CULTURA DA AMOREIRA 2.1. SELEÇÃO DO LOCAL

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Notas de Aula de ENT 110 – Sericicultura
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CULTURA DA AMOREIRA
O sucesso da criação do bicho-da-seda depende principalmente da
quantidade e da qualidade de seu alimento, a amoreira. Dessa forma, é
imprescindível o conhecimento dessa planta e dos cuidados que devem ser
tomados para a implantação bem sucedida dessa cultura.
A amoreira teve provável origem na China ou Índia e se distribuiu para
o
o
diversas regiões do planeta, compreendidas entre os paralelos 50 N e 10 S,
predominantemente em clima temperado. Pertence à família Moraceae e ao
gênero Morus, que possui cerca de 950 espécies. Dessas, algumas se
destacam por serem as melhores para a alimentação do bicho-da-seda: Morus
alba L., Morus bombycis Koidz, Morus nigra L., Morus lhou Koidz e Morus
rubra L.. No Brasil destaca-se M. alba L., com as cultivares calabresa,
formosa, fernão-dias, hungaresa, miúra, lopes-lins, dentre outras.
2.1. SELEÇÃO DO LOCAL
Na seleção do local para a implantação do amoreiral, deve-se
considerar os fatores ambientais limitantes ao seu desenvolvimento, tais como
temperatura, umidade relativa, precipitação, solo, topografia etc.
Temperatura: A temperatura ótima para o desenvolvimento da amoreira situao
o
se entre 24 a 28 C, podendo oscilar entre 16 a 30 C durante o ano.
o
Temperaturas abaixo de 13 e acima de 38 C impedem o desenvolvimento da
planta. A correção da temperatura requer a construção de estufas, o que onera
muito a produção e inviabiliza o empreendimento.
Precipitação: A amoreira cresce em locais de precipitação média anual entre
600 e 2500 mm, porém o crescimento ideal dá-se em locais de precipitação
média anual entre 1000 e 1500 mm, distribuídas durante o ano. As
precipitações acima de 1500 mm só são limitantes em solos mal drenados. A
irrigação pode só ser usada, sendo viável economicamente em alguns locais.
Geadas: Regiões sujeitas a geadas devem ser evitadas. Entretanto, caso a
geada ocorra no período de junho a agosto, quando a planta está em
dormência, ela não afetará o desenvolvimento das plantas, não sendo
considerado um fator limitante nesse caso.
Ventos: O amoreiral deve ser protegido contra ventos fortes acima de 50
km/h, podendo ocorrer quebra de galhos e danos às folhas, favorecendo a
entrada de patógenos, que prejudicam a cultura. Em regiões sujeitas a tais
ventos, recomenda-se a construção de quebra-ventos com plantas de rápido
crescimento, como a grevilha, por exemplo.
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Solo: O solo influência na produção e na qualidade das folhas, o que, por sua
vez, poderá influenciar na criação do bicho-da-seda e na qualidade e
quantidade dos casulos produzidos. Um solo adequado à cultura da amoreira
deve possuir: boa profundidade para permitir o melhor desenvolvimento das
raízes; alto teor de matéria orgânica - entre 5 e 10%; textura média < 35% de
argila e argilosa entre 35 e 60% de argila; saturação de base ao redor de
60%; pH entre 6,2 e 6,8; umidade ao redor de 25% e boa fertilidade. Dentre os
parâmetros citados, a profundidade e a fertilidade são os mais importantes.
Devem ser evitados os solos estéreis, áridos, alagadiços e rasos,
principalmente.
Altitude: A amoreira é cultivada desde 20 até 2000 metros de altitude.
Entretanto, deve-se evitar grandes altitudes, devido às baixas temperaturas
que podem reduzir o crescimento das plantas. A altitude ótima situa-se entre
400 e 800 metros.
Declividade: Apesar de a cultura favorecer a conservação do solo por ser
perene e de sistema radicular bem desenvolvido, deve-se evitar terrenos com
declividade acima de 15%, devido ao aumento dos custos de implantação, de
manejo e de mão-de-obra.
Exposição do terreno: Deve-se evitar terrenos voltados para a face sul, onde
há maior sombreamento, o que reduz o crescimento e o valor protéico das
folhas.
Vias de acesso: O local deve ser transitável durante todo o ano de modo a
facilitar a colheita diária das folhas e a entrega de casulos para a indústria.
Culturas vizinhas: O amoreiral não deve ser instalado em locais próximos a
lavouras que utilizam inseticidas ou onde ocorrem pulverizações aéreas, pois
pode haver a contaminação das folhas e a intoxicação e morte das lagartas do
bicho-da-seda; locais próximos à cultura de fumo, pois pode haver
contaminação das folhas com nicotina, que é um prejudicial ao bicho-da-seda;
locais próximos às indústrias e rodovias, devido à contaminação das folhas
com produtos tóxicos ou poeira, que prejudicam o desenvolvimento da criação.
Além dos fatores citados anteriormente, deve-se instalar o amoreiral o
mais próximo possível das sirgarias de modo a reduzir a mão-de-obra e os
custos de produção dos casulos.
2.2. FORMAÇÃO DO AMOREIRAL
Uma vez escolhido o local, deve-se iniciar a formação da cultura. Tal
etapa envolve a limpeza do terreno, conservação, preparo e correção do solo,
seleção das cultivares, plantio, replantio e podas de formação.
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Limpeza do terreno: É a retirada da vegetação da área pelos métodos
tradicionais.
Conservação do solo: São medidas que visam reduzir as perdas por erosão,
como o plantio em nível, construção de terraços, cobertura morta, etc.
Declividade acima de 15% é desaconselhável para o plantio de amoreira.
Preparo do solo: O preparo do solo deve ser convencional com aração e
gradagem. Em terrenos arenosos, recomenda-se uma aração e uma
gradagem para um bom preparo. Em terrenos compactados, pesados e
argilosos, recomendam-se duas arações profundas, às vezes uma
subsolagem e duas gradagens.
Calagem: Mediante a análise do solo, deve-se verificar a necessidade da
calagem para corrigir a acidez do solo, elevando a saturação de bases para
70%. Quando houver necessidade, a calagem deve ser realizada 60 a 90 dias
antes do plantio, junto com as operações de preparo do solo.
Adubação: O amoreiral deve receber adubação orgânica e complementação
com a química, pois as plantas recebem cortes intensivos durante a safra,
podendo esgotar os nutrientes do solo. Na adubação química, a quantidade
necessária de N, P e K será calculada de acordo com os resultados obtidos na
análise do solo. Em geral, na adubação de plantio os produtores utilizam 360
kg/ha de sulfato de amônio, 240 kg/ha de superfosfato simples e 240 kg/ha de
cloreto de potássio. O nitrogênio deve ser aplicado 1/3 no plantio e 2/3 quando
a brotação atingir 20 cm de altura. O fósforo deve ser aplicado todo no plantio
e o potássio, 1/2 no plantio e 1/2 junto com a segunda aplicação do nitrogênio.
A adubação orgânica fornece nutrientes à planta, proporciona
melhorias das propriedades físicas do solo, facilita o desenvolvimento de
microorganismos e facilita a solubilização de minerais. Ela deve ser efetuada
logo após a poda de inverno, podendo ser utilizados esterco de curral ou de
galinha, torta de algodão, de amendoim e de mamona, restos da cama de
criação do bicho-da-seda. Recomenda-se uma dosagem de 0,5 a 4 quilos de
adubo orgânico por planta, incorporado ao solo.
Além da adubação química de plantio e da orgânica, deve-se realizar
uma adubação anual para repor as perdas de nutrientes ocasionadas pelas
podas. Em geral, na adubação complementar, os produtores utilizam 400
kg/ha de sulfato de amônio, 240 kg/ha de superfosfato simples e 240 kg/ha de
cloreto de potássio. Recomenda-se que essas quantidades sejam distribuídas
pelo número de podas e aplicadas após cada uma.
Escolha da cultivar: A quase totalidade das cultivares no Brasil pertence à
espécie M. alba 95%. Para a escolha da variedade, deve-se observar as
seguintes características: precocidade; resistência a variações climáticas;
adaptação a diferentes tipos de solo; alta produtividade de folhas; rapidez na
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brotação; resistência a pragas e doenças; longevidade, etc.. As cultivares mais
comuns no Brasil são:
Calabresa: com 50% da área plantada, é adaptada ao clima brasileiro,
tem fácil propagação por estacas, alta rusticidade, ideal para lagartas
"jovens" e "adultas".
Miúra: com 20% da área plantada, possui folhas grossas, ideais para
lagartas "adultas".
Formosa: com 15% da área plantada, possui folhas largas e rápido
crescimento, ideal para lagartas "adultas".
Outras: totalizando 15% da área plantada, sendo composta Yamada,
Rosa, Fernão-Dias, Lopes-Lins, Serra das araras, Hungaresa,
Moscatel, Talo roxo, Nostrana, Selvagem, Tiete, Campinas, kori,
Pendula, Siciliana, Paduana e Contadim, etc..
Atualmente, as cultivares mais plantadas estão sendo substituídas por
híbridos e outras cultivares mais produtivas como: Korin; IZ-56/4, IZ-13/6, IZ10/4, IZ-10/1 (desenvolvidos pelo Instituto de Zootecnia de São Paulo); FM86,
FM3/3, FMSK04 e FMSM11 (desenvolvidos pelo melhorista Fukashi Miura).
Espaçamento: O espaçamento do plantio depende das condições
agroclimáticas do local, como insolação, precipitação, temperatura, fertilidade
do solo, altura da planta, intensidade das práticas de cultivo, métodos de
colheita e da cultivar selecionada, bem como do tipo de maquinário, dos
implementos disponíveis e do sistema de condução da planta.
Época do plantio: A melhor época do plantio da amoreira é no início da
primavera; entretanto, nos meses de abril a agosto há uma maior facilidade de
encontrar mudas para o plantio devido às podas de inverno, sendo o período
mais adotado para o plantio.
Produção das mudas: As mudas de amoreira podem ser propagadas por
semente, estacas, enxertia e mergulhia.
Propagação por sementes - maior longevidade das plantas; maior
resistência a pragas e doenças; aconselhável para a obtenção de
porta-enxertos; processo demorado; desuniformidade entre as plantas;
plantas pouco produtivas e alto custo de produção das mudas.
Propagação por estacas - processo rápido; maior uniformidade entre
as plantas; fácil, prático e econômico; menor resistência às pragas e
doenças; menor longevidade das plantas; é mais recomendável para
as condições brasileiras. Recomenda-se que se faça um canteiro de
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mudas com 10% da área plantada, que serão utilizadas no replantio
das falhas.
Propagação por enxertia - pouco usado no Brasil; aconselhável para
variedades de difícil propagação por estaquia; alto custo de produção
das mudas; necessita de pessoal especializado.
Propagação por mergulhia - pouco usado no Brasil; processo mais
rápido que a estaquia; maior uniformidade entre as plantas.
A maioria das mudas plantadas no Brasil é propagada por estaquia.
Estas são fornecidas gratuitamente pelas empresas produtoras do bicho-daseda. Os ramos da amoreira são enviados num palhado, que deve ser
colocado em local sombreado e umedecido até o preparo das estacas para
evitar o ressecamento das gemas.
Preparo das estacas: As estacas devem ser cortadas com 20 a 30 cm de
comprimento, possuindo de 4 a 6 gemas e 1,5 cm de diâmetro de ramos de 1
ano de idade. Na ponta inferior da estaca faz-se um corte em forma de bisel.
Na parte superior, o corte deve ser reto para evitar o ressecamento da estaca
e estas, plantadas o quanto antes possível.
Plantio: O plantio pode ser realizado em covas ou em sulcos, com mudas
enraizadas ou com estacas. Geralmente se utiliza o plantio de estacas em
sulcos de 20 a 25 cm de profundidade, em que as estacas são enterradas no
solo com o auxílio de um macete de madeira com batidas leves, sem danificar
a extremidade da estaca, até ficarem com uma ou duas gemas para fora. A
adubação recomendada deve ser colocada nas covas ou nos sulcos antes do
plantio.
Podas de formação: Nenhuma poda ou colheita deverá ser realizada antes
de seis meses do plantio para permitir que a planta possa desenvolver seu
sistema radicular e resistir às podas futuras. As podas de formação podem ser
fuste ou de cepo:
Podas de formação para o sistema de fuste: A primeira poda deve ser
realizada um ano após o plantio, na altura em que o fuste vai ser
conduzido: alto fuste = acima de 1,2 m; médio fuste = entre 0,5 e 1,2 m
e baixo fuste = entre 0,2 e 0,5 m. A segunda poda é realizada um ano
após a primeira, deixando-se apenas três ramos na plantas e
podando-os a 20 cm da inserção do tronco. A partir daí a planta está
formada e pronta para receber as podas de produção ou colheitas, que
podem ser feitas após 90 dias. Os espaçamentos mais comuns no
sistema de fuste estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Espaçamentos adotados no sistema de fuste.
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Sistema
de fuste
Baixo
Médio
Alto
Altura do
fuste (m)
0,3 a 0,5
0,5 a 1,2
> 1,2
Espaçamento (m)
Entre Linhas
Entre Plantas
1,5 a 1,8
0,6 a 0,9
1,9 a 2,5
1,0 a 1,8
2,6 a 4,0
1,9 a 4,0
Plantas/ha
11110 a 6170
5260 a 2220
2020 a 625
Podas de formação para o sistema de cepo: A primeira poda deve ser
realizada seis meses após o plantio, a 25 cm do solo, para
proporcionar melhor desenvolvimento das raízes. A segunda será
realizada seis meses após a primeira, a 10 cm do solo, e a terceira um
ano após a segunda, rente ao solo. A partir daí a planta está formada
e pronta para receber as podas de produção ou colheitas, que podem
ser feitas após 90 dias. Esse sistema é o mais adotado no Brasil, por
ser mais prático e econômico, sendo o espaçamento 0,4m x 1,3m o
mais comum.Os espaçamentos mais comuns no sistema de cepo
estão na Tabela 2.
Podas de inverno: A época ideal para essa poda é em julho, no final do
inverno, quando as plantas estão em repouso. Pode-se utilizar tesoura-depoda, alfanje curvo ou moto-serra para essa operação. Foices devem ser
evitadas, pois danificam os ramos, reduzindo a brotação. Em dias de chuva
não se deve realizar podas, pois o excesso de água prejudica a cicatrização
dos cortes, retardando a brotação. Essa poda é realizada dividindo a área do
amoreiral em 3 talhões de mesmo tamanho e utilizando um barracão para das
lagartas (Tabela 3).
Tabela 2. Espaçamentos adotados no sistema de cepo.
Espaçamento (m)
Equipamento
Trator
Microtrator
Tração Animal
Entre Linhas
Entre Plantas
3,0
2,8
2,5
2,2
2,0
1,8
1,5
1,3
0,6
0,6
0,6
0,6
0,6
0,6
0,6
0,4
Número de
Plantas/ha
5555
5950
6660
7575
8330
9260
11110
19000
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Tabela 3. Época e número de podas de inverno e de colheita para cada talhão
do amoreiral.
Podas
Podas de
inverno
Talhão A
Talhão B
Talhão C
15/mai
01/jun
15/jul
1a Poda de
colheita
15/set a 15/out
(1a Criação)
15/out a 15/nov
(2a Criação)
15/nov a 15/dez
(3a Criação)
2a Poda de
colheita
15/dez a 15/jan
(4a Criação)
15/jan a 15/fev
(5 a Criação)
15/fev a 15/mar
(6a Criação)
3a Poda de
colheita
15/mar a 15/abr
(7a Criação)
15/abr a 15/mai
(8a Criação)
15/mai a 15/jun
(9a Criação)
Podas de colheita: As colheitas são realizadas podando-se os ramos com as
folhas, para o tratamento das lagartas. Deve-se deixar, na planta, pelo menos
duas gemas nos ramos de um ano de idade, a fim de permitir a formação de
novos ramos. No Brasil, costuma-se realizar uma poda de inverno e três ou
quatro de colheitas, em intervalos de 75 a 90 dias uma das outras. Nessa
idade, os ramos apresentam 50% de seu peso em folhas, o que é ideal para
a
a
a
as lagartas de 3 e 5 idades. Para a alimentação de lagartas até a 2 idade
devem ser colhidas folhas tenras das extremidades dos ramos, aumentando a
idade das folhas com a das lagartas. A colheita deverá ser realizada pela
manhã, após a evaporação do orvalho. As podas de colheita são realizadas
conforme a Tabela 3.
Podas de rejuvenescimento: Aplicada às plantas velhas conduzidas no
sistema de fuste. Consiste em reduzir a copa da planta, deixando apenas os
três ramos primários, que devem ser protegidos com tinta ou calda bordalesa
para evitar o ataque de doenças.
Conservação das folhas: As folhas são colhidas numa quantidade suficiente
para alimentar as lagartas por um dia. Como parte dessas folhas não será
consumida imediatamente, deve-se armazená-la nos depósitos anexos às
sirgarias, que são construídos especialmente para esta finalidade. Os
depósitos são feitos de alvenaria reduzindo o murchamento das folhas e
rejeição pelas lagartas.
Tratos culturais: Operação realizada para eliminar as ervas daninhas da
área. Fazem-se três ou quatro capinas anuais por meios manuais, mecânicos
e/ou químicos, usando produtos específico.
Reforma: A amoreira é uma planta perene, que pode viver de 25 a 30 anos.
Porém, o seu rendimento começa a reduzir a partir dos 10 anos, tornando
necessário reformar a cultura. Essa reforma pode ser feita arrancando todas
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as plantas e plantando outras novas no lugar ou plantando novas plantas nas
ruas das plantas velhas. O segundo método é realizado quando não se deseja
paralisar a criação do bicho-da-seda. Nesse caso, deve-se fazer sulcos com
25 a 30 cm nas ruas, para podar as raízes das plantas velhas e plantar novas
mudas.
2.3. DOENÇAS E PRAGAS DA AMOREIRA
Devido à sua rusticidade e às podas freqüentes e sucessivas que
sofre, a amoreira é pouco atacada por doenças e pragas. Quando isso ocorre,
as plantas diminuem a quantidade e qualidade das folhas, interferindo na
produção de casulos. Como o bicho-da-seda se alimenta exclusivamente de
folhas da amoreira, o controle químico desses agentes deve ser cuidadoso
para evitar intoxicação e morte das lagartas.
2.3.1. DOENÇAS
Podridão Violeta da Raiz (Helicobacidium mompa)
Diagnóstico - Falta de brotação na primavera; murchamento das folhas;
aparecimento de micélios cor púrpura-avermelhado na raiz.
Injúria - Perda das folhas; apodrecimento das raízes e morte da planta.
Controle - utilizar mudas sadias no plantio; aplicar cal virgem nos troncos, na
fase inicial da doença; erradicar a planta com as raízes e tratar o solo
com cal virgem na fase avançada da doença.
Podridão Branca da Raiz (Rosellina necatrix)
Diagnóstico - Crescimento vagaroso dos ramos; murchamento das folhas;
aparecimento de micélios brancos no tronco.
Injúria - Apodrecimento das raízes e morte da planta.
Controle - ídem podridão violeta da raiz.
Oídio (Phyllactinia corylea)
Diagnóstico - Manchas branco-acinzentadas na face inferior das folhas.
Injúria - Ressecamento e redução do teor nutritivo das folhas.
Controle - Podar e queimar os ramos atacados; reduzir a densidade de plantio;
aplicar fungicida à base de enxofre.
Mancha ferruginosa (Cylindrosporium mori)
Diagnóstico – Pequenas manchas marrom-avermelhadas com bordas mais
claras, nas folhas.
Injúria - Queda das folhas e redução do seu valor nutritivo.
Controle - Limpar o amoreiral e queimar os restos culturais durante a poda de
inverno; podar e queimar os ramos e folhas atacadas e reduzir a
densidade de plantio; aplicar calda bordalesa.
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Bacteriose da amoreira
Pseudomona mori
Diagnóstico - Colônia com manchas irregulares nas folhas.
Bacterium mori
Diagnóstico - Manchas necrosadas, espessas, de cor escura nas folhas.
Injúria - Murchamento e queda das folhas e brotos.
Bacillus cubonianus
Diagnóstico - Lesão verde nos ramos e folhas, passando a marrom; depressão
e achatamento dos locais afetados.
Injúria - Crescimento irregular e deformação das folhas
Controle das Bacterioses – Planejar a lavoura de modo que as plantas tenham
aeração e exposição aos raios solares, podar a planta e queimar os ramos e
folhas reduzir a densidade; aplicar calda bordalesa e adubação racional.
Enfezamento
Diagnóstico- Aparecimento de rugas na folhagem, com coloração amarela e
desordenadamente arranjada.
Injúria- Diminuição do tamanho da planta.
Controle- Cultivares resistentes, evitar podas excessivas dos ramos. Combate
da cigarrinha vetora Hishimonus sellatus.
Mosaico
Diagnóstico - rugas de cor creme na face inferior das folhas; folhas finas sem o
mesófilo; mesófilo transparente.
Injúria - Redução da produção e morte das plantas
Controle - Erradicar a planta e queimá-la.
2.3.2. PRAGAS
Cochonilha-branca-da-amoreira (Pseudaulacaspis pentagona)
(Hemiptera: Coccinelidae)
Reconhecimento - Fêmea coberta por uma concha circular, achatada de cor
cinza-esbranquiçada, com 2 mm de diâmetro; machos alados
vermelhos, com 0,7 mm de comprimento.
Injúria - Sugam a seiva, tornando as folhas enrijecidas, pequenas e com baixo
teor nutritivo.
Controle - Podar a planta rente ao solo; aplicar inseticida de baixo período de
carência, geralmente no inverno. Preservação de inimigos naturais
como as joaninhas e crisopídeos.
Lagarta Desfolhadora (Automeris memusae) (Lepidoptera: Saturniidae)
Reconhecimento - Lagarta de coloração amarela com pelos urticantes,
podendo atingir de 6 a 7 cm de comprimento.
Injúria - Devoram as folhas.
Controle - Catação e extermínio das lagartas. Utilização de inseticidas
biológicos como Bacillus thuringiensis e reguladores de crescimento
devem ser aplicados quando as lagartas forem pequenas.
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Formigas Cortadeiras (Atta spp e Acromyrmex spp.) (Hymenoptera:
Formicidae)
Injúria - Desfolham a planta.
Controle - Aplicação de formicidas granulados, líquidos ou em pó.
Tripes (Pseudodendrothrips mori) (Thysanoptera: Thripidae)
Reconhecimento - Adulto de forma alongada, com 8 mm de comprimento,
quatro asas amarelo claras com tufos de pelos.
Injúria - Sugam a seiva, reduzindo a produção de folhas.
Controle - Pulverizar a planta com inseticida de baixa carência.
Nematóides (Meloidogyne spp)
Diagnóstico - amarelecimento, murchamento e queda de folhas,
envassouramento dos brotos.
Injúria - Obstrução das raízes com perda da função de absorção; morte da
planta.
Controle - Erradicar o foco e queimar as plantas atacadas; expor as larvas e
ovos ao sol, durante o preparo do solo; aplicar cal virgem nos sulcos de
plantio.
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