I. O que é o HIV/SIDA?

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A transbordar de esperança
Fé e resposta na era do HIV e da SIDA
800 West Chestnut Avenue
Monrovia, CA 91016-3198
U.S.A.
6 Chemin de la Tourelle
1209 Geneva, Switzerland
51810_0306
www.wvi.org
51810 Hope Cover 05_POR.indd 1-2
Um Manual para o Pessoal da World Vision
Um recurso fornecido pela Iniciativa Esperança
contra o HIV/SIDA
3/13/06 10:57:51 AM
World Vision
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Confirmamos a utilização de material proveniente das
seguintes organizações e origens:
UNAIDS, WHO, CDC, aids.org, e avert.org.
A World Vision planeia organizar uma Red Ribbon Caravan [Caravana Fitas
Vermelhas] em Bucareste, na Roménia, que incluirá representações teatrais,
testes ao HIV em regime de voluntariado e aconselhamento.
51810 Hope Cover 05_POR.indd 3-4
Quando Orlando tinha apenas 18 meses de idade, foi abandonado
pela mãe depois de ter sido diagnosticado seropositivo. Abandonado
pelos trabalhadores do hospital, que não o consideravam digno de
ser tratado, Orlando foi salvo pelo pessoal de um hospício particular.
Foi adoptado e, actualmente, toma medicamentos antiretrovirais
para continuar a manter a sua saúde.
3/13/06 10:58:07 AM
World Vision
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Confirmamos a utilização de material proveniente das
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UNAIDS, WHO, CDC, aids.org, e avert.org.
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Vermelhas] em Bucareste, na Roménia, que incluirá representações teatrais,
testes ao HIV em regime de voluntariado e aconselhamento.
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Quando Orlando tinha apenas 18 meses de idade, foi abandonado
pela mãe depois de ter sido diagnosticado seropositivo. Abandonado
pelos trabalhadores do hospital, que não o consideravam digno de
ser tratado, Orlando foi salvo pelo pessoal de um hospício particular.
Foi adoptado e, actualmente, toma medicamentos antiretrovirais
para continuar a manter a sua saúde.
3/13/06 10:58:07 AM
A transbordar de esperança
Fé e resposta na era do
HIV e da SIDA
Um Manual para o Pessoal da World Vision
Um recurso fornecido pela Iniciativa Esperança
contra o HIV/SIDA
800 West Chestnut Avenue
Monrovia, CA 91016-3198
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6 Chemin de la Tourelle
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Apenas para circulação entre o pessoal da World Vision
Índice
1.6 Existe algum tratamento para o HIV/SIDA? .........................................15
1.7 O que deve uma pessoa fazer ao descobrir que é seropositiva? ....15
Prefácio de Dean Hirsch .............................................................................................vii
2. Prevenção contra o HIV/SIDA ..................................................... 17
Introdução: para uma perspectiva bíblica sobre o HIV/SIDA...........................ix
2.1 Introdução ......................................................................................................18
2.2 Actividade sexual ..........................................................................................19
1. O que é o HIV/SIDA? ....................................................................... 3
Abstinência ...........................................................................................................................19
1.1 Introdução e descrição médica ...................................................................5
Casamento e fidelidade ...............................................................................................19
HIV ............................................................................................................................................... 5
Sexo seguro .........................................................................................................................19
SIDA ............................................................................................................................................ 5
Conhecimento do estado em relação ao HIV.................................19
1.2 Como é transmitido o vírus?................................................................................6
Número limitado de parceiros ...................................................................20
Fluidos corporais ................................................................................................................. 6
Preservativos ..........................................................................................................20
Actividade sexual................................................................................................................ 6
Tratamento de infecções sexualmente transmissíveis (IST) ...21
Transfusões de sangue .................................................................................................... 8
Outras precauções para praticar o sexo seguro........................... 22
Partilhar agulhas ou seringas com alguém que tenha HIV/SIDA ........ 8
2.3 Transfusões de sangue ............................................................................... 22
Transmissão mãe-filho (MTCT)................................................................................ 8
2.4 Agulhas, seringas e outros instrumentos médicos............................. 22
1.3 Noções erradas comuns sobre a transmissão do HIV ........................8
2.5 Transmissão mãe-filho (MTCT) .............................................................. 23
1.4 Fases da infecção pelo HIV e progressão para SIDA......................... 10
Gravidez e parto ............................................................................................................. 23
Infecção pelo HIV .............................................................................................................10
Amamentação ................................................................................................................... 23
Fases iniciais da SIDA .....................................................................................................10
2.6 Precauções de segurança na prestação de primeiros socorros ..... 24
Fases terminais da SIDA .............................................................................................. 11
2.7 Prevenção após a exposição a fluidos corporais ................................ 24
1.5 Como é que uma pessoa sabe que é seropositiva? ............................11
2.8 Outras precauções de segurança preventivas ..................................... 25
Teste e aconselhamento voluntário e confidencial .................................... 11
2.9 Responsabilidades de prevenção da pessoa seropositiva ................. 25
Porquê e quando deve uma pessoa ser testada para
detectar o HIV? ............................................................................................................13
Quanto tempo após a possível exposição deve uma
pessoa esperar para ser testada?......................................................................14
Quanto tempo é necessário para se saber se um bebé que
nasceu de uma mãe seropositiva está infectado? ..................................14
Se uma pessoa é seronegativa pode assumir que o(a) seu/sua
parceiro(a) sexual também é seronegativo(a)?.......................................14
[ ii ]
3. Abordar o estigma e a descriminação ......................................... 27
3.1 Introdução...................................................................................................... 28
3.2 Como estigmatizamos? .............................................................................. 28
3.3 O impacto do estigma e da descriminação .......................................... 29
3.4 Como podemos vencer o estigma e a descriminação .......................31
[ iii ]
4. Coabitar ou cuidar de uma pessoa que viva com o HIV/SIDA 33
4.1 Introdução...................................................................................................... 34
4.2 Viver uma vida saudável com o HIV/SIDA ........................................... 34
4.3 Terapia antiretroviral .................................................................................. 36
4.4 Cuidar de um indivíduo com HIV/SIDA ................................................ 38
Precauções preventivas para quem presta cuidados ............................... 38
Conselhos práticos para qualquer pessoa poder cuidar
de doentes com HIV/SIDA ..................................................................................39
5. Proporcionar cuidados através de relações compassivas ......... 41
5.1 Introdução...................................................................................................... 42
5.2 Objectivos do aconselhamento no contexto do HIV/SIDA............ 44
5.3 Mágoa e dor da perda ................................................................................ 44
5.4 Sugestões para as relações compassivas ............................................... 46
Preparação para o relacionamento ..................................................................... 46
Manter o sigilo e estabelecer a confiança com o doente..................... 46
Escutar bem e prestar atenção ao que disse o doente ..........................47
Escutar pode ser um acto ao mesmo tempo activo e passivo ..........47
Fazer perguntas que possibilitem respostas mais informativas ......... 48
Dizer a verdade ................................................................................................................ 48
Ajudar a reconciliação das relações com outras pessoas ..................... 48
Discutir o futuro ...............................................................................................................49
Aplicar a Escritura Sagrada à situação ................................................................49
Rezar e oferecer esperança.......................................................................................49
Notas ..................................................................................................... 52
[ iv ]
“Sou um lutador. Se não fosse um lutador, já não estaria aqui. Também tenho esperança. Um
homem sem esperança é um homem morto”, afirmou “Stelian”, que é seropositivo. Este jovem
romeno de 14 anos é um porta-voz entusiasta nos fóruns da World Vision sobre HIV/SIDA
e membro da Associação “Voice of the Heart” (“Voz do Coração”), fundada pelos pais de
crianças seropositivas, para promover os direitos das pessoas que vivem com HIV/AIDS.
Prefácio
Os nossos agradecimentos
a todos os dedicados
indivíduos que contribuíram
para a publicação deste livro.
Pouco depois da World Vision ter lançado a Iniciativa Esperança
contra o HIV/SIDA há cerca de cinco anos, fui convidado para
falar perante uma congregação na capela de um dos nossos
escritórios em África. As instalações eram espaçosas. Talvez
estivessem presentes 150 membros do nosso pessoal, que
enchiam completamente a sala e estavam sentados em cadeiras de costas direitas.
Muitos deles tinham Bíblias no colo.
Eu estava ali para falar sobre a SIDA, para promover uma acção conjunta
de parceria global, destinada a aperfeiçoar e a expandir os nossos programas dedicados a esta terrível pandemia mundial. A Iniciativa Esperança visa a prevenção da
infecção pelo HIV através de acções educativas, dos cuidados prestados às pessoas
afectadas pela SIDA, especialmente as crianças, e da defesa de políticas efectivas
que ajudem a evitar que a doença se espalhe, prestando simultaneamente assistência
às pessoas infectadas.
Fiz uma pergunta simples aos membros do nosso pessoal reunidos na sala,
naquela manhã quente de primavera: “Aqueles que tiveram um familiar ou um
amigo chegado que morreu de SIDA, podem levantar a mão, por favor? ” Todos
levantaram a mão.
O director nacional disse-me, mais tarde, que o seu departamento tinha
perdido mais de duas dezenas de trabalhadores vítimas da SIDA. Contabilistas,
directores de projectos, secretárias, pessoal de ambos os sexos, com as mais variadas ocupações e capacidades, todos eles mortos em consequência da SIDA. Todos
eles cristãos, bons trabalhadores, ceifados na primavera da vida.
Este manual, publicado em memória desses trabalhadores e de muitos outros
que nos deixaram vitimados por esta doença fatal, destina-se a todos vós. Por
favor, leiam-no com atenção. E sigam àquilo que ele ensina.
Todos vós, que constituem o pessoal da World Vision, sois o nosso recurso
mais valioso. Sois as mãos e os pés de Jesus, a frente do nosso trabalho de evangelização junto aos pobres. Reconhecemos que temos que cuidar dos nossos em
primeiro lugar. Este manual irá assegurar que vós, o nosso valioso pessoal, obtenhais
os conhecimentos e as aptidões necessárias para lidar com esta crise. Este manual,
destina-se também a ajudá-los a prestar assistência aos doentes com HIV/SIDA,
quer amigos, familiares, colegas ou aqueles a quem ajudamos dentro da comunidade.
Concluindo, este manual destina-se a ajudá-los a seguir a Jesus, que ao curar
os leprosos, os paralíticos e os cegos, demonstrou a compaixão de Deus para com
todos aqueles que padecem de doenças e de sofrimento.
Dean Hirsch
Presidente, World Vision International
Junho de 2005
[ vi ]
[ vii ]
Introdução: para uma perspectiva
bíblica sobre o HIV/SIDA
Raramente, no decurso da história humana, temos sido confrontados com um
fenómeno com consequências tão profundas e devastadoras.
Mais de 60 milhões de pessoas têm sido infectadas pelo HIV desde o início
desta pandemia. Até Dezembro de 2004, já tinham morrido mais de 20
milhões de pessoas e 40 milhões de pessoas viviam com HIV/SIDA, incluindo
quase 18 milhões de mulheres e 2,2 milhões de crianças. Mais de 15 milhões
de crianças já perderam um ou ambos os pais devido à SIDA. Tragicamente,
todos estes números têm continuado a aumentar.
Nenhum canto do mundo tem sido poupado ao HIV/SIDA. Os países africanos têm sido afectados com a maior severidade, com as taxas de prevalência
mais elevadas e as maiores populações de órfãos do mundo. O impacto do
HIV/SIDA nos países da região Ásia-Pacífico está a aumentar e é cada vez
mais grave. Na verdade, a Índia já possui o número mais elevado de pessoas
que vivem com HIV/SIDA, e a China está a enfrentar o rápido aumento dos
índices de infecção pelo HIV. Os países das Caraíbas possuem as taxas de
prevalência mais elevadas de HIV/SIDA e o maior número de órfãos fora do
continente africano e os países da região do Médio Oriente e da Europa do
Leste possuem as mais elevadas taxas de aumento de novas infecções pelo
HIV a nível mundial.
O impacto sobre as crianças, as famílias, as comunidades e as sociedades tem
sido devastador. Muitos de vós têm sentido pessoalmente a dor causada pelo
HIV/SIDA nas vossas próprias famílias ou entre os vossos amigos.
Onde está Deus no meio desta enorme tragédia? Como podemos compreender melhor a realidade urgente de um fenómeno como a pandemia do
HIV/SIDA à luz da Escritura Sagrada, e o papel de Deus e do mundo que Ele
criou?
Esta introdução servirá de ponto de partida para responder a estas e a outras
perguntas relacionadas com o HIV/SIDA.
As irmãs gémeas “Siyanda” e “Safiya” de nove anos de
idade, perderam o pai e a mãe, ambos vítimas de doenças
geralmente relacionadas com a SIDA. Tiveram a sorte de
poder passar a viver com a sua avó, Matilda.
[ ix ]
Considerar o HIV/SIDA sob a perspectiva de Deus
de procurarem glorificar a Deus em todas as coisas, os seres humanos procuraram glorificar-se a si próprios e a desobedecer ou a ignorar o Deus que
A finalidade deste manual da World Vision sobre o HIV/SIDA é prepará-
os criou. Nenhum de nós escapou a esta tentação e, como nos diz a Bíblia,
lo a si que faz parte do pessoal da World Vision com os conhecimentos
todos nós temos “pecado e nunca chegamos a alcançar a glória de Deus”.
necessários para enfrentar o HIV/SIDA na sua vida. Destina-se a informálo(a) sobre a prevenção e os cuidados a prestar à sua família e comunidade.
As consequências das nossas desobediências e pecados colectivos são a
Destaca métodos utilizados para se proteger a si e aos seus entes queridos
existência de um mundo diferente do mundo ideal de Deus. O pecado
contra a infecção pelo HIV, como viver com o vírus de uma forma posi-
desvirtuou quer a nossa relação espiritual com Deus quer o nosso próprio
tiva e como cuidar daqueles que são afectados pelo HIV/SIDA. Por isso,
bem-estar físico. Um olhar de relance à nossa volta revela um mundo em
é importante que lancemos as bases para uma perspectiva bíblica sobre o
que a doença e a morte abundam e em que metade da população vive na
pobreza, em que a ganância, a corrupção, a doença, a fome, o abuso e a dor
HIV/SIDA.
são os nossos companheiros constantes.
Antes de explorar as respostas a algumas das perguntas mais difíceis e
complexas relacionadas com o HIV/SIDA, gostaria de sugerir que analisem
O desejo de Deus de renovar e redimir
a pandemia do HIV/SIDA através de três pontos de vista: 1) O mundo ideal
Porém, a Bíblia também é clara quando diz que desde este primeiro
de Deus, 2) O mundo real em que vivemos, e 3) O desejo de Deus de
momento de desobediência, Deus concebeu um plano para renovar e
renovar e redimir.
redimir a Sua Criação. Um elemento central do Seu plano, foi enviar Jesus
para que Ele suportasse o preço do pecado e da desobediência, de maneira
O mundo ideal de Deus
A Bíblia é clara quando diz que Deus criou o mundo e todos os seus
habitantes para Seu próprio deleite e glória. Todos os homens e todas as
mulheres foram criados à imagem de Deus e, como tal, possuem um valor e
uma dignidade infinitos. O plano ideal de Deus era comungar em harmonia
perfeita com toda a Criação.
que todos aqueles que confiam Nele pudessem restabelecer a sua relação
desejada com Deus. Foi-nos dito que, como crentes em Cristo, somos
redimidos, transformados pela renovação do nosso espírito. Somos novas
criaturas e foi-nos dada uma certeza confiante de que desfrutaremos duma
eternidade em que tenha sido restabelecida a nossa verdadeira relação com
o Criador. Podemos viver com esperança e alegria, embora continuemos a
Num tal mundo não existiriam dor nem sofrimento. A doença, a morte, a
angústia e o medo estariam ausentes desse mundo. Em vez disso, todos nós
ficaríamos sob o contínuo acolhimento e a infinita bondade de Deus e todos
nós encontraríamos uma alegria constante Nele.
viver num mundo que sofre as consequências do pecado e da desobediência.
No mundo ideal de Deus, o HIV/SIDA não existiria, nem existiriam o
homicídio, a mentira, a doença ou a ira. O HIV/SIDA precisa de ser visto
como uma consequência, entre muitas outras, dum mundo que se afastou
de Deus.
O mundo real em que vivemos
A Bíblia diz-nos que Deus deu ao Homem a prerrogativa de optar por amar
a Deus ou não. Os nossos primeiros antepassados, Adão e Eva, quando
foram tentados a desobedecer a Deus, decidiram seguir a sua própria vontade em vez da vontade de Deus.
Responder a perguntas difíceis
Estes diferentes pontos de vista proporcionam-nos uma estrutura dentro da
qual podemos começar a responder às perguntas difíceis que decorrem da
realidade do HIV/SIDA:
Assim começou o mundo real em que estamos a viver hoje. A desobediência levou ao nosso afastamento de Deus e à proliferação do pecado. Em vez
[x]
Porque é que Deus permite tanta dor e sofrimento?
[ xi ]
Deus ama a pessoa que é seropositiva?
O HIV/SIDA é o castigo de Deus por um comportamento pecaminoso?
O uso dos preservativos enquadra-se no que é permitido por uma
perspectiva Bíblica?
í
íblica?
O que é a “esperança Cristã” no contexto do HIV/SIDA?
O que espera Deus que façamos como seguidores de Jesus no
meio desta tragédia?
A lista poderia continuar. As perguntas são difíceis, mas, através da
Palavra de Deus e da Sua perspectiva podemos começar a explorar as
respostas.
Porque é que Deus permite tanta dor e sofrimento?
A dor e o sofrimento não fazem parte do mundo ideal de Deus. Isaías diznos que na nova Terra, “…nunca mais se ouvirá nela voz do choro nem voz
de clamor” (Isaías 65:19). O capítulo do Apocalipse promete que “E Deus
limpará dos seus olhos toda a lágrima; e não haverá mais morte, nem pranto,
nem clamor, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas” (21:4).
Mas, no mundo actual, Deus permitiu que a dor e o sofrimento existissem,
não porque Ele o tenha escolhido, mas porque nós, a Sua Criação, escolhemos isso pela nossa desobediência colectiva.
Deus ama a pessoa que é seropositiva?
A Palavra de Deus ensina que o Seu amor por cada um dos seres humanos
é incomensurável. Foi o Seu amor por cada indivíduo que O levou a sacrificar o Seu próprio Filho para a nossa redenção. A Escritura Sagrada é clara
— Deus tem um amor infinito por cada um de nós, tanto aqueles que são
seropositivos como os que não o são.
O HIV/SIDA é o castigo de Deus por um comportamento pecaminoso?
Não existe uma resposta simples para esta pergunta. É óbvio que o HIV
se espalhou, em grande parte, devido a comportamentos que são contrários à Palavra de Deus. Contudo, também é óbvio que muitas pessoas
são afectadas ou estão infectadas pelo HIV/SIDA sem disso terem culpa
nenhuma. Milhões de cônjuges fiéis têm sido infectados por cônjuges infiéis.
Milhões de crianças têm sofrido a dor e o medo de perderem os pais. Uma
infinidade de muitos outros tem sido infectada por sangue para transfusões
que está infectado, equipamento médico não esterilizado e práticas culturais
insalubres.
[ xii ]
Desde que descobriu que era seropositiva, Ana Yolanda triunfou contra adversidades
que incluíram a condenação e a rejeição pela sua própria igreja. Actualmente, fala
sobre a sua própria experiência aos meios de comunicação e em eventos, instituições
educativas, e igrejas, servindo-se do seu testemunho para ensinar os jovens e as
mulheres das Honduras sobre a prevenção contra HIV/SIDA.
É impossível fazer afirmações demasiado generalizadas sobre as razões
Como pessoal da World Vision, temos que fazer tudo o que pudermos
devido às quais as pessoas têm sido infectadas ou afectadas. Também é
para honrar a santidade do casamento e a santidade da vida. Promover o
impossível atribuir motivações a Deus sobre as razões pelas quais Ele per-
uso de preservativos poderá criar um certo conflito entre esses dois ideais.
mite que a pandemia continue a propagar-se.
Os preservativos podem proteger vidas ao evitar a disseminação do HIV.
Contudo, também é certo que algumas pessoas poderão aproveitar-se da
Aquilo que sabemos é que Deus nos deu normas de comportamento
disponibilidade dos preservativos para praticar comportamentos sexuais
pessoal que nos protegem contra prejudicarmo-nos a nós próprios e aos
que violam o desejo de Deus pela pureza sexual e pela santidade do casa-
outros. Sabemos que devemos seguir estas normas e encorajar os outros
mento.
a segui-las, a fim de motivar a plenitude da vida. Também sabemos que não
temos alcançado estas normas, que somos recebedores da graça amantís-
O que devemos escolher? Após uma reflexão cuidadosa sobre esta questão
sima de Deus e que devemos reflectir esta graça nas nossas relações com
difícil, a World Vision assumiu a posição de que precisamos de fazer tudo o
os outros. Na verdade, Deus chama-nos para ajudarmos aqueles que neces-
que pudermos para honrar a santidade do casamento e a santidade da vida.
sitam dessa ajuda sem tentarmos julgá-los sobre o que os poderá ter levado
Assim, promoveremos claramente a fidelidade dentro do casamento e a
a essa situação de necessidade (S. João 9:3-4). Não nos compete a nós
abstinência fora do casamento, conforme o desejo de Deus em relação ao
julgar (S. Tiago 4:12). Compete-nos amarmo-nos uns aos outros (S. Mateus
comportamento sexual. Ao mesmo tempo, promoveremos o uso
22:39) e demonstrarmos esse amor através de acções que ajudem aqueles
responsável e apropriado dos preservativos em situações em que a
que necessitam de ajuda.
abstinência não é escolhida e a vida humana tem que ser protegida, porque
os preservativos têm demonstrado ser um meio preventivo seguro contra
Muitas pessoas estão a promover o uso dos preservativos como um
a transmissão do vírus mortal que causa a SIDA.
meio de reduzir a transmissão do HIV. Isso não poderá também proO que é a “esperança Cristã” no contexto do HIV/SIDA?
mover a promiscuidade sexual?
Tem sido comprovado que, quando usados duma maneira consistente e
A esperança não é algo fácil de definir. Como se pode oferecer esperança
correcta, os preservativos podem reduzir significativamente a transmissão
a uma mãe jovem que já perdeu o marido devido à SIDA, e ela própria irá
do HIV. Como é óbvio, a Bíblia não contém nenhum capítulo sobre o uso de
morrer sabendo que os seus filhos pequenos não terão ninguém para cuidar
preservativos. No entanto, podemos inferir algumas noções a esse respeito
deles? O que significa a esperança para uma criança de 12 anos que vive
ao analisar alguns dos princípios bíblicos.
sozinha com os irmãos mais novos numa casa pobre, ao lado de duas pilhas
de pedras que cobrem as sepulturas da mãe e do pai? Como se descreveria
A Bíblia ensina-nos com toda a clareza sobre a santidade do casamento.
a esperança a um jovem, que acaba de aperceber-se de que viverá com o
O casamento é uma relação concebida por Deus. Deus dá-nos instruções
HIV para o resto da sua vida?
claras para sermos fiéis dentro do casamento e abstermo-nos fora do
casamento. A relação matrimonial é um tópico central dos ensinamentos de
A esperança é um dos pilares da nossa fé - “Agora, pois, permanecem a fé,
Deus. Devemos fazer tudo para encorajar os outros a escolher modos de
a esperança e a caridade, estas três; mas a maior destas é a caridade” (1 aos
vida que correspondam ao ideal de Deus.
Coríntios 13:13). Que Deus, o que vos deu esperança, vos mantenha felizes
e cheios da paz que nasce pela fé, através do poder do Espírito Santo nas
A palavra de Deus também nos dá instruções claras sobre a santidade da
vossas vidas (Romanos 15:13). E Deus fica deleitado quando pomos a nossa
vida. A vida é algo de sagrado para Deus e por isso não devemos eliminá-la.
esperança no Seu infalível amor (Salmo 147:11).
Devemos fazer tudo o que podemos para proteger e preservar a vida.
[ xiv ]
[ xv ]
Como trazer a esperança às pessoas afectadas pelo HIV/SIDA?
A Bíblia é clara quando diz que a esperança e a paz maravilhosas estão disponíveis com base numa relação renovada com Deus através da nossa fé em
Jesus Cristo. Esta esperança é tanto para o futuro como para o presente: o
futuro, porque sabemos que Deus nos aceitou, que Ele nos ama incondicionalmente e que partilharemos a eternidade com Deus; o presente, porque
a nossa vida terá um novo significado e fortaleza, à medida que passamos
a fazer parte do plano de Deus para o seu reino. Como Paulo orou pelos
crentes em Roma, “Que o Deus de esperança, vos encha de todo o gozo e
paz, em crença, para que abundeis em esperança, pela virtude do Espírito
Santo” (Romanos 15:13).
A bênção de uma nova vida em Cristo também nos ajuda a pôr o
mundo real em perspectiva. São Paulo escreveu: “Porque a nossa leve e
momentânea tribulação produz, para nós, um peso eterno de glória mui
excelente” (II aos Coríntios 4:17).
Assim, a resposta definitiva à pergunta sobre se existe esperança para as
pessoas afectadas pelo HIV/SIDA é a renovação das suas relações com Deus
através de uma resposta pela sua fé em Jesus Cristo. Esta é a mensagem
principal da Bíblia que nós temos o privilégio de transmitir a todos aqueles
com quem trabalhamos.
Ao mesmo tempo, nem todos optarão por aceitar o convite de Jesus para
“ir até Ele”. Contudo, continuam a precisar de esperança nas suas vidas.
Como podemos responder?
A nossa experiência tem demonstrado que a esperança e o encorajamento
podem ser dados de várias maneiras. Simplesmente através da nossa
presença, quando alguém atravessa tempos difíceis, oferecendo solicitude e
compaixão, é uma forma de lhe levar a esperança. Atender às necessidades
dos outros quando eles são incapazes de o fazer, falar contra a discriminação e pedir aos outros que destruam os estigmas são meios de oferecer
uma sensação de esperança. Estas acções satisfazem a nossa chamada bíblica
para comunicar o amor e a graça de Deus através das nossas acções (I S.
João 3:18; S. Tiago 2:14-16).
[ xvii ]
Muitas das pessoas que estão a morrer de SIDA preocupam-se fundamen-
A nossa atitude em relação às pessoas afectadas pelo HIV/SIDA deve ser
talmente com o que acontecerá aos seus filhos. A possibilidade de poderem
compassiva, carinhosa e cheia do amor de Deus.
confiar que alguém irá cuidar dos seus filhos pode fortalecer imensamente
a sua esperança. Além disso, pôr as pessoas que vivem com SIDA em
Deus chamou-nos para sermos o sal e a luz. O sal conserva. A luz ilumina.
contacto com programas que fornecem medicamentos antiretrovirais pode
Foi-nos oferecida uma oportunidade excepcional para fazermos tudo o
prolongar e melhorar as suas vidas, permitindo-lhes cuidar dos seus filhos
que pudermos para conservarmos e enriquecermos as vidas das pessoas
mais eficientemente e durante um período de tempo mais longo.
afectadas pelo HIV/SIDA. Também nos é proporcionada uma extraordinária
oportunidade de sermos a luz de Deus num mundo mergulhado em trevas,
Muitas vezes, ajudar as pessoas a concentrarem-se nas oportunidades que
para que através da nossa bondade as pessoas possam encontrar esperança
têm em vez de naquilo que não têm pode dar-lhes esperança. Uma jovem
e os seus olhos se abram para a terna beleza do Deus que servimos.
mãe que é seropositiva e tem dois filhos jovens, afirmou recentemente que
“não é quanto tempo se tem para viver que é importante, mas como se usa
Que Deus nos conceda a graça para levarmos fielmente ao bom caminho
o tempo que se tem”.
esta oportunidade sagrada.
Deus chamou-nos para sermos instrumentos da esperança. Podemos fazer
Ken Casey
isso ajudando as pessoas a compreender e a abraçar as boas novas do evan-
Representante Especial do Presidente da WVI
gelho. Também podemos fazer isso ao disponibilizarmo-nos duma maneira
para a Iniciativa Esperança contra o HIV/SIDA
prática para ajudar os outros na sua luta contra as dificuldades das suas vidas.
O que espera Deus que façamos, como seguidores de Jesus, face a
esta tragédia?
As instruções de Deus para os Seus filhos são claras. Ele quer que amemos
o próximo como nos amamos a nós mesmos. Ele preocupa-se especialmente em que prestemos especial atenção aos pobres, órfãos, viúvas e aos
mais desfavorecidos. Jesus deu-nos este amor e compaixão como modelo
para comunicar com os outros na vida diária. Foi-nos dito que deveríamos
mostrar o mesmo amor e compaixão porque: Quando fizeram isso a um
destes meus mais insignificantes irmãos, a mim o fizeram! (S. Mateus 25:40).
Como seres humanos a nossa reacção natural ao sermos confrontados com
a realidade do HIV/SIDA, é a tendência para julgar e condenar precipitadamente. Mas Deus chamou-nos para sermos instrumentos do seu amor,
carregarmos os fardos e servirmos os necessitados. O papel de julgar
pertence a Deus e não a nós. A nossa tarefa é dizer a verdade de uma
forma carinhosa, com uma linguagem cheia da graça de que cada um de nós
precisa diariamente nas nossas próprias vidas.
[ xviii ]
[ xix ]
Capítulo 1
O que é o HIV/SIDA?
1.1 Introdução e descrição médica
1.2 Como é transmitido o vírus
1.3 Noções erradas comuns sobre
a transmissão do HIV
1.4 Fases da infecção por HIV e
a progressão para a SIDA
1.5 Como é que uma pessoa pode saber
se é seropositiva?
1.6 Existe tratamento para o HIV/SIDA?
“Mihaeda” recebe assistência da World Vision para cultivar os
seus 2 hectares de terreno arável. Isto ajuda-a a sustentar melhor
as suas 2 filhas, “Nicoleta”, de 2 anos de idade, e “Bogaama”, de
9 anos, que é seropositiva.
1.7 O que é que uma pessoa deve fazer
quando descobre que é seropositiva?
I. O que é o HIV/SIDA?
1.1 Introdução e descrição médica
O HIV
(VIH) (sigla inglesa de Human Immunodeficiency Virus; em português, VIH, Vírus da
Imunodeficiência Humana)
Vírus—Pequeno organismo infeccioso que se reproduz dentro
duma pessoa.
Imunodeficiência—Destrói a capacidade natural do organismo humano
para lutar contra as infecções.
Humana—Infecta homens, mulheres e crianças independentemente da
sua raça ou idade.
O HIV é um vírus que destrói gradualmente o sistema imunitário do organismo e eventualmente causa a SIDA.
O organismo humano possui células CD4, também chamadas células T
auxiliares, que o defendem contra os vírus e as bactérias. O HIV danifica
o sistema imunitário atacando e penetrando nessas células. Uma vez dentro
das células, os vírus reproduzem-se e depois saem para atacar outras
células auxiliares T, e repetem o processo. À medida que mais células T
são dominadas, o organismo fica cada vez menos capaz de lutar contra as
doenças.
Uma pessoa pode ter o vírus durante três a cinco anos e, por vezes, até
10 anos sem o saber ou sem sentir-se doente. No entanto, apesar da sua
aparência de boa saúde, a pessoa é capaz de disseminar o vírus e, sem
tratamento, em última análise, contrair a SIDA.
SIDA
Síndroma—Um grupo de sinais e de sintomas que ocorrem conjuntamente
e caracterizam uma determinada doença.
Imuno-Deficiência—Doença caracterizada por um sistema imunitário
que não consegue lutar contra as infecções.
Adquirida—Que não é de nascença.
Diz-se que uma pessoa tem SIDA quando o seu sistema imunitário está tão
Depois de se ter submetido a um tratamento antiretroviral que restabeleceu a sua
saúde, Odir, de 38 anos, foi o líder de uma campanha, coroada de êxito, para que
os medicamentos antiretrovirais passassem a estar à disposição de todas as pessoas
que vivem com HIV/AIDS em El Salvador. Actualmente, a campanha chegou ao
conhecimento da Comissão Inter-Americana para os Direitos Humanos e ao Tribunal
Supremo de El Salvador.
danificado que contrai infecções oportunistas (infecções que se aproveitam
[5]
do sistema imunitário enfraquecido). Dado que o organismo não consegue
duas vezes mais vulneráveis do que os homens para contraírem o HIV
combater essas doenças, a pessoa acaba por morrer.
através da actividade sexual. A sua vulnerabilidade aumenta substancialmente em casos de actos sexuais coercivos e/ou violentos.
As infecções oportunistas mais comuns são a tuberculose, a pneumonia, o
cancro da pele, a meningite, as aftas, a herpes, as infecções bacterianas que
Infecções Sexualmente Transmissíveis
í
íveis
causam febre, dificuldades digestivas e perda de peso.
O risco de transmissão é aumentado se qualquer um dos parceiros tem
A SIDA manifesta-se de maneira diferente em cada indivíduo. Algumas pessoas morrem pouco tempo depois de terem sido infectadas, enquanto que
outras podem viver durante dez anos ou mais sem tratamento.
uma infecção sexualmente transmissível (IST). Uma IST é qualquer doença
que é passada de uma pessoa para outra através do contacto sexual, tal
como clamídia, herpes genital, verrugas genitais, gonorreia e sífilis, cancro e
tricomoníase. O HIV/SIDA também é uma infecção sexualmente transmissível (IST).
1.2 Como é transmitido o vírus?
Fluidos corporais
O HIV é transmitido quando uma pessoa tem contacto com certos fluidos
corporais duma outra pessoa que é seropositiva.
Fluidos corporais que podem conter e transmitir o HIV:
• Sangue
• Prurido ou pus de uma ferida
• Sémen
Uma pessoa com uma IST tem dez vezes mais probabilidades de transmitir
o HIV ou de adquirir o HIV quando é exposta ao vírus do que uma pessoa
que não sofra de uma IST.
Estas são as duas principais razões:
• Muitas IST causam feridas abertas e fissuras na pele, facilitando
assim a entrada do HIV no corpo.
• Os fluidos corporais dos indivíduos com IST têm uma maior
• Fluido vaginal
concentração de células T auxiliares, que servem de alvos para
• Leite materno
o HIV e podem aumentar o risco de infecção.
Os fluidos corporais que podem conter e transmitir o HIV com o qual o pessoal médico pode ter contacto incluem:
• Fluidos que envolvem o cérebro e o cordão espinal.
• Fluidos que envolvem as articulações ósseas.
• Fluidos que envolvem o bebé ainda por nascer (o feto).
Descrevem-se a seguir as principais formas como é transmitido o HIV/SIDA.
Alguns sintomas de infecções sexualmente transmissíveis
ííveis são:
• Feridas abertas ou fissuras na pele em volta dos órgãos genitais.
• Corrimento vaginal branco, amarelo ou verde.
• Sensação de queimadura ao urinar.
• Prurido na área genital.
• Dor na região baixa do estômago ou na região lombar.
• Dor nos testículos.
• Dor durante o acto sexual.
Actividade sexual
A actividade sexual é a forma mais comum de transmissão do HIV. O HIV
pode ser transmitido através de qualquer tipo de actividade sexual (vaginal,
anal, ou oral) e pode ocorrer quando os fluidos corporais dum parceiro
penetram no outro, inclusive através de pequenos cortes ou arranhões
mesmo pouco identificáveis. As mulheres e especialmente as raparigas
devido às suas características biológicas e fisiológicas, são aproximadamente
[6]
No entanto, não existem sintomas associados a algumas IST. Por isso, é
importante que vá a uma clínica de saúde para obter um exame de
diagnóstico e um tratamento adequado se existe uma possibilidade da
ocorrência de uma exposição. Na verdade, a maioria das IST são curáveis
e as IST que não receberem tratamento, para além de facilitarem a
[7]
transmissão do HIV, podem resultar em complicações graves, incluindo a
infertilidade e o cancro do colo do útero.
Transfusões de sangue
Um indivíduo pode ficar infectado se receber sangue infectado pelo HIV
numa transfusão de sangue. A maioria dos países, actualmente, faz testes
ao sangue doado para verificar se está infectado com o HIV, o que torna
o risco bastante baixo. No entanto, em situações em que os testes de
detecção não são realizados, o risco de transmissão da doença é muito
mais elevado. É importante utilizar apenas serviços de saúde reconhecidos
onde o sangue armazenado tenha a garantia de ser seguro e/ou evitar as
transfusões de sangue (isto é, utilizar substitutos de plasma) sempre que
seja possível.
Partilhar agulhas ou seringas com alguém que tenha HIV/SIDA
As agulhas, seringas ou outros instrumentos que penetrem a pele (para
injecção de drogas, tatuagens, “piercing” (furos) das orelhas e de outras
partes do corpo, cicatrizes gravadas, circuncisão, ou corte de barba) e
sejam usados primeiro por uma pessoa infectada podem transmitir o vírus
às pessoas que os usem a seguir. A transmissão do HIV através de instrumentos de injecção pode também acontecer em clínicas, hospitais, centros
de enfermagem ou dispensários onde as seringas, agulhas e o equipamento
não sejam devidamente esterilizados.
Transmissão mãe-filho (MTCT – Mother-to-child transmission)
Uma mulher infectada com o HIV pode passar o vírus para o seu bebé
durante a gravidez através da placenta, e durante o parto através da
exposição do bebé ao seu sangue. Sem um tratamento, aproximadamente
15 a 30 por cento dos bebés nascidos de mães seropositivas são infectados
pelo vírus.
O HIV pode igualmente ser transmitido ao bebé através do leite materno
durante a amamentação, o que aumenta o risco de transmissão da doença
para o bebé de 10 a 20 por cento.
[8]
“Tevy”, de 11 anos, e o seu irmão de 13 anos viram o pai morrer de SIDA e, depois, ajudaram
a cuidar da mãe durante seis anos, até que, também ela morreu da mesma doença. Estas
crianças, que vivem com os avós, têm conseguido continuar a frequentar a escola graças ao
apoio da World Vision.
1.3 Noções erradas comuns sobre a transmissão do HIV
O HIV não é adquirido através do seguinte:
Fases iniciais da SIDA
Eventualmente, a infecção pelo HIV progride até um tal ponto que os sinais
• Viver no mesmo lugar com pessoas que tenham HIV/SIDA.
mais óbvios da doença começam a aparecer. Os primeiros sintomas associa-
• Beijar (a menos que haja feridas abertas ou exposição ao sangue
dos à SIDA podem ser qualquer um dos seguintes:
dentro da boca).
• Perda de peso (superior a 10 por ciento do peso corporal).
• Contacto próximo, abraçar, apertar as mãos, tocar o corpo doutras
pessoas durante actividades desportivas.
• Falta de energia.
• Diarreia crónica durante mais de um mês.
• Picadas de mosquitos ou de outros insectos.
• Feridas ou erupções dolorosas.
• Compartilhar alimentos, utensílios, canecas ou pratos.
• Feridas nos lábios que não cicatrizam.
• Nadar ou banhar-se em piscinas.
• Febres e suores nocturnos.
• Espirrar ou tossir.
• Inchaço nas glândulas do pescoço, axilas e virilhas
• Visitar um hospital.
(pouco depois da infecção).
• Suor, saliva, ou lágrimas.*
• Aftas (uma erupção branca) na boca ou nos órgãos genitais.
• Urina ou fezes.*
• Repetidas infecções na garganta ou nos ouvidos.
• Herpes zóster recorrente.
* Os estudos efectuados indicam que o HIV pode ser encontrado nessas substâncias mas numa concentração demasiado baixa para causar
a transmissão.
Fases terminais da SIDA
As pessoas que vivem com a SIDA podem contrair qualquer um dos
4 Fases da infecção pelo HIV e progressão para SIDA
Infecção pelo HIV
sintomas ou infecções oportunistas:
• Problemas respiratórios tais como tuberculose atípica e
pneumonia grave recorrente.
Uma pessoa que foi infectada pelo HIV pode ter sintomas semelhantes a
• Mais perda de peso.
uma constipação ou gripe, tais como febre, glândulas inchadas no pescoço,
• Fadiga extrema.
nas axilas, e nas virilhas, dentro de um a dois meses após a exposição ao
• Manchas azuis escuras ou castanho-avermelhadas na pele
vírus. Esses sintomas são, muitas vezes, confundidos com uma constipação
ou “gripe”. Esta fase é denominada “fase aguda”. Depois de desaparecerem
(conhecidas como sarcoma de Kaposi).
• Erupções cutâneas dolorosas e que provocam a comichão.
os sintomas, uma pessoa infectada pelo HIV pode viver durante muitos anos
• Sensação de formigueiro nas mãos e nos pés.
sem sentir nenhuns sintomas nem mostrar quaisquer sinais de falta de saúde
• Repetidas infecções na garganta ou nos ouvidos.
associados à SIDA.
• Perturbações mentais resultantes de infecções no cérebro.
Durante esse tempo a pessoa pode não saber que está infectada ou pode
não aparentar estar doente. Contudo, poderá transmitir o vírus a outras
pessoas que entrem em contacto com os seus fluidos corporais.
A aparência duma pessoa nunca deve ser usada como um indicador da
presença ou ausência de infecção pelo HIV. Por outro lado, as pessoas seropositivas podem contrair infecções oportunistas se o seu sistema imunitário
estiver enfraquecido por outra causa que não o HIV.
[ 10 ]
1.5 Como é que uma pessoa sabe que é seropositiva?
Teste e aconselhamento voluntário e confidencial
As clínicas médicas e as organizações comunitárias são capazes de determinar o estado dum indivíduo quanto à infecção pelo HIV fazendo um teste
ao sangue que indica se a pessoa é ou não seropositiva. Em algumas áreas,
os testes à saliva ou à urina também estão disponíveis. Quando o vírus está
presente na corrente sanguínea de uma pessoa, a mesma é descrita como
[ 11 ]
Os pais de Ramonita, de 9 anos, morreram de uma doença cujos sintomas, geralmente, estão
relacionados com a SIDA. Esta menina, a quem a World Vision ajuda, e a sua avó, Andrea,
dormiam no chão de uma cabana de madeira prestes a desabar, em Haiti, até que a World
Vision lhes construiu uma casa de cimento e lhes ofereceu uma cama de casal nova.
seropositiva. Do mesmo modo, uma pessoa seronegativa descreve o estado
dum indivíduo que não tem HIV. Se o teste for realizado demasiado cedo
depois da exposição, geralmente dentro dos primeiros três a seis meses,
uma pessoa seropositiva pode mostrar um resultado seronegativo do teste,
porque o corpo ainda não teve possibilidade de desenvolver anticorpos
contra o HIV. Recomenda-se que depois do primeiro teste seja feito um
segundo teste seis semanas depois para confirmar a situação de seronegativo.
Qualquer pessoa pode obter informações sobre como fazer um teste ao
sangue confidencial para saber se tem HIV, indo ou telefonando para uma
clínica de saúde, consultório médico ou hospital na sua área de residência.
Porquê e quando deve uma pessoa ser testada para detectar o HIV?
Quando uma pessoa tem conhecimento do seu estado em relação ao HIV,
pode tomar decisões informadas sobre a sua actividade sexual, ter ou não
filhos e escolher a maneira de viver a sua vida. Este conhecimento também
ajuda uma pessoa seropositiva a obter acesso a cuidados, tratamento e serviços de apoio psicosocial providenciados pela comunidade, o que poderá
prolongar a sua vida ou salvar a vida doutra pessoa. Por outro lado se um
teste confirmar que alguém é seronegativo, essa pessoa pode depois fazer
tudo aquilo que pode para se manter seronegativa.
Um indivíduo deve procurar obter aconselhamento voluntário e confidencial
e ser testado para detectar o HIV se responder “sim” a qualquer uma das
seguintes perguntas:
Nos últimos 10 a 15 anos:
• Teve relações sexuais com ou esteve em contacto com os fluidos
corporais duma pessoa que é seropositiva ou que você desconhecia
se tinha ou não o HIV?
• O seu parceiro sexual teve relações ou teve contacto com os fluidos
corporais de alguma outra pessoa para além de si?
• Usou drogas intravenosas e partilhou agulhas, seringas e/ou outros
equipamentos não esterilizados?
• Alguma vez esteve exposto(a) a instrumentos médicos (instrumentos cirúrgicos ou de “piercing”/perfuração da pele ou de tatuagens)
que podem não ter sido devidamente esterilizados?
[ 13 ]
• Teve algum contacto com o sangue doutra pessoa?
Se uma pessoa é seronegativa pode assumir que o(a) seu/sua
• Alguma vez recebeu uma transfusão de sangue de algum serviço
parceiro(a) sexual também é seronegativo(a)?
médico que não analisou esse sangue para verificar se estava
Não. Os testes feitos a uma pessoa nunca devem substituir os testes para
infectado com o HIV?
outra pessoa. A transmissão do HIV não acontece todas as vezes que
ocorre uma exposição ao vírus e, por isso, é possível que uma pessoa tenha
As crianças também devem ser testadas se os seus pais sabem ou se sus-
o HIV e outra não. Porém, se a exposição ao vírus continuar, é provável que
peitam que eles próprios tenham HIV/SIDA, uma vez que o vírus pode ser
o parceiro não infectado também contraia o HIV.
transmitido durante a gravidez, o parto ou a amamentação.
1.6 Existe algum tratamento para o HIV/SIDA?
Quanto tempo após a possível exposição deve uma pessoa esperar
Actualmente, não existe nenhuma vacina ou cura para o HIV/SIDA. No
para ser testada?
entanto, existem tratamentos que podem retardar a reprodução e mitigar
Actualmente recomenda-se que as pessoas sejam testadas para detectar o
os danos causados pelo vírus, mas não podem eliminar o vírus do orga-
HIV três a seis meses após a possível exposição ao vírus. O teste de HIV
nismo duma pessoa infectada com o HIV. Consultar a secção 4.3 para obter
não detecta o próprio vírus, mas detecta sim, anticorpos (substâncias que
mais informações sobre os tratamentos actuais.
o organismo desenvolve especificamente para combater o HIV). Na maioria
dos casos, existe uma “janela” de três a seis meses durante os quais uma
Viver uma vida saudável pode ajudar a prolongar a vida se a pessoa mantiver
pessoa infectada pelo HIV pode testar seronegativa, dado que o seu corpo
o corpo forte e protegê-lo contra infecções. É importante que uma pessoa
ainda está em pleno processo de produção de anticorpos. Se houver alguma
com HIV/SIDA se alimente com refeições nutritivas e equilibradas, durma
razão para suspeitar que contraiu o HIV, é extremamente importante que
bastante e faça exercício físico com regularidade. (Ver o capítulo 3 para
tome medidas de prevenção durante esses primeiros seis meses. Apesar de
mais informações.)
que um teste ao sangue talvez não possa ainda detectar o HIV, um indivíduo
seropositivo pode mesmo assim transmitir o vírus a outros durante esse
1.7 O que deve uma pessoa fazer ao descobrir que é seropositiva?
• Consultar um profissional de saúde especializado em HIV/SIDA
período.
para determinar as opções possíveis de tratamento e cuidados.
Quanto tempo é necessário para se saber se um bebé que nasceu
duma mãe seropositiva está infectado?
Testes normais ao sangue não podem detectar o HIV num bebé até este ter
12 a 18 meses de idade. Antes dessa idade, o teste ao sangue será sempre
positivo, porque os bebés nascem com os anticorpos das mães e, como foi
explicado acima, o teste identifica os anticorpos existentes no sangue e não
o próprio vírus. Para obter um diagnóstico preciso do HIV em bebés com
menos de 18 meses de idade, um teste PCR (Protein-Chain Reaction) pode
ser utilizado quando disponível.
• Considerar falar com um psicólogo sobre as emoções que
acompanham um diagnóstico de HIV/SIDA, incluindo o medo,
sensação de perda, desgosto, depressão, atitude de negação,
irritação, ansiedade e outras.
• Informar o seu parceiro que é seropositivo(a) e encoraje-o(a) a
fazer um teste ao sangue.
• Notificar os parceiros sexuais que teve no passado que é
seropositivo(a) e encoraje-os(as) a fazer um teste ao sangue.
• Submeter a testes as crianças que nasceram ou foram amamentadas desde que a mãe contraiu o HIV.
[ 14 ]
[ 15 ]
Através de uma das actividades da campanha intitulada Lições sobre a
Vida (Lessons for Life), facilitada em parte pela World Vision, as crianças
simbolizaram o seu compromisso para com a luta contra HIV/SIDA,
através do lançamento de balões para o céu em Lima, no Peru, ao
mesmo tempo que repetiam a frase “Aprender, lutar, mudar”.
Capítulo 2
Prevenção contra o HIV/SIDA
2.1 Introdução
2.2 Actividade sexual
2.3 Transfusões de sangue
2.4 Agulhas, seringas, e outros instrumentos
médicos
2.5 Transmissão mãe-filho (MTCT)
2.6 Precauções de segurança na prestação
de primeiros socorros
2.7 Prevenção após a exposição a fluidos
corporais
2.8 Outras precauções de segurança preventivas
2.9 Responsabilidades de prevenção da pessoa
seropositiva
2. Prevenção contra o HIV/SIDA
2.2 Actividade sexual
Abstinência
O melhor método para evitar contrair ou transmitir o HIV/SIDA é praticar
2.1 Introdução
a abstinência de relações sexuais. Deus concebeu as relações sexuais como
De todas as questões relacionadas com a pandemia do HIV/SIDA, possivelmente
uma dádiva para ser desfrutada dentro do casamento entre um homem e
a mais importante é que o HIV/SIDA, em grande parte, pode ser evitado.
uma mulher. Antes do casamento, a obediência ao mandamento de Deus
Para impedirmos que o vírus se espalhe é necessário o apoio de todos os
de reservar o sexo apenas para a relação conjugal, constitui uma certa
elementos que têm influência sobre a vida duma pessoa: o governo, a igreja e
protecção contra a transmissão sexual do HIV, assim como contra muitas
outras comunidades de fé, a comunidade médica, os grupos comunitários e a
outras consequências prejudiciais e dolorosas resultantes da actividade
sociedade civil, as ONG, os professores e educadores, os pais, os cônjuges e,
sexual fora da relação conjugal. A orientação divina quanto às relações
o que é mais importante, as opções diárias feitas pelo próprio indivíduo. As
sexuais assegura a protecção para nós individualmente e também para a
taxas de incidência só podem abrandar quando a comunidade trabalhar em
nossa família, para o futuro cônjuge e quaisquer filhos que venham a nascer.
colaboração para disseminar a mensagem da importância da prevenção e
desencorajar comportamentos de alto risco. Os esforços para a prevenção
e educação sobre o HIV/SIDA são fundamentais na luta contra o HIV/SIDA.
O silêncio e a ignorância, como se tem verificado, são terrenos férteis para a
Casamento e fidelidade
A fidelidade ao nosso cônjuge não só preserva a intimidade da relação do
casamento, mas também garante uma segurança pessoal contra a SIDA e
rápida disseminação da infecção.
outras infecções sexualmente transmissíveis (IST). Se nenhum dos indivídu-
Quem mais pode promover e contribuir para inverter a maré da pandemia
não existirá risco de transmissão do HIV através da actividade sexual. Ter
do HIV/SIDA é o próprio indivíduo afectado pela doença. Uma compreen-
relações com vários parceiros sexuais aumenta muito o risco de contrair o
são pessoal das medidas correctas de prevenção pode oferecer a uma pessoa
vírus e de o passar para o cônjuge e os futuros filhos.
os num casal estiver infectado e permanecer cem por cento fiel ao outro,
afectada os instrumentos para tomar decisões acertadas, aconselhar as pessoas
que conhecem e assumir uma responsabilidade pessoal para evitar a infecção
Se um dos cônjuges tiver tido anteriormente comportamentos de alto
ou infectar outros. Uma compreensão correcta deve traduzir-se em tomadas
risco, essa pessoa deverá ser testada para detectar o HIV antes de se casar
de decisão que reflictam valores morais fortes e um compromisso em proteger
ou de voltar a ter relações sexuais.
tanto os outros quanto a nós próprios.
É importante encorajar as comunidades a abordarem a questão do HIV/SIDA
Sexo seguro
Conhecimento do estado em relação ao HIV
dentro das suas próprias fronteiras. Enquanto que a World Vision trabalha com
O conhecimento do nosso estado e do estado do(a) nosso(a) parceiro(a)
todas as partes de uma comunidade, nós destacamos especialmente o trabalho
em relação ao HIV (seropositivo ou seronegativo) é o primeiro passo
de parceria com as igrejas e outras organizações de fé para abordar o problema
para uma relação sexual sem risco. Esse conhecimento permite que um
do HIV/SIDA, reconhecendo as suas capacidades especiais para promover a pre-
indivíduo tome decisões informadas sobre ter relações sexuais e ter filhos,
venção e fornecer cuidados. Do mesmo modo, as famílias precisam de conversar
o que pode eventualmente salvar a vida de outro indivíduo.
sobre o HIV/SIDA, com os pais protegendo-se a si próprios e educando os seus
filhos. A secção que se segue apresenta informações básicas sobre como uma
Em algumas partes do mundo nove entre cada dez indivíduos não sabem se
pessoa pode proteger-se a si própria e a sua comunidade em geral contra o HIV.
têm ou não HIV. Esta falta de conhecimento contribui para que o vírus se
[ 18 ]
espalhe rapidamente.
[ 19 ]
Aconselhamos a que vá ou telefone para uma clínica de saúde, médico,
Basta um único acto sexual sem protecção para contrair ou transmitir o
hospital ou aconselhamento voluntário e centro de testes da sua locali-
HIV ou outras IST. Para garantir a protecção mais eficaz, os preservativos
dade, para obter informações sobre como pode fazer um teste ao sangue
devem ser usados sempre da mesma maneira e correctamente. É impor-
confidencial para saber se tem o HIV.
tante verificar a data de validade de uma embalagem de preservativos.
Número limitado de parceiros
Não devem ser usados produtos à base de óleo (tais como vaselina ou
Ter mais do que um parceiro sexual aumenta grandemente o risco de
loção) com o preservativo, visto que estes produtos poderem danificar o
infecção pelo HIV. Tal como mencionámos anteriormente, quando dois
preservativo e permitir o vazamento de secreções. Além disso, não devem
indivíduos seronegativos se mantêm totalmente fiéis um ao outro o seu
ser usados preservativos feitos de pele de carneiro para protecção contra
risco de transmissão sexual da doença é eliminado.
o HIV. Os preservativos de pele de carneiro são eficazes para evitar a
gravidez, mas não são adequados para prevenção contra o HIV ou IST
Se ambos forem seropositivos, a fidelidade dentro da relação ajudará tam-
(infecções sexualmente transmissíveis), porque os vírus podem passar
bém a evitar uma futura transmissão a outras pessoas.
através desse produto.
Preservativos
• Estratégias de prevenção que capacitam as mulheres
O uso de preservativos de látex durante o acto sexual (sexo vaginal, oral,
A falta de poder social e económico pelas mulheres, a par dos índices
ou anal) pode reduzir muito o risco de transmissão do HIV e das IST. Os
crescentes de violações e violência doméstica em muitas sociedades,
preservativos devem ser usados durante qualquer actividade sexual com
frequentemente dificultou ou impossibilitou as mulheres de se abste-
um parceiro que seja seropositivo, que tenha uma IST ou que não saiba
rem de ter relações sexuais ou de negociar o uso de preservativos pelo
qual é o seu estado em relação ao HIV.
homem. Nestas situações, sempre que esteja disponível, as mulheres
devem usar um preservativo feminino, que consiste numa barreira de
Os preservativos não devem nunca ser considerados como uma garantia
látex que as mulheres podem colocar algumas horas antes do acto
de protecção. A única protecção absoluta contra a transmissão sexual
sexual. Estão a realizar-se estudos de investigação sobre substâncias
de qualquer vírus ou doença é a abstenção da actividade sexual com um
chamadas “microbicidas” que as mulheres poderão usar para reduzir o
parceiro que não se sabe se é seropositivo ou sofre de uma IST.
seu risco de infecção pelo HIV, ao aplicá-las depois do acto sexual.
• Uso de preservativos por casais casados
Tratamento de infecções sexualmente transmissíveis
ííveis (IST)
Quando um ou ambos os cônjuges são seropositivos, o uso de preser-
O tratamento imediato e completo das IST, incluindo clamídia, herpes
vativos é para permitir que o casal desfrute da sua relação física e não
genital, verrugas genitais, gonorreia, granuloma inguinal, cancróide, trico-
ponha outra vida em risco. Ao evitar a transmissão do HIV ao cônjuge
moníase e sífilis é importante para reduzir o risco de transmissão do HIV.
não infectado ou ao evitar uma reinfecção contínua, esse casal estará a
Um indivíduo deve dirigir-se a uma clínica médica ou consultar um profis-
proteger-se e a preservar a vida um do outro.
sional médico imediatamente após reconhecer os sintomas associados a
• Uso de preservativos fora da relação conjugal
Se um indivíduo decidir ter uma actividade sexual fora do casamento,
deverá assumir a responsabilidade de proteger a vida e evitar a transmissão do HIV usando preservativos.
uma IST, mesmo se parecer que os sintomas desapareceram. Não devemos
esquecer-nos de que as IST não se curam por si só.
• Para os indivíduos seronegativos, a eliminação da IST diminuirá as
oportunidades do HIV penetrar na sua corrente sanguínea. Na verdade
calcula-se que o tratamento imediato das IST pode evitar aproxima-
[ 20 ]
[ 21 ]
damente 40% de novas infecções pelo HIV. Também ajuda a proteger
gas descartáveis para as injecções necessárias. Muitos escritórios da
contra a possibilidade de infertilidade e outras complicações
World Vision têm à disposição estojos ou kits para injecções seguras,
relacionadas com as IST.
disponíveis para as pessoas que viajem.
• Para os indivíduos seropositivos, a eliminação da IST baixará a
concentração de HIV nas secreções sexuais, diminuindo o risco de
2.5 Transmissão mãe-filho (MTCT)
Gravidez e parto
transmissão, assim como potencialmente retardando o aparecimento
O melhor método de prevenção contra a transmissão mãe-filho, durante
da SIDA e melhorando a qualidade de vida.
a gravidez e o parto, é o uso de medicamentos antiretrovirais tais como
Outras precauções para praticar o sexo seguro
• Deve evitar-se qualquer contacto sexual que resulte em sangramento
ou quando exista sangramento. Isso inclui o ciclo menstrual da
mulher ou o período de recuperação a seguir ao parto e ao
a Zidovudine (AZT) ou a Nevirapine (NVP). O tratamento, normalmente
consiste num método duplo:
• Tratamento antiretroviral da mãe durante a gravidez.
• Tratamento antiretroviral do bebé durante um certo tempo
após o nascimento.
nascimento do bebé.
Amamentação
2.3 Transfusões de sangue
A maioria dos países, actualmente, efectua testes ao sangue doado para
detectar a infecção pelo HIV. O risco de que uma pessoa adquira o HIV durante
uma transfusão de sangue é baixo se o sangue tiver sido submetido a um teste
correcto. Apesar deste facto, mesmo assim é importante assegurar que o
sangue usado nas transfusões tenha sido comprovado ser negativo em relação
Estudos de investigação realizados demonstram que aproximadamente 10
a 20 por cento dos bebés amamentados por uma mãe seropositiva ficarão
infectados pelo HIV. Porém, esses estudos demonstram também que a
probabilidade das crianças contraírem doenças mortais é ainda maior
quando essas crianças são expostas à mistura de água não potável com
fórmula de leite infantil.
ao HIV através de testes.
As mães seropositivas têm que tomar a decisão de ou amamentar os seus
2.4 Agulhas, seringas e outros instrumentos médicos
• As agulhas, seringas e qualquer instrumento que tenha sido utilizado
filhos ou de usar a fórmula infantil de acordo com a disponibilidade de um
produto de fórmula infantil de qualidade, do custo de aquisição da fórmula
para perfuração da pele de um indivíduo não devem ser utilizados por
e de água potável. Se não houver água potável ou se a fórmula de leite
outra pessoa.
infantil de qualidade não estiver disponível ou não tiver um preço aces-
• Se um instrumento que tiver sido usado para perfuração da pele
de outro indivíduo tiver que ser usado novamente, este deverá ser
completamente esterilizado, através de submersão em água a ferver
durante pelo menos 20 minutos.
• Em países de alto risco, é aconselhável utilizar instalações e serviços
médicos que pratiquem métodos de administração de injecções de
maneira segura e técnicas adequadas de esterilização do equipamento.
• Os viajantes devem levar consigo luvas descartáveis e agulhas/serin-
[ 22 ]
sível, então a amamentação é preferível. As mães que não tenham acesso a
água potável, deverão alimentar o bebé a biberão com fórmula, apenas se
tiverem tempo e combustível suficiente para ferverem a água de cada vez
que alimentarem o bebé.
O risco de transmissão durante a amamentação aumenta quando:
• A mãe tem feridas nos mamilos.
• O bebé tem aftas (erupções esbranquiçadas dentro da boca).
• O bebé tem dentes (se o bebé morder pode ficar infectado pelo
sangue da mãe).
[ 23 ]
• A mãe fica infectada pelo HIV durante o período em que está a ama-
pós-exposição, e que pode oferecer uma protecção significativa contra
a infecção pelo HIV.
mentar.
• Ser testado para a detecção de anticorpos ao HIV em períodos de seis
A alimentação misturada, isto é a alimentação com leite materno e fórmula, também deverá ser evitada, porque representa o risco mais elevado
que a criança tem de contrair uma infecção pelo HIV.
A combinação de um tratamento antiretroviral com as técnicas adequadas
de parto e de alimentação podem reduzir o risco de transmissão mãe-filho
de entre 25 a 50 por cento para menos de 1 por cento.
2.6 Precauções de segurança na prestação de primeiros socorros
Como uma pessoa ferida pode desconhecer se está infectada ou não com o HIV,
pode não estar a pensar claramente, ou pode estar incapacitada de comunicar,
qualquer pessoa que administre primeiros socorros deve tomar sempre medidas
preventivas.
semanas, doze semanas e seis meses após a exposição.
• Tentar determinar o estado de saúde em relação ao HIV da pessoa a
cujos fluidos corporais tiver sido exposta. Se se verificar que a pessoa
é seronegativa, o tratamento pode ser interrompido.
2.8 Outras precauções de segurança preventivas
• Nunca devem pedir-se emprestadas as lâminas para fazer a barba.
• Nunca devem pedir-se emprestadas escovas de dentes, nem outros
artigos de higiene pessoal de outras pessoas que não sejam descartados após cada uso.
2.9 Responsabilidades de prevenção da pessoa seropositiva
Recomenda-se que uma pessoa seropositiva assuma as seguintes respon-
Se existir um risco de exposição aos fluidos corporais da pessoa ferida,
devem tomar-se as seguintes precauções:
• Usar luvas descartáveis e deitá-las fora depois de usar, colocando-as
num receptáculo ou saco fechados.
• Cobrir quaisquer feridas, cortes ou arranhões no corpo antes de tocar
sabilidades para impedir de maneira mais eficaz a transmissão do HIV:
• Informar os parceiros sexuais presentes e passados sobre o seu
estado em relação ao HIV.
• Não se esquecer de usar preservativos quando tiver relações
sexuais.
• No caso de estar grávida procurar obter aconselhamento para
na pessoa ferida.
• Lavar imediatamente a área do corpo que entrou em contacto com os
fluidos corporais da pessoa ferida.
• Limpar as superfícies expostas, tais como mesas, pisos e retretes ou
sanitas com lixívia diluída.
aprender de que maneira pode proteger o seu bebé contra o HIV.
• Se tiver filhos, providenciar para que os seus filhos fiquem sob o
cuidado de alguém, visto que no futuro pode ficar incapacitada e
morrer.
• Desinfectar os instrumentos médicos em água a ferver durante 20
• Não dar sangue para transfusões.
minutos após serem utilizados.
2.7 Prevenção após a exposição a fluidos corporais
Se uma pessoa for exposta aos fluidos corporais de uma pessoa seropositiva ou cujo estado de saúde em relação ao HIV se desconhece, deverá:
• A seguir a uma exposição, dirigir-se o mais depressa possível a uma
clínica de saúde ou a um hospital onde existam medicamentos antiretrovirais. Começar um tratamento de quatro semanas com combinações de dois ou três medicamentos antiretrovirais (ARV) pouco
depois da exposição, um tratamento que é conhecido como profilaxia
[ 24 ]
[ 25 ]
“Sirkit”, mostrando-nos uma fotografia da sua patrocinadora americana, é uma
excelente aluna e participa activamente na sua comunidade, na sua aldeia tailandesa.
Dedica os seus tempos livres a ensinar os outros sobre a prevenção contra o HIV.
Capítulo 3
Abordar o estigma e a
descriminação
3.1 Introdução
3.2 Como estigmatizamos?
3.3 O impacto do estigma e da
discriminação
3.4 Como podemos vencer o estigma
e a discriminação?
Through educational activities
facilitated by
[ 26 ]
World Vision, school-age students in Thailand are
learning how to protect themselves from HIV/
AIDS as well as understand and care for people
affected by the virus.
3. Abordar o estigma e a
discriminação
tenham sido feitos por uma pessoa seropositiva e muitos outros comportamentos indevidos.
As pessoas que vivem com o HIV/SIDA ou que são afectadas pelo HIV/SIDA
3.1 Introdução
também se podem entregar a um “auto-estigma”, sobrecarregando-se de culpa
Uma das maiores tragédias da pandemia global do HIV/SIDA é que milhões
e isolamento.
de pessoas que sabem ou que suspeitam que são seropositivos vivem em
isolamento, sem esperança e amedrontados por causa do estigma e da
3.3 Impacto do estigma e da discriminação
discriminação. O sofrimento físico provocado pela SIDA é ampliado pelo
O estigma e a discriminação destroem as vidas a pouco e pouco e dificultam
sofrimento emocional que decorre da rejeição e da discriminação e mesmo,
uma resposta eficaz e compassiva ao HIV/SIDA.
em muitos casos, pelo abuso físico e mental causado pelas famílias pelas
comunidades e mesmo pelos locais de veneração religiosa.
O estigma e a discriminação podem ser definidos como evitar ou maltratar
alguém intencionalmente com base nas suas características e circunstâncias,
incluindo se estão a viver ou não com HIV/SIDA.
Cada um de nós dever fazer tudo o que puder para eliminar o estigma e a
discriminação ao assegurar que os nossos comportamentos, palavras e acções
não estigmatizem nem discriminem de forma nenhuma contra as pessoas
afectadas ou infectadas pelo HIV/SIDA, e encorajando os outros a fazer o
mesmo.
Como é que o estigma e a descriminação destroem vidas a
pouco e pouco
O estigma contra as pessoas que vivem com o HIV/SIDA ou que são
afectadas pelo HIV/SIDA pode resultar em violações dos seus direitos
humanos assim como em sentimentos de depressão e de desespero. Em
relação aos direitos humanos, às pessoas afectadas pelo HIV/SIDA são
negados os cuidados de saúde, a educação e o emprego. Todavia, ainda
mais devastadores, são os profundos sentimentos de isolamento e de
depressão que podem acompanhar a rejeição das pessoas que vivem com o
HIV/SIDA ou que são afectadas pelo HIV/SIDA, por parte das suas famílias
e comunidades.
3.2 Como estigmatizamos?
Os comportamentos estigmatizantes baseiam-se, com frequência, em crenças
erróneas ou receios provocados por factos incorrectos e inoportunos sobre
como o HIV/SIDA pode ser transmitido (por exemplo, tocar em alguém casualmente, tossir ou espirrar). Estes comportamentos também podem ocorrer
quando julgamos alguém moralmente com base em suposições que podem ser
verdadeiras ou não.
Como é que o estigma e a discriminação podem dificultar a resposta
ao HIV/SIDA
O estigma e o medo do abuso físico e emocional possível, desencoraja
milhões de pessoas de procurar obter aconselhamento e testes voluntários
para o HIV. Dado que não têm conhecimento sobre o seu estado de saúde
em relação ao HIV, aqueles que são seropositivos, têm menos probabilidades de tomar medidas para evitar infectar os outros ou de tirar partido
Os comportamentos indevidos motivam palavras e acções estigmatizantes. Estas
palavras e acções podem ser claras e o abuso verbal directo ou físico pode
incidir sobre alguém que viva ou que esteja afectado pelo HIV/SIDA. Ou podem
ser acções indirectas, tais como evitar ou ignorar alguém, falar mal dessa pessoa quando não está presente, recusar-se a tocar, a cumprimentar ou a visitar
alguém que esteja afectado pelo HIV/SIDA. Não permitir que os filhos brinquem
com crianças afectadas pelo HIV/SIDA, recusar-se a comprar produtos que
[ 28 ]
de programas que oferecem tratamento antiretroviral, evitar a transmissão
mãe-filho do vírus, ou ter acesso a muitos outros serviços dedicados a
serviços de cuidados a prestar a pessoas seropositivas para terem uma vida
positiva. E, o estigma no seio das igrejas, outros locais de veneração religiosa e comunidades inteiras, com frequência, provoca a falta da prestação
de cuidados compassivos aos membros que vivem com o HIV/SIDA, ou às
crianças órfãs ou vulneráveis por sofrerem de HIV/SIDA.
[ 29 ]
No Camboja, os colegas e amigos educadores estão a ajudar a
reduzir a descriminação e a evitar a disseminação da SIDA.
3.4 Como podemos ajudar a vencer o estigma e a discriminação?
Os valores que constituem a base da Iniciativa Esperança contra o HIV/SIDA
e de todo o trabalho da World Vision para resolver o HIV/SIDA deveriam
reflectir o amor incondicional e compassivo de Deus por todas as pessoas e
afirmar a dignidade e o valor de cada indivíduo. Somos chamados a viver esses
valores através da ajuda para vencer o estigma e a discriminação relacionados
com o HIV/SIDA. As formas como podemos fazer isto nas nossas vidas incluem:
• Fornecer informações correctas sobre o HIV/SIDA, incluindo como é
ou não é transmitido e como pode ser testado.
• Desafiar atitudes de crítica, receio e suposições incorrectas sobre
as pessoas que vivem com o HIV/SIDA ou que são afectadas pelo
HIV/SIDA.
• Demonstrar radicalmente o amor de Deus, prestando cuidados, aceitando e ajudando as pessoas que vivem com o HIV/SIDA ou que são
afectadas pelo HIV/SIDA.
[ 31 ]
Madavi, cujo marido morreu de SIDA, é seropositiva, e separa os medicamentos para
si e para outras pessoas seropositivas num hospício da World Vision em Chennai, na
Índia. Desde que foi para o hospício, a vida de Madavi e dos seus filhos (também
seropositivos) mudou completamente, pois tinham sido vítimas de descriminação e
mesmo de rejeição pelos próprios pais de Madavi.
Capítulo 4
Coabitar ou cuidar de uma pessoa
que viva com o HIV/SIDA
4.1 Introdução
4.2 Viver uma vida saudável com o HIV/SIDA
4.3 Tratamento antiretroviral
4.4 Cuidar de um indivíduo com HIV/SIDA
4. Coabitar ou cuidar de uma pessoa
que viva com o HIV/SIDA
Tome vitaminas regularmente
As vitaminas fornecem ao organismo nutrientes importantes que lhe
permitem reparar e curar as células. As pessoas que vivem com HIV/SIDA
precisam de mais nutrientes do que as pessoas saudáveis para manter o seu
4.1 Introdução
corpo a funcionar correctamente.
As pessoas que vivem com o HIV/SIDA precisam de saber como melhor proteger e preservar a sua saúde. Além disso, as pessoas que prestam cuidados
Evite fumar e beber bebidas alcoólicas
precisam de saber qual é a melhor maneira de cuidar das pessoas que vivem com
O tabaco e o álcool enfraquecem o sistema imunitário do corpo.
o HIV/SIDA. As sugestões apresentadas a seguir contêm informações úteis para
a vida quotidiana, mas não devem substituir os cuidados médicos profissionais.
Pratique exercício
íício regularmente
As pessoas que vivem com o HIV/SIDA e as pessoas que lhes prestam cuidados
A prática regular de exercício melhora a circulação e ajuda a manter
devem procurar consultar um médico, ou uma clínica ou hospital da sua locali-
a massa muscular no corpo de um indivíduo. Mesmo enquanto estiver
dade, para obterem informações acerca do tratamento médico adequado.
enfraquecida e confinada à cama, uma pessoa pode fazer exercícios repetitivos simples que podem evitar a rigidez das articulações e melhorar o fluxo
4.2 Viver uma vida saudável com o HIV/SIDA
sanguíneo.
Viver uma vida saudável equipa e fortalece o corpo para que este possa combater as infecções oportunistas. Além disso, estudos realizados indicam que uma
Repouse bem
maneira de viver saudável pode atrasar a progressão do HIV para a SIDA.
Quantidades adequadas de repouso permitem ao organismo concentrar-se
no combate às infecções, em vez de lutar contra a fadiga.
Se você ou alguém que conheça tem HIV/SIDA, as sugestões que se seguem
poderão ajudá-lo(a) a manter um estado de saúde positivo.
Evite o contacto com as pessoas que estão doentes sempre que
for possível
í
ível
Mantenha uma dieta saudável e segura
Como as pessoas que vivem com HIV/SIDA têm um sistema imunitário
Seguir uma boa nutrição e beber bastantes líquidos é muito importante para
enfraquecido, são mais susceptíveis às doenças e podem precisar de um
as pessoas que vivem com o HIV/SIDA. O corpo humano usa mais energia
período de tempo mais longo para recuperarem.
quando tem que combater infecções; portanto, uma dieta bem equilibrada
proporciona ao organismo a energia e os nutrientes necessários para man-
Mantenha uma área de habitação e de trabalho limpa
ter a saúde. Uma dieta saudável não evitará a manifestação da SIDA, mas
A limpeza regular do ambiente elimina os germes e bactérias que podem
pode retardá-la e melhorar a qualidade de vida duma pessoa que viva com
potencialmente ser perigosos para uma pessoa que viva com HIV/SIDA.
o HIV/SIDA. Quando planear as refeições, lembre-se que é melhor que as
Qualquer lugar onde uma pessoa seropositiva passe tempo deve ser man-
pessoas que vivem com o HIV/SIDA evitem ingerir carne e ovos crus ou mal
tido limpo para ajudar a evitar as infecções ou doenças. O contacto com a
passados, assim como leite sumos de frutas não pasteurizados e que bebam
sujidade e/ou os dejectos humanos ou animais deve ser evitado. Se isso for
água fervida ou filtrada para evitar os parasitas.
inevitável, as mãos devem ser lavadas imediatamente assim que o trabalho
terminar.
Tenha cuidado com animais
Apesar de não acarretarem perigos para as pessoas saudáveis, a exposição
aos germes de que os animais são portadores pode tornar uma pessoa que
[ 34 ]
[ 35 ]
vive com o HIV/SIDA susceptível a doenças. O contacto com animais é
Quem deverá ter acesso à terapia antiretroviral?
seguro para uma pessoa com HIV/SIDA, mas essa pessoa não deve tocar
A TAR só deve ser iniciada sob os cuidados de um médico. Geralmente,
nos dejectos dos animais e deve lavar as mãos depois de tocar num animal.
a TAR é apropriada para as pessoas que são seropositivas e manifestam
sintomas de SIDA, incluindo a síndrome de emaciação e a presença de
Outras sugestões para uma vida saudável
infecções oportunistas em pessoas que são seropositivas e que, apesar de
• Lembre-se que certos tipos de infecções oportunistas (citomegalovirus e
assintomáticas, possuem números de células CD4 abaixo do limite que é
o vírus da herpes humana 8) podem ser transmitidos através de beijos sali-
geralmente aceite (actualmente 200). Começar a TAR demasiado cedo
vosos, apesar de que o HIV não é, geralmente, transmitido desta forma.
pode causar efeitos secundários desnecessários e problemas de dependên-
• Siga os programas de imunização prescritos, mas lembre-se de que as
vacinas vivas (contra a poliomielite, o sarampo e as bexigas, etc.) não são
cia, podendo aumentar o risco de que o vírus em desenvolvimento possa
criar resistência ao tratamento.
recomendáveis para as pessoas que vivem com o HIV/SIDA.
Dependência
4.3 Terapia antiretroviral
Quando se inicia um regime de terapia antiretroviral de combinação, este
Enquanto a vacina ou cura para o HIV/SIDA ainda não estão disponíveis, existem
deve ser seguido com exactidão. Uma dosagem em falta ou tomar menos do
actualmente tratamentos com medicamentos antiretrovirais que podem mitigar
que a dosagem de medicamentos ARV prescrita pode permitir que o vírus
consideravelmente o impacto negativo do HIV sobre o sistema imunitário. Estes
crie resistência ao tratamento. Os ARV de qualidade duvidosa ou inferior
tratamentos usam combinações de três ou mais medicamentos antiretrovirais,
também podem permitir que o vírus crie resistência ao tratamento.
um processo terapêutico conhecido como “terapia antiretroviral” ou TAR.
Duração
O que são medicamentos antiretrovirais?
Uma vez iniciada, a TAR deve ser continuada durante o resto da vida de
Os medicamentos antiretrovirais (ARV) atrasam os processos através dos
uma pessoa. Interromper o tratamento durante um período de tempo
quais o HIV ataca as células CD4 (T auxiliares) e se reproduz. Quando
extenso pode provocar a reincidência de uma infecção pelo HIV com uma
utilizados em combinações, por vezes denominadas “cocktails”, como parte
gravidade maior e progredir para SIDA mais rapidamente, do que antes do
do processo de TAR, os ARV têm sido capazes de reduzir grandemente a
tratamento ter sido iniciado.
quantidade do HIV no sangue, por vezes para níveis quase indetectáveis.
Isto mantém o sistema imunitário mais forte, durante um período de tempo
Disponibilidade
mais longo, e atrasa extraordinariamente os primeiros sintomas de SIDA
A pouco e pouco os ARV estão a tornar-se mais acessíveis e menos dispen-
e as infecções oportunistas correspondentes. Apesar dos medicamentos
diosos, mas a sua disponibilidade ainda é limitada na maior parte do mundo.
antiretrovirais terem efeitos secundários, geralmente, estes são tratáveis e
a maioria desaparece dentro de um a dois meses. Muito superiores são os
efeitos positivos que a TAR pode ter sobre a qualidade de vida das pessoas
que vivem com a SIDA. A TAR pode melhorar extraordinariamente a sua
saúde, o seu estado psicológico e diminuir o medo da morte, permitindolhes serem mais produtivas e, se tiverem filhos, dar-lhes mais tempo para
cuidar dos seus filhos.
[ 36 ]
[ 37 ]
4.4 Cuidar de um indivíduo com HIV/SIDA
Conselhos práticos para qualquer pessoa poder cuidar de doentes
As pessoas que tratam de indivíduos com HIV/SIDA precisam de seguir certas
com HIV/SIDA:
• Reze pelo(a) doente e reze com o(a) doente.
práticas para protegerem a pessoa a quem prestam cuidados assim como a sua
própria saúde.
• Visite regularmente o(a) doente.
Precauções preventivas para quem presta cuidados:
• Encoraje-o(a) a viver uma vida cheia e produtiva, caso a sua infecção
pelo HIV ainda não tenha progredido para SIDA.
Manter-se ao corrente das imunizações e vacinações
Essas acções ajudarão os prestadores de cuidados a evitar doenças, que
poderiam potencialmente ser passadas para a pessoa que está a ser cuidada.
Os prestadores de cuidados devem certificar-se de que estão totalmente
imunizados contra doenças e devem informar-se junto do seu médico sobre
vacinações contra a gripe, a pneumonia e o tétano.
Não permitir a visita de pessoas que estão doentes
• Aprenda a tratar de certas doenças em casa (constipações, febres,
e aftas).
• Leve o(a) doente ao médico, à clínica ou ao hospital quando for
necessário um tratamento.
• Ajude o(a) doente a tomar os medicamentos estritamente como prescritos.
A pessoa com HIV/SIDA não deve estar na proximidade de outras pessoas
• Cozinhe refeições saudáveis para o(a) doente.
com doenças. Pedir aos amigos e familiares que visitem apenas quando se
• Ajude o(a) doente a fazer as compras de alimentos num mercado ou
loja da vizinhança.
encontrem bem de saúde. Se você estiver doente e mais ninguém puder
cuidar da pessoa com HIV, cubra a boca e o nariz e lave as mãos antes de se
aproximar da pessoa de quem está a cuidar.
Lavar as mãos frequentemente
Lavar as mãos ajuda a proteger contra a transmissão de infecções a pessoas
com HIV/SIDA. Se mais de uma pessoa estiver a ser cuidada, é necessário
lavar as mãos após o contacto com uma pessoa antes de ajudar a próxima
pessoa.
• Limpe a sua área de residência e/ou de trabalho.
• Encoraje-o(a) praticar exercício ou a fazer exercício com ele(a).
• Reserve algum tempo para escutar e fazer perguntas sobre os seus
sentimentos e bem-estar emocional.
• Respeite a sua privacidade e mantenha confidencial o seu estado em
relação ao HIV, excepto em circunstâncias médicas especiais.
Se o prestador de cuidados tiver alguma abrasão na pele, não deverá entrar
• Informe-se sobre a existência de serviços para pessoas que vivem com
HIV/SIDA dentro da comunidade, isto é grupos de apoio, aconselhamento, serviços médicos, etc.
em contacto com a pessoa a quem presta cuidados. Uma ferida aberta pode
• Leia livros e revistas para o(a) doente.
Cobrir as feridas abertas e os cortes
transmitir germes para a pessoa que vive com HIV ou aumentar o risco que
o prestador de cuidados corre de adquirir HIV no caso de ter entrado em
contacto com fluidos corporais da pessoa doente.
Tomar precauções com a lavagem da roupa
Se as roupas contiverem sujas com os fluidos corporais da pessoa portadora do HIV/SIDA o prestador de cuidados deve tomar precauções e usar
luvas. Deve mexer-se o menos possível na roupa suja. A roupa suja deve ser
colocada num saco de plástico ou num lugar isolado até poder ser lavada
com água e sabão.
• Cuide das crianças afectadas, ajude-as nas suas tarefas diárias, leve-as a
vários lugares e dê-lhes encorajamento.
• Ajude a pessoa a planear o seu futuro.
• Proporcione condições para que o(a) doente possa cuidar de si
próprio(a) a fim de ajudar melhor aqueles que precisam de ajuda.
É difícil enfrentar os problemas do HIV/SIDA e os prestadores de
cuidados precisam de ter algum tempo ao seu dispor para voltar a
ganhar forças, procurar apoio e ser rendido por amigos, familiares,
um conselheiro e/ou um grupo de apoio.
[ 38 ]
[ 39 ]
“Teleza”, um órfão do Malawi, é uma das seis crianças, que estão ao
cuidado de “Abikamile”, uma mulher de 53 anos, que é seropositiva,
mas que continua a lutar pela saúde e pela produtividade.
Capítulo 5
Proporcionar cuidados através
de relações compassivas
5.1 Introdução
5.2 Objectivos do aconselhamento no
contexto do HIV/SIDA
5.3 Mágoa e dor da perda
5.4 Sugestões para as relações
compassivas
5. Proporcionar cuidados através
de relações compassivas
5.1 Introdução
O aconselhamento ajudará um indivíduo a reflectir sobre a sua vida (fé,
família, relações, saúde e situação financeira) e depois determinar quais são as
melhores perspectivas e/ou as maneiras mais saudáveis de lidar com as situações.
O aconselhamento é uma opção que se pode usar para tratar das pessoas
afectadas pelo HIV/SIDA. É um instrumento e uma prática que pode ser uma
bênção para outras pessoas, proporcionando-lhes conforto, assegurando-as que
não se encontram sozinhas, orientando-as e encorajando-as.
Este capítulo trata de aspectos básicos relacionados com o aconselhamento e
o consolo daqueles que sofrem com os efeitos do HIV/SIDA. Não abrangemos
tudo neste capítulo, mas as práticas aqui aconselhadas não devem ser usadas
inteiramente em vez do aconselhamento formal com um profissional formado,
se existir essa possibilidade. Em vez disso, a informação contida nesta secção
destina-se a equipar os conselheiros com um resumo das práticas recomendadas,
que poderão servir de referência ao tratarem pessoas afectadas pelo HIV/SIDA
ou passarem tempo com elas.
Muitas das práticas e dos princípios contidos nesta secção são aplicáveis a
qualquer relação, amizade ou situação no caso de pessoas que tenham dificuldades físicas ou emocionais. Muito provavelmente, já está a praticar uma grande
parte do que se indica neste capítulo no contexto das suas próprias relações.
Sempre que esteja disponível, o aconselhamento formal é recomendado, para
qualquer pessoa que esteja a lutar contra os efeitos do HIV/SIDA ou que esteja
a fazer um teste para a detecção do HIV/SIDA.
[ 42 ]
5.2 Objectivos do aconselhamento no contexto do HIV/SIDA
Quer um indivíduo tenha acabado de ser diagnosticado com o HIV, tenha um
Será útil determinar objectivos numa situação de aconselhamento. Estabelecer
membro da sua família doente, tenha perdido um ente querido ou esteja a
os objectivos ajudá-lo-á a orientar o processo e as conversas, bem como a
enfrentar a morte, esse indivíduo muito provavelmente passará por uma parte ou
proporcionar um ponto de referência a partir do qual possa medir o progresso.
por todos os aspectos do processo que se descreve a seguir. No entanto, nem
todas as pessoas passarão por cada uma destas fases nem as fases ocorrerão
Seguem-se exemplos de dois objectivos gerais:
necessariamente por esta ordem.
• Dar esperança e conforto face à dor que o HIV/SIDA estiver a criar na
vida de um indivíduo ou na vida da sua família.
• Encorajar o indivíduo quer seja seropositivo ou seronegativo a escolher
alternativas para evitar a transmissão do HIV/SIDA.
Será útil conversar com a pessoa afectada ao longo das fases de sofrimento,
definindo a fase do processo em que se encontra e assegurando-a de que as
suas reacções são normais e fazem parte do processo de recuperação. Uma vez
definidos, esses sentimentos podem ser abordados de maneiras saudáveis para
Exemplos de objectivos mais específicos
ííficos podem incluir:
que possam ser postos em prática os passos necessários.
• Recordar a um amigo a esperança que Cristo oferece àqueles que
Negação—Recusar-se a aceitar a verdade acerca da situação ou as futuras
sofrem.
• Dedicar amizade a uma pessoa que se sinta isolada por causa do
consequências de uma situação, atribuir a culpa a outras causas, recusar-se
a agir, raciocinar de maneira irracional.
HIV/SIDA.
• Apoiar uma pessoa no processo de comunicar aos seus familiares a sua
situação de seropositivo.
• Ajudar uma pessoa a planear o futuro dos seus filhos.
• Encorajar uma pessoa a submeter-se a um teste para detectar o HIV.
• Dar apoio a um amigo numa situação de crise.
Numa situação de aconselhamento, é importante identificar as questões que
precisam de ser discutidas e resolvidas. Uma conversa, muitas vezes, pode orientar o assunto para outros sentidos, mas se o objectivo for claro isso ajudará o
conselheiro a abordar as questões principais mais eficazmente.
Raiva—Exprimir ressentimento a Deus ou a outras pessoas pela situação;
irritar-se ou zangar-se facilmente com os outros ou com eles próprios.
Sentimento de culpa—Culpar-se pela situação, sentir desprezo por si
mesmo, ou sentir-se perseguido por decisões acções ou actos passados.
Disposição de negociar (regatear)—Negociar para encontrar uma
solução ou esperar que os outros ou Deus mudem alguma coisa em troca
de outra.
Depressão—Mostrar desespero, resignação e/ou alterações do estado de
5.3 Mágoa e dor da perda
Embora milhões de pessoas estejam a passar pela experiência dos efeitos devastadores do HIV/SIDA nas suas vidas e dentro das suas comunidades, cada situação é diferente das outras e é própria de determinado indivíduo, nomeadamente
espírito. Uma pessoa nessa fase pode perder a motivação para continuar a
viver a sua vida diária, pode tornar-se letárgica e pode até mesmo actuar
descuidadamente.
o seu medo e insegurança. Não existem duas situações de aconselhamento que
Aceitação—Vontade de confrontar a luta, adaptar-se às circunstâncias, ter
sejam iguais; contudo, seguem-se descrições de reacções comuns à dor emocio-
a capacidade para identificar os problemas e pensar mais racionalmente.
nal que muitas pessoas afectadas pelo HIV/SIDA poderão sentir.
[ 44 ]
[ 45 ]
Qualquer pessoa afectada pelo HIV/SIDA (uma criança que vá perder um
Estabelecer a confiança encorajará também uma maior abertura, o que
dos pais, uma pessoa com HIV que planeie o futuro ou uma pessoa com
estabelecerá uma plataforma para uma boa relação. A confiança também
SIDA declarada que enfrente a morte) mais provavelmente sentirá uma
é estabelecida quando o(a) doente vê que o seu conselheiro se preocupa
ansiedade e temor profundos em relação ao futuro e confrontará a rejeição,
sinceramente com a sua situação, e sente que os seus interesses são postos
a dor ou a morte.
em primeiro lugar, e que esse conselheiro tem confiança na sua capacidade
de tomar boas decisões.
Uma pessoa que esteja a passar pelo processo de sofrimento ou a sofrer
com ansiedade ou receio pode também sentir sintomas físicos, tais como
Se o indivíduo ainda não informou as outras pessoas com quem tem rela-
dificuldade em dormir, perda de apetite, incapacidade para se concentrar,
ções de que podem correr o risco de ter contraído o HIV, encoraje-o(a) a
falta de energia, sentimento de pânico, dores de estômago, dores de cabeça
informar essas mesmas pessoas do risco logo que possível, a fim de evitar a
ou tensão muscular. Estas reacções são naturais e acontecem durante
transmissão da doença.
emoções extremas vividas muitas vezes no meio de uma crise.
Devem ser informadas as seguintes pessoas:
5.4 Sugestões para as relações compassivas
• O cônjuge
Preparação para o relacionamento
• Os pais (especialmente no caso duma pessoa jovem)
Para se relacionar da melhor maneira com alguém que lute contra os
efeitos do HIV/SIDA:
• Reze para que Deus lhe prepare o caminho, oferecendo a sua ajuda de
maneira sensata e compassiva para ajudar a aconselhar e a consolar a
pessoa afectada.
• Estude os factos relacionados com o HIV/SIDA, tal como de que
maneira é transmitido, evitado e testado.
• Tenha consciência das suas próprias experiências pessoais de perda e
de sofrimento e das suas percepções sobre o HIV/SIDA.
• Reconheça que prestar cuidados duma maneira sincera é uma forma de
abençoar a pessoa que sofre.
• O(s) parceiro(s) sexual(ais) presente(s) ou passado(s)
O indivíduo pode ter receio ou sentir-se embaraçado por ter de contar
a essas pessoas qual é o seu estado em relação ao HIV. Portanto, é
necessário que o indivíduo seja encorajado a cumprir esta responsabilidade.
O conselheiro pode também ajudar a elaborar um plano no qual se
especifique quem deverá ser informado e de que maneira, mas cabe ao
indivíduo a responsabilidade de informar todas as pessoas.
Escutar bem e prestar atenção ao que disse o doente
Ouvir com atenção ajudá-lo-á a:
• Compreender aquilo que a pessoa está a transmitir e a sentir.
Não deixe que o medo de não saber o que fazer ou de uma inépcia social
• Prestar assistência à pessoa esclarecendo o problema.
perante a situação o(a) impeça de ajudar alguém.
• Identificar soluções possíveis para o problema.
Manter o sigilo e estabelecer a confiança com o doente
Escutar pode ser um acto ao mesmo tempo activo e passivo
Devemos partir do princípio que tem que ser mantido o sigilo no que diz
Escutar passivamente:
respeito ao estado dum indivíduo em relação ao HIV e às informações
Permitir que a pessoa fale sem ser interrompida.
pessoais desse indivíduo, a menos que sejam recebidas instruções contrárias
por parte desse indivíduo. O compromisso de manter o sigilo é importante
Escutar activamente:
porque o estado duma pessoa em relação ao HIV pode afectar o seu
Fazer perguntas para ajudar as pessoas a esclarecer e a comunicar os seus
trabalho e as suas relações.
sentimentos. Além disso, repetir e parafrasear aquilo que a pessoa disse
pode ajudar a certificar-se de que compreendeu e dar a entender que estava
[ 46 ]
[ 47 ]
a escutar. Será bom fazer isso em determinadas alturas da conversa, quando
a pessoa estiver a relembrar emoções, actos ou eventos importantes.
Discutir o futuro
Um indivíduo que tenha que se debater com a realidade do HIV/SIDA
pode não ter a capacidade ou a motivação para se preparar para o futuro.
Fazer perguntas que possibilitem respostas mais informativas
Um conselheiro pode ajudar o indivíduo nesse processo à medida que
As perguntas que possibilitam respostas mais informativas em vez daquelas
for sabendo mais sobre a sua vida. Isso poderá incluir preparativos para
que implicam responder só com “sim” ou “não” incentivam as pessoas a
a perda gradual da saúde, fazer planos para os membros da família, enfren-
dar mais informações e revelam mais sobre os seus sentimentos. Isso ajuda
tar a diminuição dos rendimentos do agregado familiar e preparar-se para
a compreender qual é a causa de certos sentimentos como o desencora-
a morte.
jamento, se essa informação não era conhecida antes. Exemplos: “O que é
que vai fazer em relação a ...?”, “O que é que acha de ...?” ou “Há medidas
É importante que a família de uma pessoa com HIV/SIDA considere planear
específicas que tenha tomado em relação a...?”
para a sua morte. Isso ajudará a trazer conforto para a dor e apresenta uma
oportunidade para a reconciliação com Deus, os familiares e os amigos.
Dizer a verdade
Não dê garantias falsas a uma pessoa que esteja a sofrer. É importante
Aplicar a Escritura Sagrada à situação
dizer a verdade acerca da situação (situação em relação ao HIV, condições
Em tempos de dor e de sofrimento, seguir a Palavra de Deus pode trazer
de saúde, problemas de relacionamento, dificuldades financeiras, etc.).
o consolo, o fortalecimento e a paz. Através da Bíblia, Deus deu-nos
Informações verdadeiras ajudá-lo-ão a lidar com a situação realisticamente,
instruções perfeitas e sensatez para enfrentarmos todas as situações. A
tanto emocionalmente como para a tomada de decisões.
Escritura Sagrada também nos pode orientar para lidarmos com certas
situações e tomadas de decisão. Em momentos de fortes emoções, muitas
Ajudar a reconciliação das relações com outras pessoas
vezes, perde-se a perspectiva e os conselhos podem não ser os melhores.
Convença a pessoa a perdoar e a restabelecer os laços cortados com outras
A Bíblia é como um suporte que nos dá uma sabedoria justa e duradoura e
pessoas na sua vida. A solidariedade, a intimidade e as relações acertadas
uma paz eterna.
darão esperança e paz à pessoa que se sente devastada pelo HIV/SIDA.
Rezar e oferecer esperança
A reconciliação é importante em situações relacionadas com o HIV/SIDA,
“Orai sem cessar! Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus para
uma vez que o HIV/SIDA cria conflitos com frequência. Muitas vezes, as
convosco, em Cristo Jesus” (1 aos Tessalonicenses 5:17-18).
pessoas com HIV são abandonadas ou desprezadas pela família ou pela
comunidade, ou isolam-se porque se sentem vencidas, deprimidas ou
A oração será a coisa mais importante e frutífera que qualquer conselheiro
receosas da reacção das outras pessoas à sua doença. Deus criou-nos para
ou amigo pode fazer por ou com esse doente. É o desejo de Deus que os
vivermos em relações com outras pessoas e reconciliados com elas. Um
seus crentes estejam em constante comunicação e comunhão com Ele. Ele
conselheiro pode servir de mentor ou de mediador nesse processo.
ouve os pedidos de misericórdia.
Antes de rezar com uma pessoa, pergunte se ela concorda e dá a sua permissão. Quando estiver afastado(a) da pessoa reze por ela e peça a Deus
que lhe dê orientação e sabedoria no seu relacionamento com ela.
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É através da oração que Deus dará esperança e transformará os corações
e os comportamentos das pessoas, restabelecerá as relações cortadas e
dará orientação para a tomada de decisões importantes. Quando os crentes
apresentam as suas preocupações a Deus através da oração com uma atitude de gratidão, Deus promete que “Então, a paz de Deus, que ultrapassa
tudo o que a mente humana pode naturalmente compreender, conservará o
vosso espírito e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (Filipenses 4:7).
Dar o amor e a esperança de Cristo àqueles que sofrem de HIV/SIDA
é verdadeiramente a única mensagem de esperança real em tal crise.
Demonstrar o amor de Cristo pode proporcionar uma verdadeira paz,
restabelecimento e reconciliação.
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Notas
Iniciativa Esperança contra
o HIV/SIDA
World Vision International
Editor executívo: Ken Casey
Investigação: Brooke Anderson
Ilustração da capa: Bulldog Drummond
A transbordar de esperança
Fé e resposta na era do HIV e da SIDA
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Monrovia, CA 91016-3198
U.S.A.
6 Chemin de la Tourelle
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Um Manual para o Pessoal da World Vision
Um recurso fornecido pela Iniciativa Esperança
contra o HIV/SIDA
3/13/06 10:57:51 AM
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