Estudo dos Sismos 1 O QUE É UM SISMO? É um movimento vibratório brusco da superfície terrestre, devido a uma libertação de energia em zonas instáveis do interior da Terra. 2 CAUSAS DOS SISMOS O material terrestre é sujeito a um nível de tensão e acumula progressivamente uma dada quantidade de energia. Caso a acção da força prossiga, o material pode apresentar um comportamento dúctil (induzindo dobra Falha dobramento do material) ou quando ultrapassado seu limite elástico (comportamento frágil) sofre fractura que provoca movimentação dos blocos dando origem a uma falha. Quando as rochas fracturam libertam, por ressalto elástico, a energia acumulada provocando vibrações no solo que se propagam em forma de ondas sísmicas. 3 Condições necessárias para provocar um sismo: • existir algum tipo de movimento diferencial no material de modo a que a tensão se possa acumular e ultrapassar o limite elástico do material; • o material tem de ceder por fractura frágil. A única região da Terra onde verificam estas condições é na litosfera e por isso só nela ocorrem os tremores de terra, particularmente onde as tensões estão concentradas junto das fronteiras das placas. 4 Forças causadoras dos sismos Compressivas : actuam sobre as rochas e tendem a reduzir o seu volume, Distensivas: actuam sobre as rochas e tendem a alongá-las, conduzindo ao seu estiramento. Cisalhamento: actuam sobre as rochas e geram movimentos em sentidos opostos, provocando o seu cisalhamento ou falhas. 5 A distribuição geográfica da sismicidade global ilustra de modo inequívoco onde se encontram as regiões tectonicamente activas da Terra. Os mapas da sismicidade constituem uma evidência extremamente importante no suporte à tectónica de placas. Os epicentros dos sismos não se distribuem uniformemente sobre a superfície da Terra, mas concentram-se principalmente ao longo de zonas de actividade sísmica interplacas. Todavia, mais de 1% da energia sísmica global é libertada aquando da movimentação de falhas localizadas no interior das placas, isto é, em sismos intra-placas. 6 RELAÇÃO SISMOS - PRINCIPAIS PLACAS TECTÓNICAS 7 As três principais zonas sísmicas inter-placas são: • O arco circum-Pacífico, responsável pela libertação de cerca de 75 - 80% da energia sísmica anualmente libertada; • A zona mediterrânica - transasiática é responsável pela libertação de cerca de 15 a 20 % da energia sísmica anual; • O sistema das cristas oceânicas forma a terceira zona de maior sismicidade, com 3 a 7 % da energia sísmica anualmente libertada. • Cerca de 1% da sismicidade global é devida a sismicidade intraplacas, a qual ocorre em regiões afastadas das principais zonas activas. Não se pense que estes sismos são necessariamente insignificantes; sismos muito grandes e devastadores ocorreram, por exemplo, no interior dos Estados Unidos e da China, longe de zonas de fronteiras de placas. 8 PROPAGAÇÃO DOS SISMOS A PARTIR DO FOCO Hipocentro ou Hipocentro – local Foco – local no no interiorda daTerra interior Terra onde ocorre onde ocorre a a libertação de libertação de energia. energia. Epicentro – local à superfície da Terra (perpendicular ao hipocentro) onde a vibração das partículas é máxima. 9 Amplitude: distância a que uma partícula se afasta de uma posição de referência A amplitude das ondas sísmicas varia consoante o tipo de onda. As ondas S, habitualmente têm uma amplitude superior à das ondas P. As ondas superficiais são as que apresentam amplitudes mais elevados. 10 TIPOS DE ONDAS SÍSMICAS Tipos de Ondas Ondas de Profundidade/Volume Ondas P Ondas S Ondas Longas (L)/Superficiais Ondas Love Ondas Rayleigh 11 TIPOS DE ONDAS SÍSMICAS ONDAS P – PRIMÁRIAS OU LONGITUDINAIS •Maior velocidade de propagação •Propagam-se em meios sólidos, líquidos e gasosos. •As partículas vibram paralelamente à direcção de propagação da onda. 12 TIPOS DE ONDAS SÍSMICAS ONDAS S – SECUNDÁRIAS OU TRANSVERSAIS •Menor velocidade que as ondas P •Propagam-se em somente em meios sólidos •As partículas vibram propagação da onda. perpendicularmente à direcção de 13 TIPOS DE ONDAS SÍSMICAS ONDAS L – LONGAS Ondas Love •As partículas vibram As horizontalmente, segundo movimentos de torsão, fazendo um ângulo de 90º com a direcção de propagação •Não se propagam na água Ondas Rayleigh •As partículas descrevem movimentos elípticos paralelamente à direcção de propagação da onda. •Propagam-se em meios sólidos 14 e líquidos FACTORES QUE INTERFEREM NA VELOCIDADE DAS ONDAS P E S Rigidez ( R ) - Propriedade que confere à matéria uma forma definida. Porque é que as ondas S não se propagam em meios líquidos? Densidade ( D ) - concentração de matéria num dado volume. Incompressibilidade (K) – avalia a resistência de um corpo sólido à variação de volume em função da pressão. 15 CLASSIFICAÇÃO DOS SISMOS QUANTO ÀS CAUSAS QUE OS PROVOCAM SISMOS DE COLAPSO abatimento de grutas e deslizamento de terras. – Devido a cavernas ou SISMOS VULCÂNICOS – Devem às fortes pressões exercidas pela ascensão do magma. SISMOS TECTÓNICOS – São devidos ao movimento das placas tectónicas. 16 CLASSIFICAÇÃO DOS SISMOS QUANTOA SUA PROFUNDIDADE Os sismos podem também ser classificados de acordo com a sua profundidade focal: 17 Efeitos dos sismos 18 Registo das ondas sísmicas As vibrações sísmicas manifestam-se por fases consecutivas, com diferentes propriedades, tanto no que diz respeito à sua velocidade de propagação, como no movimento que provocam nas partículas constituintes das formações geológicas. Estas vibrações do solo num dado local podem ser registadas detalhadamente, sob a forma de sismogramas, em instrumentos denominados sismógrafos. Sismógrafo Sismograma 19 No ano 132, o chinês Chang Heng inventou o primeiro sismógrafo ("O Sismocóspio") Funcionamento: Este aparelho consistia numa bola de bronze sustentada por oito dragões que a seguravam com a boca. Quando ocorria um tremor de terra, por menor que fosse, a boca do dragão abria e a bola caía na boca aberta de um dos oitos sapos de metal que se encontrava em baixo. Era, deste modo, que os chineses determinavam a direcção de propagação do sismo. 20 Estação sismográfica 21 O funcionamento dos sismógrafos se baseia na obtenção de um ponto relativamente fixo, o qual, enquanto a Terra se move conserva, por assim dizer a mesma posição no espaço. Os sismógrafos são adaptados a registar os movimentos verticais e horizontais (N-S e E-O). 22 • As ondas P são as que se deslocam mais rapidamente e, por isso, são as primeiras a chegar (primeira fase de um sismograma). • Em seguida chegam as ondas S, que habitualmente têm uma amplitude superior à das ondas P. • De seguida chegam as perturbações associadas com as ondas superficiais (ondas com comprimento e amplitude mais elevados). • De entre as ondas longas, as ondas de Love deslocam-se com quase a mesma velocidade das ondas S à superfície e por isso chegam mais rapidamente que as ondas de Rayleigh. 23 Distância Epicentral A distância epicentral é a distância entre uma estação sísmica e o epicentro do sismo. Pode ser expressa tanto em quilómetros ao longo da superfície da Terra como pelo ângulo subentendido no centro da Terra. Os tempos de percurso das ondas S e P desde o local do sismo até uma estação dependem da distância epicentral. 24 Assim, determinando no sismograma a diferença de tempo entre a chegada das ondas P e das ondas S, é possível traçar-se um gráfico, que relaciona o tempo gasto pelas ondas sísmicas com a distância epicentral. Sismograma mostrando o registo da chegada das ondas P, as de maior velocidade, chegada das ondas S, de menor velocidade que as ondas P, o intervalo de tempo decorrido entre a chegada das ondas P e S, e a seguir a amplitude das ondas L. 25 Interpretando o gráfico… • A velocidade das ondas P e S aumenta com a distância ao epicentro e a velocidade da onda L mantêm-se constante. Diferença de chegada S-P • A velocidade média das ondas sísmicas não é constante e para o caso considerado, aumenta com a distância epicentral. •As ondas P chegam à estação B passados 8 min. •As ondas S chegam à estação B passados 17 min. •As ondas L chegam à estação B passados 20 min. •Diferença de chegada entre as ondas S-P à estação B é de 9 min. 26 Localização do Epicentro Conhecendo os dados obtidos por três estações sismográficas, basta traçar, com o auxílio de um compasso, três arcos de circunferência centrados nessas estações e cujos raios são as respectivas distâncias epicentrais. A localização do epicentro é dada pelo ponto de intersecção entre as três circunferências. 27 Magnitude Sísmica A amplitude das ondas sísmicas registadas em sismogramas permite calcular a magnitude dos sismos, que é uma medida da energia libertada em cada evento e, portanto, uma medida da sua grandeza absoluta, independente da distância. É baseada em medições precisas da amplitude das ondas sísmicas nos sismogramas, para distâncias conhecidas entre o epicentro e a estação sísmica. A primeira escala quantitativa de magnitudes sísmicas foi criada em 1951 e aperfeiçoada em 1955 por Richter, que definiu a magnitude local, também conhecida por magnitude de Richter. 28 A Escala Richter é uma escala padrão usada para comparar sismos. Trata-se de uma escala logarítima, o que significa que os números na escala medem factores de 10. Por exemplo, um sismo de magnitude 4.0 na escala Richter é 10 vezes maior de um que mede 3.0. Por ser uma escala matemática é ilimitada. Magnitude 1 2 3 4 5 6 7 8 Energia (ergs) 2.0 x 1013 6.3 x 1014 2.0 x 1016 6.3 x 1017 2.0 x 1019 6.3 x 1020 2.0 x 1022 6.3 x 1023 A relação entre a magnitude de Richter e a quantidade de energia libertada não é linear: a um acréscimo unitário do valor da magnitude corresponde uma quantidade de energia libertada 32 vezes superior. 29 Escala de Richter (MAGNITUDE de um sismo) 8 e > Desastre em larga escala 7-7,9 Queda de pontes e barragens 6-6,9 Fendas no chão, queda de edifícios 5-5,9 Queda de mobiliário 4-4,9 Vidros partidos 3-3,9 Sentido pela maioria das pessoas 2-2,9 Sentido por algumas pessoas 1-1,9 Sentido apenas pelos sismógrafos Na escala Richter, qualquer registo abaixo de 2.0 é indetectável, e é chamado de microsismo. Microsismos ocorrem constantemente. Os sismos moderados medem menos que 6.0 na escala Richter, e os acima dessa faixa podem causar graves danos. O máximo já medido foi de 8.9. 30 Como calcular a Magnitude de um sismo ? Através de um método gráfico e com base nos dados fornecidos por sismogramas é possível calcular a magnitude de um sismo . Como calcular? 1. Verificar a sismograma. amplitude máxima no 2. Registar o valor encontrado no eixo da amplitude. 3. Verificar a diferença de chegada S-P. 4. Registar o valor encontrado no eixo SP. 5. Traçar uma recta desde o ponto referente à magnitude máxima e a diferença de chegada entre S-P.A magnitude do sismo corresponde ao ponto em que a recta cruza o eixo da magnitude. 31 Intensidade Sísmica e Escala de Mercalli •A intensidade sísmica avalia a severidade das vibrações sísmicas ocorridas num dado local. •A sua quantificação, geralmente expressa em graus de uma escala de intensidades é feita através da avaliação dos efeitos produzidos pelo sismo no local considerado. •Não pode ser considerada como uma grandeza global do sismo: o mesmo sismo produz intensidades de valores diferentes em diferentes locais. •A intensidade de um sismo é estimada pelo observador tendo como referência uma escala de intensidades. Estas agrupam os efeitos sísmicos sobre as pessoas, objectos, construções e natureza. 32 Intensidade de um sismo Que factores determinam a intensidade de um sismo sentido numa dada região ? Principais factores: • magnitude dos sismo; • profundidade do hipocentro; • distância da região ao epicentro; • características das rochas da região; 33 Intensidade de um sismo Graus da Escala de Mercalli modificada 34 Isossistas São linhas que unem pontos de igual intensidade de um sismo. As isossistas (linhas a vermelho da figura) são estabelecidas a partir do epicentro, diminuindo a intensidade do sismo à medida que nos afastamos do epicentro (localizou-se próximo de Benavente). Carta de isossistas do sismo de Benavente Carta de isossistas para o sismo de 1 Nov 1755. 35 Sismicidade e tectónica em Portugal A actividade sísmica do território português resulta de fenómenos localizados na falha Açores-Gibraltar – fronteira entre as placas euro-asiática e africana (sismicidade interplaca) e de fenómenos localizados no interior da placa euro-asiática (sismicidade intraplaca). Os epicentros de vários sismos históricos que afectaram Portugal Continental situaram-se perto do Banco de Gorringe, localizado aproximadamente a 200 km a sudoeste do Cabo de S. Vicente, nomeadamente o sismo de 1 de Novembro de 1755. 36 As zonas sísmicas mais importantes em Portugal Continental de sismicidade intra-placa incluem: -o vale inferior do Tejo, - a região do Algarve, - a região de Moncorvo, -a região de Batalha –Alcobaça – - o vale submarino do Sado, 37 Sismicidade no Arquipélago dos Açores 38 TSUNAMI TSU = PORTO NAMI = ONDA 39 O que é um TSUNAMI? É uma onda ou uma série delas que ocorrem após perturbações abruptas que deslocam verticalmente a coluna de água, como, por exemplo, um sismo, actividade vulcânica, abrupto deslocamento de terras ou gelo ou devido ao impacto de um meteorito dentro ou perto do mar. • Há quem identifique o termo com “maremoto" - contudo, maremoto refere-se a um sismo no fundo do mar, semelhante a um sismo em terra firme e que pode, de facto originar um tsunami. Os tsunamis diferem das ondas comuns por 3 aspectos principais: 1. Fonte geradora (abalo sísmico, desmoronamentos, etc.) 2. Pequena amplitude (altura da onda) e grande comprimento de onda (distancia entre as cristas). 3. Enorme velocidade de propagação. 40 O que gera um TSUNAMI? • A fonte geradora mais comum de Tsunamis são os sismos subaquáticos, originado por movimento entre as placas tectónicas. • Geralmente é necessário um sismo de magnitude maior que 7.5 pontos na escala Richter para produzir um Tsunami destrutivo. • Menos frequentemente, os tsunamis podem ser gerados pelo deslocamento de água resultante do deslizamento de terra costeiro ou marítimos, deslizamento de geleiras e erupções vulcânicas. • A maior catástrofe do tipo seria produzida com o impacto de um asteróide em alguma região oceânica. 41 Como se forma um TSUNAMI? • O foco de um sismo é o ponto na crosta onde a primeira ruptura corre e a primeira onda sísmica é originada. • O epicentro do terramoto é o ponto na superfície directamente acima do foco. • Após um terramoto, ou outro impulso gerador, um grande volume de água é deslocado para cima. No epicentro do terramoto se propaga uma corrente de ondas oscilatórias por grandes distâncias, em círculos que se tornam cada vez mais amplos (semelhante as ondas produzidas por uma pedra em um lago). 42 • A medida que o Tsunami se aproxima de águas rasas a altura das suas ondas aumentam rapidamente. • Em águas profundas a energia do Tsunami estende-se da superfície até o fundo e lateralmente por grande distâncias. • A medida que se aproxima da costa, a energia da onda é compactada numa distância muito menor e a uma profundidade também menor. • Assim a onda é forçada a crescer verticalmente gerando as destrutivas ondas 43 que varem as regiões costeiras. TSUNAMI da Indonésia • As ondas avançavam a uma velocidade de 800 km/h. • O movimento das placas no subsolo pode ter deslocado algumas ilhas menores junto de Sumatra em 20 metros na direção sudoeste. • Foram registadas ondas até 10 metros de altura. • Seis horas depois do primeiro tremor, por volta das 12h, as ondas alcançavam a costa nordeste da Somália, na África - a uma distância de 4,8 mil quilometros do epicentro do terremoto. 44 TSUNAMI 45 PRINCIPAIS SISMOS OCORRIDOS NOS ÚLTIMOS ANOS 46