Nº28 H1N1 - INFLUENZA A SAIBA MAIS SOBRE A GRIPE QUE PEGOU O MUNDO DE SURPRESA O VÍRUS H1N1 O nome que é dado a este vírus baseia-se na designação de duas das proteínas que compõem sua membrana: a hemaglutinina e a neuraminidase. Neste caso, temos um vírus com hemaglutinina do subtipo 1 e neuraminidase do subtipo 1 também. Existem três subtipos de gripe: A, B e C. O H1N1 se enquadra no subtipo A. Por este motivo temos usado os termos gripe A, vírus H1N1. É importante salientar que qualquer gripe é uma infecção potencialmente grave e que pode levar a morte, sendo diferente das infecções virais causados pelos vírus do resfriado comum, que são causadas pelo adenovirus, vírus sincial respiratório, rinovirus, etc. INTRODUÇÃO E EPIDEMIOLÓGICO CONTEXTO Há pouco mais de cinco meses o vírus da gripe A (H1N1) tornou-se o centro das atenções da mídia mundial. Tendo causado muito temor na população e suspeitas de que viesse a se tornar uma pandemia de proporções semelhantes à gripe espanhola de 1918 ou a gripe asiática de 1958. Deve se esperar que a cada 40 ou 50 anos ocorra uma pandemia de gripe, pelo aumento de pessoas na população (pessoas mais jovens) sem imunidade mais ampla aos vírus que levaram a pandemias anteriores. Na verdade, há que se considerar que os dados sobre a gripe em geral são incompletos e comparações entre o H1N1 e outros subtipos não são baseadas em evidências concretas ou completas. Existem, porém, características do H1N1 que o diferenciam de outros tipos de vírus. A mais notável de todas é o fato de que a faixa demográfica mais comumente vulnerável a complicações advindas de infecções gripais é a faixa etária dos idosos, o que não se verifica para o H1N1. Muito pelo contrário, este último tem mostrado maior incidência na população mais jovem, incluindo adultos jovens, crianças, com vulnerabilidade maior em termos de gravidade entre as mulheres grávidas. Entretanto, o que se tem verificado nestes 5 meses de epidemia de H1N1 é que os motivos para a histeria inicial são totalmente infundados, e provavelmente relacionados à experiência prévia que a humanidade experimentou em outra ocasião. Entre 1918 e 1920, logo após a primeira guerra, esta mesma gripe infectou por volta de um terço da população mundial na época, matando 2,5 % dos infectados o que correspondeu a cerca de 50.000 a 100.000 mortes. Muito pouco é conhecido sobre o H1N1 que agora circula, contudo já se pode inferir claramente que suas características não são nada comparáveis ao ocorrido no início do século passado. Até 4 de setembro de 2009 a Organização Mundial da Saúde relatou apenas 3.199 mortes em todo o mundo, autorizando-nos a concluir que nada indica que seja mais mortal que a gripe comum. O que ainda resta considerar é que o hemisfério norte entrará agora em seu inverno. No hemisfério norte está concentrada a maior parte da população mundial (aproximadamente 90%), e provavelmente a taxa de infecções e mortes por H1N1 naquele hemisfério irá aumentar. Além disso, existe sempre a chance de que o vírus A (H1N1) sofra uma nova mutação com a emergência de uma variante mais virulenta e mortal Outra preocupação seria com relação ao aparecimento de variantes resistentes aos antivirais como o oseltamivir (tamiflu), que tem sido um instrumento importante na contenção da epidemia e diminuição da gravidade dos casos. CARACTERIZANDO O VÍRUS O vírus Influenza A (H1N1) é um subtipo do influenzavirus A, e a causa mais comum de gripe nos seres humanos. Algumas cepas de H1N1 são endêmicas em humanos, Nº28 podendo causar uma pequena parte de doenças semelhantes à gripe e uma grande parte de toda gripe sazonal. Por exemplo, o H1N1 foi responsável por aproximadamente metade dos casos de gripe em 2006. Outras cepas de H1N1 são endêmicas em porcos (gripe suína) e aves (gripe aviária). Em junho de 2009 a OMS declarou que a gripe originada de uma nova cepa de H1N1, de origem suína seria responsável pela pandemia (nível 6) de gripe do ano de 2009. Assim este subtipo foi inicialmente denominada de gripe suína pela mídia. A gripe espanhola foi uma variedade especialmente severa e mortal da influenza aviária. Tendo ocasionado inúmeras mortes como relatado acima, sendo considerada uma das pandemias mais mortais da história da humanidade que se tenha notícia. Este número inusitado de mortes deve-se possivelmente ao fato de esta gripe causar uma tempestade de citocinas no corpo humano. Aliás, o atual vírus H5N1 - gripe aviária - também uma influenza A, possui efeito semelhante. O H1N1 superestimula o sistema imunológico, liberando citocinas no tecido pulmonar, o que atrai a migração de um número grande de leucócitos e causa a destruição do tecido pulmonar e a secreção de líquido para o órgão. Isto torna a respiração difícil. Na pandemia de gripe de 2009, o vírus que foi isolado mostrou ser composto do elemento genético de quatro tipos diferentes de gripe: o da gripe suína norte-americana, o da gripe aviária norte-americana, o da gripe humana e o da gripe suína típica da Eurásia. Esta combinação pouco usual deve-se a uma propriedade típica dos vírus de RNA. O RNA é um ácido nucléico constituído de uma única fita, e a enzima que o lê, a RNA polimerase, não possui função de reparo, ao contrário da DNA polimerase, que ao ler e polimerizar o DNA, também exerce a função secundária de reparar eventuais erros de leitura que se transformariam em mutações. Desta forma, os vírus de RNA são vírus muito mais sujeitos a sofrerem mutações, o que para eles é fator adaptativo conveniente, pois assim mais facilmente criam variedades capazes de contornar o sistema imunológico de seu hospedeiro – conceito darwiniano básico de seleção natural. Duas alterações antigênicas podem ocorrer no vírus da gripe. Uma é conhecida com drift antigênico e a outra como shift antigênico. O drift é quando algumas mutações no genoma do vírus surgem fazendo com que o sistema imune se torne incapaz de reconhecer e se proteger desta nova variante viral. O shift pode ocorrer quando uma pessoa se infecta com dois vírus diferentes da gripe ao mesmo tempo e um terceiro vírus é produzido com fragmentos grandes e mistos dos dois vírus originais por um processo conhecido como recombinação ou rearranjo. Desta forma um vírus completamente novo emerge. Assim sendo, este rearranjo pode ocorrer entre diferentes vírus que infectam humanos, aves ou suínos. Desta forma, a caracterização genética preliminar do gene da hemaglutinina (HA) do H1N1 determinou que este era semelhante aos vírus de gripe suína presentes nos EUA desde 1999, porém a Neuraminidase (NA) e a proteína da matriz (M) assemelham-se a versões presentes na gripe suína européia, entre outros fatores que foram apontados como combinação de segmentos provindos de origens diferentes. Tudo indica portanto que estando em um novo momento pandêmico de gripe, que muitos casos ainda vão surgir nos próximos invernos no hemisfério norte e a seguir no hemisfério sul, pandemia esta que deverá ser contida de acordo com a disponibilidade de uma vacina eficaz. WWW.CENTRODEGENOMAS.COM.BR MATRIZ - ÁREA TÉCNICA - Rua Leandro Dupré, 967 - Vl. Clementino - São Paulo / SP - Cep. 04025-014 - PABX: 11 5079 9593 FILIAL - PESQUISA E DESENVOLVIMENTO - Av. Dr. Altino Arantes, 1233 - Vl. 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