O Quadro Perdido refaz a investigação em busca de um Caravaggio desaparecido LIVRO DA INTRÍNSECA FOI ELEITO UM DOS DEZ MELHORES DE 2005 PELO NEW YORK TIMES Perseverança, paixão, investigação e, sobretudo, amor à arte e a um pintor em particular: Michelangelo Merisi da Caravaggio. Editado pela Intrínseca, o livro “O QUADRO PERDIDO”, de Jonathan Harr, conta em ritmo ágil a história real da descoberta de uma das obras-primas do pintor italiano – A prisão de Cristo - que estava desaparecida há mais de 200 anos e foi encontrada em 1990 em uma residência de jesuítas em Dublin, na Irlanda. O livro foi eleito um dos 10 melhores de 2005 pelo The New York Times. No Brasil, ele chega às livrarias no dia 30 de agosto, com tradução de Adalgisa Campos da Silva e capa e projeto gráfico de Victor Burton. Em cinco partes e 292 páginas, “O Quadro Perdido” traça um perfil do pintor, um gênio de espírito atribulado e conduta imprevisível. E detalha o caminho percorrido pelos três dos principais pesquisadores envolvidos com a busca e o empenho de cada um até o reaparecimento do quadro original, A prisão de Cristo, em 1990. Três profissões diferentes, três histórias de vida interligadas pela paixão pela obra de Caravaggio: o historiador inglês Sir Denis Mahon, a pesquisadora italiana Francesca Cappelletti e o restaurador italiano Sergio Benedetti. Na primeira parte, “O inglês”, Harr nos apresenta o historiador nonagenário Sir Denis Mahon, considerado a maior autoridade mundial em Caravaggio, e que já esteve envolvido na descoberta de outras obras desaparecidas do pintor. Grande colecionador, Sir Denis, no entanto, nunca possuiu uma tela do pintor. A estudante de arte e pesquisadora italiana Francesca Cappelletti está na segunda parte do livro, “A moça romana”. Contratada com outros alunos para fazer uma pesquisa sobre quadros da Galeria Capitolina, em Roma, Francesca acaba sendo levada em outra direção. Junto com a amiga e também estudante de arte Laura Testa, a pesquisadora se defronta com as obras de Caravaggio. O trabalho de examinar e descobrir a procedência de outra obra do pintor, a tela São João, acaba conduzindo-as ao quadro A prisão de Cristo. Desaparecida há mais de 200 anos e conhecida apenas por meio de cópias, A prisão de Cristo representa o momento em que Cristo é levado por soldados romanos para o início de seu martírio. A cópia mais conhecida em todo o mundo e que acreditava-se, na época, ser a original estava em Odessa, na Rússia. Através de pesquisas que duraram cerca de um ano e meio, Francesca segue a pista do quadro refazendo 320 anos de história. A tela foi pintada em 1602 por encomenda de Ciriaco Mattei, um importante membro de uma família romana, que hospedou Caravaggio em seu palácio. A terceira parte, “O restaurador”, começa um mês após Francesca dar como terminada sua pesquisa sobre A prisão de Cristo. Como funcionário da National Gallery da Irlanda, o restaurador Sergio Benedetti faz numa manhã de agosto de 1990 a descoberta que mudaria sua vida e revelaria ao mundo - três anos depois - que a obra-prima de Caravaggio repousou durante 60 anos na parede de uma casa de jesuítas, em Dublin. A partir daí, o destino de Benedetti se cruza com os dos demais personagens, e o escritor explica como foi o caminho percorrido até o reconhecimento da obra como original, incluindo testes técnicos que comprovaram sua autenticidade. “A festa”, quarta parte, coroa o resultado do trabalho de investigação, de pesquisa e da determinação de todos os envolvidos. O cenário é Dublin, na Irlanda, e a data, novembro de 1993. Ali, o principal museu de arte do país, que antes não estava inserido no circuito internacional das obras dos grandes mestres, abre suas portas para um evento oficial que se estende por sete dias. Uma semana de festa para comemorar a mais nova obra incorporada ao acervo do museu e a partir dali com exibição pública para os amantes da arte. A quinta e última parte do livro, “O Mal de Caravaggio”, não integra a edição publicada nos Estados Unidos em 2005, devendo ser incluída apenas em uma segunda edição. A história contada ali se passa dez anos após a apresentação ao mundo de A prisão de Cristo. Em 2003, uma outra tela de Caravaggio sobre o tema é colocada à venda e um restaurador chamado Mario Bigetti inicia o processo de compra, acreditando ser este sim o quadro original e não o que está na Irlanda. Bigetti utiliza todos os recursos possíveis para confirmar sua crença e convencer a todos que a tela recém-comprada é de fato a verdadeira. Após análise de profissionais de várias áreas e exames de todos os tipos como raio-X e infravermelhos, em abril de 2006 é divulgado um relatório detalhado confirmando que esta tela não era um Caravaggio e sim uma cópia produzida depois de 1630, mais de 20 anos após a morte do pintor. O Pintor Michelangelo Merisi da Caravaggio nasceu em 1571 e morreu com 39 anos em 18 de julho de 1610. Pintor barroco, entre as características de suas obras estava a exploração do jogo de luz e sombra e a temática predominante de cenas e personalidades bíblicas. Ele utilizava como modelos pessoas comuns do povo como pescadores, lavradores e prostitutas, o que por vezes lhe causou problemas. Outra característica de suas obras era a utilização de um fundo sempre raso, obscuro, muitas vezes totalmente negro e o agrupamento da cena em primeiro plano com foco intenso de luz sobre os detalhes, geralmente os rostos. Esses efeitos de iluminação criados por ele receberam o nome de tenebrismo. O artista ganhou fama de homem violento e irracional e teve várias passagens pela polícia, tendo sido preso algumas vezes. Em 1606 foi obrigado a fugir de Roma por ter se envolvido no assassinato de um desafeto. Entres suas obras mais conhecidas estão: David com a cabeça de Golias, Narciso, Medusa, Amor Vitorioso, São João, A Ceia em Emaús, O Tocador de Alaúde e A Morte da Virgem. O Autor Jonathan Harr é autor do best seller “A Civil Action”, vencedor do Prêmio do National Books Critics Circle na categoria não-ficção e sucesso na sua versão para o cinema. “A qualquer preço”, o filme, trazia John Travolta e Robert Duvall. Harr fez parte da equipe de redatores da New England Montly e escreve para a New Yorker e para a New York Times Magazine. Vive e trabalha em Northampton, Massachusetts, onde leciona redação e nãoficção no Smith College. A idéia de escrever “O Quadro Perdido” surgiu, explica o autor, ao publicar um artigo para a New York Times Magazine, em 1994, sobre a descoberta de A prisão de Cristo. Outros projetos, no entanto, adiaram a decisão e somente em 2000 Harr deu continuidade à idéia ao ser convidado para ir a Roma pelo diretor da Academia Americana. Por formalidade, o escritor precisava ter um projeto para aceitar o convite. Para escrever o livro, Harr realizou dezenas de entrevistas em Roma, Dublin e Londres com todas as pessoas citadas. Além disso, leu biografias sobre Caravaggio para traçar um perfil do pintor. A editora Criada em 2004, a Intrínseca tem em seu catálogo oito livros. Autores premiados, como Annie Proulx e Frank McCourt - ganhadores do Prêmio Pulitzer-, temas variados e extremo cuidado na edição são algumas características da editora. Os títulos já publicados são: “Hell – Paris -75016” e “Bubble Gum”, de Lolita Pille; “Caviar - A Estranha História e o Futuro Incerto da Iguaria Mais Cobiçada do Mundo’, de Inga Saffron; “O Connaisseur Acidental – Uma viagem irreverente pelo mundo do vinho”, de Lawrence Osborne; “Sobre Falar Merda”, de Harry G. Frankfurt; “A Miscelânea Original de Schott”, de Ben Schott; “O Segredo de Brokeback Mountain”, de Annie Proulx e “ A Menina Ícaro”, de Helen Oyeyemi. Entre seus próximos lançamentos estão “A Vingança de Gaia”, de James Lovelock e “Ei, Professor”, de Frank McCourt. O Livro 292 páginas Tradução: Adalgisa Campos da Silva Capa e projeto gráfico: Victor Burton Preço: R$ 44,00 Outras informações: Editora Intrínseca Juliana Cirne – [email protected] + 55 21 3874-0914, R: 203