relato de experiência

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RELATO DE EXPERIÊNCIA: ENFRENTAMENTO DAS DIFICULDADES NA
IMPLANTAÇÃO DA ESTRATÉGIA NACIONAL DE VACINAÇÃO CONTRA H1N1
EM UMA UBS DO MUNICÍPIO DE CASCAVEL
Vanessa de Souza Diniz Garcia Amaral1
Elza Ema de Souza Pramiu2
Claudia Ross3
INTRODUÇÃO: Segundo Organização Mundial da Saúde (2009) a Influenza A é
causada por um vírus, H1N1, que nunca havia circulado entre humanos, e que
não tem nenhuma relação com outros vírus gripais sazonais que tenham afetado
as populações anteriormente. Trata-se de um vírus que se propaga de pessoa a
pessoa, sendo facilmente transmissível, que contamina as pessoas pela
exposição às gotículas de saliva infectadas e que também podem contaminar
mãos e superfícies. A gripe por H1N1 tem início com febre maior que 38ºC,
seguido por mialgia, dor de garganta, prostação, dor de cabeça e tosse seca,
sendo a febre o fenômeno mais importante, que dura cerca de três dias. Com a
progressão da doença, o quadro respiratório torna-se mais evidente, mantendo-se
por tres a quatro dias após o desaparecimento da febre. Certas condições
favorecem a complicação do quadro clínico, como a de pessoas com mais de 60
anos e menores de dois anos, gestantes e portadores de doenças crônicas
(BRASIL, 2010a; BRASIL, 2010b). Neste contexto e diante da pandemia
enfrentada pelo Mundo em 2009, o Ministério da Saúde estabeleceu uma
estratégia para imunização contra Influenza A cujos objetivos são manter o
funcionamento dos serviços de saúde envolvidos na resposta à pandemia e
diminuir a morbimortalidade associada a mesma, vacinando grupos prioritários
(BRASIL, 2010a; BRASIL, 2010b).
1
Estagiária curricular, acadêmica do 5º ano de graduação em enfermagem da UNIOESTE. Endereço: Rua
Afonso Pena, 1221 Centro. Email: [email protected]. Tel.: 4530351767.
2
Enfermeira da Unidade Básica de Saúde Parque São Paulo.
3
Docente do curso de enfermagem da UNIOESTE.
1
OBJETIVOS: Descrever como ocorreu o enfrentamento das principais dificuldades
encontradas durante a implantação da estratégia de vacinação contra o vírus de
Influenza A (H1N1) em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de
Cascavel – PR.
MATERIAL E MÉTODOS: Trata-se de um relato de experiência de corte
transversal e caráter descritivo elaborado a partir das observações realizadas pela
enfermeira da UBS juntamente com a acadêmica do 5º ano do curso de
enfermagem da UNIOESTE campus Cascavel – PR e docente supervisora de
estágio do curso de enfermagem da UNIOESTE campus Cascavel – PR no
decorrer da implantação da estratégia de vacinação contra o vírus de Influenza A
(H1N1) em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do município de Cascavel – PR
durante o período de 08/03 a 30/04/2010.
RESULTADOS: Durante as observações realizadas pela enfermeira, acadêmica
de enfermagem e docente supervisora de estágio, verificou-se que as principais
dificuldades no decorrer implantação da estratégia de vacinação estavam
relacionadas ao planejamento das ações de implantação, à comunicação, à
divulgação da estratégia, à disponibilidade de vacinas, e a disponibilidade de
recursos humanos. Este relato mostra como ocorreu o enfrentamento destas
dificuldades durante a implantação da campanha de vacinação e das principais
ações desenvolvidas na UBS. Em um primeiro momento realizou-se estudo do
material fornecido pelo Ministério da Saúde, com posterior construção de uma
sinopse contendo os principais aspectos da estratégia: características da Influenza
A, da vacina, modo de preparo, via de administração, contra-indicações e eventos
adversos pós-vacinação, utilizada no treinamento dos funcionários. Também foi
elaborado quadro sinóptico contendo informações pertinentes à vacina para
orientação dos funcionários na sala de vacinas. Para divulgação junto à população
foram confeccionados cartazes, uma vez que não foram disponibilizados materiais
de divulgação da campanha pelo Ministério da Saúde, contendo informações
relativas à vacina, grupos prioritários, etapas da vacinação, e doenças crônicas
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priorizadas. Além disso, realizou-se sala de espera diariamente, abordagem dos
grupos de Hiperdia, confecção de lembretes distribuídos durante consultas de
pediatria e puericultura, para divulgar e esclarecer dúvidas sobre a campanha de
vacinação. O treinamento com os funcionários foi realizado em ambos os turnos
de trabalho, para o esclarecimento de aspectos técnicos relativos à vacina, grupos
prioritários, etapas e doenças crônicas priorizadas. Na primeira etapa, destinada
aos trabalhadores de saúde e indígenas, não ocorreram grandes dificuldades. Na
segunda etapa, reservada às gestantes, portadores de doenças crônicas até 60
anos de idade, e crianças de 06 meses a 02 anos incompletos, os principais
problemas foram relativos às informações veiculadas na mídia. A mídia divulgava
que os pacientes crônicos deveriam comparecer a UBS para se vacinar, porém
não informavam as doenças crônicas priorizadas pela estratégia e algumas vezes
a faixa etária preconizada, o que gerou aumento do número de indivíduos
procurando a UBS e que não se encaixavam nos critérios estabelecidos. Para
minimizar tal problema a Secretaria de Saúde do Município estabeleceu que os
pacientes portadores de doenças crônicas deveriam apresentar prescrição médica
ou comprovante da situação de doença crônica para efetuar a vacinação. Isso
gerou descontentamento neste grupo da população. Juntamente a isso, o Ministro
da Saúde em pronunciamento em rede nacional informou que portadores de
hipertensão arterial também deveriam ser imunizados durante a segunda etapa.
Toda essa situação desencadeou novas reorientações e esclarecimentos pela
Secretaria de Saúde com relação à condução das ações, na tentativa de se
minimizar as dificuldades enfrentadas na operacionalização desta etapa. Entre
estas se destacaram as seguintes orientações: os indivíduos portadores de
doenças crônicas preconizadas pela estratégia não precisariam apresentar
prescrição médica ou comprovante de doença crônica; crianças especiais,
hipertensos e doentes com câncer poderiam ser imunizados; e para qualquer
comorbidade crônica diferente daquelas já definidas, a vacina somente poderia ser
administrada com prescrição médica. Posteriormente, a Secretaria de Saúde
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também liberou a vacinação para portadores de bronquite crônica. Na UBS estas
novas orientações foram repassadas aos funcionários, e novos cartazes foram
confeccionados com informações para os usuários, mantendo-se a realização de
sala de espera, e reorientações constantes da população. Após estas
readequações, a mídia ainda veiculou a informação de que no Estado do Paraná a
imunização contra H1N1 seria liberada para toda a população, desencadeando
novamente
aumento
na
procura
pela
vacina
e
consequentemente
descontentamento do usuário com a negativa desta informação. A terceira etapa,
destinada aos adultos de 20 a 29 anos, teve início no sábado, dia 10/04/2010. A
principal dificuldade percebida foi relacionada à disponibilidade de funcionários
para
trabalhar
neste
consequentemente
dia,
poucos
havendo
funcionários
pouca
adesão
trabalhando
em
dos
mesmos,
período
e
integral.
Ressalta-se ainda, que a etapa anterior foi prorrogada, devido à falta de alcance
de coberturas vacinais para alguns grupos etários da segunda etapa. No dia 24 de
abril, sábado, iniciou-se a quarta etapa, destinada às pessoas maiores de 60 anos
portadoras de comorbidades crônicas, juntamente com a campanha nacional de
vacinação do idoso contra o vírus da gripe sazonal, mantendo-se ainda a extensão
das etapas anteriores, até o final da campanha. Neste dia de campanha foi grande
a procura pela vacina na UBS, gerando tumulto principalmente pela manhã, pois
muitos idosos já esperavam pela vacina antes do horário de abertura da UBS.
Ainda, parte da equipe deslocou-se para o Asilo no Bairro Maria Luisa, onde seria
realizada a abertura oficial da campanha de vacinação para gripe sazonal. Neste
dia também houve pouca adesão dos funcionários à campanha. Outra dificuldade
observada durante a implantação da estratégia de vacinação contra H1N1 diz
respeito à falta de imunobiológicos em alguns dias de campanha, relacionada ao
aumento da demanda por vacinação nesta UBS e ou falta da vacina na rede de
frios. Com este aumento na demanda por vacinação foi necessária a abertura de
novas salas de vacinas, e consequentemente o deslocamento de funcionários de
outras atividades para estas salas, o que acarretou sobrecarga de atividades para
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os funcionários. Neste contexto, a UBS ainda recebeu um grande número de
estagiários de curso superior e técnico de enfermagem, demandando a
necessidade de treinamento dos mesmos, ocasionando mais sobrecarga ao
serviço. Outra dificuldade verificada foi uma demanda exacerbada de telefonemas
por parte dos usuários que queriam informações sobre a vacina. Isso também
ocasionou uma sobrecarga aos funcionários que já estavam atendendo a uma
demanda espontânea aumentada. Vale destacar que a maior de todas as
dificuldades enfrentadas pelo serviço de saúde durante a implantação da
campanha foi com certeza a insatisfação do usuário, ora ocasionada por questões
operacionais, ora por orientações incorretas na mídia, ora por não fazerem parte
dos grupos priorizados pela estratégia, ora por causa dos prazos definidos para as
etapas, entre muitas outras.
CONCLUSÃO: Através deste relato de experiência verificou-se que as maiores
dificuldades encontradas na UBS para implantação da imunização contra H1N1
foram àquelas relacionadas à insatisfação do usuário, à divulgação da campanha,
à comunicação com discrepância de informações entre os vários níveis do
Sistema de Saúde, e às dificuldades operacionais na UBS. Através deste relato
também foi possível elencar as várias alternativas de enfrentamento para estas
dificuldades, e que, desta forma aqui apresentadas podem servir de subsídios
para fomentar as discussões a respeito da temática e contribuir para futuros
planejamentos de campanhas de vacinação.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento
de Vigilância Epidemiológica. Estratégia de Vacinação Contra o Vírus de
Influenza A (H1N1) 2009 Pandêmico e Sazonal. Nota técnica n. 05/2010
DEVEP/ SVS/ MS: Brasília, 2010a.
BRASIL. Ministério da Saúde. Estratégia nacional de enfrentamento da
segunda onda da pandemia de gripe A (H1N1). Informe técnico: Brasília, 2010b.
5
OMS, Organização Mundial de Saúde. ¿Qué es la gripe pandémica (H1N1)
2009?
disponível
em:
<http://www.who.int/csr/disease/swineflu/frequentlyaskedquestions/about/di
sease/es/>. Acesso em 27/04/2010.
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