O TEATRO NA ESCOLA – UMA ATIVIDADE

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O TEATRO NA ESCOLA – UMA ATIVIDADE COMPLETA
O objetivo dessa aula é explicar ao futuro professor a importância de se trabalhar
com o teatro desde os primeiros anos de escolaridade da criança. Essa atividade
passa pelo corpo, pelo organismo, pelo afeto, pela cognição, pelas relações, pelo
inconsciente e desenvolve todos os aspectos inerentes à vida da criança: social,
afetivo, cultural.
O Teatro – uma atividade completa
Como define Tenê de Casa Branca, “O teatro é um retrato
de emoções, de sentimentos inerentes ao ser humano.”
Essa linguagem artística tem sua origem na Antiga Grécia e,
desde aquela época até o momento, o mundo inteiro vive,
participa desse espetáculo de emoções – o Teatro.
Conforme aponta ANGELINI (1991:41) “Acredito ser o teatro
uma das formas mais completas para desenvolver integralmente a criança; pois
envolve leitura, interpretação, redação, adaptação do texto, caracterização de
personagens, representação-de senvolvimento da expressão facial, corporal das
percepções, cenário, linguagem plástica, sonoplastia, tudo arranjado de forma
integrada.”
Os elementos, que fazem parte da montagem de uma peça teatral, ajudam o
aluno - e muito! - a se organizar como:
a) Produtor – indivíduo que escolhe o texto a ser encenado e se encarrega da parte
financeira para montagem do espetáculo.
b) Diretor – tem a idéia do texto como um todo e escolhe os atores.
c) Cenógrafo – sua função é cuidar do ambientecenário.
d) Figurinista – responsável pela vestimenta dos personagens de acordo com a
época a ser retratada.
e) Iluminador – é o que organiza o jogo de luzes, sombra do ambiente etc, para dar
um efeito especial aos diferentes momentos da peça.
f) Sonoplasta – técnico do som – responsável pelas músicas, ruídos – diferentes
sons.
Outros elementos são importantes para um trabalho profissional como o contraregra, maquiador, administrador, camareira etc; pessoas que colaboram para a
organização e bom andamento da peça teatral.
Para desenvolvê-lo pode-se apresentar a seguinte estratégia: oferecer à classe
diferentes livros infanto-juvenis, e os grupos têm por função escolher um livro.
Quando a escolha não funciona, o melhor é o sorteio.
Já com os livros, cada grupo desenvolverá o trabalho realmente em conjunto. Em
primeiro lugar, todos devem ler, conhecer a história, perceber a mensagem e discutila; mesmo sendo uma peça teatral, o livro destinado ao grupo – o trabalho de
readaptação é necessário para poder ser apresentado na escola.
Segundo passo - se o texto pertencer a um outro gênero literário: conto, crônica,
romance etc, será preciso reescrevê-lo, marcando as falas e o cenário, adaptando-o
à peça teatral.
Para a representação na escola, destacamos alguns pontos importantes:
a) Adaptação do texto:
• ler, entender, interpretar a história, guardando os fatos importantes;
• reescrever os momentos marcantes do texto;
• conhecer os personagens do ponto de vista físico e psicológico e caracterizá-los;
• construir diálogos, marcando-os bem de acordo com os personagens;
• testar as falas e sua clareza;
• destacar os elementos principais de cada momento da história para a
caracterização dos cenários, que devem ser poucos;
• a sonoplastia deve criar, sugestionar e envolver sonoramente o espectador ao
momento da cena apresentada;
• cenário, ação, falas e sonoplastia devem ser integrados;
• os atores devem transitar no palco com desenvoltura e conhecer o momento de
entrar e sair das cenas para que nenhum fique sem movimento e/ou fala;
• havendo problemas com a memorização das falas, o melhor é improvisar;
• verificar a linguagem da obra, se deve ser fiel a ela, atualizá-la, modificá-la;
• não fugir à idéia central da obra;
• verificar tempo de encenação e o público a que se destina;
• montar e ensaiar toda a peça, verificando se nada faltou.
b) Estrutura da peça (aproveitar os momentos e situações mais interessantes e
culminantes da obra):
• exposição – apresentação dos fatos e sugestão do problema proposto – momento
de tensão (deve despertar o interesse do espectador pela história);
• conflito – ponto de maior tensão – clímax da peça;
• desenlace – desfecho – alívio da tensão, solução do problema. Para crianças muito
pequenas, o tempo da peça não deve ser longo, a fim de não dispersá-las, e a
história, para atingi-las, pode durar de vinte a trinta minutos.
Terceiro passo – a encenação – todos com o texto já revisado e adaptado ao teatro,
passamos a:
c) Caracterização das personagens:
• estudar a personagem como um todo: física e psicologicamente;
• marcar falas e atitudes através da expressão corporal e facial; de acordo com o
perfil psicológico – sugerir comicidade, tristeza etc, captar os sentimentos e emoções
das personagens;
• desenvolver a capacidade de comunicação e melhorar a
dicção;
• preparar indumentária e maquiagem adequadas;
Quarto passo - pensar nos números de atos (cada uma das partes em que se divide
a peça); nas cenas (pontos culminantes de cada ato); no cenário – desenvolvimento
da linguagem plástica – construí-lo(de forma simples e imaginativa – utilizar material
sucata) e quanto à sonoplastia – selecionar as músicas de fundo e/ou ruídos e
verificar iluminação adequada.
Quinto passo – ensaios freqüentes devem ser realizados, visando à apresentação
da classe. Depois de a peça ser encenada, a classe discute a obra, a adaptação, a
linguagem explorada; enfim, tudo que despertar o interesse do público frente ao
texto e à encenação.
Podemos ainda explorar junto aos alunos diferentes formas de apresentar o texto,
como o Teatro de Marionetes – boneco em estrutura de madeira com pernas,
braços e cabeça articulados e movimentados pelo ator que lhe dará vida. O Teatro
de Fantoche – boneco confeccionado em tecido, borracha, pano etc, para pôr as
mãos (como luva) e movimentado pelo ator. Para desenvolver esses tipos de teatro,
basta confeccionar pequeno palco de papelão ou madeira em formato de caixa para
que os personagens possam atuar.
Temos também o Teatro de Sombra – através do jogo de luzes, criam-se diferentes
situações; o Teatro de Vara – com cartolina e varetas, podemos criar personagens e
manipulá-los; a técnica é simples e atraente, e o Teatro de Máscaras – os atores
confeccionam diferentes máscaras a serem vestidas no momento da apresentação.
Quanto ao material a ser utilizado para a realização dos diferentes tipos de teatro,
caberá ao aluno escolher, jogando preferivelmente com material sucata – simples e
barato. O fundamental é que o grupo preocupe-se em fazer o melhor com o que tem
as mãos, explorando sua imaginação e trabalhando com carinho e respeito.
O tempo para elaboração desse trabalho varia; no entanto, as equipes precisam de
pelo menos um mês para desenvolvê-lo, e o local para a apresentação pode ser a
própria sala de aula, se não houver um lugar mais adequado na escola.
De acordo com Angelini (1991:46), “A função do professor para essa atividade deve
ser de muita responsabilidade, pois precisa orientar, acompanhar, estimular sempre
e ajudar o aluno a vencer suas dificuldades. Em sala de aula, depois de todos lerem
as obras, as equipes podem desenvolver a adaptação do texto, cenário e
dramatização. Por ser um trabalho que exige reuniões extraclasse é preciso contar
com o apoio e colaboração dos pais, para que o aluno se sinta seguro e tranqüilo
frente à atividade.”
O resultado é gratificante. O aluno cresce interiormente, desinibe-se, valoriza-se e
respeita seu trabalho, tendo a oportunidade de vivenciar outras situações, épocas,
conceitos, valores e passa a refletir sobre a realidade. Teatro é vida!
Futuro professor, não deixe de trabalhar com o Teatro – possibilite essa
experiência ao aluno como intérprete ou como espectador. Os efeitos disso
logo aparecerão em todas as áreas da vida da criança: afetiva, ativa e
intelectual.
17.1 O FOLCLORE E SUA IMPORTÂNCIA NA ESCOLA
“Plantado no passado imemorial da humanidade, projeta-se o folclore como a voz do
presente e do futuro.” Édson Carneiro
Enquanto professores não podemos deixar de levar o nosso folclore para nossas
crianças; pois representa o que há de essencial em nossa cultura. O folclore
representa as tradições de um povo. Ao deixarmos de olhar para nossa cultura, seus
valores e tradições, estamos sujeitos a uma colonização cultural. Por isso, a escola é
um espaço de difusão cultural.
O folclore é visto em todas as idades e atividades das camadas populares. Segundo
CUNHA (2003), apresenta duas linhas diretrizes: o lúdico e o prático. No primeiro –
o lúdico, a autora engloba a literatura oral, através das lendas, mitos, contos,
poesia; as diversões, com danças, cortejos, teatros, autos etc; a música, com
cantigas de roda, de ninar. No segundo, aponta as artes e técnicas, com a cerâmica,
pintura, escultura, cestaria etc; os usos e costumes, nas atividades de pesca e caça,
cerimônias relativas ao casamento, à morte, ao nascimento; a linguagem popular,
com provérbios, línguas especiais, frases feitas etc.
Quanto à criança e à cultura de seu país, o folclore é a melhor forma de fazê-la
penetrar na alma do povo, conhecer as vidas das diferentes regiões de nosso país e
de criar uma consciência nacional e amor à nossa cultura, às coisas de nosso povo.
Por meio do contato, desde muito pequenas com a nossa cultura, com o nosso
folclore, a criança terá capacidade de se envolver com a nossa cultura e essa será
uma forma de combatermos a massificação e a colonização cultural a que estamos
sujeitos. O conhecimento da cultura regional possibilitará não apenas a sua
aceitação, mas a valorização bem como a integração do indivíduo no seu todo.
Na escola, de acordo com CUNHA (2003), a professora primária, portanto, deve
amar o folclore – se ela ama as crianças em suas atividades mais expressivas: seus
primeiros poemas, suas cantigas de roda e de ninar, seus brinquedos e jogos à hora
do recreio. Ainda é importante que o professor tenha sensibilidade e leve a criança
de maneira espontânea.
Segundo Henriqueta Lisboa, é importante realçar o seguinte aspecto:
“Instrumento mais promissor do que qualquer disciplina, nesta área (a imaginação),
o folclore auxiliará, por certo, o florescimento da sensibilidade; despertará os
sentidos e a alma da criança diante das cores, das vozes e dos segredos da terra;
acomodará sentimentos a interesses vitais e genuínos.
Entretanto, para ressalva do próprio fenômeno, o folclore não deve ser ministrado à
infância a feitio de estudo, mas sim, proporcionado de modo recreativo, espontâneo,
sem insistência. O que se define como popular, tradicional e anônimo, não lograria
viver em clima de oposição.”
(Lisboa, 1970: 43, apud Cunha, 2003: 160).
“Os homens mais cultos, os artistas mais sensíveis, têm muitas vezes seus
olhos voltados para o folclore.”
(Maria Antonieta Antunes Cunha, 2003)
Professor, não deixe de encantar a criança com as coisas de nossa terra por
meio do folclore, das nossas tradições, de nossa cultura, de forma lúdica e
prazerosa.
Aspectos relevantes:
• O folclore representa alma de um povo; por isso deve ser prazerosamente
trabalhado com a criança na escola.
• Quando deixamos de falar e viver nossas tradições, estamos sujeitos a uma
invasão cultural, à massificação.
• Compete à escola trabalhar com a cultura e com as tradições de seu povo.
• A professora primária deve amar o folclore – se ela ama as crianças em suas
atividades mais expressivas.
• A professora deve se preocupar com a cultura e tradições do seu povo.
• A escola é um dos melhores lugares para se divulgar o folclore.
• A professora precisa valorizar as primeiras produções da criança – seus primeiros
poemas, suas cantigas de roda e de ninar, seus brinquedos e jogos à hora do
recreio.
• A professora deve ver o folclore como algo essencial a alma de um povo.
Um dos projetos mais importantes a serem desenvolvidos pela Literatura
Infantil atual é conseguir instilar no espírito da criança a descoberta de que a
palavra literária é algo precioso e essencial à sua própria vida.
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