As Contribuições de Galtier e Pasteur para a Teoria Microbiana Das Doenças The Contributions of Galtier and Pasteur to the Microbian Theory of Disease Sabrina Páscoli Rodrigues – Doutoranda em História da Ciência PUC/SP – [email protected] Orientadora: Profª. Drª. Maria Helena Roxo Beltran – PUC/SP Resumo: A teoria microbiana das doenças desenvolveu-se a partir da segunda metade do século XIX. Antes desse período as doenças eram explicadas pela teoria dos humores, que fiz parte do pensamento médico por aproximadamente dois mil anos, buscando uma explicação natural para o estado de saúde e doença. Segundo a concepção da tradição hipocrático-galênica, as doenças eram produzidas por um desequilíbrio dos humores do corpo (sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra). As correntes antigas da medicina associavam as epidemias aos miasmas. Os miasmas eram impurezas presentes no ar, originadas de exalações de pessoas e animais doentes, substâncias e dejetos em decomposição, sendo possível detecta-los pelo mau cheiro. Desde a Antiguidade, a transmissão de doenças pelo contato físico era chamada de contágio e a transmissão de doenças pelo ar (através dos miasmas) era chamada de infecção. Em 1879, o médico veterinário Pierre Victor Galtier começou a se dedicar aos estudos sobre a raiva. Louis Pasteur iniciou seus estudos sobre esta doença em 1880. Galtier e Pasteur consideraram, em suas pesquisas, que a raiva era uma doença causada por um microrganismo e, através das inoculações de saliva de animais doentes em animais sadios, puderam determinar o contágio da doença, seu desenvolvimento e período de incubação. Galtier inoculou material virulento na corrente sanguínea de animais sadios e conferiu que, após algum tempo, esses animais adquiriam imunidade contra a raiva. Tais pesquisas contribuíram com a teoria microbiana das doenças e serviram de base para o desenvolvimento da vacina anti-rábica. Palavras-chave: Galtier, Pasteur, raiva. Abstract The microbian theory of disease developed from the second half of the nineteenth century. Before that time the disease was explained by the theory of humors, which was part of medical thought for nearly two thousand years, seeking a natural explanation for the state of health and disease. According to the conception of the Hippocratic-Galenic tradition, the disease was produced by an imbalance of body humors (blood, phlegm, yellow bile and black bile). The currents of ancient medicine miasmas were associated epidemics. The miasma were impurities in the air, arising from the exhalations of people and animals sick, decaying substances and waste, and you can detect them by smell. Since Antiquity, the transmission of disease through physical contact was called contagion and disease transmission through the air (through the miasma) was called infection. In 1879, Pierre Victor Galtier, veterinarian, began to dedicate himself to studies of rabies. Louis Pasteur began his studies on this disease in 1880. Galtier and Pasteur found in their research, that rabies was a disease caused by a microorganism and, through the inoculation of saliva from diseased animals to healthy animals, could determine the spread of the disease, its development and incubation period. Galtier inoculated virulent material in the bloodstream of healthy animals and given that after some time, these animals acquired immunity against rabies. Such research has contributed to the microbian theory of disease and the basis for the development of anti-rabies vaccine. Keywords: Galtier, Pasteur, rabies. Introdução A doença é um estado que afeta o organismo de um indivíduo, não apenas no aspecto físico e biológico, mas também sociológico. Segundo Adam & Herzlich (2001, p. 15) a doença e a saúde definem-se em função das exigências e das expectativas ligadas ao nosso ambiente, às nossas inserções e às nossas relações, constituindo assim, estados sociais. As doenças têm uma história e cada época tem suas doenças. Algumas delas existem desde a Antiguidade, ou mesmo a Pré-História, conforme indicam vestígios encontrados em fósseis. Porém, essas doenças são vivenciadas de maneiras muito diferentes de acordo com a época em que ocorrem (Ibid.). A teoria microbiana das doenças desenvolveu-se a partir da segunda metade do século XIX. Apesar disso, algumas práticas de higiene, saneamento e uso de anti-sépticos já eram utilizadas. O ar corrompido era considerado um importante fator na produção das doenças, mas ainda predominava a concepção da tradição hipocrático-galênica de que as doenças eram produzidas por um desequilíbrio dos quatro humores do corpo. A teoria dos humores fez parte do pensamento médico por aproximadamente dois mil anos buscando uma explicação natural para o estado de saúde e doença. Segundo Clendening (1960, p. 49) os quatro elementos de Empédocles (água, ar, terra e fogo) e as quatro qualidades básicas (quente, frio, úmido e seco) serviram de base para a teoria dos humores, que aparecem em algumas obras de Hipócrates, fazendo parte do Corpus Hippocraticum. Empédocles morreu depois de 444 a.C. e expôs sua teoria em um poema, do qual apenas alguns fragmentos foram preservados. Hipócrates (470 – 377 a.C. – possíveis datas de nascimento e morte) e posteriormente Galeno (129 – 200 d.C.) a aplicaram na medicina. Segundo a concepção da tradição hipocrático-galênica, as doenças eram produzidas por um desequilíbrio dos humores do corpo (sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra). No Corpus Hippocraticum podemos encontrar a descrição da teoria dos humores, segundo a qual o corpo do homem contém sangue, fleuma, bile amarela e negra. O corpo do homem tem saúde quando estes humores são harmônicos em proporção, em propriedade e em quantidade, e sobretudo quando são misturados. O homem adoece quando há falta ou excesso de um desses humores, ou quando ele se separa no corpo e não se une aos demais. Quando um desses humores se separa e se desloca para adiante de seu lugar, não só este lugar de onde se deslocou esse humor adoece, mas também o lugar no qual ele se transportou, ultrapassando a medida, causará dor e sofrimento. E quando um desses humores flui para fora do corpo mais do que permite a sua superabundância, a sua evacuação causará dor e sofrimento. Segundo a teoria dos humores, tanto o homem quanto a mulher possuem os mesmos humores e são suscetíveis às mesmas doenças. Ainda segundo Hipócrates, cada humor apresentava características que podiam ser associadas aos quatro elementos: terra, água, ar e fogo. O sangue é quente e úmido e estava associado ao ar, a fleuma é fria e úmida e estava associada à água, a bile amarela é quente e seca e associada ao fogo e a bile negra é fria e seca e associada à terra. A doença poderia surgir não apenas por um desequilíbrio da quantidade, mas também por uma alteração dessas qualidades dos humores, portanto, também há descrições de como corrigir a característica de cada um dos humores. Por exemplo, se a fleuma está muito fria, a terapia deve consistir em alterar essa qualidade. Aquilo que está frio deve ser aquecido, o que está seco deve se tornar úmido, cada característica deve ser tratada com o seu oposto. O aquecimento pode ser produzido, por exemplo, por banhos quentes ou banhos de vapor, por alimentos “quentes" (com muito tempero), pelo vinho, etc. Cairus (1999, p. 395) destaca que dentro da tradição hipocrático-galênica não há a possibilidade de contágio. As epidemias eram explicadas por alterações climáticas, que iriam atingir um grande número de pessoas em uma mesma região. O inverno traz o frio, que altera a qualidade dos humores, causando doenças. Quando o inverno acaba, os humores voltam a ter suas características equilibradas e a doença desaparece. Apesar da teoria dos humores ser considerada a causa e maneira de prevenir as doenças, desde a Antiguidade, as pessoas evitavam se aproximar dos doentes e dos cadáveres. Segundo Martins & Martins (1997, p.68) havia a idéia de que a doença poderia ser transmitida pelo ar, de uma pessoa doente para uma sadia. O mau cheiro indicava que o ar estava corrompido, diversos fatores poderiam “corromper” o ar, como os cadáveres, matéria em decomposição e pessoas doentes. O ar corrompido era chamado de “miasma” Desde a Antiguidade, a transmissão de doenças pelo contato físico era chamada de contágio e a transmissão de doenças pelo ar (através dos miasmas) era chamada de infecção. As correntes antigas da medicina associavam as epidemias aos miasmas. Ainda segundo Martins & Martins, (1997, p. 70), os miasmas eram impurezas presentes no ar, originadas de exalações de pessoas e animais doentes, substâncias e dejetos em decomposição, sendo possível detecta-los pelo mau cheiro. Essa teoria foi muito importante no século XVIII e início do século XIX, pois fez surgir o movimento higienista desse período. Durante a Idade Média, Avicena, atribuiu muitas doenças à podridão. As febres pestilentas seriam produzidas pelo apodrecimento da água ou da atmosfera. A água estagnada ou dos pântanos (onde há muita matéria orgânica em decomposição), alterada pela podridão, assim como cadáveres, produziam vapores malignos, transmitidos pelo vento. Avicena considerava importante “corrigir” o ar, produzindo bons odores, através da queima de incensos, defumação com sândalo, cânfora e mirra, além de borrifar vinagre na casa. Portanto, era importante viver longe de locais que pudessem ser fonte de mau cheiro, como água podre, cavernas, excrementos, etc. Na Europa, durante a Idade Média, não havia sistemas de esgoto nas cidades e o lixo era jogado na rua. Em situações como nas pestes, recomendava-se recolher o lixo e os dejetos dos espaços públicos, acender fogueiras nas esquinas pela manhã e noite, queimando nelas substâncias aromáticas para purificar o ar, manter os animais (cães, porcos, gatos, galinhas) afastados das casas e perfumar as residências. Todas essas medidas eram tomadas afim de se evitar os miasmas. Além disso, em meados do século XVII, muitos médicos utilizavam uma roupa que cobria e protegia o corpo todo, e uma máscara com um “bico”, dentro do qual eram colocadas substâncias aromáticas, afim de purificar o ar que respiravam, evitando os miasmas e prevenindo as doenças (Ibid.). Segundo Martins & Martins (1997, p. 73), tanto a teoria dos humores quanto a dos miasmas foram importantes. A teoria dos humores ressaltava a importância da boa alimentação, do exercício físico, das massagens e do sono, cuidados que são importantes para a manutenção da saúde. A teoria dos miasmas fez com que surgissem cuidados que diminuíram as pestes, as doenças transmissíveis, as mortes em hospitais e melhoraram muito as condições de higiene nas cidades, onde o lixo passou a ser recolhido e matadouros e cemitérios foram afastados dos centros urbanos, tais medidas começara a ser aplicadas no século XVIII. Além disso, também no século XVIII, algumas substâncias passaram a ser estudadas, pois eram capazes de impedir a decomposição da matéria orgânica, evitando assim a exalação dos maus odores, tais substâncias foram chamadas de anti-sépticas. O uso dos anti-sépticos era recomendado principalmente em hospitais e enfermarias, tais cuidados diminuíram o número de mortes por infecção. No final do século XVIII e início do século XIX, surgiu também uma grande preocupação com a água, que deveria ser inodora, ou seja, livre de cheiro, livre de miasmas. A fervura ou filtragem utilizando carvão em pó, poderiam eliminar tais odores (Ibid.). Todas essas medidas, adotadas graças à teoria dos miasmas, melhoraram muito as condições sanitárias e de higiene na Europa, reduzindo muito o número de mortes por infecção nos hospitais, pela peste e por doenças transmissíveis. As pesquisas de Pasteur sobre a Raiva As pesquisas de Pasteur sobre a raiva começaram no dia 10 de dezembro de 1880, segundo nota dos seus cadernos de laboratório (PASTEUR, CHAMBERLAND & ROUX, 1881, p. 550). Pasteur foi avisado pelo cirurgião do hospital Sainte-Eugénie, que uma criança havia morrido. Esta criança apresentou, alguns dias antes, sintomas da hidrofobia e havia sido mordida no rosto por um cachorro contaminado pela raiva. Pasteur relatou que, quatro horas depois da morte, um pouco de muco bucal da criança foi retirado por ele mesmo, com ajuda de um pincel. Ele diluiu a amostra em água e inoculou em dois coelhos, que morreram após trinta e seis horas: Quatro horas depois da morte, um pouco de muco bucal foi recolhido por mim mesmo, com a ajuda de um pincel, diluído em água comum e logo foi inoculado em dois coelhos. Estes, observados no laboratório, foram encontrados mortos na manhã de 13 de dezembro; eles ainda estavam vivos no dia 12, à uma hora da manhã. Eles estavam mortos portanto, aproximadamente trinta e seis horas após a inoculação. (Ibid., p. 559). Pasteur fez novas inoculações em coelhos sadios. Em alguns ele inoculou a saliva e em outros o sangue dos primeiros coelhos, os que morreram, obtendo o mesmo resultado: a morte dos coelhos, sempre apresentando os mesmos tipos de lesões nas autópsias. Pasteur relatou que nas últimas horas de vida, os coelhos se movimentavam pouco, com tendência à paralisia e, em geral, o animal morria asfixiado. Pasteur explicou que sua principal preocupação quanto as doenças transmissíveis era identificar os microrganismos causadores das mesmas. Ele comentou sobre a possível relação entre a presença de um organismo microscópico, muito pequeno na produção da doença e morte: Este organismo é às vezes tão pequeno, que pode escapar a uma observação superficial. Sua forma é comum a de muitos outros seres microscópicos: é um bastonete extremamente curto, um pouco deprimido no meio, em forma de 8 por consequência, cujo diâmetro de cada metade não ultrapassa meio milésimo de milímetro. (Ibid., p.561). Pasteur relatou que realizara uma série de experimentos com esses microorganismos, afim de testar sua virulência. Segundo ele, suas experiências mostraram que a virulência existia nas culturas contendo sangue dos animais mortos pela raiva. Essas culturas foram produzidas com sangue de coelhos doentes, e que sua coleta e cultivo ocorreu em ambiente estéril. Pasteur afirmou que, ao inocular o material de suas culturas em outros animais, eles também se tornavam doentes. O que transmitia a doença, de um animal para outro, segundo Pasteur, eram os microorganismos que ele isolara nas culturas. Através desses experimentos, Pasteur encontrou evidências de que esses microorganismos, que ele observava, eram os causadores da doença e de seu desenvolvimento até a morte da vítima. Pierre Paul Emile Roux (1853 - 1933) foi o principal colaborador de Pasteur em suas pesquisas sobre o carbúnculo, a raiva e outras doenças. Em sua tese de doutorado “As novas aquisições sobre a raiva” (ROUX, 1883), ele relatou seus experimentos ao lado de seu mestre, Pasteur. As pesquisas de Galtier sobre a Raiva Galtier era professor da Escola de Veterinária de Lyon e membro da Academia de Ciências de Paris e se dedicou a investigar a raiva. Ao iniciar suas pesquisas sobre a raiva, Galtier explicou que seu principal objetivo era compreender a doença e a ação do seu agente causador para poder desenvolver um meio de proteger os animais contra a raiva. No artigo “Études sur la rage – Rage du lapin” (“Estudos sobre a raiva – Raiva do coelho”), publicado em 1879, Galtier apresentou os primeiros resultados de seus experimentos sobre a raiva. Esses experimentos consistiam na inoculação de saliva de animais doentes em animais sadios. Galtier afirmou que, segundo os resultados obtidos em seus experimentos, a raiva do cachorro poderia ser transmitida ao coelho. Ele estudou diferentes salivas e outros líquidos corporais do cachorro, do cordeiro e dos coelhos que haviam contraído a raiva. Observou o tempo que os coelhos viviam sem apresentar os sintomas da raiva, após serem inoculados com material contaminado (GALTIER, 1879, p. 445). Ele percebeu que quando a doença se instalava levava o animal a óbito. Ele assim se expressou: Eu efetuei experiências tendo em vista pesquisar um agente capaz de neutralizar o vírus da raiva após sua absorção e de prevenir assim a aparição da doença, porque estou convencido, conforme minhas pesquisas necroscópicas, que a raiva, uma vez declarada, [...] permanece durante muito tempo devido às lesões que ela causa nos centros nervosos, isso se não for incurável. Penso que a descoberta de um meio preventivo eficaz equivale à descoberta de um tratamento curativo, sobretudo, se sua ação for realmente eficaz um dia ou dois após a mordida, após a inoculação do vírus (Ibid., p. 446). A partir de suas pesquisas, Galtier também observou que a saliva do cão raivoso, recolhida de um animal vivo e conservada na água, ainda permanecia virulenta por um período de vinte e quatro horas. Em maio de 1879, Galtier inoculou dois cordeiros com o vírus da raiva. Um recebeu uma injeção intravenosa na jugular e outro recebeu uma injeção subcutânea. O cordeiro que recebera a injeção subcutânea morreu um mês depois por consequência da raiva. O outro cordeiro, que recebera a injeção intravenosa resistiu e foi inoculado novamente com o vírus da raiva no mês de outubro do mesmo ano e, mais uma vez, não desenvolveu a doença. 1. As injeções do vírus da raiva nas veias dos cordeiros não fazem com que a raiva se desenvolva e parecem lhes conferir imunidade. 2. A raiva pode ser transmitida pela injeção de material rábico; ainda que o ponto onde se faz a inoculação em casos parecidos não tenha sido determinado. Isso não mostra que haja perigo de contrair a doença por toda pessoa e por todo animal que, em qualquer circunstância que seja venha a introduzir o vírus da raiva nas vias digestórias. 3. Eu realizo a verificação da aquisição de imunidade pela injeção intravenosa, no experimento sobre o cachorro, estou em vias de me assegurar se a injeção intravenosa do vírus, feita no dia seguinte ou dois dias depois de uma mordida ou de uma inoculação rábica, pode ainda preservar o animal da raiva (Ibid., 1881, p. 285, grifo do autor). No mesmo artigo Galtier afirmou que a partir das experiências que realizara nos anos de 1880-1881, havia encontrado evidências de que após a injeção do vírus da raiva nas veias de cordeiros e cabras, esses animais não contraíam a doença. Pelo contrário, eles adquiriam imunidade caso o vírus fosse introduzido posteriormente, simultaneamente ou mesmo alguns instantes antes por procedimento de inoculação simulando a mordida de cães raivosos. Galtier mencionou as pesquisas realizadas por Roux, principal colaborador de Pasteur, nos estudos sobre a raiva que, informando que o médico estava obtendo os mesmos resultados que ele: “As pesquisas feitas por Roux confirmaram de maneira bem fundamentada minhas deduções, assim como as numerosas tentativas que eu repeti depois de 1881, nas quais obtive invariavelmente os mesmos resultados” (Ibid., p. 446). Algumas Considerações As pesquisas de Pasteur e Galtier levaram em consideração o contágio e o desenvolvimento da doença a partir de um agente infeccioso, A análise desenvolvida mostrou que, em termos cronológicos, as primeiras publicações sobre o assunto foram feitas por Galtier em 1879. A elas se seguiram as publicações de Pasteur (1880) e finalmente a tese de Roux (1883). Galtier desenvolveu pesquisas com animais (cães, coelhos e carneiros). Ele percebeu que ao inocular a saliva de um cão contaminado pela raiva em coelhos e carneiros, estes desenvolviam a doença. Porém, ao inocular o vírus no sangue dos cordeiros, estes não desenvolviam a doença e adquiriam imunidade. Ele observou que a injeção intravenosa do vírus da raiva em animais, feita no dia seguinte ou dois dias depois de uma mordida ou de uma inoculação rábica, poderia preservar o animal da raiva. Podemos considerar que esses estudos tiveram uma grande contribuição para a teoria microbiana das doenças e constituíram a base para a elaboração da vacina anti-rábica. Agradecimentos Esta pesquisa é parte integrante de projetos maiores desenvolvidos junto ao CESIMA, com apoio da CAPES (bolsa de doutorado). Referências: ADAM, Philippe & HERZLICH, Claudine. Sociologia da doença e da medicina. Trad. Laureano Pelegrin. Bauru: EDUSC, 2001. CLENDENING, Logan. Source book of medical history. New York: Dover, 1960. HIPÓCRATES. Tratados Hipocráticos II: sobre los humores.Traduzido por J. A. López Férez. Madri: Gredos, 1997. GALTIER, Pierre Victor. “Études sur la rage – Rage du lapin.” Mémorie de Galtier présenté à l’Académie des sciences par M. Bouley, Comptes rendus de l’Academie des sciences 89 (1879): 444-446. MARTINS, Lilian Al-Chueyr Pereira & MARTINS, Roberto de A. “Geração espontânea: dois pontos de vista”. Perspicillum 3 (1, 1989): 5-32. Disponível em http://www.ifi.unicamp.br/~ghtc/lil-r1.htm. Acesso em 03 de abril de 2008. MARTINS, Roberto de Andrade, MARTINS, Lilian Al-Chueyr Pereira, FERREIRA, Renata Rivera & TOLEDO, Maria Cristina Ferraz de. Contágio: história da prevenção das doenças transmissíveis. São Paulo: Moderna, 1997. PASTEUR, Louis; CHAMBERLAND, E. Roux & THUILLIER, Ferdinand. “Sur une maladie nouvelle provoquée par la salive d’ un enfant mort de la rage”. Comptes Rendus de l´Académie dês Sciences de Paris 92 (1881): 159-165. ROUX, Emile Pierre Paul. “Des nouvelles acquisitions sur la rage.” Thèse de médecine de Paris 398 (1883):1-56. 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