Hora de Decidir

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Em 15 anos, câncer deixará de ser doença mortal,
diz geneticista francês
A afirmação que traz esperança para quem luta contra o mal é do geneticista francês Laurent
Alexandre, cirurgião e dono da empresa DNA Vision.
Matéria publicada em 13 de Novembro de 2014
Recentemente, ele lançou o livro “A Derrota do Câncer - A História do Fim de uma
Doença”, onde narra como os avanços do sequenciamento do DNA vão mudar a vida
dos doentes.
“As tecnologias genéticas vão permitir às pessoas que têm um câncer viverem, dentro
de dez anos, como os soropositivos. Hoje, a esperança de vida para quem é portador do
vírus da Aids é a mesma para uma pessoa sadia. É uma doença desagradável, com
medicamentos difíceis, mas vivemos mais ou menos o mesmo número de anos com ou
sem o vírus HIV”, diz o cientista francês. De acordo com ele, em 2030, o câncer não
será mais uma doença que mata. Leia a entrevista que ele concedeu à RFI Brasil.
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O que o estudo do genoma trouxe para o tratamento do câncer?
Graças ao genoma podemos classificar os tumores em função das características
genéticas de cada tumor e criar o que chamamos de tratamento personalizado. É um
tratamento que vai atacar especificamente as mutações que atingem os cânceres de um
determinado paciente e suas diferentes mutações. Nunca há dois cânceres do seio
idênticos, por exemplo. Cada tumor tem suas especifidades. Essa descoberta ocorreu
há cinco ou seis anos e revolucionou nossa visão sobre a doença, porque não
imaginávamos que havia tantos tipos de câncer.
Concretamente, como isso vai acontecer?
O mais importante é termos a sequência do DNA do tumor, para conhecer as mutações
presentes. No momento em que retiramos o tumor, fazemos uma biópsia e analisamos
seu DNA. A partir daí, poderemos dar um tratamento personalizado que corresponderá
às características ou especificidades do tumor do paciente.
Então é preciso generalizar o acesso ao sequenciamento do DNA?
Sim, isso está previsto. Na França, o sequenciamento do DNA será generalizado dentro
dos próximos cinco ou seis anos. Esta é a primeira técnica. A segunda, que permitirá ter
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tumores menos agressivos, é que já sabemos como identificar o DNA tumoral no
sangue dos doentes muito anos antes que a doença seja vísivel em ecografias e
ressonâncias magnéticas. Então, no futuro, através de exames de sangue preventivos,
saberemos se existe um tumor, mesmo que ele seja menor do que uma ponta de agulha
e não possa ser visto em exames radiológicos. Isso permitirá a prescrição de
tratamentos extremamente precoces enquanto o tumor ainda estiver menos agressivo.
Os pequenos tumores são sempre menos agressivos do que os grandes tumores.
Tudo isso tem uma relação com histórias como a de Angelina Jolie, que decidiu retirar
os seios para evitar um câncer no futuro?
Isso é outra coisa. Esta é a busca por fatores que predispõem ao câncer antes da
detecção da doença. Os casos que eu citei envolvem as medidas a serem tomadas
após a confirmação do diagnóstico. Em alguns casos, quando ainda não temos o
câncer, e é o que foi feito pela Angelina Jolie, podemos descobrir, em um indíviduo,
fatores genéticos que predispõem à doença. Mas o tumor ainda não existe, é um caso
diferente. É possível descobrir isso em um exame de sangue.
Em seu livro, você explica que o câncer é sempre uma anomalia do cromossomo, mas
não necessariamente herdada dos pais?
O câncer é sempre uma anomalia do DNA, do cromossomo, e em 15% dos casos ela é
hereditária – é o que aconteceu com Angelina Jolie. Em 85% dos casos, a mutação é
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causada por fatores ambientais, como o tabaco, amianto ou produtos químicos, mas não
estava presente inicialmente no indíviduo, não é herdada. É apenas uma célula do
organismo –uma célula do pulmão, fígado, do rim -que vai sofrer uma mutação e gerar o
câncer. São duas coisas diferentes.
E qual tipo de câncer será mais agressivo?
Não há uma diferença de agressividade entre os dois, são apenas dois tipos diferentes
de aparição de mutação. Em um caso ela é transmitida pelo pai ou a mãe, através do
óvulo e do espermatozóide, e em outro caso, a mutação foi provocada, como já disse,
pelo meio-ambiente.
Você escreveu há alguns anos o livro “A Morte da Morte”, e recentemente em uma
reportagem na TV você afimou que o ser humano que vai viver mil anos talvez já tenha
nascido. É isso mesmo?
Sim, eu acredito nisso. Mas não graças à tecnologia de hoje, graças à tecnologia de
2100, 2200, 2300...Uma criança que nasce hoje, terá apenas 86 anos em 2100. Você
pode imaginar a tecnologia em 2100? A tecnologia em 2100 estará em um nível
inacreditável. A esperança de vida será de 150 a 180 anos, no mínimo. E com a
tecnologia a esperança de vida não vai parar de aumentar.
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Qual mensagem você deixaria para quem tem câncer hoje?
Eu enviaria antes uma mensagem para quem não tem câncer. O melhor tratamento do
câncer hoje não é nanotecnologia ou a génética. O melhor é a prevenção: não fume
demais, não fique demais no sol, não seja obeso, não coma gordura em excesso, tome
as vacinas que previnem contra os vírus que provocam câncer...
o que é mais
importante para a cancerologia é evitar o câncer. No caso do HIV, a melhor maneira de
se prevenir é usar a camisinha, não os maravilhosos tratamentos que temos hoje. No
câncer é a mesma coisa. O melhor tratamento não são as nanotecnologias triunfantes,
mas evitar o câncer.
Fonte: portugues.rfi.fr
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