C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 161 FRENTE 1 Citologia e Genética MÓDULO 19 1. POLIALELIA OU ALELOS MÚLTIPLOS Os casos de herança até agora estudados envolviam sempre caracteres determinados por dois alelos, um dominante e outro recessivo. Existem, entretanto, casos de herança em que um caráter é determinado por mais de dois alelos, constituindo uma série de alelos múltiplos. Tais alelos são produzidos por mutação de um gene inicial e ocupam o mesmo lócus em cromossomos homólogos. As relações entre os diversos alelos da série são variáveis, podendo existir dominância completa e incompleta. Resumindo: alelos múltiplos são séries de três ou mais formas alternativas de um mesmo gene, localizados no mesmo lócus em cromossomos homólogos e interagindo dois a dois na determinação de um caráter. Polialelia e Imunologia Fenótipo Possíveis genótipos Selvagem CC – Ccch – Cch – Cca Chinchila cchcch – cchch – cchca Himalaia chch – chca 3. NÚMEROS DE GENÓTIPOS Sendo n o número de alelos, teremos: 1) Número de genótipos posn (n + 1) síveis = –––––––– 2 2) Número de homozigotos = n 3) Número de heterozigotos = n (n + 1) = –––––––– 2 A célula mestra no reconhecimento de um antígeno e na resposta imune subsequente é o linfócito. Duas populações de linfócitos podem ser distinguidas, ambas derivadas da medula óssea: o linfócito B, responsável pela produção de anticorpos circulantes, a que chamamos de imunidade humoral, e o linfócito T, responsável pela imunidade celular. Quando um microorganismo (vírus, bactéria, protozoário ou fungo) penetra num organismo e produz antígenos, estes são fagocitados por macrófagos, células do tecido conjuntivo, e apresentados aos linfócitos T4. Nessa fase, os linfócitos T4 são ativados e induzem, através de mediadores químicos, à proliferação de linfócitos B, que se transformam em plasmócitos e produzem anticorpos que inativam os antígenos. 4. IMUNIZAÇÃO 2. A COR DA PELAGEM EM COELHOS Em coelhos domésticos, a cor da pelagem é determinada por uma série de alelos múltiplos, determinando 4 fenótipos: 1) Selvagem ou aguti, com pelagem cinza-escura. 2) Chinchila, com pelagem cinza-clara. 3) Himalaia, com pelagem branca e extremidades (patas, rabo, orelhas e focinho) pretas. 4) Albino, sem pigmento. Os cruzamentos mostram a existência de 4 alelos com a seguinte relação de dominância: C(selvagem) > cch(chinchila) > > cch (himalaia) > ca (albino) As relações genotípicas e fenotípicas são: Os seres vivos possuem uma propriedade chamada de imunização, pela qual podem: 1 – Destruir células de agentes infecciosos, como os microorganismos. 2 – Destruir ou eliminar moléculas, como as toxinas produzidas pelas bactérias. 3 – Eliminar tecidos estranhos ao organismo, como a rejeição de transplantes. Tais processos envolvem reações do tipo antígeno-anticorpo. 6. RESPOSTAS PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS Quando ocorre a primeira injeção de um antígeno, após uma semana começa a produção de anticorpos até um nível pouco elevado, diminuindo a seguir: é a resposta primária. Se houver uma segunda injeção do antígeno, ocorre a resposta secundária, em que a produção de anticorpos é mais rápida e atinge níveis mais elevados (Fig. 1). 5. REAÇÕES ANTÍGENOS–ANTICORPOS Antígenos são substâncias que podem estimular a produção de um anticorpo e reagir especificamente com o próprio. Um antígeno típico é uma proteína ou um polissacarídeo, ou um complexo contendo ambas as substâncias. O anticorpo é sempre uma proteína. Figura 1. – 161 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 162 7. TIPOS DE IMUNIZAÇÃO ❑ Imunização ativa Trata-se da produção de anticorpos pelo próprio indivíduo que recebeu antígenos. A imunização ativa pode ser natural e artificial. a) Natural. Ocorre quando o antígeno penetra naturalmente no organismo nos processos infecciosos provocados por vírus, bactérias etc. b) Artificial. É determinada pela inoculação proposital de antígenos. A vacina é constituída pelo agente infeccioso enfraquecido ou por toxinas por ele produzidas. A vacina contém anticorpos específicos, sendo utilizada como um agente profilático. Quando um microorganismo penetra em pessoas vacinadas, já encontra os anticorpos que inativam os antígenos por ele produzidos. MÓDULO 20 ❑ Imunização passiva Consiste na inoculação, no organismo, de anticorpos produzidos por um outro organismo contra o correspondente agente infeccioso. Constitui um processo de soros terapêuticos. A soroterapia é utilizada durante a fase aguda de uma infecção. Salienta-se que o anticorpo inoculado só protege por tempo relativamente curto, sendo logo destruído e eliminado. O Sistema ABO 1. OS GRUPOS SANGUÍNEOS no foi chamado aglutinogênio, e o anticorpo, aglutinina. 4. A HERANÇA DO GRUPO ABO Quando se injeta sangue de um indivíduo em outro, realizando-se a chamada transfusão, podem sobrevir acidentes mais graves e até a morte. Isso porque há certa incompatibilidade entre as hemácias de determinados indivíduos e o plasma de outros, que se caracteriza por uma aglutinação, ou seja, reunião de hemácias em massas mais ou menos compactas, de tamanho variável, que podem obstruir capilares provocando embolias. Há também hemólise, isto é, desintegração de hemácias com liberação de hemoglobina, da qual uma parte será excretada e outra produzirá bilirrubina. 3. CLASSIFICAÇÃO DO SISTEMA ABO Os grupos sanguíneos ABO são determinados por uma série de três alelos múltiplos: IA, IB e i. O gene IA determina a formação do aglutinogênio A. O gene IB, a formação do aglutinogênio B. O gene i não forma aglutinogênio. Entre os alelos IA e IB não há dominância. Quando juntos, ambos manifestam seu efeito e a pessoa é do tipo AB. Por outro lado, tanto IA como IB são dominantes em relação a i e, somente quando os alelos IA e IB não estão presentes, o indivíduo é do tipo O. O quadro a seguir resume a herança ABO. 2. O SISTEMA ABO Foi o austríaco Landsteiner que, em 1900, descobriu os grupos sanguíneos do sistema ABO, ao misturar o sangue de algumas pessoas com o soro sanguíneo de outra. Verificava que, em alguns casos, ocorria aglutinação dos glóbulos vermelhos, isto é, reunião destes em grupos, seguida de destruição. Com essa descoberta, tornou-se capaz de explicar por que as transfusões de sangue às vezes matavam (quando ocorria aglutinação nos vasos capilares de pessoas transfundidas) e às vezes nada acontecia. Assim é que Landsteiner mostrou que a aglutinação era a manifestação de uma reação do tipo antígeno-anticorpo, encontrando-se o antígeno no soro, mas com a particularidade do anticorpo ser natural, ou seja, não necessitar da presença do antígeno para ser produzido. O antíge- 162 – Landsteiner encontrou dois aglutinógenos: A e B, e duas aglutininas correspondentes, designadas anti-A e anti-B. É evidente que, se os glóbulos de um indivíduo possuírem um ou outro dos antígenos, o soro do mesmo indivíduo não poderá conter o correspondente anticorpo, pois, se houvesse a coexistência, dar-se-ia a aglutinação das hemácias. Daí, o tipo sanguíneo das pessoas pode ser classificado em quatro grupos, de acordo com o quadro a seguir. Grupo Aglutisanguíneo nogênio (fenótipo) (hemácias) Aglutinina (soro) A A anti-B B B anti-A AB AeB — O — anti-A e anti-B Grupo sanguíneo Genótipos Tipo A IAIA ou IAi Tipo B IBIB ou IBi Tipo AB IAIB Tipo O ii No quadro abaixo, (+) indica aglutinação e (–) indica não aglutinação. AGLUTINA Soro receptor Hemácias do doador Grupo Aglutininas A A B B AB AeB O – A Anti-B – + + – B Anti-A + – + – AB — – – – – O Anti-A e Anti-B + + + – C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 163 5. AS TRANSFUSÕES DE SANGUE Nas transfusões leva-se em conta apenas o efeito do soro receptor sobre as hemácias do doador, visto que a ação contrária entre as hemácias do receptor e o soro do doa- dor pode ser desprezada, atendendo-se ao pequeno volume de sangue do doador em relação ao do receptor, ou seja, à sua diluição. Conclui-se que o indivíduo AB, cujo soro não contém aglutinação, pode receber sangue de todos os tipos e só pode doar para outro do MÓDULO 21 mesmo tipo; é chamado receptor universal ou tipo egoístico. O indivíduo do tipo O, cujos glóbulos não contêm aglutinogênio, pode doar para todos e só recebe de outro tipo O; é chamado doador universal ou tipo altruístico. O Fator Rh 1. O FATOR RHESUS 4. TRANSFUSÕES 5. ERITROBLASTOSE FETAL Em 1940, Landsteiner e Wiener publicaram a descoberta de um antígeno chamado fator Rhesus (fator Rh). Tais autores verificaram que o sangue do macaco Rhesus, quando injetado em coelhos, induz a formação de anticorpos (anti-Rh), capazes de aglutinar não só o sangue desses macacos como também os de uma certa porcentagem de pessoas. Se uma pessoa possuir o sangue do tipo Rh– e receber várias transfusões de sangue Rh+, ela poderá, eventualmente, formar anticorpos que vão reagir com essas células em futuras transfusões em que seja usado sangue Rh+. A eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido pode acontecer a uma criança Rh+, filha de uma mulher Rh–. Normalmente, a circulação materna e a fetal estão completamente separadas pela barreira placentária, mas, quando ocorrem rupturas nesta fina membrana, pequenas quantidades de sangue fetal Rh+ atingem a circulação materna Rh–. As hemácias do feto Rh+ possuem o fator Rh (antígeno), o que determina a formação de anti-Rh no corpo da mãe. Esses anticorpos, uma vez formados, podem circular através da 2. CLASSIFICAÇÃO O anti-Rh é capaz de aglutinar as hemácias humanas portadoras do antígeno correspondente, o chamado fator Rh. Os indivíduos cujas hemácias são aglutinadas possuem o fator Rh positivo (Rh+) e correspondem a 85% da raça branca. Os chamados Rh negativos (Rh–) não possuem o fator Rh e, consequentemente, suas hemácias não são aglutinadas pelo Rh. 3. HERANÇA O fator Rh é herdado como um caráter mendeliano dominante, condicionado por um gene designado Rh ou D. Assim, temos: Fenótipos Genótipos Rh+ RhRh ou DD Rhrh ou Dd Rh– rhrh ou dd – 163 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 164 placenta e destruir hemácias do feto, causando a doença hemolítica. Como na primeira gestação a taxa de anticorpos é baixa, geralmente não ocorre a doença, a não ser que a mãe tenha, anteriormente, recebido uma transfusão de sangue Rh+. A quantidade de sangue que, durante a gestação, passa do feto para a mãe, devido a pequenas hemorragias espontâneas da placenta, é insuficiente para sensibilizar a mãe e provocar a eritroblastose fetal. A passagem do sangue do feto para a circulação materna, em dose suficiente para provocar a sensibilização, ocorre no parto, quando a placenta se descola. Como se forma um bebê com a “doença-Rh” Com a destruição de hemácias, o feto torna-se anêmico e liberta grande número de eritroblastos (hemácias imaturas nucleadas) na circulação. A hidropsia (edema causado por falha cardíaca devido à severa anemia) pode causar a morte intra-uterina. Após o nascimento, a hemólise (destruição de hemácias) produz uma grande quantidade de bilirrubina, o que causa icterícia durante as primeiras 24 horas de vida. A presença de bilirrubina pode provocar lesões cerebrais (síndrome de Kernicterus), determinando surdez e retardo mental. MÓDULO 22 6. PROFILAXIA Atualmente, a eritroblastose fetal pode ser evitada com uma espécie de vacina chamada Rhogam ou Parthogam. Quando uma mulher Rh– tem um filho Rh+, dentro das primeiras 72 horas após o parto, aplica-se uma única dose de aglutinina anti-D ou anti-Rh, substância que provoca a destruição das hemácias Rh+ do feto que passaram para o corpo da mãe, durante o parto, por ocasião do descolamento da placenta. Desse modo, a mãe não produzirá os anticorpos que poderiam afetar o próximo filho Rh+. A Interação Gênica 1. CONCEITO Fala-se em interação gênica quando um caráter é condicionado pela ação conjunta de dois ou mais pares de genes com segregação independente. 2. HERANÇA DO TIPO DE CRISTA EM GALINHAS Nas galinhas há quatro tipos de crista: simples, noz, rosa e ervilha. Na determinação desses tipos de crista atuam dois pares de genes: Rr e Pp. Assim, temos: Genótipos Fenótipos RRee Rree rosa rrEE rrEe ervilha RREE RREe RrEE RrEe noz rree simples 164 – Ervilha Rosa Simples Noz C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 165 A seguir, analisaremos o cruzamento-padrão, no qual a F2 apresenta a proporção seguinte: 9/16 noz, 3/16 rosa, 3/16 ervilha e 1/6 simples. A proporção 9:3:3:1 confirma a segregação de dois pares de genes. 3. GENES COMPLEMENTARES (RAZÃO 9 : 7) Fala-se em interação de genes complementares quando um determinado fenótipo depende da ação complementar de dois alelos dominantes que isoladamente produzem um outro fenótipo. É o caso da coloração da flor da ervilha-de-cheiro que pode ser púrpura ou branca. A coloração da flor depende da presença de dois genes P e C; na falta de um ou outro desses genes, ou ambos, a flor será branca. Genótipos Fenótipos CCPP CCPp CcPP CcPp Flor púrpura CCpp Ccpp ccPP ccPp ccpp Flor branca 4. EPISTASIA Num cruzamento envolvendo dois genes independentes que agem sobre o mesmo caráter, um dos genes pode impedir a manifestação do outro gene, e é por isso chamado de gene epistático. O gene cuja expressão é impedida denomina-se hipostático. O efeito da epistasia é semelhante àquele da dominância, somente que a última se verifica entre dois alelos, enquanto a epistasia ocorre entre não alelos. A epistasia pode ser exercida por um gene dominante ou recessivo, daí a sua divisão em epistasia dominante e recessiva. ❑ Epistasia dominante (Razão 13:3) Nas galinhas de raça leghorn existe um gene (epistático) que impede a manifestação de cor, que é condicionada por um gene C (hipostático), e determina a plumagem branca. As galinhas wyandotte brancas não têm o gene I, mas não apresentam cor, por não possuírem o gene C; tais galinhas são iicc. Uma galinha leghorn branca de genótipo IICC, quando cruzada com um galo da raça wyandotte branca, de genótipo iicc, produz F1 toda branca de (IiCc), e uma F2 composta 13/16 branca (9/16 I - C - + 3/16 I - cc + 1/16 iicc) : 3/16 colorida (iiC-). ❑ Epistasia recessiva (Razão 9:3:4) Vejamos agora um caso de epistasia em que um gene recessivo impede a manifestação de um dominante. Em ratos, a coloração pode ser aguti, preta e albina. A presença de pigmento preto é condicionada por gene C, enquanto o alelo recessivo c produz albino. Um gene A interage com C e produz o rato aguti, cujos pelos são pretos e possuem uma faixa amarela na extremidade. O gene c é epistático em relação ao gene A, enquanto o gene a não produz a faixa amarela. Genótipos Fenótipos CCAA CCAa CcAA CcAa aguti ou cinzento CCaa Ccaa preto ccAA ccAa ccaa albino – 165 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 166 Quando um rato preto puro CCaa é cruzado com um rato albino ccAA, a F1 é totalmente aguti devido à interação dos genes C e A. Quando dois irmãos da F1 são cruzados, a fim de se obter F2, verifica-se ser esta constituída por 9/16 cinzento; 3/16 preto; 4/16 albino, como mostra o cruzamento abaixo. Observe que o cruzamento de duas plantas de flor branca produz uma F1 púrpura que, intercruzada, origina uma F2 na proporção de 9 púrpuras para 7 brancas. MÓDULO 23 Ligação Fatorial (Linkage) e Permutação (Crossing-Over) 1. A SEGREGAÇÃO INDEPENDENTE Os genes não alelos, situados em cromossomos diferentes, distribuem-se nos gametas segundo todas as combinações possíveis. Assim, um diíbrido (AaBb) pode formar, em proporções idênticas, quatro tipos de gametas: AB, Ab, aB e ab, esquematizados na figura. 2. LIGAÇÃO FATORIAL (LINKAGE) Quando dois ou mais genes estão localizados no mesmo cromossomo, diz-se que estão ligados. Os genes ligados (ligação fatorial) não sofrem a segregação independente, ficando juntos durante a A segregação independente. formação dos gametas. 166 – C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 167 3. A REPRESENTAÇÃO DO GENÓTIPO Os outros dois gametas (Ab e aB), produzidos através da permuta, apresentam combinações diferentes daquelas encontradas nos pares e são denominados tipos recombinantes. Assim, temos: Quando existe ligação gênica, os genótipos podem ser assim representados: AB AB ==== ou —— ou AB/ab ab ab 4. HÍBRIDO CIS E TRANS Um diíbrido, quando apresenta os dois genes dominantes, ligados no cromossomo homólogo, forma a chamada posição CIS. A B ————————————— • • • • ————————————— a b Quando o diíbrido apresenta um gene dominante e um gene recessivo, ligados ao mesmo cromossomo, e outro dominante ligado ao outro recessivo, no cromossomo homólogo, A permutação. forma a posição TRANS. A b ————————————— • • • • ————————————— a B 5. RECOMBINAÇÃO OU PERMUTAÇÃO (CROSSING-OVER) Durante a meiose, os cromossomos duplicados formam pares (sinapse) e entre eles pode ocorrer a chamada permutação ou crossing-over. Tal fenômeno consiste na troca de segmentos entre duas cromátides homólogas. O processo envolve somente dois dos quatro fios e ocorre em qualquer ponto dos cromossomos. Observe que dois dos gametas (AB e ab) têm os genes ligados da mesma forma em que se encontravam ligados nos cromossomos parentais. Tais gametas são resultantes das cromátides que não se envolveram na permuta e são designados tipos parentais. A ligação fatorial completa. – 167 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 168 MÓDULO 24 Mapas Cromossômicos 1. FREQUÊNCIA DE PERMUTA Considere como frequência de permuta entre dois genes a porcentagem de gametas recombinantes. No esquema abaixo, a frequência de permutação é de 10%. Gametas { Parentais Recombinantes { { AB – 45% ab – 45% Ab – 5% aB – 5% 2. DETERMINAÇÃO DA FREQUÊNCIA OU TAXA DE PERMUTAÇÃO Determina-se a frequência de permutação por meio dos resultados obtidos num cruzamento-teste (AB/ab x x ab/ab), como exemplificamos a seguir: Cruzamento Geração AB/ab – 903 AB/ab x ab/ab Ab/ab – 98 aB/ab – 102 ab/ab – 897 Frequência de permutação = N.o de recombinantes = ———————————— x 100 N.o total ou seja: Frequência de permutação = 98 + 102 = ————— x 100 = 10% 2000 3. CONSTRUÇÃO DE MAPAS GENÉTICOS OU CROMOSSÔMICOS Construir um mapa genético é determinar a posição relativa dos genes no cromossomo. Para tanto, partimos de dois princípios básicos. 1.o Os genes dispõem-se linearmente ao longo dos cromossomos. 2.o A permutação ocorre em qualquer ponto do cromossomo e, portanto, quanto maior a distância entre dois genes, maior será a probabilidade de ocorrer permuta entre eles; por outro lado, entre genes próximos diminui a probabilidade de permuta. Convencionou-se que a frequência de permuta entre dois genes é igual à distância que os separa no cromossomo. A partir desta tabela, construímos o seguinte mapa cromossômico: 168 – Assim, por exemplo, se a porcentagem (frequência) de permuta entre dois genes for de 10%, eles distarão de 10 unidades no mapa genético. A citada unidade foi chamada de morganídeo, em homenagem a Morgan, principal responsável por tais conceitos. 4. EXEMPLOS PRÁTICOS Os genes A, B, C e D estão situados no mesmo cromossomo e permutam, entre si, com as seguintes frequências: Genes Frequência de permuta AeB 16% BeC 8% AeD 10% DeC 14% BeD 6% C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 169 FRENTE 2 MÓDULO 19 Poríferos 1. CARACTERES GERAIS DOS PORÍFEROS ❑ Morfologia Animais sésseis, de forma variada, assimétrica ou com simetria radiada. Paredes do corpo com numerosos poros. Ausência de órgãos e apêndices. ❑ Biologia Animal Poríferos e Celenterados 5. ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL São animais aquáticos, predomiDO TIPO ÁSCON nantemente marinhos. Vivem nos maA forma primitiva dos espongiáres, em qualquer profundidade, fixarios é a de um tubo ou vaso, fixado no dos em rochas ou no solo submarino. Apenas uma família, a Spongilidae, substrato. Na extremidade apical apavive na água doce, em grande dis- rece uma grande abertura – o ósculo tribuição. – que serve para a saída da água que continuamente atravessa o corpo da 3. ESQUELETO esponja. A parede do corpo é provida de um grande número de poros (daí o É o principal caráter para a classificação das esponjas. É interno, si- nome porífera), através dos quais petuando-se entre as duas camadas netram água e partículas alimentares. 2. HABITAT Sistema tegumentário Externamente, o corpo é revestido por uma camada de células acha- celulares. Pode ser mineral e/ou or6. ORGANIZAÇÃO tadas, os pinacócitos. gânico. CITOLÓGICA DO ÁSCON ❑ Esqueleto mineral Sistema esquelético É constituído por espículas calcáPossuem um esqueleto interno rias e silicosas. (endoesqueleto) formado por espículas cristalinas ou fibras orgânicas ❑ Esqueleto orgânico (espongina). É constituído por uma rede de fibras de espongina (uma esclero❑ Sistema digestório proteína). A esponja de banho é apeNão existe. A digestão é exclusi- nas o esqueleto orgânico da esponja. vamente intracelular. Apresentam coanócitos. 4. TIPOS DE ESTRUTURA ❑ ❑ No áscon, bem como nos outros dois tipos, não existem órgãos diferenciados, mas distinguem-se diversos tipos celulares adaptados a determinadas funções. A parede do corpo é formada por duas camadas celulares. A camada mais externa é a dermal, e a mais interna, denominada gastral. Entre as duas camadas celulares, há um mesênquima gelatinoso. A cavidade central do corpo é chamada átrio ou espongiocela. Nas duas camadas celulares e no mesênquima, encontramos os seguintes tipos celulares: Entre os poríferos distinguem-se Sistema excretor Não existe. As células eliminam diversos tipos de organização estrupor difusão seus catabólitos, direta- tural. O tipo mais simples é chamado ÁSCON, o intermediário, SÍCON, e o mente para o meio externo. mais evoluído, LÊUCON ou RÁGON. ❑ Pinacócitos ❑ Sistema respiratório São células achatadas que, jusNão existe. A respiração é aerótapostas, formam a camada dermal. bica. Cada célula realiza diretamente ❑ Coanócitos com o meio as trocas respiratórias. São células flageladas e providas de um colarinho, uma formação mem❑ Sistema circulatório branosa que envolve o flagelo. ReNão existe. vestem a cavidade atrial e constituem a camada gastral. ❑ Sistema reprodutor Assexuado, feito por brotamento, ❑ Porócitos regeneração e gemulação; sexuado, São células tubulosas, percorproduzindo uma larva ciliada (anfiridas por uma perfuração cônica. São blástula). estas perfurações dos porócitos que constituem os numerosos poros que ligam o átrio ao meio externo. ❑ Sistema nervoso Áscon – aspecto geral. Não existe. – 169 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 170 Cortada longitudinalmente, apresenta a parede do corpo espessa e com uma série de dobras, formando curtos canais horizontais. Distinguimos dois tipos de canais: inalantes e exalantes. Os primeiros abrem-se na superfície externa e termi nam em fundo cego. Os canais exalantes são internos e desembocam no átrio. 8. ORGANIZAÇÃO CITOLÓGICA DO SÍCON Corte longitudinal do áscon. ❑ Miócitos São células alongadas e contrácteis que formam esfíncter em torno dos poros e do ósculo. ❑ Amebócitos No mesênquima, aparecem numerosos amebócitos, isto é, células que possuem movimento ameboide, realizando várias funções e podendo ser divididos em – escleroblastos – células que secretam as espículas minerais. Cada eixo de espícula é formado por um escleroblasto; – arqueócitos – amebócitos que realizam várias funções: recebem, digerem e fazem circular o alimento, além de formar elementos reprodutivos: espermatozoides, óvulos e gêmulas. 7. ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DO TIPO SÍCON Observada externamente, apresenta-se como uma urna alongada fixada pela extremidade inferior. O ósculo, bem alargado, aparece na extremidade superior, circundado por uma coroa de espículas longas e afiladas. A superfície do corpo possui numerosas elevações ou papilas, das quais saem pequenas espículas. Entre as papilas aparecem os poros. Organização do sícon. 170 – A superfície externa e os canais inalantes são revestidos pela camada dermal, formada por pinacócitos. A espongiocela também é revestida por pinacócitos, ficando os coanócitos limitados aos canais exalantes. O mesênquima gelatinoso é bem mais desenvolvido do que no áscon: contém amebócitos e espículas. Lêucon (organização). 10. ORGANIZAÇÃO CITOLÓGICA DO LÊUCON Os coanócitos só aparecem nas câmaras vibráteis. Os pinacócitos revestem a superfície externa, o átrio e os diversos canais. No desenvolvimento do mesênquima, encontramos amebócitos e espículas. Organização citológica do sícon. 9. ORGANIZAÇÃO ESTRUTURAL DO TIPO LÊUCON É o tipo mais evoluído. O átrio é reduzido, enquanto a parede do corpo é bastante desenvolvida e percorrida por um complicado sistema de canais e câmaras. Os coanócitos encontram-se revestindo câmaras esféricas, também denominadas câmaras vibráteis, interpostas num sistema de canais. Os canais que partem dos poros e atingem as câmaras transportando água são denominados inalantes ou aferentes. Das câmaras, saem os canais exalantes ou eferentes que atingem o átrio. Organização citológica do lêucon. 11. SISTEMÁTICA ❑ Phylum Porífera Animais pluricelulares, sempre aquáticos e sésseis; em geral formam colônias de forma variada; parede do corpo com duas camadas celulares e perfuradas por numerosos poros; cavidades internas revestidas por coanócitos; esqueleto calcário, silicoso ou córneo; 5.000 espécies. Classe 1 Calcária (Calcispongiae) Esponjas com esqueleto calcário formado por espículas monoaxônicas, trirradiadas e tetraxônicas. C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 171 Classe 2 Hexactinellida ou Triaxônica (Hyalospongiae) Esponjas com espículas silicosas triaxônicas. Ex.: Euplectella aspergillium (vulgarmente chamada de cesto de vênus). Classe 3 Demospongiae Esqueleto de espículas silicosas, de fibras de espongina ou de ambos. Ex.: Esponja sp (esponja de banho). ❑ Sistema excretor Não existe. As células eliminam diretamente no meio externo as substâncias da excreção. ❑ Sistema circulatório Não existe. ❑ Sistema nervoso É do tipo difuso, constituído por uma rede de células nervosas, situadas na mesogleia. Primeiros animais que apresentam o arco reflexo. Existência de células fotossensíveis e estatocistos. 2. HABITAT São todos marinhos ou de água doce. Geralmente vivem em colônias fixas ou móveis. 3. TAMANHO Os pólipos são geralmente microscópicos, e os maiores não ultrapassam alguns milímetros. As medusas variam de 10 milímetros de diâmetro até 2 metros. Celenterados ou Cnidários 1. CARACTERES GERAIS DOS CELENTERADOS Animais de simetria radiada. Distinguem-se neste grupo animais de dois tipos morfológicos: o pólipo (geralmente sedentário) e a medusa (geralmente livre). ❑ Morfologia São diblásticos; o corpo apresenta duas camadas celulares, uma epiderme externa (ectoderma) e uma gastroderme interna (endoderma). Entre as duas, encontramos mesogleia, de consistência gelatinosa. Presença de cnidoblastos nas duas camadas celulares. ❑ Sistema tegumentário Epiderme formada por uma camada celular contendo fibras musculares. Hydra sp. Sistema nervoso da Hydra. ❑ Reprodução Geralmente é feita por alternância de geração (metagênese), em que o pólipo representa a fase assexuada e a medusa, a fase sexuada. Espécies monoicas e dioicas; fecundação externa e interna; existência de gônadas, desprovidas de ductos genitais; presença de larva ciliada chamada plânula. ❑ Sistema esquelético Os antopólipos podem secretar um exoesqueleto córneo ou calcário. Na Obelia sp ocorre uma alternância de gerações ou metagênese. As hidromedusas constituem a fase sexuada. São dioicas e formam as gônadas, junto dos canais radiais. A fecundação é externa. O zigoto desenvolve-se originando uma larva ciliada, denominada plânula. A plânula fixa-se e dá origem a um pólipo, que, por brotamento (assexuadamente), forma nova colônia. 5. ESTRUTURA DA AURELIA AURITA ❑ Sistema digestório Boca circundada por tentáculos e ligada a uma ampla cavidade digestória, saculiforme, simples ou dividida por septos; ausência de ânus, digestão extra e intracelular. ❑ Sistema respiratório Não existe. As células realizam as trocas respiratórias diretamente com o meio externo. A respiração é sempre aeróbica. 4. METAGÊNESE DA OBELIA sp Reprodução assexuada. É chamada vulgarmente de água-viva. A água-viva, provavelmente, é a cifomedusa mais frequente nas costas brasileiras. Tais medusas flutuam nos mares, ou então nadam lentamente, por contrações da umbela. São dioicas e apresentam fecundação interna. Possuem a larva plânula. – 171 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 172 uma vesícula cheia de ar, funcionando como órgão flutuador. – Gastrozoide É um pólipo usado para a apreensão do alimento. – Nectozoide É um medusoide, funcionando na propulsão da colônia. – Dactilozoide Possui cnidoblastos. Ciclo reprodutivo da Aurelia sp. 6. SISTEMÁTICA DOS CELENTERADOS ❑ Phylum Coelenterata CLASSE 1 – HYDROZOA – Filozoide Pólipo protetor de outros indivíduos da colônia. – Gonozoide Pólipo encarregado da reprodução da colônia. Ordem 1 – Hydroida – Pólipos sempre bem desenvolvidos e geralmente coloniais; medusas reduzidas. Hydra e Obelia. Ordem 2 – Siphonophora – São colônias natantes polimórficas, com vários tipos de medusas; marinhas (principalmente em mares quentes). A colônia adulta apresenta os seguintes indivíduos: – Pneumatóforo É uma medusa. Apresenta Organização básica de um sifonóforo. Cnidoblastos, células urticantes dos cnidários. Formação de um atol coralino, segundo Darwin. 172 – CLASSE 2 – SCYPHOZOA Tem como forma predominante as cifomedusas, originadas de um estado poliploide, a partir de um processo de estrobilização. O cifopólipo possui quatro septos internos dividindo o ênteron: é desprovido de estomodeu. As cifomedusas sem véu, com braços orais, possuem gônadas formadas a partir da gastroderme. O estado de pólipo pode faltar completamente, desenvolvendo-se do ovo, diretamente, nova medusa. Exemplo: Aurelia aurita. CLASSE 3 – ANTHOZOA Não apresenta medusa. Ocorrem pólipos isolados ou coloniais. Na ordem actinária, encontramos as actínias (anêmonas-do-mar), que vivem isoladamente e não apresentam esqueleto. Na ordem madreporária, encontramos os verdadeiros corais. Os corais são coloniais, com esqueleto calcário e responsáveis pela formação dos recifes, barreiras e atóis. Metagênese na Obelia sp. C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 173 Polimorfismo nos celenterados. Presença de uma forma lembrando um tubo, o pólipo, e de outra lembrando a parte superior de um paraquedas aberto, a medusa. Metridium sp (cortes: longitudinal e transversal). Medusas de Aurelia sp. São móveis por jatopropulsão. Colônia polimórfica de caravela. Pólipos de antozoários (corais). – 173 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 174 MÓDULO 20 1. GENERALIDADES Os platelmintos são vermes com corpo achatado dorsoventralmente. Platelmintos A planária é carnívora e apresenta uma faringe protráctil, além de um intestino ramificado. A solitária não possui sistema digestório. 2. SISTEMA TEGUMENTÁRIO 5. SISTEMA EXCRETOR Sua epiderme é constituída por um epitélio simples, ciliado na planária e recoberto por uma cutícula no esquistossomo e na tênia. 3. SISTEMA MUSCULAR Os platelmintos são os primeiros animais da escala zoológica que apresentam um sistema excretor e cujo órgão fundamental é o solenócito ou célula-flama. glios cerebrais, sugerindo um processo de cefalização. Há cordões nervosos longitudinais ligados entre si por comissuras transversais. O sistema nervoso é do tipo ganglionar. Estudos realizados com a planária evidenciam uma grande capacidade de responder a estímulos luminosos (fototactismo); corrente de águas (reotactismo); alimentos (quimiotactismo) e a estímulos mecânicos (tigmotactismo). A parede do corpo do platelminto é constituída pela epiderme e pelo tubo musculodermático, formado por três camadas musculares: circular, longitudinal e dorsoventral ou oblíqua. Não apresentam sistema esquelético. Planária – sistema nervoso. Planária – sistema excretor. 9. REPRODUÇÃO 6. SISTEMA RESPIRATÓRIO Planária – corte transversal. 4. SISTEMA DIGESTÓRIO É do tipo incompleto, pois não possui abertura de egestão, que é realizada pela boca. Não existe. As espécies de vida livre têm respiração aeróbica, e as trocas gasosas ocorrem entre a epiderme permeável e o meio ambiente. Nas espécies parasitas, a respiração é anaeróbia. 7. SISTEMA CIRCULATÓRIO Não existe. A distribuição dos alimentos é realizada pela ramificação do intestino, por difusão nas células da parede intestinal. Na solitária, o alimento penetra diretamente através da pele. 8. SISTEMA NERVOSO Planária – sistema digestório. 174 – São os primeiros animais da escala zoológica dotados de um sistema nervoso central. Há maior concentração de células nervosas nos gân- Os platelmintos são animais geralmente hermafroditas. Possuem gônadas providas de ductos e órgãos acessórios. A fecundação é interna, o desenvolvimento é direto na planária e indireto no esquistossomo e na tênia, com um ou vários estágios larvais em que é frequente a pedogênese. A planária é hermafrodita; reproduz-se sexuadamente por fecundação cruzada e assexuadamente por bipartição transversal, devido à sua alta capacidade de regeneração. 10. CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS PLATELMINTOS Os platelmintos são animais que apresentam o corpo achatado (Platy = chato e Helminte = verme), com simetria bilateral, triblásticos e acelomados. C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 175 11. SISTEMÁTICA Classe 1 Turbelaria: Planária (Dugesia tigrina). Classe 2 Trematoda: Fasciola hepatica, Schistosoma mansoni. Classe 3 Cestoda: Taenia sp. 12. ESTUDO DOS PRINCIPAIS PARASITAS ❑ Fasciola hepatica Tem o corpo achatado e foliáceo (± 30mm). Possui duas ventosas (oral e ventral). A ventosa ventral é usada para a fixação junto ao hospedeiro. É um verme endoparasita, causando a fasciolose no fígado de carneiro, boi, cabra e outros herbívoros. Vive nos canais biliares, determinando ações tóxicas e irritativas, não existindo medicação eficiente para o seu tratamento. Raramente ocorre no homem. O ciclo vital inicia-se pela eliminação de ovos junto com as fezes do animal infectado. Tem como hospedeiro intermediário um caramujo do gênero Lymnaea, da classe Gastropoda, do filo Molusca. ❑ Schistosoma mansoni É um verme platielminte, cujo macho, de pequena extensão (9 a 22mm), possui um profundo sulco, o canal ginecóforo, no qual se instala a fêmea longa e delgada (14 a 26mm). São endoparasitas do homem e causam a esquistossomose ou barriga-d'água. Esta doença provoca hemorragias, intoxicação e inflamação do cólon, reto, pâncreas, fígado, baço etc. Nem sempre a doença é fatal, mas causa vários problemas, debilitando as vítimas, que apresentam, geralmente, o abdômen volumoso. O homem é o hospedeiro definitivo do Schistosoma mansoni, que se instala no sistema porta-hepático e nas veias mesentéricas. O hospedeiro intermediário é um caramujo de nomenclatura controvertida: Planorbis, Australorbis ou Biomphalaria. São encontrados em água doce pouco corrente ou estagnada. O corte parcial na região cefálica pode originar uma planária com muitas cabeças. A bipartição origina indivíduos geneticamente idênticos (clones). A fecundação cruzada aumenta a biodiversidade. Seres primitivos possuem elevada capacidade de regeneração. Anatomia da planária: a) Sistema excretor; b) Sistema nervoso apresentando um início de cefalização; c) Sistema reprodutor. – 175 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 176 Ovo, miracídio e cercária de Schistosoma mansoni. Platielmintos. A pessoa doente elimina ovos do Schistosoma juntamente com as fezes, atingindo a água. Saem dos ovos embriões ciliados, os mirací dios, que após algumas horas penetram no caramujo. No caramujo, o miracídio transforma-se em esporocisto, que produz cercárias, sempre por pedogênese. As cercárias saem do caramujo e nadam livremente, podendo penetrar ativamente na pele do homem, durante os banhos em rios e lagos. O diagnóstico é feito pelo exame de fezes, onde são encontrados ovos Ciclo biológico da Fasciola hepatica. portadores de espinho. A penetração das larvas produz irritação cutânea, daí o nome “lagoas de coceira” dado vulgarmente aos locais infestados por esquistossomo. A profilaxia indicada consiste em não nadar em locais desconhecidos; evitar a penetração de larvas na pele; tratar as pessoas doentes para impedir a distribuição geográfica da doença; promover o extermínio do caramujo e o saneamento básico. Taenia solium – aspecto geral. 176 – Ciclo biológico do Schistosoma mansoni. C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 177 ❑ Taenia solium Pertence à classe Cestoda; possui o corpo alongado, delgado e chato, dividido em três porções: cabeça ou escólex, colo e estróbilos ou proglotes. A cabeça ou escólex é a porção anterior destinada à fixação da Taenia na superfície da mucosa intestinal do hospedeiro. Apresenta quatro ventosas e um rostro ou rotellum com 26 a 28 ganchos quitinosos, para a fixação no organismo do hospedeiro. O pescoço, ou colo, é a parte mais fina e não segmentada, e liga a cabeça ao corpo. É a região onde são produzidos novos anéis ou proglotes por estrobilização. O estróbilo, ou corpo, é constituído por uma série de anéis (± 800), divididos em imaturos, maduros e, no final, os anéis grávidos. A teníase ou solitária deve-se à presença do animal adulto no intestino, causando uma série de perturbações gerais. A Taenia adulta vive no intestino delgado do homem, que elimina em suas fezes anéis do animal, contendo ovos fecundados (de 30 mil a 50 mil por anel). Os ovos contêm embriões dotados de seis tentáculos (hexacanto), denominados oncosfera. O porco, hospedeiro intermediário, ingere os ovos, que, ao atingir o intestino do animal, libertam a oncosfera que, através da circulação sanguínea, é distribuída para a musculatura sublingual, diafragma, cérebro etc. Nesses locais, evolui um estágio larval, denominado cisticerco. O homem sofre a infestação, quando ingere a carne de porco crua, ou mal cozida, contendo cisticercos vivos. A cisticercose é uma enfermidade causada pela presença de um cisticerco no organismo. Esta doença pode ocorrer no homem, quando este ingere ovos de Taenia solium. A casca dos ovos é digerida no intestino, os embriões são transportados pela corrente sanguínea, atingindo os olhos, a musculatura e o cérebro, causando cegueira, fraqueza muscular e epilepsia. É uma doença mais grave do que a teníase. O homem pode adquirir esta doença por autoinfestação interna, externa e também por heteroinfestação. ❑ Taenia saginata Tem ciclo vital semelhante ao da Taenia solium. Porém seu hospedeiro intermediário é o boi, e em sua cabeça não há ganchos quitinosos. Possui aproximadamente 2 mil proglotes. Os últimos anéis são eliminados isoladamente, forçando o esfíncter anal, fora das evacuações. Produz a larva Cisticercus bovis, que não causa cisticercose no homem. Taenia saginata. Taenia solium – ciclo biológico. – 177 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 178 MÓDULO 21 Asquelmintos ou Nematelmintos 8. SISTEMA RESPIRATÓRIO Não existe. Nas formas de vida livre, o oxigênio difunde-se através do tegumento. Nas formas parasitas, a respiração é anaeróbia e realizada a partir do glicogênio existente nas células. 1. CARACTERÍSTICAS GERAIS Os asquelmintos são animais de corpo cilíndrico, não segmentado, que possuem simetria bilateral; distinguem-se dos platelmintos, principalmente por apresentar pseudoceloma e tubo digestório completo. 2. CLASSIFICAÇÃO A principal classe é a nematoda. 3. TEGUMENTO O corpo é revestido por uma cutícula elástica e flexível, acelular, secretada pela epiderme, que é de natureza sincicial, sendo desenvolvida nas espécies jovens, e atrofiada nas espécies adultas. Nematoide – sistema digestório. 7. SISTEMA CIRCULATÓRIO Não existe. Os alimentos absorvidos pelas células da parede intestinal caem no líquido que preenche o pseudoceloma, sendo assim distribuídos para as demais células. 4. SISTEMA MUSCULAR Apresentam apenas a musculatura longitudinal abaixo da epiderme. Cortes histológicos dos asquelmintos. Ascaris lumbricoides. 5. CAVIDADE DO CORPO Entre a camada muscular e a parede intestinal há uma cavidade, o pseudoceloma. Esta cavidade não representa um celoma verdadeiro, porque não é revestida totalmente pelo mesoderma. 6. SISTEMA DIGESTÓRIO É do tipo completo e contém boca, faringe, esôfago (faz a sucção), intestino, ânus terminal ou subterminal. Nos machos há uma cloaca. A digestão é extracelular; o alimento é digerido por ação enzimática, na cavidade intestinal, e é absorvido por células das Enterobius vermicularis. paredes do intestino. 178 – 9. SISTEMA EXCRETOR Os asquelmintos possuem dois tipos de sistema excretor: o simples e o duplo. O sistema simples aparece em nematoides de vida livre e é constituído de uma grande célula ventral anterior. No sistema duplo, também conhecido por tipo em "H", existem dois tubos que correm ao longo das linhas laterais, e que recolhem por osmose os catabólitos, lançando-os por um poro que se abre na linha mediana ventral. C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 179 Nematoide – sistema excretor. 10. SISTEMA NERVOSO É constituído de um anel em volta do esôfago e por vários cordões longitudinais que dele partem. 11. REPRODUÇÃO A maioria dos nematoides possui sexos separados, e o sistema reprodutor apresenta estrutura simples. Os machos são sempre menores e de vida curta; distinguem-se das fêmeas pela extremidade posterior, que se enrola em espiral ou se expande em bolsa copuladora, com duas espículas quitinosas que servem para agarrar-se à abertura genital das fêmeas. 12. HABITAT Existem nematoides de vida livre na água e no solo. Numerosas espécies vivem como parasitas de animais e vegetais. Muitos parasitas vivem banhados pelos sucos digestórios do hospedeiro e resistem à ação digestória, provavelmente por causa da cutícula, ou ainda pela produção de antienzimas, substâncias que inibem a ação das enzimas digestórias do hospedeiro. Galhas são intumescências de ramos vegetais infestados por asquelmintos. 13. ESTUDO DOS PRINCIPAIS NEMATOIDES PARASITAS ❑ Monogenéticos ou monóxenos Têm evolução em um só hospedeiro, o definitivo. Ascaris lumbricoides Também denominada lombriga, é um verme cilíndrico e afilado nas duas extremidades. Possui boca trilabial, e o macho mede de 15 a 35cm, enquanto a fêmea mede de 35 a 40cm. Vive no intestino delgado dos vertebrados, causando a ascaridíase. Os vermes adultos vivem na luz do intestino delgado. As fêmeas possuem grande fertilidade, chegando a pôr 200 mil ovos por dia, que podem ser eliminados com as fezes. Em condições ótimas, a evolução dura de 10 a 12 dias, formando-se uma pequena larva do tipo rabditoide, que em uma semana sofre uma muda, transformando-se numa larva infestante rabditoide. A infestação ocorre quando o hospedeiro ingere ovos embrionados, que sofrem uma digestão no duodeno, libertando as larvas, que passam pelo fígado, coração, pulmões, traqueia, esôfago, estômago e intestinos, reiniciando um novo ciclo. A nova postura ocorrerá após dois meses e meio. O verme provoca perturbações na fase de larva migratória e na fase adulta, localizada no intestino. Quando em grande número, os vermes chegam a provocar oclusão intestinal. Enterobius vermicularis (Oxyuris vermicularis) É um verme pequeno (3 a 12mm) com boca trilabiada e causador da oxiuríase ou enterobiose. Parasitam o ceco e o apêndice cecal. As fêmeas grávidas não depositam os ovos e estes vão-se acumu- lando no útero até o seu rompimento na luz intestinal, quando os ovos embrionados são libertados. A transmissão é feita por via oral, através da ingestão dos ovos embrionados por auto ou heteroinfestação, podendo também ocorrer retroinfestação, determinada pela eclosão de larvas na mucosa anal e posterior migração para as partes superiores do intestino. O verme adulto no intestino produz inflamações, náuseas, catarro intestinal, vômitos e dores intestinais. O sintoma mais típico da enterobiose é o intenso prurido anal, ativado à noite pelo calor do leito, quando o hospedeiro se deita. Ancylostoma duodenale e Necator americanus Vermes de corpo cilíndrico, afilado nas duas extremidades da fêmea e apenas na extremidade anterior do macho. Medem cerca de 15mm e possuem uma cápsula bucal, dotada de dentes e placas cortantes. Com pequenas diferenças, as duas espécies realizam o mesmo ciclo. Os ovos, eliminados pelas fezes do hospedeiro, evoluem em 24 horas até chegar à larva rabditoide. Ancylostoma duodenale e Necator americanus. – 179 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 180 Esta larva, após 48 horas, transfor ma-se em filarioide, que em uma semana torna-se infestante. A infestação pode ser ativa ou passiva. A primeira é cutânea: ativamente as larvas atravessam a pele, principalmente a dos pés, caem na circulação e atingem o coração e os pulmões, onde sofrem a terceira muda. A seguir, migram através dos brônquios, traqueia, esôfago e intestino delgado, onde sofrem a quarta muda, transformando-se em adulto. Na penetração passiva, as larvas podem chegar por meio de água contaminada ao estômago, onde sofrem a terceira muda; daí passam ao intestino, ocorrendo a quarta muda, que caracteriza o estágio adulto. São causadores da ancilostomose, amarelão, opilação ou mal da terra, provocando no hospedeiro uma anemia intensa, variando a gravidade com o grau de infestação. Ancylostoma caninum Parasita normal do cão, raramente encontrado no homem. Ciclo biológico do Necator americanus. Ancylostoma brasiliensis É um parasita do cão e do gato. Quando suas larvas (Larva migrans) penetram na pele do homem, causam a dermatose serpiginosa ou, como é popularmente conhecida, o bicho geográfico. ❑ Digenéticos ou di-heteroxenos São parasitas com dois hospedeiros, o intermediário e o definitivo. Wuchereria bancrofti É um verme de diâmetro muito pequeno e de aspecto filamentoso, sendo por esta razão denominado filária; os machos atingem 4cm e as fêmeas, 10cm de comprimento. 180 – Doente apresentando elefantíase, doença cujo agente etiológico é a Wuchereria bancrofti. Esses vermes parasitam os gânglios linfáticos do homem, causando a doença conhecida por elefantíase, caracterizada pela hipertrofia de alguns órgãos, como o escroto, membros inferiores, os seios e os lábios da vulva. No sistema linfático do hospedeiro, as fêmeas colocam os ovos, que se transformam em microfilárias. Durante a noite, as larvas deslocam-se para o sangue periférico, sendo então ingeridas por mosquito do gênero Culex. Nos insetos, as larvas sofrem várias mudas, transformando-se nas formas infestantes, que vão até a trompa do mosquito. Quando o inseto pica a vítima, transmite a larva, que atinge o sistema linfático, tornando-se adulta e recomeçando o ciclo. No ciclo da Wuchereria bancrofti, o homem é o hospedeiro definitivo e o mosquito vetor é o hospedeiro intermediário. C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 181 MÓDULO 22 1. CARACTERÍSTICAS GERAIS Os anelídeos são animais vermiformes, cujo corpo é composto de segmentos ou metâmeros, semelhantes entre si, em forma de anel, exceção feita aos dois primeiros e ao último segmento, denominados, respectivamente, prostômio, peristômio e pigídio. São triblásticos com simetria bilateral e a segmentação é tipicamente homônoma. 2. SISTEMA TEGUMENTÁRIO A epiderme é um epitélio simples, com células sensoriais, glândulas mucosas e recoberto por uma cutícula permeável. Nos oligoquetos (minhoca), há fileiras de cerdas de quitina dispostas na região ventral. Nos poliquetos (Eunice), há um feixe de cerdas, apenas nos parapódios. Anelídeos 5. SISTEMA DIGESTÓRIO É do tipo completo, tubuloso e retilíneo. Inicia-se pela boca no prostômio, que contém, às vezes, maxilas ou estiletes quitinosos; segue-se a faringe, às vezes protrátil, que se comunica com o esôfago, podendo este formar um papo e uma moela fortemente musculosa, que serve para macerar os alimentos; segue-se o intestino, às vezes com um par de sacos intestinais (tiflosolis), os quais servem para aumentar a superfície de absorção; o intestino terminal é em geral curto e abre-se para o exterior, através do ânus. Na parede do tubo digestório, existem células de peritônio que aumentam consideravelmente seu volume, servindo para o acúmulo de substâncias de reserva e que recebem o nome de cloragógenas. 6. SISTEMA CIRCULATÓRIO É do tipo fechado, independente do celoma e consiste, principalmente, em dois vasos sanguíneos longitudinais, colocados dorsal e ventralmente em relação ao tubo digestório. O vaso dorsal é contrátil, impelindo o sangue de trás para diante. Já no vaso ventral, o sangue circula em sentido inverso. O sangue é constituído de um plasma que contém amebócitos livres e hemoglobina dissolvida. Há também um pigmento verde, a clorocruerina, ou vermelho, a hemoeritrina, em outros anelídeos. Sistema circulatório. Organização do parapódio. Sistema digestório. 7. SISTEMA RESPIRATÓRIO A respiração é cutânea. Nos poliquetos há brânquias ramificadas na região dorsal dos parapódios, com rede capilar. Parapódios são expansões dermomusculares laterais que servem como remos, permitindo a natação dos poliquetos. 3. SISTEMA MUSCULAR Logo abaixo da epiderme, encontra-se a musculatura principal do corpo, composta de uma camada externa circular e uma interna longitudinal, constituindo o tubo musculodérmico, que forma a parede corpórea. 4. CAVIDADE DO CORPO Os anelídeos são animais que apresentam uma cavidade geral secundária espaçosa, o celoma, dividido por septos transversais e longitudinais. – 181 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 182 8. SISTEMA EXCRETOR A excreção é feita por nefrídios, dispostos em um par por segmento. Cada nefrídio é formado por três partes: nefróstoma, um funil ciliado que recolhe os catabólitos na cavidade celomática; nefroduto, um canal sinuoso, internamente ciliado, que atravessa o anel e desemboca no nefridióporo, um poro excretor situado no anel seguinte. Nereis sp, verme marinho com aproximadamente 45cm e 220 metâmeros. Estrutura do nefrídio. 9. SISTEMA NERVOSO O sistema nervoso é ganglionar. Há dois gânglios cerebrais e um grande gânglio subfaríngeo, ligados por um anel nervoso ao redor da faringe, de onde sai um longo cordão nervoso ventral, com dois gânglios por anel. Nas minhocas há células tácteis, foto e quimiorreceptoras, dispersas no epitélio, especialmente nos primeiros segmentos. Sistema nervoso. 10. HABITAT Em relação ao habitat, os anelídeos podem ser aquáticos, marinhos ou de água doce, e terrestres, vivendo em lugares úmidos, debaixo de folhas, ou escavando galerias no solo, onde passam a viver. 182 – Lumbricus terrestris – morfologia externa. A importância da minhoca em relação aos solos é bastante conhecida. Elas melhoram a oxigenação e a reposição de minerais, a partir dos detritos orgânicos que comem. O verme Eunice viridis (palolo) serve de alimento aos nativos das ilhas Samoa e Fuji. No passado, as sanguessugas (Hirudo medicinalis) foram largamente empregadas em processo de sangria, além do aproveitamento da hirudina, uma substância anticoagulante, de interesse médico, produzida em suas glândulas salivares. 11. REPRODUÇÃO São monoicos ou dioicos, com ou sem clitelo; a reprodução sexuada ocorre com frequência por fecundação cruzada; o desenvolvimento pode ser direto ou indireto com larva trocófora (nos poliquetos). Há reprodução assexuada por brotamento e regeneração. ❑ Fecundação cruzada da minhoca Na fecundação cruzada da minhoca, os animais colocam-se em posição invertida, unindo-se pelas extremidades anteriores. Cerdas especiais penetram mutuamente nos dois parceiros, mantendo-os ligados enquanto o clitelo secreta um muco que envolve os dois parceiros. Em cada animal forma-se um par de sulcos seminais, indo do 15º. anel até o clitelo, através do qual os espermatozoides de um animal passam para o receptáculo seminal do outro, caracterizando a fecundação cruzada seguida da separação dos animais. Logo após, o clitelo secreta o cócon, ou casulo, onde são depositados os óvulos. O cócon desloca-se para a frente e, ao passar pelo receptáculo seminal, os óvulos são fertilizados pelos espermatozoides, que já estavam depositados. O cócon, que agora contém ovos, sai do animal medindo C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 183 cerca de 7mm; apenas um ovo se deOrdem 2 – Sedentária senvolve. Fixos, em tubos calcários ou em Notamos que a fecundação do escavações, na areia; possuem brânóvulo é feita no cócon ou casulo, por- quias na cabeça. tanto definimos como um caso de Ex.: Arenicola e Sabellaria. fecundação externa e desenvolviClasse 2 – Oligoquetos mento direto. São animais de corpo alongado, cilíndrico, com segmentações externa 12. SISTEMÁTICA e interna bem nítidas, cabeça não disDOS ANELÍDEOS O filo Annelida é constituído apro- tinta do corpo, raras cerdas implantaxidamente de 8.700 espécies, agrupa- das diretamente na cutícula, não das em três classes: Polychaeta, possuem parapódios, têm respiração cutânea, hermafroditas com clitelo e Oligochaeta e Hirudinea. sem larvas. Ex.: Lumbricus terrestris (minhoca Classe 1 – Poliquetos Possuem o corpo com metameri- comum ou europeia); Pheretima zações externa e interna bem nítidas. hawaiana (minhoca-louca); GlossosCada metâmero possui um par de ex- colex giganteus (minhocuçu). pansões laterais, os parapódios, Classe 3 – Hirudíneos que têm funções na respiração É formada de organismos com o branquial e na locomoção. Cabeça distinta do corpo, sexos separados, com fecundação externa e desenvolvimento indireto, através da larva trocófora. São quase exclusivamente marinhos. corpo de forma achatada e segmentado, porém a segmentação externa não corresponde à segmentação interna. Cabeça não distinta do corpo, ausência de cerdas, tentáculos e parapódios. Possuem duas ventosas e têm o celoma obliterado, são hermafroditas com clitelo. Ex.: Hirudo medicinalis, sanguessuga europeia, ectoparasitas, hematófagos, ocasionais no homem e em animais domésticos. Vivem em água doce, principalmente em brejos. Sabellaria sp. Ordem 1 – Errantia Vida livre e brânquias nos parapódios. Sanguessuga locomovendo-se. Ex.: Eunice sp e Nereis sp. MÓDULO 23 1. ARTRÓPODES ❑ Caracteres Gerais Os artrópodes (arthros = articulação, e podos = pés) são organismos que se caracterizam por apresentarem apêndices e patas articuladas. São metazoários, de simetria bilateral, com o corpo segmentado, triblásticos, protostômios e celomados; possuem um exoesqueleto quitinoso, que só permite o crescimento do animal por mudas (ecdises). Suas 830.000 espécies apresentam um elevado grau de complexidade, são encontradas na maior diversidade de hábitats e podem ingerir uma quantidade de alimento muito maior que os representantes de qualquer outro filo. ❑ Classificação Os artrópodes apresentam várias Artrópodes classes, como: classe 1 – Crustacea; classe 2 – Insecta; classe 3 – Arachnida; classe 4 – Chilopoda; classe 5 – Diplopoda. 2. CLASSE CRUSTACEA ❑ Caracteres Gerais A classe Crustacea (do latim crusta = casca) é formada de organismos com o corpo revestido por uma cutícula quitinosa espessa e rígida, formando o exoesqueleto, que é impregnado de carbonato de cálcio. Apesar de existir uma grande variedade de formas, pode-se dividir o corpo em cabeça, tórax e abdômen, ocorrendo, nas formas evoluídas, a fusão dos anéis torácicos com a cabeça, ficando o corpo dividido em cefalotórax e abdômen, como, por exemplo, observamos no camarão. ❑ Morfologia Externa A cabeça é formada pela fusão de cinco segmentos, cada um deles com um par de apêndices bifurcados. Há dois pares de antenas (tetráceros), um par de mandíbulas e dois pares de maxilas. O tórax apresenta segmentos com números variáveis, podendo estar fundidos ou não. Seus apêndices são divididos em dois grupos: maxilípedes e pereiópodes. Os maxilípedes servem para a apreensão de alimentos e ainda funcionam como elementos tácteis, quimiorreceptores e respiratórios. Os pereiópodes, ou patas locomotoras, formam, nos primeiros segmentos, a pinça ou quela, usada para ataque ou defesa. No abdômen, os segmentos não são fundidos e seus apêndices são – 183 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 184 pleiópodes e urópodes. Os pleiópodes são natatórios e, nos machos, o primeiro par é transformado em órgão copulador. Os urópodes são chamados também natatórios, formados por lâminas alargadas que, nas fêmeas, protegem os ovos. O último segmento é o telso. ❑ Sistema Digestório É completo e a digestão é extracelular. É comum a existência de um Camarão – morfologia externa. estômago mastigador: o molinete gástrico. Nos crustáceos mais simples (microcrustáceos), há eficientes mecanismos de filtragem de água para a coleta de nutrientes e de organismos do fitoplâncton. ❑ Sistema Respiratório A respiração é branquial. As brânquias localizam-se sobre as patas torácicas. Nos microcrustáceos, as trocas gasosas são feitas através da super- Os representantes do filo Arthropoda. fície do corpo. Classes ❑ Sistema Circulatório É do tipo aberto ou lacunar. Possuem coração dorsal, que recebe das brânquias o sangue arterial, depois distribuído para o corpo. O sangue geralmente contém um pigmento respiratório, a hemocianina. As lacunas são celomáticas (hemocelas). ❑ Sistema Excretor A excreção se faz por glândulas verdes ou antenárias, cujo poro excretor abre-se na base da antena. Tais glândulas recolhem os catabólitos do celoma e do sangue. ❑ Sistema Nervoso Apresenta gânglios cerebroides e uma cadeia nervosa ganglionar ventral. ❑ Sistema Sensorial Os órgãos sensoriais são bem desenvolvidos. Os olhos podem ser simples ou compostos, sésseis ou pedunculados. Os compostos são formados por muitas unidades, os omatídeos. Há órgão de equilíbrio, os estatocistos, na base das antenas, e órgãos tácteis e olfativos, especialmente na região da cabeça. 184 – Crustáceos Insetos Aracnídeos Quilópodos Diplópodos Exemplos camarão mosquito aranha lacraia piolho-de-cobra Número de antenas tetráceros 4 díceros 2 áceros 0 díceros 2 díceros 2 Número de patas decápodos 10 (1 par por segmento) hexápodos 6 octópodos 8 muitas; (1 par por segmento) muitas; (2 pares por segmento) Divisão do corpo cefalotórax e abdômen cabeça, tórax e abdômen cefalotórax e abdômen cabeça e corpo longo cabeça, tórax curto e corpo longo Respiração cutânea; branquial traqueal cutânea, traqueal, filotraqueal traqueal traqueal Digestão tubo digestório completo; molinete gástrico tubo digestório completo; tubo digestório completo; digestão extracorpórea tubo digestório completo tubo digestório completo Circulação aberta; hemocianina aberta aberta, hemocianina aberta aberta Excreção glândula verde tubo de Malpighi tubo de Malpighi; glândula coxal tubo de Malpighi tubo de Malpighi Sistema Nervoso ganglionar ganglionar ganglionar ganglionar ganglionar Sexos dioicos dioicos dioicos dioicos dioicos Desenvolvimento direto ou indireto direto ou indireto direto ou indireto direto ou indireto direto ou indireto Habitat maioria aquático terrestre terrestre Observações principalmente principalmente terrestre terrestre partenogênese; asas; autotomia; partenogênese; heteromorfose poliembrionia glândulas forcípulas venenosas; venenosas quelíceras; 15 a 181 fiandeiras; segmentos partenogênese não são venenosas; abdômen com 9 a 100 segmentos duplos C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 185 ❑ Habitat São animais predominantemente aquáticos, marinhos e dulcaquícolas. Podem viver na areia das faixas litorâneas (caranguejo), em terra úmida (tatuzinho-de-jardim), na lama do mangue (caranguejo maria-mulata) e fixos às rochas, pilares de pontes, cascos de navios etc. (cracas). Eucypris sp. ❑ Aparelho reprodutor do lagostim. Note que o ovário se abre no terceiro par de pereiópodos da fêmea, e o testículo no quinto par de pereiópodos do macho. Sistemática A classe dos crustáceos, com cerca de 25 mil espécies, apresenta dois grupos: entomocrustáceos (primitivos) e malacrustáceos (evoluídos). Entomocrustáceos são crustáceos inferiores, geralmente microscópicos. Subclasse 1 Branquiopoda Microscópicos, quase todos de água doce, e adaptados à natação. Ex.: Daphnia pulex, a pulga-d’água. Estágios larvais do camarão: A - Nauplius; B - Zoea; e C - Mysis, o último estágio larval. ❑ Reprodução A maioria é unissexuada, e as aberturas genitais encontram-se na parte ventral. Há o dimorfismo sexual, e a fecundação é interna. Nos microcrustáceos é comum a partenogênese. Há muitas larvas e a mais simples é Nauplius, com apenas três pares de patas. Nos crustáceos superiores, além dessas, há também Protozoea, Zoea e Mysis. Observamos grande capacidade de regeneração no camarão jovem, que se reduz nos adultos. A heteromor fose é a regeneração de uma parte diferente daquela que foi perdida. Assim, retirando-se apenas o olho do camarão e deixando o pedúnculo, ocorrerá a regeneração normal de um novo olho; porém, se olho e pedúnculo forem retirados, aparecerá em seu lugar uma antena. A autotomia é um excelente meio de defesa, pois consiste na autoamputação e posterior regeneração de um segmento torácico, que fica com o agressor enquanto o animal foge. Daphnia pulex. Subclasse 2 Copepoda Também microscópicos, com muitos representantes parasitas de peixes. Ex.: Cyclops sp, vetor do botriocéfalo e filária de Medina. Cirripédios. Subclasse 4 Cirripedia São animais fixos e protegidos por uma carapaça calcária, que vivem em ambiente marinho, cobrindo rochas, madeira de cais, cascos de navios, carapaças de siris, lagostas, moluscos e até a pele de cetáceos. Ex.: Mitella e Balanus, as cracas. Subclasse 5 Malascrostaca São crustáceos evoluídos, todos macroscópicos. Dividem-se em três ordens: lsopoda, Amphipoda e Decapoda. Ordem 1 lsopoda Têm o corpo comprimido dorsoventralmente. Ex.: Armadillidium sp (tatuzinho-de-jardim) e Ligia sp (baratinha-de-praia). Cyclops sp. Subclasse 3 Ostracoides Organismo com o corpo protegido por uma “concha” bivalve, que encerra também a cabeça. Vivem em água doce e no mar. Ex.: Eucypris sp. Isópodos. – 185 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 186 Ordem 2 Amphipoda Têm o corpo comprimido lateralmente, vivem na água salgada e raramente na água doce. Ex.: Gammarus; Caprella e Hyalella. Ordem 3 Decapoda É constituída de organismos lateralmente comprimidos ou achatados; o abdômen em geral é maior que o cefalotórax. Alguns vivem em água doce; poucos são terrestres; e a maioria é de ambiente marinho. Ex.: Crangon; Penaeus – camarão; Panulirus – lagosta; Pagurus – eremita (vive em concha de caramujos); Cancer – caranguejo comestível; Callinectes – siri comestível. (Amphipoda). 3. DIFERENCIAÇÃO ENTRE SIRI E CARANGUEJO Siri Cefalotórax elíptico com a margem anterior denteada. Tem o último par de patas transformado em remos. Caranguejo Cefalotórax quadrado, trapezoide ou arredondado. O último par de patas não é transformado em remos. 4. CLASSE DOS INSETOS ❑ Caracteres Gerais A classe lnsecta (do latim in = dentro, secare = dividir) tem como características: um par de antenas (díceros); três pares de patas (hexápodes); corpo nitidamente dividido em cabeça, tórax e abdômen. órgãos quimiorreceptores, que apresentam também as funções olfativas e tácteis. Os olhos podem ser de dois tipos: simples (ocelos) e compostos (facetados). Os olhos simples são no máximo três, enquanto os olhos compostos são dois, porém formados por 15 mil a 25 mil unidades visuais, os omatídeos. tos: protórax, mesotórax, metatórax, com um par de patas por segmento. Cada pata é constituída pelos seguintes artículos: coxa, trocanter, fêmur, tíbia e tarso. As asas são estruturas vivas ligadas ao tórax (meso e metatórax), mas não são membros verdadeiros, e sim uma expansão lateral do tegumento. Em suas nervuras passam vasos, traqueias e lacunas sanguíneas. Inseto. ❑ Morfologia Externa A cabeça é o centro sensorial do animal. Nela estão localizados seus principais órgãos dos sentidos: as antenas e os olhos. As antenas são 186 – Olhos dos insetos. O tórax é o centro locomotor dos insetos. É formado por três segmen- Pata de inseto. C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 187 ❑ Asa membranosa. Os tipos de asas são: a) Membranosas: Finas e transparentes (moscas). Respiração É do tipo traqueal. Entre os insetos aquáticos, há os que respiram o oxigênio da atmosfera, subindo de tempos em tempos; outros apresentam um sistema traqueal fechado, utilizando o O2 dissolvido na água. b) Pergamináceas: Finas, opacas, flexíveis e coloridas (barata). ❑ Sistema Digestório É do tipo completo. Possui boca, faringe, esôfago, papo, moela, estômago, intestino, ânus e, como órgãos anexos, as glândulas salivares. O aparelho bucal é adaptado ao tipo de alimentação do animal: a) mastigador ou triturador (gafanhoto); b) lambedor (abelha); c) sugador (borboleta); d) picador-sugador (pulga); e) picador-não sugador (mosca doméstica). Sistema Excretor A excreção é feita por tubos de Malpighi, que eliminam especialmente ácido úrico. Tubo digestório da barata. Observe que os túbulos de Malpighi recolhem o material de excreção do celoma e o lançam no tubo digestório. c) Élitros: Espessas e opacas (besouro). d) Hemiélitros: São élitros na base e membranosas na ponta (percevejo). O abdômen é o centro de nutrição dos insetos, desprovido de apêndices e com uma segmentação nítida. Os últimos segmentos nas fêmeas formam o ovopositor. Existem aberturas laterais das traqueias, denominadas opérculos. Nas abelhas e vespas existem os ferrões. ❑ ❑ Sistema Nervoso O cérebro é anterior e está ligado aos gânglios subesofagianos por um anel nervoso; há ainda a cadeia nervosa ventral. Sistema traqueal. ❑ Sistema Circulatório A circulação é aberta ou lacunar. O coração é um órgão tubuloso, dorsal ao abdômen, e apresenta pequenas câmaras contrácteis, as ventriculites. O sangue é incolor e não transporta gases respiratórios; serve para a distribuição de alimentos. Sistema nervoso. ❑ Sistema Sensorial A visão dos insetos (olhos simples e compostos) distingue cores até ultravioleta; a sensibilidade auditiva se dá através dos pelos e órgãos cordotonais das patas; a sensibilidade olfativa situa-se nas antenas; e a sensibilidade táctil, em cerdas de apêndices. Circulação do inseto. ❑ Reprodução São animais dioicos, com dimorfismo sexual; (as fêmeas são sempre maiores). A fecundação é interna e o desenvolvimento pode ser direto ou indireto, com metamorfose. Há casos de partenogênese (afídeos); de neotenia (térmitas) e poliembrionia (himenópteros). ❑ Esquemas de tipos de aparelhos bucais. Sistemática A classe dos insetos apresenta cerca de 750 mil espécies, sendo animais de grande sucesso evolutivo. Subclasse 1 – Apterigota Insetos sem asas e sem metamorfose (ametábolos). – 187 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 188 Ordem 1 – Thysanura Ex.: traça-dos-livros. Subclasse 2 – Pterigota lnsetos com asas e metamorfose. São divididos em dois grupos: 1.o Grupo – Hemimetábolos Com metamorfose parcial: ovo – ninfa – imago (adulto). Ordem 2 – Orthoptera Ex.: gafanhoto, barata, bicho-pau, grilo, louva-a-deus. Ordem 3 – Ephemeroptera Ex.: siriruia. Ordem 4 – Dermaptera Ex.: lacrainha. Ordem 5 – Odonata Ex.: libélula. Ordem 6 – lsoptera Ex.: cupim, térmita. Ordem 7 – Anoplura Ex.: piolho (Pediculus humanus), “chato” (Phthirius pubis). Ordem 8 – Hemiptera Ex.: barbeiro, percevejo-do-mato, baratinha-d’água. Ordem 9 – Homoptera Ex.: cigarra, afídeos, jequitiranabóia. 2.o Grupo – Holometábolos lnsetos com metamorfose completa: ovo – larva – pupa – imago (adulto). Nas borboletas e mariposas, as fases são determinadas: ovo – lagarta – crisálida – adulto. Ordem 10 – Lepidoptera Ex.: borboleta, mariposa, bicho-da-seda, traça-de-roupa. Ordem 11 – Diptera Apresenta duas subordens: Nematocera e Brachicera. Subordem 1 – Nematocera Conhecidos como mosquitos; possuem antenas longas. Ex.: Cullex sp – principal vetor das filárias de W. bancrofti, causadoras da elefantíase. Aedes aegypti – vetor da febre amarela (virose) e da dengue. Anopheles sp – vetor da malária. Phlebotomus intermedius – vetor da úlcera de Bauru. Simulidium – mosquito borrachudo. Subordem 2 – Brachicera Conhecidos como moscas; possuem antenas curtas. Ex.: mosca doméstica – grande transmissora mecânica de germes. 188 – Esquema de alguns representantes das ordens mais importantes da classe dos insetos. Glossina palpalis – vetor da doença do sono. Drosophila melanogaster – mosca-da-fruta. Dematobia hominis – a mosca-do-berne (é a larva do inseto). Ordem 12 – Siphonaptera Ex.: pulga (Pulex irritans); bicho-de-pé (Tunga penetrans); pulga do rato (Xenopsylla cheops), vetora da peste bubônica. Ordem 13 – Coleoptera Ex.: besouro, joaninha. Ordem 14 – Hymenoptera Ex.: abelha, vespa e formiga. 5. CLASSE ARACHNIDA ❑ Caracteres Gerais A classe Arachnida é formada de organismos cujo corpo divide-se em cefalotórax e abdômen; não possuem antenas (áceros) e têm quatro pares de patas (octópodes). É o terceiro grande grupo dos artrópodes. São na maioria terrestres, vivem sob troncos, pedras, buracos no solo, em vários habitat, desde o nível do mar até altas montanhas. Demodex folliculorum. ❑ Morfologia Externa O cefalotórax possui seis pares de apêndices: o primeiro par apresenta as quelíceras, que servem para capturar a presa e, na maioria dos representantes da classe, terminam por uma pinça; o segundo par de apêndices apresenta os pedipalpos, que servem para a apreensão; e há também quatro pares de patas. O abdômen nunca apresenta apêndices. Nas aranhas, o abdômen tem ventralmente as aberturas das filotraqueias e o poro genital. Posteriormente, ficam o ânus e as fiandeiras, que tecem os fios da teia. C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 189 A aranha não devora uma presa, pois apenas pode absorver líquidos. lnjeta-lhe saliva e depois aspira o líquido resultante da digestão dos órgãos da presa. ❑ Sistema Respiratório A respiração é feita por filotraqueias (pulmotraqueias), onde ocorre a hematose (troca de gases respiratórios). Em alguns ácaros, a respiração é cutânea ou traqueal. ❑ Sistema Circulatório A circulação é lacunar e o coração é dorsal no abdômen. O “sangue” é formado por um plasma, contendo amebócitos e hemocianina como pigmento respiratório. É comum chamar de hemolinfa o líquido circulatório dos artrópodes. ❑ Aranha – morfologia. Nos escorpiões, existe um pós-abdômen, cujo último artículo é inoculador de veneno. Nos ácaros, não há uma nítida separação entre cefalotórax e abdômen. ❑ Sistema Digestório É do tipo completo e a digestão é extracelular e extraintestinal, nas aranhas, sendo seus sucos digestórios injetados no corpo das presas (onde é feita a digestão do animal). Sistema Excretor A excreção é feita por um par de tubos de Malpighi, que se ramificam e ainda ficam situados no assoalho do cefalotórax (excretam por ductos que se abrem entre as pernas). ❑ Sistema Nervoso Apresentam um cérebro, que está ligado por um anel nervoso a uma cadeia ganglionar ventral, semelhante aos insetos. ❑ Sistema Sensorial Como órgãos visuais há os ocelos, com função tátil; os pedipalpos e as células quimiorreceptoras ficam nos apêndices. ❑ Glândulas Venenosas Nas aranhas estão localizadas nas quelíceras; nos escorpiões localizam-se no telso, que tem a forma de um aguilhão inoculador. Aranha capturando suas presas que ficaram unidas à teia. Essas presas fornecerão energia e os nutrientes necessários à continuidade da vida desse aracnídeo. Produção da teia. Vítimas de acidentes com aranhas e escorpiões devem ser imediatamente socorridas. O veneno de certas espécies pode resultar em consequências graves, até a morte, quando as vítimas, principalmente crianças, não são devidamente socorridas. Para isso existem soros antiescorpiônicos e antiaracnídeos. ❑ Glândulas Sericígenas Localizam-se no abdômen da aranha e terminam nas fiandeiras, onde produzem o fio utilizado para tecer a teia. ❑ Reprodução São animais de sexos separados, com dimorfismo sexual e fecundação interna. Nas aranhas, o macho utiliza o pedipalpo como órgão copulador. São ovíparos e vivíparos (escorpiões). Possuem desenvolvimento direto, ocorrendo partenogênese entre alguns ácaros. ❑ Sistemática Os aracnídeos têm, aproximadamente, 30 mil espécies. As principais ordens são: Ordem 1 – Araneídeos Engloba todas as espécies de aranhas, venenosas ou não. Os órgãos inoculadores de veneno são as quelíceras. Ex.: Dugesiella (tarântula); Latrodectus (viúva-negra); Lycosa; Salticus (aranha papa-moscas); Tenus (armadeira). Ordem 2 – Escorpionídeos São os escorpiões; todos são venenosos. Ex.: Tytyus bahiensis – escorpião preto ou vermelho encontrado no campo. Ordem 3 – Acarídeos São os carrapatos parasitas da pele de mamíferos. Ex.: Sarcoptes scabiei – causador da sarna; Demodex folliculorum – é o “cravo” do rosto; Amblyomma cafennense – é o carrapato. – 189 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 190 6. MIRIÁPODOS Constituem um grupo de artrópodos com o corpo alongado e com inúmeros pares de patas. Possuem um par de antenas, respiram por traqueia e excretam por túbulos de Malpighi. Compreendem duas classes: Chilopoda e Diplopoda. ❑ Classe Chilopoda Ex.: centopeias ou lacraias. São venenosas, carnívoras, de movimentos rápidos, não se enrolam, possuem secção corporal achatada, suas antenas são longas, e têm um par de patas por segmento. Alguns ácaros. O primeiro par de patas é transformado em forcípulas (estruturas inoculadoras do veneno). Têm poro genital na região posterior do corpo. São ovíparas, com ou sem larvas. As centopeias são animais predadores de insetos. Sua picada no homem é perigosa. São de hábitos noturnos. ❑ Classe Diplopoda Ex.: embuá, “piolho-de-cobra” e gongolos. Não são venenosos, possuem hábitos herbívoros, têm movimentos lentos, enrolam-se em espiral e possuem secção corporal cilíndrica. Suas antenas são curtas, e em cada segmento há dois pares de patas curtas. Não possuem forcípulas. Têm poro genital na região anterior. São ovíparos com desenvolvimento direto. Morfologia externa da lacraia. Anatomia interna da lacraia. Escorpião – morfologia externa. 190 – O piolho-de-cobra. Artrópodo da classe dos diplópodes, denominado piolho-de-cobra. Apresenta o corpo cilíndrico, formado por um grande número de segmentos. Muitos possuem uma coloração brilhante. Na cabeça há numerosos olhos simples e um par de antenas curtas (díceros). Há quatro patas articuladas, por segmento do corpo. C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 191 MÓDULO 24 Moluscos e Equinodermas 1. MORFOLOGIA EXTERNA culosa, há uma lâmina quitinosa denominada rádula, portadora de dentículos dirigidos para trás e próprios para ralar os alimentos. É um órgão exclusivo dos moluscos e ausente na classe Pelecypoda. Apresenta como glândulas anexas o fígado e as glândulas salivares. A digestão é extra e intracelular no mexilhão e, na maioria dos demais moluscos, é extracelular. Os moluscos são animais de corpo mole, viscoso, não segmentado, sem apêndices articulados, triblásticos, com uma cavidade geral (celoma), simetria bilateral, dividido em três partes: cabeça, pé e massa visceral. Geralmente apresentam uma concha calcária. 2. TEGUMENTO Esses animais possuem epitélio simples, às vezes ciliado e muito rico em células glandulares, cuja secreção torna o tegumento úmido e mole. A parte do tegumento que recobre a massa visceral forma uma dobra, chamada manto ou pallium, que secreta a concha. 3. CONCHA Conchas de moluscos. 4. SISTEMA RESPIRATÓRIO A respiração pode ser cutânea, branquial e pulmonar. A respiração pulmonar ocorre em gastrópodes terrestres (caracóis); os pulmões são constituídos por um sistema de vasos sanguíneos muito ramificados. A concha consiste em uma camada orgânica externa (perióstraco); uma camada média (prismática) constituída por cristais prismáticos de aragonita e uma camada interna (nacarada), lisa e brilhante, conhecida como madrepérola. Sistema digestório do caracol com detalhe da rádula (acima). Helix – morfologia externa. Corte transversal da concha e do manto. A concha pode ser univalve, quando formada por uma só peça (caramujos e caracóis), e bivalve, quando formada por duas peças que se adaptam e articulam (ostras e mariscos). Os pelecípodes são animais filtradores. A água circundante que penetra na cavidade do manto carrega as partículas alimentares que ficam aderidas a uma camada de muco, recobrindo as brânquias, e as partículas úteis são ingeridas pela boca. 5. SISTEMA DIGESTÓRIO É do tipo completo e compreende boca, faringe, estômago, intestino e ânus. Na parte basal da faringe mus- 6. SISTEMA CIRCULATÓRIO É do tipo lacunar. O coração tem posição dorsal, aparece no interior de uma cavidade pericárdica e recebe o sangue proveniente dos órgãos respiratórios por intermédio de veias. Pode ter um ou dois átrios e um ventrículo, de onde o sangue é distribuído aos tecidos. O sistema circulatório, apesar do desenvolvimento de artérias, veias e capilares, é sempre aberto, comunicando-se com lacunas sanguíneas em vários órgãos. – 191 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 192 Normalmente os moluscos são ovíparos e de desenvolvimento direto ou indireto. Há uma larva ciliada, chamada véliger, livre; ou larvas parasitas de brânquias dos peixes, os gloquídeos, e ainda a larva trocófora, em gastrópodes. Aparelho circulatório do mexilhão (molusco). Chiton sp. 7. SISTEMA EXCRETOR 11. SISTEMÁTICA DOS MOLUSCOS A excreção é feita por rins (nefrídios modificados), que retiram as excretas da cavidade pericárdica e as eliminam na cavidade paleal, de onde passam para o exterior. O filo Mollusca representa um dos maiores do reino animal, ultrapassado apenas pelo filo Arthropoda. É formado por 100 mil espécies, agrupadas em cinco classes principais: Amphineura, Scaphopoda, Gastropoda, Pelecypoda e Cephalopoda. 8. SISTEMA NERVOSO É do tipo ganglionar, existindo três pares de gânglios nervosos: cerebroides, pediais e viscerais, que coordenam, respectivamente, as funções sensorial, locomotora e vegetativa. Sistema nervoso do mexilhão. Os órgãos sensoriais são estatocistos (equilíbrio), células tácteis, quimiorreceptoras e os olhos, muito desenvolvidos nos cefalópodes. 9. REPRODUÇÃO Nos moluscos, há casos de hermafroditismo, mas geralmente os sexos são separados. Nos hermafroditas, ocorre fecundação cruzada, como nos caracóis e caramujos que, ao copularem, estimulam-se mutuamente, enterrando um no outro o “dardo do amor”. Além disso, possuem uma gônada hermafrodita, o ovotéstis. 192 – Larvas de moluscos. 10. HABITAT Os moluscos são muito diversificados e habitam os mais variados ambientes. Há espécies que vivem em terra úmida (caracóis, lesmas); outras em ambiente marinho, fixas em rochas (ostras e mariscos); livres, que vivem na areia do fundo (caramujos de água doce e de água salgada); e de natação ativa (lulas e polvos). Alguns aspectos importantes da Biologia podem ser abordados. Os cefalópodes, por exemplo, são invertebrados altamente evoluídos, com grande capacidade de aprendizado, eficiente mimetismo protetor, por causa das suas rápidas mudanças de cor e da eliminação de jatos de H2O. As ostras produzem as tão valiosas pérolas a partir do manto, que também reveste a concha. A deposição das camadas da pérola inicia-se sobre um pequeno parasita, ou grão de areia, que penetra no corpo do molusco, determinando a reação secretora de defesa. No aspecto alimentar, os moluscos sempre foram importantes para o homem, que consome toneladas de polvos, lulas, ostras, mariscos e escargots. ❑ Classe Amphineura É formada de organismos com o corpo oval, ou longo e delgado, com simetria bilateral, cabeça reduzida, desprovida de olhos e tentáculos; a concha é ausente ou então formada por oito placas. São exclusivamente marinhos. Ex.: Chiton sp. ❑ Classe Scaphopoda É formada de organismos com o corpo alongado em sentido dorsoventral, com simetria bilateral; a concha univalve e o manto apresentam-se em forma de um tubo encurvado, com abertura dorsal e ventral, lembrando as presas de um elefante. Ex.: Dentalium sp. ❑ Classe Gastropoda A classe Gastropoda é formada de organismos com assimetria secundária, provocada pela torção da região superior do corpo. Apresentam cabeça distinta, sustentando olhos e tentáculos, o pé bem distinto, a massa visceral bem desenvolvida e enrolada; a concha é univalve (na maioria dos casos é helicoidal ou espiralada). Os órgãos paleais (ânus, poros excretores e genitais) estão deslocados para o lado direito ou para a região anterior. A rádula está presente na maioria. C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 193 Nesta classe destacamos: Helix sp, caracol de jardim; Arion, lesmas sem concha; Lymnaea sp e Australorbis sp (Planorbis sp). ❑ Classe Pelecypoda A classe Pelecypoda ou Lamellibranchiata é formada de organismos com simetria bilateral e o corpo lateralmente achatado. São desprovidos de cabeça e rádula. A concha é bivalve, com articulação, ligamentos dorsais, e fechada por um ou dois músculos adutores. Possuem sifões, que controlam a entrada e saída de água na cavidade do corpo. O pé é cônico ou em forma de machado. São dioicos ou hermafroditas e vivem na água doce e salgada. São pelecípodes: ostras, Mytillus sp (mexilhão marinho), Pecten (moluscos que nadam por batimento das valvas), Anadonta (bivalves de água doce), Mya (que vive no lodo). ❑ Classe Cephalopoda É formada de organismos simétricos, com cabeça volumosa, massa visceral alongada em sentido dorsoventral, manto musculoso, cavidade paleal localizada na região caudal, pé transformado em tentáculos e braços que rodeiam a cabeça. A concha é frequentemente interna e muitas vezes reduzida. Possuem uma glândula anexa ao intestino, conhecida por “glândula de tinta”. Quando o animal é atacado, elimina um conteúdo preto, que o envolve em uma nuvem escura, e lhe permite fugir do inimigo. São moluscos mais evoluídos que os demais grupos e de ambiente exclusivamente marinho. Possuem olhos semelhantes aos dos mamíferos, sexos separados, com espermatóforo, e desenvolvimento direto. Seus representantes são: Nautilus, Loligo (lulas), Argonauta, Octopus (polvo), Sepia e calamar. 12. EQUINODERMAS Os equinodermas são animais exclusivamente marinhos, apresentando um endoesqueleto calcário, ao qual se associam espinhos fixos ou móveis. O nome do filo refere-se a esta característica (echino = espinho e derma = pele). Os equinodermas são triblásticos, celomados, deuterostômicos, com simetria radial (pentarradial), e possuem um exclusivo sistema locomotor, o sistema ambulacrário. 13. PAREDE CORPÓREA O epitélio é simples e recobre o esqueleto. O endoesqueleto é mesodérmico, formado por placas calcárias, fixas ou móveis, nas quais podemos encontrar: ❑ Espinhos Nos equinoides os espinhos são longos, móveis, articulam-se nas placas e podem ser movidos por músculos. Sistema digestório. ❑ Pedicelárias Fazem a limpeza da superfície do corpo. Cada pedicelária é uma espécie de pequena pinça com dois ou três artículos móveis; possuem também a função de defesa. 15. SISTEMA RESPIRATÓRIO A função respiratória é realizada pelo sistema ambulacrário. Nos asteroides e equinoides há brânquias ramificadas. Nos holoturoides, encontramos, na parte final do intestino, dois órgãos especiais, túbulos ramificados, relacionados à cloaca, que acumulam água para as trocas gasosas e excretoras. 16. SISTEMA AMBULACRÁRIO Parede corpórea. 14. SISTEMA DIGESTÓRIO O sistema digestório é completo e relativamente simples. No ouriço-do-mar, há um aparelho bucal, com cinco dentes, acionados por fortes músculos. É a lanterna-de-aristóteles. Nas estrelas-do-mar, há cinco pares de cecos gástricos, que partem do estômago para os braços. Nos ofiúros não há ânus. Nos crinoides o tubo digestório curva-se em U, de maneira que a boca e o ânus encontram-se no polo superior lado a lado (prosopígia). É uma exclusividade dos equinodermas. É representado, em todas as espécies, por um conjunto de canais, ampolas e pés, pelo interior dos quais circula a própria água do mar. As variações de pressão de água no sistema determinam expansões e retrações dos pés, que apresentam no lado superior uma ampola. Contraindo-se esta, a água contida é imprimida ao pé, que se estende alargando a extremidade em forma de ventosa, com a qual ele se fixa ao substrato. O animal se locomove fixando e desprendendo os pés alternadamente. A sequência de estruturas do sistema ambulacrário é: placa madrepórica, canal pétreo, canal circular, canais radiais, ampola e pé ambulacrário. – 193 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 194 a) Ordem Echinoida Com o corpo geralmente esférico. Ex.: ouriço-do-mar. 17. SISTEMA CIRCULATÓRIO Não possuem um verdadeiro sistema circulatório, estando providos de um sistema pseudo-hemal, formado por lacunas de origem celomática. Não possuem coração. As lacunas são preenchidas por um líquido, contendo amebócitos, que se desloca por movimento oscilatório. b) Ordem Clypeasteroida Constituída de organismos com o corpo achatado e em geral ovoide; possuem uma forma simétrica irregular, sendo bilateral. Ex.: Encope sp (bolacha-da-praia). Regeneração. 18. SISTEMA EXCRETOR 21. SISTEMÁTICA A excreção se faz por difusão direta, em qualquer superfície exposta à água, incluindo os pés ambulacrários. 19. SISTEMA NERVOSO E SENSORIAL O filo Echinodermata é constituído aproximadamente de 6 mil espécies viventes, que são agrupadas em cinco classes: Crinoidea, Echinoidea, Asteroidea, Ophiuroidea e Holothuroidea. ❑ O sistema nervoso dos equinodermas é considerado primitivo, pois não possui um órgão central. Compõe-se de rede de células nervosas, em volta do intestino anterior, formando o anel peribucal, de onde partem 5 cordões nervosos radiais para os braços. Há células tácteis e olfativas em toda a superfície do corpo. As estrelas têm células fotorreceptoras na extremidade dos braços. Classe 1: Crinoidea Os crinoides, vulgarmente conhecidos por lírios-do-mar, são equinodermas tipicamente fixos. O corpo é constituído por um disco central, caliciforme, com cinco braços ramificados e um pedúnculo segmentado. Cirros dispostos em círculos circundam às vezes o pedúnculo. Boca e ânus aparecem na fase oral, superior. 20. REPRODUÇÃO Os equinodermas são animais geralmente de sexos separados, sem dimorfismo sexual, de fecundação externa. O desenvolvimento ocorre sempre com metamorfose. As larvas diferem entre si, conforme a classe, mas apresentam todas uma simetria bilateral típica. A regeneração é relativamente fácil. As estrelas, quando têm um braço destacado, por exemplo, podem dar origem a um novo animal completo. São as formas em cometa. 194 – ❑ Classe 2: Echinoidea Apresentam o corpo com forma esférica, sem braços e recoberto por espinhos. Ex.: ouriço-do-mar. O tubo digestório descreve uma espiral simples ou dupla; a boca na face inferior apresenta cinco dentes móveis, constituindo a laterna-de-aristóteles, um órgão mastigador; o ânus está na face superior ou lateral. Possuem duas ordens: ❑ Classe 3: Asteroidea É uma classe formada por organismos com corpo achatado, composto por um disco central e cinco ou mais braços não ramificados, às vezes curtos. Boca na face inferior e ânus na face superior. São animais geralmente predadores de ostras; nesta classe destaca-se o gênero Asterias (estrela-do-mar). ❑ Classe 4: Ophiuroidea São animais de corpo com forma semelhante à dos asteroides, composto por um disco central e cinco braços delgados, articulados e flexíveis. Boca na face inferior, sem ânus. Ex.: Ophiura sp (serpente-do-mar). ❑ Classe 5: Holothuroidea Os holoturoides, vulgarmente conhecidos por pepinos-do-mar, são animais de forma cilíndrica com simetria bilateral, alongados na direção do eixo principal. Boca anterior e ânus posterior. É característica o fenômeno do inquilinismo, que se estabelece entre a holotúria e o peixe Fierasfer acus, que se refugia na cloaca da primeira. C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 195 FRENTE 3 MÓDULO 19 Quimicamente, o fitocromo é uma proteína de cor azul ou azul-verde. O fitocromo é um pigmento capaz de absorver a radiação vermelha com comprimento de onda por volta de 660 nm. Quando isso ocorre, o fitocromo transforma-se numa espécie de enzima que inicia uma série de reações metabólicas no vegetal. O fitocromo fica ativado. O fato importante é a reversibilidade desse pigmento. Assim, quando ele absorve luz vermelha por volta de 730 nm, o efeito iniciado com a luz de 660 nm torna-se nulo, e o fitocromo fica novamente inativo. No escuro, o fitocromo ativado volta também lentamente ao estado inativo. Pelo gráfico, observa-se que o fitocromo absorve intensamente a radiação de 660 nm (vermelho curto – V.C.) e a radiação de 730 nm (vermelho longo – V.L.). Biologia Vegetal e Ecologia Pigmento Fitocromo AÇÃO DO FITOCROMO: 1. ESTIOLAMENTO Quando plantas crescem no escuro, observamos que os caules tornam-se exageradamente longos e as folhas pequenas, fenômeno conhecido por estiolamento. Se iluminarmos agora as plantas com luz vermelha (660 nm), notaremos que o crescimento do caule torna-se vagaroso e as folhas crescem mais rapidamente, cessando o estiolamento. Se a luz for de 730 nm, ocorre o inverso. O pigmento envolvido no caso é o fitocromo, e a sua ação ainda não está bem esclarecida. 2. FOTOBLASTISMO GERMINAÇÃO DE SEMENTES Nem todas as sementes dispõem de reservas suficientes para germinar a certas profundidades no solo. Existem, no entanto, sementes de algumas plantas que são pequenas e geralmente desprovidas de reserva, como ocorre com as sementes de or- quídeas, bromélias, begônias, certas variedades de alface etc. Tais sementes só conseguem germinar na superfície do solo, onde possam receber luz. Nesse caso, as sementes são chamadas fotoblásticas positivas. Existem outras sementes que só germinam na ausência completa de luz, como acontece com algumas variedades de sementes de melancia. Nesse caso, as sementes são chamadas fotoblásticas negativas. Aqui também o sistema fitocromo tem participação ativa. Uma experiência realizada com sementes fotoblásticas positivas (alface) mostrou os seguintes resultados: a) A radiação de 660nm (V.C.) desencadeia um processo que resulta na germinação das sementes. b) A radiação de 730nm (V.L.) inibe a germinação. c) Quando se faz um tratamento alternado de 660-730nm (V.L.), o resultado depende do último tratamento aplicado. – 195 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 196 d) A radiação de 660nm desencab) A folha deve sintetizar um hordeia o processo de germinação, que é mônio que ainda não foi isolado. Esse revertido pela radiação de 730nm. hormônio é conhecido por florígeno. O florígeno, produzido na folha, desloFOTOPERIODISMO ca-se até as gemas do vegetal, A luz é importante para as plantas provocando a sua transformação em também com relação à duração, isto gemas florais. é, a duração do dia e duração da c) Nas plantas sensíveis ao fotonoite. Tais fenômenos são conhecidos período, foi observado que é de grande por fotoperiodismo. importância a continuidade da noite. O fotoperiodismo é essencial para Assim, se uma planta de dia curvários processos fisiológicos do to receber luz enquanto passa pelo vegetal, entre eles: floração, abscisão período escuro, essa planta deixa de das folhas, formação de raízes tube- florescer. rosas, formação de bulbo (como ocorFoi observado que a interrupção re na cebola, fechamento dos folíolos do período de claridade por períodos das leguminosas etc.). escuros não traz problemas para a floração. d) O fitocromo também interfere na floração. Assim, se uma planta de dia curto receber luz com comprimento de onda por volta de 660 nm (V.C.), enquanto passa pelo período escuro, ela não floresce. Nesse caso, o fitocromo ativado pelo V.C. deve inibir a produção do florígeno. Se, após o tratamento com 660 nm, irradiarmos com 730 nm, a planta florescerá. FLORAÇÃO É a transformação das gemas vegetativas em gemas florais. Muitas plantas, para florescer, dependem do fotoperiodismo e são normalmente divididas em a) plantas de dias curtos; b) plantas de dias longos; c) plantas indiferentes (neutras). ❑ Plantas de dias curtos Só florescem quando o tempo de exposição à luz for inferior a um valor crítico. Como exemplos, podemos citar crisântemos, orquídeas, feijão, soja etc. ❑ Plantas de dias longos Só florescem quando o tempo de exposição à luz for superior a um valor Comportamento de planta de dia curto, como o crisântemo. O dia crítico para essa crítico. Exemplos: espinafre, rabanete, planta está em torno de 14 – 14,5 horas. As plantas que recebem luz abaixo do valor crítico florescem, enquanto as demais permanecem no estado vegetativo. cravo. ❑ Plantas indiferentes Florescem independentemente do tempo de exposição à luz. Exemplos: milho, tomate etc. Do que sabemos atualmente sobre a floração de plantas sensíveis aos fotoperíodos, pode-se dizer: a) As folhas são responsáveis pela percepção do comprimento do dia e da noite. Vários experimentos comprovam tal fato. – Se uma única folha da planta receber o fotoperíodo indutor, a planta floresce. – Se uma folha de uma planta que recebeu o fotoperíodo indutor for enxertada em outra planta que não Comportamento de uma planta de dia longo, como o espinafre. O dia crítico para essa planta recebeu o fotoperíodo indutor, esta está em torno de 13 – 14 horas. As plantas que recebem luz acima do valor crítico florescem, enquanto as demais permanecem no estado vegetativo. passa a florescer. 196 – C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 197 MÓDULO 20 Hormônios Vegetais: Giberelinas, Etileno, Citocininas e Ácido Abscísico GIBERELINAS São hormônios vegetais descobertos no Japão, em 1930. Cientistas japoneses estudaram plantas de arroz que se apresentavam muito alongadas quando sofriam infecções por fungos do gênero Giberella. Conseguiram extrair desses fungos uma substância ativa no crescimento, que foi chamada ácido giberélico. Após esses estudos iniciais, outras substâncias semelhantes ao ácido giberélico foram descobertas. Hoje são conhecidas cerca de 20 substâncias genericamente denominadas giberelinas. As giberelinas foram descobertas também nos vegetais, e é possível que todas as plantas tenham capacidade de produzir esses hormônios. nas aceleram a distensão celular. A aplicação artificial de giberelinas em frutos jovens pode provocar um acentuado aumento no tamanho. Quando se aplicam giberelinas em flores não fecundadas, podemos provocar a partenocarpia, isto é, o desenvolvimento do ovário para a formação de frutos sem sementes. A diferença entre PO e PT constitui o DPD, que é a sucção da célula. À medida que o DPD aumenta, cresce a absorção de água e, consequentemente, a célula aumenta de tamanho. As giberelinas, diminuindo a resistência da parede celulósica, facilitam a entrada de água. • Semente As giberelinas são capazes de quebrar o estado de dormência das sementes, provocando a germinação. • Floração As giberelinas induzem a floração de plantas acaules, cujas folhas estão dispostas em roseta. Essas plantas, para florescer, requerem um tratamento sob baixas temperaturas durante um certo tempo ou então um tratamento com dias longos (veja fotoperiodismo). Foi observado que na época da floração esses vegetais apresentam um aumento no teor de giberelinas. Consequentemente, a produção de giberelinas intensificaria as divisões celulares que levariam à formação do eixo floral. De fato, a aplicação artificial de giberelinas nessas plantas provoca uma rápida floração. • Caule As giberelinas provocam um rápido alongamento das células do caule. Foi observado que as plantas geneticamente anãs são muito mais sen❑ Produção As giberelinas são produzidas pe- síveis ao tratamento com giberelinas do que as plantas de tamanho normal. lo vegetal: Baseando-se nesses fatos, chegou-se – nas folhas jovens; – nos embriões de sementes jo- à conclusão de que as plantas geneticamente anãs eram incapazes vens; de produzir giberelinas. – nos frutos; – nas sementes em germinação • Folha etc. Como acontece no caule, as células das folhas sofrem um acentuado ❑ Transporte Ao contrário das auxinas, as gibe- alongamento quando tratadas com relinas são transportadas sem polari- giberelinas. Esse recurso pode ser usado em zação (apolar) para as demais partes ETILENO horticultura para obtenção de plantas do vegetal. com folhas maiores e mais largas. O gás etileno (H2C = CH2) é um produto do metabolismo das células ❑ Ação vegetais e é considerado atualmente As giberelinas são hormônios que • Fruto agem diretamente na parede celulósica, Também nesse caso as gibereli- um hormônio vegetal. diminuindo a sua resistência e facilitando a absorção de água. À medida que a célula ganha água, ocorre distensão da parede celulósica e, consequentemente, o crescimento celular. As figuras a seguir ilustram o fenômeno. As plantas crescem graças ao aumento no tamanho das células. Uma única célula (I) se alonga para P.O. representa a água que é sugada na célula por osmose. dar origem a outra maior (II). P.T. é a água forçada a sair pela pressão da parede celulósica. – 197 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 198 ❑ Ação do etileno (H2C = CH2) O gás etileno é capaz de provocar a maturação dos frutos. Foi observado que a maturação de um fruto está relacionada com a respiração. O processo respiratório aumenta muito durante a maturação para depois sofrer um acentuado declínio, na medida em que os tecidos entram em decomposição. Esse fenômeno é o climatério. Após o climatério, o fruto inicia o processo de maturação. Assim, os inibidores da respiração – baixa temperatura, concentrações altas de CO2 – são capazes de inibir a maturação. Mas a aplicação de etileno é capaz de acelerar o processo. Sabemos hoje que o gás etileno é produzido no fruto um pouco antes do climatério e provavelmente desencadeia o processo de maturação. A sua produção aumenta muito durante o climatério. Em algumas plantas, o etileno é capaz de provocar o início da floração, como, por exemplo, no abacaxi. O etileno é capaz de provocar a abscisão das folhas e o aparecimento do gancho apical no estiolamento. CITOCININAS São substâncias capazes de regular as divisões celulares dos vegetais. ❑ Cinetina Essa substância não ocorre naturalmente nos vegetais. A cinetina, aplicada juntamente com auxinas, age numa série de fenômenos: a) Ativa as divisões celulares em cultura de tecidos vegetais, provocando o aparecimento de calos. 198 – b) A diferenciação dos tecidos na cultura depende das concentrações de cinetina/auxina. Assim: Cinetina > auxina ⇒ formação de gemas Cinetina = auxina ⇒ formação de calos Cinetina < auxina ⇒ formação de raízes c) Observou-se também a atividade dessas substâncias em gemas laterais. A quebra da dormência em gemas depende da relação citocinina/auxina. Assim: Auxina > citocinina ⇒ a gema lateral permanece dormente. Auxina < citocinina ⇒ a gema lateral inicia o seu desenvolvimento. d) Muitas plantas, quando cortadas, mostram nas suas folhas um rápido decréscimo do conteúdo proteico e o consequente aumento no teor de nitrogênio solúvel. Observou-se que a aplicação de citocininas nas folhas dessas plantas resultava numa permanência maior da cor verde e da quantidade de proteínas. Dessa maneira, as citocininas são capazes de provocar um efeito anti-senescente. Elas seriam capazes de manter a síntese de ácidos nucleicos e de proteínas, durante um certo tempo. ❑ Zeatina Essa citocinina ocorre naturalmente nos vegetais, tendo sido extraída do milho. É produzida na ponta da raiz e transportada para o caule e as folhas através do xilema. AÇÃO DAS CITOCININAS ❑ Nas folhas Regulam o metabolismo e a senescência. ❑ Nos frutos e sementes jovens Estimulam a divisão celular e o crescimento. ÁCIDO ABSCÍSICO Em climas temperados, as estações do ano são nitidamente distintas. Nos períodos favoráveis (primavera e verão), as gemas das plantas estão em intensa atividade, dividindo constantemente as células e promovendo o crescimento vegetal. No período desfavorável (inverno ou um período de seca), as gemas devem permanecer dormentes e protegidas para suportarem, vivas, tais períodos. Foi observado que, antes do período desfavorável, a planta produz um hormônio, denominado ácido abscísico (dormina), responsável pela dormência das gemas do caule. ❑ Fitoalexinas São produzidas pelas células das plantas em resposta a uma infecção provocada por fungos. Trata-se de substâncias fungitóxicas. ❑ Vitaminas Nos vegetais, podem ser consideradas como hormônios. São de importância as vitaminas do complexo B. A tiamina (vit. B1), a pirodoxina (vit. B6) e o ácido nicotínico são produzidos nas folhas e chegam às raízes, onde agem no seu desenvolvimento normal. A ribofavina (vit. B2) parece estar relacionada com a inativação do AIA. C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 199 MÓDULO 21 Movimentos dos Vegetais 1. MOVIMENTOS DOS VEGETAIS do transporte lateral das auxinas quando ocorrer estímulo unilateral nos órgãos vegetais. Os movimentos dos vegetais podem ser classificados em dois tipos: – movimentos de curvatura (crescimento); – movimentos de locomoção (deslocamento). Os movimentos de crescimento são, por sua vez, divididos em dois tipos: a) tropismos; b) nastismos ou nastia. 2. FOTOTROPISMO ❑ Tropismos São fenômenos de crescimento ou de curvatura orientados em relação a um agente excitante; isto é, a curvatura depende da direção de onde vem o agente excitante. Conforme a natureza desse agente, os tropismos são classificados em a) fototropismo (luz); b) geotropismo (gravidade); c) quimiotropismo (substâncias químicas); d) tigmotropismo (contato). São de especial interesse o fototropismo e geotropismo. Podem-se explicar os fenômenos trópicos baseando-se fundamentalmente em dois fatores: • o excitante deve incidir unilateralmente; • as auxinas devem sofrer uma redistribuição, isto é, distribuir-se desigualmente nos dois lados do órgão excitado unilateralmente. A distribuição desigual poderia ser explicada por a) transporte lateral das auxinas; b) produção desigual das auxinas no ápice; c) destruição desigual das auxinas. Atualmente, a tendência é a de se aceitar como verdadeira a hipótese É possível que sejam esses os pigmentos responsáveis pela absorção de luz no fototropismo. 3. GEOTROPISMO Movimento de curvatura orientado em relação à luz. O caule e os coleóptilos apresentam fototropismo positivo (curva em direção à luz). A raiz apresenta fototropismo negativo (curva em direção oposta à luz). As folhas são plagiofototrópicas ou diafototrópicas (formam um ângulo reto em relação ao raio da Terra). A experiência abaixo ilustra o fenômeno. Explicação A luz provoca uma redistribuição das auxinas, que se concentram no lado escuro. Caule: o lado escuro apresenta maior concentração de auxinas e o crescimento fica acelerado. Raiz: o lado escuro apresenta maior concentração de auxinas e o crescimento fica inibido. É claro que a luz, para agir no fenômeno, tem de ser absorvida. Para tanto, devem existir pigmentos relacionados com a absorção de luz. Foi observado que as radiações eficientes nos fenômenos fototrópicos estão no início do espectro luminoso visível (violeta, anil e azul). Os pigmentos que apresentam intensa absorção nessa faixa são os carotenos e as riboflavinas. Crescimento orientado em relação à força da gravidade. • Caule e coleóptilos: apresentam geotropismo negativo (crescimento em sentido oposto à gravidade). • Raízes: apresentam geotropismo positivo (crescem no mesmo sentido da gravidade). • Folhas: apresentam plagiogeotropismo ou diageotropismo. A experiência abaixo ilustra o fenômeno. Explicação • Raiz: quando se coloca uma raiz na horizontal, ela cresce acentuadamente no lado superior, curva-se e penetra no solo. Tal fato ainda se baseia na ação do AIA, que se desloca lateralmente, indo concentrar-se no lado inferior da raiz. A concentração elevada de AIA nessa região inibe o crescimento, enquanto o lado oposto fica com o crescimento acelerado. • Caule: o caule colocado horizontalmente sobre o solo cresce acentuadamente no lado inferior, curva-se e afasta-se do solo. Também nesse caso, o AIA, por ação da força da gravidade, desloca-se do lado superior para o inferior, aí se concentrando. Em consequência, essa região tem crescimento acelerado. – 199 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 200 4. TIGMOTROPISMO Movimento de curvatura em resposta a um estímulo mecânico (contato). O fenômeno pode ser observado no movimento de enrolamento de gavinhas em um suporte. As gavinhas são órgãos dorsiventrais. Quando se estimula uma gavinha no lado inferior, ocorre uma reação que determina uma diminuição no alongamento celular, enquanto o lado oposto dorsal tem o alongamento acelerado. Dessa maneira, ocorre o enrolamento. Exemplos de nastismos: • Fotonastismo: há flores que se abrem quando iluminadas, fazendo as pétalas um movimento de curvatura para a base da corola. A direção dos raios luminosos não influencia a direção da reação. Esta é sempre orientada para a base da flor. Há outras flores que fazem o movimento contrário, abrindo-se durante a noite. Essas flores, quando iluminadas, fecham a corola. • Tigmonastismo: observa-se, por exemplo, nos tentáculos das folhas de Drosera. Estes, irritados por um inseto, sempre se dobram para o interior da folha. Folha de Dionaea capturando uma libélula (inseto). Em caso de elevação da folha, ocorre o inverso. O fenômeno é conhecido por seismonastia. Drosera com tentáculos. 5. QUIMIOTROPISMO • Quimionastismo: também observa-se na Drosera quando os tenSão fenômenos de crescimento táculos se curvam, orientados por orientados em relação a uma substân- substâncias químicas emanadas do cia química, mas ainda não estão inseto. muito esclarecidos. Podemos citar como exemplos: • Nictinastismo: movimento a) crescimento do tubo polínico complexo que depende da excitação das angiospermas à procura do óvulo; exterior (alternância de luz e obscub) crescimento das hifas vegetati- ridade, calor e frio) e também de fatovas dos fungos em direção ao ali- res internos; tal fato é verificado em mento. muitas leguminosas que, à noite, fecham os seus folíolos. ❑ Nastismos Nas mimosas (sensitivas) um abaSão movimentos de curvatura não lo promove uma reação rápida de feorientados em relação ao agente chamento dos folíolos. Os folíolos excitante, isto é, não dependem da aparecem com articulações (espesdireção de onde vem o excitante, mas samentos) ricas com um parênquima sim da simetria interna do órgão que aquoso. Quando uma folha se abaixa, reage. as células das regiões superiores desOs nastismos só ocorrem em ór- se parênquima aumentam a sua turgãos dorsiventrais. gescência. 200 – Folhas de Dionaea. ❑ Tactismos Movimentos de deslocamento de seres vivos. São orientados em relação ao excitante e podem ser positivos ou negativos. Exemplos de tactismos: • Quimiotactismo: movimento de deslocamento em relação a substâncias químicas. Exemplo: deslocamento de anterozoides à procura do órgão feminino (arquegônio). • Aerotactismo: quando o elemento químico é o oxigênio. Exemplo: bactérias aerotácteis. C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 201 MÓDULO 22 1. CONCEITO DE ECOLOGIA Conceitos Ecológicos, Cadeias e Teias Alimentares 3. O CONCEITO DE ECOSSISTEMA A palavra ecologia foi criada em 1869 pelo biólogo alemão Ernest Haeckel, e deriva de duas palavras gregas: oikos, que significa casa e, num sentido mais amplo, ambiente, e logos, que quer dizer ciência ou estudo. Assim, ecologia significa ciência do ambiente ou, numa definição mais completa, a ciência que estuda as relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem. Também pode ser definida como a ciência que estuda os ecossistemas. Ecologia é a ciência que estuda os ecossistemas. Podemos definir ecossistema como um conjunto formado por um ambiente físico (solo, ar, água) e pelos seres vivos que o habitam. No ecossistema, consideramos dois componentes: um físico ou abiótico, a que chamamos de biótopo, e outro vivo ou biótico, que ocupa o primeiro, chamado de biocenose ou comunidade. 2. NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO + biocenose Os seres vivos podem ser subdivididos, de maneira quase arbitrária, em unidades estruturais caracterizáveis especificamente, segundo os níveis de organização. Das unidades mais simples até as mais complexas, temos: macromoléculas → células → tecidos → órgãos → sistemas (= aparelhos) → indivíduos → populações → comunidades → ecossistemas → biosfera. Em ecologia são analisados especificamente os níveis: populações, comunidades, ecossistemas e biosfera. ❑ População É o conjunto de indivíduos da mesma espécie vivendo juntos no mesmo espaço e na mesma unidade de tempo. ❑ Comunidade É o conjunto de populações interdependentes, no tempo e no espaço. ❑ Ecossistema É o conjunto formado pela comunidade e pelo ambiente físico que ela habita. ❑ Biosfera É o conjunto dos ecossistemas da Terra. Ecossistema = biótopo + ❑ Hábitat O termo hábitat indica o lugar onde o organismo vive. ❑ Nicho ecológico O nicho ecológico define o papel que o organismo desempenha no ecossistema. A partir do conhecimento do nicho ecológico, sabe-se o que a espécie come, por quem é comida e como se reproduz. 4. EQUILÍBRIO ECOLÓGICO Os ecossistemas são sistemas equilibrados. Assim, por exemplo, um ecossistema consome certa quantidade de gás carbônico e água, enquanto produz um determinado volume de oxigênio e alimento. Qualquer mudança na entrada ou na saída desses elementos desequilibra o sistema, alterando a produção de alimento e oxigênio. Cada espécie viva tem o seu papel no funcionamento do ecossistema a que pertence. Por exemplo: quase todo vegetal que se reproduz por meio de flores necessita de alguma espécie de inseto para a polinização. O extermínio de tal inseto também provocará a extinção da espécie vegetal. 5. A DIVISÃO DA ECOLOGIA Distinguimos em ecologia três grandes subdivisões: a autoecologia, a demoecologia e sinecologia. ❑ Auto-ecologia Estuda as relações de uma única espécie com o ambiente. ❑ Demoecologia Estuda a dinâmica das populações, descrevendo as variações quantitativas das espécies, bem como a causa de tais variações. ❑ Sinecologia Estuda as correlações entre as espécies e as relações destas com o meio ambiente. 6. RELAÇÕES TRÓFICAS EM UMA COMUNIDADE Comunidade é o conjunto de populações interdependentes no tempo e no espaço. A interdependência observada deriva das relações tróficas entre as populações que a constituem, relações evidenciadas por meio das cadeias alimentares. ❑ Cadeia alimentar Cadeia alimentar, ou cadeia trófica, é uma sequência de seres vivos na qual uns comem aqueles que os antecedem na cadeia, antes de serem comidos por aqueles que os seguem. A cadeia mostra a transferência de matéria e energia através de uma série de organismos. Esquema geral de uma cadeia alimentar. – 201 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 202 ❑ vendo os elementos químicos ao ambiente. Níveis tróficos Na cadeia alimentar, distinguem-se os seguintes níveis tróficos ou alimentares: 7. PRODUTORES São os vegetais autótrofos ou clorofilados que, por meio da fotossíntese, fixam a energia luminosa, utilizam substâncias inorgânicas simples (água e gás carbônico) e edificam substâncias orgânicas complexas (glicose, amido). No meio terrestre, os principais produtores são os fanerógamos (vegetais com flores); no meio aquático marinho, principalmente as algas microscópicas; na água doce, as algas e os fanerógamos. 8. CONSUMIDORES PRIMÁRIOS OU DE PRIMEIRA ORDEM São os organismos que comem os produtores, sendo heterótrofos e geralmente herbívoros. Também são consumidores primários os parasitas de vegetais. No meio terrestre, temos os herbívoros, principalmente insetos, roedores e ungulados. 9. CONSUMIDORES SECUNDÁRIOS OU DE SEGUNDA ORDEM Vivem às expensas dos herbívoros, sendo representados por carnívoros. Acham-se nos mais variados grupos. 10. CONSUMIDORES TERCIÁRIOS OU DE TERCEIRA ORDEM São os carnívoros maiores que se alimentam de carnívoros menores, como é o caso de um gavião que come uma cobra. De maneira idêntica, poderíamos definir consumidores de quarta ordem, quinta ordem etc. Normalmente, devido ao desperdício de energia, como veremos adiante, as cadeias alimentares não ultrapassam 5 ou 6 níveis. 202 – Exemplos de cadeias alimentares. 11. DECOMPOSITORES Finalizando a cadeia trófica, aparecem os decompositores, também chamados biorredutores ou saprófitas, micro-organismos representados por bactérias e fungos. Tais organismos atacam os cadáveres e os excrementos, decompondo-os. São muito importantes, visto que realizam o reaproveitamento da matéria, devol- 12. TEIAS ALIMENTARES Em um ecossistema, as cadeias alimentares interagem, formando redes alimentares. Na teia, representamos o máximo de relações tróficas existentes entre os diversos seres vivos do ecossistema. Na teia, observamos que um animal, por exemplo, pode pertencer a níveis tróficos diferentes. É o caso dos omnívoros, que consomem simultaneamente animais e vegetais; e dos carnívoros, que atacam variadas presas. Como observamos, a seguir, a rede ou teia alimentar resulta do entrelaçamento das cadeias alimentares. C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:27 Page 203 MÓDULO 23 1. NECESSIDADES ENERGÉTICAS Todo ser vivo necessita de energia, que é utilizada para 1. construção do organismo; 2. realização de suas atividades (manutenção de temperatura, reações químicas etc.). Os seres vivos são constituídos por moléculas orgânicas, ou seja, macromoléculas, formadas por extensas cadeias de carbono. Quanto maior for a molécula, maior será a quantidade de energia nela armazenada e disponível para as necessidades metabólicas do ser vivo. Fluxo de Energia e Pirâmides Ecológicas No capítulo anterior verificamos que, através da fotossíntese, as plantas verdes captam a energia luminosa do sol, transformando-a em energia química, contida em compostos orgânicos, produzida pelos vegetais fotossintéticos por unidade de área e tempo, é o que se denomina produtividade primária bruta. ❑ Produtividade Primária Líquida (PPL) É a produtividade primária bruta menos a quantidade de energia consumida pelo vegetal na respiração (R). PPL = PPB – R 2. A PRODUTIVIDADE NA CADEIA ALIMENTAR ❑ Produtividade Primária Bruta (PPB) Como sabemos, toda a energia utilizada pelos seres vivos vem da luz solar. ❑ Produtividade Secundária Bruta (PSB) É a quantidade de energia obtida pelos consumidores primários ao comerem os produtores. ❑ Produtividade Secundária Líquida (PSL) Trata-se da produtividade secundária bruta menos a energia dispendida na respiração dos consumidores. PSL = PSB – R ❑ Produtividade Terciária Bruta (PTB) É a quantidade de energia obtida pelos consumidores secundários ao comerem os produtores. ❑ Produtividade Terciária Líquida (PTL) É a produtividade terciária bruta menos a energia consumida na respiração dos carnívoros. 3. DIAGRAMA DO FLUXO DE ENERGIA No diagrama, as caixas representam os elos da cadeia alimentar, R re- Diagrama do fluxo de energia. – 203 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:28 Page 204 Existem três tipos de pirâmides: pirâmide de números, pirâmide de biomassa e pirâmide de energia. presenta a energia perdida na respiração e eliminada sob a forma de calor, e NA, a energia que não é absorvida na passagem de um nível ao outro. Somente uma parte da luz total (LT) recebida pela planta é absorvida pela clorofila. Uma parte da energia absorvida é eliminada na forma de calor, além da perda correspondente à respiração. 4. CARACTERÍSTICAS DO FLUXO ENERGÉTICO 1. O sol é a fonte de energia para os seres vivos. 2. A maior quantidade de energia está nos produtores. 3. À medida que nos afastamos do produtor, o nível energético vai diminuindo. 4. A energia que sai dos seres vivos não é reaproveitada. 5. O fluxo energético é unidirecional. 204 – ❑ 5. PIRÂMIDES ECOLÓGICAS Pirâmides ecológicas são representações gráficas das cadeias alimentares. A seguinte pirâmide é constituída por uma série de degraus ou retângulos superpostos, representando os diversos níveis tróficos da cadeia. Pirâmide de números A pirâmide de números é edificada com a superposição de retângulos horizontais da mesma altura, sendo o comprimento proporcional ao número de indivíduos existentes em cada nível trófico. Na típica pirâmide de números, o número de indivíduos diminui a cada nível trófico. São necessários vários produtores para alimentar um pequeno número de herbívoros, que, por sua vez, servirão de alimento a um número menor de carnívoros. A forma de uma pirâmide de números pode ser muito variada. Assim, uma árvore pode ser o produtor que nutre numerosos insetos, que servem C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 10/03/14 10:46 Page 205 de alimento a algumas aves. Neste caso, tem-se a pirâmide esquematizada na figura a seguir. Uma pirâmide invertida pode ocorrer quando uma planta é parasitada por pulgões, que, por sua vez, são parasitados por protozoários. A pirâmide de números não tem muito valor descritivo, porque dá igual importância aos diversos indivíduos, sem considerar o tamanho e o peso. ❑ Pirâmide de biomassa Nesta pirâmide é indicada, em cada nível trófico, a biomassa dos organismos correspondentes. Por biomassa entendemos a massa orgânica do ecossistema. Geralmente, a pirâmide de biomassa apresenta o vértice voltado para cima. A pirâmide de biomassa é melhor que a de números, por indicar, para cada nível trófico, a quantidade de matéria viva presente. Contudo, tal pirâmide atribui a mesma importância aos diversos tecidos, embora tenham valores energéticos diferentes. Não se leva em conta o fator tempo, uma vez que as biomassas podem ter sido acumuladas em alguns dias, como é o caso do fitoplâncton, ou em centenas de anos, como ocorre em uma floresta. ❑ Porém, há exceções encontradas em ecossistemas marinhos, nos quais o fitoplâncton possui uma biomassa inferior à do zooplâncton, mas com uma velocidade de renovação (reprodução) muito rápida. O fluxo unidirecional da energia e o fluxo cíclico da matéria. Pirâmide de energia A melhor representação da cadeia alimentar é a pirâmide de energia, em que cada nível trófico é representado por um retângulo, cujo comprimento é proporcional à quantidade de energia acumulada no nível. Tal pirâmide apresenta sempre o vértice para cima. Fig. 2 – Fluxos da matéria e energia. – 205 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 13/02/14 22:24 Page 206 MÓDULO 24 Ciclos Biogeoquímicos: H2O, CO2 e O2 1. O CICLO DA ÁGUA ❑ Importância A água é a substância mais abundante na constituição da célula, sendo vital para a atividade metabólica. Não existe vida na ausência de água. ❑ O ciclo curto ou geoquímico Na Terra, os maiores depósitos de água são os oceanos. Sofrendo evaporação constante, a água dos oceanos passa à atmosfera na forma de vapor. Ali se condensa e constitui as nuvens, voltando para a superfície da Terra por meio de precipitação, na forma de chuva, neve, granizo etc. A água, assim precipitada, acaba formando nascentes e rios, retornando, por fim, aos oceanos. O padrão escrito representa o ciclo curto da água. ❑ O ciclo longo ou biogeoquímico No ciclo biogeoquímico, os vegetais e animais entram no ciclo da água em vários pontos. A água existente no solo é absorvida pelas raízes dos vegetais; a seguir, através do caule, atinge as fo- lhas. Ali, uma pequena parte (1%) é usada na fotossíntese. A maior parte da água é eliminada através de três fenômenos: respiração, transpiração e gutação, que devolvem o precioso líquido para a atmosfera. Grande parte sai das folhas durante o processo de transpiração, retornando à atmosfera. Damos o nome de evapotranspiração ao conjunto de dois fenômenos: água evaporada do solo e a eliminada na transpiração vegetal. Os animais ingerem água diretamente do meio (rios, lagos etc.), ou, então, comendo os vegetais. Essa água pode voltar ao ambiente por respiração, transpiração, excreção e egestão. Salienta-se, ainda, que a água contida nos tecidos vegetais e animais volta ao ambiente, quando eles morrem, pela ação dos decompositores. O ciclo da água. 206 – C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:28 Page 207 2. O CICLO DO CARBONO O ciclo do carbono. – 207 C3_Teoria_3aS_Biologia_SOROCABA_Tony_2014 12/02/14 15:28 Page 208 ❑ Importância Quase todos os compostos envolvidos na estrutura celular e na atividade metabólica são orgânicos e, portanto, apresentam carbono na sua constituição. A reciclagem desse elemento é fundamental para a manutenção da vida. ❑ O carbono nos vegetais O CO2 atmosférico ou dissolvido na água é absorvido pelos vegetais e, através da fotossíntese, usado para a formação de compostos orgâ-nicos. O carbono das plantas pode seguir três caminhos: 1. por meio da respiração é devolvido ao ambiente na forma de CO2; 2. passa para os animais herbívoros e, depois, para os carnívoros; 3. com a morte e a decomposição, volta na forma de CO2. ❑ O carbono nos animais O carbono dos animais, como nos vegetais, pode seguir três caminhos: 1. por meio da respiração é devolvido como CO2; 2. passa para outros animais através da nutrição; 3. volta ao estado de CO2, com a morte e a decomposição. ❑ A fotossíntese O material vegetal pode ser depositado nos fundos de lagos e mares, em camadas compactas recobertas por lama e sujeitas a grandes pressões. É desse modo que os resíduos podem originar os combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo. Aprisionado por longo tempo, o carbono, existente no carvão e no petróleo, é devolvido à atmosfera como CO2 por combustão. 3. O CICLO DO OXIGÊNIO ❑ Importância O oxigênio é fundamental para a vida na Terra, por atuar no processo de respiração aeróbica, que ocorre na maioria dos organismos. ❑ A produção de oxigênio Todo o oxigênio existente na atmosfera é produzido pela fotossíntese. Sabemos que na fase inicial desse processo ocorre a fotólise da água, ou seja, a decomposição dela em H2 e O2, que são liberados na atmosfera. Os seres vivos fixam o O2 durante a respiração. Em síntese, o ciclo do oxigênio constitui uma alternância entre a fotossíntese e a respiração. O ciclo do carbono. 208 – O ciclo do oxigênio.