,77 329 21.410.635 8.547.403,5 2,5 Segundo análise feita recentemente por Felipe A.P.L.Costa e publicada na Revista Ciência Hoje (Vol. 24, nº 143, out/98), os registros sobre nossas áreas preservadas, divulgadas pelo IBAMA e pelo IBGE, são “desencontrados”. Este pesquisador tentou reavaliar esta situação, utilizando não somente material publicado pelas referidas Instituições, mas obtendo informações (“dados principais”, segundo o autor) de ex-funcionários dos diversos órgãos federais, estaduais, municipais e de organizações nãogovernamentais que lidam com a estatística das unidades de conservação brasileira. Nesta publicação de F.A.P.L.Costa, além do quadro acima sobre as reservas e parques federais e estaduais, é apresentado um quadro representativo da situação por Estado e o Distrito Federal (reproduzido do IBGE), que segue (observar que a ordem dos Estados é de percentual decrescente de área protegida): 242 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS PARQUES E RESERVAS 11 7 ÁREA PROTEGIDA (ha) 2.571.829 46.882 ÁREA DO ESTADO (km2) ÁREA PROTEGIDA (%) RONDÔNIA 238.512,8 10,78 DISTRITO 5.822,1 8,05 FEDERAL AMAPÁ 4 1.111.483 143.453,7 7,75 AMAZONAS 15 9.032.296 1.577.820,2 5,72 ACRE 2 682.500 153.149,9 4,46 RIO DE JANEIRO 21 193.434 43.909,7 4,40 SÃO PAULO 61 905.045 248.808,8 3,64 MARANHÃO 7 1.045.420 333.365,6 3,14 RORAIMA 4 584.472 225.116,1 2,60 TOCANTINS 1 562.312 278.420,7 2,02 SANTA 10 187.811 95.442,9 1,97 CATARINA PARANÁ 33 360.541 199.709,1 1,80 ESPÍRITO 15 81.142 46.194,5 1,76 SANTO PARÁ 6 1.638.681 1.253.164,5 1,31 MATO GROSSO 13 937.415 906.806,9 1,03 PIAUÍ 3 239.154 253.867,2** 0,94 RIO GRANDE 4 40.751* 53.306,8 0,76 DO NORTE GOIÁS 6 260.170 341.289,5 0,76 BAHIA 14 389.468 567.295,3 0,69 MINAS GERAIS 22 332.933 588.383,6 0,57 RIO G. DO SUL 16 153.863 282.062,0 0,55 PERNAMBUCO 38 22.982* 98.937,8 0,23 ALAGOAS 4 6.189 27.933,1 0,22 SERGIPE 2 3.055 22.050,4 0,14 PARAÍBA 3 6.422 56.584,6 0,11 CEARÁ 6 14.247 147.837,0** 0,10 MATO GROSSO 1 138 358.158,7 0,0004 DO SUL BRASIL 329 21.410.635 8.547.403,5 2,50 * Área de predominância marinha. ** Inclui metade da área (2.977,4 km2) de litígio PI/CE. Algumas deduções de F.A.P.L.Costa: 1) As unidades federais respondem por 73% das áreas preservadas. 2) MS é o único Estado sem reserva federal e em SP 95% são estaduais. 3) A média da região norte (4,18%) é a única maior (média regional) do que a nacional (2,5%); excluindo-a, a média nacional cairia para 1,12%. 4) Nove Estados e o DF (RO, DF, AP, AM, AC, RJ, SP, MA e RR) têm média superior à nacional. 5) Em 12 Estados a área protegida não atinge 1% de seus territórios, sendo MS o pior deles. 6) No nordeste a média cairia de 1,13% para 0,59% se o MA (3,14% do seu território) fosse excluído.7) Muitas das 329 unidades nacionais estão abandonadas ou não foram implantadas. Além disso, há registros de fatos graves, como “unidades fantasmas”, que entram artificialmente na contagem (e não de fato) ou são contadas mais de uma vez. Pergunto: o país é muito grande e daí é difícil estimá-las com precisão (mesmo com satélites, GPS etc)??? A incompetência é também “deste mesmo tamanho”??? Interesses políticos, corrupção e/ou o cinismo, impedem uma avaliação honesta??? Será que é tudo isso somado??? Destaco o fato de que dos Estados que menos mantêm reservas (abaixo de 1% dos territórios), 8 são do nordeste, a região mais crítica. A caatinga, bioma que ocupa espaço significativo na região nordeste, tem somente 22% de sua área sob proteção (“teórica”). (Ver ÁREAS PRIORITÁRIAS PARA A CONSERVAÇÃO) UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL (Ver SNUC − SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL (Ver SNUC − SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO) 243 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS UNITÁRIO (Ver ORGANISMOS UNITÁRIO e MODULAR) UTILIZAÇÃO DIFERENCIADA DO RECURSO Fenômeno observado quando espécies que vivem no mesmo habitat utilizam recursos diferentes para sobreviverem. É fácil entender que os animais, que se locomovem, não têm dificuldade em adquirir os recursos disponíveis. No caso de plantas (terrestres, principalmente), todas demandam recursos semelhantes e sendo fixas, não têm muitas alternativas para adquirirem o que necessitam. A utilização diferenciada do recurso pelos animais pode ser expressa como uma diferenciação de microhabitat que exista entre as espécies ou como uma diferença na distribuição geográfica ou ainda, uma disponibilidade temporal diferenciada (os recursos variam ao longo das estações do ano). 244 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS V/W VALDEZ Nome de um superpetroleiro dos E.U.A. que em março de 1989, no Alaska, causou um dos maiores desastres ecológicos, de origem humana, derramando mais de 50 milhões de litros de petróleo no mar, que se espalharam por quase 8.000 km2. VALORAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (Ver “eMergia”SOLAR) VALOR DE IMPORTÂNCIA Uma medida da importância (total) de uma espécie numa comunidade, calculada a partir da soma da freqüência relativa, densidade relativa e dominância relativa. VALOR DE REPRODUÇÃO Refere-se à contribuição relativa da reprodução (esperada) de um indivíduo, para sua população, no presente e no futuro. VALOR k Valor que figura na tabela de vida, representado pela equação k = log10ax - log10ax+1, ou ainda, k = log (densidade inicial) - log (densidade final), expressão equivalente a k = log (densidade inicial / densidade final). O valor k aumenta quando a taxa de mortalidade também aumenta, ou seja, a proporção dos sobreviventes diminui. VALOR MARGINAL (Ver TEOREMA DO VALOR MARGINAL) VALOR REPRODUTIVO RESIDUAL Refere-se à contribuição relativa da reprodução (esperada) de um indivíduo, para sua população, em todas as fases do seu ciclo de vida subseqüentes ao presente. VAN VALEN (Ver LEI DA CONSTANTE DE EXTINÇÃO) VARIABILIDADE GENÉTICA (ou VARIAÇÃO GENÉTICA) A variabilidade genética de uma população é uma característica desta população que é determinada pela ação conjunta do processo de seleção natural e da deriva genética (onde nesta, a freqüência de genes na população é determinada mais pela chance do que pelas vantagens evolutivas). A importância relativa da deriva genética é mais elevada nas populações pequenas, isoladas, das quais como conseqüência se espera haver perda de variabilidade genética. VARIEDADE (Ver CULTIVAR − CV) VÁRZEA É um tipo de planície de inundação de um rio, geralmente baixa e que se beneficia do material fluvial que ali se deposita. Os solos de várzea são tidos como férteis e produtivos. (Ver ALUVIÃO) VEGETAÇÃO Este termo é usado quando se deseja se referir à cobertura de uma certa área, por plantas, sem levar em conta a classificação taxonômica das espécies. (Ver FLORA) VEGETAÇÃO ALUVIAL (Ver ALUVIÃO) VEGETAÇÃO DE DUNA (Ver DUNA) 245 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS VEGETAÇÃO PLUVIAL (Ver OMBRÓFILA) VEGETAÇÃO PRIMÁRIA Termo que para as florestas tropicais, como especificamente a nossa mata atlântica, refere-se a uma “vegetação arbórea de máxima expressão regional, podendo estar em estádio clímax, com grande diversidade de espécies, onde as copas formam uma cobertura contínua (dossel), de 20 a 40 m de altura, podendo apresentar sinais mínimos de ação antrópica, preservando significativamente suas características originais”. VEGETAÇÃO SECUNDÁRIA Termo que para as florestas tropicais, como especificamente a nossa mata atlântica, refere-se a uma “vegetação resultante da ação antrópica ou de processos naturais de regeneração ou sucessão”, podendo apresentar-se num dos seguintes estádios de regeneração: a) estádio inicial (com predominância de estrato herbáceo-graminoso, e alguns arbustos, com presença de espécies colonizadoras, como pteridófitas, gramíneas, compostas, solanáceas, marantáceas, piperáceas e outras), onde os arbustos apresentam-se por vezes, agrupados, com D.A.P. não superior a 3 cm, registrando-se uma área basal média entre 2 e 10 m2/ha, recebendo a denominação popular de “capoeirinha”; b) estádio médio (o estrato arbustivo/arbóreo predomina sobre o estrato herbáceo, podendo observar-se estratos distintos), onde o D.A.P. médio pode alcançar os 15 cm entre as espécies arbóreas e 5 cm entre as arbustivas, sendo a área basal superior a 10 m2/ha, recebendo a denominação popular de “capoeira”; c) estádio avançado (o estrato arbóreo predomina), podendo a altura das árvores variar entre 15 e 20 m, formando um dossel relativamente fechado, tendo um D.A.P. médio entre 15 e 25 cm e uma área basal geralmente acima de 18 m2/ha. O CONAMA emitiu diversas resoluções (no ano de 1994), que definem vegetação primária e secundária, e seus estádios (chamados por eles de “estágios”) sucessionais inicial, médio e avançado, em diversos Estados brasileiros, visando orientar os procedimentos de licenciamento de atividades florestais, manejo, utilização racional, conservação etc. VERMELHO LONGO e VERMELHO CURTO (Ver APÊNDICE III − ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO) VERMICOMPOSTAGEM (Ver COMPOSTAGEM) VERTENTE As encostas com declives variados e formas côncavas, convexas ou planas, fazendo parte da formação de um vale, em zonas montanhosas, são chamadas de vertentes, estando muitas vezes ladeando cursos de rios. Quando são muito abruptas, formam gargantas. Muitas vertentes são formadas por rochas ou rochedos nus na maioria dos seus pontos. (Ver ENCOSTA) VERTISSOLOS (Ver SOLOS BRASILEIROS, CLASSIFICAÇÃO DE) VETOR Organismo transmissor, que conduz o agente causador de uma doença por exemplo, de um ser vivo para outro. Fala-se assim que o caramujo Biomphalaria glabrata é o vetor da esquistossomose (Schistosoma mansoni). O “barbeiro” (Triatoma infestans, T. sordida...) é o vetor da doença de chagas (tripanosomíase, causada pelo Trypanosoma cruzi). VICARIÂNCIA No processo evolutivo, quando ocorre fragmentação ou separação de indivíduos com um ancestral comum, em diferentes áreas, denomina-se vicariância. Atribui-se este fenômeno ao que provavelmente ocorreu com as várias espécies de aves que não voam, como o emu e o casuar na Austrália e Nova Guiné, a ema na América do Sul e o avestruz na África, todos com o mesmo ancestral, habitante do continente Gondwana. VIRIOPLÂNCTON (Ver APÊNDICE V − PLÂNCTON: TIPOS E CATEGORIAS DE TAMANHO) VIVIPARIDADE (Ver MANGUE) VIZINHANÇA, TAMANHO DE Conceito (não muito utilizado) fundamentado na estimativa de distância de dispersão, podendo ser entendido da seguinte maneira: a probabilidade de se encontrar um indivíduo numa dada distância de um local onde foi liberado, é dada pela distribuição da freqüência normal (uma curva “em sino”) cujo pico coincide com o ponto de origem; distância = 0) e cuja largura caracteriza-se por uma variável simples, o “desvio padrão” (s). A distância de dispersão é estimada por todo o período vital (t) de um indivíduo, como sendo st. O tamanho de vizinhança é definido como o número de indivíduos incluídos 246 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS num círculo de raio 2 st; este tamanho indica o subconjunto de outros indivíduos com os quais um membro de uma população pode potencialmente interagir (cruzar, competir ...) por todo seu período de vida. VOÇOROCA (ou VOSSOROCA ou BOÇOROCA) Canal profundo ou vala, causado geralmente por fortes chuvas que tornam o solo imprestável para a agricultura, processo este agravado pela ausência de cobertura vegetal do solo ou vegetação inadequada à sua proteção. No Paraná é comum encontrar-se voçorocas em regiões onde se cultiva soja. “-voria” (“-voro”) Sufixo de origem latina significando “comer; devorar; alimentar-se de”. O pospositivo “-voro” é usado para indicar o organismo que se alimenta de determinado tipo de comida ou de animal, sendo de uso muito amplo: apívoro (come abelha); insetívoro (come inseto); herbívoro (come planta); ovívaro (come ovo); piscívoro (come peixe); radicívoro (come raiz); e muitos outros (ver “-voro” em dicionário). Em alguns termos tem se preferido usar o sufixo grego “-fagia” (“’-fágico” ou “-fago”). (Ver “-fagia”) VORTEX (Ver ANÁLISE DE VULNERABILIDADE DE POPULAÇÃO) VULNERABILIDADE (Ver ANÁLISE DE VULNERABILIDADE DE UMA POPULAÇÃO) “WALDSTERBEN” Denominação alemã para a morte de florestas, geralmente causada pela chuva ácida. As coníferas na Alemanha, principalmente de regiões altas, têm sido suscetíveis aos poluentes atmosféricos (óxidos de enxofre e de nitrogênio, ozônio, PANs etc). A floresta negra, de pinheiros, é um exemplo desse efeito. Há fortes indícios de que os ácidos causadores da chuva ácida que atinge a Alemanha tenham origem nos E.U.A.. (Ver FLORESTA NEGRA) “WCMC − WORLD CONSERVATION MONITORING CENTRE” Centro mundial de monitoramento da conservação. É uma base de dados com uma visão global das espécies de animais e plantas ameaçados, assim como de habitats ameaçados e áreas protegidas. Atua em colaboração com a “IUCN”, a “UNEP” e o “WWF”. “WETLAND” (Ver PÂNTANO) WHITTAKER, CLASSIFICAÇÃO DE BIOMAS DE (Ver ZONA(S) CLIMÁTICA(S) (de WALTER, HEINRICH)) WILSON (Ver TEORIA DO EQUILÍBRIO, DE MaCARTHUR E WILSON) “WWF – WORLD WIDE FUND FOR NATURE” Órgão de ação internacional, não-governamental, conhecido anteriormente como “World Wildlife Fund”. Compromete-se principalmente em: a) preservar a biodiversidade; b) assegurar a sustentabilidade dos recursos naturais, em benefício de toda a biota da biosfera; c) promover ações para reduzir a poluição e o desperdício de recursos naturais e energia. 247 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 248 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS X/Z XENOBIÓTICO Literalmente significa “estranho biológico”, ou seja, diz-se de substância que seja estranha ao organismo. Os compostos que no solo e na água são resistentes à decomposição denominam-se de recalcitrantes e entre estes, alguns geralmente são xenobióticos. (Ver BIODEGRADAÇÃO; e BIORREMEDIAÇÃO) XERÓFITA Planta que vive num habitat onde uma grande parte de seu sistema radicular seca ao nível do ponto (ou coeficiente) de murcha, em intervalos freqüentes; ou simplesmente, como preferem muitos autores, a xerófita é uma planta que apresenta adaptações a ambiente seco, deficiente em água. As plantas que apresentam características morfológicas de adaptação a ambiente seco, são ditas como apresentando xeromorfismo. Algumas plantas da caatinga apresentam tais características, embora pouco pronunciadas, como cutícula espessa, estômatos situados em nível mais profundo na epiderme da folha e só em uma de suas faces, abundância de tricomas, presença de resina ou cera nas células epidérmicas etc. Há evidências de que as adaptações fisiológicas à escassez de água, sejam mais importantes nessas plantas. XEROSERE Sere cuja sucessão se inicia em lugares onde há extrema deficiência de água (sobre rochas, areia etc). (Ver LITOSERE; OXISERE; e PSAMOSERE) XILÓFAGO (Ver LIGNÍVORO) ZIGOTO Resultado (célula diplóide) da união dos gametas (células haplóides) provenientes do cruzamento de indivíduos de sexos opostos. O crescimento e o desenvolvimento do zigoto resulta num novo indivíduo da mesma espécie. ZONA ABISSAL Região das profundezas do oceano situada aproximadamente entre 2.000 m e 6.000 m de profundidade, tendo por vezes grandes depressões de até 10.500 m. Alguns autores subdividem-na em: abissobêntica/−bentônica (ou abissalbêntica/−bentônica) à subzona abissal entre 4.000 m e 6.000 m de profundidade; e de abissopelágica (ou abissalpelágica) à zona entre 2.500 m e 4.000 m de profundidade. (Ver APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ZONA ABISSOBENTÔNICA (ou ABISSALBENTÔNICA) Zona de profundidade da coluna de água oceânica compreendida entre 4.000 e 6.000 m. (Ver APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ZONA ABISSOPELÁGICA Zona de profundidade da coluna de água oceânica compreendida entre 2.500 e 4.000 m. (Ver APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ZONA AFITAL Zona no fundo de um ecossistema aquático (lago ou oceano) sem plantas. (Ver ZONA FITAL) ZONA AFÓTICA Profundidade de zona aquática não atingida pela energia luminosa; portanto, aí não existem organismos produtores. 249 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ZONA ARQUIBÊNTICA (ou ARQUIBENTÔNICA ou ARQUIBENTAL) Parte do fundo do oceano que se encontra entre a extremidade superior da plataforma continental até o início da elevação continental. (Ver APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ZONA BATIAL Zona do talude continental, que estando constantemente submetida à erosão subaquática e às avalanches, apresenta-se com superfície bastante acidentada. Estende-se dos 200 m aos 4.000 m de profundidade. Alguns a denominam de batibentônica ou batibêntica. (Ver “bati-”; e APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ZONA BATIPELÁGICA Zona marinha situada na zona pelágica entre as profundidades aproximadas de 500 m e 2.000 m. (Ver APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ZONA BENTÔNICA Zona do fundo do mar ou de lago ou do leito de rios. ZONA BENTOPELÁGICA Zona de profundidade da coluna de água oceânica que se estende por cerca de 100 m no fundo, em todas as profundidades, abaixo da margem da plataforma continental. (Ver APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ZONAÇÃO Distribuição dos organismos em áreas ou zonas distintas. (Ver ECOTONO) ZONA CIRCALITORÂNEA Subregiâo da zona sublitorânea, abaixo da franja infralitorânea. (Ver ESTIRÂNCIO; FRANJA INFRALITORÂNEA; e APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ZONA(S) CLIMÁTICA(S) (de WALTER, HEINRICH) O biogeógrafo e ecólogo alemão Heinrich Walter (o proponente do diagrama climático) propôs uma classificação denominada de “zonas climáticas do mundo”, segundo o curso anual de temperatura e precipitação. O clima definiria assim, os limites dos biomas terrestres do nosso planeta. Segue abaixo a classificação das zonas climáticas de H. Walter, tendo na coluna da esquerda os biomas correspondentes na classificação de biomas de Whittaker (RICKLEFS, 2007): Bioma Floresta pluvial tropical Floresta estacional tropical / savana Deserto subtropical Mata / arbustivo Floresta pluvial temperada Floresta estacional temperada Pastagem temperada / deserto Floresta boreal Tundra Zona climática I Equatorial: sempre úmida e sem estacionalidade de temperatura II Estação chuvosa de verão e estação seca de “inverno” III Subtropical (desertos quentes): altamente estacional, clima árido IV Mediterrânea: estação chuvosa de inverno e seca no verão V Temperada quente: geadas ocasionais, freqüentemente com máxima precipitação de verão VI Nemoral (típico de bosque): clima moderado com inverno congelante VII Continental (desertos frios): árido, com verões tépidos ou quentes e invernos frios VIII Boreal: temperado frio com verões frescos e invernos longos IX Verões secos muito curtos e invernos frios muito longos 250 Floresta perenifólia Vegetação pluvial tropical Floresta estacional, arbustiva, savana Vegetação de deserto, com consideráveis superfícies expostas Esclerófila (adaptada à seca), arbustiva e de mata sensíveis a geadas (congelamento) Floresta perenifólia temperada, um tanto quanto sensível a geadas (congelamento) Resistente a geadas (congelamento), decídua, floresta temperada Pastagens e desertos temperados Floresta perenifólia, com folhas aciculadas endurecidas no congelamento (taiga) Vegetação perenifólia baixa, sem árvores, crescendo sobre solos permanentemente congelados GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ZONA COSTEIRA Refere-se à parte rasa do oceano, indo do limite da preamar à borda da plataforma continental, em contato com o talude continental. ZONA DE BORRIFOS (“SPRAY ZONE”) Zona na costa marinha, ou litoral, localizada imediatamente adiante (ou acima) da zona de quebra das ondas, estando sujeita a molhar-se (ou ao umedecimento) pelos borrifos mar. (Ver APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ZONA DE DEPRESSÃO Refere-se a um local (um habitat ou um microhabitat) onde um determinado indivíduo (ou suas partes) utiliza um recurso natural, tornando-o escasso para outro indivíduo ou mesmo esgotando-o. Uma árvore, por exemplo, poderá estender seus ramos de maneira a reduzir a “radiação fotossinteticamente ativa” para outras plantas; assim como as raízes, ao absorverem água, geram no solo zonas de depressão de água. ZONA DE QUEBRA DAS ONDAS (Ver ZONA DE REBENTAÇÃO) ZONA DE REBENTAÇÃO (ou de QUEBRA DAS ONDAS) (“SPLASH ZONE”) Zona na costa marinha, ou litoral, localizada imediatamente acima do nível mais elevado do mar, estando sujeita à dinâmica de alterações dos movimentos da maré. (Ver APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ZONA DE TRANSIÇÃO (Ver ECOTONO) ZONA EPIPELÁGICA Zona de profundidade oceânica cuja coluna de água se estende da superfície até 200 m (alguns autores consideram-na até 100 m); é a zona oceânica superior. ZONA EUFÓTICA É a zona aquática até a profundidade onde existe produção de O2. Portanto, esta zona é atingida pela energia luminosa imprescindível aos produtores. Em zonas oceânicas de águas claras e límpidas a zona eufótica pode chegar a 100m ou talvez até 200 m de profundidade. ZONA FITAL Zona do fundo de um lago, raso, onde se enraiza uma vegetação. ZONA HADAL (Ver ZONA HADOPELÁGICA) ZONA HADOPELÁGICA Subdivisão da zona pelágica que se estende de 6.000 m até 11.000 m de profundidade. Alguns autores usam a denominação zona hadal (que alguns também chamam de ultra-abissal) referindo-se à região bentônica entre essas profundidades. Nela ocorrem as fossas (cânion ou canhão). (Ver APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ZONA INFRAPELÁGICA (Ver ZONA MESOPELÁGICA) ZONA “INTERTIDAL” (Ver ESTIRÂNCIO) ZONA LIMNÉTICA Zona aquática livre (aberta) à profundidade da penetração efetiva de luz, chamada de “nível de compensação”, onde o O2 produzido pela fotossíntese compensa o O2 consumido na respiração. ZONA LITORÂNEA (Ver ESTIRÂNCIO; e APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ZONA MAIOR DE VIDA (Ver BIOMA) ZONA MESOPELÁGICA Zona de profundidade marinha cuja coluna de água alcança até aproximadamente 200 m, mas se nela se incluir uma parte inferior chamada de zona infrapelágica, a coluna de água se estende até 500 m de profundidade. (Ver APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ZONA NERÍTICA Zona de água rasa da plataforma continental. É a segunda zona da plataforma continental no sentido da costa para o mar. (Ver ESTIRÂNCIO; e APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) 251 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ZONA PELÁGICA Termo comumente usado para indicar toda a zona de vida de uma região aquática. Inclui portanto, o plâncton, NÉCTON e o neuston. (Ver APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ZONA POLAR Situada latitudinalmente entre 72o e 90o em ambos os hemisférios da Terra. ZONA RIPARIANA Situada ou relativa às margens de um curso d’água. Ao organismo que habita esta zona dá-se o nome de ripícola. (Ver “-cola”) ZONA SUBLITORÂNEA (Ver ESTIRÂNCIO; e APÊNDICE IV − ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA) ZONEAMENTO Discriminação das diversas áreas ou ambientes propícios ao exercício de determinada atividade ou para determinado propósito, constituindo-se na base do planejamento de uso de um recurso natural. Fala-se, por exemplo, em zoneamento agrícola, quando se deseja estabelecer a “vocação” das parcelas de terra para os cultivos que lhes sejam adequados. Fala-se também em zoneamento agroecológico, que é importante para definir (ou delimitar) solos apropriados a programas especiais, como o do biodiesel (produção de óleos vegetais para uso em veículos automotores), dando maior destaque para questões de cunho ecológico e desenvolvimento sustentável. ZOOCENOSE (ou COMUNIDADE ANIMAL) Termo que se refere a todos os animais que vivem numa fitocenose. ZOOCORIA (Ver “CORIA”) ZOOECOLOGIA (Ver ECOLOGIA ANIMAL) ZOÓFAGO Que se alimenta de animais. Termo geralmente aplicado a animais. Às plantas que se alimentam de animais, como a Drosera sp, aplica-se o termo “plantas carnívoras” (ou “insetívoras”, uma vez que os insetos são grande parte do seu alimento). (Ver FITÓFAGO; e MICROBÍVORO) ZOOGEOGRAFIA (Ver BIOGEOGRAFIA) ZOOGLEA Substância gelatinosa produzida por bactérias, ocorrendo geralmente em filtros biológicos, onde constitui parte do lodo ativado. A este substrato prontamente aderem protozoários, outros animais e às vezes, fungos. O nome provém da bactéria originariamente descrita nesta circunstância, a Zooglea ramigera. ZOOMASSA É a biomassa dos animais (ou consumidores). ZOOPLÂNCTON (Ver PLÂNCTON) 252 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS BIBLIOGRAFIA Observação: algumas destas obras são referências do texto deste glossário e outras são sugeridas para consultas. ALEXANDER,M. (1971) Microbial ecology. New York, John Wiley & Sons, 511p. ASHBY,M. (1969) Introduction to plant ecology. 2nd ed. New York, St. Martin’s Press, 287p. ATLAS,R.M. & BARTHA,R. (1981) Microbial ecology: fundamentals and applications. London, Addison-Wesley, 500p. BEGON,M.; HARPER,J.L. & TOWNSEND,C.R. (1990) Ecology: individuals, populations and communities. 2nd ed. Boston, Blackwell Scientific Publications, 945p. BEGON,M; TOWNSEND,C.R. & HARPER,J.L. (2006) Ecology: from individuals to ecosystems. 4th ed. Oxford, Blackwell Publishing, 738p. BP – Beyond Petroleum. 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Exemplo: 4/2/2; dividindo-se primeiramente 4/2 = 2 e, depois, dividindo-se este resultado pelo 2 seguinte, teremos como resultado final “1”. Mas se dividirmos 2/2 = 1 e depois 4/1 = “4”; este resultado final é diferente do anterior. O uso do expoente negativo é o matematicamente correto quando são representadas 3 unidades. Exemplo: 4 . 2-1 . 2-1 (ou 4 X 2-1 X 2-1), significa, matematicamente, 4 X ½ X ½ ; multiplicando-se primeiramente 4 X ½ = 2 e posteriormente multiplicando-se este resultado 2 X ½ = “1”. Ou então, multiplicando-se primeiramente ½ X ½ = ¼ e depois 4 X ¼ = “1”, ou seja, o mesmo resultado, seja qual for a ordem do cálculo. Assim sendo, representando-se um valor de fitomassa (produção / área), pode ser usada a barra, uma vez que são apenas 2 unidades: kg / m2. Mas a representação da produtividade primária (produção / área / unidade de tempo), deve ser feita usando-se o expoente negativo: kg . m-2 . dia-1. O uso do ponto (.) entre as unidades pode ser substituído pelo uso de um espaço: kg m-2 dia-1. 2. Tonelada (métrica) ou Megagrama A representação atual da tonelada é o Megagrama, ou seja: 1 tonelada = 1.000.000 g = 1 Mg, ou seja, uma tonelada é igual a um milhão de gramas, ou um megagrama (equivalente a 1.000 kg). Continuando: 1Gg ou Gigagrama = 1 bilhão de gramas (equivalente a 1.000.000kg) e 1Tg ou Teragrama = 1 trilhão de gramas (equivalente a 1.000.000.000kg). 3. O hectare (conversão de ha para km2) O hectare equivale a uma área de 100 m de lado X 100 m = 10.000 m2. Para se ter uma idéia desta dimensão, podemos imaginar um campo de futebol que tivesse uma largura igual a do seu comprimento, que é de 100 m. Para se converter ha para km2 (uma unidade menor convertida para uma unidade maior), deve-se dividir o valor em ha por 100. Isto porque: 1 km2 é uma área de 1.000 m de lado X 1.000 m = 1.000.000 m2, ou seja, 100 vezes maior do que 1 ha. Exemplo: o Estado da Paraíba tem 5.637.200 ha, que divididos por 100 é igual a 56.372 km2. (Ver subitem 6.1 no APÊNDICE II, sobre mais unidades de área). 257 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS APÊNDICE II SI − SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES (De acordo com publicação do Instituto Nacional de Metrologia - INMETRO”) 1. Unidades de base e unidades SI suplementares Grandeza Unidade Unidades de base Comprimento Metro Massa Quilograma Tempo Segundo Corrente elétrica Ampère Temperatura termodinâmica Kelvin Quantidade de matéria Mol Intensidade luminosa Candela Ângulo plano Ângulo sólido Unidades suplementares Radiano Esterradiano Símbolo m kg s A K mol cd rad sr 2. Algumas unidades SI derivadas simples, expressas em termos das unidades básicas Grandeza Unidade Símbolo Área metro quadrado m2 Volume metro cúbico m3 Velocidade metro por segundo m/s Aceleração metro por segundo ao quadrado m/s2 Densidade quilograma por metro cúbico kg/m3 Concentração em quantidade de Mol por metro cúbico mol/m3 matéria Densidade de corrente ampère por metro quadrado A/m2 Força de campo magnético ampère por metro A/m Volume específico metro cúbico por quilograma m3/kg Luminância candela por metro quadrado cd/m2 3. Prefixos utilizados com unidades SI (SI, 1991) Fator Prefixo Brasil EUA 10-24 (1) yocto 10-21 (1) zepto Atto atto 10-18 10-15 Femto femto 10-12 Pico pico Nano nano 10-9 10-6 Micro micro 10-3 Mili milli Centi centi 10-2 10-1 Deci deci 101 Deca deca 102 Hecto hecto 103 Quilo kilo 106 Mega mega Giga giga 109 1012 Terá tera 1015 Peta peta Exa exa 1018 1021 (1) zetta 1024 (1) yotta (1) Prefixo ainda não regulamentado no Brasil 258 Símbolo Y Z A F P N μ M C D Da H K M G T P E Z Y GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 4. Conversão de algumas unidades para unidades SI Medida Comprimento Energia, calor Pressão Condutividade Força Radioatividade Irradiância Ângulo plano Unidade outra Angström (A) micron (μ) Caloria BTU Erg Atmosfera Bar Psi mmho.cm-1 Dina Curie cal.cm-2.min-2 Graus Multiplicar por 0,1 1,0 4,19 1054 10-7 0,1013 0,1 6,9X103 0,1 10-5 3,7X1010 698 1,75X10-2 Unidade SI nm μm J J J MPa MPa Pa S.m-1 N Bq W.m-2 rad 5. Unidades SI derivadas, com nomes especiais Grandeza Nome Símbolo Expressão em outras unidades SI Freqüência Hertz Hz Força Newton N Pressão pascal(a) Pa N/m2 Energia; trabalho; quantidade Joule J N.m de calor Potência; fluxo energético Watt W J/s Quantidade de eletricidade; Coulomb C A.s carga elétrica Tensão elétrica; potencial Volt V W/A elétrico Capacitância elétrica Farad F C/V Resistência elétrica Ohm V/A Ω S A/V Condutância Siemens(a) Fluxo de indução magnética Weber Wb V.s Indução magnética Tesla T W b/m2 Indutância Henry H W b/A Fluxo luminoso Lumen lm Iluminamento ou aclaramento Lux lx (a) Nome especial introduzido em 1965 (b) Nestas expressões o esterradiano (sr) é considerado como uma unidade base Expressão em unidades SI de base s-1 m.kg.s-2 m-1.kg.s-2 m2.kg.s-2 m2.kg.s-3 s.A m2.kg.s-3.A-1 m-2.kg-1.s4.A2 m2.kg.s-3.A-2 m-2.kg-1.s3.A2 m2.kg.s-2.A-1 kg.s-2.A-1 m2.kg.s-2.A-2 cd.sr(b) m-2.cd.sr(b) Observações 1. Os símbolos das unidades não mudam no plural. 2. O produto de duas ou várias unidades é indicado, de preferência, por “ponto” como sinal de multiplicação. Este ponto pode ser suprimido quando não exista possibilidade de confusão com outro símbolo de unidade. Ex.: N.m ou N m; porém não mN. 3. Quando uma unidade derivada é constituída pela divisão de uma unidade por outra, pode-se utilizar a barra inclinada (/), o traço horizontal, ou potências negativas. Ex.: m/s, m ou m.s-1 2 4. Nunca repetir na mesma linha mais de uma barra inclinada, a não ser com o emprego de parênteses, de modo a evitar quaisquer ambigüidades (ver APÊNDICE I, ítem “1. Uso da barra (/) e do expoente negativo (.-1)”). Nos casos complexos devem utilizar-se parênteses ou potências negativas. Ex.: m/s2 ou m.s-2, porém não m/s/s [ver Apêndice I, ítem 1] m.kg/(s3.A) ou m.kg.s-3.A-1, porém não m.kg/s3/A. 259 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 6. 1 Alguns “pesos e medidas” (úteis no campo e no laboratório) COMPRIMENTO 1km=1000m 0,1km=100m 0,01km=10m 0,001km=1m 1m=100cm 0,1m=10cm 0,001m=1cm 1cm=10mm 0,1cm=1mm 1mm=1000μm 0,1mm=100μm 0,01mm=10μm 0,001mm=1μm 1μm=1000nm 0,1μm=100nm 0,01μm=10nm 0,001μm=1nm ÁREA 1km2=1000000m2 1ha=10000m2 0,1ha=1000m2 0,01ha=100m2 0,001ha=10m2 0,0001ha=1m2 1m2=10000cm2 0,1m2=1000cm2 0,01m2=100cm2 0,001m2=10cm2 0,0001m2=1cm2 1cm2=100mm2 0,1cm2=10mm2 0,01cm2=1mm2 1mm2=1000000μm2 0,1mm2=100000μm2 0,01mm2=10000μm2 0,001mm2=1000μm2 0,0001mm2=100μm2 0,00001mm2=10μm2 0,000001mm2=1μm2 PESO (MASSA) 1Mg*=1000kg 0,1Mg=100kg 0,01Mg=10kg 0,001Mg=1kg 1kg=1000g 0,1kg=100g 0,01kg=10g 0,001kg=1g 1g=1000mg 0,1g=100mg 0,01g=10mg 0,001g=1mg 1mg=1000μg 0,1mg=100μg 0,01mg=10μg 0,001mg=1μg VOLUME 1km3=1000000000m3 0,1km3=100000m3 0,01km3=10000m3 0,001km3=1000m3 0,0001km3=100m3 0,00001km3=10m3 0,000001km3=1m3 1m3**=1000000000cm3 0,1m3=100000cm3 0,01m3=10000cm3 0,001m3=1000cm3 0,0001m3=100cm3 0,00001m3=10cm3 0,000001m3=1cm3 1cm3=1000mm3 0,1cm3=100mm3 0,01cm3=10mm3 0,001cm3=1mm3 1mm3=1 X 109μm3 0,1mm3=1 X 108μm3 0,01mm3=1 X 107μm3 0,001mm3=1X106μm3 0,0001mm3=1X105μm3 ... = ... 1 X 10-9 = 1μm3 * 1Mg (megagrama) = 1.000.000g = 1 ton (tonelada métrica ou 1.000kg) ** 1m3 = 1.000L (litros; Ver no próximo subitem) 6.2 Ainda sobre volumes (litro) LITRO 1L* = 1000mL 0,1L = 100mL 0,01L = 10mL 0,001L = 1mL 1mL = 1000μL 0,1mL = 100μL 0,01mL = 10μL 0,001mL = 1μL • A representação gráfica de litro hoje utilizada é um L (maiúsculo), tanto para litro como para mililitro (mL) e demais subunidades do litro (dL, decilitro ...). 260 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 7. Algumas unidades comuns inglesas e seus equivalentes no sistema métrico 7.1 Comprimento, área, peso (ou massa) e volume COMPRIMENTO 0,03937 in=1mm 0,3937 in=1cm 1 in=2,54cm 1 ft=30,3cm ÁREA PESO (MASSA) VOLUME 0,00155 in2=1mm2 0,035274 oz=1g 0,06102in3=1mL=1cm3 0,155 in2=1cm2 1 in2=645,16mm2=6,4516 cm2 1 ft2=929,03cm2=0,09290 3m2 1 yd2=0,8361m2 1 oz=28,350g 1 lb=0,45359kg 1in3=16,387ml 1ft3=28,317L 2,2046 lb=1kg 35,315ft3=1,3097yd3=1m3 1 short ton=0,8929 long 0,23990mi3=1km3 ton=907,18kg 1 mi=1,609km 1,196yd2=1m2 1,1023 short ton= 0,98421 long 1mi3=4,16818km3 ton = 1000kg=1Mg 0,38608mi2=1km2 1,1200 short ton=1 long 0,03381fl oz=1mL ton=1016kg 1 mi2=2,5900km2 1fl oz=29,573ml 1qt=0,94635L 33,814fl oz=1,0567qt= 0,26417gal=1L 1gal=3,7854L Obs.: “in (inch)”: polegada; “ft (foot)”: pé; “yd (yard)”: jarda; “mi (mile)”: milha terrestre; “fl oz (fluid ounce)”: onça fluida, líquida; “qt (quarter)”: 1 quarto de 1 galão; “gal (gallon)”: galão; “lb (pound)”: libra peso; “short ton”: tonelada menor; “long ton”: tonelada maior. 1 yd=0,9144m 7.2 Temperatura BTU (British Thermal Unit): 1 BTU é a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura da água, de 1° F (1 grau Fahrenheit). A medida usual do nosso sistema é a grande caloria ou Cal ou kcal (quilocaloria), que é a quantidade de calor necessária para elevar de 1° C (1 grau Celsius), 1 kg (ou 1 L) de água pura, passando de 14° C para 15°C. Uma pequena caloria ou cal ou gcal (gramacaloria) é a quantidade de calor equivalente quando se trata de 1 g (ou 1 mL) de água. GRAUS FAHRENHEIT: as conversões são feitas como segue: °F = 9/5°C + 32 °C = 5/9 (°F - 32). 261 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS 8. Alfabeto grego. Letras que são freqüentemente usadas em termos técnicos. MAIÚSCULAS A B Γ Δ Ε Ζ Η Θ Ι Κ Λ Μ Ν Ξ Ο Π Ρ Σ Τ Υ Φ Χ Ψ Ω MINÚSCULAS α β γ δ ε ζ η θϑ ι κ λ μ ν ξ ο π ρ σς τ υ φ χ ψ ω PRONÚNCIA Alfa Beta Gama Delta Epsilon Dzéta Eta Teta Iota Capa Lambda Mi Nu Cs Ômicron Pi Ro Sigma Tau Ípsilon Fi qui, ki Psi Ômega 262 NOSSO ALFABETO a b g d e z e th i k l m n x o P rh, r S T y, u F Kh Ps O GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS APÊNDICE III ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO m Hz nm 106 780 Onda de rádio longa Infravermelho 760 103 101 106 Vermelho longo 720 Onda curta AM 700 10 8 TV e FM 1 660 Vermelho UHF 10-1 640 1010 Microonda Laranja 600 10-3 1012 10-4 580 Infravermelho Amarelo 560 10-6 Luz visível 1015 540 Verde 10-7 10-8 Ultravioleta 520 1017 10-9 500 Azul Raios X 480 10-11 10 10-10 1019 -12 460 Raios gama 420 10-13 Violeta 400 380 360 263 Ultravioleta GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS APÊNDICE IV ZONAS DE PROFUNDIDADE MARINHA (Baseado em LINCOLN et al., 1998) ZONAS PELÁGICAS 0m Província nerítica Província oceânica Epipelágica 200 m 200 m Plataforma continental Mesopelágica 1000 m Talude continental (declive) Batipelágica 2500 m Bentopelágica Aclive continental Abissopelágica 4000 m 6000 m Hadopelágica Planície abissal Zona de borrifos Zona de quebra das ondas Frnaja infralitorânea Fossa oceânica ± 8000 m Entremarés ou litoral Zona litorânea Submarés Zona sublitorânea Litoral Supralitoral Eulitoral Infralitoral Circalitorânea 264 Zona Arquibental Zona batial Zona abissal Zona hadal GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS APÊNDICE V PLÂNCTON: TIPOS E CATEGORIAS DE TAMANHO Plâncton Femtoplâncton e Picoplâncton (Ultraplâncton) 0,02-0,2μm 0,2–2 μm Tamanho Virioplâncton Nanoplâncton Microplâncton Mesoplâncton Macroplâncton Megaplâncton 2,0 – 20 μm 20 – 200 μm 0,2 – 20 mm 20 – 200 mm 0,2-2,0 m Bacterioplâncton Micoplâncton Fitoplâncton Protozooplâncton Metazooplâncton Nécton Tamanho (m) 10-8 10-7 10-6 10-5 10-4 265 10-3 10-2 10-1 100 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS APÊNDICE VI OS MAIORES DESERTOS DO MUNDO (LUHR, 2003) DESERTO Saara Península Arábica Gobi Kalahari Patagônia Chihuahua Thar Mojave e Sonora Grande Deserto da Bacia Grande Deserto Arenoso Localização Norte da África, do oceano atlântico ao mar Vermelho Estende-se do norte da Síria para o Yêmen e Oman (é uma extensão do Saara, separado pelo mar Vermelho) Estende-se através do sul da Mongólia e norte da China Ao sul de Botsuana, estendendo-se a oeste para a Namíbia e ao sul para a África do Sul Leste dos Andes, no sul das províncias de Chubut e Santa Cruz, Argentina Entre as cadeias de montanhas de Sierra Madre no México, estendendo-se na direção norte para os E.U.A. Noroeste da Índia, na província de Rajasthan, estendendo-se ao sudeste do Paquistão Mojave: sul da Califórnia Sonora: Arizona (ambos nos E.U.A.) E.U.A.: nos estados de Oregon, Idaho, Nevada, Utah, Wyoming, Colorado e Califórnia Na parte norte do oeste da Austrália, estendendo-se até o oceano Índico, no noroeste Área aproximada km2 9.000.000 Precipitação pluviométrica mm 20 – 400 Temperatura o C 16 – 37 2.300.000 50 – 200 Máx. 49 Mín. 0 1.300.000 10 – 250 712.500 125 – 500 670.000 100 – 260 Máx. 45 Mín. -40 Máx. 47 Mín. -13 5 – 13 518.000 250 Máx. 40 Mín. -30 446.000 100 – 500 140.000 275.000 50 – 125 250 409.000 250 340.000 250 – 300 Máx. 42 Mín. 3 Máx. 48 Mín. -13 (em ambos) Máx. 38 Mín. -7 Máx. 42 Mín. 25 Continua ... 266 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ...continuação DESERTO Grande Deserto de Victoria Takla Makan Kara Kum Gibson Simpson Atacama Tanami Deserto da Namíbia Localização Na parte sudeste do oeste da Austrália, estendendo-se a leste até a parte central do sul da Austrália Norte das montanhas Kunlun, na província Xinjiang no oeste da China Maior parte do Turcomenistão, a leste do mar Cáspio Na parte central do oeste da Austrália Parte sul do Território Norte, no oeste de Queensland e na parte norte do sul da Austrália Oeste dos Andes, ao longo da costa norte do Chile, entre Arica e Vallenar Na parte central do Território Norte, ao norte de Alice Springs, Austrália Na costa atlântica da Namíbia, estendendo-se ao norte para Angola Área aproximada km2 338.500 Precipitação pluviométrica mm 150 – 250 Temperatura o C Máx. 40 Mín. 18 327.000 40 – 100 297.900 100 – 200 Máx. 38 Mín. -9 -14 – 32 156.000 200 – 250 145.000 175 – 200 105.200 15 37.500 200 – 400 31.000 15 – 100 267 Máx. 42 Mín. 18 Máx. 50 Mín. 0 Máx. 35 Mín. -4 Máx. 42 Mín. 25 Máx. 25 Mín. 10 GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS LAGO Mar Cáspio Localização Fronteiras do Azerbaijão, Irã, Casaquistão, Rússia e Turcomenistão APÊNDICE VII OS MAIORES LAGOS DO MUNDO (LUHR, 2003) Área aproximada Profundidade Altitude km2 máxima m m 371.000 950 30 (abaixo do nível do mar) Grandes lagos: Superior Michigan Huron Erie Ontario Vitória Tanganica Baikal Grande lago do urso Grande lago “slave” (do escravo) Mar de Aral Fronteira E.U.A.-Canadá ....... Totalmente nos E.U.A. .......... Fronteira E.U.A.-Canadá.............. Fronteira E.U.A.-Canadá.............. Fronteira E.U.A.-Canadá.............. Fronteiras do Quênia, Tanzânia e Uganda Extremo sul do “Great Rift Valley” nas fronteiras de Burundí, Rep. Dem. do Congo e Tanzânia Na Rússia, ao sul do platô siberiano central, perto da Mongólia Territórios do Noroeste, no Canadá, no círculo polar Ártico Territórios do Noroeste, no Canadá, a leste das montanhas Mackenzie Norte do deserto de Kara Kum, na fronteira do Casaquistão e Uzbequistão ............82.367 ............58.000 ............59.570 ............25.820 ............19.010 68.000 Característica(s) relevante(s) O maior corpo de água continental do mundo, recebe água dos rios Ural e Volga e não desemboca em nenhum outro Despejam suas águas no rio St. Lawrence. Maior sistema de lagos do mundo. Área conjunta: 244.000 km2 406 281 228 64 224 84 183 177 176 174 75 1.134 32.000 1.471 773 31.500 1.741 456 31.150 446 186 Maior lago, inteiramente no Canadá 28.568 614 156 O segundo maior lago do Canadá e principal reservatório do sistema do rio Mackenzie 26.000 58 40 Já foi o quarto maior do mundo e hoje está secando, devido à utilização de suas águas para irrigação (desde 1930) no cultivo do algodão Continua ... 268 O maior lago da África e o segundo maior de água doce do mundo O segundo lago mais profundo do mundo. Há algumas dúzias de espécies de peixes ciclídeos (peixes teleósteos fluviais) endêmicos do Tanganica O mais profundo do mundo, contendo 20% de toda a água doce de superfície mundial GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ... continuação LAGO Altitude m Característica(s) relevante(s) 23.750 Profundidade máxima m 36 217 18.200 25 340 17.675 230 5 A maior parte de suas águas vem do rio Saskatchewan Seu nível d’água oscila estacionalmente, em 3m O maior lago da Europa Variável (de 10.000 a 25.000) 10 280 Austrália, ao sul do deserto de Simpson Entre Peru e Bolívia, no platô Altiplano, na região central dos Andes Sudoeste da Nicarágua 9.700 5,5 16 8.772 281 3.812 8.150 70 32 Turcana No “Great Rift Valley”, fronteira da Etiópia e Quênia na 6.750 110 360 Nyasa 6.400 706 500 Grande lago de sal Extremo sul do “Great Rift Valley”, nas fronteiras de Malauí, Moçambique e Tanzânia Oeste das montanhas Rochosas, norte de Utah, E.U.A. 5.000 12 1.280 Qinghai Hu Toba Parte centro-norte da China Província norte da Sumatra 4.460 1.100 38 529 3.200 905 Winnipeg Balkhash Ladoga Lago Chad Eyre Titicaca Nicarágua Localização Área aproximada km2 Parte centro-sul do Canadá, na província de Manitoba Sudeste do Casaquistão Na região de Karelia, noroeste da Rússia, à leste do mar Báltico Nas bordas sul do deserto de Saara, limitado por Camarões, Chad, Níger e Nigéria Continua ... 269 Lago raso, com área variando muito durante o ano, estando em encolhimento devido ao uso da água para irrigação. Há 10.000 anos atrás tinha profundidade de 50 m Lago salgado de dimensão variável, recebendo águas de rios temporários O maior lago de água doce da América do Sul e o situado em altitude mais elevada O maior lago de água doce da América Central, situado a 15 km apenas da costa (voltada para o Pacífico) Também chamado de lago Rudolf, há 5.000 anos era três vezes mais longo. Rico em espécies de peixes Recebe águas de mais de 14 rios. É o mais rico em espécies de peixes do mundo (talvez mais de 1.000 espécies de ciclídeos) Um dos maiores corpos de água salgada continental (o maior do hemisfério ocidental) O maior da China, ligeiramente salino O maior “lago caldeirão" do mundo, formado por fluxo de lava que entrou em colapso GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ... continuação Localização Área aproximada km2 Mar Morto Norte do mar Vermelho, estando Israel a oeste e Jordânia a leste 810 Profundidade máxima m 330 Genebra 581 310 372 230 (desconhecida) 945 Mar da Galiléia Noroeste dos Alpes, na fronteira da França e Suiça Tanzânia, sudeste da planície do Serengeti e noroeste da estepe de Masai Ao norte de Israel, próximo às fronteiras com Síria e Líbano 166 48 212 (abaixo do nível do mar) Constança (ou Constance) Como Norte dos Alpes, nas fronteiras da Áustria, Alemanha e Suiça Lombardia, norte da Itália 541 252 395 146 410 198 LAGO Manyara 270 Altitude m Característica(s) relevante(s) 405 (abaixo do níveldo mar) Alimentado pelo rio Jordão, sem desembocadura, é o mais baixo rio do mundo, com salinidade de cerca de 32%. Sua alta taxa de evaporação contribui para seu encolhimento (nível da água cai 1 m por ano) O maior dos lagos alpinos Não tem fontes de água de superfície perenes, mas apenas uns poucos riachos temporários Conhecido também com lago Tiberias, situa-se numa depressão que é uma extensão do “Great Rift Valley” da África. A água esté escasseando pela irrigação e se salinizando Supre de água doce mais de 4,5 milhões de pessoas, recebendo água do rio Reno O mais profundo dos lagos alpinos GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS Extensão km 6.648 APÊNDICE VIII OS MAIORES RIOS DO MUNDO (LUHR, 2003) Declividade Área da bacia Afluentes M km2 principais 1.135 3.400.000 Nilo Branco, Nilo Azul RIO Localização Nilo Flui do norte do lago Vitória e montanhas da Etiópia até a costa mediterrânea do Egito Amazonas Flui dos Andes peruanos, atravessando o Brasil até o Atlântico 6.430 5.500 7.100.000 Amarelo Flui na China, do norte até o platô tibetano, despejando no mar Amarelo 5.460 4.500 1.900.000 Wei He, Fen He Yangtze Flui na China, dos Himalaias até o mar leste da China no oceano Pacífico 6.300 5.480 2.000.000 Han Shui, Ya-Lung Chiang Congo Flui das montanhas do leste da África através do continente até o oceano Atlântico 4.670 1760 3.500.000 Kwa, Lualaba, Sangha, Ubangi Níger Flui da Guiné, pelo sul do Saara, até o oceano Atlântico na Nigéria 4.180 850 1.900.000 Bani, Kaduna Continua ... 271 Juruá, Negro Madeira, Benue, Característica(s) relevante(s) Durante muito tempo considerado o mais longo do mundo. No seu curso há seis grandes cataratas. A represa de Aswan (1970) formou o grande lago Nasser. Despeja 20% de toda a água proveniente de rios para o mar. Despeja 770 bilhões de litros de água/h no oceano Também chamado Huang-He ou Huang-Ho. Carrega 30 vezes mais silte/m3 do que o Nilo e tanto sedimento (“loess”) quanto o Ganges, daí a sua cor amarela O mais longo da Ásia e o terceiro no mundo. Nas suas gigantescas três gargantas estão sendo construídas as maiores represas do mundo. O “Grand Canal”(1.600 km liga-o ao Beijing Segundo do mundo (após o Amazonas) em volume d’água. Segundo mais longo da África, banhando grandes áreas da África central O maior rio do oeste da África, passa por densa floresta GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ... continuação RIO Localização Mekong Flui do oeste da China para o Laos e Camboja Mississipi E.U.A. flui de Minnesota, próximo à fronteira com o Canadá, para o golfo do México Rússia, fluindo através da Sibéria para o mar de Kara no oceano Ártico Rússia, fluindo inicialmente para leste e depois para o sul, para o mar Cáspio Flui das montanhas da África central para o ocenao Índico em Moçambique Forma parte da fronteira E.U.A.-México, fluindo das montanhas rochosas para o golfo do México Flui do platô tibetano, através dos Himalaias, até o mar Arábico Ob’ Volga Zambezi Rio Grande Indus Danúbio Flui do sul da Alemanha, para a costa do mar Negro, no leste da Romênia Extensão km 4.000 Declividade M 4.950 Área da bacia km2 795.000 3.780 450 3.200.000 Missouri, Arkansas, Tennessee 3.700 Dado desConhecido 3.000.000 Chulym, Tom 3.690 258 1.400.000 Oka, Kama 3.540 1.460 1.300.000 Kafue, Shire 3.034 3.650 445.000 Chama, Con-, chos, Pecos, Sa-lado 2.900 4.848 1.200.000 Chenab, Kabul, Jhelum, Sutlej 2.860 662 816.000 Drava, Sava, Tisza Continua … 272 Afluentes principais Kang, Mun, Srepok Ohio, Irtysh, Característica(s) relevante(s) O mais longo rio do sudeste da Ásia, originando-se no platô tibetano, passando por vales profundos Junto com os tributários, forma imensa bacia de drenagem, descendo das montanhas Rochosas até as Apalachianas O rio congela até 200 dias por ano O mais longo da Europa e a mais importante rota de trans-porte da Rússia O quarto maior rio da África, tendo uma largura de 1.700 m antes de atingir as cataratas de Victoria O quinto rio mais longo da América do Norte, formando 2.000 km da fronteira do Texas com o México O maior dos rios dos Himalaias. No seu curso superior flui para noroeste para o território da Kashimira, de disputa entre Índia e Paquistão O segundo mais longo da Europa, nascendo na Alemanha, banha a Áustria e Hungria GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS … continuação RIO Localização Extensão km 2.800 Declividade M 2.680 Área da bacia km2 1.100.000 Afluentes principais Tigris Eufrates Flui das montanhas do leste da Turquia para o golfo Pérsico Murray Austrália, fluindo do extremo sul para o oceano Índico 2.590 2.050 1.100.000 Darling, Murrumbidgee Ganges Flui ao longo da borda sul dos Himalaias para a baía de Bengala na Índia 2.506 3.030 1.600.000 Brahmaputra, Ghaghar, Yamuna Colorado Principalmente nos E.U.A., fluindo das montanhas Rochosas para o golfo da California 2.333 4.320 632.000 Green, Little Cololrado, Gila Orinoco Flui através da Venezuela, das montanhas da Guiana até o oceano Atlântico 2.151 1.074 948.000 Guaviare, Meta, Arauca, Caroni Irrawaddy Burma, fluindo dos montes Mishmi para o mar de Andamã no oceano Índico Nordeste do Canadá, fluindo do Grande Lago Escravo para o mar de Beaufort no oceano Ártico 2.100 Dado desconhecido 411.000 Chindwin 1.705 156 1.800.00 Liard, “Great Bear” (Grande Urso), Peel Mackenzie Continua … 273 Característica(s) relevante(s) Junto com o Tigris, forma o sistema mais importante do oeste da Ásia. Síria e Iraque acusam a Turquia de “roubar” sua água Junto com o Darling, forma o único realmente importante sistema fluvial da Austrália (80% das terras irrigadas) Rio sagrado da religião hindu, drenando ¼ da Índia. Carreia mais areia e silte para o mar do que qualquer outro rio do mundo (2 bilhões de Mg por ano) Drena o sudoeste árido dos E.U.A., cortando o grandioso Grand Canyon (2 bilhões de anos de história geológica). Tem sido o rio mais “manejado” do mundo O segundo maior da América do Sul. Sua bacia de drenagem cobre 80% da Venezuela e 25% da Colômbia Em Burma fornece a maioria da água de irrigação Segunda maior bacia no Canadá e América do Norte. Nos baixios formam-se florestas, pântanos, vegetação arbustiva, tundras GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ... continuação RIO Extensão km 1.320 Declividade m 2.339 Área da bacia km2 220.000 Fronteira do Canadá-E.U.A., fluindo do lago Ontario para o ocenao Atlântico 1.244 75 1.300.000 Flui através da península Ibérica, do leste da Espanha para a costa atlântica de Portugal França, fluindo do maciço central para a costa no Atlântico ao sul 1.007 1.590 81.600 Gallo, Zezere 1.020 14.850 117.000 Allier, Vienne Oder Flui da Rep. Tcheca para o mar Báltico na Polônia 886 633 119.000 Neisse, Warta Rhône Flui dos Alpes suiços através da França para o mar Mediterrâneo França, fluindo do norte da região de Burgundy para o canal da Mancha em Le Havre 813 1800 96.000 Ardèche, Arve, Isère, Saône 780 471 83.000 Aube, Marne, Oise Reno St. Lawrence (São Lourenço) Tagus Loire Sena Localização Flui dos Alpes suiços para o mar do Norte na costa da Holanda Continua ... 274 Afluentes principais Main, Moselle, Neckar Ottawa, Maurice St. Maine, Característica(s) relevante(s) O mais comercialmente importante rio da Europa ocidental. Indústrias ao longo do seu curso (como a Bayer, em Leverkusen), o poluem Contribui significativamente para o sistema dos Grandes Lagos. Tem sido transforma-do por obras de engenharia Passa por zona árida na Espanha, após Toledo e limita (por 275 km) este país com Portugal. Ambos países usam sua água na irrigação O mais longo da França. No outono e primavera chuvas pesadas causam enchentes nos baixios, nas margens Noventa por cento da bacia de drenagem está na Polônia. Apesar de largo (9,5 km) é raso (média de 90 cm), ficando congelado 1 mês no inverno O principal rio europeu que desemboca no mar Mediterrâneo Forma a “bacia de Paris”. À montante de Paris o Sena e tributários cortam zona calcária formando o platô fértil de Île de France. GLOSSÁRIO DE ECOLOGIA E CIÊNCIAS AMBIENTAIS ... continuação RIO Hudson Tâmisa Localização Nos E.U.A., no estado de New York, flui para o oceano Atlântico na cidade de New York Grã-Bretanha, fluindo no sul da Inglaterra até o mar do Norte Extensão km 507 Declividade m 1.371 Área da bacia km2 34.628 336 108 13.600 Afluentes principais Mohawk Kennet, Influência das marés estende-se até Albany, com marés de até 1,4 m. É rota comercial importante O mais longo da Grã-Bretanha. Seu curso baixo sofre influências da maré (por 145 km) e comportas controlam possibilidades de enchentes em Londres Severn Grã-Bretanha, fluindo de 290 600 11.266 Avon, Stour, Teme, Seu curso inferior sofre influências Gales para o canl de Bristol e Usk da maré, com ondas de 25 km/h mar Irlandês atingindo altura de 3 m Rio da Plata Costa leste da América do 290 Nula 4.200.000 Paraná, Uruguai Estuário em forma de funil, Sul, tendo Uruguai ao norte e coincidindo com a desembocadura Argentina ao sul do rio Uruguai e o delta do Paraná. Sua área de captação se estende por Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai OBSERVAÇÃO: Importantes rios brasileiros, talvez por não existirem dados completos disponíveis, como os acima mencionados, não foram incluídos no livro do qual a relação acima foi extraída. Destacam-se entre estes, os seguintes (em resumo): 1) Rio São Francisco: denominado “rio da integração nacional”, por ser o caminho de ligação do sudeste e do centro-oeste com o nordeste do Brasil. Percorre 2.700 km (ou 2.830 km, segundo alguns). Nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais (a mais ou menos 1.200 m de altitude), recebendo água de 168 afluentes, dos quais 99 são perenes. Tem declividade média de 8,8 cm/km e vazão média de 2.943 m3/s. 2) Rio Paraná: nasce da confluência dos rios brasileiros rio Grande e Paranaíba. Tem comprimento total de 2.739 km, sendo 619 km em território brasileiro e o restante entre Argentina e Paraguai. 3) Rio Tocantins: nasce na serra do Paranã, em Goiás, há mais ou menos 1.100 m de altitude, a uns 60 km ao norte de Brasília, tomando inicialmente o nome de rio Maranhão. Após cerca de 2.400 km de curso, desemboca na baía de Marapatá, próximo a Belém. Junto com o rio Araguaia, forma uma bacia de 800.000 km2. 4) Rio Araguaia: principal afluente do Tocantins, nasce na serra do Caiapó, entre Goiás e Mato Grosso, há uns 850 m de altitude. Após percorrer 2.115 km desemboca no Tocantins. A ilha do Bananal, 20.000 km2, é importante acidente deste rio. É tido como um dos rios mais piscosos do mundo. 5) Rio Paraguaçu: nasce na região diamantífera na serra do Cocal, município de Barra da Estiva, Bahia. Atravessa parte da Chapada Diamantina, em direção a Salvador e desemboca na baía de Todos os Santos após uns 600 km de curso. 6) Rio de (das) Contas: nasce na serra da Tromba, Chapada Diamantina, há uns 1.500 m de altitude. Percorre 620 km formando uma bacia de mais de 53 mil km2. 275 Colne, Wey Característica(s) relevante(s)