A Artigo Original Estado nutricional e avaliação do perfil lipídico em mulheres com câncer de mama Estado nutricional e avaliação do perfil lipídico em mulheres com câncer de mama Nutritional status and evaluation of lipid profile in women with breast cancer Ayla Patrícia Soares do Nascimento1 Betânia e Silva de Almendra Freitas2 Dilina do Nascimento Marreiro3 Camila Guedes Borges de Araújo4 Ana Karoline da Silva Brito5 Unitermos: Neoplasias de mama. Pré-menopausa. Lipídeos. Estado nutricional. Keywords: Breast neoplasms. Premenopause. Lipids. Nutritional status. Endereço para correspondência: Ayla Patricia Soares do Nascimento Quadra 188, Casa 8 – Dirceu Arcoverde II – Teresina, PI, Brasil – CEP 64078-100 E-mail: [email protected] Submissão: 3 de novembro de 2015 Aceito para publicação: 12 de fevereiro de 2016 1. 2. 3. 4. 5. RESUMO Introdução: O câncer de mama caracteriza-se pela multiplicação e propagação anormal das células do tecido mamário, consequente ao acúmulo progressivo de mutações no ácido desoxirribonucleico (DNA). Objetivo: O estudo objetivou a avaliação do estado nutricional e perfil lipídico em mulheres com câncer de mama. Método: Estudo tipo transversal de abordagem quantitativa, que englobou 26 mulheres pré-menopausadas com idade entre 25-50 anos. As participantes foram recrutadas no Setor de Mastologia da Clínica Ginecológica do Hospital Getúlio Vargas (HGV)-Teresina/PI, no período de maio a fevereiro de 2013. Avaliação antropométrica e aferição do perfil lipídico foram realizadas. Resultados: Não houve associação significativa entre as variáveis antropométricas e o desfecho câncer de mama, no entanto, os valores médios de índice de massa corpórea e circunferência da cintura do grupo experimental apontaram para excesso de peso e elevado risco de complicações metabólicas, o que potencializa o risco de câncer de mama. Conclusões: A avaliação do perfil lipídico realizado neste estudo demonstrou associação com o câncer de mama. ABSTRACT Introduction: Breast cancer is characterized by the multiplication and spread of abnormal cells in the breast tissue, consequent to the progressive accumulation of mutations in the deoxyribonucleic acid (DNA). Objective: The study aimed to evaluate of the nutritional status and the lipid profile in women with breast cancer. Methods: Cross-sectional study with a quantitative approach, which included 26 premenopausal women aged between 25-50 years. Participants were recruited in the Mastology department of the Hospital of Gynecology Clinic Getúlio Vargas (HGV) -Teresina /PI, from May to February 2013. It was conducted anthropometric assessment and evaluation of the lipid profile. Results: There was no significant association between the anthropometric variables and breast cancer outcome, however, the average values of body mass index and circumference of waist experimental group pointed to overweight and increased risk of metabolic complications, which enhances the risk of breast cancer. Conclusions: The evaluation of the lipid profile in the present study showed an association with breast cancer. Nutricionista, Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil. Professora, Mestre, Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil. Professora Doutora, Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil. Mestre em Ciências e Saúde, Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil. Nutricionista, residente multiprofissional em saúde, Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI, Brasil. Rev Bras Nutr Clin 2016; 31 (1): 49-54 49 Nascimento APS et al. INTRODUÇÃO assim, qualquer alteração no perfil lipídico plasmático pode aumentar o estado de risco no câncer de mama e sua medida pode ser útil na avaliação da importância do prognóstico e diagnóstico da doença7. A neoplasia maligna da mama é uma das principais causas de morbidade e mortalidade na vida das mulheres. Nos últimos anos, tem havido enormes avanços e desenvolvimentos no conhecimento do mecanismo e os fatores envolvidos na carcinogênese mamária1. Pelo fato de a gordura ser estrogênica, a obesidade é considerada um fator de risco para o desenvolvimento da neoplasia maligna da mama, já que no tecido adiposo é encontrada grande quantidade de esteroides. Alguns estudiosos propõem que o aumento da gordura corporal é proporcional a uma maior biodisponibilidade de hormônios estrógenos circulantes, o qual estaria diretamente relacionado ao desenvolvimento ou progressão da doença8. No Brasil, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas, provavelmente porque a doença ainda é diagnosticada em estágios avançados. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima 27 milhões de casos incidentes de câncer, 17 milhões de mortes por câncer e 75 milhões de pessoas vivas, anualmente, com câncer, no ano de 2030 em países de baixa e média renda2. Com base no explanado acima, o estudo objetivou a avaliação do estado nutricional e perfil lipídico em mulheres com câncer de mama. O câncer de mama caracteriza-se pela multiplicação e propagação anormal das células do tecido mamário, consequente ao acúmulo progressivo de mutações no ácido desoxirribonucleico (DNA). É uma doença crônica com causas endógenas e ambientais, em que a susceptibilidade genética interage com fatores sociodemográficos, reprodutivos, nutricionais e outros fatores de risco relacionados ao estilo de vida3. MÉTODO Protocolo do estudo É um estudo tipo transversal com controles de abordagem quantitativa, que englobou 26 mulheres pré-menopausadas, em que 13 eram portadoras de neoplasia mamária e 13 eram saudáveis. As participantes foram recrutadas no Setor de Mastologia da Clínica Ginecológica do Hospital Getúlio Vargas (HGV)-Teresina/PI, no período de agosto de 2013 a janeiro de 2014. Dentre os fatores de risco, podemos destacar a idade; o histórico familiar, em que mulheres com um parente de primeiro grau acometido pela neoplasia mamária possuem o dobro de risco de desenvolvê-la; o grupo étnico, sendo que a maior incidência é entre as mulheres caucasianas, enquanto que em mulheres negras há uma maior tendência às neoplasias mais agressivas; a paridade, pois mulheres que apresentam múltiplas gestações são menos acometidas; a amamentação; a exposição hormonal, já que mulheres com menarca mais jovens são mais susceptíveis, assim também como o uso de contraceptivos e terapia de reposição hormonal; e, por fim, a obesidade, principalmente após a menopausa, em que o tecido adiposo pode produzir estrógeno devido à parada de produção pelos ovários4. População e amostra A população do estudo envolveu mulheres voluntárias, com e sem diagnóstico para câncer de mama, as quais foram distribuídas em 2 grupos: experimental (com câncer de mama, n=13) e controle (sem câncer de mama, n=13). Foram excluídas as pacientes com faixa etária menor que 20 anos e superior a 50 anos, em tratamento quimioterápico ou suplementação de vitaminas/minerais ou uso de estatinas (hipolipemiantes) e que apresentassem outra doença metabólica crônica ou degenerativa, como doença crônica renal, AIDS, diabetes mellitus 2 e pacientes do sexo masculino. Foi considerada uma margem de erro de 5%, e nível de confiança de 95%. A prevenção primária do câncer de mama ainda não é totalmente possível devido à variação dos fatores de risco e das características genéticas que estão envolvidas na sua etiologia, porém a melhor forma de prevenção é a amamentação, que é um fator de proteção tanto na pré-menopausa quanto na pós-menopausa, a adoção de hábitos de vida saudáveis com a prática regular de atividade física, a manutenção de peso corporal adequado ao longo da vida e o consumo moderado ou ausente de álcool5. Análise de dados Foi avaliado o perfil sociodemográfico das pacientes, sendo inquirida a idade de menarca das pacientes. De acordo com Instituto Nacional do Câncer (INCA)6, a obesidade também é considerada um importante fator prognóstico negativo para a sobrevida de mulheres com câncer de mama e tem sido relacionada com a progressão ou recidiva da doença. Em relação ao índice de massa corporal (IMC), na presença de um IMC aumentado, o perfil lipídico parece influenciar no desenvolvimento do câncer de mama; O estado nutricional foi avaliado a partir do peso e altura e classificado a partir da avaliação do IMC adequado para mulheres adultas. Também foi realizada a aferição da circunferência da cintura (CC) para a avaliação de risco de complicações metabólicas. Rev Bras Nutr Clin 2016; 31 (1): 49-54 50 Estado nutricional e avaliação do perfil lipídico em mulheres com câncer de mama As análises bioquímicas incluíram a coleta de amostras de 4 mL de sangue no período da manhã, 7:30 às 9:00 horas, estando as pacientes com, no mínimo, 12 horas de jejum para as determinações dos parâmetros do perfil lipídico. Foi constatado que 46,15% das mulheres de ambos os grupos alcançaram valores de IMC compatíveis com a normalidade e a maior parte das pacientes encontrava-se com excesso de peso, sendo 38,46% indicando sobrepeso e 15,38% obesidade grau I, em ambos os grupos. Não foi encontrada diferença estatística significativa entre os dois grupos quanto ao estado nutricional. Tratamento estatístico dos dados As variáveis quantitativas foram expostas em média e desvio padrão. Os dados foram analisados no programa SPSS, versão 14. A análise descritiva da população do estudo e a análise comparativa das variáveis foram realizadas aplicando-se o teste t Student e as frequências foram comparadas entre os grupos por meio do teste qui-quadrado de Pearson. Foi considerado o valor de P<0,05 como significância estatística. De acordo com a Figura 2, constatou-se que 38,46% das pacientes do grupo experimental apresentaram um risco aumentado para complicações metabólicas, e 23,08%, risco substancialmente aumentado para tais complicações. Não foi encontrada diferença estatística significativa entre os dois grupos quanto ao risco de complicações metabólicas. A Tabela 2 demonstra os valores para colesterol total (CT), LDL-colesterol (LDL-C) e triglicerídeos (TG), respectivamente, para o grupo experimental e para o grupo controle. As concentrações médias de colesterol total de ambos os grupos apresentaram-se dentro dos valores recomendados (<200 mg/dL); já em relação ao LDL-C, tanto o grupo experimental quanto o controle apresentaram concentração média superior ao limite desejável (>100 mg/dL), as concentrações séricas médias de TG foram significativamente maiores no grupo experimental (125,23±79,29 mg/dL) do que no controle (105,62 ± 46,84 mg/dL), o que parece sugerir uma associação entre o perfil lipídico alterado e o câncer de mama. Protocolos éticos O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, de acordo com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sob o número 5861213.2.0000.5214 do Certificado de Apresentação para Apreciação Ética. RESULTADOS Os resultados apontaram para idade média de portadoras de câncer de mama de 38,69±7,58 anos e média de idade da menarca de 13,38±1,76 anos e das mulheres saudáveis de 37,23±6,53 anos, e menarca de 13,08±1,80 anos e não houve diferença significativa entres as médias. Tabela 1 – Idade, tempo de HD e características antropométricas dos pacientes estudados, RS, 2014. Os resultados referentes aos parâmetros antropométricos utilizados na avaliação do estado nutricional encontram-se na Tabela 1. Não foram encontradas diferenças significativas em relação aos parâmetros antropométricos (P>0,05). Grupo experimental (n= 13) Média ±DP Grupo controle (n= 13) Média ±DP 61,36±9,55 65,94±10,34 Altura (cm) 155,15±0,06 158,92±0,08 IMC (kg/m ) 25,58±4,29 26,23±4,48 CC (cm) 81,79±11,10 85,58±10,13 Parâmetros Os valores médios de IMC e de CC de ambos os grupos sugerem excesso de peso e risco aumentado para complicações metabólicas. Peso (kg) 2 A avaliação do estado nutricional pelo IMC e do risco de complicações metabólicas segundo os valores da CC das participantes é apresentada nas Figuras 1 e 2, respectivamente. IMC = Índice de massa corpórea. *Não houve diferença significativa entre as variáveis listadas. Teste t de Student (P>0,05). Figura 1 – Estado nutricional segundo o índice de massa corporal do grupo experimental e controle. Rev Bras Nutr Clin 2016; 31 (1): 49-54 51 Nascimento APS et al. Figura 2 – Estado nutricional segundo o índice de massa corporal do grupo experimental e controle. a 40 anos. No estudo em questão, a média de idade ficou entre 37 e 39 anos, apresentando faixa etária inferior ao estudo de Strohmaier et al.10, o qual evidenciou que a maioria das mulheres com câncer de mama se encontrava na faixa etária acima de 40 anos. O desenvolvimento da neoplasia mamária e seu prognóstico durante o tratamento vêm sendo relacionados ao excesso de peso mensurado mediante o IMC. Como consequência do peso excedente, a obesidade é caracterizada por um estado de inflamação crônica que leva à produção de citocinas pró-inflamatórias no tecido adiposo, fatores chave na gênese tumoral11. Segundo o INCA, as recomendações mais importantes para prevenção do câncer são: evitar o ganho de peso e o aumento da circunferência da cintura ao longo da vida adulta. Figura 3 – Risco de complicações metabólicas, segundo a circunferência da cintura, do grupo experimental e controle. Estudiosos afirmam que a medida do peso e a concentração abdominal da gordura podem estar relacionadas tanto ao desenvolvimento do câncer de mama quanto ao agravo do prognóstico da doença12. No estudo atual, a maioria das pacientes apresentou excesso de peso (38,45% indicando sobrepeso e 15,38% obesidade grau I), corroborando com estudo dos autores acima citados, nos quais predominou o excesso de peso em 81,2% da amostra. Tabela 2 – Concentrações séricas do perfil lipídico das pacientes do grupo experimental e do grupo controle. Perfil Lipídico (mg/dL) Grupo experimental (n= 13) Grupo controle (n= 13) P *Colesterol Total 160,08±39,85 183,00±39,83 0,00 *LDL-colesterol 104,63±41,02 131,31±34,01 0,01 *Triglicerídeos 125,23±79,29 105,62±46,84 0,00 Em adição, a relação entre adiposidade corporal e câncer de mama vem sendo observada, pois o aumento da gordura abdominal se correlaciona com maior probabilidade de recidiva e menor tempo de sobrevida das pacientes portadoras desse tipo de neoplasia. Assim, a medida da CC é importante porque avalia a adiposidade central e tem a finalidade de estimar um risco adicional para as doenças crônicas não-transmissíveis13. *Valores significativamente diferentes. P = teste t de Student, (P<0,05). DISCUSSĀO A idade é um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento da neoplasia mamária. Segundo a Associação Americana do Câncer9, a incidência e a mortalidade desta doença aumentam com a idade, sendo que a maioria dos casos novos é encontrada em mulheres com idade superior A média da CC das mulheres do grupo experimental no estudo foi elevada (81,79±11,10 cm) e resultados Rev Bras Nutr Clin 2016; 31 (1): 49-54 52 Estado nutricional e avaliação do perfil lipídico em mulheres com câncer de mama semelhantes foram encontrados por Martins et al.13, nos quais a CC da maioria das mulheres com câncer de mama foi considerada elevada, indicando risco adicional relacionado a fatores de risco metabólicos. experimental do que no controle, corroborando com o estudo de Laisupasin et al.18, que compararam o perfil lipídico sanguíneo em mulheres com e sem câncer da mama, e descobriram que os TG nas pacientes com câncer mamário foi significativamente maior do que os controles. No entanto, o nível de CT no grupo de câncer de mama não foi significativamente maior do que o grupo controle. O perfil lipídico parece influenciar no risco para o câncer de mama na presença de um IMC elevado. Verificou-se em estudos prévios que taxas aumentadas de colesterol total e frações e triglicérides podem estar relacionadas ao aumento do risco de câncer de mama7. O resultado obtido neste estudo mostrou excesso de peso no grupo experimental, sugerindo conexão entre o acúmulo de gordura e incidência de câncer de mama em fase pré-menopausa. Alinhando-se ainda à presente pesquisa, Laamiri et al.19 encontraram níveis médios de triglicerídeos significativamente maiores em pacientes com câncer de mama do que em mulheres saudáveis. Contrapondo-se aos resultados atuais, Bhat et al.20 avaliaram os lipídeos séricos nessa neoplasia, e os resultados demonstraram que os valores de CT e LDL-C foram significativamente aumentados no grupo experimental em comparação ao grupo controle. Existe uma hipótese de que as alterações nas concentrações de lipídios séricos neste tipo de neoplasia podem ser resultado do aumento da produção do fator de necrose tumoral (TNF), citocina pró-inflamatória liberada pelo tumor, que é ativada por macrófagos e tem ação de estimular a lipólise, inibir a liberação de insulina, promover resistência a insulina e ainda inibir a lipoproteína lipase (LPL), que é o regulador mais importante para a deposição dos triglicerídeos. A LPL, através do estímulo da insulina, é responsável pela hidrólise de triglicérides das lipoproteínas de muito baixa densidade, agindo como um “adipostato”. Por intermédio desse mecanismo, demonstrado na Figura 3, supõe-se que as concentrações de lipídios séricos são aumentadas14,15. Alterações no metabolismo lipídico normal, principalmente das triglicérides séricos, têm sido observadas em pacientes com neoplasia da mama. A hipetrigliceridemia é significativamente associada com a metástase em pacientes com câncer de mama e o monitoramento do perfil lipídico sérico pode ser útil para prever a ocorrência de metástases à distância em pacientes com câncer de mama12. CONCLUSÕES Uma característica determinante das neoplasias é a proliferação celular rápida e excessiva que exige cada vez mais a biogênese de membranas e manutenção da integridade celular. Portanto, como os lipídios são os principais constituintes das membranas, as células proliferativas preenchem as suas elevadas exigências de lipídios, buscando-os na circulação ou pela síntese de novos lipídios, ou pela degradação de lipoproteínas. As alterações lipídicas e a susceptibilidade das lipoproteínas à oxidação são fatores que contribuem para o estresse oxidativo, pois com a peroxidação lipídica, há uma maior utilização de lipídios, incluindo colesterol total, triglicerídeos e lipoproteínas para a síntese de membranas16. Não houve diferença significativa entre as variáveis antropométricas e o desfecho câncer de mama, no entanto, os valores médios de IMC e CC do grupo experimental apontaram para excesso de peso e elevado risco de complicações metabólicas, o que potencializa o risco para o câncer de mama. O estudo atual ratifica a existência de associação entre perfil lipídico alterado e o desfecho câncer de mama, haja vista que as concentrações séricas de triglicerídeos apresentaram-se significativamente mais elevadas no grupo experimental. Com base no que foi visto, verifica-se a necessidade de mais investigações que visem esclarecer os mecanismos envolvidos nas alterações do perfil lipídico no câncer de mama. Em condições patológicas, os triglicerídeos representam o substrato de energia utilizado para a produção de energia pela beta oxidação na mitocôndria, podendo-se inferir que a sua utilização ativa pelas células cancerosas pode ser associada à diminuição no teor de triglicérides no soro de pacientes com câncer da mama. Esse fato pode explicar a diminuição dos lipídios na corrente sanguínea. Porém, não há informações consistentes no que diz respeito aos níveis de lipídios no câncer de mama, porque os estudos são escassos e contraditórios, pois essas alterações no lipidograma podem incluir tanto o aumento de alguns componentes do perfil lipídico, como também a diminuição17. REFERÊNCIAS 1.Filgueiras MST, Lisboa AV, Macedo RM, Paiva FG, Benfica TMS, Vasques VA. Avaliação psicossomática no câncer de mama: proposta de articulação entre os níveis individual e familiar. Estud Psicol (Campinas). 2007;24(4):551-60. 2.Brasil. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. 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