PANORAMA MULTITEMPORAL DA COBERTURA VEGETAL DOS BREJOS DE ALTITUDES NA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA (RMF) Antônia Elisângela Ximenes Aguiar Programa de Pós-Graduação em Geografia, [email protected] Denis Barbosa de Lima Programa de Pós-Graduação em Geografia, [email protected] Guilherme Marques e Souza Programa de Pós-Graduação em Geografia, [email protected] Tatiany Soares de Araujo Programa de Pós-Graduação em Geografia, [email protected] Orientadora: Maria Lúcia Brito da Cruz Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Geografia, [email protected] Resumo. A área de estudo envolve os maciços residuais da Aratanha, de Maranguape e o complexo Juá-Conceição-Camará situados na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), que compreende parcela dos municípios de Caucaia, Maracanaú, Maranguape, Pacatuba e Guaiúba, no estado do Ceará. Esses brejos de altitude apresentam umidade e temperaturas mais amenas condicionadas pela altitude, possuindo bom potencial hídrico de superfície. Nesse sentido, o uso dos SIGs representa uma importante ferramenta na elaboração de mapas da vegetação a partir de variáveis ambientais mapeadas. Com base nos mapas de NDVI referentes aos anos de 1981, 1991 e 2001 juntamente com o cruzamento dos dados pluviométricos, mostrou que houve uma concentração maior da vegetação no ano de 2001 do que nos anos anteriores. Palavras-chave: Cobertura vegetal, Brejos de altitude, NDVI. INTRODUÇÃO Na discussão da questão ambiental, o maior desafio da humanidade no século XXI é promover o desenvolvimento social e econômico sem destruir a biodiversidade e sem esgotar os recursos naturais das mais diversas regiões do planeta. Historicamente, a exploração dos recursos naturais se intensificou com a Revolução Industrial e o processo de urbanização das cidades, resultado de uma sociedade mercantil e capitalista que se apropriou da natureza para atender a seus interesses comerciais, onde cada vez mais pessoas necessitavam consumir bens e serviços. Desde então, o avanço tecnológico aliado ao processo de globalização potencializou o consumo desses recursos, criando e aumentando novas relações de mercado até atingirem a exploração em escala mundial. De acordo com Bertolino (2007), o cuidado com a sustentabilidade não acompanhou a aceleração do uso dos recursos naturais. No Brasil, estima-se que aproximadamente 3,5 milhões de quilômetros quadrados de ecossistemas naturais já foram alterados para acomodar o crescimento da população e da economia (ABRAF, 2005 apud BERTOLINO, 2007). Dos 8,5 milhões de quilômetros quadrados do território brasileiro, aproximadamente 63% são cobertos por florestas nativas. Desse total, estima-se que restam apenas 8% de Mata Atlântica, o que no passado originalmente cobria uma área de 1,3 milhão de quilômetros quadrados (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA, 2011). Atualmente a Mata Atlântica restringe-se somente a pequenas áreas e fragmentos de floresta, mais conhecidos como remanescentes florestais. Ainda assim, possuem uma grande importância ecológica nas áreas onde ocorrem, regulando o fluxo de mananciais hídricos, assegurando a fertilidade dos solos, controlando o equilíbrio do clima, protegendo da erosão escarpas e encostas das serras, além de abrigar inúmeras espécies de plantas e animais. No nordeste brasileiro, a Mata Atlântica se estendia por uma faixa contínua litorânea, ocorrendo nos estados desde o Rio Grande do Norte até a Bahia. No caso do Ceará e Piauí, se apresentava de forma irregular, ocorrendo em áreas de chapadas, serras, dunas e vales (TABARELLI et al., 2006). Sua área original cobria 28, 8% do território do Nordeste, restando hoje apenas 2,2% (SNE, 2004). Por se caracterizar como um bioma rico em biodiversidade, a Mata Atlântica possui, pelo menos, cinco centros de endemismo e duas áreas de transição representando as unidades biogeográficas básicas de toda a região da floresta atlântica. Desses cinco centros de endemismo, quatro ocorrem na região Nordeste (TABARELLI et al., 2006). De acordo com Ab’Sáber (1974), as áreas de enclaves úmidos e subúmidos ocorrem em superfícies topograficamente elevada de relevo serrano, submetidos à influência do mesoclima de altitude. O relevo executa função de barreira aos ventos úmidos, que pela ação da altitude resfriam-se e propiciam a formação de nevoeiros e chuvas. Sua vegetação exuberante destaca-se em meio ao domínio das caatingas, representando verdadeiras “ilhas verdes”. A denominação desses subespaços apresenta variações como serras úmidas, brejos, matas etc. 2 Os Brejos de Altitude, assim chamados, possuem várias características ambientais comuns, mas sob condições bem específicas. De modo geral, apresentam umidade e temperaturas mais amenas condicionadas pela altitude, bom potencial hídrico de superfície e solos com média a alta fertilidade natural (SOUZA & OLIVEIRA, 2006). A respeito dos problemas ambientais, são áreas que sofrem forte pressão antrópica, provocada pelo desmatamento indiscriminado e o uso desordenado do solo. Sua distribuição geográfica abrange o Planalto da Borborema nos estados de Pernambuco e Paraíba; Serra dos Martins no Rio Grande do Norte; Chapada do Araripe, Chapada da Ibiapaba, Serra da Meruoca, Serra do Machado, Serra de Uruburetama, Serra de Pacatuba, Serra de Maranguape e Serra de Baturité no Ceará. Por se tratarem de áreas endêmicas, mantendo-se isoladas em regiões serranas do semiárido, com altitudes entre 700m a 1200m (EMBRAPA, 2000), especula-se o grande valor biológico desses ecossistemas. É necessário ampliar o interesse da comunidade científica, divulgando e disseminando o conhecimento existente, estruturado de forma adequada para permitir a identificação e compreensão dos padrões de processos ecológicos e evolutivos que ocorrem nesses locais. Logo, além da criação de áreas protegidas, é necessário que o governo estabeleça ações concretas que sejam discutidas com a comunidade científica e os habitantes locais. É preciso conservar a biodiversidade e catalogar toda sua riqueza genética, trabalhar com a população a conscientização de que preservar os recursos naturais garante a qualidade de vida das gerações futuras. Neste contexto, o presente estudo tem o objetivo elaborar um panorama multitemporal da cobertura vegetal dos brejos de altitudes na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), através da utilização de imagens de sensoriamento remoto e técnicas de geoprocessamento. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO A área de estudo envolve os maciços residuais da Aratanha, de Maranguape e o complexo Juá-Conceição-Camará situados na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), que compreende parcela dos municípios de Caucaia, Maracanaú, Maranguape, Pacatuba e Guaiúba, no estado do Ceará (Figura 01). 3 Figura 01: Localização da área Na perspectiva ambiental, esses maciços residuais são considerados uma área de exceção dentro do semiárido, a qual se encontra inserida no domínio dos escudos cristalinos, posicionada próxima ao litoral, e foi formada a partir da erosão diferencial que rebaixou as áreas circundantes, marcada assim pelos processos morfogenéticos (SOUZA, 2000). Nesse sentido, de acordo com Brandão (1995, p. 22) “a monotonia das formas planas a suavemente onduladas, vez por outra é interrompida pela forte ruptura de declive das serras e morros residuais”. Em virtude de sua elevada altimetria, esses enclaves úmidos são submetidos a um regime de precipitações abundantes e mais regularmente distribuídos, onde as vertentes úmidas voltadas para o mar proporcionaram o desenvolvimento de solos podzólicos vermelho-amarelos que foram revestidos primariamente por uma cobertura vegetal de grande porte, constituída por floresta plúvio-nebular. Em contrapartida, nas vertentes a sotavento com menores altimetria, apresentam condições ambientais que se assemelham com as características das superfícies mais rebaixadas do sertão, em que predominam os solos litólicos que condicionaram a formação de uma vegetação arbórea, intermediária entre a caatinga e a floresta plúvio-nebular (BRANDÃO, 1995; SOUZA, 2000). 4 PROCEDIMENTOS TEÓRICOS-METODOLÓGICOS Fundamentação Teórica O conhecimento geográfico é imprescindível na análise ambiental, principalmente em relação à Geografia Física e por sua contribuição teórica e metodológica aos estudos da natureza, fundamentada pela teoria geossistêmica proposta por Sotchava (1960) e Bertrand (1968). Baseada nos pensamentos naturalistas do século XIX, a teoria geossistêmica deriva-se da teoria geral dos sistemas, propondo que os sistemas podem ser definidos como conjunto de elementos com variáveis e características diversas, que mantém relações entre si e o meio ambiente. Sua análise poderá estar voltada para a estrutura desse sistema, para seu comportamento, para as trocas de energia, limites, ambientes ou parâmetros (GREGORY, 1992 apud RODRIGUES, 2001). Dentre os princípios básicos dessa teoria, um dos primeiros é a consideração da natureza como sistemas dinâmicos abertos e hierarquicamente organizados, passíveis de delimitação ou de serem circunscritos espacialmente em sua tridimensionalidade (RODRIGUES, 2001). Dessa forma, a teoria geossistêmica deu melhor caráter metodológico na Geografia Física, permitindo o estudo integrado com outras ciências da terra, fornecendo informações sobre a dinâmica da natureza, possibilitando o planejamento territorial e análise temporal dos fenômenos ambientais. O levantamento integrado dos recursos naturais pode ser definido como uma combinação de levantamentos sobre diversos atributos que os influenciam, sejam físicos, químicos e biológicos. Os enfoques abordados nesses levantamentos incluem estudos multidisciplinares, estudos temáticos, estudos específicos e estudos inter ou trans-disciplinares que envolvam o conhecimento holístico (BOHRER, 2000). O enfoque holístico propõe que a natureza seja estudada e avaliada de forma integrada, no qual as variáveis ambientais e seus atributos precisam ser analisados como um todo e não isolados, interagindo entre si, através de processos que ocorrem em diferentes escalas de tempo e espaço. A paisagem deve ser analisada como uma entidade holística, onde cada um dos elementos que a compõe se influenciam. É necessário verificar o grau de correlação desses elementos e sua distribuição espacial, levando em consideração o fluxo de 5 energia e matéria, modificações ao longo do tempo, causadas por fatores antrópicos ou naturais. Numa definição mais objetiva, o significado de paisagem pode ser definido como “uma porção espacial da superfície da terra constituída por complexos sistemas, formados pela atividade de rochas, água, ar, plantas, animais e o homem, reconhecível através de sua fisionomia como uma unidade” (ZONNEVELD, 1995 apud BOHRER, 2000). No estudo com base em ecologia da paisagem, é dada grande importância para a vegetação, considerada como representativa das inter-relações entre clima, solos e a interferência humana (BOHRER, 2000). Para o autor, a vegetação pode ser usada como indicador sobre o manejo dos recursos naturais, pois sua interação com os outros elementos da paisagem permite verificar a correlação de dados ambientais com as comunidades vegetais ou tipos de vegetação, interpretando a estrutura da vegetação em termos de adaptação ao clima ou a padrões edáficos e hidrológicos. Além disso, o mapeamento temático torna-se uma base fundamental para o levantamento ecológico da paisagem, permitindo verificar num plano cartográfico sua distribuição espacial numa determinada área. O autor cita que: “O mapa de vegetação apresenta um inventário das comunidades vegetais existentes, sua localização, extensão e distribuição geográfica na paisagem, servindo de ferramenta na análise do ambiente natural e das relações existentes entre a vegetação e o meio físico” (BOHRER, 2000). Nesse contexto, o geoprocessamento tornou-se uma importante técnica de apoio à análise do meio ambiente, tendo como objetivo principal “fornecer ferramentas computacionais para que os diferentes analistas determinem as evoluções espacial e temporal de um fenômeno geográfico e as inter-relações entre diferentes fenômenos” (ASSAD & SANO, 1998). A partir de sua utilização é permitida a espacialização da informação e a manipulação dos dados, criando cenários diversos para uma mesma área conforme a necessidade. Para a criação destes cenários, foi necessário o avanço tecnológico computacional utilizado para o armazenamento de informações como HD’s (hard discs - discos rígidos), memórias RAM’s, processadores e placas de vídeo. Assim sendo, novos conceitos na área de geoprocessamento foram surgindo para acompanhar esta evolução (XAVIER DA SILVA, 1982). 6 Assim, o termo Sistema de Informação Geográfica (SIG) é usado a partir de sistemas que processam dados geográficos com informações alfanuméricas localizadas espacialmente. Umas das peculiaridades dos SIG’s é a dualidade de armazenar a geometria dos objetos e de seus atributos. Para cada objeto mapeado, o sistema registra seus atributos e as várias representações gráficas associadas. Sua aplicabilidade percorre as mais diversas áreas, como agricultura, saúde, segurança, meio ambiente, recursos hídricos, meteorologia, marketing etc. De acordo com Silva (2001), um SIG é um sistema capaz de operar sobre seus dados, reestruturando-os para ganhar conhecimento sobre posições, extensões e relacionamentos taxonômicos, espaciais e temporais contidos em suas bases de dados. Ao lado das possibilidades de atualização de seus dados, um SIG deve portar mecanismos que executem a transformação desses registros de ocorrência em ganho de conhecimento e facilite a verdadeira comunicação. Deve trazer aos dados, da forma mais direta e clara possível, o significado das transformações executadas e, assim, propiciando o partilhamento da informação entre os usuários. Com base nas inúmeras possibilidades de aplicação, os SIGs tornam possível a criação de modelos dinâmicos sobre uma área, hipóteses de cenários, decisões de planejamento e conseqüências de processos naturais ou humanos. Entre os diversos tipos de análise espacial que podem ser feitos incluem-se medições de áreas e perímetros, busca, classificação, modelagem cartográfica, produção de overlays, redes, buffer (operações lógicas), distâncias (custo, difusão, proximidade), autocorrelação espacial (krigging), modelagem numérica de terreno, interpolação/extrapolação, padrão/dispersão, etc. (BURROUGH, 1986; CÂMARA & MEDEIROS, 1996). O uso dos SIGs pode auxiliar também a melhorar a capacidade de extração de informações de imagens do sensoriamento remoto, através do uso de dados ambientais espaciais relacionados, como na análise de padrões espaciais de comunidades florestais e outros elementos da paisagem, cujos resultados podem ser importados e incorporados à base de dados (BOHRER, 2000). Para Bohrer (2000), os SIGs representam uma importante ferramenta na elaboração de mapas da vegetação a partir de variáveis ambientais mapeadas, ligadas à topografia (elevação, aspecto/ posição na encosta), clima atual ou passado (precipitação, temperatura, radiação), solos (tipo, propriedades, elementos químicos), geologia (rocha matriz), hidrologia (bacia hidrográfica, altura do lençol, drenagem, escoamento superficial), etc. 7 Materiais Na pesquisa foram utilizadas imagens do satélite LANDSAT 5, sensor TM (Thematic Mapper), correspondentes aos anos de 1981, 1991 e 2001 situadas na órbita 217/063, e foram adquiridas no catálogo de imagens do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE. As imagens obtidas obedeceram à diferença de 10 anos entre elas, de acordo com a disponibilidade de imagens limpas da área, a fim de obter uma relação entre elas no âmbito do contexto climático do Ceará e a presença de vegetação da área. Para a retificação das imagens LANDSAT 5 dos anos 1981, 1991 e 2001, foi utilizada a imagem LANDSAT Geocover (2000), setor s-24-00-2000, disponibilizada no site da NASA. A imagem LANDSAT Geocover é georreferenciada e ortorretificada, ou seja, suas coordenadas x, y e z estão corrigidas. Para a análise dos dados de precipitação, utilizou-se os dados de 4 Postos pluviométricos, dados esses disponibilizados pela Fundação Cearense de Recursos Naturais e Meteorologia – FUNCEME. Os postos utilizados foram: Posto Caucaia localizado no município de Caucaia-CE, Posto Maracanaú localizado no município de Maracanaú-CE, Posto Pacatuba localizado no município de Pacatuba-CE, Posto Maranguape localizado no município de Maranguape-Ce e Posto Guaiuba localizado no município de Guaiuba-CE. De posse dos dados referentes a precipitação foi analisado o regime pluviométrico, obtendo-se uma média de cada ano. A média pluviométrica de cada ano é obtida a partir da soma dos totais pluviométricos de todas as estações mencionados e dividida pela quantidade de meses do ano. Método O método utilizado para identificar as mudanças na cobertura vegetal dos maciços residuais na RMF, foi o NDVI. O processamento digital da imagem LANDSAT 5 sensor TM foi realizado no programa Arcgis 9.2, no intuito de melhorar a qualidade visual da informação para a interpretação humana, e geométrica da imagem, elaborada em duas etapas independentes: pré-processamento e NDVI. O pré-processamento consiste na preparação dos dados da imagem digital para a classificação. Nesta fase, empregaram-se técnicas visando melhorar a qualidade dos dados, realçando a coloração da imagem, corrigindo, retificando geometricamente e registrando. 8 O NDVI (Índice de Vegetação por Diferença Normalizada) foi gerado com o intuito de facilitar a visualização e interpretação visual das imagens em que o objeto de estudo é a vegetação destaca-se o uso de imagens com técnicas de NDVI, onde na imagem são aplicados valores nos pixeis que variam de 1 a -1 em tons de vermelho, amarelo, azul e laranja, onde o vermelho representa a vegetação sadia com bastante clorofila, a coloração amarela a vegetação com pouca clorofila, a azul representa a água ou a ausência total de vegetação (solo exposto) e a laranja representa a vegetação com clorofila moderada. Para tanto se utiliza a seguinte operação: O Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), expresso pela equação 1: Equação 1 – Fórmula de calculo do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada NDVI = (Infravermelho – Vermelho)/ ( Infravermelho + Vermelho) Com base no NDVI como indicador da presença de vegetação facilmente se compreende, que utilizando imagens de diferentes datas e calculando a diferença dos correspondentes NDVI, é possível detectar áreas onde houve alterações na vegetação. As imagens produzidas nesta etapa foram utilizadas posteriormente para a análise espectro-temporal dos processos degradatórios no município de Canindé – CE. RESULTADOS PRELIMINARES Baseado no NDVI como indicador da presença de vegetação facilmente se compreende, que utilizando imagens de diferentes anos, porém referentes a mesma quadra chuvosa e calculando a diferença dos correspondentes NDVI, é possível detectar áreas onde houve alterações na vegetação. As imagens produzidas nesta etapa foram utilizadas para a análise espectro-temporal dos processos diminuição da cobertura vegetal nos brejos de altitude da região metropolitana de Fortaleza e foram utilizadas imagens com intervalos de 10 anos para fazermos essa análise. As figuras abaixo estão dispostas a cena que representa a área de estudo no LANDSAT 5 nos anos de 1981, 1991 e 2001 respectivamente, em forma de NDVI, representados por valores no histograma que vai de 1 a -1 e que foram classificados em 5 classes distintas são elas: Muito Baixa, Baixa, Média, Alta e Muito Alta. 9 O NDVI das imagens abaixo podem ser interpretados da seguinte forma: a cor azul está empregada onde não há clorofila ou não há presença de vegetação podendo ser água ou vegetação fortemente degradada chegando a solo exposto, já a cor verde clara está representando a vegetação degradada a parcialmente degradada, onde a presença de clorofila é bem pequena, já na cor laranja a presença de clorofila se mostra bem maior e está representando uma vegetação parcialmente conservada e já a cor vermelha representa a vegetação conservada podendo haver resquícios de mata nativa. Nas figuras 1, 2 e 3 nota-se que nos anos de 1981, 1991 a 2001 houve um grande processo de degradação da vegetação na área de estudo, mas que se mostrou camuflado pelo período chuvoso dos referidos anos. Partindo desse pressuposto constatou-se que a técnica de NDVI para análises multitemporias deve ser feita com o cruzamento dos dados pluviométricos. Figura 02: NDVI da área de estudo em 1981. 10 Figura 03: NDVI da área de estudo em 1991. Figura 04: NDVI da área de estudo em 2001. 11 Na análise dos gráficos verifica-se uma consonância entre no período que compreende os meses de janeiro à maio. Contudo verifica-se um maior total pluviométrico no ano de 2001 (Gráfico 01), chegando a marcar uma média de 1166,25 mm/ano, tal fato justifica o NDVI ter mostrado uma concentração maior da vegetação neste período do que nos anos anteriores. Gráfico 01: Total Pluviométrico referente ao ano de 2001. Já no ano de 1991 (Gráfico 02) o índice foi de 930,5 mm/ano o que explica a diminuição da vegetação neste período. Gráfico 02: Total Pluviométrico referente ao ano de 1991. 12 Já no ano de 1981 a média ficou em torno de 712,5 mm/ano como podemos ver no Gráfico 03, demonstrando no NDVI confeccionado um decréscimo da vegetação neste período. Gráfico 03: Total Pluviométrico referente ao ano de 1981. E logo a seguir o Gráfico 04, demonstra o total pluviométrico referente aos diferentes anos do estudo, possibilitando uma análise comparativa dos índices pluviométricos nestes períodos. mm Total Pluviométrico 450 400 350 300 250 200 150 100 50 0 Ano 1981 Ano 1991 Ano 2001 Gráfico 04: Total Pluviométrico referente aos anos de 1981,1991 e 2001. 13 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSAD, E. D. & SANO, E. E. Sistema de Informações Geográficas: Aplicações na Agricultura. Brasília: EMBRAPA – SPI/ EMBRAPA – CPAC, 1998. BERTOLINO, M.L. A Questão Ambiental: Florestas e Biodiversidade. 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