Radiações Solares e suas Conseqüências para os Olhos Realização Organizado por: Luis Alberto Perez Alves A IMPORTÂNCIA DO ÓCULOS DE PROTEÇÃO SOLAR INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho de compilação é demonstrar de uma forma sucinta, prática e rápida, as justificativas para que os óculos de proteção solar terem regulamentação quanto a suas características técnicas de qualidade reforçando a sua capacidade de filtrar os raios nocivos ao olho humano além de características de engenharia de superfície, bem como ação seletiva de cores e luminosidade. O trabalho amparado por farta referência bibliográfica (mais de 4 dezenas delas) demonstra os malefícios da radiação UV para a humanidade, e não estamos apenas falando de câncer de pele e patologias oculares em seres humanos, destaca-se também sua atuação funesta na agricultura, por ex: as culturas de soja diminuem a produção proporcionalmente ao incremento de radiação UV livre na atmosfera, o fitoplancton (base da cadeia alimentar marinha) diminuem, larvas de peixes escasseiam, rebanhos bovinos com enfermidades oculares como conjuntivite, salmões cegos, coelhos com exoftalmia, ovelhas cegas, arvores deformadas, etc. E o homem tão pouco dotado de proteções naturais acaba sendo duplamente prejudicado, direta e indiretamente pelas radiações UV. Especial atenção deve ser dada às pessoas que desenvolvem ocupações ao ar livre como: trabalhadores da construção civil, marinheiros e pescadores, aviadores, trabalhadores rurais, vendedores externos, guarda vidas, esportistas, etc. Estas pessoas precisam ter seus olhos protegidos nestas atividades se não quisermos em um futuro próximos sobre carregarmos ainda mais os cofres da previdência com mais casos de cegueira no país. O Decreto-Lei n°8.829, de 24 de janeiro de 1.946 sabiamente reconheceu a importância dos óculos de proteção solar em sofrerem controle por profissionais ópticos e o sujeitou ao disposto no Decreto n°24.492, de 28 de junho de 1.934. Hoje o que precisamos são regras claras de quais são os critérios técnicos essenciais a uns óculos de proteção solar, classificação destas proteções, certificação da qualidade necessária, informações claras e objetivas ao consumidor sobre as indicações e contra-indicações para o produto que está interessado (bula de uso ou manual do produto), pois cada tipo de lentes presta-se a uma proteção ou uso em particular. Enfim, este trabalho realizado pela equipe do Sindióptica-SP tem o objetivo de fornecer subsídios para que todos os envolvidos em preservar a saúde ocular da população, tenham dados inequívocos dessa necessidade. Que Deus ilumine a todos . Akira Kido Presidente Sindióptica-SP A IMPORTÂNCIA DO ÓCULOS DE PROTEÇÃO SOLAR O que é Radiação Ultravioleta ? A radiação ultravioleta (R-UV) é a parte do espectro eletromagnético referente aos comprimentos de onda entre 100 e 400 nm. De acordo com a intensidade que a R-UV é absorvida pelo oxigênio e ozônio e, também pelos efeitos fotobiológicos costuma-se dividir a região UV em três intervalos: Nome Intervalo espectral (nm) UVC 100 - 280 UVB 280 - 320 UVA 320 - 400 Características Completamente absorvida pelo O2 e O3 estratosférico e, portanto, não atinge a superfície terrestre. É utilizada na esterilização de água e materiais cirúrgicos. Fortemente absorvida pelo O3 estratosférico. É prejudicial à saúde humana, podendo causar queimaduras e, a longo prazo, câncer de pele. Sofre pouca absorção pelo O3 estratosférico. É importante para sintetizar a vitamina D no organismo. Porém o excesso de exposição pode causar queimaduras e, a longo prazo, causa o envelhecimento precoce. Pode-se dizer que o Sol emite energia em, praticamente, todos os comprimentos de onda do espectro eletromagnético permeados pelas diversas linhas de absorção. 44% de toda essa energia emitida se concentra entre 400 e 700 nm, denominado espectro visível de energia. O restante é dividido entre radiação ultravioleta (< 400nm) com 7%, infravermelho próximo (entre 700 e 1500nm) com 37% e infravermelho (> 1500nm) com 11%. Menos de 1% da radiação emitida concentra-se acima da região do infravermelho, como seja, microondas e ondas de rádio, e abaixo da região ultravioleta, como raios X e raios gama. O que é Índice Ultravioleta (IUV) ? O Índice Ultravioleta (IUV) é uma medida da intensidade da radiação UV. O IUV é apresentado como um número inteiro. De acordo com recomendações da Organização Mundial da Saúde, esses valores são agrupados em categorias de intensidades, conforme mostra a tabela abaixo: CATEGORIA BAIXO MODERADO ALTO MUITO ALTO EXTREMO ÍNDICE ULTRAVIOLETA <2 3a5 6a7 8 a 10 > 11 Radiação ultravioleta Tipo de radiação eletromagnética invisível ao olho humano, com comprimentos de onda menores que a da luz visível e mais longos que os dos raios X. A radiação ultravioleta natural é produzida principalmente pelo Sol, mas nem todos os comprimentos de onda chegam à superfície terrestre. Detectores de ultravioleta costumam ser usados em satélites e sondas espaciais. Por estarem acima da atmosfera, podem captar essa radiação sem barreiras. Outra área do espectro ultravioleta é útil como agente esterilizador para matar bactérias. Efeitos da R-UV sobre os olhos Do mesmo modo que a radiação ultravioleta pode causar danos à pele humana, ela também pode ocasionar ou intensificar problemas e doenças nos olhos. De um modo geral, a exposição excessiva a qualquer tipo de radiação pode levar a algum tipo prejuízo à saúde dos olhos. A presente tabela apresenta, de acordo com o espectro de radiação, um resumo sobre esses possíveis problemas: Espectro Tecido afetado Local de absorção UVC / UVB Córnea Epitélio UVB / UVA Cristalino Núcleo Visível Retina Epitélio pigmentário Tipo de dano Fotoquímico: fotoqueratite e opacidades na córnea Fotoquímico: Catarata Térmico: diminuição da visão Hemoglobina Hemorragia intraocular Pigmento macular Alterações na percepção de cores Térmico: diminuição da visão Retina Epitélio pigmentário Cristalino Epitélio Córnea Epitélio IVA Catarata Opacidades Queimaduras IVC Córnea Epitélio superficiais tabela 1 - Efeitos da radiação solar sobre o olho humano (adaptado de Vergaz, 2001) IVB Na tabela o espectro está dividido em: UVC (< 280nm), UVB (280–320nm), UVA (320–400nm), Visível (400–750nm), IVA (780–1400nm), IVB (1400– 3000nm) e IVC (3000–10000nm), onde UV: Ultravioleta e IV: Infravermelho. Quanto menor o comprimento de onda da radiação, maior o dano causado à estrutura ocular. Por esta razão, as radiações UV são mais nocivas do que a luz nos comprimentos de onda visível e IV. Um outro fator que diferencia os danos causados pela radiação UV é que sua percepção não é imediata. Enquanto a radiação IV se manifesta na forma de calor e a luz visível pode ser vista, o UV não provoca nenhuma reação que desperte algum dos sentidos do ser humano. Da mesma forma que a pele humana, os olhos podem ser mais ou menos sensíveis às radiações. De acordo com a cor, cuidados, idade e condições de saúde do indivíduo, essa sensibilidade tende a ser maior ou menor. Os tecidos que compõem o globo ocular possuem uma transparência média em relação à luz, e essa transparência é dependente do comprimento de onda. A figura abaixo apresenta um corte esquemático do olho humano e a figura subseqüente mostra os percentuais de R-UV absorvida em alguns de seus elementos: - Estrutura do olho humano (adaptado de RDC, 1988 e Kolb et al., 1996) O cristalino desempenha um papel importante na proteção às radiações UV e, cirurgias que eliminam esse elemento da estrutura ocular, como a cirurgia de catarata, por exemplo, modificam bruscamente essa condição de proteção e a implantação de lentes protetoras faz-se necessária. As inflamações da córnea e da conjuntiva são seqüelas diretas da radiação UVB. Os sintomas de ambas enfermidades caracterizam-se por dor, lacrimação, sensação de corpo estranho, fotofobia e possível avermelhamento das pálpebras. As lesões nas pálpebras são as que têm demonstrado relação mais direta com a exposição à luz solar, principalmente na identificação de lesões malignas. A radiação UVA é apontada como responsável pelo desenvolvimento de cataratas. A Organização Mundial da Saúde estima que existem de 12 a 15 milhões de casos de cegueira relacionados a catarata no mundo, e um quinto desses casos estão diretamente relacionados à exposição aos raios UV. Esses números só reforçam a importância de protegermos os nossos olhos. - Absorção de R-UV pelos elementos do olho humano (Sliney e Wolbarsht, 1980) Uma pesquisa realizada com mil pessoas pelo oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, demonstra que enquanto 79% das pessoas têm conhecimento sobre a necessidade de proteger a pele da excessiva exposição ao sol para evitar o câncer de pele, menos de 1% conhece os riscos da radiação UV para os olhos, contra 6% de um estudo conduzido pela Transitions Optical nos Estados Unidos e mais de 50% dos óculos não contam com proteção solar. Os olhos deverão ser protegidos por óculos de sol contendo filtros UV-A e UV-B até 400 nm. Na Europa de acordo com a diretiva C.E 89/686/CEE, os fabricantes deverão indicar a categoria de proteção das lentes para a luz visível e ultravioleta. Para uso geral recomendase a categoria 3, enquanto que para atividades de alto risco como o montanhismo ou os desportos náuticos se recomenda a categoria 4. O médico alerta que os efeitos dos raios UV são cumulativos. Por isso, a atenção com a proteção dos olhos das crianças deve ser redobrada já que a maioria das pessoas recebe 80% da radiação ultravioleta entre a infância e adolescência, período em que as atividades ao ar livre são mais intensas. Isso significa que os pais devem estar atentos às lentes oftálmicas usadas pelas crianças já que mesmo os óculos de grau podem ter lentes com 100% de proteção UV. De todos os riscos à saúde ocular intensificados no verão é o mais nocivo porque a maior exposição aumenta a probabilidade de surgir catarata Uma das mais importantes causas de deficiência visual no mundo, a catarata ocorre quando o cristalino (a lente natural do olho) se torna opaco, em 2.002, no Centro de Pesquisa Ocular da Universidade de Melbourne, Austrália, foram levantados e revisados 22 estudos epidemiológicos que mostraram, em sua maioria, a causalidade e a associação entre a exposição à radiação UV-B e o desenvolvimento de catarata cortical e subcapsular posterior. Estudo realizado na Universidade de Medicina de Boston, no Laboratório de Pesquisa Ocular, em 2.000, revela os efeitos bioquímicos adversos nas células epiteliais do cristalino da exposição ao UV-A, com o aumento do estresse oxidativo cristaliniano e a indução de alterações cataratosas. Estudos laboratoriais e epidemiológicos relacionam uma incidência elevada de catarata em pessoas com maior exposição aos raios UV. O pterígio que é o crescimento da conjuntiva (tecido transparente sobre a esclera, o “branco do olho”), horizontalmente, sobre a córnea. É diretamente associado a pessoas com alta exposição ao sol e ao vento, e pode prejudicar a visão e a estética, se não for tratado. Pode ser removido cirurgicamente, embora retorne em alguns casos. Fotoceratite é o resultado da exposição excessiva da córnea aos raios UV, após longos períodos ao sol, sem proteção. É reversível, apesar de ser extremamente dolorosa, e dura cerca de 24 horas. Degeneração macular que é a degeneração das células do principal segmento da retina (mácula). Em pessoas com mais de 55 anos, essa doença é a maior responsável por deficiências visuais, podendo levar à cegueira. Segundo estudo realizado pela World Health Organization, a retina de crianças é também mais suscetível de lesão fotoquímica pelos raios UV-B, uma vez que o seu cristalino não é capaz de absorver, como no adulto, os comprimentos de onda mais agressivos. Estudos de laboratório associam a exposição crônica aos raios UV a danos causados a essas células da retina. Tumores de córnea e conjuntiva: Esses tumores podem ser conseqüência de exposição excessiva à radiação ultravioleta tanto pelos raios solares quanto por fontes artificiais. A origem principal dos tumores localiza-se nas células epiteliais, sendo o carcinoma a forma mais freqüente. Durante a exposição ao sol deve-se sempre usar óculos de sol com proteção UV até 400 nm e, de preferência, também um chapéu. A Academia Americana de Oftalmologia recomenda o uso de óculos escuros com lentes dotadas de bloqueio dos raios ultravioleta, preferencialmente com contornos que impeçam a passagem dos mesmos pelas laterais como, por exemplo, óculos para prática de esqui. No entanto, a maioria dos modelos de óculos de sol não cobre completamente a área ao redor dos olhos, não oferecendo proteção contra a luz direta ou refletida que penetra pelos lados, por cima e por baixo dos óculos. Tanto a catarata quanto a degeneração macular são doenças típicas da terceira idade, mas têm surgido cada vez mais precocemente devido à falta de proteção, adverte Queiroz Neto. No mundo todo a catarata representa mais de 50% dos casos de cegueira que atinge 50 milhões de pessoas e cresce 20% ao ano no Brasil, ou seja, anualmente totaliza 120 mil novos casos, segundo recente pesquisa do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia).A melhor forma de proteger os olhos da radiação é usar óculos que tenham lentes com proteção UV, boné ou chapéu. A proteção independe da cor das lentes, destaca, mas os óculos escuros sem proteção UV são piores do que não usar nada. Isso porque no escuro as pupilas dilatam facilitando a entrada da radiação que pode causar queimaduras nos olhos.Segundo Queiroz Neto. a falta de proteção contra a radiação ultravioleta aumenta em 60% a chance de surgir a catarata. A doença torna o cristalino opaco, impedindo que a luz chegue à retina e forme imagens nítidas. O pterígio, explica Queiroz Neto, é uma forma de defesa contra o ressecamento provocado pela radiação UV em que há o espessamento da conjuntiva. A fotoceratite é uma inflamação da córnea provocada pelo ressecamento da lágrima. Já a degeneração macular é a maior causa da cegueira irreversível no Ocidente e tem maior incidência entre pessoas que trabalham expostas ao sol. Trata-se de uma doença silenciosa que faz as células da retina central (mácula) se tornarem cada vez menos eficientes, resultando na perda da visão central. Não por acaso, ressalta o médico, hoje no mundo todo diversos institutos meteorológicos acompanham diariamente os índices de radiação UV e fazem parcerias com indústrias do setor óptico que trabalham lentes com proteção UV usando diversas tecnologias. Queiroz Neto também diz que recente estudo feito com pilotos de avião demonstra que estes profissionais recebem maior carga de radiação UV nos olhos e se tornam mais suscetíveis a contrair catarata. Por isso faz um alerta a executivos que viajam constantemente de avião sobre a necessidade de proteger os olhos durante os vôos. A nossa integração com o meio ambiente, ressalta, depende em 80% da visão e a perda da saúde ocular representa um alto custo social e empresarial, conclui. As primeiras lentes oftálmicas absorventes de ultravioleta, fabricadas em vidro óptico, eram escurecidas, o que obrigava seu dono a possuir outro par de óculos claros para uso noturno. Com o avento da resina orgânica, tornou-se possível produzir lentes incolores, absorventes das radiações ultravioleta e mais transparentes do que o vidro óptico. Para isso acrescenta-se aos ingredientes da resina, durante seu preparo, o absorvente 2-hidroxi-4-noctobenzofenona. As lentes obtidas por este meio bloqueiam a passagem dos raios ultravioleta conservando perfeita transparência. A industria Sola (atualmente esta empresa pertence a Carl Zeiss da Alemanha e tem fabrica em Petrópolis no RJ) utiliza esta tecnologia em suas lentes de resina orgânica proporcionando desta forma a barragem da radiação ultravioleta completamente até 360 nm. A Radiação Ultravioleta e o Olho Humano Do mesmo modo que a radiação ultravioleta pode causar danos à pele humana, ela também pode ocasionar ou intensificar problemas e doenças nos olhos. De um modo geral, a superexposição a praticamente qualquer tipo de radiação pode levar a esses danos. A tabela abaixo apresenta o tipo de problema, de acordo com o espectro de luz. Região espectral Tecido afetado Local de absorção Tipo de dano UVC (< 280nm) Córnea UVB (280–320nm) Epitélio Fotoquímico: fotoqueratite e opacidades na córnea UVB (280–320nm) Cristalino UVA (320–400nm) Núcleo Fotoquímico: Catarata Retina Epitélio pigmentário Hemoglobina Pigmento macular - Térmico: diminuição da visão - Hemorragia intraocular - Alterações na percepção de cores IVA (780–1400nm) Retina Cristalino Epitélio pigmentário Epitélio - Térmico: diminuição da visão - Catarata IVB 3000nm) (1400– Córnea Epitélio Opacidades IVC 10000nm) (3000– Córnea Epitélio Queimaduras superficiais Visível 750nm) (400– Tabela – Efeito da radiação solar sobre o olho humano. Onde UV: Ultravioleta e IV: Infravermelho. Pesquisas têm mostrado que a radiação UV danifica o DNA e o material genético, oxida os lipídios e produz Perigosos radicais livres, causa inflamação, rompe a comunicação celular, modifica a expressão dos genes em resposta ao estresse e enfraquece a resposta imune da pele Os danos causados à vista, podem ser divididos em dois tipos distintos de acordo com a forma de exposição: curtas exposições a intensas quantidades de radiação e longas exposições a baixas intensidades de radiação. No primeiro caso o elemento que mais sofre é a córnea, as manifestações são agudas e surgem após um período de latência; no outro caso, mais comum nos ambientes de trabalho, o cristalino e a retina são os mais atingidos. Em ambos casos a manifestação pode se tornar um processo crônico, mesmo que seja decorrente de um processo agudo. Ainda que não haja uma determinação exata da susceptibilidade do olho à radiação, é certo que doses elevadas produzem fotoconjuntivite (inflamação da conjuntiva) e fotoqueratite (inflamação da córnea). Porém, exposições prolongadas, mesmo a baixas intensidades, podem também produzir cataratas, pterígio ou alguns tipos de carcinomas, que podem ser irreversíveis ou exigir uma intervenção cirúrgica. Como a R-UV não é necessária para a visão, não existem motivos para evitar métodos de atenuar a intensidade desse tipo de radiação e, conseqüentemente, proteger os olhos. A radiação solar chega aos olhos de forma direta e indireta (radiação difusa). Essa segunda forma é ainda mais importante no caso da R-UV, devido ao intenso espalhamento nessa região do espectro. Os filtros empregados na construção de óculos deveriam ser opacos aos comprimentos de onda menores que 400nm (UV) e maiores que 700nm (IV) (Vergaz, 2001). Porém, a maioria das lentes permite a passagem de certa quantidade de radiação nesses comprimentos de onda. Muitos óculos de baixa qualidade e com lentes plásticas praticamente não oferecem proteção alguma e ainda podem apresentar distorções que prejudicam a visão. As lentes adequadas devem estar livres de imperfeições, eliminar mais de 99% da R-UV e entre 75 e 90% da radiação visível, evitando incômodo ocular e reflexões excessivas. De acordo com recomendações internacionais (EEC, 1989), os fabricantes devem indicar claramente o grau de proteção de cada lente. Os graus de proteção variam numa escala de 0 a 4, de acordo com a classificação: Grau Utilização 0 Conforto, estética 1 Luminosidade solar fraca 2 Luminosidade solar média 3 Luminosidade solar forte 4 Luminosidade solar excepcional (não recomendada para conduzir) - Grau de proteção para lentes oculares (EEC, 1989) A super-exposição a radiação solar pode resultar em agudos e crônicos efeitos à saúde da pele, olhos e sistema imunológico. Riscos à saúde fazem com que a proteção solar seja essencial no trabalho desenvolvido a céu aberto, como é o caso da construção civil. A exposição crônica ou prolongada à radiação ultravioleta tem sido relacionada com diversos efeitos à saúde, incluindo o câncer de pele, envelhecimento prematuro da pele e problemas nos olhos. De acordo com Eduardo Bernardino Filho, da Segmet System, a proteção deve ser usada inclusive em dias nublados, da mesma forma que se recomenda os bloqueadores para a pele. Pessoas que trabalham a céu aberto, por três ou mais anos, ainda como adolescentes, têm três vezes maior risco do que a média de desenvolverem um melanoma. A radiação UV pode danificar os olhos assim como a pele. Um estudo recente foi feito com pescadores que permaneciam muito tempo na água e estavam expostos não somente à luz direta mas também à luz refletida do sol. Os pescadores que não protegiam seus olhos do sol tiveram mais de três vezes a incidência da forma mais comum de catarata do que aqueles que protegiam seus olhos regularmente. Proteção Para se proteger dos raios ultravioletas, use filtro solar, utilize óculos escuros com proteção UV até 400 nm e procure não se expor ao sol no final da manhã e no início da tarde, quando os raios são mais intensos. Índice UV - Onde consultá-lo http://www1.folha.uol.com.br/folha/tempo/iuv.html O Índice UV 1 2 2 3 3 baixo (1 e 2) moderado (3,4,5) alto (6 e 7) muito alto (8, 9 e10) extremo (11+) VERDE AMARELO LARANJA VERMELHO ROXO ***Como se proteger - roupas e chapéus prefira os de tecido sintético e de cores escuras. Uma blusa de algodão branca, por exemplo, deixa passar 20% da radiação ultravioleta. Se possível, invista em viseiras e camisetas de tecidos tratados contra os raios, que chegam a oferecer mais de 90% de proteção - óculos escuros devem sempre ter lentes que protejam os olhos dos raios ultravioletas até 400 nm. Peça para a ótica o certificado e nunca compre óculos de sol em camelôs - Protetor solar observe se o filtro tem proteção contra os raios UVA e, principalmente, UVB. O fator depende do tipo de pele: quanto mais claro for, maior ele deve ser. No geral, recomenda-se fator 30. Lembre-se de aplicar o filtro em grande quantidade (o recomendável são 30 g para uma pessoa de 70 kg) e de reaplicá-lo, principalmente após entrar na água ou suar OMS alerta para perigos dos raios ultravioleta Desde 1970, os índices de catarata e cânceres de pele não eram tão altos e vêm aumentando todos os anos. Diante disso, a Organização Mundial de Saúde (OMS) resolveu fazer um guia prático para orientar as pessoas sobre os efeitos danosos que o sol pode gerar para a saúde. A falta de proteção junto aos raios ultravioleta e a deterioração da camada de ozônio são os principais fatores apontados para esse atual alerta mundial. Com medidas simples, como o uso de vestimentas apropriadas (bonés e óculos de sol com proteção UV até 400 nm, por exemplo), cremes para a pele e se prevenir do sol em determinados horários podem minimizar os riscos diante de desenvolver essas doenças. Outro aspecto é que em todo o mundo mais 2 milhões de pessoas tornam-se cegas devido à catarata. A adoção de medidas contra os raios ultravioleta podem reduzir as infecções com vários programas de saúde de todo o mundo. A meta desse novo guia da OMS é para propiciar a orientação sobre todos os perigos à saúde representados pela exposição excessiva dos raios ultravioleta e, além disso, que isso motive campanhas educativas envolvendo especialmente sobre esses problemas. Proteção ocular e radiação ultravioleta “Os raios ultravioleta (UVA e UVB) são ondas eletromagnéticas luminosas invisíveis aos olhos, sendo emitidos pela luz solar, lâmpadas fluorescentes, monitores de vídeo etc. Algumas condições predispõem a uma maior exposição das pessoas aos efeitos da radiação UV, tais como regiões elevadas, proximidades com a região equatorial e áreas com superfície de grande reflexão de luz, como a neve, areia, águas e pavimentação, nos dias de sol ou nublado. A exposição prolongada à radiação, sem proteção adequada, pode resultar em injúrias da superfície ocular com lesões nas pálpebras, inflamações na córnea, desenvolvimento de pterígio (carnosidade) e de cataratas, queimaduras na retina e formação de membrana macular, principalmente em afácicos (sem implante de lente intra-ocular após cirurgia de catarata). O uso de protetores solares tem o objetivo de reduzir a quantidade de radiação UV servindo como uma barreira protetora No Brasil os protetores solares são considerados cosméticos (AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA, 2002), diferentemente dos Estados Unidos da América, onde o FDA (Food and Drug Administration) considera esses produtos como “OTC” (over the counter, uma denominação utilizada para medicamentos de venda livre). O grau de proteção atingido pelos protetores pode estar diretamente associado ao maior conhecimento das estruturas com capacidade de absorver e/ou dispersar a radiação solar. O fator de proteção solar é obtido através de testes pelo uso da técnica de espectrofotometria. A proteção ocular se faz necessária através do uso de lentes com filtros que bloqueiam 100% dos raios UVA e UVB. Esta proteção deve ser aplicada nas lentes para óculos, em lentes de contato e em lentes intra-oculares utilizadas em cirurgias de catarata. Além dessa barreira de proteção, vários outros cuidados podem ser tomados na confecção de uma lente, propiciando maior conforto visual e melhor estética dos óculos. Entre eles, uso de lentes com bloqueio para luz azul, lentes polaróides, fotocromáticas, espelhadas, com tratamento anti-reflexo e armações com lentes protetoras laterais. Na hora de escolher seus óculos consulte seu especialista e não deixe que a economia sem critérios cause prejuízo visual no futuro, pois mesmo que as lentes apresentem garantia de proteção anti UVA e UVB alguns cuidados devem ser observados, tais como qualidade óptica, material utilizado, tipo de armação etc.” *Proteção Ocular: Anatomicamente existe proteção natural aos olhos, pelo fato do olhar ser na horizontal, evitando grande parte dos raios refletidos do solo, além dos cílios, pálpebras, sombrancelhas, nariz, bochechas. A porção nasal dos olhos fica mais exposta à luz refletida do nariz. Os olhos ficam expostos de 7 a 17% dos níveis de raios UV do ambiente. Grande parte destes é filtrada pela córnea e pelo cristalino, sendo que apenas 2% destes raios alcançam a retina. Outras fontes apontam para a seguinte exposição aos raios UV ambientes: 72% sem proteção; 47% com chapéu; 17% com óculos escuros; 8% com óculos escuros e chapéu; 4% dentro de casa. Óculos de Proteção e Raios UV Lentes oftálmicas adequadas proporcionam proteção e conforto por meio da absorção de radiações luminosas indesejáveis. Segundo Dr. João Luiz Lobo Ferreira, sempre que for comprar óculos escuros é importante inspecioná-los verificando a presença de arranhões em sua superfície, bem como a qualidade óptica das lentes. Uma maneira prática é observar um objeto linear e mover o rosto para cima, para baixo, para os lados, verificando se há alguma distorção. Óculos mais baratos normalmente arranham com mais facilidade, apresentam mais aberrações e a moldura se quebra mais facilmente. De maneira geral óculos escuros filtram 95% dos raios UV-B. A qualidade das lentes, portanto, pode fazer a diferença, evitando-se assim desconforto e dores de cabeça decorrentes de óculos de má qualidade. Óculos ideais são aqueles que diminuem a luz visível a níveis confortáveis, bloqueando inteiramente os raios UV, invisíveis, porém nocivos para os olhos. A capacidade das lentes dos óculos de absorver os raios UV depende dos cromóforos (moléculas que absorvem raios UV) presentes, não importando a cor dos óculos, se muito escuros ou mais claros, estando disponíveis em lentes transparentes. Dicas: Quem deve ser protegido dos Raios UV Pacientes com catarata inicial, para reduzir o glare provocado pela luz Pacientes recebendo medicamentos fotosensibilizantes Trabalhadores com contato com raios UV: soldadores, eletrônicos, artes gráficas, Pesquisadores de rua Pessoas que ficam muito no sol Pacientes com pingüécula, pterígeo, degeneração macular Pessoas que praticam esportes em contato com raios UV Crianças, principalmente na praia, dunas, ou outros locais Todas as pessoas que querem manter seus olhos saudáveis, confortáveis, eliminando, reduzindo ou retardando problemas na córnea, cataratas, retinopatias solares. Assim como a pele humana, os olhos podem ser mais ou menos sensíveis às radiações. De acordo com a cor, idade e condições de saúde do indivíduo, essa sensibilidade tende a ser maior ou menor. “O cristalino desempenha um papel importante na proteção às radiações UV. As cirurgias que eliminam o cristalino da estrutura ocular, como a cirurgia de catarata, modificam bruscamente essa condição de proteção e a implantação de lentes protetoras faz-se necessária”, explica Virgilio Centurion, que é presidente da ALACCSA, Associação Latino-Americana de Cirurgiões de Córnea, Catarata e Cirurgias Refrativas. Bebês e crianças correm maiores riscos de sofrerem danos oculares devido à maior transparência do cristalino. Nos adultos, esse risco é minimizado, pois o cristalino tende naturalmente a se tornar mais opaco com a idade e, assim, absorver maior quantidade de radiação. As inflamações da córnea e da conjuntiva são conseqüências diretas da radiação UVB, que apresentam como sintomas dor, lacrimejamento, sensação de corpo estranho, fotofobia e possível avermelhamento das pálpebras. “As lesões nas pálpebras são as que têm demonstrado relação mais direta com a exposição à luz solar, principalmente na identificação de lesões malignas. A radiação UVA é apontada como responsável pelo desenvolvimento da catarata”, explica o oftalmologista Juan Caballero, que também integra o corpo clínico do IMO. Os danos causados à visão podem ser divididos em dois tipos distintos de acordo com a forma de exposição: curtas exposições com intensas quantidades de radiação e longas exposições com baixas intensidades de radiação. “No primeiro caso, o elemento que mais sofre é a córnea, as manifestações são agudas e surgem após um período curto de latência; no outro caso, mais comum nos ambientes de trabalho, o cristalino e a retina são os mais atingidos”, afirma Caballero. Em ambos os casos, a manifestação pode se tornar um processo crônico, mesmo que seja decorrente de um processo agudo. “Ainda que não haja uma determinação exata da susceptibilidade do olho à radiação, é certo que doses elevadas produzem fotoconjuntivite - inflamação da conjuntiva - e fotoqueratite - inflamação da córnea. Porém, exposições prolongadas, mesmo a baixas intensidades, podem também originar catarata, pterígio e alguns tipos de câncer que podem ser irreversíveis ou exigir uma intervenção cirúrgica”, reforça Virgilio Centurion. Os filtros empregados na construção dos óculos de sol devem ser opacos aos comprimentos de onda menores que 400nm (UV) e maiores que 700nm (IV). “As lentes adequadas para proteger os olhos devem estar livres de imperfeições, eliminar mais de 99% da radiação UV e entre 75 e 90% da radiação visível, evitando incômodo ocular e reflexos excessivos. A utilização de óculos de sol cujas lentes não ofereçam proteção adequada é considerada mais perigosa do que simplesmente não usar os óculos de sol. “O olho humano possui mecanismos de defesa naturais que são inibidos pela escuridão proporcionada pelas lentes. A pupila, que automaticamente se fecharia diante da luminosidade, mantém-se dilatada quando utilizamos lentes escuras. A reação natural do ser humano de fechar os olhos é comprometida pela utilização dos óculos de sol. Portanto, se as lentes não protegem os olhos, os raios ultravioletas passam e afetam a retina mais severamente do que se não estivéssemos usando nenhum tipo de lente”, explica Virgilio Centurion. Além de saber o nível de proteção contra a radiação ultravioleta, é bom que o paciente conte com orientação profissional no momento da compra e adaptação dos óculos. “Deve ser dada preferência às lentes que envolvam bem os olhos ou que impeçam a penetração de luz através das aberturas existentes entre os óculos e o rosto”, recomenda Caballero. A compra de óculos falsificados, ou a pirataria, além de se apresentar como um perigo potencial à saúde humana, dificulta, ainda, a aplicação do Código de Defesa do Consumidor. A mercadoria falsificada é oferecida no mercado informal, o que dificulta a identificação e a responsabilização do vendedor ou do fabricante, e a comprovação da compra, por não haver emissão de nota fiscal. “No momento em que compramos um produto pirateado, rasgamos o Código de Defesa do Consumidor, que é a forma do cidadão garantir seus direitos e participar da sociedade de consumo”, diz Virgilio Centurion. No endereço http://satelite.cptec.inpe.br/uv é possível acompanhar, em tempo real, o índice de radiação ultravioleta em todo o Brasil. Óculos de sol vira uniforme escolar Escola australiana inclui óculos de sol com uniforme obrigatório em escola infantil **Essa vem do outro lado do mundo: uma escola primária de Sidney, na Austrália, incluiu óculos escuros como item de uso obrigatório no uniforme de seus alunos. A mudança, que busca proteger os olhos das crianças dos raios ultravioletas (UV), vale para os alunos do jardim de infância até a sexta série primária, e segundo o diretor da Escola Pública Arncliffe ainda não houve qualquer problema para que as crianças os usem no playground. Segundo a oftalmologista pediátrica Célia Nakanami, é importante o uso desde a infância, pois a exposição aos raios ultravioletas têm efeito cumulativo. “O problema da exposição a longo prazo é que pode prejudicar o cristalino, a retina e até mesmo fazer queimaduras nas córneas. Até óculos de grau deve conter esse tipo de proteção”, alerta. O ideal é comprar óculos de boa qualidade, com proteção de 100% contra os raios UV. Menos que isso já não é considerado seguro pelo InMetro. A idéia foi tão bem acolhida por aqueles lados do planeta que autoridades da área de Educação disseram que podem considerar a hipótese de expandir o plano de saúde visual para todas as escolas estaduais do país. John Della Bosca, secretário da Educação do Estado de New South Wales (do qual Sidney é a capital) declarou que em certos ambientes seja mais apropriado que as crianças usem óculos escuros quando estiverem brincando ao sol. A médica afirma que crianças e adolescentes ficam mais expostos que adultos pois passam mais tempo em atividades ao ar livre, diferentemente da maioria dos adultos que trabalham em ambientes fechados. Nakanami ainda alerta da importância dessa proteção em dias nublados. “A emissão de raios ultravioletas não se dão somente no verão. Mesmo com chuva, no inverno existe luz e portanto raios UV”, explica. No Brasil existem marcas de óculos de sol que trabalham com lentes aprovadas pelo InMetro, com 100% de proteção UV também na linha para crianças. Óculos de sol “pirata” é risco aos olhos Sem proteção - Catarata e doenças degenerativas da retina são alguns males causados Que os olhos precisam ser protegidos do sol, especialmente durante o verão, quando a incidência dos raios é intensa, já é praticamente senso comum. Mas o que tem pesado mais para o consumidor na hora de escolher os óculos escuros? A garantia de proteção ou o preço baixo? No rastro de quem prefere a segunda opção, os ambulantes fazem de julho um bom mês para faturar com a venda do produto. Mas os médicos advertem que o barato, nesse caso, sai caro. Segundo o oftalmologista Eduardo Mikio Yanaguibashi, é preciso ter cuidado na hora de comprar os óculos e escolher uma ótica de confiança. 'Não se deve comprar nunca nos camelôs, porque é importante que os óculos tenham filtros contra os raios UVA e UVB. Na verdade, o único aparelho capaz de verificar isso se chama espectofotômetro e não existe nem em consultórios oftalmológicos, só o Inmetro tem. Então, o ideal é optar por óticas confiáveis e marcas consagradas. Mas é importante levar os óculos ao consultório do oftalmologista para verificar se não há grau indevido nas lentes'. A preocupação se justifica. Os malefícios aparecem a longo prazo. 'O risco de se usar óculos sem esse tipo de proteção é que no futuro essa pessoa estará muito mais sujeita a doenças como catarata e a doenças degenerativas da retina. Também pode ter perda da qualidade visual, lacrimejamento e vermelhidão nos olhos e dor de cabeça', diz Yanaguibashi. É exatamente do argumento do cuidado com a saúde que Arlan Lima, estudante do 4º semestre de medicina e consultor de vendas de uma ótica, se vale para enfrentar a concorrência dos ambulantes no entorno do estabelecimento onde trabalha. 'Tenho aqui na loja um desses óculos que eles vendem, para que as pessoas possam comparar melhor com a qualidade de uma boa lente. Apelo para a saúde. Outro dia recebi uma senhora com os olhos irritados. Eles vendem óculos com lentes de mica, um tipo de resina, só com uma coloração. Não têm proteção alguma.' Segundo o vendedor, as pessoas estão, de uma maneira geral, mais preocupadas com a saúde dos olhos, o que tem aumentado a freqüência na loja nesses dias de julho. 'Se eu levava duas semanas para vender três óculos, agora estou vendendo cinco óculos em um único dia. Também temos vendido muitas lentes de contato coloridas, cinza, verde, por questões estéticas mesmo. As pessoas gostam de usar na balada. Quanto aos óculos de sol, as pessoas cobram a etiqueta que indica os fatores de proteção e explicamos as variações de lentes e as relações de custo-benefício.' Enquanto numa ótica como a de Arlen um par de óculos de sol pode variar de R$ 220 a R$ 640, na banca do ambulante Douglas Vieira os modelos variam entre R$ 5 e R$ 10. Na hora de dizer se os óculos que vende protegem os olhos dos clientes, Douglas engatilha uma resposta rápida e humorada e ainda aproveita para fazer a propaganda. 'Protegem mais o bolso. Temos aqui todos os modelos de marcas famosas. As pessoas procuram design, querem um charme, ficar mais bonitas nas férias. E aqui só pagam R$ 10, enquanto numa loja pagariam R$ 200'. A estratégia, ao que parece, funciona: 'A venda aumentou 70% este mês'. Em Queensland, no nordeste da Austrália, mais de 75% dos cidadãos acima de 65 anos apresentam alguma forma de câncer de pele; a lei local obriga as crianças a usarem grandes chapéus e cachecóis quando vão à escola, para se protegerem das radiações ultravioleta. O Dr. Signey Lerman, da Universidade Emory, na Geórgia, elaborou um estudo onde afirma que a redução de 1% na camada de ozônio provocaria, só nos Estados Unidos, um aumento de 25 mil casos anuais de catarata na vista. A maior parte das plantas ainda não foi testada quanto aos efeitos de um aumento da UV-B, mas das 200 espécies analisadas até 1988, dois terços manifestaram algum tipo de sensibilidade. A soja, por exemplo, experimenta uma redução de 25% na produção quando há um aumento de 25% na concentração de UV-B. O fitoplâncton, que tal como o zooplâncton constitui a base da cadeia alimentar marinha, assim como as larvas de alguns peixes, também sofrem efeitos negativos quando expostos a uma maior radiação UVB. Já se constatou também que rebanhos apresentam um aumento de enfermidades oculares, como conjuntivite e até câncer, quando expostos a uma incidência maior de UV-B. Segundo John Gribbin, "ninguém é capaz de afirmar com certeza quais seriam as conseqüências de deixar essa radiação chegar até a superfície da Terra…" ARGUMENTOS ADICIONAIS Apenas proteção UV até 400 nm nas lentes solares não é suficiente para proteger, não só os olhos, mas toda a parte frontal da face e do crânio, como pálpebras, etc., pois sabemos que a maior parte dos cânceres de pele é do pescoço para cima, principalmente nas pálpebras, pois estas partes ficam mais expostas e as lentes solares com proteção UV só protege os olhos dos raios que incidem frontalmente nas lentes, mas e os raios que entram pelas laterais dos óculos, ou mesmo pelo vão da parte superior (que é a maior quantidade, pois o sol está acima de nossas cabeças). Deve-se também considerar o poder de absorção luminosa nas lentes, que por serem altas demais prejudicam a performance visual, principalmente em ocupações onde a acuidade visual acurada e total é fundamental para o bom desempenho das funções, e lentes de alta absorção luminosa podem inclusive por em risco a vida de pessoas na direção de um veiculo, principalmente se aliada a esta absorção de luminosidade estiver somada um filtro insufilme no pára-brisas do carro, da mesma forma pode ser extremamente danosa a visão humana lentes com filtros que aumentam a transmissão luminosa para os olhos, como as lentes amarelas ou filtros para direção noturna e mau tempo, que se usados durante o dia ou com sol (grande quantidade de luz ambiente) podem ocasionar lesões retinianas irreversíveis, levando o usuário fatalmente a cegueira. Mesmo que a cegueira não ocorra, estas lentes amarelas (que podem ter filtro UV até 400 nm) ocasionam um glare (ofuscamento) que momentaneamente pode deixar o motorista ou outro trabalhador sem a visão, apesar de breve, pode ser tempo suficiente para ocasionar um desastre na direção de um carro ou na operação de uma máquina, com conseqüências funestas. Lembremos também que os pigmentos utilizados nas colorações (mesmo tendo filtro UV até 400 nm) de lentes oftálmicas tem que ter qualidades especificas de modo a não ocasionarem alterações no espectro de cores essenciais para o exercício de profissões, como: motoristas que não podem confundir sinais de transito, operários da rede elétrica que não podem confundir sinais dos fios, etc. Portanto se as lentes não possuírem qualidade de pigmentos, não adianta ter filtro UV até 400 nm, os malefícios são mais imediatos. VARIAÇÕES DA ACUIDADE VISUAL EM FUNÇÃO DA VISÃO NOTURNA DAS LENTES COLORIDAS E DOS PARABRISAS DE AUTOMÓVEIS**** Tipo de visão Acuidade visual % de acuidade visual Visão diurna A acuidade visual é igual a 20/20 100% Visão noturna A acuidade visual cai para 20/32 63% Visão noturna com lente colorida tonalidade 2 A acuidade cai para 20/40 50% Visão noturna com parabrisa colorido de automóvel A acuidade cai para 20/46 43% Visão noturna com lente colorida tonalidade 2 mais para-brisa colorido A acuidade cai para 20/60 33% Uso das cores - Rosa: sua transmissão luminosa é muito próxima das lentes brancas. - Verde: é adequada a proteção ultravioleta e infravermelha. - Cinza: é a que menos modifica as cores dos objetos. - Amarela: ela filtra o ultravioleta, porém tem alta transmissão de infravermelho, não se recomenda o uso desta lente durante o dia. - Azul: alguns dos ultravioletas e infravermelhos são transmitidos por esta lente. As cores dos objetos são bem modificadas. - Marron: é recomendado para esportistas e outras ocupações ao ar livre, ocasiona alterações principalmente nas cores: vermelho, laranja e amarelo. Qualidade de superfície, mesmo as lentes tendo filtro UV até 400 nm, elas podem ter sua superfície irregular, fato este que ocasiona distorções que além de prejudicarem bastante a qualidade de visão do individuo leva o mesmo a uma astenopia (série de sintomas relacionados a visão), esta qualidade de superfície se traduz a curvas cilíndricas que induzem à um astigmatismo que piora conforme o individuo olha para perto das bordas das lentes, assim como prismas, notadamente quando as lentes tem curvas mais fortes, ou seja, fora do padrão de curva 6, que é a curva fisiológica para a rotação normal do globo ocular, esses prismas tem como característica trocar os objetos de lugar (afastando-os ou aproximando-os do observador, conforme o caso), principalmente quando se olha por uma zona da lente que não corresponde ao seu centro, em um motorista podemos perceber como isso pode ser danoso, se for na hora de estacionar, o prejudicado é só a roda do carro que fica riscada, pois ele vê a guia mais afastada do que ela realmente está quando o motorista olha através do retrovisor usando um óculos com curva acentuada sem a devida compensação, porém se ele está em uma estrada e vai fazer uma ultrapassagem a 120 Km/h este deslocamento da imagem é realmente fatal, e quem vai provar que o óculos com curva acentuada comprado em um lugar não preparado para dar todo o suporte necessário foi o culpado? Quando um designer cria uma lente ele começa pela definição de objetivos específicos de um modelo para o produto final. Os objetivos do modelo (design) incluem itens como distorção mínima em uma larga área de visão, níveis favoráveis de transmissão de luz (dependendo das atividades alvo), neutralidade de cor, proteção periférica, aparência, facilidade de fabricação e custos. Para muitos fabricantes a busca de lentes perfeitas começam com a informação que para eliminar a distorção, a luz deve passar através de lentes que tenham as mesmas características visuais do olho humano. Se as lentes e o olho têm características visuais diferentes, alguns raios de luz podem não convergir adequadamente na retina. O resultado é distorção. O olho humano é feito para captar uma variação de movimentos horizontais que é aproximadamente o dobro da variação vertical. Chamada de visão periférica, esta ampla variação horizontal possibilita a percepção de movimentos sutis para o lado capacitando a pessoa de perceber o movimento antes que a fonte esteja diretamente na frente dela. Para não limitar esta visão periférica, o óculos deve cobrir a lateral do rosto, terminando em um ponto horizontal além da visão periférica. Considerando-se que o olho humano tem características visuais que não idênticas em ambos os planos horizontal e vertical, nenhum design de lente que não corresponda a estas características vai envolver um alto grau de compromisso ou tradeoff em seus objetivos. Resistência das lentes: é fundamental que as lentes oftálmicas tenham resistência suficiente para resguardar a integridade física dos olhos do usuário, é muito conhecido o cuidado que é necessário com os olhos de crianças quando a mesma está com óculos, se o mesmo não tiver lentes que resistam a impactos, elas podem quebrar-se durante brincadeiras e perfurar os olhos, ocasionando danos irreversíveis, da mesma forma motoristas que precisam de proteção caso tenham algum acidente, se as lentes não forem resistentes pode haver perfuração ocular. Enfim, poderíamos falar também dos efeitos danosos que os materiais das armações podem ter sobre a pele do individuo se sua composição não for adequada e sobre o perigo para a face ou os olhos se os aros não tiverem resistência ou mesmo tiverem peças que se soltem ao impacto. E tudo isso pode ser evitado se os óculos forem comercializados por profissionais que podem identificar o produto adequado para cada caso, ou seja, saber a indicação e contra-indicação para cada individuo, ocupação e necessidade do usuário, este profissional (óptico) também deve contar com instrumentação adequada a identificação de caracteristicas e qualidade para o perfeito controle de seu trabalho, e as normas para estes produtos serem completas e não parciais, pois de que adianta colocar filtro UV até 400 nm nas lentes e permitir a deformação de imagens em função de lentes inapropriadas e deformadas, etc. Abaixo são reproduzidos alguns trechos de notícias que, lidos em conjunto, dão uma idéia mais nítida da gravidade da situação: Manchete: Buraco causa cegueira em coelhos "Coisas esquisitas começaram a acontecer no sul do Chile. Os pescadores estão capturando salmões cegos. Os camponeses relatam que os coelhos selvagens desenvolveram olhos saltados (exoftalmia) e devem estar sofrendo de distúrbios oculares, uma vez que são capturados com muita facilidade. Rodolfo Mancilla, um criador de ovelhas da Terra do Fogo, diz que seus animais também estão ficando cegos. Algumas mudas de árvores estão mostrando um desenvolvimento deformado nesta primavera austral, enquanto certos tipos de algas marinhas estão segregando um pigmento vermelho nunca observado anteriormente. Em Punta Arenas, há medo e preocupação em torno do bombardeamento invisível de radiação ultravioleta B. Ninguém sai de casa sem a proteção de chapéus ou óculos escuros. Os médicos vêm sendo insistentemente procurados por pacientes portadores de alergias e irritações oculares e dermatológicas." (Gazeta Mercantil - 21.11.91). Precisamos de uma lei que traga benefícios reais a população e não a um pequeno grupo que com a suposta pretensão de baratear os custos de aquisição de produtos, coloca dispositivos legais inadequados e parciais, que não atendem ao propósito de salvaguardar a saúde ocular do cidadão brasileiro. REFERÊNCIAS - http://satelite.cptec.inpe.br/uv/R-UV.html - http://satelite.cptec.inpe.br/uv/O_que_e_IUV.html - http://satelite.cptec.inpe.br/uv/R-UV_e_saude.html - http://satelite.cptec.inpe.br/uv/R-UV_e_olho.html - http://satelite.cptec.inpe.br/uv/Dicas.html - http://www.indiceuv.ufrj.br/2005/iuv2005.html - http://www.indiceuv.ufrj.br/2005/iuv2005_radiacao.html - http://www.indiceuv.ufrj.br/2005/iuv2005_saude.html - http://www.radiacao.com.br/ - http://www.ricardomattos.com/uvray.htm - http://publico.soblec.com.br/index.php?system=news&news_id=397&action=read&eid=142 - http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u444191.shtml - http://www.drvisao.com.br/ler_notas.php?id=478 - http://www.deco.proteste.pt/prevencao/roupa-protectora-contra-o-sol-s527051.htm - http://www.unimedjp.com.br/canais/saudeebemestar/informacoes/ver-consultorio-medico.php?id=289 http://74.125.113.132/search?q=cache:Leny9Dwnk00J:www.scientiaplena.org.br/sp_v4_114807.pdf+Prot e%C3%A7%C3%A3o+de+radia%C3%A7%C3%A3o+UV&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=6&gl=br - http://www.lerparaver.com/node/996 - http://www.master.iag.usp.br/indiceuv/olho.html - http://www.portaloptico.com.br/noticias/protecao.asp - http://www2.uol.com.br/vyaestelar/saude_sol.htm - http://www.ck.com.br/materias/2001_09_arquivos/0901.htm - http://www.vista.med.br/artigos/radiacao.php - http://www.pm.go.gov.br/2008/index.php?i=libs/onoticia&id=16835&pagret= - http://www.otico.com.br/tuv.htm - http://www.brasilmedicina.com.br/noticias/pgnoticias_det.asp?AreaSelect=3&Codigo=1309 - http://www.paranashop.com.br/colunas/colunas_n.php?op=saude&id=20572 - http://www.brasilclinicas.com.br/artigos/ler.aspx?artigoID=47 - http://itodas.uol.com.br/portal/materia.itd.aspx?cod=4302&canal=51 - http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL80856-5602,00UNIFORME+DE+ESCOLA+AUSTRALIANA+INCLUI+OCULOS+DE+SOL.html http://portal.sespa.pa.gov.br/images/sespa/html/departamentos/ascom/noticias_julho_2007/liberal/not_25 072007.html - http://www.itu.com.br/ferramentas/imprimir.asp?cod_conteudo=16357&t=a - http://campus.fortunecity.com/drew/273/camada.doc - http://www.jornalorebate.com.br/site/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=1619 - http://www.dirsa.aer.mil.br/Revistas/2005/03_05-pdf - http://www.scribd.com/doc/6682105/uv - www.scientiaplena.org.br 1-114807 Protetores solares e os efeitos da radiação ultravioleta T. S. de Araujo & S. O. de Souza Departamento de Física, Universidade Federal de Sergipe, 49100-000, São Cristóvão-SE, Brasil [email protected] - Informação Cientifica Sola, Proteção a Radiação Ultravioleta – Departamento Cientifico Sola Brasil. RJ - Duarte, Dr. A. Consultor médico Sola Brasil, Correspondência pessoal com Luis A. P. Alves outubro de 1.992 - Arroyo, Márcio – Engenheiro e óptico. As absorções dos raios pelas lentes oftálmicas 1.990 – Pesquisa independente. - Ultravioleta- Lentes Trivex: Proteção total para os olhos OPTOTAL HOYA (folheto técnico publicitário, sem data) - Proteção UV ACUVUE The difference is real. (folheto técnico de esclarecimento ao cliente ACUVUE da J & J, sem data) - *Astrid Vasconcelos dos Santos, Oftalmologista, CRM 4656 - ** Michelle Vargas - ***Fonte: Adaptação do "Guia Prático Sobre o Índice UV", da Organização Mundial da Saúde, Departamento de Meteorologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Pereira, Ney Dias – Óptica Oftálmica Básica pág 193 - Manual de treinamento Gargoyles.