Ciências

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Ciências
Capítulo
Sergei Karpukhin/Reuters/Latinstock
3
A estrutura da Terra
Mina de diamantes desativada localizada na cidade de Mirna, na Rússia. Fotografia de 2001.
Mina: nesse caso, escavação ou perfuração feita
para extrair pedras preciosas, metais ou outro
recurso natural.
A foto acima mostra a parte exterior de uma mina de diamantes
desativada em Mirna, na Sibéria (Rússia). A perfuração tem 1,25 quilômetro (km) de diâmetro e pouco mais de 500 metros de profundidade.
Além de extrair diamantes e outros recursos naturais, perfurações na superfície da Terra possibilitam, por exemplo, investigar o
tipo de solo de uma região para verificar se é possível construir casas
sobre ele. Elas também proporcionam informações sobre o planeta
Terra, sua constituição, a maneira como varia a temperatura em seu
interior, etc.
Porém, há limite para as escavações. As altas temperaturas encontradas nas regiões internas do planeta impedem perfurações muito
profundas. Para saber o que acontece no interior da Terra e conhecer
sua estrutura, os cientistas precisam utilizar outras técnicas.
Os profissionais que estudam a estrutura e a evolução da Terra,
bem como as rochas e os minerais, são denominados geólogos.
Esses profissionais investigam a formação de montanhas, o surgimento de terremotos e vulcões, e vários outros fenômenos geológicos relacionados à estrutura da Terra, alguns dos quais você verá
neste capítulo.
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Planeta em mudança
Ashley Cooper/Alamy/Other Images
O velho homem de Hoy: coluna
de pedra em uma ilha da
Escócia. A coluna, que atinge
137 m, é resultado da erosão
das rochas ao redor.
Palê Zuppani/Pulsar Imagens
Nataiki/Dreamstime.com/ID/BR
A superfície do planeta Terra não foi sempre do jeito
que é hoje. Modificações ocorreram e continuam acontecendo, transformando a superfície do planeta. Muitas
dessas modificações devem-se ao ser humano, como
a construção de casas, cidades, usinas, estradas e linhas de transmissão de energia elétrica e a devastação
de florestas.
Porém, outras modificações ocorrem sem a interferência humana. Muito antes de o ser humano existir, a
Terra já passava por grandes transformações. Para se ter
uma ideia, até a posição dos continentes mudou e, como
veremos adiante neste capítulo, continua mudando.
Atualmente, as transformações ainda ocorrem tanto no interior como na superfície do planeta. Algumas
dessas transformações são muito lentas e, por isso, é
difícil percebê-las. Os ventos, a chuva, as ondas do mar
e as alterações climáticas, entre outros fatores, transportam fragmentos de rochas e partículas do solo de
uma região para outra. Esse processo, conhecido como erosão, transforma a superfície da Terra. Em longo prazo, a erosão muda o curso
dos rios, destrói morros e montanhas e até mesmo transforma áreas
cobertas por vegetação em desertos. Embora seja um processo natural, a erosão é intensificada por atividades humanas, como o desmatamento. Esse assunto será retomado no capítulo seguinte.
Outras transformações ocorrem rapidamente. É o caso dos
vulcões, que expelem lava e cinzas e alteram instantaneamente
a paisagem local, ou dos terremotos, que podem destruir cidades inteiras e provocar inundações de grandes proporções.
Erupção do vulcão
Tungurahua. Província de
Ambato, Equador, 2010.
quente e pastoso expelido por vulcões ou por
fraturas da superfície terrestre. Antes de atingir a
superfície, isto é, quando
ainda está no interior do
planeta, a lava é chamada de magma.
A erosão formou a Pedra Furada, beleza natural
do Parque Nacional da Serra da Capivara.
Piauí, 2010.
Rodrigo Buendia/AFP/Getty Images
Esta rocha sofreu erosão pelos ventos, que a
esculpiram. Em razão de seu formato é
chamada de Árvore de Pedra. Bolívia, 2008.
Lava: material muito
Dê um exemplo de
transformação da
superfície terrestre
que ocorre rapidamente e um exemplo de transformação lenta.
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Estrutura interna da Terra
Concêntrica: que tem o
mesmo centro.
Ficcionista: aquele que
escreve obras de ficção,
isto é, histórias que não
são reais.
Na estante
Viagem ao centro da
Terra, de Júlio Verne
Livro escrito em 1864
pelo famoso ficcionista
francês Júlio Verne, autor
de clássicos como 20 000
léguas submarinas e
Volta ao mundo em 80
dias. Conta a história de
um grupo de pessoas que
teria descido ao interior
da Terra pela cratera de
um vulcão e encontrado
animais pré-históricos no
caminho. Na época em
que o livro foi escrito, não
se conhecia a estrutura
da Terra e, por isso, havia
muitas teorias sobre animais e pessoas vivendo
em seu interior. Apesar
de não ser uma obra científica e não trazer ideias
aceitas pela ciência sobre
o interior da Terra, esse
livro foi precursor de todo
um gênero literário que
mantém relação com a
ciência, a ficção científica,
e ilustra a curiosidade
humana sobre o interior
do planeta.
crosta
Luis Moura/ID/BR
Veja também o
objeto educacional
digital “A estrutura
da Terra”.
Você sabe como é nosso planeta por dentro? Olhando a superfície
da Terra, vemos um planeta sólido e rochoso. Até mesmo o leito dos
oceanos é rochoso.
O centro da Terra está a cerca de 6 400 km abaixo da superfície. É
impossível ir até lá. As maiores perfurações feitas por seres humanos
atingiram apenas poucos quilômetros, pois a temperatura e a pressão
aumentam com a profundidade.
Ainda assim, os geólogos descobriram informações sobre a estrutura da Terra baseando-se em dados como: amostras de rochas que
vieram à superfície expelidas por vulcões; análise dos terremotos;
análises em laboratório simulando as condições do centro da Terra, etc.
Com essas observações indiretas e experiências, os geólogos
descobriram que a Terra tem uma estrutura interna em forma de
camadas concêntricas, que apresentam características próprias. As
três principais camadas da estrutura da Terra são: a crosta, o manto
e o núcleo.
manto superior
manto inferior
núcleo externo
núcleo interno
cores-fantasia
Representação sem
proporção de tamanho.
Camadas internas da Terra: crosta, manto superior, manto, núcleo exterior e núcleo interior.
A crosta, a camada mais exterior da Terra, onde nós vivemos, é
sólida e rochosa. Ela é, também, a camada mais fina do planeta, com
apenas algumas dezenas de quilômetros de profundidade. As regiões
mais finas da crosta são aquelas sob os oceanos.
O manto se estende até quase 3 mil km de profundidade. A parte
mais externa, perto da crosta, chamada manto superior, é relativamente rígida, enquanto a parte mais interna – chamada manto inferior – é viscosa. O núcleo se divide em uma parte exterior, constituída de metais em estado líquido, e uma parte interior, muito densa,
de metal sólido. Quanto maior a profundidade no interior da Terra,
maior a temperatura. Talvez você esteja se perguntando como o núcleo interior do planeta pode ser sólido a temperaturas tão altas, que
derretem metais. Porém, a pressão também aumenta com a profundidade, pois, quanto mais fundo se vai, maior é o peso das camadas
acima. A pressão no centro da Terra é enorme e isso faz com que os
metais permaneçam sólidos, mesmo a altas temperaturas.
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Crosta
ID/CL
A casca sólida, fina e rochosa que envolve nosso planeta recebe o
nome de crosta. Ela se formou pelo material derretido do manto, que
esfriou e endureceu.
Estudos mostram que a crosta é a única camada que abriga vida.
Tudo o que vemos ao nosso redor pertence à crosta: montanhas, vales, rios, mares, etc. Mesmo as minas mais profundas não vão além
da crosta terrestre.
A crosta não é uniforme e pode ser dividida em crosta continental, na qual estão os continentes da Terra, e crosta oceânica, que
forma o fundo dos oceanos. Elas variam em espessura, composição
e densidade.
A crosta continental é constituída, em grande parte, por rochas,
e sua espessura varia entre 30 km e 60 km, aproximadamente. A
idade das rochas que compõem a crosta continental varia, e as mais
antigas têm quase 4 bilhões de anos.
Já a crosta oceânica é formada principalmente por rochas mais
finas, com espessuras entre 5 km e 10 km. Em geral, as rochas componentes da crosta oceânica são muito mais jovens do que as da
crosta continental.
crosta continental
crosta oceânica
cores-fantasia
Representação sem
proporção de tamanho.
Representação das crostas ocêanica e continental em vista lateral.
O conjunto da crosta e da parte mais externa do manto constitui
a litosfera, que está dividida em placas, denominadas litosféricas,
que se movem sobre a porção interna do manto, levando junto os
continentes.
Para saber mais
As grandes perfurações
Uma das mais profundas perfurações já feitas pelo ser humano fica na Rússia, na península de Kola. A iniciativa partiu
de um projeto científico que visava estudar melhor o interior da crosta terrestre. Após anos de planejamento e construção
de máquinas especiais para a missão, a perfuração teve início, em 1970.
Os cientistas conseguiram perfurar a uma profundidade de mais de 12 quilômetros e descobriram que a temperatura
encontrada a essa profundidade era bem maior do que os estudos indicavam. Por causa dessa temperatura e das altas
pressões, as rochas no fundo do buraco têm uma consistência pastosa, de modo que o buraco se fechava novamente
após a retirada de material do solo. Assim, o projeto chegou ao fim em 1994.
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Ulisses Job/Futura Press
Mineração
Técnico mede o nível de ruído em
uma mina de carvão. Os mineiros
usam protetores auriculares para
evitar danos causados por ruídos
intensos à audição.
Jazida: depósito natural
de rochas que contêm
metais ou pedras preciosas, por exemplo.
A crosta contém vários recursos naturais que são explorados pelo
ser humano, como os metais ferro, ouro, prata, cobre, chumbo e
zinco. Em geral, esses materiais são retirados da crosta terrestre nas
minas, como a mostrada na abertura deste capítulo.
Algumas das minas mais profundas estão na África do Sul e chegam a quase 4 km de profundidade. A temperatura nessa profundidade chega a 45 °C, por isso um sistema de ventilação e refrigeração
é essencial.
Embora a mineração seja necessária para obtermos diversos materiais, ela pode causar vários danos ao ambiente, como poluição do
solo e da água, desmatamento e erosão.
Por isso, antes de minerar uma área, é preciso fazer estudos que
avaliem o impacto dessa atividade.
Reutilizar e reciclar objetos de alumínio e ferro, por exemplo, é
um modo de usar mais de uma vez o metal já extraído, além de evitar
a exploração desnecessária das jazidas.
Luis Moura/ID/BR
Manto
O manto é uma camada de quase 3 mil quilômetros, e corresponde a
cerca de 84% do volume do planeta.
É formado por rochas ricas em ferro
e magnésio, e suas características permitem dividi-lo em manto superior e
manto inferior.
manto
manto
O manto superior, que vai da
inferior
superior
parte final da crosta até cerca de 400
quilômetros de profundidade, é constituído de material rochoso rígido. A
cores-fantasia
camada mais externa do manto superior faz parte da litosfera terrestre,
Representação sem
proporção de tamanho.
junto com a crosta.
O esquema mostra as
O manto inferior está sujeito a temperaturas maiores e, por causubcamadas do manto terrestre.
sa disso, o material que o constitui se apresenta em um estado viscoso, como se fosse um líquido pastoso, muito espesso. Quanto maior
Para saber mais
a profundidade, porém, mais sólido se torna o material viscoso do
Explorações
manto, porque a pressão se eleva em grandes profundidades.
Para explorar o manto,
A viscosidade do manto inferior permite que esse material se
os cientistas perfuram
mova, levando consigo a litosfera acima dele. Por isso, as placas litosáreas da crosta oceânica.
féricas estão em constante movimento.
Em 2007, o navio de
A temperatura do manto vai de 600 ºC, na região do manto supesquisa britânico RRS
perior
próximo à crosta, até mais de 4 000 ºC, na região do manto
James Cook visitou um
inferior próxima ao núcleo. Ao nível do mar, as rochas que formam
local onde um buraco na
crosta terrestre deixa
o manto derretem a cerca de 1 200 °C. Porém, na profundidade em
o manto exposto. Esse
que se encontra a porção mais interna do manto inferior, a pressão é
local fica entre o mar do
muito maior do que ao nível do mar, o que faz que nessa região esse
Caribe e o Cabo Verde.
material permaneça no estado sólido mesmo a altas temperaturas.
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Roberto Melo/ID/BR
O núcleo, parte central da Terra,
é constituído basicamente por ferro, enxofre e níquel. Assim como o
manto, o núcleo pode ser dividido
em núcleo interno e externo.
O núcleo externo começa onde
termina o manto e vai até pouco
mais de 5 mil quilômetros, onde cocoresmeça o núcleo interno. Sua tempe-fantasia
ratura vai de 4 000 °C, na fronteira
Representação sem
proporção de tamanho.
com o manto, até 5 000 °C, próximo
ao núcleo interno. Por causa dessas
altas temperaturas, semelhantes às da superfície do Sol, os cientistas
sabem que os metais que compõem o núcleo externo permanecem
em estado mais líquido que os materiais do manto. Os estudos também mostram que o núcleo externo está relacionado ao campo magnético da Terra, responsável por orientar as agulhas das bússolas, por
exemplo.
O núcleo interno é uma esfera sólida de níquel e ferro, com cerca
de 1 200 km de raio, a uma temperatura aproximada de 5 500 °C.
Apesar de ser composto pelos mesmos elementos que o núcleo externo, o núcleo interno se apresenta em estado sólido por causa da
imensa pressão a que está submetido.
Uma teoria científica bem aceita afirma que, em algum momento
da formação do planeta, os materiais mais densos, como o ferro,
afundaram em direção ao centro. Essa teoria explica a constituição
do núcleo da Terra.
ferro
Luis Moura/ID/BR
Núcleo
núcleo
externo
núcleo
interno
A composição de todo o
núcleo é a mesma, porém,
o núcleo externo é líquido,
enquanto o núcleo interno
é uma esfera sólida.
Para saber mais
A estrutura da Lua
Estudos sobre a estrutura da Lua mostram
que ela também tem três
camadas: uma crosta,
com aproximadamente
65 km de espessura,
um manto denso e um
pequeno núcleo de ferro.
material
menos denso
1.Em qual camada
cores-fantasia
Representação sem
proporção de tamanho.
Fonte de pesquisa: Frank Press et al. Para entender a Terra. 4. ed. Porto Alegre:
Bookman, 2006. p. 32.
Durante a formação
da Terra, o ferro
afundou em direção
ao centro e os
materiais menos
densos ficaram nas
camadas mais altas.
da Terra a temperatura é maior?
2.Por que os cientistas, ao estudar
o manto, procuram fazer perfurações na crosta
oceânica em vez
de fazê-lo na crosta continental?
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Os continentes em movimento
Após vários estudos durante o século XX, os cientistas concluíram que
a litosfera, a camada rochosa formada pela crosta terrestre e por parte do
manto superior, é dividida em várias placas litosféricas.
Há algumas placas principais, grandes, além de várias placas menores. As
placas litosféricas podem incluir porções de continentes, oceanos ou ambos.
Por exemplo, a placa Sul-americana, onde está o Brasil, abrange não só o
continente da América do Sul, mas também boa parte do oceano Atlântico.
120°L
180°
120°O
Círculo Polar Ártico
60°O
0°
ID/BR
principais placas litosféricas da terra
60°L
Placa
Norte-americana
Placa
Eurasiática
Placa
Eurasiática
Placa Juan
de Fuca
Placa
Caribenha
Trópico de Câncer
Placa das
Filipinas
Placa
Arábica
Placa
de Cocos
Equador
Placa
Indiana
0°
Placa
Australiana
Placa do
Pacífico
Placa de
Nazca
Placa
Antártica
Círculo Polar Antártico
Sentido do movimento das placas
Placa
Africana
Placa
Sul-americana
Placa Scotia
Meridiano de Greenwich
Trópico de Capricórnio
Placa
Australiana
cores-fantasia
0
2715
5430 km
1 cm – 2715 km
Mapa ilustrativo das principais placas litosféricas da Terra. As setas indicam o sentido do movimento das placas.
Fonte de pesquisa: <http://pubs.usgs.gov/gip/dynamic/slabs.html>. Acesso em: 12 abr. 2012.
Algumas das placas principais são: Antártica, Africana, Norte-americana, Sul-americana, Indo-australiana, Eurasiática e do Pacífico. Além delas,
podem-se citar algumas placas menores, como a placa Arábica, a placa
do Caribe e a placa de Nazca, esta última vizinha à placa Sul-americana.
As placas litosféricas não são estáticas. A litosfera é mais rígida e
menos densa do que o manto inferior, sobre o qual as placas se apoiam.
As placas estão em constante movimento umas em relação às outras,
aproximando-se ou se afastando, com velocidades entre 10 mm/ano e
160 mm/ano.
Os trabalhos científicos apontam que a fonte de energia para o movimento dos continentes é o calor do manto abaixo da litosfera. Parte desse
calor é transformado em energia que movimenta as placas.
Durante seu movimento, as placas litosféricas podem chocar-se, causando vários fenômenos, como terremotos. Por isso, as regiões nas fronteiras das placas são propícias a tremores de terra, surgimento de montanhas
e de vulcões, como veremos adiante.
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Luis Moura/ID/BR
A teoria do movimento das placas litosféricas
nem sempre foi bem aceita. Outras teorias anteriores propunham que os continentes poderiam
se mover, mas o leito oceânico, não. Outra teoria
propunha um modelo segundo o qual o planeta
estaria “inchando”, aumentando de tamanho, e,
com isso, os continentes estariam todos se afastando uns dos outros.
Atualmente, o movimento das placas litosféricas é monitorado via satélite, usando o Sistema
de Posicionamento Global (GPS). Por meio dessa
tecnologia, os geólogos conseguem medir deslocaVale Alfagia, originado pelo aparecimento de uma fenda decormentos de placas litosféricas da ordem de alguns rente do movimento de afastamento das placas eurasiática e
milímetros ao ano.
norte-americana. Islândia, 2010.
Região em que
as placas se
aproximam.
Região em que
as placas se
afastam.
Oxford Scientific/Getty Images
Tipos de movimentos litosféricos
Região em que as
placas deslizam em
direções opostas.
cores-fantasia
Representação sem
proporção de tamanho.
Representação dos
movimentos das placas
litosféricas. Esse esquema
serve apenas para explicar
como são os movimentos
das plantas. Ele não representa nenhuma região
específica do planeta.
Se as placas litosféricas se movem, será que, no
passado, os continentes estiveram em posições diferentes? Tudo indica que sim. Mais do que isso,
evidências indicam que há 250 milhões de anos os
continentes estavam todos juntos, formando um supercontinente denominado Pangeia (do grego pan
= todo e geo = terra). Esse supercontinente teria,
então, sofrido inúmeras rachaduras, rompimentos e
encontros, e as placas assim formadas teriam se movimentado até as posições atuais.
Faça a atividade
complementar da
página 234.
A ilustração mostra o formato do
supercontinente Pangeia, que, há centenas
de milhões de anos, unia todos os
continentes hoje conhecidos. As linhas
indicam o contorno aproximado dos
continentes atuais e da Índia.
Paula Radi/ID/BR
O supercontinente: Pangeia
Europa e
Ásia
América
do Norte
América
do Sul
África
Índia
Antártida
Austrália
cores-fantasia
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Evidências do movimento das placas no passado
de seres vivos que viveram há mais de 11 mil
anos. Esse assunto será
detalhado no capítulo
seguinte.
Quais as possíveis
consequências do
movimento das placas tectônicas para
os seres vivos?
Vários são os indícios de que os continentes estiveram juntos no
passado. Por meio deles é possível obter pistas a respeito da posição
original dos nossos atuais continentes.
Os primeiros indícios que chamaram a atenção de vários pesquisadores ao longo dos séculos, levando-os a propor que os continentes
estiveram unidos no passado, foram os contornos da costa leste da
América do Sul e da costa oeste da África. Observando-os em um
mapa-múndi, tem-se a impressão de que eles se “encaixam” como se
fossem peças de um quebra-cabeça que foram separadas.
Mais um forte indício é a similaridade entre plantas, animais e
fósseis encontrados em locais hoje muito distantes. Como a idade
estimada desses fósseis indica que eles são mais antigos do que o ser
humano, não há possibilidade de que tenham sido levados de um local
a outro por pessoas. Esse indício reforça a hipótese de que, no passado, os fósseis estavam no mesmo lugar. Por exemplo, fósseis de um
antigo animal aquático chamado de mesossauro foram encontrados
na costa do Brasil e na região ocidental da África do Sul.
The University of Chicago/
Press Publicity Department
Fóssil: resto ou vestígio
Desenho do esqueleto de um mesossauro, com cerca de 1 m de comprimento.
Jaime Chirinos/SPL/Latinstock
Artur Keunecke/Pulsar Imagens
Johan63/Dreamstime.com/ID/BR
Aves como o avestruz e a ema, que atualmente habitam respectivamente a África e o Brasil, apresentam características similares
às encontradas nos fósseis de aves-elefantes, encontrados na ilha de
Madagascar, na África.
1
As fotos do avestruz, 2,5 m,
na aparência das três aves.
2
1
e da ema, 1,8 m,
3
2
comparadas à representação da ave-elefante, 3 m, (extinta),
3
mostram a similaridade
54
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Atividades
1. Dê exemplos de modificações na superfície da Terra,
Camada
Espessura média
(km)
2. Observe a tabela ao lado, com dados sobre a estrutura
Manto superior
720
interna da Terra. Em seguida, responda às questões.
a) Reescreva a tabela colocando as camadas em
ordem crescente de profundidade.
b) Com base nos dados da tabela, estime o diâmetro
da Terra. Dica: faça um desenho do planeta e suas
camadas, indicando a espessura de cada uma.
Núcleo externo
2 259
Manto inferior
2 171
Crosta
30
Núcleo interno
1 221
tanto naturais como provocadas pelo ser humano.
Fonte de pesquisa: <http://pubs.usgs.gov/gip/
interior/>. Acesso em: 23 abr. 2012.
3. Leia o texto abaixo.
De Pangeia aos continentes atuais
ID/BR
A Terra se formou há aproximadamente 4,6 bilhões de anos; chamamos esse amplo intervalo de tempo de tempo geológico e o dividimos em quatro eras: Pré-cambriana, Paleozoica, Mesozoica e Cenozoica. As alterações do supercontinente Pangeia até a configuração
atual dos continentes ocorreram ao longo de bilhões de anos, durante as três últimas eras.
Pangeia
Laurásia
Permiano
225 milhões de anos
Jurássico
135 milhões de anos
Gondwana
Triássico
200 milhões de anos
Quartenário
hoje
Cretáceo
65 milhões de anos
Linha do tempo geológico mostrando as alterações ocorridas desde o supercontinente Pangeia até os
continentes atuais. Fonte de pesquisa: Atlas geográfico escolar. 4. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2007.
a) Qual a causa do movimento dos continentes?
b) Cite um indício de que, no passado, os continentes estavam em outras posições.
Movimento das placas litosféricas
0°
30°L
60°L
90°L
120°L
150°L
180°
150°O
120°O
90° O
60°O
OCEANO GLACIAL ÁRTICO
Círculo Polar Ártico
50°O
ID/BR
várias setas que ilustram a direção do movimento da placa litosférica naquela região. Para
qual direção a região do
Brasil tende a se mover?
90°N
ID/BR
4. O mapa ao lado contém
60°N
30°N
Trópico de Câncer
0°
Equador
0°
BRASIL
Mapa ilustrativo representando o
movimento das placas litosféricas.
Fonte de pesquisa: <http://sideshow.
jpl.nasa.gov/mbh/series.html>.
Acesso em: 22 abr. 2012.
Meridiano de Greenwich
Trópico de Capricórnio
OCEANO
ÍNDICO
30°S
OCEANO
PACÍFICO
60°S
Círculo Polar Antártico
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
0
4185
8370 km
1 cm – 4185 km
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Ciência por escrito
… E a América do Sul se fez
A estrutura geológica da América do Sul é um imenso caleidoscópio de blocos de rochas que se
quebraram, se colaram e se movimentaram de modo impressionante. Em Pirapora do Bom Jesus,
município a 60 quilômetros de São Paulo, o geólogo Colombo Tassinari, professor do Instituto de
Geo-ciências (IGc) da Universidade de São Paulo (USP), exibe evidências dessas transformações, que
dezenas de geólogos estudam em profundidade há pelo menos 50 anos e seu colega da USP Benjamim
Bley Brito Neves sintetizou em um artigo recém-publicado [...]. “Tudo isso aqui já foi o fundo do mar,
há mais de 600 milhões de anos”, diz Tassinari, ao chegar ao alto de uma colina em um dos bairros
do município de Pirapora do Bom Jesus. [...].
Rogério Reus/Pulsar Imagens
Ao subir o morro ele já tinha mostrado um depósito natural de calcário e indicado a direção de
uma antiga mina de magnetita – outros resquícios do fundo de um mar que se fechou como resultado do embate entre placas [...] [litosféricas] que vinham em direções opostas. A força das placas
era intensa a ponto de fazer com que fragmentos de crosta oceânica que estavam a estimados 4 mil
metros de profundidade fossem lançados para dentro do continente e se apresentem hoje a cerca de
600 metros de altitude (possivelmente já formaram morros ainda mais altos).
O cânion Itaimbezinho, que pertence ao Parque Nacional dos Aparados da Serra – Cambará do Sul (RS), 2011 –, é uma cicatriz
geológica de 130 milhões de anos.
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Pesquisadores da USP, Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
e de outros centros de pesquisa geológica do Brasil normalmente examinam a origem e a composição
de partes desse imenso quebra-cabeça [...]. Ao mesmo tempo, especialistas de outros países – Argentina,
Estados Unidos, Espanha, Alemanha, Inglaterra, Dinamarca e Austrália – trabalham para entender
a formação de seus próprios continentes. Com frequência eles se encontram para se ajudar ou ver
como os continentes se encaixavam, já que blocos de rochas hoje na América do Sul estiveram ao
lado dos que hoje estão na América do Norte ou na China.
[...]
Na América do Sul, como em todo o globo, há uma destruição e uma reconstrução contínuas. Outro exemplo a céu aberto dos embates [...] [litosféricos] é o Parque Nacional de Itatiaia. Sua estrutura
geológica básica resulta dos derrames de lava liberados por um vulcão [...].
Tassinari acredita que a antiga bacia oceânica de Pirapora do Bom Jesus, que ele começou a estudar há 30 anos, deve ser valorizada. [...] Segundo ele, esse é o único trecho do estado de São Paulo
com uma crosta oceânica relativamente bem conservada.
Outra indicação de braços de oceanos extintos são os sedimentos de mar profundo como os encontrados em Araxá, Minas, e em Afrânio e Dormentes, Pernambuco. “A vida de um oceano é muito
curta, raramente vai muito além de 200 milhões de anos. A crosta oceânica, por ser mais fina que a
continental, é constantemente reciclada”, diz Cordani. [...]
Há 2,5 bilhões de anos houve uma reviravolta na história da Terra, com picos de perda de calor,
que permitiram a formação da crosta, a camada mais superficial do planeta, antes tomado por uma
sopa quente de magma.
[...]
A maior parte da América do Sul tornou-se relativamente estável por volta de 60 milhões de anos
atrás. Os fragmentos [...] formaram uma área relativamente estável da Venezuela à Argentina, a plataforma Sul-Americana, vasto conjunto de blocos de rochas completados com bacias sedimentares
com a da bacia do Paraná, com cerca de cinco quilômetros de sedimentos. “Sobre esse pacote de rochas sedimentares e vulcânicas formaram-se depressões onde correm o rio Paraná e seus afluentes”,
explica Bley.
A oeste, porém, existe uma área ainda geologicamente instável, a cordilheira dos Andes, resultado da convergência entre a placa de Nazca e a placa continental sul-americana. Os Andes ainda
crescem, incorporando as rochas de Nazca, que afundam no manto da Terra, derretem e depois voltam para a superfície. “A placa de Nazca se movimenta um centímetro por ano”, observa Tassinari.
Os oceanos também estão em transformação. “O Atlântico está se expandindo e o Pacífico se
fechando”, informa Bley. O resultado? “Daqui a 200 milhões de anos, os continentes vão se unir de
novo.” Embora distante, o continente que deve resultar dessa fusão já ganhou vários nomes. Um deles é Amásia, já que deve unir outra vez a América e a Ásia.
Fioravanti, C. ... E a América do Sul se fez. Revista Pesquisa Fapesp, n. 188, outubro 2011. Disponível em: <http://revistapesquisa.fapesp.
br/?art=4523&bd=1&pg=1&lg=>. Acesso em: 24 jan. 2012.
1. Em sua opinião, esse processo dinâmico de formação e transformação da superfície da Terra
terá fim?
2. A movimentação das placas litosféricas pode levar a choques entre elas, e as fissuras ao
longo de uma placa podem possibilitar a saída do magma. Quais consequências você acha
que esses fenômenos podem causar?
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Formação de cadeias montanhosas
Meridiano de Greenwich
ID/BR
Luis Moura/ID/BR
Uma das consequências do movimento das placas litosféricas é a formação de cadeias montanhosas. Quando
duas placas que se movimentam em
sentidos opostos se encontram, elas
Crosta continental
podem se dobrar ou uma se sobreCrosta continental
por à outra. Nos dois casos, surgem
Litosfera
elevações da crosta terrestre. Como a
Litosfera
coresvelocidade das placas litosféricas é da
-fantasia
ordem de alguns centímetros por ano,
Representação sem
proporção de tamanho.
esse processo pode durar milhões de
Processo de formação de montanhas por superposição de placas litosféricas. anos. O resultado é uma cadeia monObserve que as duas placas movem-se uma em direção à outra; a placa da
tanhosa.
esquerda move-se sob a placa da direita.
Assim, é comum que as cadeias
de montanhas estejam localizadas nas
localização das principais cadeias de montanhas
bordas de placas litosféricas, pois são
160°L
160°O
20°O
80°O
40°O
40°L
80°L
120°L
0°
as regiões que mais sofrem com o im80°N
pacto das placas.
Círculo Polar Ártico
A cordilheira do Himalaia, localizada na Ásia, apresenta algumas das
40°N
montanhas mais altas do mundo e é
Trópico de Câncer
OCEANO
um exemplo do processo descrito anPACÍFICO
teriormente: há milhões de anos, a ÍnEquador
OCEANO
0°
PACÍFICO
dia ficava em uma placa separada do
OCEANO
Trópico de Capricórnio
resto da Ásia. Movendo-se cerca de 15
ÍNDICO
40°S
centímetros por ano, essa placa acaOCEANO
ATLÂNTICO
bou por atingir a placa da Ásia, cau0
4250
8500 km
sando uma elevação de terra ao longo
1 cm – 4250 km
da fronteira entre as duas placas. Essa
elevação ocorreu continuamente por
Mapa-múndi representando os contornos das placas litosféricas. Observe
como muitas elevações montanhosas estão próximas às fronteiras das placas. milhões de anos, resultando no que é
Fontes de pesquisa: Atlas geográfico
hoje a cordilheira do Himalaia.
escolar. 4. ed. Rio de Janeiro: IBGE,
Observações por satélites mostram que ainda hoje a placa da
2007. p. 57; <http://sideshow.
jpl.nasa.gov/mbh/series.html>.
Índia
continua adentrando a Ásia, o que significa que a cadeia do
Acesso em: 22 abr. 2012.
Himalaia ainda está subindo: sua altura aumenta alguns milímetros
por ano.
Na América do Sul, um exemplo desse tipo de formação montanhosa é a cordilheira dos Andes, que é resultado do movimento
das placas de Nazca e da Antártica, entrando embaixo da placa Sul-americana.
Elabore uma explicação para o fato
de não haver altas
cadeias montanhosas no Brasil, como
os Andes.
Para saber mais
Outras maneiras de formar montanhas
Existem outros processos de formação de montanhas. Um deles é o vulcanismo,
que você verá adiante. A lava, expelida por vulcões, quando resfriada, endurece e se
transforma num tipo de rocha.
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Terremotos
Epicentro
Luis Moura/ID/BR
Você já deve ter visto, na TV ou em
jornais, reportagens sobre terremoto. Um
terremoto é um evento em que o solo de
uma região treme e se desloca abruptamente. Embora esse tremor de terra dure
pouco tempo, cerca de um ou dois minutos, ele pode, caso seja intenso, provocar
muita destruição.
Um terremoto pode ser causado por
atividade vulcânica ou mesmo por interferência humana (veja boxe nesta página). Entretanto, uma das principais cauFoco ou
hipocentro
sas é o movimento de placas litosféricas.
Quando duas placas vizinhas tendem a se
mover uma contra a outra ou mesmo deslizar, geram uma força na
região entre elas, empurrando as rochas umas contra as outras. Se
essa força for maior do que a resistência das rochas, elas se rompem
e se deslocam, gerando o tremor de terra.
O ponto onde ocorrem esses rompimentos e deslocamentos pode
estar a vários quilômetros de profundidade, mas seus efeitos podem
chegar até a superfície. Isso não se deve apenas ao deslocamento das
rochas em si, mas, principalmente, às ondas que são geradas por ele.
Essas ondas, denominadas ondas sísmicas, viajam pelo interior da
Terra em todas as direções, provocando vibrações por onde passam,
e podem atingir regiões distantes do local onde se originou o tremor.
O ponto em que ocorre o deslocamento rochoso é denominado
foco, ou hipocentro, e o ponto na superfície bem acima do foco é
denominado epicentro. Quanto menos profundo for o foco do terremoto, maiores serão os danos sofridos na superfície.
cores-fantasia
Representação sem
proporção de tamanho.
A ilustração mostra o hipocentro
e o epicentro de um terremoto.
As ondas sísmicas estão ilustradas em vermelho.
Para refletir
Ação humana
160°O
120°O
80°O
40°O
0°
40°L
80°L
120°L
160°L 80°N
Círculo Polar Ártico
40°N
OCEANO
PACÍFICO
Trópico de Câncer
OCEANO
PACÍFICO
Equador
Trópico de Capricórnio
OCEANO
ATLÂNTICO
Meridiano de Greenwich
0°
OCEANO
ÍNDICO
0
Regiões onde os terremotos
são mais frequentes
Círculo Polar Antártico
3325
40°S
6650 km
1 cm – 3325 km
ID/BR
incidência de terremotos
Construções de
barragens, perfurações
de poços de petróleo e
escavações em minas
de carvão, por exemplo,
podem induzir tremores
de terra. Alguns pesquisadores acreditam que as
causas de um terremoto
que atingiu a cidade de
Newcastle, na Austrália,
em 1989, podem estar
relacionadas às milhões
de toneladas de carvão
retiradas do subsolo
em duzentos anos de
mineração.
Escreva sobre a necessidade de se extraírem carvão e petróleo do solo para
fins de obtenção de energia,
e quais as possíveis ações
para obter um desenvolvimento sustentável.
Mapa-múndi representando os
contornos das placas litosféricas.
Os pontos em amarelo indicam regiões
onde os terremotos são mais frequentes.
Observe como essas regiões coincidem
com a borda das placas litosféricas.
Fonte de pesquisa: Wilson Teixeira e outros. Decifrando a Terra. São Paulo: Oficina de textos, 2000. p. 44.
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Detectando um terremoto
Defesa civil: organização
Zephyr/SPL/Latinstock
civil que atua na prevenção e no socorro às
vítimas de desastres ou
catástrofes naturais.
Os geólogos conseguem, com o uso de um aparelho, detectar e
registrar as trepidações do solo, mesmo que sejam mínimas. Esse
aparelho, denominado sismógrafo, permite não apenas registrar um
terremoto, mas também prever a aproximação de um tremor e obter
informações sobre as ondas sísmicas.
Há no mundo milhares de estações sísmicas, equipadas com sismógrafos, que coletam dados sobre tremores em todo o planeta.
Essas informações ajudam os geólogos a compreender melhor a estrutura da Terra, ao revelar detalhes sobre a densidade das camadas,
por exemplo, além de ser um sinalizador importante para a defesa
civil alertar a população quando há um abalo que possa causar grandes estragos.
O sismógrafo detecta e registra
vibrações do solo. Ao lado,
estão sendo gravadas as
atividades sísmicas do vulcão
Merapi, Indonésia, 2003.
Para saber mais
Como os tremores eram detectados no passado
Fotografias: SSPL/Keystone
O primeiro aparelho usado para detectar tremores do solo, ao que se sabe, foi inventado no século II por Zhang Heng,
na China. Heng era astrônomo, matemático, geógrafo e poeta, e concebeu um dispositivo capaz de apontar a direção de
um tremor de terra a centenas de quilômetros de distância. O mecanismo era formado por um vaso de bronze, no qual
ficavam penduradas oito figuras com formato de dragão, cada uma representando uma direção. Na boca de cada uma
dessas figuras, havia uma bola de
bronze. Quando ocorria um tremor
de terra, uma das cabeças soltava
sua bola, que caía sobre a boca de
um sapo de bronze abaixo dela,
produzindo um som de alarme e
indicando a direção do tremor.
Reconstrução do mecanismo inventado por Zhang Heng, na China antiga.
60
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Magnitude de um terremoto
Para medir a intensidade de um terremoto, foi desenvolvida, na
década de 1930, uma escala especial, denominada escala Richter.
Essa escala foi construída da seguinte maneira: o valor zero foi atribuído ao terremoto mais fraco capaz de ser detectado pelos sismógrafos existentes na época. Além disso, cada grau de magnitude nessa
escala corresponde a um terremoto dez vezes mais intenso do que o
do grau anterior. A tabela abaixo apresenta os graus da escala Richter.
Os efeitos associados podem ser mais ou menos intensos, dependendo
da profundidade do hipocentro do terremoto.
escala richter
Magnitude (escala Richter)
menor que 2,0
Efeitos do terremoto
Microterremoto, não sentido na superfície.
3,0
Sentido por algumas pessoas.
4,0
Louças chacoalham, algumas podem quebrar.
5,0
Sentido por todos, muitas janelas podem se quebrar.
6,0
Queda de chaminés, grandes danos a construções
pouco rígidas.
7,0
População em pânico, pontes e estruturas de alvenaria
destruídas.
8,0
Grandes danos a pontes e represas, trilhos de trem
entortam.
9,0 ou maior
Destruição quase completa, o chão se move em ondas,
objetos atirados ao ar.
Fonte de pesquisa: Universidade Southern Utah. Disponível em: <http://www.suu.edu/faculty/colberg/Hazards/Earthquakes/Earthquake_SG.html>. Acesso em: 9 mar. 2012.
Como você vê, alguns tremores de terra são muito fracos, de modo
que não são percebidos na superfície, sendo registrados apenas por
sismógrafos. Estima-se que ocorram milhares desses tremores todos
os anos. Já os terremotos fortes, de magnitude maior do que 8,0 na
escala Richter, ocorrem cerca de uma vez por ano em algum ponto do
planeta.
Quando um terremoto de grande magnitude ocorre sob o leito oceânico, uma grande massa de água pode se dirigir aos continentes, alagando cidades inteiras e provocando destruição em massa. Esse fenômeno
é conhecido como tsunami, ou maremoto, e afeta vários países costeiros,
como o Japão e a Tailândia. A população desses países é instruída a fugir
para regiões altas assim que soar o alarme de tsunami, disparado pelas
estações sísmicas.
Em 11 de março de 2011, um terremoto de magnitude 9 na escala
Richter ocorreu a 70 quilômetros da costa do Japão, produzindo um
tsunami que devastou várias cidades e matou milhares de pessoas.
A quantidade de vítimas só não foi maior por causa do sistema de
alerta a terremotos.
Paula Radi/ID/BR
Maremotos ou tsunamis
Sinal de alerta de tsunami.
O epicentro de um
terremoto pode
estar um quilômetro
abaixo do solo?
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Vulcões
Pompeia
Patrick Landmann/SPL/Latinstock
Em 79 d.C., a cidade
romana de Pompeia (na
atual Itália) foi completamente arrasada
pela erupção do vulcão
do monte Vesúvio. A
erupção durou dois dias
e enterrou a cidade sob
uma camada de cerca de
5 metros de cinzas, de
modo que só foi redescoberta em 1749. A localidade, perto de Nápoles,
é hoje atração turística,
pois algumas construções foram preservadas
sob camadas de lama
e cinzas. Ao escavar o
local, os arqueólogos
encontraram cavidades
sob o solo, onde havia
esqueletos. Preenchendo
as cavidades cuidadosamente com gesso, foi
possível obter estátuas
correspondentes aos
habitantes de Pompeia.
Todas essas descobertas
trouxeram aos historiadores mais informações
sobre a vida naquela
época.
Vulcões são aberturas na crosta terrestre, muitas vezes na forma
de crateras, pelas quais uma parte do material de regiões internas da
Terra pode vir à superfície, em um fenômeno chamado de erupção
vulcânica.
Nas camadas mais profundas da crosta e nas camadas mais externas do manto, há um material denominado magma – um conjunto de rochas sólidas e derretidas, cristais e gases. Em uma erupção,
esse material é expelido para a superfície e, então, passa a receber o
nome de lava. Além da lava, os vulcões expelem também muitas cinzas, poeira e gases, às vezes em forma de jatos que alcançam muitos
quilômetros de altura.
cratera
O esquema ilustra o
interior de um tipo
de vulcão. O magma
presente em uma
câmara abaixo do
solo, a altas temperaturas e pressão,
é expelido por uma
chaminé, que o leva
a sair pela cratera.
Às vezes, magma
e gases são expelidos também por
chaminés vizinhas,
menores.
chaminé
lava
chaminé
secundária
magma
Luis Moura/ID/BR
Conexões
Há milhares de vulcões no planeta. Alguns entram em erupção com
regularidade e são popularmente conhecidos como vulcões ativos.
Outros já entraram em erupção no passado, mas estão em repouso
há algum tempo – são chamados de vulcões dormentes. Finalmente,
os vulcões que não entram em erupção há muitos séculos são denominados extintos.
Molde do corpo de um cidadão de Pompeia agachado,
tampando o nariz e a boca
com as mãos, provavelmente por causa das cinzas e
gases venenosos expelidos
pelo vulcão do monte Vesúvio. Nápoles, Itália.
estuda civilizações antigas por
meio de escavações.
Cratera: cavidade afunilada na
superfície da Terra, da Lua ou
de outro astro.
d.C.: sigla para “depois de
Cristo”, isto é, depois do nascimento de Jesus Cristo, evento
que marca o início da contagem dos anos no calendário
ocidental, adotado pela maioria dos países do mundo.
U.S. Department of Interior/U.S. Geological Survey
Arqueólogo: cientista que
Lava expelida, em 2003, pelo vulcão Kilauea, no Havaí –
um dos vulcões mais ativos do mundo. A temperatura da
lava quando expelida pode chegar a mais de 1 000 °C.
62
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Luis Moura/ID/BR
Os vulcões são formados principalmente pelo
movimento de placas litosféricas.
No caso em que as placas se chocam, geralCrosta
mente uma entra sob a outra. Nesse movimenoceânica
to, parte das placas se funde, gerando magma.
O magma em alta temperatura e pressão pode
Litosfera
então subir de repente para a superfície.
Litosfera
Se uma das placas for oceânica e a outra conManto inferior
tinental, normalmente a primeira entra sob a segunda. Desse modo costuma surgir uma cadeia
Representação da formação de vulcões costeiros. Observe que
de vulcões ao longo da costa. Um exemplo típico as duas placas se aproximam. A placa oceânica move-se por
são os vulcões na cordilheira dos Andes.
baixo da placa continental.
Se as duas placas forem oceânicas, pode formar-se um sistema de ilhas vulcânicas, como o existente
no Japão. Já no caso de as duas placas serem continentais, em vez de vulcões, formam-se em geral
cadeias montanhosas, como visto anteriormente.
O afastamento das placas pode provocar uma
fenda entre elas que permite que o magma venha
à superfície. Isso costuma acontecer no oceano
Litosfera
Litosfera
Atlântico, que fica sobre a divisa de várias placas
litosféricas que estão se afastando. O magma, ao
Manto inferior
sair do interior da Terra, solidifica-se, e se deposita, formando uma cadeia de montanhas subma- Representação da formação de vulcões e ilhas marinhas.
rinas. Em alguns pontos, essas montanhas ficam Observe que as duas placas se aproximam. A placa à esquerda
acima do mar, formando ilhas, como a Islândia. move-se por baixo da placa à direita.
Assim, pelos motivos descritos anteriormente, é comum que os
vulcões se encontrem ao longo das bordas de placas litosféricas.
Luis Moura/ID/BR
Formação dos vulcões
90°L
120°L
150°L
180°
Círculo Polar Ártico
150°O
DE
120°O
90°O
ID/BR
círculo de fogo
60°O
60°N
O
C
F
ÁSIA
ÍR
C
U
L
O
AMÉRICA
DO NORTE
G
O
30°N
Trópico de Câncer
OCEANO
ATLÂNTICO
OCEANO
PACÍFICO
Equador
0°
AMÉRICA
DO SUL
Trópico de Capricórnio
OCEANIA
30°S
OCEANO
ÍNDICO
0
2455
1 cm – 2455 km
OCEANO GLACIAL ANTÁRTICO
4910 km
60°S
Mapa-múndi evidenciando uma
região ao longo da costa do oceano
Pacífico onde erupções vulcânicas
e terremotos são frequentes: é o
chamado Círculo de Fogo, que
passa pelas margens de várias
placas litosféricas.
Fonte de pesquisa: <http://pubs.usgs.
gov/gip/dynamic/fire.html>.
Acesso em: 22 abr. 2012.
63
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Vulcanismo e terremotos no Brasil
Como nosso país está situado no meio da placa Sul-americana,
e não nas bordas, estamos fora das regiões de maior incidência de
vulcões e terremotos.
Para saber mais
Vulcanismo fora da Terra
Vulcanismo
Vulcões
Vulcões
A imagem mostra atividade
vulcânica em Io, uma lua
de Júpiter (no detalhe). Essa
imagem foi obtida pela Sonda
espacial Galileo, em 1997.
Que materiais são
expelidos em uma
erupção vulcânica?
Não existe nenhum vulcão ativo no Brasil e não há registros de
nenhuma atividade vulcânica no país nos últimos 80 milhões de anos.
Entretanto, nem sempre foi assim. O território nacional já teve vulcões,
como atestam as rochas encontradas na região denominada Serra Geral, na divisa entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esse vulcanismo ocorreu em um período conhecido como Cretáceo, há muitos
milhões de anos, quando a América do Sul se separou da África.
A atividade vulcânica mais recente deu origem a algumas ilhas
do litoral brasileiro, como Trindade e Fernando de Noronha. Outras
formações vulcânicas ocorreram no passado, no Sudeste do país.
Terremotos
Apesar de o Brasil estar longe das bordas de placas litosféricas,
tremores fracos são comuns. Costumam ocorrer no nosso país, em
média, vinte tremores com magnitude maior do que 3,0 a cada ano,
e dois tremores por ano de magnitude superior a 4,0. Muitas vezes,
um terremoto intenso na região da cordilheira dos Andes gera ondas
sísmicas que chegam até o Brasil. Esse foi o caso de um tremor de
terra sentido em Porto Alegre, em 1994: um terremoto na Bolívia, a
mais de 2 mil quilômetros de distância, fez lustres balançarem e móveis vibrarem na capital gaúcha.
O maior terremoto registrado no Brasil ocorreu em 1955, a 370 km
de Cuiabá, e atingiu 6,2 graus na escala Richter. Veja abaixo um mapa
com as ocorrências de terremotos no Brasil. Estima-se que deve ocorrer no país um terremoto de magnitude maior do que 7,0 a cada quinhentos anos. Em alguns países andinos, como o Chile, isso ocorre a
cada poucos anos.
principais tremores de terra
no brasil entre 1811 e 2008
80°O
70°O
60°O
50°O
RR
ID/BR
NASA/JPL/University of Arizona
O fenômeno do vulcanismo não ocorre apenas
no nosso planeta. Em
Marte, por exemplo, há
vários vulcões atualmente extintos, que
foram ativos no passado.
O planeta Júpiter tem
satélite natural chamado
Io, no qual há centenas
de vulcões ativos.
40°O
AP
Equador
AM
0°
MA
PA
CE
RN
PB
PI
PE
AC
AL
TO
RO
BA
MT
DF
OCEANO
PACÍFICO
MG
ES
MS
3,0
4,0
SP
o
Trópic
de Cap
ricórnio
SC
6,0
8,0
20°S
RJ
PR
5,0
7,0
OCEANO
ATLÂNTICO
GO
Magnitude
10°S
SE
RS
0
730
1 cm – 730 km
1460 km
30°S
Fonte de pesquisa: <http://www.
obsis.unb.br/index.php?option=
comcontent&view=article&id=
59&Itemid=71&lang=pt>.
Acesso em: 8 mar. 2012.
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Atividades
1. O que cadeias montanhosas, vulcões e terremotos têm em comum?
2. Quais são as regiões do planeta mais propensas à ocorrência dos fenômenos geológi-
cos descritos na questão anterior? Por quê?
3. As montanhas mudam de lugar? Responda a essa pergunta considerando os seguintes
intervalos de tempo.
a) Décadas. b) Milhões de anos.
4. A gravura em madeira mostrada a seguir foi feita pelo artista japonês Katsushika Hokusai
Coleção Particular. Fotografia : The Stapleton Collection/The
Bridgeman Art Library/Keystone
(1760-1849) e se chama A grande onda de Kanagawa. Nela, veem-se barcos de pesca
no mar agitado e, ao fundo, uma importante montanha do Japão: o monte Fuji. A gravura
provavelmente representa uma onda causada pelo vento e não um tsunami.
A grande onda de Kanagawa. Katsushika Hokusai. Xilogravura colorizada a mão, 1831.
a) Explique um processo geológico de formação de montanhas.
b) Por que eventos como terremotos e tsunamis são frequentes no Japão?
5. Leia o texto abaixo.
Em 8 de junho de 1994, a cidade de Porto Alegre (RS) foi atingida pelas ondas sísmicas
provocadas por um terremoto que ocorreu na Bolívia, a 2 200 km de distância. O abalo,
que atingiu 7,8 graus na escala Richter, foi mais forte que aquele ocorrido nos Estados
Unidos em janeiro daquele ano, e que, com uma magnitude de 6,6 graus, destruiu diversos
bairros de Los Angeles. O terremoto da Bolívia, porém, teve consequências bem menos
sérias porque seu hipocentro situou-se a grande profundidade, 600 km abaixo da superfície.
Disponível em: <http://www.cprm.gov.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1052&sid=129>.
Acesso em: 8 out. 2011.
a) Qual a diferença entre hipocentro e epicentro?
b) Pode-se dizer que o terremoto ocorrido na Bolívia foi ao menos dez vezes mais intenso do que o ocorrido nos Estados Unidos naquele ano? Por quê?
c) Explique a diferença entre a origem de uma onda marinha comum e de um tsunami.
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