3 ortografia e nomes de gêneros

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
PÓS-GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA
NOMENCLATURA BOTÂNICA
ORTOGRAFIA E NOMES DE GÊNEROS
Art. 60.1. A ortografia original de um nome ou epíteto deve ser mantida, exceto para correções tipográficas, erros
ortográficos ou normalização impostas pelo Art. 60.5 (u/v ou i/j empregados), 60.6 (sinais diacríticos e ligaduras), 60.8
(formas de composição), 60.9 (hífen), 60.10. (apóstrofes), 60.11 (terminações, ver também Art. 32.5) e 60.12 (epíteto de
fungos).
Art. 60.2. neste artigo, “ortografia original” refere-se à ortografia empregada na época da publicação válida do nome, e
não diz respeito ao emprego de maiúsculas ou de minúsculas, fato relacionado à tipografia.
Art. 60.3. a liberdade de corrigir um nome deve ser exercida com reserva, sobretudo se a mudança afeta a primeira
sílaba e mais particularmente a primeira letra do nome.
Ex. Cereus jamacaru DC. Não deve ser modificado para C. mandacaru, mesmo que jamacaru seja considerado como
uma corruptela do nome vernacular “mandacaru”
Art. 60.4. As letras W e Y, estranhas ao latim clássico, e K, rara nesta língua, são permitidas para uso nos nomes
latinos de plantas. Outras letras e ligações estranhas ao latim clássico, que podem aparecer nos nomes latinos, como o
β (duplo s) alemão, devem ser transcritos.
Art. 60.5. quando um nome ou epíteto foram publicados numa obra onde as letras U, V, ou I, J, são utilizados de
maneira permutável, ou de toda outra maneira, incompatível com o uso moderno (uma destas letras não é utilizada, ou
o é somente em maiúsculas), estas letras deveriam ser transcritas de acordo com a prática botânica moderna
Ex. Uffenbachia Fabr., e não Vffenbachia; Bromus iaponicus Thunb (1784) deveria ser transcritos como Bromus
japonicus.
Art. 60.6. Sinais diacríticos não são usados em nomes botânicos latinos. Em nomes (quer novos ou antigos) derivados
de palavras nos quais tais sinais aparecem, os sinais devem ser suprimidos com a transcrição necessária das letras
então modificadas; por exemplo ä, ö, ü, tornam-se respectivamente ae, oe, eu; é,è, ê tornam-se e, ou algumas vezes
ae; ñ torna-se n; ø torna-se oe; å torna-se ao. O trema, para indicar que uma vogal deve ser pronunciada
separadamente daquela que a precede (como em Cephaëlis, Isoëtes), e as contraturas –ae- e –oe- indicando que as
letras devem ser pronunciadas juntas (Aristaema, Aschoenus), são todavia permitidas.
Art. 60.8 O uso de uma forma de composição em desacordo com a rec. 60G num epíteto adjetivado, é considerado
como um erro que deve ser corrigido
Ex. Pereskia opuntiaeflora DC. deve ser citada como P. opuntiiflora DC.
Art. 60.9. O uso de hífen num epíteto composto é considerado como um erro que deve ser corrigido pela eliminação do
hífen, a menos que o epíteto formado seja formado de palavras que são usualmente separadas, caso no qual o hífen é
autorizado (art. 23.1 e 23.3)
Ex. sem hífen: Acer pseudoplatanus L. e não A. pseudo-platanus; com hífen: Aster novae-angliae L.
Nota. 2. um nome genérico publicado com hífen, só pode ser alterado apenas pela conservação
Ex. Pseudo-salvinia Píton (1940)
Art. 60.10. O emprego de apóstrofo num epíteto é tratado como erro passível de correção pela retirada do apóstrofo.
Ex. Lycium o’donellii deve ser corrigido para L. odonellii
Art. 60.11. O uso da terminação (por exemplo –i, -ii, -ae, -iae, -anus ou –ianus) contrário a Rec. 60C.1 (mas não à
60C.2) é tratado como um erro que deve ser corrigido (ver Art. 32.5)
Recomendações
60A.1. quando um novo nome ou epíteto é derivado do grego a transliteração para o latim deveria seguir o uso clássico
60A.2. o spirutus asper ( ‘ ) deve ser transcrito para o latim como letra H
60B. 1 um novo nome genérico, ou subgênero ou epíteto de seção derivado de um nome de pessoa, deveria ser
formado da seguinte maneira:
(a) quando o nome de uma pessoa terminar em VOGAL, a letra –A é acrescentada (Ex.Ottoa a partir de Otto),
exceto quando a nome terminar em –A, quando é acrescida a terminação –EA (Ex. Collaea a partir de Colla),
ou em -EA (como Correa), quando nenhuma letra é acrescida
(b) quando o nome da pessoa terminar em CONSOANTE, as letras –IA são acrescentadas; quando o nome
terminar em –ER, as terminações –IA e –A, são empregadas (ex. Sesleria a partir de Sesler; Kernera a partir
de Kerner)
(c) Nos nomes latinizados terminados em –US, esta terminação deve ser eliminada (ex. Dillenia a partir de
Dillenius), antes de se aplicar o procedimento descrito em (a) e (b)
Nota 2. os nomes podem ser acompanhados de um prefixo ou sulfixo, ou ser modificados por anagrama ou abreviação.
Neste caso, são considerados como diferentes do nome original.
Ex. Durvillaea e Urvillea; Bouchea e Ubochea
60C.1. os nomes de pessoas podem receber uma terminação latina e servir para a formação de epítetos específicos
e infraespecíficos da seguinte maneira (ver Rec. 60C.2):
(a) se o nome de uma pessoa terminar em VOGAL ou –ER, os epítetos substantivos são formados pela adição do
genitivo adequado ao sexo e ao número gramatical da(s) pessoa(s) homenageada(s) [ex. scopoli-i para
Scopoli (masc.), fedtschenko-i para Fedtschenko (masc.), glaziou-i para Glaziou (masc.), lace-ae para Lace
(fem.), hooker-orum para os Hookers), exceto quando o nome terminar em –A, quando a adição de –E
(singular) ou –ORUM (plural) é recomendada. (Ex. triana-e para Triana (masc.)
(b) se o nome da pessoa terminar em CONSOANTE (exceto –ER), os epítetos substantivos são formados pela
adição de –I (aumento da raiz), mais a desinência do genitivo apropriado ao sexo e ao número gramatical da(s)
pessoa(s) homenageada(s) [p. ex.: lecard-ii para Lecard (masc.), wilson-iae para Wilson (fem. ), verlot-iorum
para os irmãos Verlot, braun-iarum para os irmãos Braun]
(c) se o nome da pessoa terminar em VOGAL, os epítetos adjetivos são formados pela adição de –NA, mais a
desinência do nominativo singular apropriado ao gênero gramatical do nome genérico (p.ex.: Cyperus heyneanus para Heyne, Vanda lindley-ana para Lindley), exceto quando o nome da pessoa terminar em –A, caso em
que acrescenta-se –N, mais a variação apropriada (p. ex.: balansa-nus (masc.), balansa-na (fem.), balansanum (neutro) para Balansa
(d) Se o nome da pessoa terminar em consoante, os epítetos adjetivados são formados adicionando –I (aumento
da raiz) mais –AN (raiz do sulfixo adjetivado) mais a desinência do nominativo singular apropriada do nome
genérico (p. ex.: Rosa webb-iana para Webb, Desmodium Griffith-ianum para Griffith, Verbena hassler-iana
para Hassler)
Nota 1. os traços de união nos exemplos acima servem simplesmente para colocar em evidência a terminação
apropriada em sua totalidade.
60C.2. Se o nome da pessoa já é latino ou grego, ou possui uma forma latinizada bem estabelecida, deveria-se utilizar
o genitivo latino apropriado quando da formação de epítetos substantivos (p.ex.: alexandri para Alexander ou Alexandre,
augusti para Augustus, August ou Auguste, etc. ver mais exemplos na recomendação).
60C.3. quando da formação de novos epítetos baseados em nomes de pessoas, a ortografia do nome da pessoa não
deveria sofrer modificações, a menos que ela contenha letras estranhas ao latim botânico ou sinais diacríticos (Art. 60.4
e 60.6)
60C.4. os prefixos e as partículas deveriam ser tratadas como se segue:
(a) o prefixo patronímico escocês “Mac”, “Mc” ou “M’, que significa “filho de”, deveria ser transcrito como “mac” e
unido ao resto do nome (p.ex.: macfadyenii para Macfadyen, macnabii para McNab, mackenii para M’Ken)
(b) o prefixo patronímico irlandês “O”, deveria ser unido ao resto do nome ou omitido (p.ex.: obrienii, brienianus
para O’Brien, okellyi O’kelly)
(c) um prefixo que é um artigo, por exemplo lê, la, l’, lês, el, il, ou lo, ou que contenha um artigo como du, de la,
dês, del, della, deveria ser unido ao nome (p. ex.:leclercii para lê Clerc, dubuyssonii para DuBuysson)
(d) um prefixo de um sobrenome que indica nobreza ou canonização, deveria ser omitido (p.ex.: candollei para de
Candolle, jussieui para de Jussieu, hilairei para Saint-Hilaire); entretanto, nos epítetos geográficos “St.” é
transformado em sanctus (masc.) ou sancta (fem.) (p.ex.: sancti-johannis, de St. John, santae-helenae, de St.
Helena)
(e) os prefixos alemães ou holandeses devem ser omitidos (p.ex.: iheringii para von Ihering, martii para von
Martius, steenisii para van Steenis, strassenii para zu Straussen), porém quando normalmente tratados como
parte do nome da família este deve ser incluído no epíteto (p.ex.: vonhausenii para Von-hausen, vanderhoeki
para Vandenhoek)
60D.1. Um epíteto derivado de um nome geográfico é, de preferência, um adjetivo e leva a terminação: -ENSIS, (A)NUS, -INUS ou –ICUS
Ex. Rubus quebecensis L.H. Bailey (de Quebec), Ostrya virginiana (Mill.)K. Koch (da Virgínia)
60H.1. a etimologia dos novos nomes e epítetos deveria ser dada quando o significado desses nomes não fosse
evidente
Art. 61.1. somente uma variante ortográfica de qualquer nome é tratado como validamente publicada, ou seja, aquela
que aparece na publicação original, salvo as exceções prevista no Art. 60 (erros ortográficos ou tipográficos), Art. 14.11
(ortografia conservanda) e Art. 32.5 (terminações latinas incorretas)
Art. 61.2. Para os propósitos deste Código, variantes ortográficas de um nome são diferentes ortografias, formas de
composição e de inflexão (flexão) de um nome ou de epíteto (incluindo erros tipográficos), sendo envolvido somente um
tipo
Art. 61.4. as variantes ortográficas de um nome devem ser automaticamente corrigidas para forma validamente
publicada daquele nome. Cada vez que uma tal variante aparece na literatura, ela deve ser tratada como se ela tivesse
sido impressa sob sua forma corrigida
Art. 61.5. Nomes semelhantes ao ponto de serem confundidos, fundados sobre o mesmo tipo, são considerados como
variantes ortográficas. (Para nomes semelhantes ao ponto de serem confundidos, fundados sobre tipos diferentes, ver
Art. 53.3-5)
Art.62.1. Um nome genérico mantêm o gênero gramatical assinalado pela tradição botânica, seja pelo uso clássico ou
pelo emprego original do autor. O nome genérico sem uma tradição botânica mantêm o gênero designado pelo autor.
Ex. de acordo com a tradição botânica, Adonis L., Atriplex L., Diospyrus L. , Hemerocallis L., Orchis L., Stachys L. e
Strychnos L. devem ser tratados como feminino enquanto Lotus L. e Meliotus Mill.devem ser tratados como masculinos
Nota 1. a tradição botânica mantêm habitualmente o gênero gramaticalmente clássico de uma palavra grega ou latina,
quando isto foi bem estabelecido
Art. 62.2. os nomes genéricos compostos levam o gênero gramatical da última palavra da combinação, no nominativo.
Se a terminação é alterada, o gênero gramatical também deve ser alterado.
(a) os nomes compostos terminados por –CODON, -MYCES, -ODON, -PANAX, -POGON, -STEMON, e outras
palavras masculinas, são masculinos.
Ex. embora o nome genérico Andropogon L. seja originalmente neutro como tratado pelo autor, ele é
masculino
(b) nomes compostos terminados por –ACHNE, -CLAMYS, -DAPHNE, -MECON, -OSMA e outras palavras
femininas, são femininas. Uma exceção é feita no caso dos nomes que terminam em –GASTER, que na
verdade, devem ser femininos, mas são tratados como masculinos de acordo com a tradição botânica
(c) nomes compostos terminados por –CERAS, -DENDRON, -NEMA, -STIGMA, -STOMA e outras palavras
neutras são neutras. Uma exceção é feita para os nomes que terminam em –ANTHOS (ou –ANTHUS) e –
CHILOS (-CHILUS, -CHEILOS) e –PHYCOS (-PHYCOS, -PHYCUS), que devem ser neutros, visto que em
grego as palavras anthos, cheilos e phycus, são tratadas como masculinas de acordo com a tradição botânica
Art. 62.4. os nomes genéricos que terminam em –ANTHES, -OIDES ou -ODES são tratados como femininos e aqueles
que terminam em –ITES como masculinos, a despeito do gênero gramatical assinalado a eles por seus autores originais
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