3 a 6 de novembro de 2009 - Londrina – Pr - ISSN 2175-960X NEUROPLASTICIDADE E PEDAGOGIA PRÁTICAS CURRICULARES INCLUSIVAS – CONVERGÊNCIAS PARA HILCE AGUIAR MELO1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO Resumo Estudos no campo neurocientífico tem sido alvo de polêmicas no âmbito das discussões de cunho pedagógico. Muitas são as contribuições deste campo no âmbito da Educação Geral e Especial. Contudo, em raros momentos, quando se observam práticas de ensino em diferentes espaços do contexto escolar público, são nítidas aquelas que em suas mediações, se utilizam de conhecimentos neurocientíficos. Subjacentes às práticas que apresentam conhecimentos de base neurocientífica, observam-se, uma consistência de base investigativa que se defende como essencial nas situações em que estão envolvidos os estímulos das Funções Psíquicas Superiores. Portanto, pensa-se ser inquestionável a importância da articulação entre tais conhecimentos e os de cunho específico da pedagogia. Compreender, em maiores ou menores proporções àquilo que se constitui alvo principal das intervenções dos profissionais da educação, a mente humana, precisa ser, antes de tudo, uma prioridade e não uma polêmica. Pois sem entender os percursos do pensamento pelos quais transitam os sujeitos escolares, como se efetivarão de fato, as tão propagadas práticas pedagógicas inclusivas? Sobre essas questões relacionadas ao funcionamento do cérebro e sua convergência para possibilidades de intervenções pedagógicas que apreendam os itinerários, as características biopsicossociais e estilos para a aprendizagem dos alunos nas escolas, apresentam-se reflexões no sentido de alertar para a necessidade de se investir mais nesse aspecto, no campo formativo dos professores. A metodologia utilizada para a construção deste trabalho, além de uma revisão bibliográfica, partiu de construções realizadas em torno do contexto escolar de alunos com deficiência na Secretaria Municipal de Educação de São Luís/MA em situações do cotidiano escolar da aludida rede de ensino. Palavras-chave: Neuroplasticidade. Pedagogia. Currículo Introdução A escola pública brasileira, neste século XXI, vem se constituindo alvo de muitas discussões sobre o sentido e importância de suas práticas, no contexto de uma sociedade que a despeito de se tornar cada vez mais excludente pela sua estrutura e dinâmica, tem se debatido na perspectiva de materializar o discurso da Educação Inclusiva defendido pela Política Nacional de Educação. E sob uma lógica de igualdade de oportunidades para todos vai se desenhando na escola uma imagem ou miragem 2 que Professora Mestra Assistente do Departamento de Educação II e Integrante do Grupo de Pesquisa em Educação Especial da Universidade Federal do Maranhão. Rua Vespaziano Ramos, nº 16, Filipinho, São Luís/MA, CEP: 65043-030. E-mail: [email protected] 1 2 Utiliza-se o termo imagem no sentido extraído do dicionário de filosofia e ciências culturais (1963) e o termo miragem num sentido traduzido pelo dicionário Aurélio Buarque de Holanda Ferreira (1986). Do latim imago, imaginis, da raiz im, dentro, que nos mostra a origem etimológica desse termo, que indica sempre a presença na mente de algo que se deu em nossos sentidos ou por eles foram capturados. Miragem, visão fantástica, enganosa; ilusão sedutora; engano, sonho, quimera: miragens românticas. A 1962 3 a 6 de novembro de 2009 - Londrina – Pr - ISSN 2175-960X a situa numa espécie de centralidade do saber necessário para o exercício da cidadania, ou numa ótica mais progressista, para sua aquisição. No entanto grande parte dos sujeitos que nela tem depositado suas esperanças, nem de longe consegue perceber as relações subjacentes no campo escola-sociedade. Para Frigotto (2001, p130) essa apropriação da realidade de forma ingênua é assim representada: Ao mundo dos fenômenos externos, que revelam a superfície dos processos, a práxis fetichizada e o mundo das representações, que não são imediatamente reconhecíveis como resultados da atividade social dos homens, o autor chama de “mundo da pseudoconcreticidade”, que é o mundo “claro-escuro da verdade e engano”. Seu elemento próprio é duplo sentido, porque o fenômeno indica a essência, mas também a esconde. A essência, que não se dá imediatamente à compreensão, é mediata ao fenômeno. Embora a realidade seja a unidade da essência e aparência, a essência se manifesta em algo diferente do que é. Neste sentido, conhecer um objeto é revelar sua estrutura social. De uma perspectiva semântica, imagens e miragens referem-se a interpretações que oscilam entre si significando consenso entre o que se deseja e o que se vê. No contexto aqui apresentado expressam características do fenômeno educação escolar pública quando apreendido sob forma de uma necessidade humana (de conhecer) para corresponder às demandas sociais, ou melhor, àquilo que precisa para sua existência. Partindo desta ótica, a necessidade de conhecimento inerente às ações dos sujeitos tem sido concretizada sob a forma de uma imagem de escola que historicamente tem sido construída. Desta realidade nasce outra que é refletida por meio dos próprios processos hegemônicos de desenvolvimento curricular. Referimo-nos às miragens, ou àquilo que pensamos estar sendo garantido pela escola. Neste aspecto o que há é uma grande ilusão escolarizada que paradoxalmente faz com que se confunda ensino com aprendizagem, nível de ensino com educação, fluência verbal com capacidade de compreender as coisas, diploma com competência, em síntese confundese serviço com valor. perspectiva da utilização de tais palavras no texto é a de acentuar o potencial de equívoco existente nas coisas em suas aparências. 1963 3 a 6 de novembro de 2009 - Londrina – Pr - ISSN 2175-960X Relações possíveis entre a neurociência e o acesso curricular Como um paradoxo em relação ao que pensamos dever ser o sentido da escola, quando avaliamos seu contexto, o que se percebe é a aproximação desta instituição a interesses que privilegiam alguns grupos sociais em detrimento da preservação humana e de suas necessidades omnilaterais. Atualmente, além de perspectivas teóricas de educação abrangendo concepções mais íntegras da relação sujeito-sociedade, não são poucos os avanços científicos e tecnológicos que podem contribuir na ampliação das possibilidades de intervenção pedagógica no contexto escolar. No entanto, não raro encontram-se nestes espaços, múltiplos argumentos de educadores (as) para justificar as impossibilidades de aprendizagem de grupos de alunos (as) que não se encaixam nos “padrões aceitáveis” de normalidade para a aprendizagem. A polifonia destes profissionais revela a necessidade de se dar maior visibilidade nos debates que envolvem questões sobre a acessibilidade curricular de alunos (as), a fim de desocultar uma tendência homogeneizadora – já secular - de pensar os sujeitos da aprendizagem nas suas formas e possibilidades de se relacionarem com o conhecimento. As diferenças dos (as) alunos (as) sejam de base cultural, étnica, econômica, biológica, de gênero ou de suas combinações, quer sob a perspectiva cognitiva, quer sob outra qualquer, não são justificativas para exclusão do ambiente da aprendizagem escolar. Muito pelo contrário, o que precisa ser banido da escola é o seu caráter sutil de mascarar sua inabilidade de mediação das aprendizagens curriculares desviando esta condição de deficiência para os alunos e alunas por ela designados (as) “os que não aprendem”. A escola, por natureza se constitui num espaço de demandas sociais historicamente construídas e estruturadas, cuja versão de caráter público apresenta de forma bastante acentuada as próprias contradições desta construção histórica expressadas nas “desigualdades de oportunidades” no seu interior ou fora dela. Entretanto, é visível o distanciamento que a escola formal parece fazer questão de manter entre seu saber e os saberes e práticas sociais diversos. Incluem-se neste enfoque as demandas do espaço escolar por aprofundamentos teóricos e metodológicos que tornem possíveis projetos educacionais favoráveis ao trabalho pedagógico com caráter 1964 3 a 6 de novembro de 2009 - Londrina – Pr - ISSN 2175-960X científico e que expressem uma compreensão da matéria prima com a qual estarão em contato: a mente humana. A compreensão das bases psicológicas e epistemológicas da aprendizagem não tem sido a regra na cultura da escola pública, mas a exceção. A prova concreta deste fato revela-se, não só, mas também por meio dos próprios índices estatísticos nas avaliações nacionais de rendimento escolar, evasão e repetência. Além dos dados estatísticos observa-se que em grande parte dos contextos de sala de aula da educação básica3 as práticas não expressam uma compreensão do (a) professor (a) quanto ao processo pedagógico desenvolvido. O que torna a tais práticas, “deficientes” na explicação do porque das aprendizagens ou das não aprendizagens por parte dos sujeitos sob sua docência. Desta forma, a ausência desse caráter científico nas salas de aula tem se desdobrado em significativas barreiras de âmbito pedagógico que se materializam pela via dos componentes curriculares. Tais barreiras comprometem não só a aprendizagem de alunos (as) com deficiência, mas a de qualquer outro “tipo” de aluno. Como se pontuou anteriormente há uma demanda histórica construída em torno da função escolar pública. Esta deve atuar como provedora de meios para a inserção nas relações sociais dos sujeitos que a freqüentam. Contudo este projeto de escola pública além da perda desse crédito vem acentuando o débito para com os sujeitos que dela demandam nos dias atuais. A linguagem da economia é aqui utilizada como forma de alertar que quando os interesses do mercado chegaram à escola (pelas mãos da burguesia), estes interesses travestiram-se da linguagem do povo e a partir de então, o aparato educacional passou a funcionar sob a perspectiva da exclusão, seleção, segregação. Assim, entre imagens e miragens o concreto, a exclusão. Sabe-se que a escola pública é bastante desprovida de conhecimentos que ampliem as lentes do mediador pedagógico na compreensão dos processos de pensamento dos sujeitos que integram este espaço. Um reflexo desta realidade vem se traduzindo numa prática cuja postura mecânica carente de suportes teóricos e 3 Quando se compreende que o que ocorre na educação básica com os conteúdos curriculares ao longo da escolarização é fundamentalmente o aumento do seu nível de complexidade é possível justificar um trabalho que estimule e consolide as bases para o pensamento reflexivo principalmente até o ensino fundamental. 1965 3 a 6 de novembro de 2009 - Londrina – Pr - ISSN 2175-960X metodológicos vem inviabilizando a aprendizagem de muitos (as) alunos (as). Práticas que homogeneízam o coletivo na sala de aula dificilmente atenderão às especificidades de diferentes alunos (as) no contexto regular de ensino. De forma excludente, os (as) alunos (as) com deficiência, dificuldades na aprendizagem, têm estigmatizados seu potencial para aprendizagem pelas práticas escolares. Ao chegarem aos espaços das salas regulares, as características psíquicas destes sujeitos realçam a impropriedade com que têm sido mediados os (as) próprios (as) alunos (as) sem deficiência. Isto porque o trabalho pedagógico a ser desenvolvido com ambos, diferencia-se principalmente no tocante às decisões a serem tomadas no campo do currículo por meio de seus componentes. Assim, torna-se uma exigência indispensável no contexto de aprendizagem um suporte teórico-metodológico que aproxime o comportamento epistêmico do sujeito aluno (a) do olhar investigativo docente. Justifica-se desta forma que para trabalhar com uma das principais matérias primas de sua prática - o cérebro humano – profissionais da educação necessitarão aproximar-se bem mais deste recurso naturalmente utilizado para produzir conhecimento. Eis o grande desafio da Pedagogia: articular-se ao campo de conhecimento neurocientífico convergindo esforços para que as práticas curriculares incluam todos(as) os(as) alunos(as). Sabe-se que o córtex cerebral é a região do sistema nervoso central responsável pela transformação dos estímulos recebidos em aprendizagem. Mas isto não ocorre de maneira indiscriminada ou aleatória. No movimento contínuo para “o aprender”, os sujeitos dependem da aptidão de múltiplas funções cognitivas, que de forma conjugada e bastante complexa se traduzem naquilo que convencionalmente passou-se a chamar de saberes-práticas-saberes. É nesse contexto que, A neurociência começa a fornecer provas dos diversos princípios de aprendizagem que surgiram a partir de pesquisa de laboratório, e está mostrando como a aprendizagem modifica a estrutura física do cérebro e, por meio disso, a sua organização funcional. (BRANSFORD, BROWN e COCKING, 2007). Neste sentido, é possível localizar a convergência entre as questões relativas a práticas curriculares inclusivas e conhecimentos do campo neurocientífico. O 1966 3 a 6 de novembro de 2009 - Londrina – Pr - ISSN 2175-960X ponto convergente ou de interseção aqui em destaque, revela-se fundamentalmente no que diz respeito às mediações a serem efetivadas pelos(as) professores(as) no contexto da sala de aula. Neste espaço destacam-se a importância de serem agregados pelos profissionais da educação, conhecimentos que os auxiliem na identificação de barreiras ou impedimentos cognitivos e conseqüentemente dos estímulos necessários na aprendizagem dos (as) alunos (as) em torno de um objeto em estudo. Sobre essa questão da relação entre o campo educacional e outras áreas de conhecimento, Riesgo (2006, p.21) evidencia o seguinte: No que se refere ao processo de aprendizado, existe uma interface entre duas áreas de atuação: a educação e a saúde. Na primeira, agem os educadores, orientadores educacionais, pedagogos e psicopedagogos; na segunda, atuam pediatras, neurologistas, neuropediatras, psicólogos psiquiatras da infância e adolescência, fonoaudiólogos, psicomotricistas, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, entre outros. A rigor, essa interface entre saúde e educação, na qual o assunto é o aprendizado normal e seus principais problemas, poderia ser denominada neuropedagogia. Assim, o acesso de qualquer aluno ao currículo, subtende a apropriação docente de conhecimentos que possam facilitar a avaliação de possíveis entraves para o ensino-aprendizagem destes (as) alunos (as), mas não apenas deles. Consideram-se suportes pedagógicos neste processo, os que não comprometam a perspectiva sóciohistórica da educação escolar, mas muito pelo contrário submetem-se a esta sob perspectiva de reforçá-la em seus pressupostos. Esta posição confirma-se em Leontiev, (2003, p.14) conforme se expressa: No plano pedagógico, constitui a base teórica um princípio pedagógico geral: a única boa docência é a que precede o desenvolvimento. Leontiev e Luria, que se remetem diretamente ao pensamento de Vygotsky, decidiram identificar a base psicofisiológica deste princípio pedagógico geral mediante a teoria dos sistemas cerebrais funcionais – órgãos fisiológicos móveis do cérebro. Quando se pensa numa sociedade inclusiva sob a perspectiva da crítica ao modelo capitalista de organização social, é preciso ampliar as possibilidades de acesso à escola-aprendizagem e, portanto à sociedade com sua diversidade humana por meio do 1967 3 a 6 de novembro de 2009 - Londrina – Pr - ISSN 2175-960X conhecimento historicamente construído, conforme previa o próprio Marx em sua crítica ao Programa de Gota: “A cada um segundo as suas necessidades, de cada um conforme suas possibilidades”. Esta é somente uma afirmativa que como tantas outras, abrem um campo fértil para se pensar não apenas as fragilidades da escola instituída, mas também refletir sobre o seu potencial instituinte, na contramão das concepções reducionistas do ser humano e que alimentam práticas excludentes de ensino. Sob esse entendimento, é fundamental compreender que a aprendizagem pode se dar de muitas formas e para o alcance de objetivos coletivos e singulares, pois são multideterminados os sujeitos que dela – da aprendizagem – demandam. Pensar a escola sob o paradigma de uma prática homogênea faz da mesma, espaço estéril na mediação do conhecimento, para muitos alunos e alunas que apresentam diferenças bem mais significativas nos seus estilos de aprendizagem. O que de um ponto de vista crítico, neurocientífico, revela a necessidade ainda bastante oculta que a escola tem de um projeto curricular que corresponda à sua identificação incondicional como lugar de ensino, portanto de aprendizagem. E sob essa mesma perspectiva RELVAS (2008, p. 34) conclui o seguinte, Diante disso, é fato que diversas dificuldades de aprendizagens poderão ser resolvidas ou amenizadas quando os educadores tiverem seus olhares focalizados na promoção do desenvolvimento dos diversos estímulos neurais que se expõem de forma que se compreendam os processos e os princípios das estruturas do cérebro, conhecendo e identificando cada área funcional, visando estabelecer rotas alternativas para aquisição da aprendizagem, utilizando-se de recursos sensoriais, como instrumento do pensar e do fazer. Quanto às reflexões em torno do objeto deste trabalho, é conveniente destacar a concepção de neuroplasticidade cerebral aqui defendida, bem como a importância de sua aplicabilidade à pedagogia visando subsidiar a ação pedagógica com qualquer aluno (a) – com ou sem déficits cognitivos – no contexto escolar. Conforme o entendimento de FONSECA (2007, p.41), 1968 3 a 6 de novembro de 2009 - Londrina – Pr - ISSN 2175-960X O cérebro debaixo de condições envolvimentais normais é um órgão plástico, e é nessas condições que o processo de aprendizagem decorre. Se, efetivamente, surge um problema ou uma dificuldade, por lesão ou por outra razão, não quer dizer que o sistema funcional esteja bloqueado. Pelo contrário, o que esta concepção sugere é, se existe alguma dificuldade, podemos mudar a natureza da tarefa (condições externas), ou então mudar a composição do sistema funcional, mudando a localizalção onde a informação é processada (condições internas), alterando consequentemente, a modalidade de input ou de output, modificando o conteúdo de verbal para não verbal ou promovendo as funções cognitivas de processamento de informação (input, elaboração e output), etc., adequando-a ao estilo e ao perfil de aprendizagem do indivíduo em consideração. É preciso que a escola pública caminhe na contramão ao reforço das desigualdades. Para isso deve priorizar a construção e o desenvolvimento de um currículo que apreenda as características biopsicossociais dos sujeitos escolares e do entorno escolar numa relação dinâmica com a realidade macro-estruturada. Pensa-se que assim pode ser possível promover ambiente de estímulo, desenvolvimento, reflexão-ação contínuos e necessários para que o currículo expressado quer na forma planificada, quer na forma multideterminada, reflita as demandas de emancipação de todos (as) os (as) alunos (as) em relação ao contexto social no qual se insere. Considerações finais Projetar objetivos e ações considerando a multiplicidade de pontos de vista e de saberes, na consecução de sua própria identidade é, sem dúvida, o primeiro movimento a ser desenhado numa proposta curricular para uma escola pública que, na perspectiva de ser inclusiva, não oculta as diferenças e contradições existentes em sua dinâmica, mas parte para a superação destas últimas. Reconhecer e não ocultar essas diferenças no contexto das diretrizes e políticas que vem orientando a educação no Brasil e no mundo não se trata mais de uma 1969 3 a 6 de novembro de 2009 - Londrina – Pr - ISSN 2175-960X simples alternativa pedagógica comprometida com sujeitos cujas características para aprender não dispensam uma leitura (des) homogeneizadora do ato de ensinar e aprender, mas envolve uma questão bem mais complexa que é a de se pensar em dar respostas que sejam acessíveis pelos (as) alunos (as) em suas especificidades psicognitivas e sócio-históricas. Portanto, a ação de ensinar consiste em pensar curricularmente – com vida e a partir dela - formas, teorias, metodologias e conhecimentos que auxiliem e ampliem as possibilidades de aprendizagem dos sujeitos deste processo. Para isso é indispensável considerar sua omnilateralidade, bem como os movimentos necessários na garantia do acesso ao conhecimento sistematizado com ou sem alterações nos componentes curriculares. Uma prática nesta dimensão certamente implicará em possibilidades de transformação e de inserção sócio-cultural de cada criança, adolescente ou jovem na sociedade independentemente de apresentarem ou não deficiência. REFERÊNCIAS BRANSFORD, John D.; BROWN, Ann L.; COCKING (Org.). Como as pessoas aprendem: cérebro, mente, experiência e escola. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2007. FONSECA, Vitor da. Cognição, neuropsicologia e aprendizagem: Abordagem neuropsicológica e psicopedagógica. Petrópolis:Vozes, 2007. FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria (Org.). Teoria e educação no labirinto do capital. Petrópolis: Vozes, 2001. LEONTIEV, Alexis. et al.. Os princípios do desenvolvimento mental e o problema do atraso mental In: LEONTIEV, Alexis et al. Psicologia e pedagogia: bases psicológicas da aprendizagem e do desenvolvimento. São Paulo: Centauro, 2003. ROTTA, Newra Tellechea [et al.]. Transtornos da aprendizagem: abordagem neurobiológica e multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006. RELVAS, Marta Pires. Neurociências e transtornos de aprendizagem: as múltiplas eficiências para uma educação inclusiva. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2008. 1970