adriano eduardo lívio alves

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
ADRIANO EDUARDO LÍVIO ALVES
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DE
CHUVAS CONFORME A ATUAÇÃO DOS SISTEMAS
SINÓTICOS NA CIDADE DE NATAL/RN
NATAL/RN
2009
Monitoramento da Qualidade das Águas de Chuva Conforme a Atuação dos Sistemas
Sinóticos na Cidade de Natal/RN. Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia PPGe – UFRN, 2009.
ALVES, Adriano Eduardo Lívio.
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ADRIANO EDUARDO LÍVIO ALVES
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DE
CHUVAS CONFORME A ATUAÇÃO DOS SISTEMAS
SINÓTICOS NA CIDADE DE NATAL/RN
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Geografia da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte, como parte dos
pré-requisitos para a obtenção do titulo de mestre
na área de atuação Estudo do Ambiente Urbano e
Rural
FERNANDO MOREIRA DA SILVA
ORIENTADOR
NATAL/RN
2009
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Monitoramento da Qualidade das Águas de Chuva Conforme a Atuação dos Sistemas
Sinóticos na Cidade de Natal/RN. Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia PPGe – UFRN, 2009.
ALVES, Adriano Eduardo Lívio.
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ADRIANO EDUARDO LÍVIO ALVES
MONITORAMENTO DA QUALIDADE DAS ÁGUAS DE CHUVAS CONFORME ATUAÇÃO
DOS SISTEMAS SINÓTICOS NA CIDADE DE NATAL/RN
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Geografia da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de
Mestre em Geografia.
Natal _30_/_04_/_2009_.
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva
Orientador
__________________________________________________
Profa. Dra. Zuleide Maria Carvalho Lima
Examinadora Interna
_________________________________________________
Profa. Dra. Cilene Gomes
Examinadora Externa
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Monitoramento da Qualidade das Águas de Chuva Conforme a Atuação dos Sistemas
Sinóticos na Cidade de Natal/RN. Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia PPGe – UFRN, 2009.
ALVES, Adriano Eduardo Lívio.
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Catalogação da Publicação na Fonte.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA).
Alves, Adriano Eduardo Lívio.
Monitoramento da qualidade das águas de chuvas conforme a atuação
dos sistemas sinóticos na cidade de Natal/RN / Adriano Eduardo Lívio Alves,
2009.
115 f.
Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de
Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia.
Orientador: Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva.
1. Água da chuva – Qualidade – Dissertação. 2. Chuva ácida –
Dissertação. 3. Nefanálise – Dissertação. 4. Sistemas sinóticos – Dissertação.
I. Silva, Fernando Moreira da (Orient.). II. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. III. Título.
RN/BSE-CCHLA
CDU 911.2:556(813.2)
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Monitoramento da Qualidade das Águas de Chuva Conforme a Atuação dos Sistemas
Sinóticos na Cidade de Natal/RN. Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia PPGe – UFRN, 2009.
ALVES, Adriano Eduardo Lívio.
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AGRADECIMENTOS
À Estação Climatológica do Departamento de Geografia da UFRN, pelo apoio e
aprendizagem durante todo o período da pesquisa, em especial ao coordenador Sávio Prado, e
aos técnicos Clodoaldo Rego e a Paulo Sales.
Ao meu orientador, Fernando Moreira da Silva, pela dedicação e paciência em todos os
momentos no decorrer da pesquisa, mesmo estando ocupado com outras atividades.
À Professora Liana Maria Nobre Teixeira, pela sua orientação quanto às normas
bibliográficas.
Meu agradecimento especial vai à minha família que me deu suporte e dedicação para a
realização desse estudo: minha mãe Vera Lúcia Alves, a minha tia Miriam Alves Barros, a
minha avó Olívia Barbosa Alves (In Memorian) e a minha esposa Karina Messias da Silva
Alves pelo auxilio nas horas mais difíceis.
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Sinóticos na Cidade de Natal/RN. Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia PPGe – UFRN, 2009.
ALVES, Adriano Eduardo Lívio.
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“Embora a cada dia aprendemos mais sobre a
natureza, tudo que conhecemos será finito. O
desconhecido nunca deixará de ser infinito. E
quanto mais aprendemos, mais infinito nos
parece o desconhecido”.
Mahatma Gandhi
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Sinóticos na Cidade de Natal/RN. Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia PPGe – UFRN, 2009.
ALVES, Adriano Eduardo Lívio.
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ALVES, Adriano Eduardo Lívio. Monitoramento da Qualidade das Águas de Chuvas conforme
Atuação dos Sistemas Sinóticos na Cidade de Natal/RN. 115 f. Dissertação de Mestrado –
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Programa de Pós-Graduação em Geografia, Natal,
2009. Orientador: Prof. Dr. Fernando Moreira da Silva
RESUMO
As chuvas ácidas são uma das principais agressões ao meio ambiente, conseqüência da queima de
combustíveis fósseis e de poluentes industriais a base de dióxido de enxofre lançados na atmosfera. O
objetivo da pesquisa foi monitorar e analisar a variação da qualidade da água de chuva na cidade de
Natal, procurando investigar a influência dessa qualidade nas escalas local, regional e global, além de
procurar possíveis efeitos dessa qualidade na paisagem local. A coleta de dados foi feita no período de
dezembro de 2005 a dezembro de 2007. Utilizou-se de técnicas de nefanálise na identificação de
sistemas sinóticos, pesquisa de campo na procura de possíveis efeitos na paisagem da chuva ácida,
além de coleta e analise de dados de precipitação e seu grau de acidez. Estatística descritiva utilizada
(desvio padrão e coeficiente de variação) serviu para monitorar o comportamento químico da
precipitação, além do monitoramento dos erros nas medições de pH, nível de confiança, distribuição
de Gauss Normalizada, intervalo de confiança, Análise de Variância – ANOVA foram também
utilizadas. Apresenta como principais resultados uma variação de pH entre 5,021 e 6,836, com uma
média de 5,958 e desvio padrão de 0,402, demonstrando que a média pode representar a amostra.
Assim, pode-se inferir que, segundo a Resolução do CONAMA 357 (águas doces o índice de acidez
deverá ficar entre 6,0 e 9,0), a precipitação de Natal/RN é pouco ácida. Constata-se que a Zona de
Convergência Intertropical apresentou os valores mais ácidos entre os sistemas sinóticos analisados,
tendo em sua média o valor de pH de 5,617, o que significa um valor já ácido, com um desvio padrão
de 0,235 e com o coeficiente de variação de 4,183% o que demonstra que a média pode representar a
amostra. Já na pesquisa de campo, foram localizados vários locais que sofrem fortemente a ação da
chuva ácida. Contudo, os resultados são iniciais e necessitam de maiores investigações, inclusive com
o uso de novas metodologias.
Palavras-chave: Chuvas Ácidas, Nefanálise, Sistemas Sinóticos, Paisagem.
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Sinóticos na Cidade de Natal/RN. Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia PPGe – UFRN, 2009.
ALVES, Adriano Eduardo Lívio.
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ALVES, Adriano Eduardo Lívio. Monitoring of water quality of rain as Practice Systems
Sinóticos in the city of Natal / RN. 115 f. Dissertation of Masters - University Federal of Rio Grande
do Norte, the Graduate Program in Geography, Natal, 2009. Advisor: Prof.. Dr. Fernando Moreira da
Silva
ABSTRACT
Acid rain is a major assault on the environment, a consequence of burning fossil fuels and industrial
pollutants the basis of sulfur dioxide released into the atmosphere. The objective of this research was
to monitor and analyze changes in water quality of rain in the city of Natal, seeking to investigate the
influence of quality on a local, regional and global, in addition to possible effects of this quality in the
local landscape. Data collection was performed from December 2005 to December 2007. We used
techniques of nefanálise in identifying systems sinóticos, field research in the search for possible
effects of acid rain on the landscape, and collect and analyze data of precipitation and its degree of
acidity. Used descriptive statistics (standard deviation and coefficient of variation) used to monitor the
behavior of chemical precipitation, and monitoring of errors in measurements of pH, level of
confidence, Normalized distribution of Gauss, confidence intervals, analysis of variance - ANOVA
were also used. Main results presented as a variation of pH between 5,021 and 6,836, with an average
standard deviation of 5,958 and 0,402, showing that the average may represent the sample. Thus, we
can infer that, according to the CONAMA Resolution 357 (the index for fresh water acidity should be
between 6.0 and 9.0), the precipitation of Natal / RN is slightly acidic. It appears that the intertropical
convergence zone figures showed the most acidic among the systems analyzed sinóticos, taking its
average value of pH of 5,617, which means an acid value now, with a standard deviation of 0,235 and
the coefficient of variation of 4,183% which shows that the average may represent the sample.
Already in field research and found several places that suffer strongly the action of acid rain.
However, the results are original and need further investigation, including the use of new
methodologies.
Keywords: Acid Rain, Nefanálise, Sinóticos Systems, Landscape.
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Páginas
CROQUIS
01 – Principais focos de emissão de dióxido de enxofre e de compostos acidificantes
no Brasil
02 – Média anual de temperatura no Nordeste
59
72
DESENHOS
01 – Esquema da acidificação das chuvas
57
02 – Escala de comparação de Ph
58
03 – Esquema do transporte de poluentes na atmosfera
61
04 – Esquema da influência da poluição originada nas cidades no meio ambiente
63
05 - Os Efeitos da Chuva Ácida no Organismo Humano
64
06 - Circulação Geral da Atmosfera Terrestre
68
07 – Regime climático do Nordeste
71
ESQUEMAS
01- Projeto de Abastecimento de Água de Natal, Idealizado pelo Escritório Saturnino de Brito
31
FOTOGRAFIA
01 - Fotos Comparando a Ação da Chuva Ácida em uma Estátua na Europa
47
02 - Pluviômetro Ville de Paris
86
03 – Modelo de Phgâmetro 330i
86
GRÁFICOS
01 - Evolução na Frota de Veículos em Natal/RN
38
02 – Série temporal do pH de Natal/RN no período de 14/12/2005 a 19/12/2007
94
03 - Vórtice Ciclônico do Ar Superior
95
04 - Zona de Convergência Intertropical
96
05 - Ondas de Leste
97
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06 - Convecção Cúmulos
97
07 - Frente Fria
98
IMAGENS DE SATÉLITES
01 – Atuação da ZCIT na Região Nordeste do Brasil
76
02 – Atuação de uma Onda de Leste no Litoral do RN
77
03 – Presença de um Vórtice Ciclônico da Alta Troposfera sobre a Região Nordeste
79
04 – Atuação da Convecção cúmulus no litoral do RN
81
05 - Atuação da Frente Fria no litoral do RN
82
MAPA
01 – Localização da área de estudo
18
02 - Plano Polidrelli
26
03 - Plano Palumbo
30
04- Plano Geral de Obras de 1939, Elaborado pelo Escritório de Saturnino de Brito
31
ORGANOGRAMA
01 - Modelo da Metodologia da Dissertação
83
PLANTA
01- Planta da Cidade do Natal Confeccionada em 1958, Encartada no “Guia da Cidade do
Natal-1958/59”
32
TABELA
01 - Evolução da População de Natal/RN entre 1970 a 2007
23
02- Padrão de Potabilidade para Substâncias Químicas que Representam Risco à Saúde 53
03- Padrão de Aceitação para Consumo Humano
54
04 – Intervalos de confiança associados a uma amostra de medidas de uma grandeza X e os
correspondentes níveis de confiança
91
05 - Médias por Sistemas Sinóticos
93
06 – Resultados da ANOVA
95
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QUADRO
01- Ocorrência das Chuvas Ácidas no Plano Mundial
49
02 - Análise da Variância
92
BLOCO DE FOTOS
01 – Estátua Augusto Severo
99
02 - Estátua Escolares
100
03 - Estátua Escolares 2
101
04 - Prédio da Secretaria Estadual de Saúde
102
05 - Prédio em Capim Macio
103
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1- CONHECENDO A CIDADE DE NATAL /RN
1.1 - Caracterização Fisica da Cidade
14
17
17
1.1.1 - Localização da Área de Estudo
17
1.1.2 – Rochas
18
1.1.3 – Relevo
18
1.1.4 – Solos
19
1.1.5 – Hidrografia
19
1.1.6 – Vegetação
19
1.1.7 – Clima
20
1.2 - Evolução Urbana de Natal
20
1.3 - Dos Planos Urbanísticos aos Planos Diretores
25
2- O CONCEITO DE PAISAGEM SOB A ÓTICA DAS CHUVAS ÁCIDAS
2.1 - A Paisagem e as Chuvas Ácidas
42
42
3- UM ENFOQUE SOBRE O TEMA DA QUALIDADE DA ÁGUA E SOBRE AS
CHUVAS ÁCIDAS
51
3.1 - Qualidade da Água
51
3.2 - Considerações Acerca das Chuvas Ácidas
55
4- CIRCULAÇÃO GERAL DA ATMOSFERA
66
4.1 – Circulação Geral da Atmosfera Terrestre
66
4.2 - Climatologia do Nordeste do Brasil
70
4.3 - Sistemas Sinóticos Atuantes na Cidade de Natal/RN
74
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5- METODOLOGIA
83
5.1 – Detalhamento da metodologia
83
5.2 – Coleta dos dados
85
5.3 – Fundamentação metrológica das chuvas ácidas
87
5.4 – Fundamentação Geossistêmica
87
5.5 - Fundamentação estatística
89
6- RESULTADOS E DISCUSSÕES
93
6.1 – Resultados
93
6.2 – Discussões
104
CONSIDERAÇÕES FINAIS
106
REFERÊNCIAS
108
ANEXO A
113
13
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I
NTRODUÇÃO
Com o aumento da população mundial, têm-se cada vez mais problemas ligados ao
desequilíbrio natural e também problemas de manutenção das crescentes cidades no Brasil e
no mundo. Um dos problemas principais que mais preocupam as autoridades é o
abastecimento de água potável, e esse fenômeno ao passar do tempo vem piorando cada vez
mais, com isso os estudiosos do mundo estão procurando novas formas de abastecimento,
sendo uma delas a água de chuva.
Desde os primórdios da civilização, o homem utiliza a técnica de captação das águas
de chuvas como fonte de abastecimento quando não existe uma fonte perene de água na
região. Com a evolução das técnicas de abastecimento de água com utilização de aquedutos e
outros equipamentos de coleta e transporte de água captados de rios e lagos, foi-se diminuindo
o uso da água de chuva, criando assim ao passar do tempo, um certo preconceito em relação
ao custo do armazenamento e captação da água de chuva e sua qualidade.
Conforme Vaitsman e Vaitsman (2005), esse preconceito se originou a partir do
momento em que os construtores diminuíram a atenção na forma de captação e no seu
armazenamento, pois encarecia a obra criando artifícios na construção para esses fins, saindo
mais fácil, barato e seguro uma fonte perene de abastecimento coletivo, pois com o aumento
da população tinha-se que ter um maior volume de água.
Outro preconceito relativo ao consumo da água de chuva é a falta de qualidade, pois
com o surgimento da revolução industrial, criou-se um estigma que a poluição originária das
fabricas iria comprometer a qualidade significativamente, pois era uma chuva ácida,
inutilizando-a para qualquer fim.
Nos dias atuais esses preconceitos têm se diminuindo com estudos realizados no
mundo inteiro, pois tanto a viabilidade econômica (com a água sendo um bem cada vez mais
caro) e o preconceito da qualidade da água de chuva, através de estudos que comprovam que a
contaminação da atmosfera não atinge imediatamente concentrações suficientes capazes de
comprometer a qualidade da chuva, pois os efeitos como, por exemplo, da chuva ácida é
sentida na paisagem de uma cidade depois de um espaço de tempo significativo. Mostrando
também mesmo em locais altamente poluídos, a água apresenta uma boa qualidade para
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utilização na irrigação, nas indústrias, nos banheiros, aguar jardins e etc. Sendo assim a água
de chuva é uma ótima alternativa para o crescimento desenfreado das cidades.
Com o processo de urbanização na cidade de Natal, têm-se uma maior preocupação
na qualidade da água para consumo humano, pois com aumento da densidade populacional e,
o pouco investimento no saneamento na cidade, causou um problema sério que foi o aumento
de nitrato na água subterrânea, causando assim a inviabilização para o consumo humano em
alguns pontos da cidade. Com isso a preocupação dos gestores locais em procurar novas
soluções para o abastecimento de água.
Uma dessas soluções seria a utilização da água de chuva para uso humano, mas para
que isso ocorra, tem-se que se saber a qualidade dessa água através de um monitoramento
para avaliar o comportamento de forma preliminar da qualidade físico-química desta água
(através do pH) e é neste sentido que esse trabalho vem contribuir para uma analise
quantitativa dessa qualidade, além também de investigar espacialmente as influências que a
atmosfera local, regional e global afetam, visando assim com esse estudo, contribuir de forma
cientifica e técnica no monitoramento para detecção das alterações ambientais.
Para que isso ocorra temos que delimitar o objetivo geral do estudo, que é monitorar e
analisar a variação da qualidade da água de chuva na cidade de Natal, procurando investigar a
influência dessa qualidade nas escalas local, regional e global através dos sistemas sinóticos,
além de procurar possíveis efeitos dessa qualidade na paisagem local.
Já os objetivos específicos são respectivamente:
1)
Monitorar e analisar a qualidade das águas de chuvas;
2)
Procurar padrões que mostrem em que escala a qualidade das águas de chuvas
é mais influenciada;
3)
Investigar através da paisagem da cidade, possíveis efeitos da influência da
poluição oriunda localmente;
Os capítulos desse trabalho foram montados de forma a responder aos objetivos acima
descritos, além de dar uma contribuição teórica para os futuros estudos sobre a temática. O
primeiro capítulo serviu para entendermos como se originou a organização espacial da cidade,
mostrando aspectos físicos e urbanísticos da cidade, para que tenhamos um panorama geral
dos problemas locais e assim compreendermos como se organiza a paisagem local.
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Já o segundo capitulo, discutimos sobre a paisagem, pois é nela que acontecem os
principais efeitos da má qualidade das águas de chuvas, dando assim uma contribuição teórica
sobre esse conceito importantíssimo para a Geografia, e pouco explorado por estudos sobre a
chuva ácida.
No terceiro capitulo discutiremos de forma prática sobre a temática da qualidade das
águas, mostrando os padrões para consumo humano e em seguida iremos discutir sobre o
fenômeno das chuvas ácidas.
O quarto capítulo serve para entendermos como se dá a dinâmica da atmosfera a níveis
global, regional e local, mostrando seus principais elementos. Já o capitulo quinto mostra a
metodologia do trabalho, onde foi separado em subtítulos para uma maior compreensão do
estudo. No ultimo capitulo mostraremos os resultados encontrados e iremos realizar uma
breve discussão sobre a temática.
Por fim tentaremos nesse trabalho dar uma contribuição importante a ciência
geográfica na análise ambiental de fenômenos climáticos e urbanos, mostrando uma nova
visão de investigação aos futuros cientistas que estudam a Paisagem e os problemas do Clima
Urbano.
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C
APÍTULO I - CONHECENDO A CIDADE DE NATAL /RN
Este capítulo tem o propósito de, no primeiro momento, realizar um prévio
levantamento geo-ambiental sobre a Cidade de Natal com o intuito de entender-mos como se
precessou, ao longo da evolução da cidade, a sua configuração física. O interesse por esse
breve resgate histórico sobre o crescimento da Cidade, visa compreender como a Cidade,
através da figura do Poder Público, vêm lidando ao longo da evolução da Cidade, com os
problemas decorrentes do crescimento do seu espaço urbano e a atuação recente do Poder
Público para com os novos desafios para uma Natal no século XXI, que enfrenta os mesmos
probelmas urbanos das demais cidades brasileiras. Por isso, apartir do segundo momento,
iremos resgatar, em breves palavras, o histórico do crescimento da Cidade de Natal/RN, no
intuito de enfocar as primeiras intervenções urbanisticas na cidade, que ocorreram por volta
do início do seculo XX, perfazendo aos dias atuais, como as intervenções incluidas na recente
revisão do Plano Diretor de 2007.
1.1- Caracterização Fisica da Cidade
1.1.1 - Localização da Área de Estudo
O universo de referência a ser estudado é constituído pela cidade de Natal, capital do
estado do Rio Grande do Norte. Está localizada na região Nordeste do Brasil, mais
precisamente entre as latitudes de 5°43' S e 5°54' S e entre as longitudes 35°09' W e 35°17' W
(Mapa 01) e uma altitude média de quarenta metros acima do nível do mar, segundo as cartas
altimétricas 1:10000 da Secretaria de Planejamento do Rio Grande do Norte.
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Fonte: Autor (2009)
Mapa 01 - Localização da Área de Estudo
1.1.2 - Rochas
Conforme Nunes (2000), a cidade de Natal possui uma estratigrafia constituída por
rochas cristalinas do embasamento pré-cambriano, arenitos e calcários mesozóicos aflorantes,
sedimentos areno-argilosos terciários atribuídos na Formação Barreiras. Ainda segundo
Nunes (2000), as rochas sedimentares cenozóicas estão sobrepostas ao embasamento
cristalino, constituído pelo Complexo Caicó e pelo Grupo Seridó de idade arqueana e
proterozóica, respectivamente.
1.1.3 - Relevo
O relevo da cidade de Natal se caracteriza pela integração e interação entre os
elementos tectônicos, litológicos e climáticos, onde conforme Medeiros (2001), estende-se
sobre o tabuleiro costeiro, contornado por depósitos eólicos quaternários, constituindo
verdadeiro campo de dunas fixas e móveis que emolduram seu espaço urbano e empresta-lhe
feição topográfica peculiar. Segundo Nunes (2000), a Cidade de Natal apresenta também
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estuários, planícies de mangues, praias, terraços fluviais, cujos vales são largos e de fundo
chato, com rios pouco entalhados, formando terraços de 15-16 m, 7-8 m, 2-3 m, acima do
leito atual dos rios.
1.1.4 - Solos
Segundo Medeiros (2001) e Nunes (2000), os solos da cidade de Natal estão
caracterizados nas seguintes unidades originárias de dois períodos distintos: Quaternário e
Terciário, onde no Quaternário se deu origem às dunas, formadas pelas areias quartzosas
marinhas, solo aluvial, solo glei e solo de mangue. Já no Terciário teve a origem da Formação
Barreiras que está relacionado com as planícies sedimentares costeiras que tem como seus
principais solos: latossolos, areias quartzosas distróficas, podzólicos, além das colinas
cristalinas que estão sobre o embasamento cristalino, que dão origem aos litossolos, brunonão-cálcicos e aos podzólicos.
1.1.5 - Hidrografia
Conforme Medeiros (2001), a hidrografia da área de estudo está representada pelo
estuário Potengi/Jundiaí, e pelos rios: Doce, Pirangi, tendo como afluente o Pitimbu e os
riachos do Baldo, das Quintas, Ouro e Prata, cuja perenização é atribuída ao índice
pluviométrico da área e águas subterrâneas liberadas pelos aluviões e dunas.
1.1.6 - Vegetação
A vegetação na cidade de Natal está associada às feições morfológicas da região,
compreendidos por campos dunares, mangues e praias, fazendo assim parte do domínio da
Mata Atlântica, que conforme Medeiros (2001), ocorre os seguintes tipos: Floresta Ombrófila
Densa/Aberta (matas de dunas/tabuleiros denso/ralo e mata ciliar); Floresta Estacional
Semicaducifólia Densa/Rala sobre os tabuleiros); associa-se também aos ecossistemas
Manguezal e à Formação Vegetal Tabuleiro litorâneo, cuja fisionomia assemelha-se ao
cerrado.
Segundo Medeiros (2001), nas praias e nas dunas recentes são encontradas
formações rasteiras instaladas sobre sedimentos areno-quartzosas recentes de origem marinha.
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Apresentam-se como espécies herbáceas: Ipomea pescaprae (salsa de praia), Panicum
racemosun (capimde-areia), Sporobolus virginicus (capim barba-de-bode) e Iresine
portucaloides (pirrixiu). Já a vegetação nas dunas antigas ora se apresenta de porte baixo,
destacando-se o Hymenaea sp. (jatobá), Cecropia sp. (imbaúba), Caesalpina sp. (pau-dárco),
entre outros.
1.1.7 - Clima
Segundo Nunes (2000), o clima de Natal é classificado como As’ de acordo com o
sistema de Koppen, que é caracterizado como tropical chuvoso (quente e úmido), com verão
seco e inverno bastante intenso.
Segundo dados da Estação Climatológica da UFRN, a temperatura média anual é de
25,4 °C com uma temperatura máxima na média mensal de 30,3 °C e as temperaturas médias
das mínimas de 24,1 °C, enquanto a media da amplitude térmica é de 6,2 °C, caracterizando
uma maior uniformidade comparando com outras capitais. A insolação média anual é de
2.986 horas e a umidade relativa do ar com uma média anual de 77%, sendo os meses mais
úmidos de fevereiro a agosto e os menos úmidos de setembro a janeiro.
Segundo Medeiros (2001), a cidade de Natal caracteriza-se por apresentar um alto
grau de heterogeneidade espacial e temporal do seu regime pluviométrico, ocasionando com
isso anos com excesso de precipitação, contrastando com anos de elevado déficit
pluviométrico. Quanto à precipitação média em Natal no período de 1997 a 2003 foi de 2.248
mm. A estação chuvosa em Natal estende-se de fevereiro a agosto, quando os totais mensais,
em média, excedem os 110 mm, e de outubro a dezembro têm-se os meses mais secos, com o
total de precipitação em média, abaixo de 40 mm.
Em um quadro geral, os ventos apresentam uma notável constância, os Alísios de
sudeste apresentando valores elevados na intensidade 5m/s, soprando durante 211 dias por
ano. Ventos de leste são predominantes durante 102 dias por ano e os ventos de sul, 37 dias.
1.2- Evolução Urbana de Natal
No Brasil, as cidades foram construídas segundo um padrão litorâneo, não só pela
função das áreas, repassadores dos produtos de exportação, como também pela divisão social
do trabalho Natal, capital do Rio Grande do Norte, não foge à regra, situada na Zona
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fisiográfica do litoral oriental, fundada em 1599, está estrategicamente localizada na região
Nordeste.
No final do século XVI realizou-se a expedição que viria a construir o Forte dos Reis
Magos e fundar a cidade de Natal. Seu capitão-mor era Francisco de Barros Rego. A frota
partiu de Pernambuco e velejou para o norte, enquanto que pôr terra iam três companhias
comandadas pôr Jerônimo de Albuquerque. Em 06 de janeiro de 1598 foi iniciada a edificação
do Forte dos Reis Magos, data que justifica sua denominação. Esta constituiu fator marcante
na penetração para o interior da área onde seria fundada a cidade. Deu-se, então, inicio a um
povoado, a uma légua de distância do forte, a que chamaram de cidade dos reis.
No decorrer do século XVII iniciou-se o processo de ocupação e produção do espaço
de Natal. Este processo obedecia a uma política de Portugal, que procurava conquistar e
explorar o litoral brasileiro visando à criação de pequenos povoados que lhes
proporcionassem novas mercadorias para serem comercializadas no mercado europeu.
Com referência a este processo, Costa (1980, p. 33) ressalta que, compondo uma
quadra estruturada com características próprias decorrentes do tipo de economia local, a rede
urbana brasileira teve, até certa época, seu crescimento condicionado à ocupação de novas
terras, político-administrativo.
Segundo Serra (1988, p. 123), na descrição do ouvidor da Paraíba citada pôr Cascudo
constatou-se que a cidade teve um crescimento lento. “Cerca de 150 anos após a fundação, a
cidade tinha apenas 118 casas, distribuídas linearmente em uma faixa com pouco mais de 100
metros de largura 800 de comprimento. No inicio do século XIX a população total da cidade
era de apenas seis mil habitantes, aproximadamente. Cem anos mais tarde, Natal contava 23
mil habitantes.
Portanto, o crescimento da cidade pode ser justificado, como afirma Andrade (1981,
p.26) “... a dependência em que a capitania vivia em relação á Paraíba e Pernambuco, e isso
lhe trazia sérios problemas, que asfixiaram a economia e o desenvolvimento do Rio Grande
do Norte”.
O Bairro da Ribeira, onde se localizava o porto da cidade, era o principal centro
comercial de Natal, que “não tinha indústrias e seu porto valia como escoadouro legal, sempre
preterido pela sonegação de pontos de embarque clandestino para Pernambuco” (Cascudo,
1972, p.217). A Ribeira fixou e liderou o comércio durante longos anos, os armazéns se
erguiam na rua do comércio (atual Rua Chile) para receber o algodão, pau-brasil, açúcar,
peixe seco, etc.
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Somente no fim do século XIX é que teve inicio a industrialização em Natal, voltada
ao comércio externo. A instalação das primeiras fábricas, o equipamento do porto, infraestrutura urbana e setores de transportes ferroviários e marítimos. Nesse sentido, reafirmamos
as colocações de Cascudo (1980, p.227) referentes às modificações advindas das tendências
expansionistas das cidades:
Ao aparelhamento do porto, a fiscalização, com programas complexos,
empregando operários de varias especialidades, mergulhadores, ferreiros,
carpinteiros, calafates, pedreiros, armadores de botes e de pontões, todos
com salários regulares e tendo necessidade de viver próximo as obras,
impulsionaram as Rocas.
Natal sempre atraiu imigrantes advindos especialmente do interior do Estado,
formando pequenos aglomerados que se constituíram mais tarde, em bairros da cidade.
O Alecrim foi um destes bairros que abrigavam esta população imigrante, atraída
pelas recentes transformações que aqui se operavam. A abertura de novas vias de circulação, a
ampliação da estrada de ferro, dos trilhos de bonde, evidentemente muito contribuíram para o
crescimento e para a expansão do povoamento.
Sabemos que esta população oriunda do campo tanto atua indiretamente na economia
urbana (operários da construção civil, setor informal, etc.) e é elemento fundamental de mãode-obra disponível e abundante para a reprodução do capital. Certamente encaixam-se neste
raciocínio as palavras de Singer (1987, p.123), quando ele afirma que o desenvolvimento
capitalista da economia brasileira foi profundamente marcado por esta ampla mobilização do
exército industrial de reserva que deu lugar a um abundante suprimento de força de trabalho
pouco qualificada, mas dócil e de aspirações modestas.
No decorrer da segunda guerra, Natal teve um impulso expressivo, sobretudo porque
foi o período em que passou a sediar uma base aérea norte-americana de apoio às operações
bélicas no Atlântico e no norte da África. Neste período, a atuação do Estado na
implementação de serviços urbanos foi bem expressiva. Isto condiz com a assertiva de
Peruzzo (1984, p.84):
Com o crescimento urbano e industrial, aumentam a acumulação de capital e
a exploração da força de trabalho, ao mesmo tempo em que crescem os
conflitos entre capital e trabalho. O capital aciona o estado para controlar a
força de trabalho; codificar a legislação trabalhista (CLT); assumir a criação
das condições gerais urbanas (transportes, comunicação, água, energia,
saúde pública, educação, etc.), criando condições para reprodução da força
de trabalho, liberando o capital de tais encargos, de sorte a elevar a
acumulação.
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Natal tem acompanhado o aumento populacional verificado nas cidades brasileiras
nas últimas décadas. Ela passou a atrair correntes migratórios provenientes das áreas rurais, de
outras regiões e até de outros países e que intensificou a concentração urbana. Este fenômeno
acentuou-se em Natal, especialmente no período pós 40, quando a cidade atingiu um
crescimento de quase 9% ao ano.
Enquanto as relações capitalistas se reproduziam na cidade, no campo, a
concentração de terras também liberava a mão de obra, que se dirigia aos centros urbanos,
aumentando assim o número de seus habitantes.
A cidade continuou o seu processo de urbanização com a expansão do comércio e
ampliando o setor terciário. Na década de 50, Natal definia-se com três centros comerciais
como a Ribeira, Cidade Alta e Alecrim, e com o surgimento de novos bairros, como: Lagoa
Nova, Nova Descoberta, Cidade da Esperança entre outros. Por conseguinte, Natal atingiu, em
1960, um contingente populacional com cerca de Cento e Sessenta e Dois Mil e Quinhentos e
Trinta e Sete 162.537- habitantes.
No período de 1960-1980, percebeu-se que foi exatamente porque este crescimento
foi expressivo, com o surgimento de cerca de dezenove novos bairros. A tabela 1 traz a
evolução populacional da cidade, no período que compreende o ano de 1970 a 2007. Sendo
que em 2007 foi realizada a última contagem populacional da cidade, feito pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE:
Tabela 1 - Evolução da População de Natal/RN entre 1970 a 2007
Ano
Número de habitantes
1970
264.379
1980
416.898
1991
606.887
1996
656.037
2000
712.317
2007
774. 230
Fonte: OLIVEIRA (2002); IBGE (2009).
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Singer (1987, p.32) ressalta que o “crescimento demográfico da cidade torna-a, por
sua vez, um mercado cada vez mais importante para bens e serviços de consumo, o que passa
a constituir um fator adicional de atração de atividades produtivas que, pela sua natureza,
usufrui de vantagens quando se localizam junto ao mercado de seus produtos.
Natal encontra-se no ano de 2009, como uma cidade de porte médio, tendo sua
economia baseada na exploração do setor terciário, com atuação marcante para as áreas do
comércio e da prestação de serviços, seus principais segmentos econômicos. Dados extraídos
da Prefeitura do Natal reforçam a importância desses dois segmentos para a dinâmica
econômica da cidade, representado no número de empresas pertencentes a esses dois
segmentos, respectivamente: Comercio (17.594) e Serviços (12.051) (NATAL, 2008). Sendo
que, o Alecrim, é o bairro que concentra o maior número de estabelecimentos comerciais na
cidade, devido a sua função tradicional, enquanto Centro Comercial.
O Turismo insere-se nesta análise, pois se constitui com um segmento econômico,
voltado para a prestação de serviços de lazer e do entretenimento de grande importância
econômica para a cidade, além de mobilizar vários setores que tem por base, a exploração na
prestação de serviços. Por conseguinte, o Turismo começou a se desenvolver na cidade a
partir do final da década de 1970, através de Políticas Públicas de Turismo, no intuito de
dinamizar a economia local. Sendo assim, o Turismo em Natal vem se constituindo como uma
atividade econômica de significativa relevância para a economia da cidade.
Com relação ao setor industrial, este por sua vez, segundo dados estatísticos de Natal
(2008), percebe-se, certa representatividade, com relação ao número de empresas pertencentes
a esse setor, que possui a quantidade de 4.119 unidades industriais espalhados por entre as
quatro regiões da cidade. Dentre as atividades industriais desenvolvidas, os segmentos que
mais se destacam são: o alimentício e o têxtil.
Por tanto, a cidade de Natal apresenta-se com um dinamismo econômico
significativo, notadamente nos setores do comércio e dos serviços. Por conseguinte, a cidade
apresenta um crescimento populacional, pouco expressivo, se comparado com as demais
cidades brasileiras (Recife, Fortaleza, Rio de Janeiro, etc), mas ao analisarmos os dois últimos
censos realizados pelo IBGE, no ano de 2000 (a cidade possuía uma população de Setecentos
e Doze Mil e Trezentos e Dezessete habitantes – 712.317), e no ano de 2007 (a população já
contava com o número de Setecentos e Setenta e Quatro Mil e Duzentos e Trinta habitantes –
774.230), sendo um acréscimo de 61.913 habitantes. No entanto, verifica-se que a cidade vem
apresentando um crescimento populacional considerável, além de se verificar também o
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crescimento territorial, com a criação de novos bairros, se comparado os dezenove existentes
entre o período entre 1960 e 1980, e no ano de 2009, onde a cidade possui trinta e seis bairros.
Por conseguinte, o processo de urbanização da cidade, verificado pelo seu aumento
do número de habitantes, bem como o seu crescimento urbano, tem se revertido em problemas
ambientais e sociais, uma vez que o crescimento da cidade, através de fatores anteriormente
explicitados, reflete no crescimento pela demanda e investimentos em serviços públicos
(hospitais, postos de saúde, estabelecimentos escolares, segurança, etc,), como também na
criação e a ampliação da infra-estrutura existente na cidade, como: estradas, rodovias,
complexos viários, entre outros. A deficiência em obras ligadas a malha viária na cidade,
tende a gerar problemas de congestionamentos, que, atrelado ao crescimento da cidade,
conseqüentemente também se verifica, o crescimento na frota de veículos e, que Natal,
demonstra não acompanhar a ampliação da malha viária da cidade. Por conseguinte,
problemas diários como os congestionamentos são uma constate nas principais avenidas da
cidade, que por sua vez, repercutem na concentração de veículos por entre as Vias mais
movimentadas da cidade, e que tem contribuindo para a poluição do ar nesses espaços.
Problema este, que será abordado no decorrer do estudo.
No entanto, essa breve exposição sobre o crescimento econômico e populacional da
cidade, visa trazer à tona problemas decorrentes desse crescimento urbano, que faz parte do
processo de urbanização, que interfere diretamente sobre o meio ambiente na cidade,
notadamente sobre a qualidade do ar em algumas áreas em Natal, e que pode ser um fator
agravante, para a aparição do fenômeno da chuva ácida.
Portanto, o planejamento do espaço urbano da cidade, através da execução das ações
contidas no Plano Diretor, se torna uma ferramenta importante para que a cidade cresça de
forma organizada, além de conter possíveis problemas ambientais, econômicos e sociais.
1.3 - Dos Planos Urbanísticos aos Planos Diretores
Foi a partir do inicio do século XX que a cidade de Natal passou por um novo
momento rumo a sua expansão urbana. Fato este, devido ao Plano urbanístico idealizado pelo
Presidente da Intendência de Natal, Joaquim Manuel Teixeira, e executado pelo italiano
Antônio Polidrelli (NATAL, 2008).
O Plano Polidrelli (1901 – 1904) é considerado um marco, em se tratando de ensaios
sobre planejamento urbano, uma vez que naquela época a concepção e a prática de um
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planejamento urbano eram desconhecidas pelos administradores da cidade, ocorrendo apenas,
intervenções urbanas a fim de conter os problemas que emergiam decorrentes de seu
crescimento natural, notadamente os de ordem sanitária na parte antiga da cidade.
O referido plano Polidrelli, segue um modelo idealizado e que atenderia aos anseios
da elite local, que pretendia viver num ambiente livre das precárias condições ambientais tal
qual vivenciavam os moradores da Ribeira e da Cidade Alta, longe das classes populares. Tal
atitude revela o lado segregacionista do Plano Urbanístico (FURTADO, 2005).
O plano Polidrelli previa a construção de um terceiro bairro na cidade de Natal, antes
resumida apenas aos bairros – Cidade Alta e Ribeira. A cidade teria a partir do século XX
seus limites para além dos seus bairros históricos, ganhando uma nova área, denominada de
Cidade Nova, que posteriormente foi desmembrada e que constituem os atuais bairros de
Petrópolis e Tirol, localizados na Região Leste da Cidade.
O projeto urbanístico para a Cidade Nova consistia em seguir um modelo que
privilegiaria a criação de avenidas largas (Mapa 2), além da preocupação na “definição do
parcelamento do solo e de seu arruamento, estabelecido como um tabuleiro de xadrez”
(FURTADO, 2005, p.99).
Fonte: Prefeitura Municipal de Natal, 2007.
Mapa 2 - Plano Polidrelli
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O modelo de Polidrelli (1901-1904), não se constituía em um modelo de
planejamento urbano propriamente dito, mas sua importância surge no fato de que, suas idéias
serviram de inspiração para as futuras intervenções urbanísticas na cidade. Uma descrição do
comentado Plano, feita por Cascudo (1999, p.354) apud Natal (2008, p.39), trazem as
principais ações urbanísticas contidas nas obras do Plano de Polidrelli:
Em 1904, o master-plan da Cidade Nova estava concluído, ampliando as
medidas de Joaquim Manuel, em fins de 1901. O relatório do secretário do
Governo, H. Castriciano, datado de 14 de junho de 1904, já fixa os dois
bairros quase no aspecto dos nossos dias. Oito avenidas paralelas, com 30
metros de largura, comprimento entre 650 (Avenida Alberto Maranhão) a
5.261 (a Avenida Oitava) e quatorze ruas enxadrezando a Cidade Nova. A
superfície aproximada ia a 1.648.510 metros quadrados, com sessenta
quarteirões.
Dada a grande importância para a Cidade, o Plano Polidrelli serviu de referência para
os futuros administradores públicos intervirem no espaço urbano de Natal, buscando o
aprimoramento do referido Plano para as intervenções posteriores, a qual a cidade conheceu.
Ainda sobre o referido Plano de Polidrelli, também denominado de Cidade Nova,
nasceu num contexto econômico e político favorável, com ares e com aspiração de
modernidade, pois Natal passava por uma tendência de modernização do espaço urbano, a
exemplo das principais cidades do país, que já havia iniciado o seu processo de modernização
de seus Centros Urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro. O Plano Polidrelli, segundo Natal
(2008, p.40) assume um caráter meramente estético do que funcional, como assim segue:
É interessante observar que a preocupação do poder público não era o de
fazer uma ordenação do espaço urbano. Na verdade, a finalidade era de
embelezar a cidade, acompanhando a tendência dos grandes centros como,
por exemplo, São Paulo e Rio de Janeiro.
No entanto, o Plano Polidrelli se desdobrou em uma intervenção urbanística com fins
de expandir a cidade, na tentativa de criar um ambiente favorável para a elite local, o bairro da
Cidade Nova. Porém, o citado Plano, além de revelar a atitude do Poder Público em beneficiar
a classe dominante e de reverter suas ações no embelezamento desse bairro, com obras de
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paisagismo, o plano de obras de Polidrelli tem seu mérito e não deve ser menosprezado por tal
atitude governamental, pois ele é uma referência em se tratando de práticas de planejamento
urbano.
Após a execução do Plano, elaborado por Polidrelli para o bairro de Cidade Nova,
Natal entra na década de 1920 necessitando de um novo ordenamento urbano para a cidade
como um todo. Assim, problemas relacionados ao crescimento da cidade, como o
abastecimento de água e o saneamento básico, exigiam ações imediatas, pois a saúde da
população corria o risco de contaminação pelo uso das águas advindas de fontes espalhadas
pela cidade. A figura do Dr. Januario Cicco, que na época ocupava o cargo de inspetor de
água e do saneamento da cidade, foi primordial para defender a idéia de se elaborar uma
intervenção urbana voltada para a questão sanitária.
A preocupação com a higienização da cidade, proposta por Januario Cicco, colocava
a cidade diante de problemas básicos em infra-estrutura sanitária, que envolviam uma
problemática comum à cidade, pois Natal carecia de obras que contemplassem o
abastecimento e o saneamento de água. Tais carências evidenciavam uma nova visão sobre a
elaboração e execução de obras voltadas para o crescimento e o ordenamento de Natal.
Diante da problemática do abastecimento de água e do saneamento que a cidade
carecia, foi então que tal situação foi considerada uma prioridade para o Poder Público
naquele período da década de 1920. Mediante este fato, Natal (2008, p.42) mostra que:
A comissão de saneamento de Natal foi a primeira iniciativa de intervenção
planejada, na elaboração e execução de um projeto especifico para o
saneamento e abastecimento de Natal. À frente desta Comissão estava o
engenheiro Henrique Novaes, responsável pela elaboração do Plano Geral de
Obras de Saneamento de Natal.
O Plano Geral de Obras de Natal – (1929) teve suas preocupações voltadas para o
ordenamento das ruas da cidade, no intuito de adequá-la para o tráfego dos meios de
transportes, como o bonde e da recém-inaugurada rede de transporte público, com a
circulação de ônibus e do incipiente fluxo de veículos no ano de 1929 (NATAL, 2008). As
mudanças no traçado urbano da cidade foram vistas a partir da implementação do transporte
público. Esse evento mostra a preocupação do governo da época em proporcionar a melhoria
na qualidade de vida dos moradores da Cidade através da autorização para a circulação do
transporte público pelas ruas da cidade. Devido a este fato, o então prefeito de Natal, “Omar
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O’Grady, contrata o arquiteto Giácomo Palumbo para desenvolver um plano de urbanização”(
NATAL, 2008, p.43).
O referido plano Palumbo, continha uma visão moderna de planejamento, uma vez
que o mesmo tinha o intuito de ordenar a cidade para um número superior de habitantes, ou
seja, Natal nesse período possuía uma população de 35 mil habitantes e o Plano Palumbo
projetou a cidade para uma população de cem mil habitantes. O Plano pretendia planejar a
cidade olhando-a para o futuro.
Este plano geral de sistematização de Natal “projetava” uma cidade de cem
mil habitantes, número alcançado apenas a partir de 1950. Esta visão de
futuro deve ser destacada porque demonstra uma sensibilidade em fazer da
cidade um lugar melhor de se viver (NATAL, 2008, p.43).
Ainda sobre a administração do prefeito de Natal na década de 20, no governo de
Omar O’Grady foi importante, pois dispôs de instrumentos legais na forma de Leis, fazendo
com que o poder municipal fosse dotado de funções de controle e de fiscalização da cidade,
controlando assim, o seu crescimento. De acordo com Furtado (2005, p.99), o Plano Palumbo
foi responsável por estabelecer “o zoneamento da cidade, definindo espaços específicos para a
administração, o comércio, a indústria e a moradia, dentre outros”. Propondo para a cidade
espaços divididos por suas funções, e por classes sociais, como mostra no mapa 3:
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Fonte: Prefeitura Municipal de Natal, 2007.
Mapa 3 - Plano Palumbo
Outro elemento merece menção e que esteve contido no Plano Palumbo, diz respeito
à referência da questão do lazer, contemplava ações que visava à destinação de espaços na
cidade para a construção de praças e demais áreas de lazer.
Em meio a um contexto político um tanto que agitado, o ano de 1935 foi marcado
pela elaboração de mais um plano de melhorias para a cidade, essas intervenções urbanísticas
foram denominadas de “Plano de Obras”. Para a execução do referido plano, foi contratado o
escritório Saturnino de Brito, ao qual foi entregue o projeto para o inicio das obras na cidade.
O plano de Obras caracterizou por melhorias no espaço urbano, continuando com as ações em
intervenções urbanas que antecederam tal Plano, como mostra o mapa 4:
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Fonte: Prefeitura Municipal de Natal, 2007
Mapa 4- Plano Geral de Obras de 1939, elaborado pelo Escritório de Saturnino
de Brito
O Plano de Expansão de Natal trouxe a preocupação com o abastecimento de água,
desde o processo de captação a sua conseqüente distribuição, através da construção de
reservatórios d’água e com a criação de estações de esgotos. A seguir, tem-se a imagem do
referido Plano de Expansão, no esquema 1.
Fonte: Prefeitura Municipal de Natal, 2007.
Esquema 1- Projeto de Abastecimento de Água de Natal, idealizado pelo
Escritório Saturnino de Brito
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No final da década de 1960, Natal conheceu o seu quarto Plano de obras, no ano de
1968. O referido plano surgiu trinta e três anos após a criação do Plano de Expansão de Natal
de 1935. Durante esse período, compreendido entre 1935 e 1968, a cidade passou por
significativas mudanças, com relação ao aumento em seu número de habitantes como também
pelo crescimento do seu espaço urbano. Na planta 1 é mostrado essa expansão territorial da
cidade:
Fonte: Prefeitura Municipal de Natal, 2007.
Planta 1- Planta da Cidade do Natal Confeccionada em 1958, Encartada no “Guia da
Cidade do Natal-1958/59”
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Foi durante o governo do Prefeito Agnelo Alves, que o Plano Urbanístico e de
Desenvolvimento de Natal, foi entregue aos cidadãos natalenses. O então plano, foi
considerado por muitos urbanistas e estudiosos em planejamento urbano, como sendo
considerado, o primeiro Plano Diretor da cidade, mesmo não sendo oficializado, pelo fato do
mesmo possuir, em suas propostas de intervenção urbana, a concepção de planejamento
urbano, uma vez que planejava a cidade para suportar o seu crescimento natural.
O referido Plano foi elaborado por Wilheim Arquitetos Associados/Escritório Serete
S.A Engenharia. Tal atitude, em contratar técnicos especializados em planejamento
urbanístico, trouxera benefícios para a cidade, uma vez que permitiu que profissionais
qualificados elaborassem o Plano Diretor de Natal em conjunto com os técnicos locais. Por
conseguinte, a contratação de um corpo técnico especializado possibilitou a criação de:
Dois instrumentos utilizados na elaboração do Plano Serete destacam-se: a
pesquisa de campo e a coleta de dados em diversos órgãos da
municipalidade. Estes instrumentos contribuíram para a formação de um
arquivo com informações sobre o município (NATAL, 2008, p.52)
A contribuição desses profissionais foi significativa, uma vez que, os mesmos
utilizaram-se de técnicas importantes para o conhecimento da cidade, que possibilitou a
elaboração de uma base de dados, com informações preciosas sobre a cidade, chegando ao
término do estudo, com o seguinte resultado: “O estudo apresentou como um dos produtos
finais um diagnóstico da realidade urbana, já identificando grandes vazios urbanos e as
tendências de crescimento da cidade” (OLIVEIRA, 2002, p.16).
O primeiro Plano Diretor de Natal nasceu no inicio dos anos Setenta, no Governo de
Jorge Ivan Cascudo e elaborado a partir do Plano Urbanístico e de Desenvolvimento de Natal
de 1968. O citado Plano foi coordenado pelo arquiteto Moacir Gomes, contando com a
participação de técnicos da Prefeitura da cidade. O Plano Diretor foi então, “Concluído em
Setembro de 1973, foi transformado, em Junho de 1974, pela Câmara dos Vereadores na Lei
2-217/74 – Plano Diretor do Município do Natal” (LIMA, 2001, p.109, APUD NATAL,
2008, p.54).
O Plano Diretor trouxe benefícios no que diz respeito às ações voltadas para o
planejamento da cidade. Uma dessas ações foi à institucionalização do planejamento urbano,
com a participação de dois órgãos: a Secretária Municipal de Planejamento e Coordenação
Geral- SEMPLA e o Conselho de Planejamento Urbano do Município de Natal - COMPLAN,
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ambos contribuíram para o planejamento da cidade. Assim, a Prefeitura pôde contar com uma
estrutura administrativa especializada na atuação de obras e intervenções urbanas, capacitadas
para o estudo de como se planejar bem a cidade.
Foi durante a década de 1980, que o segundo Plano Diretor de Natal começou a ser
elaborado. Tal ação surgiu num período de transição política, na qual a cidade e o país
compartilhavam. Essa transição refere-se ao fim do regime ditatorial dos militares (iniciada na
década de Sessenta e finalizada em meados nos anos 1980) e inicio da retomada da
democracia (meados dos anos 1980), que fora perdida durante o período da ditadura, a qual o
país esteve submetido. O Plano Diretor de Natal de 1984 foi elaborado no Governo do
Prefeito Marcos Formiga, e aprovado pela Câmara de Vereadores, na forma de Lei 3.175/84
(NATAL, 2008).
A contribuição do Plano Diretor – 1984, para o planejamento da cidade, foi na
criação de uma estrutura administrativa voltada exclusivamente para a elaboração do
planejamento urbano. Outro fato importante contido neste Plano Diretor, diz respeito à
participação popular na elaboração da proposta do citado Plano.
Outro elemento que também merece ser destacado e que estava contido no Plano
Diretor, foi à regularização dos espaços urbanos ou a sua tentativa, que se constituem uma das
características do Plano Diretor, para controlar ou definir o crescimento da cidade, sendo
assim o seu objetivo consistia na utilização de instrumentos legais a fim de garantir um
zoneamento funcional para a cidade.
Por conseguinte, o Plano Diretor de Natal de 1984 foi elaborado dentro de exigências
que fizeram parte dos debates da constituição de 1988, sendo que uma delas se refere à
exigência de que, todos os municípios com mais de Vinte Mil habitantes, deve elaborar seu
Plano Diretor. Como Natal, já possuía uma população que ultrapassava a soma de Vinte Mil
habitantes, apresentando assim, a quantia de mais de Seiscentos Mil habitantes.
Assim, uma década após a elaboração do Plano Físico-Territorial de Natal de 1984,
no ano de 1994, que foi criado outro Plano Diretor de Natal. Este Plano contou com a
participação de profissionais do Instituto de Planejamento Urbano de Natal (IPLANAT), se
constituindo como “um importante instrumento de ordenamento urbano, que aprovado pela
Câmara Municipal e sancionado pelo Prefeito Aldo Tinôco nascia a Lei Complementar no 07,
ganhava caráter legal de plano diretor”(NATAL, 2008, p.60).
O último Plano Diretor, que a cidade de Natal conheceu, foi no ano de 2007. Onde o
mesmo foi revisado, envolvendo a criação de leis que visavam à proteção de áreas com frágil
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caráter ambiental e da forte especulação imobiliária. O caráter participativo de segmentos da
população no decorrer do processo de elaboração e termino do plano Diretor, se fez de forma
marcante, através da realização de debates e reuniões entre o Poder Público, políticos,
ambientalistas e a segmentos da população.
O atual Plano Diretor de Natal trouxe para debates, os anseios da população, que
defendiam questões ambientais, uma vez que a cidade estava crescendo em direção as áreas
ambientalmente frágeis. Tal crescimento urbano, veio associado a forte especulação
imobiliária, que não estava respeitando os interesses da população nem do meio ambiente, nas
localidades onde estava ocorrendo as intervenções imobiliárias. Foi a partir desse quadro, que
integrantes da sociedade, bem como os movimentos sociais, liderados por ambientalistas,
reivindicarem, junto a poder Público, por a medidas urgentes para a proteção do meio
ambiente.
Sendo assim, a Sociedade Civil organizada pedia a revisão do Plano Diretor de 1994,
ainda vigente. Em meio a esse quadro reivindicatório, em 2005, “a Prefeitura de Natal, através
da Secretária Municipal de Urbanismo e Meio ambiente - SEMURB, convocou a Conferência
de Revisão do Plano Diretor Participativo da Cidade de Natal” (NATAL, 2008, p.64).
A característica marcante desse novo Plano Diretor foi à significativa participação
popular, desde a reivindicação para a revisão do antigo plano até as etapas finais da
elaboração do novo plano, perpassando por debates, reuniões, que participaram, junto com os
técnicos, da elaboração do referido Plano. Além da forte presença da população na revisão do
Plano Diretor- 1994 outros pontos podem ser destacados, e, que foram inseridos, através da
conquista popular, na revisão, como por exemplo: “Política de Habitação de Interesse Social,
a Regularização Fundiária e a Questão Ambiental” (NATAL, 2008, p.64).
Avanços e conquistas, fruto das reivindicações e preocupações da Sociedade Civil,
atribui um caráter popular ao Plano Diretor de 2007. Tais conquistas se tornam importantes,
pois abriram horizontes, no que se refere a uma aproximação entre o Poder Público e a
população, quando os direitos da população se encontram diante dos interesses capitalistas,
que tendem a negligenciar os direitos de parte da população e, ao mesmo tempo, de não
respeitarem questões ambientais vitais para o desenvolvimento sustentável da cidade.
Os embates e discussões, que culminaram com a elaboração do Plano Diretor, em
2007, convergiram para a defesa do meio ambiente que estavam sendo ameaçados pela
especulação imobiliária, em determinada parte da cidade – o Bairro de Ponta Negra, região
Sul, onde essa especulação estava ao mesmo tempo agredindo o meio ambiente natural, como
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poderia se reverter em um problema social, ocasionando a saída gradual de moradores de
classe baixa, devido ao aumento no valor do solo nas áreas de interesse dos agentes
imobiliários.
Essa reação popular, manifestada na luta por mudanças do Plano Diretor da cidade,
com relação a determinadas questões de âmbito social e ambiental, são apenas uns, dos
diversos problemas urbanos enfrentados pela cidade, que compartilha com problemas urbanos
comuns às demais cidades brasileiras (Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, etc.), como: o
congestionamento de veículos, poluição do ar, violência, especulação imobiliária,
desemprego, poluição dos mananciais utilizados, principalmente, para o abastecimento da
cidade, entre outros.
Diante de toda essa problemática ambiental, a qual a Cidade de Natal e os seus
habitantes estão inseridos, é justificável o interesse e a inquietação a qual a população reagiu e
se fez presente no recente Plano Diretor da Cidade de Natal-2007.
Mas diante de tantos problemas de ordem ambiental a qual a cidade enfrenta, acima
citados, é significante a questão da poluição atmosférica, causada pela emissão de gases,
provenientes dos veículos. Problemas ambientais, a qual o estudo pretende se debruçar, uma
vez que, um dos fatores responsáveis pelo aparecimento da chuva ácida na cidade – objeto de
investigação da pesquisa-, provém das emissões do dióxido de carbono e demais poluentes,
pelos automóveis que transitam pela cidade.
Evidencias de que tal fenômeno vem ocorrendo na cidade – a poluição do ar, foi
citado em reportagem feita por um dos principais jornais de grande circulação no Estado, “A
Tribuna do Norte”, em 30/09/2007 pela repórter Mariana Cremonini, e intitulada “Poluição
em Natal cresce sem controle de qualidade do ar”, onde traz o assunto, ainda pouco estudado,
sobre a poluição do ar na cidade de Natal.
A referida reportagem mostra os principais sinais no aumento da poluição do ar, nos
locais mais movimentados da cidade, a saber, os bairros do Alecrim e da Cidade Alta,
localizados na região leste. Através de fatos relatados por alguns entrevistados, revela indícios
visíveis de um aumento significativo de poluentes em suspensão no ar ocasionados pela
queima de combustíveis emitidos pelos veículos. Em uma das entrevistas, ocorreram relatos
de pessoas que transitam por esses dois bairros, mostrando que os efeitos da poluição, como
por exemplo, a incidência de problemas respiratórios em parte da população que transita pelas
áreas mais movimentadas da cidade, e da sujeira impregnada nas roupas e em partes expostas
no corpo dos entrevistados.
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Somado às evidências da poluição do ar, percebidas por alguns transeuntes, o estudo
verificou a ocorrência de indícios da poluição do ar em prédios públicos e em monumentos
localizados em áreas consideradas como concentradora da circulação de veículos, como os
bairros da Ribeira e da Cidade Alta.
Tal observação pôde ser constatada devido às características deixadas na paisagem
que evidência a ocorrência do fenômeno das chuvas ácidas na cidade de Natal. Em síntese, a
análise das paisagens foi possível devido ás marcas deixadas nas construções e monumentos
públicos pelas chuvas ácidas, pois “quando o seu pH se torna baixo (condições ácidas),
provoca corrosividade onde a chuva ácida toca e, quando o pH é alto (condições básicas) pode
provocar incrustações” (...) (MELO, 2007, p.13)
O estudo observou e constatou a ocorrência da chuva ácida na cidade, através da
análise da paisagem, notadamente sobre os prédios e monumentos localizados na Ribeira e na
Cidade Alta. Os resultados e as figuras dessa análise serão expostos com mais detalhes no
capítulo referente aos resultados finais da pesquisa.
Todos os sinais descritos e percebidos pelas pessoas na reportagem citada e pelo
material colhido na pesquisa de campo do presente estudo reúnem evidências do aumento da
poluição do ar nas principais áreas da cidade, e que estão diretamente correlacionados com o
aumento na frota de veículos que circulam por entre as principais avenidas de grande
circulação. De acordo com dados do Departamento Nacional de Transito – DETRAN/RN,
sobre a evolução da frota de veículos, verifica-se que do ano de 1987 (14.792 veículos) até o
ano de 2008 (263.687), a frota de veículos na Cidade teve um aumento de 1.782%.
O gráfico a seguir, mostra essa evolução na frota de veículos na cidade entre os anos
de 1987 e 2008:
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Fonte: DETRAN/RN, 2008
Gráfico 1 - Evolução na Frota de Veículos em Natal/RN
O gráfico acima evidência um aumento considerável no número de veículos na
cidade, fato esse que comprova os índices significativos da poluição do ar em partes da cidade
e que está paulatinamente afetando a saúde dos transeuntes que circulam pelas avenidas de
maior fluxo de veículos na cidade.
Além das áreas na cidade (Alecrim e Cidade Alta) anteriormente mencionadas por
apresentarem um grau considerado de poluição do ar, outros locais na cidade também
merecem atenção, por serem potencialmente vulneráveis a apresentar um grau de poluição do
ar, devido à emissão de poluentes dos veículos. Como por exemplo, as localidades turísticas e
os seus entornos, como a Praia de Ponta Negra, principal espaço turístico da cidade, onde
recebe nos períodos de alta estação, um grande fluxo de turistas. A chegada de um número
significante de turistas nessa parte da cidade pode vir a acarretar o aumento no número de
veículos que transitam por essa parte da cidade.
A justificativa, para a menção da atividade turística, se deve ao seguinte aspecto: que
o seu crescimento do fluxo turístico, demanda um aumento de veículos circulando por entre
os espaços turísticos da cidade, que conseqüentemente, elevará a quantidade de gases que são
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eliminados dos veículos, contribuindo dessa forma, para a poluição do ar, que pode vir a
culminar com a ocorrência do fenômeno das chuvas ácidas.
É comum a existência de trabalhos acadêmicos sobre a associação da atividade
turística com o agravamento de problemas ambientais, decorrentes do aumento do fluxo de
turistas junto aos espaços turísticos. Um desses problemas se relaciona com a poluição do ar
nas áreas e entornos turísticos, principalmente nos períodos de alta estação, através de uma
maior circulação de transportes, como cita a Organização Mundial do Turismo – OMT (2003)
explicitando que: “A poluição é outro impacto negativo importante do turismo. O transporte é
uma grande fonte de poluição sonora e do ar”.
A incidência das chuvas ácidas se encontra relacionada com as atividades humanas
sobre o meio ambiente, através do intenso crescimento das cidades e das atividades
econômicas, como as atividades indústrias, agrícolas, minerais, etc. Na cidade de Natal a
poluição do ar está relacionada ao seu crescimento urbano, como principalmente, pelo
aumento na frota de veículos, que tende a se concentrar em certos pontos da cidade, atrelado a
uma malha viária deficitária, gerando um ambiente propício a formação de áreas com
significativo grau de poluição veicular, e, na existência de pontos onde os efeitos das chuvas
ácidas são aparentes.
Estudo, feito por Melo (2007), sobre a análise da qualidade das águas das chuvas de
Natal para fins de aproveitamento, com amostras coletadas em certos pontos da cidade,
evidencia que das áreas onde o autor coletou as amostras das águas das chuvas, o ponto
localizado no Bairro da Cidade Alta, foi o que apresentou alterações na qualidade das águas
precipitadas no local conforme parâmetros utilizados pelo autor, com relação à Condutividade
Elétrica1. Tal fato se deve, segundo o referido autor, pela área ser a mais poluída dentre as
demais áreas estudadas, e por a Cidade Alta apresentar uma considerável concentração
urbana, contribuindo para uma poluição do ar, causada pelos gases expelidos pelos
automóveis e demais fontes poluidoras, como das cozinhas e de pequenas fábricas (MELO,
2007, p.76).
Outros fatores se encontram interligados a uma estatística crescente na frota de
veículos na cidade, como: aumento do poder aquisitivo da população. Este fato possibilitou
que quantidade significativa dos residentes realizasse a aquisição do automóvel próprio. Essa
1
Segundo o autor, a análise da condutividade elétrica é “utilizada para indicar a presença de íons, acusando
assim possíveis impactos ambientais na massa d’água, ocasionados por lançamentos de resíduos industriais,
mineração, esgotos, etc. Como há uma relação de proporcionalidade entre o teor de sais dissolvidos e a
condutividade elétrica, podemos estimar o teor de sais pela medida de condutividade de uma água” (MELO,
2007, p.13).
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tendência de uma parcela da população, em adquirir carros novos, tende a ser crescente, como
indaga a reportagem feita pela “Tribuna do Norte”, em 12/08/2008 pelo repórter Wagner
Lopes intitulado “Aumento da frota de veículos é uma preocupação em Natal”, dizendo que:“
a expectativa é de acréscimo nesse número, já que as facilidades de compra do automóvel
próprio incentiva a troca do transporte público pelo individual”.
Esse fato vem a corroborar com a elevação da poluição do ar, como também, a
deficiência na malha viária da cidade, que não permite a um escoamento rápido da frota de
veículos em circulação, notadamente nos horários de grande movimento (inicio da manhã e ao
final da tarde) em alguns pontos da cidade, a conseqüência direta dessa concentração de
veículos acaba por culminar na formação de congestionamentos constantes por entre as
principais avenidas da cidade, principalmente em alguns trechos como em direção as áreas
centrais de Natal, como: Cidade Alta, Alecrim e nas avenidas da Hermes da Fonseca,
Prudente de Moraes, Salgado Filho, Engenheiro Roberto Freire, todas localizadas na Região
Sul da cidade, como também em trechos que ligam a Região Norte ás demais regiões da
cidade.
Um estudo realizado por Macêdo (2004) faz um balanço da quantidade de gases
lançados para a atmosfera, como o CO2 , provenientes da queima de combustíveis fosseis,
como a gasolina e o diesel, pelos veículos no estado. O resultado do referido estudo foi o
seguinte: que a gasolina é o principal combustível utilizado pelos veículos considerados leves,
que inclui os carros de passeios. O autor chama a atenção para o uso intenso desse
combustível, que traz grandes prejuízos ao meio ambiente, pois é altamente poluente, por
apresentar um grande teor na emissão de gases poluentes.
Macedo (2004) também faz referência ao uso do diesel, mostrando que tal
combustível é considerado mais poluente, em comparação a gasolina, e mais barato do que a
mesma. Tal fato é preocupante, uma vez que o diesel é um combustível que tem incentivos do
governo federal para a sua ampla utilização em substituição da gasolina, que é
economicamente mais cara. Ainda sobre o autor, o mesmo considera que é necessário que
sejam adotadas medidas para evitar uma intensa poluição atmosférica, devido aos efeitos
negativos da utilização maciça do diesel nos meios de transportes. O autor sugere a utilização
do transporte público nos grandes centros urbanos para que haja um desuso do diesel como
combustível.
Melo (2007) também lança algumas propostas objetivando a redução das chuvas
ácidas, como reduzindo a queima de combustíveis fósseis, utilizados nos automóveis e na
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utilização de transportes menos poluidores, como é o caso do metrô. Outra solução sugerida
pelo autor seria através da utilização de: “fontes de energia menos poluentes, com a
implantação de filtros nos escapamentos e chaminés e, quando for o caso, utilização de
combustíveis com baixo teor de enxofre (MELO, 2007, p.44).
No entanto, essa referência aos problemas da poluição atmosférica com a emissão de
gases poluentes no ar, bem como se apresenta o trânsito da cidade, se faz oportuna, pois são
elementos importantes no estudo das chuvas ácidas em Natal, uma vez que a poluição do ar,
causado pelas emissões de gases emitidos pelos veículos, favorecem ao aparecimento desse
fenômeno aqui estudado e que vem a somar-se a outros fatores que juntos, corroboram para a
incidência das chuvas ácidas na cidade. Além de propiciar uma reflexão e discussão a respeito
de medidas preventivas para que os efeitos das chuvas ácidas não se tornem prejudiciais a
saúde da cidade.
Planejar uma cidade pensando no bem estar do cidadão, mediante o cenário atual de
crescimento urbano, é primordial e vital, para se tentar amenizar os efeitos de um rápido
crescimento pelo qual as cidades vêm enfrentando, tanto de ordem populacional quanto da sua
área urbana. Sendo que esse crescimento vem, muitas vezes, acompanhado da
aparição/intensificação de certos problemas urbanos, como os estudados aqui, como o caso da
incidência das chuvas ácidas.
Os novos desafios dos administradores públicos perpassam pelo tratamento de
questões antes desconhecidas, e que agora tendem a ser inseridos nos planos de gestão das
cidades. Os efeitos decorrentes do clima urbano, como a poluição atmosférica e a associação
dessa poluição com as águas de chuva formando o fenômeno das chuvas ácidas, requer uma
singular atenção por parte dos gestores municipais, uma vez que seus efeitos e os danos que
por ventura, são percebidos na população, não são problemas pontuais e característicos dos
grandes centros urbanos, mas são perceptíveis em localidades de menor porte.
Portanto, atitudes preventivas, potencializadas por parte do Poder Público, em buscar
soluções para que os efeitos das chuvas ácidas não sejam tão agressivos na cidade de Natal, só
trará benefícios para a saúde da população, evitando assim, transtornos futuros e difíceis de
serem amenizados, caso haja um espaçamento da poluição do ar para as demais regiões da
Cidade.
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C
APÍTULO II – O CONCEITO DE PAISAGEM SOB A ÓTICA DAS
CHUVAS ÁCIDAS
Neste capítulo será feito um resgate do significado da paisagem, enquanto categoria
geográfica. Esta discussão, em torno do conceito da paisagem, se torna oportuno, uma vez que
é sobre essa categoria da geografia que se pode fazer uma melhor apreensão do espaço
geográfico de acordo com o interesse do pesquisador. Sobre a problemática do fenômeno das
chuvas ácidas, a análise da paisagem pode revelar significativos indícios sobre a ocorrência
desse fenômeno, que pode ser expresso visualmente nas paisagens naturais e sobre as
paisagens construídas.
2.1 - A Paisagem e as Chuvas Ácidas
A relação existente entre a paisagem e as chuvas ácidas, aqui abordadas, se faz na
medida em que é através da paisagem que o fenômeno das chuvas ácidas se torna visível. O
homem ao longo dos tempos vem modificando gradativamente a paisagem de acordo com os
seus interesses. Dessa forma, a leitura da paisagem se reverte em uma valiosa ferramenta que
pode revelar as diversas transformações do homem sobre o espaço geográfico em
determinados momentos históricos.
Da paisagem se pode fazer uma leitura espacial de como o homem vem
transformando os elementos da paisagem natural como também a introdução de novos objetos
espaciais. Segundo passagem no livro “A natureza do espaço”, do geógrafo Milton Santos
(2006), o autor faz uma comparação para o entendimento do que vem a ser paisagem, no
intuito de deixar evidente a distinção entre o conceito de espaço e o da paisagem, segue a
frase:
Durante a guerra fria, os laboratórios do Pentágono chegaram a cogitar da
produção de um engenho, a bomba de nêutrons, capaz de aniquilar a vida
humana em uma dada área, mas preservando todas as construções. O
Presidente Kennedy afinal renunciou a levar a cabo esse projeto. Senão, o
que na véspera seria ainda o espaço, após a temida explosão seria apenas
paisagem. Não temos melhor imagem para mostrar a diferença entre esses
dois conceitos (SANTOS, 2006, p.68-69).
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Portanto, pode-se concluir que a paisagem traz em sua essência o elemento humano
como agente transformador e como o elo que permite que tal conceito se torne concreto, uma
vez que a paisagem é o “resultado material acumulado das ações humanas através do tempo”
(...) (SANTOS, 2006, p.69).
Como produto das ações do homem impregnado no espaço, a paisagem também
sofre as marcas da interferência do homem em seu processo de desenvolvimento, com relação
às diversas formas de poluição, causada pelo mesmo. Sendo que, a poluição a qual o estudo
irá se remeter é provocado pelo crescimento econômico dos países, que por sua vez repercute
na poluição do ar nas cidades, potencializando condições para o surgimento do fenômeno das
chuvas ácidas que ao entrarem em contato com as paisagens provocam danos ao meio
ambiente natural e construído.
É sabido, que as paisagens naturais distribuída sobre a superfície da terra estão direta
ou indiretamente sendo modificadas pela ação do homem sobre o meio ambiente. Ações que
são potencializadas em determinadas partes do planeta, têm suas repercussões muito além de
seu lugar de origem. Como por exemplo, as chuvas ácidas. Que são resultado de uma grande
quantidade de poluentes lançados através da queima de combustíveis fósseis principalmente
advindos das indústrias e dos automóveis, que vão se concentrar na atmosfera e ao reagirem
com os vapores d’água suspensos no ar, precipitam e voltam à superfície na forma de chuva
ácida.
Tal fenômeno não ocorre apenas de maneira localizada, pode ser também observado
em outras partes do planeta, devido ao movimento das massas de ar que se tornam um meio
de transporte para a poluição causadora das chuvas ácidas. Sendo comum o aparecimento de
tal fenômeno onde a poluição do ar não é ainda significante ou em áreas onde não existe
liberação efetiva da poluição atmosférica, como nos pólos.
No entanto, para o estudo das chuvas ácidas é interessante e oportuno conhecer a
dinâmica das correntes de ar para acompanhar os efeitos da poluição do ar, derivada da
emissão de gases provenientes da queima dos combustíveis fosseis e das atividades
industriais, que tendem a se deslocarem para diversas partes do planeta. Então, observa-se,
que diante do atual estágio de desenvolvimento atingido pela sociedade dita pós-industrial, o
ser humano atingiu níveis de desenvolvimento tecnológico expressivos, que se reverteu em
benefícios para a humanidade.
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Mas todos esses benéficos, que por ventura, o homem adquiriu ao longo dos anos,
também têm gerado efeitos negativos sobre o meio ambiente. O desenvolvimento tecnológico
empregado nos meios de transportes, permitiram ao homem uma maior mobilidade sobre o
espaço como também possibilitou a uma maior agilização nas trocas comerciais entre países.
Nas indústrias, esse desenvolvimento permitiu que a capacidade de produção fosse processada
em curto período de tempo.
É nesse contexto de desenvolvimento tecnológico que o fenômeno das chuvas ácidas
se torna mais evidente. Dessa relação do homem como o meio ambiente, vem gerando
contradições e acaloradas discussões a respeito do preço que o homem tem que pagar para
manter esse estágio de desenvolvimento. A ocorrência do fenômeno das chuvas ácidas são
apenas um dos diversos impactos negativos que o homem tem gerado sobre o planeta, e é
sobre esse problema ambiental que o estudo irá se debruçar, utilizando-se para isso, a análise
da paisagem como ferramenta auxiliar no estudo das chuvas ácidas.
O fenômeno climático das chuvas ácidas pode ser apreendido pelo estudo minucioso
das paisagens nas áreas onde há evidencia do referido fenômeno. Varias evidências da
ocorrência das chuvas ácidas foram percebidas pelos pesquisadores através da observação das
paisagens ao redor de algumas cidades industriais. Os cientistas perceberam que alguns
monumentos e fachadas dos prédios apresentavam desgastes que logo foram relacionados
com as chuvas ácidas, uma vez que as conseqüências desse fenômeno sobre as construções
causam a corrosão das superfícies quando ao contato com as chuvas ácidas, devido ao valor
ácido contido nas águas das chuvas poluídas.
A partir da identificação dos efeitos da chuva ácida sobre a paisagem, estudos
científicos foram aprofundados para identificar com maior precisão as conseqüências e o
comportamento das paisagens naturais diante do processo de acidificação, causado pela
poluição atmosférica e potencializado pelas chuvas ácidas. A pesquisa cientifica aprofundada
dos sintomas da chuva ácida sobre o meio ambiente natural, evitará que análises superficiais
prejudiquem ou produzam diagnósticos equivocados sobre as reais evidencias dos efeitos da
chuva ácida.
Sabe-se que nos dias atuais, diversas paisagens espalhadas pelo mundo, sejam elas
naturais ou construídas, estão sendo acometidas pelo fenômeno da chuva ácida. Os efeitos da
chuva ácida na vegetação são perversos, uma vez que causa a morte das árvores. As espécies
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das coníferas2 são exemplos de como os efeitos da chuva ácida se manifesta na vegetação,
pois tal espécie é a que mais sofre os efeitos da acidez trazida pelas chuvas poluídas. Segundo
Baines (2003), as coníferas apresentam os seguintes sintomas quando atingidas pela chuva
ácida: diminuição na folhagem das árvores, manchas amareladas devido ao dióxido de
enxofre em contato com as folhas; maior produção de pinhas, pois uma conífera quando
atingida pela acidez das chuvas, entram em processo de morte, e nessa fase final, a árvore
tende a produzir mais frutos; morte das pontas, pois as partes das coníferas mais expostas
como o topo e as pontas dos ramos, são as mais atingidas perdendo as folhas mais do que as
outras partes da planta.
Por conseguinte, cada paisagem natural reage de maneira distinta ao fenômeno das
chuvas ácidas, os rios e demais corpos d’ água, quando são atingidos por esse fenômeno,
ocorre uma alteração do teor de acidez contido na água, tornando esses corpos d’ água
impróprios para a continuação da vida aquática, bem como a inutiliza para a utilização pelo
homem.
A princípio, como relata Baines (2003), os efeitos da chuva ácida nos rios, lagos e
demais mananciais, para um leigo, pode aparentar que estes não foram afetados pela
contaminação da chuva ácida. Essa constatação superficial se deve ao fato de que, os corpos
d’ água não apresentarem sua aparência alterada quando são contaminados pela chuva ácida,
pois os efeitos da acidez na água não são perceptíveis a um simples olhar de um mero
observador. Neste caso, só uma análise precisa de um pesquisador será capaz de identificar
como os elementos da paisagem natural se comportam quando são contaminados pela
poluição ácida.
Neste sentido, desenvolver estudos para compreender como os efeitos das chuvas
ácidas se manifestam no meio ambiente se torna tão pertinente para o bem estar da população,
uma vez que tais efeitos não são apreendidos pela sociedade em geral, isso as torna
vulneráveis a contaminação pelas chuvas ácidas, no caso delas utilizarem águas poluídas, com
alto grau de acidez e também contendo substâncias contidas na atmosfera que podem causar
problemas de pele, chegando até auxiliar a presença do câncer.
Além dessa problemática, constatada nas paisagens naturais, outros males vem a se
somar aos efeitos negativos da chuva ácida para a paisagem natural, no caso específico da
utilização dos mananciais hídricos para o lazer ou para o consumo humano, no caso da
2
Coníferas – vegetais comuns nas regiões de clima temperado e subártico, que não possuem frutos, mas tem
suas sementes dentro de pinhas. Suas folhas são finas e compridas como agulhas. Abetos e pinheiros são dois
exemplo. (BAINES, 2003, p.43).
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utilização das águas das chuvas para o abastecimento humano, em locais onde ocorre a chuva
ácida, tal pratica se torna inviável.
Os efeitos da poluição do ar, que potencializam a chuva ácida, também são
percebidos e sentidos pelo homem. A poluição atmosférica, na forma da precipitação seca, ou
seja, quando os gases que estão em suspensão no ar, emitidos, principalmente, pelos meios de
transportes durante a queima de combustíveis fósseis, provocam vários problemas de ordem
respiratória ao homem, quando os mesmos ficam expostos a inalação de tais gases. Os efeitos
da chuva ácida também têm sua relação com as paisagens construídas, onde a ação das
mesmas se manifesta diretamente na corrosão das superfícies expostas a acidificação das
águas da chuva, destruindo-as e que gradativamente irá danificá-las, levando aos
administradores públicos, a realização de ações constantes para a recuperação dos
monumentos e fachadas de prédios públicos.
Segundo Baines (2003) a precipitação ácida pode causar danos nos edifícios e
estruturas expostas ao ar, com destaque para os edifícios históricos e monumentos,
especialmente os construídos ou revestidos com calcários e mármores. Esse aumento da
corrosividade resulta da reação do ácido sulfúrico contido na precipitação com os compostos
de cálcio contidos na pedra, formando gesso que é solubilizado ou se desagrega da estrutura:
CaCO3 (s) + H2SO4 (aq) =CaSO4 (aq) + CO2 (g) + H2O
A desagregação que se segue é rápida e comum, basta observar elementos escultóricos
e lápides localizadas nas grandes cidades, onde é comum elementos epigráficos ficarem
ilegíveis em poucas décadas. A precipitação ácida também aumenta o ritmo de oxidação das
estruturas em ferro, causando um rápido crescimento da ferrugem e dos danos por ela
causados (BAINES, 2003).
Na fotografia 01 se têm alguns exemplos de como a chuva ácida afeta os
monumentos espalhados pelas cidades:
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Fonte: Baines, 2003.
Fotografia 01 - Fotos Comparando a Ação da Chuva Ácida em uma Estátua na
Europa
Diante de todas as repercussões ambientais que a chuva ácida provoca, a mesma
pode ser considerada como uma ameaça a vida no planeta. Não mais limitada aos grandes
centros industriais, localizados nos países europeus, onde primeiramente foram identificados
evidências da ocorrência desse fenômeno e onde ele é mais intenso (BAINES, 2003). Mas o
planeta todo se encontra vulnerável aos efeitos da chuva ácida, uma vez que é sabido que os
poluentes causadores da chuva ácida podem ser transportados por longas distancias através
das correntes atmosféricas. Como também o próprio crescimento natural das cidades insere-as
diante de um problema ambiental antes decorrente de áreas com intensa atividade industrial,
uma vez que se descobriu que os meios de transportes também são agentes potencializadores
da chuva ácida.
Sendo assim, o mundo todo compartilha desse fenômeno em escala mundial, pois a
chuva ácida já é uma realidade presente nas concentrações urbanas, devido à descoberta de
que os veículos são um dos principais fatores contribuintes para o aparecimento e a
intensificação da poluição atmosférica. Como os sintomas da chuva ácida na paisagem têm
sido perceptíveis e sentido não apenas pelos estudiosos do assunto, mas por aqueles que,
embora desconheçam sobre o tema, sabem descrever como os principais sintomas do
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fenômeno em questão se processa, tanto diretamente sobre os elementos da paisagem como a
sua manifestação na saúde humana.
O pesquisador brasileiro, Jesus (1996), descreveu a seguir, a ocorrência da chuva
ácida em âmbito mundial, bem como suas repercussões na paisagem, incluindo em sua
exposição, o exemplo do Brasil:
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Países
Problemas Evidenciados na Paisagem
Canadá
Além de danos sobre a vegetação, a água de 300 lagos na região de
Ontaro tem pH inferior a 5.
Estados unidos
Extensos danos sofrem as florestas de Coníferas e nos Montes
Apalaches. Cerca de 10% dos lagos da Região das Montanhas
ADIRONDAK têm pH inferior a 5.
Brasil
As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro registram chuvas com pH
inferior a 5 médio. Cubatão apresenta forte deteriorização em seus
prédios, além da morte de vários seres vivos como plantas e animais.
Suíça
Na região dos Alpes Centrais, cerca de 50% das Coníferas estão
mortas ou danificadas.
Reino unido
A chuva ácida causou estragos em 67% das florestas.
Noruega
Na região Sul daquele país, cerca de 80% dos lagos estão
biologicamente mortos ou extremamente ameaçados.
Grécia
A poluição ácida em Atenas ameaça o Partenon e outros edifícios
históricos.
Suécia
Estão acidificados 20 mil lagos, onde cerca de 4 mil deles não têm
mais peixes.
Alemanha
As chuvas ácidas causaram estragos em mais da metade de suas
florestas.
Polônia
A chuva ácida provocou um grande efeito corrosivo sobre as
dormentes de suas ferrovias
República Sul
Africana
A chuva ácida provocou danos nos edifícios e monumentos históricos.
Índia
A poluição industrial danifica edifícios em Bombaim e o Palácio de
Taj Mahal um dos mais importantes monumentos hindus.
China
Próximo a Chongging, a chuva ácida causou danos às plantações de
arroz, em Guiyang as chuvas têm pH médio inferior a 4.
Japão
Em Tóquio, certos problemas de saúde são atribuídos ao ar
extremamente poluído.
Fonte: The Global Ecology Handbook (1990) apud Jesus (1996, p.149).
Quadro 1- Ocorrência das Chuvas Ácidas no Plano Mundial
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De acordo com a leitura do quadro 1, pode-se constatar que a ocorrência das chuvas
ácidas não se constitui como um fenômeno isolado, característico apenas de um continente,
região, país ou cidade. Em varias partes do mundo, e, inclusive, no Brasil, e em algumas
cidades brasileiras, já foram diagnosticado a aparição das chuvas acidas, notadamente na
cidade de Cubatão (SP), tida como o principal exemplo de cidade brasileira com níveis
elevados de poluição do ar. Outras cidades como: São Paulo e Rio de Janeiro também
enfrentam a ocorrência da chuva ácida (JESUS, 1996). Localidades que, por apresentarem
grande dinamicidade em seus parques industriais e pela grande frota de veículos, obtiveram
conseqüências significativas que se reverteram em impactos negativos ao meio ambiente,
notadamente como o agravamento da poluição do ar e a conseqüente aparição da chuva ácida.
Mas como fora dito anteriormente, a aparição da chuva ácida se faz presente por razão
de diversas fontes geradoras, entre elas têm-se, segundo Lago e Pádua (1984, p.79), “a
combustão em motores de carros, aviões e outros tipos de transportes; a combustão de
equipamentos estacionários e outros tipos de processos industriais e a queima de lixo solido”.
De acordo com os fatores citados, que potencializam a ocorrência da chuva ácida,
pode-se entender porque não são apenas as cidades com intensa atividade industrial sofrem da
aparição e dos problemas da poluição do ar. Fato esse que justifica porque a cidade de Natal
/RN, que é considerada uma cidade de médio porte, com pouca atividade industrial e voltada
para atividades do setor terciário, apresentar indícios da chuva ácida. Ou seja, a poluição do ar
em Natal tem como principal fonte geradora, a combustão advinda dos veículos que circulam
pelas principais avenidas da cidade. Tal poluição tem deixado marcas nas paisagens naturais,
bem como nas construções e monumentos espalhados por várias partes da cidade.
Com o aprimoramento de pesquisas cientificas na área da climatologia em várias
partes do mundo e do Brasil, a fim de monitorar o fenômeno das chuvas acidas, foi possível
conhecer melhor esse fenômeno com relação às suas causas e efeitos ao meio ambiente.
Devido à difusão dos estudos sobre o clima urbano, a problemática da poluição do ar nas
cidades deve ser considerada uma prioridade nas políticas de gestão pública, uma vez que a
ocorrência chuva ácida e dos problemas dela advindos à saúde humana, em algumas cidades é
devido à poluição do ar causada pela concentração da frota de veículos. Portanto, a
problemática da poluição do ar deve ser encarada como um problema socioambiental de
ordem pública, uma vez que sabido as causas e conseqüências da chuva ácida, os governantes
locais podem intervir em ações preventivas para que o problema não tome proporções difíceis
de serem resolvidos ou do Poder Público atuar com medidas mitigadoras.
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C
APÍTULO III - UM ENFOQUE SOBRE O TEMA DA QUALIDADE
DA ÁGUA E SOBRE AS CHUVAS ÁCIDAS
Nesta etapa do estudo, pretende-se desbruçar sobre o tema da qualidade da água,
mostrando as suas caracteristicas quimico-fisicas que a permitem assumir caracteristicas
próprias. Além do más, será abordado os condicionantes responsáveis pela poluição das
águas, respaldando a atuação do homem nesse processo poluidor, bem como enfocar sobre os
principais agentes causadores da poluição atmosférica através da análise do pH presente na
água, que norteará a pesquisa sobre as chuvas ácidas em Natal, afetando assim a sua
qualidade.
3.1 - Qualidade da Água
A água é um elemento essencial para a existencia da vida no planeta. Ela está
presente na natureza em seus três estados fisicos: sólido, líquido e gasoso, como na
composição dos seres vivos, inclusive do homem que possui cerca de 60% do seu corpo
constituido por água. Além disso, segundo Vaitsman e Vaitsman (2007, p.12), á agua
desempenha funções importantes no organismo humano, a saber:
· Ajuda a manter a temperatura corporal;
· Participa e permite a ocorrência de mais de 50% das reações do organismo;
· No movimento de nutrientes;
· Nos processo da digestão, absorção, circulação e excreção;
· Participa da transmissão da luz nos olhos e de sons nos ouvidos, entre outros.
É por possuir singular importância para o ser humano e demais seres vivos, que a
água é considerada um bem tão precioso mas de caráter finito, ou seja, toda água que existe na
terrra é a mesma desde o resfriamento do planeta, conforme mencionam
Vaitsman e
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Vaitsman (2007, p.17) em que: “A quantidade de águas doces e salgadas no planeta é
praticamente a mesma desde seu resfriamento, estimando-se que seus níveis vêm sendo
mantidos, de forma quase invariável, há cerca de 500 milhões de anos”.
Diante desse dado, faz-se necessário o uso racional desse recurso natural tão
empregado nas diversas atividades humanas, dentre as quais têm-se: abastecimento
doméstico; abastecimento industrial; irrigação; preservação da flora e fauna; recreação e lazer;
geração de energia elétrica; navegação; diluição de despejos (VON SPERLING 1995, APUD
JAQUES, 2005, p.17).
A composição química da água se origina através da união entre duas moléculas de
hidrogênio e uma de oxigênio expresso na fórmula quimica: (H2O). Uma substância que
apresenta propriedade de ser um “solvente universal” (VAITSMAN; VAITSMAN, 2005,
p.11), pela própria capacidade que a água tem em diluir demais elementos químicos e
incorporá-los à sua composição. Com isso, a água:
Incorpora a si varias partículas e materiais que nela são dissolvidos
(inclusive gases), os quais definem a sua qualidade. A quantidade e
qualidade destas partículas e materiais dissolvidos é que determina as
características físicas, químicas e biológicas da água (MELO, 2007, p.7).
Por apresentar essa caracteristica de solvente universal, a água utilizada para o
consumo público, merece atenção especial, com relação ao seu tratamento que deve ser feito
antes dela ser distribuida para a população, a fim de retirar certas impurezas presente na
mesma, para que não venham a prejudicar a saúde de uma população que a utiliza. Para tal,
deve ser mantido um padrão de qualidade da água para a mesma ser consumida pelo ser
humano. De acordo com Agra Filho e Viégas (1995), o Plano Nacional de Gerenciamento
Costeiro - PNGC (1995, p.45), com base nos criterios adotados pela EPA/USA, diz que:
Um critério de qualidade da água é uma estimativa quantitativa ou
qualitativa da concentração de um constituinte ou poluente no ambiente
aquático que, se não for excedida , assegura uma qualidade de água
suficiente para proteger um determinado uso da água.
Melo (2007), expõe dados do ministério da saúde, que mostra a portaria referente a
Norma de Qualidade da Água para Consumo Humano - Capítulo IV do Padrão de
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Potabilidade, cujo Art.14, diz que: “A água potável deve estar em conformidade com o padrão
de substâncias químicas que representam risco para a saúde” (MELO, 2007, p.45). Abaixo,
seguem as tabelas contendo informações químicas dos elementos presentes na água que são
prejudiciais ao ser humano se excedidas os padrões estabelecidos, e a outra, mostra o padrão
aceitável de água potável para o ser humano:
Tabela 2- Padrão de Potabilidade para Substâncias Químicas que
Representam Risco à Saúde
PARÂMETRO
UNIDADE
VMP3
Orgânicas
Antimônio
mg/L
0,005
Arsênio
mg/L
0,01
Bário
mg/L
0,7
Cádmio
mg/L
0,005
Cianeto
mg/L
0,07
Chumbo
mg/L
0,01
Cobre
mg/L
2
Cromo
mg/L
0,05
Fluoreto
mg/L
1,5
Mercúrio
mg/L
0,001
Nitrato (como N)
mg/L
10
Nitrito (como N)
mg/L
1
Selênio
mg/L
0,01
Fonte: MELO (2007, p.45)
3
De acordo com Melo (2007), VMP significa: Valor Maximo Permitido.
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Tabela 3- Padrão de Aceitação para Consumo Humano
PARÂMETRO
UNIDADE
VMP
Alumínio
mg/L
0.2
Amônia (como NH3)
mg/L
1,5
Cloreto
mg/L
250
Cor aparente
uh4/L
15
Dureza
mg/L
500
Etilbenzeno
mg/L
0,2
Ferro
mg/L
0,3
Manganês
mg/L
0,1
Monoclorobenzeno
mg/L
0,12
Odor
Não objetável 5
Gosto
Não objetável
Sódio
mg/L
200
Sólidos dissolvidos totais
mg/L
1.000
Sulfato
mg/L
250
Sulfeto de hidrogênio
mg/L
0,05
sulrfactantes
mg/L
0,5
Tolueno
mg/L
0,17
Turbidez
UT6
5
Zinco
mg/L
5
Xileno
mg/L
0,3
Fonte: Melo (2007, p.45).
§ 1º Recomenda-se que, no sistema de distribuição, o pH da água seja mantido na
faixa de 6,0 a 9,5.
Essa breve discussão a respeito da qualidade da água deve-se ao fato de que o estudo
baseia-se nas análises das amostras das águas das chuvas, tendo como base o pH7 contido nas
4
Unidade Hazen (mg Pt–Co/L).
Critério de Referência, segundo Melo (2007).
6
Unidade de turbidez.
5
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amostras, para a comprovação da ocorrência do fenômeno da chuva ácida na cidade de
Natal/RN. O resultado da pesquisa se reveste de grande importância, pois instigará o poder
público em verificar a qualidade das águas de chuvas utilizadas para o abastecimento
doméstico por comunidades localizadas nas áreas do perimetro das secas, interior do estado.
3.2 - Considerações Acerca das Chuvas Ácidas
O atual momento histórico aponta, sem dúvida, para a importância da reflexão a
respeito das sociedades industriais contemporâneas e seus impactos sobre a saúde e o meio
ambiente nos diversos círculos sociais. Para tanto, convém fazer uma rápida retrospectiva
histórica, com o intuito de focalizar elementos cruciais para entendermos a temática da acidez
de chuvas.
Tomando-se a Revolução Industrial como marco que revolucionou tanto as relações
sociais exercidas entre os homens no desempenho das atividades econômicas e na vida social
quanto às bases técnicas das atividades humanas, avanços científicos e sua aplicação
industrial sob a forma de tecnologia, é possível compreender o processo deflagrado de
crescente transformação da interação entre a humanidade e o planeta, isto é, entre as
atividades humanas e a biosfera.
A partir da Revolução Industrial que se expandiu progressivamente da Inglaterra para o
resto do mundo ocidental e, no século XX, se desdobra “modernamente” no mundo oriental,
podem ser destacados elementos marcantes de transformação profunda na vida dos homens
entre si e com o meio ambiente e, conseqüentemente, das condições objetivas e subjetivas da
saúde humana e da sustentabilidade ambiental.
A primeira vez em que o termo chuva ácida apareceu na literatura climatológica
segundo Cowling (1982), data do século XIX, precisamente, no ano de 1872, na obra
elaborada por Robert Argus Smith intitulada “Air and Rain: the beginnins of a Chemical
Climatology”. O trabalho de Smith obteve grande êxito, uma vez que o autor procurou
estabelecer, pela primeira vez, uma relação entre o pH da chuva e a combustão do carvão em
uma determinada área industrial.
Crowther e Ruston (1911) apud Cowling (1982), relacionaram a acidez com a
combustão de carvão, demonstrando que a chuva ácida inibia o crescimento e a germinação
7
Segundo Melo (2007, p.11), O termo pH (potencial hidrogeniônico) é usado universalmente para indicar a
condição de acidez, neutralidade ou alcalinidade da água, ou seja, é o modo de expressar através de escala
antilogarítmica a concentração de íons de hidrogênio (H+) presente nessa solução
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de plantas, além de afetar a fixação do nitrogênio no solo. Em 1922, o biólogo norueguês
Knut Dahl (apud COWLING, 1982), reconhecia a estreita relação entre a acidez das chuvas e
a morte de plantas e dos peixes em vários lagos da Noruega. As observações realizadas por
Dahl revelaram que a acidez foi responsável pela morte de algas, plânctons e insetos. Sem
essa vida microscópica, as águas adquiriram uma transparência fora do normal. Por outro
lado, como parte da cadeia alimentar. Dahl constatou que as aves sem ter o que comer,
migravam para outras áreas.
Bottinni (1939 apud Cowling (1982), detectou a presença do ácido hidroclorídrico na
água das chuvas, nas áreas próximas ao vulcão Vesúlvio, assinalando ser essa a fonte de
acidez. A questão da acidificação vem-se agravando cada vez mais nas últimas décadas,
constituindo-se em problema de natureza ecológica em varias regiões onde haja grandes
aglomerações urbanas e/ou centros industriais. Segundo as pesquisas realizadas pela
UNESCO (1984), as bacias fluviais e lacustres foram as primeiras a aparecerem como vitimas
das chamadas chuvas ácidas. A razão disso deve-se ao fato de que o subsolo dessas áreas,
formado a partir de gnaisses, como granitos e rochas ricas em quartzo, não se desagrega com
facilidade e praticamente não pode neutralizar o ácido que recebe das águas pluviais,
tornando-os dessa forma mais vulnerável à acidez.
A poluição produzida por países altamente industrializados como a Alemanha, França e
Inglaterra vem sendo transportada pelos ventos para outras regiões como, por exemplo, indo
para a Noruega provocando a morte de florestas, pelos quais as árvores mais altas começam a
ser atingidas pelas partes mais expostas. Concomitantemente, os lagos tornaram-se
acidificados, provocando a toxidez da água e a conseqüente morte dos peixes. No Desenho 01
tem-se o esquema da acidificação das chuvas:
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Fonte: JESUS (1996).
Desenho 01 – Esquema da Acidificação das chuvas
A chuva ácida, no sentido mais amplo, pode ser traduzida como uma devolução da
poluição que o homem cria sobre a superfície terrestre. Em longo prazo, seus efeitos
constituem um importante indicador das condições de degradação do meio ambiente, estando,
portanto, ligada à qualidade do ar sobre as áreas fortemente urbanizadas. Do ponto de vista da
análise química, a chuva ácida corresponde àquela em que o pH se apresenta inferior a 5,65
(GOLDEMBERG; VILLANUEVA, 2003), sendo seu caráter ácido associado à poluição do
ar, no Desenho 02 mostra uma escala de comparação de pH.
As gotas de água das chuvas vêm misturadas com a água oxigenada e ácidos sulfúrico,
nítricos, acéticos e fórmicos além do sulfato e nitrato de amônia. Portanto, esse tipo de
precipitação pluviométrica é resultante da produção e emissão de gases, como, dióxido de
enxofre e óxidos de nitrogênio, que são lançados na baixa atmosfera pelas ações oriundas pelo
homem e sofrem as reações mais variadas em contato com a água. O ácido que cai das nuvens
sobre qualquer região do planeta é responsável pela destruição de metais, dos monumentos
públicos, morte de plantas e também afeta a saúde humana.
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Fonte: VASCONCELOS et al., (2007). Modificado pelo Autor, 2008.
Desenho 02 - Escala de Comparação de pH
No Brasil em particular, esse problema é bastante acentuado sobre as nossas maiores
metrópoles nacionais. Nas duas ultimas décadas, foram desenvolvidas pesquisas voltadas para
a investigação desse problema. Além das nossas maiores metrópoles, outras áreas em nosso
território também registram sintomas dos efeitos emanados das chuvas ácidas, como na região
carbonífera de Santa Catarina, nos arredores dos pólos industriais de Paulínia, em São Paulo,
e na área industrial de Ipatinga, em Minas Gerais, além da região do Pólo Petroquímico de
Camaçari, no estado da Bahia. O Croqui 01 mostra os principais focos de emissão de dióxido
de enxofre e de compostos acidificantes no Brasil.
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Fonte: BRASIL. INPE/CPTEC, 2006.
Croqui 01 - Principais Focos de Emissão de Dióxido de Enxofre e de Compostos
Acidificantes no Brasil
A chuva ácida que ocorre na cidade de São Paulo já apresenta um pH médio de 4,6, o
que significa estar em uma situação semelhante à de Los Angeles, segundo dados analisados
pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), detectados no período 1983/85. Os
dados analisados revelaram que amostras recolhidas, havia uma acidez máxima de 2,7 e a
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mínima em torno de 6,3, sendo que o valor médio de pH para todas as amostras coletadas foi
5,0. Numa situação ideal, as chuvas deveriam apresentar um valor máxima de pH igual a 5,6.
No Brasil, ainda se fala muito pouco sobre esse problema. Existe uma escassez muito
grande de pesquisas direcionadas para essa questão. Contudo, cabe ressaltar que foram de
grande valia as contribuições realizadas por Tavares (1983) que estudou a concentração iônica
e a acidez das águas de chuva no Estado de São Paulo, onde constatou que a maior parte das
amostras coletadas tinham acidez elevadas e que estava influenciando no meio ambiente local.
Brown (1983), com o estudo da acidez das chuvas sobre a floresta da Tijuca, que constatou
que a acidez estava prejudicando o desenvolvimento das plantas.
Nordemann (1984), através do estudo sobre a composição das águas das chuvas em
quatro pontos diferentes da cidade do Salvador, onde constatou que a maioria dos dados
coletados, tinham compostos sulfurosos e nitrosos. Lima (1985), que se deteve em investigar
a correlação existente entre a influência da composição vegetal na concentração de íons e a
acidez das águas da chuva, constatando que a chuva ácida estava influenciando diretamente
no crescimento das plantas.
Lisboa e Sant´Anna (1990) realizaram estudos sobre a qualidade das águas da chuva na
cidade de Tubarão, em Santa Catarina, localizada em uma região carbonífera onde a emissão
de enxofre é a principal causadora das chuvas ácidas, onde constatou que em sua maioria a
chuva estava contaminada por compostos sulfídricos. Marques; Arruda e Evangelista (2005)
avaliaram o índice de acidez da chuva na cidade de Cuiabá/MT, onde constatou que 95,4%
dos dados coletados apresentaram valores do pH menores que 5,6.
Transportados pelos ventos, os poluentes atmosféricos se espalham pela atmosfera e
assim se adicionam aos sistemas sinóticos que ali tem a sua gênese ou só passa pela região
(esquema no Desenho 03), sendo os sistemas sinóticos caracterizados como sistemas de
circulação acompanhados por padrões e tipos característicos de tempo que caracterizam o
tempo de uma determinada região e que tem alcance de até centenas de quilômetros de
distância dos locais onde foram originados.
Esse transporte de poluentes afeta diretamente outras regiões onde não há formas
alguma de poluição atmosférica prejudicando assim a população, principalmente no que se
refere a saúde.
Os males para a saúde do homem ainda continuam sendo estudados pelos médicos que
não chegaram ainda a resultados conclusivos. Contudo, pesquisas realizadas pelo Laboratório
de Poluição Atmosférica Experimental da Universidade de São Paulo, afirmam que as
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partículas ácidas presentes na chuva têm efeito cumulativo sobre o organismo, podendo
acelerar o desenvolvimento de doenças para aquelas pessoas menos saudáveis, assim as
partículas se acumulam no nariz e na garganta, porém, enquanto isso pioram os casos
relacionados à asma, rinite e sinusite alérgica. A referida pesquisa foi mais longe, afirmando
que, quando as partículas de ácido sulfúrico e ácido nítrico solúvel na chuva se infiltram nos
brônquios, reduzem os seus mecanismos de defesa contra as infecções oportunistas, e isso
predispõe ao aparecimento de broncopneumonias. Doenças, como, bronquite, asma e rinite,
entre outras, surgem ou se intensificam pela alta taxa de concentração de dióxido de enxofre
no ar. Em regiões de climas mais frios, como o sul do Brasil, a situação se agrava devido ao
processo das inversões térmicas.
Fonte: BRASIL. INPE/CPTEC, 2006.
Desenho 03 - Esquema do Transporte de Poluentes na
Atmosfera
Quando o ar atmosférico está desprovido de poluentes, o único ácido que influência no
pH das chuvas é o ácido carbônico. Esse ácido, dissolvido na água pura, mantém o pH das
águas pluviais levemente ácidos, com valores pouco abaixo de 5,65. O dióxido de enxofre
(SO2) representa o principal elemento responsável pela acidez das chuvas, um fragmento do
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ácido sulfúrico cujo odor é extremamente desagradável além de perigoso a saúde humana
(TAVARES, 1983).
Os gases químicos lançados na atmosfera podem retornar de três maneiras: em forma de
chuva ácida propriamente dita, neblina (névoa) ou deposição seca (poeira-material particulado).
Mesmo sendo ácida, a chuva ainda pode ser considerada como um mecanismo eficaz de
lavagem, ou seja, de limpeza da atmosfera poluída, principalmente no inverno, quando os índices de
poluição são mais elevados. Porém, cabe ressaltar que a lavagem da atmosfera apenas transfere a
sujeira para os rios e os lagos, acarretando sérios problemas de natureza ambiental.
Segundo Marques, Arruda e Evangelista (2005) o dióxido de enxofre (SO2), junto com os
óxidos de nitrogênio (NO2), tem um papel preponderante na formação da chuva ácida. Esses gases
são transferidos do ar para a chuva, reagem com a água e originam o ácido nítrico (HNO3), o nitroso
(HNO2) e o ácido sulfúrico (H2SO4).
A água da chuva, portanto, contém pequenas quantidades de substâncias dissolvidas e
suspensas e pH igual a 5,6 em média. A concentração dessas substâncias assim, como o pH
pode variar com o tempo e lugar. A água da chuva contém gases que ela dissolve da
atmosfera (O2, CO2, N2, SO2, NH3, N2O, HCL E CO). (MARQUES; ARRUDA;
EVANGELISTA, 2005)
As áreas urbanas representam as maiores propulsoras dos impactos que o homem causa
à natureza. O processo de urbanização possibilitou ao homem produzir novos ambientes nos
quais há interações complexas entre os grupos humanos, as marcas de seu trabalho e a
natureza. Nos diversos ecossistemas existentes no espaço geográfico, há uma interação entre
diferentes elementos climáticos, como, temperaturas, chuvas, ventos, dentre outros. Foi no
espaço urbano, sobretudo, que as ações humanas mudaram drasticamente o funcionamento
desses elementos, rompendo assim o equilíbrio que antes existia.
A seguir, o Desenho 04 mostra um esquema da influência da poluição originada nas
cidades no meio ambiente:
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Fonte: Jesus (1996).
Desenho 04 - Esquema da Influência da Poluição Originada nas Cidades
Interferindo no Meio Ambiente
No que diz respeito ao homem buscou-se mostrar conforme Brena (2002) que a
chuva ácida é prejudicial se comermos vegetais contaminados e alimentarmos de animais, que
tiveram contato com vegetais e beberam água contaminada pela chuva ácida.
Segundo Jesus (2003), a chuva ácida não provoca efeitos diretos e perceptíveis pela
população. Ela passa muitas vezes quase que despercebida, porém, é aí que está o perigo.
Uma das principais preocupações da chuva ácida é em relação aos prejuízos a saúde do
homem. Entretanto não existem resultados conclusivos. Porém, o patologista Saldiva, do
Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Universidade de São Paulo (USP)
afirma que as partículas ácidas presentes na chuva têm efeito cumulativo sobre o corpo
humano, podendo elevar o desenvolvimento de doenças em pessoas menos saudáveis.
De acordo com Jesus (op. cit.) as partículas antes de alcançar os pulmões, se
acumulam no nariz e na garganta, quando isso acontece os casos de asma, rinite e sinusite
alérgica pioram. As partículas de ácido sulfúrico e ácido nítrico solúveis na água da chuva
acumulam nos brônquios, diminuindo as defesas do corpo humano contra infecções, como o
aparecimento de broncopneumonias (inflamação dos brônquios), e se as partículas chegarem
aos pulmões, podem aumentar os riscos de enfisemas. Além disso, devido o acúmulo de
secreção, pode obrigar o coração a trabalhar extra para bombear o sangue através dos
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pulmões, o que poderia acarretar em doenças cardiovasculares. Por último, os olhos também
são afetados pois existe maior probabilidade de apresentar conjuntivite.
Para esclarecer os efeitos da chuva ácida na saúde humana utilizamos a figura a
seguir:
ONDE O ORGANISMO SOFRE
1
Nariz e garganta: Mais casos de
asma e sinusite
2
Olhos: Maior probabilidade de
conjuntivite
3
Brônquios: Predisposição
broncopneumonia
4
Pulmões: Riscos de enfisema
5
Coração:
Mais
cardiovasculares
à
doenças
Fonte: VASCONCELOS et al., (2007).
Desenho 05 - Os Efeitos da Chuva Ácida no Organismo Humano.
Portanto, a figura acima descreve os efeitos negativos da chuva ácida para a saúde
humana, ilustrando a sua repercussão no interior das vias respiratórias, quando inalada pelas
pessoas. Conseqüências prejudiciais a vida de uma população exposta constantemente ao
fenômeno. Um problema que pode ser incluindo como de ordem pública, pelo fato de que
quando uma cidade tem seus níveis elevados de poluentes em suspensão no ar, tem-se um
quadro critico de problemas respiratórios em várias pessoas, se tornando vitimas passiveis de
adquirir problemas de saúde, que por sua vez causará uma procura maior por atendimento
médico-hospitalar.
Como a saúde da população é uma prioridade para os governantes, e como sintomas,
ocasionados pelos efeitos da chuva ácida para a saúde humana, já se encontram difundidos
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por entre a comunidade cientifica e parte da sociedade, o Poder Público tendo o conhecimento
sobre o processo de formação bem como os prejuízos ambienteis causados pela chuva ácida,
ele tem o dever de buscar medidas e ações que possam amenizar ou diminuir essa situação de
grande risco para a população.
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C
APÍTULO
IV- CIRCULAÇÃO DA ATMOSFERA
O capítulo versará sobre como se verifica a circulação atmosférica, mostrando os
movimentos dos sistemas atmosféricos pelo globo, inserindo o Nordeste na análise da
circulação atmosférica e também mostrando suas principais características climatológicas, e
por fim, chegam-se ao estudo na cidade de Natal/RN no contexto dos sistemas sinóticos,
mostrando os principais sistemas atuantes na cidade.
4.1 - Circulação Geral da Atmosfera Terrestre
Os processos atmosféricos e as circulações associadas aos grandes centros de ação
determinam e afetam o estado do tempo sobre os continentes e grandes oceanos do globo. Aos
centros de altas pressões denominados de anticiclones, que estão associadas às condições de
tempo caracterizadas por grande estabilidade com pouca mistura vertical e, portanto fraca
dispersão dos poluentes. Aos centros de baixa pressão de depressões associam-se condições
de instabilidade e de grande turbulência favorecendo a dispersão dos poluentes.
Estas situações à escala sinótica, que influenciam as condições de turbulência e de
estabilidade da atmosfera, têm por vezes durações mais ou menos prolongadas podendo, nas
condições desfavoráveis à dispersão, levar a episódios de poluição aguda.
Segundo Grimm (1999), a circulação do ar na escala global é composta de um
complexo conjunto de sistemas de vento e pressão. Antes de entrarmos na discussão das
características observadas da circulação geral da atmosfera, é conveniente utilizarmos um
modelo idealizado da Terra.
Considerando inicialmente que a Terra está parada (sem rotação), e que a superfície é
toda homogênea. A energia solar, por unidade de área, absorvida na região equatorial é maior
do que a absorvida nas regiões polares. O ar equatorial, em contato com superfície irá então se
aquecer mais nessa região do que nos pólos. O ar equatorial torna-se mais “leve” e, portanto
sobe, enquanto o ar das regiões polares, mas frio e pesado, desce. Por uma questão de
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continuidade de massa, estabelece-se então uma “célula de circulação”: o ar na superfície, que
vem dos pólos, sobe para os altos níveis no equador, retorna aos pólos em altos níveis, e desce
nessas regiões, fechando assim a circulação da célula. Essa circulação deve-se ao gradiente de
pressão entre os pólos e o equador, num mecanismo semelhante ao da brisa.
Permitindo que a Terra adquira um movimento de rotação. Pelo efeito da força de
Coriolis, os ventos em superfície, que sopravam de norte no Hemisfério Norte irão se
transformar agora em ventos de nordeste, enquanto que no Hemisfério Sul, que vinham de sul,
irá se transformar em ventos de sudeste. Circulações no sentido inverso (sudoeste no
Hemisfério Norte e noroeste no Hemisfério Sul) deverão ocorrer nos níveis superiores da
Terra hipotética (Silva; Costa e Sousa, 1999).
Por outro lado, neste ponto, os ventos em superfície têm uma direção oposta à da
rotação da Terra. Pelo efeito da força de fricção, seria de se esperar que esse atrito fosse
“diminuindo” a velocidade de rotação da Terra com o tempo. Mas a velocidade de rotação da
Terra é constante, ou seja, não se observa essa diminuição. Para satisfazer esse fato, houvesse
o anulamento dessa força de atrito, existindo assim ventos de oeste que se anulariam a força
de atrito dos ventos de leste. Os ventos na superfície serão:
·
De nordeste, entre cerca de 30°N e o equador, e de sudeste entre 30°S (os quais
existem e chamam-se “ventos alísios”);
·
De sudoeste entre 30°N e 60°N, e no noroeste entre 30°S e 60°S (os quais existem e
chamam-se “ventos de oeste”);
·
De noroeste entre 60°N e 90°N, e de sudeste entre 60°S e 90°S (os quais existem e
chamam-se “ventos polares”);
Como a convergência e divergência dos ventos na superfície estão ligados à regiões de
baixa e alta pressão, respectivamente, é de se esperar uma faixa de baixa pressão na região
equatorial e em latitudes médias (~60°), e faixas de alta pressão em latitudes subtropicais
(~30°) e polares. A região de convergência dos Alísios na região equatorial é chamada “Zona
de Convergência Intertropical” (ZCIT). As regiões de alta pressão 30°N e 30°S, chamada
“latitude dos cavalos”, possuem ventos calmos. As regiões de baixa pressão 60°N e 60°S são
locais onde ocorre o encontro de massas de ar quente e úmido proveniente das regiões
subtropicais, com o ar frio e seco das regiões polares, o que forma as conhecidas frentes frias
e quentes e ciclones (Silva; Costa e Sousa, 1999).
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Analisando essa atmosfera descrita numa seção vertical, observam-se o aparecimento de
três pares de Células de Circulação, na escala global:
·
Célula de Hadley (entre 0° e 30°);
·
Célula de Ferrel (entre 30° e 60°); e
·
Célula Polar (entre 60° e 90°).
A seguir temos o esquema (Desenho 6) da circulação geral da atmosfera terrestre com
superfície uniforme e em rotação:
Fonte: Viannelo (2000). Modificado por Adriano Alves (2006).
Desenho 6 - Circulação Geral da Atmosfera Terrestre
Segundo Silva; Costa e Sousa (1999), os sistemas meteorológicos globais mais
estudados nos últimos dez anos são o El Niño e La Niña, devido as suas conseqüências no
clima do mundo que estão relacionadas às secas severas e até a enchentes, furacões, neve e
outros.
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A estrutura da maioria dos El Niños comporta-se de forma mais ou menos uniforme,
com uma relação clara no desenvolvimento estacional da temperatura da água e do nível
médio do mar no Pacifico, o que permite estabelecer a descrição do El Niño. Durante o
desenvolvimento de um El Niño, os parâmetros meteorológicos se observam com relação a
climatologia, temperaturas da superfície do mar mais elevado no Pacifico Oriental, desvio de
2°C, de novembro do ano anterior a fevereiro do ano seguinte. A partir da temperatura da
água durante o El Niño, também se observam anomalias no nível do mar se mostra diferenças
claras entre o Pacifico oriental e ocidental.
A relação entre o El Niño/La Niña com os campos meteorológicos se dão através de
uma zona de alta pressão dos subtrópicos, conectados com os ventos alísios, ambos do
Oceano Pacifico. Nesta ocasião surgem intensos afloramentos ligados a temperaturas baixas
na superfície marinha e na costa da América do Sul e regiões equatoriais, bem visíveis na
costa do Peru. Se estas condições são bem marcantes e os ventos alísios predominam forte e
com temperatura da superfície do mar abaixo da média climatológica, se diz que é um anti-El
Niño ou La Niña. Esta condição reforça a circulação de Walker e conduz a pouca precipitação
no Peru, sul e sudeste do Brasil, mais alto índice pluviométrico no Nordeste do Brasil, pois ao
mesmo tempo, há um enfraquecimento na Célula de Hadley, com diminuição na pressão
atmosférica do anticiclone subtropical do Atlântico, consequentemente um enfraquecimento
nos ventos alísios do Atlântico, que favorece ao aumento da temperatura do mar no Atlântico
Sul, criando um dipolo, esfriamento no Atlântico Norte e aquecimento no Atlântico Sul.
Nessas ocasiões, os sistemas sinóticos atuantes no Nordeste do Brasil evoluem e se
deslocam com mais freqüência para a região, com destaque a ZCIT que está dinamicamente
ligada aos anticiclones subtropicais, caracterizando a estação chuvosa da região.
O aquecimento favorece uma maior evaporação e conseqüentemente mais calor para a
atmosfera, que é transmitido a camadas superiores por processos de convecção e radiação,
com ganho de calor nos trópicos e subtrópicos, assim como perda de calor em latitudes altas.
O aquecimento desigual entre as regiões do globo (baixas e altas latitudes), provoca uma
circulação meridional conhecida como Célula de Hadley. Bem como de uma circulação zonal
conhecida como Célula de Walker, (Silva; Costa e Sousa, 1999)
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4.2 - Climatologia do Nordeste do Brasil
O Nordeste do Brasil, localizado entre as latitudes de 2° a 18° Sul e a longitude de
35° a 47° Oeste, em uma área de 1600.000 km2. Dentro desta vasta área, encontramos climas
que vão, desde úmido, com boa precipitação, a clima semi-árido, com baixa precipitação,
concentrada em poucos meses, associados a elevadas temperaturas, com baixa amplitude
térmica, o que contribui para uma paisagem bastante diversificada.
Segundo Silva; Costa e Sousa (1999), a parte litorânea da região, constituída por
amplas planícies, sofre influência de vários sistemas sinóticos, que garante totais anuais de
precipitação superiores a 1200 mm com boa distribuição temporal e espacial. À medida que se
distancia da planície litorânea, sobre os vales e entre o planalto do interior, ocorre à
diminuição da atuação dos sistemas sinóticos e das precipitações, que passam a ocorrer com
baixa pluviosidade, medias anuais de 700 mm, e com ocorrência cíclica de secas que variam
de grau e intensidade.
Ainda citando Silva; Costa e Sousa (1999), a atuação dos sistemas sinóticos no
Nordeste do Brasil é bem diversificada por estarem localizados em uma região que recebe
influências desde a Amazônia até a Europa e de inúmeros fenômenos isolados ou combinados
entre si como a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), Linhas de Instabilidades,
Frontólise de Frentes Frias, Ondas de Leste, mecanismos atmosféricos de grande escala como
o El Niño e a La Niña, além do Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul. Segundo Ayoade
(1998) estes ventos fazem parte de um grande sistema de correntes de ar no globo. Os ventos
alísios vêm do Hemisfério Norte para o equador influenciando o Nordeste brasileiro. Durante
os meses de inverno, por causa destes ventos, faz-se surgir uma brisa marítima que bate na
costa do Rio Grande do Norte fazendo com que a temperatura até caia um pouco. Em Natal
chega-se a registrar 18°C em função desta brisa marítima. Tanto a brisa marítima como os
ventos alísios trazem muita umidade para o continente, mas esta umidade não consegue
ultrapassar o Planalto da Borborema, condicionando a estação chuvosa no litoral e na zona da
mata. O Desenho 07 mostra os principais regimes atuantes no Nordeste.
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Fonte: BRASIL. INPE/CPTEC (2006).
Desenho 07 - Regime Climático do Nordeste
Segundo Nimer (1979) há quatro tipos de clima no nordeste. O “Af” (temperaturas
elevadas sem estação seca), “As” (temperaturas elevadas com chuvas de inverno e outono),
“Aw” (temperaturas elevadas com seca no inverno e chuva no verão) e o “BSh” (temperaturas
elevadas com chuvas escassas no inverno e períodos de estiagem). O tipo climático “Af” é
encontrado no litoral da Bahia e Sergipe; o “As” no litoral de Alagoas, Pernambuco, Paraíba e
Rio Grande do Norte; o “Aw” é encontrado em todos os estados; O “BSh” é o encontrado no
sertão nordestino que compreende o norte da Bahia, e parte do interior dos demais estados
exceto o Maranhão.
Conforme Silva; Costa e Sousa (1999), as temperaturas no nordeste são elevadas em
todos os estados com mínimas de 14°C nas partes mais altas do sul da Bahia, onde se localiza
a cidade de Vitória da Conquista, porém pode-se chegar até 10°C quando as massas de ar
polar que atingem o sul do país chegam até o nordeste. E é quando a massa de ar polar chega
ao nordeste que as chuvas aumentam bastante, pois o encontro do ar frio com o ar quente do
nordeste provoca a chamada chuva frontal. Já as temperaturas máximas chegam a mais de
40°C no interior do Piauí. A média de temperatura varia de 21°C no Morro do Chapéu a 30°C
em Picos no Piauí. A média no índice pluviométrico na região é de 1100mm/ano, sendo no
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sertão média de 350mm/ano e no litoral 1700mm/ano. No Croqui 02 mostra a média anual de
temperatura no Nordeste.
Fonte: BRASIL. INPE/CPTEC (2006).
Croqui 02 - Média Anual de Temperatura no Nordeste
Levando-se em conta o regime de chuvas, encontra-se sobre o Nordeste (NE) uma alta
variedade climática, podendo-se verificar desde o clima semi-árido no interior da Região, com
precipitação acumulada inferior a 500 mm/ano, até o clima chuvoso, observado
principalmente na costa leste da Região, com precipitação acumulada anual superior a 1500
mm (KOUSKY; CHU, 1978). A parte norte da região recebe entre 1000 e 1200 mm/ano
(HASTENRATH; HELLER, 1977).
Diferentes regimes de chuvas são identificados no NE. No norte da Região a estação
chuvosa principal é de março a maio, no sul e sudeste as chuvas ocorrem principalmente
durante o período de dezembro a fevereiro e no leste a estação chuvosa é de maio a julho. A
principal estação chuvosa do NE, incluindo o norte e leste da região, que explica 60% da
chuva anual é de abril a julho e a estação seca, para a maior parte da região, ocorre de
setembro a dezembro (RAO; LIMA; FRANCHITO, 1993). Yamazaki e Rao (1977),
observando imagens de satélite, sugeriram a importância dos distúrbios de leste na
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precipitação do NE. Chan (1990) observou que estes se propagam sobre o Oceano Atlântico,
em direção ao continente, durante o outono e inverno.
O máximo de precipitação no norte do nordeste, que é uma região que tem período
chuvoso de fevereiro a maio, deve-se ao deslocamento anual da ZCIT para latitudes mais ao
sul no Hemisfério Norte, o que afeta o NE do Brasil, principalmente nos meses de abril e
maio (HASTENRATH; HELLER, 1977). O máximo no sul da região está associado à
penetração de frentes frias vindas do sul que alcançam latitudes mais baixas nos meses de
novembro a fevereiro. Já na região costeira, o máximo de maio a julho está ligado à maior
atividade de circulação de brisa que advém de bandas de nebulosidade média para o
continente e à ação das frentes frias remanescentes que se propagam ao longo da costa
(KOUSKY, 1979).
Kousky (1980) notou também que o máximo de chuvas no leste do Nordeste, de
maio a julho, está possivelmente associado à máxima convergência dos alísios com a brisa
terrestre, a qual deve ser mais forte durante as estações de outono e inverno quando o
contraste de temperatura entre a terra e o mar é maior. Cavalcanti (1982) mostrou que as
linhas de instabilidade contribuem para a precipitação na costa norte/nordeste da América do
Sul, tendo maior freqüência nos meses de outono/inverno no Hemisfério Sul e menor na
primavera e verão. As linhas se formam em longitudes sobre o norte do NE brasileiro no
verão e outono e a oeste de Belém no inverno e primavera. Segundo Cavalcanti (1982), a
presença da ZCIT próxima à região, que provoca baixas pressões, favorece o
desenvolvimento de cúmulos nimbos na costa, sugerindo esta forma de associação entre os
sistemas locais e de grande escala.
Outro fator importante que deve ser considerado é a variação sazonal dos ventos na
costa que é relacionada à posição do Anticiclone subtropical do Atlântico Sul. Segundo
Hastenrath e Heller (1977) a alta subtropical começa a se intensificar nas estações frias
alcançando o máximo em julho. O estudo dos ventos sobre o Atlântico Sul feito por Servain e
Lukas (1990) mostrou que os ventos na costa do Nordeste são de leste/nordeste no começo do
ano e de sudeste durante o período de abril a julho, o que coincide com a época chuvosa no
leste da região. Portanto, durante a estação chuvosa de outono/inverno sobre o leste do NE, os
ventos sopram perpendiculares à costa, de sudeste. Estes ventos parecem favorecer a
ocorrência da zona de convergência noturna associada à brisa terrestre.
Outro fator que favorece as chuvas na região é a presença do vórtice ciclônico em altos
níveis, cuja circulação ciclônica fechada possui o centro mais frio que sua periferia. Segundo
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Gan (1982) os vórtices são observados nos meses de setembro a abril, tendo maior freqüência
em janeiro. Eles favorecem as chuvas no norte e nordeste da região e céu claro na parte sul e
central da região durante estes meses.
As variações interanuais de chuvas no leste do NE podem ser atribuídas às anomalias na
posição e intensidade da ZCIT, causadas por anomalias positivas na temperatura da superfície
do mar do Atlântico Sul, conforme o estudo de Moura e Shukla (1981) e Nobre (1994), e pela
ocorrência do El Niño no Pacífico Equatorial.
4.3 - Sistemas Sinóticos Atuantes na Cidade de Natal/RN
Na cidade de Natal foram identificados três sistemas sinóticos e dois sistemas de mesoescala no período do estudo e que houve como obter amostras da acidez, assim entre eles:
· Zona de Convergência Intertropical (ZCIT).
· Ondas de Leste (OL).
· Vórtice Ciclônico de Ar Superior (VCAS).
· Convecção Cumulus (CC).
· Frentes Frias (FF).
Dentre esses sistemas sinóticos e o sistema de meso-escala, convecção cumulus,
atuantes na cidade de Natal, descreveremos as suas principais características a seguir:
·
Zona de Convergência Intertropical (ZCIT)
Vianello (2000) apud Lima (2002) afirma que a ZCIT é uma área de convergência dos
ventos alísios dos Hemisférios Norte e Sul (NE e SE), respectivamente, localizada na região
equatorial e caracterizada por apresentar ascendência do ar, favorecendo a formação de
nuvens do tipo cumuliformes e intensas precipitações convectivas. Na terminologia náutica
esse sistema é conhecido como Zona de Calmaria ou Doudrums, o qual desempenha forte
influência sobre os continentes, em especial o Sul-americano e o Africano, uma vez que as
regiões semi-áridas destes são dependentes da oscilação daquele para que apresente
precipitação normal na estação chuvosa.
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Os autores comentam ainda que como sua oscilação periódica ocorre em função do
verão, a ZCIT atinge uma amplitude de 15° ou mais de latitude com relação ao equador. Sua
média, estando presente no Hemisfério Norte é de 10° N, em setembro; e no Hemisfério Sul,
5° S no mês de março, coincidindo com as latitudes em que ocorrem as temperaturas máximas
sobre os oceanos. Esse sistema de características convectivas e de baixa pressão apresenta
deslocamento nas camadas superiores da atmosfera que irão estacionar nas regiões tropicais
de altas pressões em torno de 30° N e 30° S, assemelhando-se a uma intensa célula designada
Célula de Hadley (VIANELLO, 2000).
Nimer (1979) diz que suas posições extremas se dão do final do verão ao inicio do
inverno, quando é maior a diferença de temperatura entre os Hemisférios Norte e Sul, e que
sua orientação não é sempre a mesma, dependendo da posição dos anticiclones subtropicais.
Na maior parte do ano ela mantém orientação zonal de Leste para Oeste, entretanto, de janeiro
a abril, em virtude do traçado dos continentes, o Anticiclone do Atlântico Sul permanece
muito a leste do núcleo dos Açores, o que força a ZCIT a um movimento de rotação que a
orienta no sentido Nordeste-sudoeste, sendo esta posição responsável pelos totais
pluviométricos do sertão nordestino, exatamente na época de sua estação chuvosa.
Ayoade (1998) comenta que a ZCIT é evidenciada nas imagens de satélites (Imagem de
satélite 01), apresentando-se em faixas de nuvens de forma organizada e harmônica. Diz
também que seu deslocamento é mais intenso sobre o continente e sua variação está associada
à topografia e à distribuição das superfícies terrestres e marítimas.
Souza (1985) concluiu que a ZCIT é o principal, dentre os sistemas atmosféricos
causador das precipitações para o Estado, o qual penetra no espaço norte-riograndense tanto
pelo litoral oriental, quando a ZCIT tem sua atividade desenvolvida no Oceano Atlântico ao
sul da costa oriental, como pelo litoral setentrional. A autora constatou também que o
impedimento da descida e conseqüente penetração da ZCIT na região nordeste acontece
quando o Anticiclone Subtropical do Atlântico está bastante forte. No entanto, este sistema
poderá também causar chuvas no Estado, ao aproximar-se do litoral nordestino, formando um
cavado. Observou ainda que presenças de nebulosidade do tipo cumulonimbus em áreas
localizadas, poderá provocar chuvas, dependendo do seu tempo de permanência e de
condições favoráveis para que isso ocorra. E esses cumulonimbus isolados poderão ter sido
formados localmente ou podem ser originários da ZCIT.
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Fonte: BRASIL. INPE/CPTEC (2006). Modificado por Adriano Alves (2006).
Imagem de Satélite 01 - Atuação da Zona de Convergência Intertropical (indicado
pela seta) na Região Nordeste do Brasil
·
Ondas de Leste (OL)
De acordo com Vianello (2000) apud Lima (2002), as Ondas de Leste são ondas que se
originam no campo da pressão atmosférica, ao longo dos alísios, na faixa tropical do globo,
deslocando-se de Este para Oeste, e que na região da baixa pressão dessa onda, o tempo é
predominantemente chuvoso, associando-se freqüentemente a pancadas de chuvas (Imagem
de satélite 02). Como a região Nordeste, é dominada pela massa tropical marítima e pelo
Anticiclone do Atlântico Sul, que provoca subsidência e a conseqüente inversão dos alísios,
essas ondas se desenvolvem e se deslocam sob tais condições.
Nimer (1979) destaca que as ondas de leste são mais freqüentes no Inverno, onde tal
formação é mais ou menos fixa, persistindo por cerca de dois dias na costa, com ventos de
sudeste, céu encoberto e chuvas continuas, que não ultrapassem a Borborema, ficando o
interior sob a divergência da dorsal de oeste com nebulosidade de 6-8 de estratos-cúmulus.
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Segundo Silva (1991), as Ondas de Leste podem definir o regime de chuvas na região
leste do Nordeste, com chuvas muitas vezes abundantes e precipitação em torno de 50mm,
mas, contrariando Nimer, algumas vezes pode ultrapassar a Borborema, levando chuvas para
o cariri paraibano.
Fonte: BRASIL. INPE/CPTEC (2006). Modificado por Adriano Alves (2006).
Imagem de satélite 02 - Atuação de uma Onda de Leste no Litoral do RN (indicado pela
seta)
·
Vórtice Ciclônico de Ar Superior (VCAS)
Segundo Gan apud Silva (1991, p. 14), os Vórtices ciclônicos da alta troposfera “São
sistemas de baixa pressão em grande escala, formados na alta troposfera e cuja circulação
ciclônica fechada possui o centro frio do que a sua periferia”. São facilmente detectados nas
imagens de satélite no canal vapor d’água e/ou infravermelhas (Imagem de satélite 03). O
autor afirma que esses ciclones originam-se tanto no oceano Atlântico como no oceano
Pacifico, e podem ser de dois tipos: os Vórtices de Pálmen - originados em virtude da pré-
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existência de um cavalo frio no ar superior, o qual foi desligado de sua região de fonte polar,
surgem em qualquer época do ano, especialmente nos meses de Inverno, e os de origem
tropical – formados no oceano Atlântico Sul e resultantes da penetração de sistemas frontais,
os quais provocam intensa advecção de ar quente no seu lado oeste. Desse modo, esta
advecção amplifica a crista em altos níveis, intensificando o cavado que está a leste,
concluindo, portanto a formação do ciclone na alta troposfera. Quanto à circulação deste
sistema Lima (2002) observou que se dá de forma direta, ou seja, “movimento descendente de
ar frio e seco no centro do vórtice e movimento ascendente de ar quente e úmido na sua
periferia”, e que a nebulosidade varia, concentrando-se de oeste a noroeste e tendendo a
clarear o céu no sul e sudeste do vórtice.
O autor discute ainda a influência desse sistema como sendo um dos responsáveis pela
mudança de tempo e precipitação para o Nordeste Brasileiro, comentando que para a região,
os vórtices atuantes são os de origem tropical formados sobre o oceano Atlântico Sul entre a
faixa de 20° W – 45°W e 0 – 28,7°S. São observados entre os meses de setembro e abril,
apresentando-se mais freqüentemente em janeiro.
E essa atividade concentrada no verão é resultado do intenso aquecimento do
continente, o qual leva ao desenvolvimento de um anticiclone (alta da
Bolívia) no nível de 200 hPa sobre o continente na região da Bolívia e de um
cavado sobre o Atlântico Sul, implicando numa relação direta entre a
intensidade do anticiclone no continente e a formação dos vórtices sobre o
oceano (SILVA, 1991, p.17).
Em seguida, tem-se a imagem de satélite que retrata a presença de um
vórtice ciclônico da alta troposfera sobre a região Nordeste:
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Fonte - BRASIL.INPE/CPTEC,2006. Modificado pelo autor.
Imagem de satélite 03 - Presença de um Vórtice Ciclônico da Alta Troposfera
sobre a Região Nordeste (indicado pela seta)
·
Convecção Cúmulos (CC)
A convecção cúmulos não é propriamente um sistema sinótico, mais um sistema local e
de pequena e meso-escala, entretanto como foram feitas análises de precipitação convectiva,
foi necessária uma revisão sobre esse tipo de sistema.
Segundo Grimm (1999) a convecção somente ocorre em líquidos e gases. Consiste na
transferência de calor dentro de um fluído através de movimentos do próprio fluído. O calor
ganho na camada mais baixa da atmosfera através de radiação ou condução é mais
freqüentemente transferido por convecção. A convecção ocorre como conseqüência de
diferenças na densidade do ar. Quando o calor é conduzido da superfície relativamente quente
para o ar sobrejacente, este ar torna-se mais quente que o ar vizinho. Ar quente é menos denso
que o ar frio de modo que o ar frio e denso desce e força o ar mais quente e menos denso a
subir. O ar mais frio é então aquecido pela superfície e o processo é repetido.
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Desta forma, a circulação convectiva do ar transporta calor verticalmente da superfície
da Terra para a troposfera, sendo responsável pela redistribuição de calor das regiões
equatoriais para os pólos. O calor é também transportado horizontalmente na atmosfera, por
movimentos convectivos horizontais, conhecidos por advecção. O termo convecção é
usualmente restrito à transferência vertical de calor na atmosfera.
Segundo Grimm (1999), os cumulus são nuvens densas que se formam em ar instável e
sobretudo na baixa troposfera e que surgem em blocos ou glóbulos isolados ou agrupados.
Quando crescem verticalmente em pilha («cumulus», em latim) até grandes altitudes
assinalam trovoadas e tempestades.
Os cumulus humilis (cumulus de bom tempo) parecem plumas de algodão a flutuar e
têm uma base plana (mais escura) e contornos bem definidos que se vão tornando menos
definidos à medida que envelhecem e ficam mais erodidas. As partes iluminadas pelo Sol têm
uma cor branca brilhante. Formam-se em massas de ar com alguma instabilidade, quando a
humidade é relativamente baixa e a temperatura é relativamente elevada. Surgem muitas
vezes em dias de céu limpo, quando o aquecimento desigual da superfície da Terra faz com
que bolhas de ar flutuantes ascendam por convecção acima do nível de ponto de orvalho,
dando-se a condensação de gotículas. As bases planas das nuvens definem o nível do ponto de
orvalho e os seus topos o limite do ar ascendente. O crescimento vertical é pequeno e
raramente há precipitação. Nas suas fronteiras, arrefecem o ar circundante que se torna assim
mais pesado e desce em forma de chuva.
Segundo Grimm (1999) esse sistema normalmente não dura mais do que de uns 5 a 40
minutos, mas, se o ar se torna mais instável e úmido e a convecção aumenta (por aquecimento
adicional da superfície, por elevação orográfica ou pela chegada de uma frente fria), podem
crescer verticalmente ao longo de um dia (até uns 6000 metros) transformando-se em grandes
nuvens isoladas formando montes, cúpulas ou torres com o topo com o aspecto de uma couveflor. Passam então a ser chamados de cumulus congestus e estão normalmente associados a
cargas de água.
Esse sistema atmosférico atua em Natal como representante do estado atual da
atmosféra local pois a convecção cúmulus não tem um deslocamento muito grande e assim
não sofre influências da poluição de outras regiões.
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Fonte: BRASIL. INPE/CPTEC, 2006. Modificado pelo autor.
Imagem de satélite 04 – Atuação da Convecção Cumúlus no litoral do RN (indicado
pela seta)
·
Frentes Frias (FF)
Conforme Lima (2002), as Frentes são sistemas resultantes do contato de duas massas
de ar heterogêneas (a quente e úmida com a fria e seca) com características das médias
latitudes, onde os ventos de oeste e leste convergem. Sua formação acontece a partir de
um pequeno distúrbio ao longo da zona de contato entre as duas massas, induzindo um
movimento circular de baixa pressão que proporciona o deslocamento da frente em forma
de ondas, e passando por três etapas: origem – frontogênese, desenvolvimento – formação
de nuvens e dissipação – frontólise. São classificadas em Frentes Quentes, Frentes Frias e
Semi-Estacionárias (LIMA, 2002).
Dentre as frentes classificadas ressalta-se as Frentes Frias (imagem de satélite 05), que
segundo a autora, são conseqüentes do predomínio da massa fria sobre a massa quente,
possuindo características atmosféricas especificas como alta nebulosidade (nuvens tipo
cirrus e cirrostratus), precipitações em forma de pancadas, intensificação e variação do
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vento sobre a região aquecida, aumento da pressão atmosférica e queda da temperatura do
ar.
De acordo com Blair (1964) apud Lima (2002), a formação das Frentes Frias decorre
em razão:
Do ar quente ser empurrado e substituído pelo ar frio,
apresentando ângulo maior com a superfície da terra,
permitindo a mesma elevação do ar quente ao longo de uma
distância menor que conseqüentemente será deslocada.
Para o Estado do Rio Grande do Norte essa massa de ar é de suma importância no que
se refere à climatologia da região, uma vez que sua atuação torna-se mais intensa no
inverno, quando há o maior número de invasões dos sistemas pré-frontais oriundos da
região sul brasileira, provocando, às vezes, precipitações e alterando as temperaturas ao
proporcionar declinio nos seus valores (LIMA, 2002), porém a sua atuação na cidade de
Natal é pouco evidente se comparar-mos com a atuação dos outros sistemas sinóticos.
Fonte: BRASIL. INPE/CPTEC, 2006. Modificado pelo autor.
Imagem de satélite 05 - Atuação da Frente Fria no litoral do RN (indicado pela seta)
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C
APÍTULO V - METODOLOGIA
5.1 Procedimentos metodológicos
As etapas necessárias nos procedimentos metodológicos estão sistematizadas no
organograma 01 e descritas a seguir:
Fonte: Autor (2009)
Organograma 01 – Procedimentos metodológicos.
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1- Planejamento: nessa etapa foi necessário elaborar uma metodologia para a coleta da água
de chuva, obtenção das imagens de satélites e como seria a realização das análises dos dados
obtidos.
2- Coleta das águas de chuvas: nessa etapa utilizou-se o seguinte procedimento:
a) Realizou-se a limpeza de todo material utilizado no experimento (localizado na
estação meteorológica na UFRN), como o sensor do pHgâmetro, o pluviômetro Ville
de Paris, a proveta de vidro e os recipientes de vidro para a armazenagem da
substância;
b) Na etapa a seguir foi realizada a calibração e aferição do pHgâmetro;
c) Depois que todos os instrumentos estavam prontos, esperou-se o evento chuvoso, e
pondo assim a coleta da água de chuva através do pluviômetro Ville de Paris, sendo
colhida em uma proveta padronizada e armazenada em recipiente de vidro para sua
posterior análise;
d) Fez-se necessário a montagem do equipamento (pHgâmetro e o Becker), em seguida a
aferição e calibração do pHgâmetro;
e) Na pré-análise foram obtidos os dados de temperatura da substância, condutividade
elétrica e o pH;
f) No final de cada análise, fez-se necessário a limpeza de todo equipamento utilizado no
experimento, conforme recomendam a bibliografia.
3- Análise, interpretação e conclusões: nessa etapa os dados foram arquivados
sequencialmente dentro do programa Excel, em seguida fez-se uso da estatística descritiva,
medidas de tendência central e dispersão, que serviram para, avaliar seu comportamento
temporal, interpretação e conclusões. Em seguida os dados foram separados por sistema
sinótico e realizado em cada um sua estatística descritiva. Nessa etapa foi feito teste de
hipótese (ANOVA) e análise de correlação entre os sistemas sinóticos e o comportamento do
pH.
4- Coleta de dados na paisagem da cidade: nessa etapa foi necessária a investigação da
influência da acidificação das águas de chuvas na paisagem da cidade de Natal, sendo assim,
foram escolhidos três bairros onde há um grande fluxo de veículos (Cidade Alta, Ribeira e
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Capim Macio), sendo coletadas fotografias de danos em estátuas e prédios que tiveram como
“principal causador” a influência da poluição e da qualidade das águas de chuvas na Cidade.
5- Coleta e interpretação das imagens de satélites: foram colhidas as imagens de satélites
(GOES-METEOSAT) do Site do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), nas faixas
do visível, infravermelho e vapor d’água, sendo separados em cada evento chuvoso em que
foram colhidas as amostras de chuvas para análise. Em seguida foram realizadas suas
respectivas análises para saber qual sistema sinótico estava influenciando o evento chuvoso na
cidade de Natal.
6- Montagem e elaboração da dissertação: nessa etapa foram reunidos todos os dados colhidos
em campo, para em seguida receberem um tratamento qualitativo para a coesão dos dados, e
elaboração da parte escrita do trabalho.
5.2 – Coleta de dados
Na observação e coleta da precipitação, foi usado um Pluviômetro Ville de Paris
(Fotografia 02), localizado na Estação Climatológica de Geografia da UFRN. Esse
pluviômetro é o instrumento padrão da estação, sendo constituído por um coletor semelhante
a um funil, capaz de captar a água das chuvas, com área de captação de 400cm², tendo como
coordenadas geográficas a latitude 05°55' S e longitude de 35°12' W, com a altitude de 48,62
metros. As amostras foram coletadas desde o dia 14/12/2005 ao dia 29/12/2007, ou seja,
foram monitoradas as chuvas na estação chuvosa em Natal em dois anos consecutivos, onde
foi definido a partir do critério que aporte todas as influências dos sistemas atuantes na cidade
de Natal. Ao término de cada evento chuvoso, foi realizada a medição do pH da amostra
utilizando um phgâmetro portátil de marca WTW modelo 330i com resolução (indicação em
pH) de ± 0, 003 (Fotografia 03), calibrado anteriormente a cada medição. Fez-se necessário o
uso de coleta de dados de satélite meteorológico (GOES-METEOSAT), imagens nos canais
infravermelho, visível e vapor da água realizando as respectivas análises. Além disso, para a
constatação de efeitos acidificantes na paisagem foram realizadas análises paisagísticas com
registro fotográfico.
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Fonte: Pesquisa de campo, 2008
Fotografia 02 - Pluviômetro Ville de Paris
Fonte: Pesquisa de campo, 2008
Fotografia 03 - Modelo de Phgâmetro 330i
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5.3 – Fundamentação metrológica das chuvas ácidas
Uma forma de medir a acidez de um líquido é avaliando a concentração de íons de
hidrogênio que ali existe (GOLDEMBERG; VILLANUEVA, 2003) em unidades de pH
(potencial hidrogeniônico), onde esta concentração é representada como um logaritmo
negativo (de base 10). Varia de 0 a 14, sendo que, o valor 7 representa um valor neutro, tal
como pH da água pura. Um pH com característica ácida é aquele que possuir valor menor que
7, sendo que, quanto mais próximo de zero for, mais ácida é a substância. A pesquisa seguiu o
método proposto por Goldemberg e Villanueva (2003) que consideram a ocorrência de chuva
ácida quando o pH encontrado é inferior a 5,65, pois esse é o ponto onde começa a interferir
na biota e corpos aquáticos.
5.4 – Fundamentação Geossistêmica
Esse trabalho utilizou-se como método principal o geossistema, pois é uma concepção
de análise integrada da paisagem, por que realiza a identificação, a classificação, e a
espacialização, constituindo assim os passos fundamentais de interpretação sistêmica do
espaço – de acordo com as concepções de geossistemas de G. Bertrand (1972) e Sotchava
(1977); e também os estudos de Tricart (1977) sobre ecodinâmica; juntamente com Monteiro
(2000) que tem como objetivo aperfeiçoar o planejamento do território, tanto governamental
como privado, buscando entender a dinâmica, a integração e a interação dos elementos da
paisagem, com isso buscar analisar a qualidade das chuvas não somente no fator puramente
químico, mais sim buscar os principais elementos que ela influencia como, por exemplo, na
paisagem.
De acordo com os pressupostos teórico-metodológicos de Victor Sotchava (1977), o
geossistema é um Complexo Geográfico, sendo denominado de Geossistema, tendo seu
correspondente atrelado aos sistemas abertos e hierarquicamente organizados.
Geossistema é um sistema natural, complexo e integrado onde há circulação de
energia e matéria e onde ocorre exploração biológica, inclusive aquela praticada pelo homem
(TROPPMAIR, 1995, 2000).
Os Geossistemas subdividem-se em dois tipos: Os relacionados à vida terrestre e
aqueles que dizem respeito aos mares e oceanos. Um geossistema não se subdivide
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ilimitadamente: as unidades espaciais acham-se na dependência da organização geográfica.
(SOTCHAVA, 1977).
Podem-se classificar os geossistemas, em quatro categorias a saber: Geossistema
Natural, Sistema Sócio-cultural, Sistema Sócio-cultural Natural e Sistema Antropoecológico.
(CAVALCANTI; RODRIGUEZ, 1997, p. 21-26).
a) Geossistema Natural: é um sistema espaço-temporal, uma organização espacial
complexa e aberta formada pela interação entre componentes geológicos, do relevo, do clima,
dos solos, das águas superficiais, bem como as subterrâneas, da vegetação e fauna que podem
em diferentes graus ser transformados ou modificados pelas atividades humanas;
b) Geossistema Sócio-cultural: pode ser definido como o suporte de sistemas de
relações, determinado a partir dos elementos do meio-físico e outros procedentes das
sociedades humanas que ordenam o espaço em função da densidade da população, da
organização social e econômica, do nível das técnicas e de todo o percurso histórico que
constitui uma civilização;
c) Geossistema Sócio-cultural Natural: É um sistema complexo composto por todas as
modificações físicas e não físicas, ambientais, elaboradas pelos membros de uma cultura, em
uma área concreta da superfície terrestre;
d) Geossistema Antropoecológico: defini-se como o conjunto de todas as condições e
influências que afetam o comportamento e o desenvolvimento dos seres humanos como
indivíduos e como sociedade. As noções de sistemas e sistema antropológico são biocêntricas
e antropocêntricas respectivamente, significando dizer que análise do entorno (o meio ou o
espaço circundante) se realiza com propósito de entender as características, o estado e o
comportamento do centro do sistema (os seres humanos, as plantas e os animais).
Por fim, podemos concluir que ao estudar os Geossistemas, que são sistemas
dinâmicos, devemos abordar os elementos abióticos, bióticos e noóticos, não somente os
existentes no momento; mas levar em consideração também sua história. Assim ganha
importância fundamental o elemento “tempo”, seja este linear, de evolução normal, ou cíclica,
alterações no decorrer do ano com a fenologia das estações, refletindo-se na dinâmica da
natureza, no agir e no comportamento social e nas atividades econômicas. Sendo assim,
estudar a qualidade das águas de chuvas, passa por esse elemento “tempo”, pois é ele que vai
dizer se existem certos comportamentos e de certos ciclos.
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Acrescentamos um Terceiro Tempo: o Tempo Antrópico ou de Impactos. O Tempo
Antrópico ou de Impactos é o tempo que altera de forma mais rápida e drástica o geossistema
e sua paisagem, pois ocorre em curtíssimo espaço de tempo, ou seja, em poucos anos, meses
ou mesmo em dias ou horas. São queimadas do Brasil Central e da Amazônia, corrosão de
estátuas e construções, inundações, movimentos coletivos do solo, desmatamentos ou
implantação de monoculturas. (TROPPMAIR, 2007).
5.5 – Fundamentação estatística
a) Estatística Descritiva
A estatística descritiva foi utilizada durante todo o processamento e análise dos dados
coletados. Inseridos nesta metodologia, utilizou-se as medidas de tendência central; média e
quartis, bem como as medidas de dispersão; amplitude total, variância, desvio padrão e
coeficiente de variação, conforme FONSECA (2006). Além disso, fez-se uso da estatística
gráfica.
b) Distribuição de Gauss Normalizada
“Denomina-se a distribuição normal ou Gaussiana, uma função que apresenta média
zero e variância 1” (FONSECA et al., 2006). A distribuição foi utilizada na avaliação de erros
na coleta de pH da chuva na cidade de Natal. A distribuição é expressa pela seguinte equação:
x-x
Onde : Z =
s
F (z) =
ò
é
ù
1
ê ( 2 p ) 0 ,5 úe
ë
û
-
( z ²)
2
x = variável aleatória (pH)
z = variável aleatória normalizada
s = desvio padrão da amostra.
c) Monitoramento dos erros nas medições de pH
Presentes em qualquer processo de medição e uma grandeza, os erros caracterizam as
incertezas inevitáveis devidas ao caráter aleatório do fenômeno envolvido, imperfeições
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instrumentais, procedimentos observacionais, condições ambientais, hipóteses e modelos
teóricos.
O valor esperado de uma grandeza representa um conceito hipotético, a partir de uma
gama de medidas, cujo valor médio seria o esperado.
Mesmo sendo hipotético, o valor esperado de uma grandeza pode ser estimado a partir
de um conjunto finito de medidas dessa grandeza. Esse conjunto constitui uma amostra da
totalidade, ou população, dos possíveis valores para essas medidas.
O resultado de um experimento, além da estimativa do valor esperado, deve indicar
também a incerteza associada à estimativa. Assim, o resultado da medição de uma grandeza,
associado a uma unidade esperada da mesma, é composto de duas parcelas: a estimativa para
o valor esperado e o erro associado, ou seja: o resultado da medição de uma grandeza (V) é
igual à estimativa do valor esperado (X) mais (+) ou menos (-) o erro associado (e). Assim:
V=X±e
Conforme os trabalhos de Fisher (1922 apud FONSECA et al., 2006) a melhor
estimativa para o valor esperado de uma grandeza x, a partir de uma amostra (Xi) de medidas
diretas é a média aritmética.
d) Nível de confiança
A estatística recomenda que a melhor estimativa do valor esperado de uma grandeza
x está contida em um intervalo em torno da média, ao qual se pode atribuir uma expectativa
ou nível probabilístico de confiança de que o mesmo contenha o valor esperado
(PINCENTINI, et al, 1998).
Desse modo, considerar que as medidas de uma grandeza x se distribuem
normalmente a caracterizar por s x o erro da média X significa que o nível de confiança (NC)
de que o intervalo (X - s x ; X + s x) contenha o valor esperado para a grandeza é de 68,3%
ou que esse é um intervalo de confiança de 68,3% (Pincentini, et al, 1998).
A tabela 4 mostra alguns dos intervalos de confiança mais freqüentemente utilizados,
associados a uma amostra de medidas de uma grandeza x distribuídas normalmente, e os
correspondentes níveis de confiança.
Assim, alternativamente, pode-se expressar o resultado da medição de uma grandeza
x, como exposto na tabela a seguir:
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Tabela 4 – Intervalos de confiança associados a uma amostra de medidas de uma
grandeza x e os correspondentes níveis de confiança.
Intervalo de confiança
Nível de confiança (%)
(X - s x , X + s x)
68,3
(X – 1,65 s x , X + 1,65 s x)
90
(X – 1,96 s x , X + 1,96 s x)
95
(X - 2 s x , X + 2 s x)
95,5
(X - 3 s x , X + 3 s x)
99,7
Fonte: PINCENTINI, et al, (1998).
A margem de erro da vigente pesquisa foi de 4,5%, ou seja, partindo de uma amostra
(X1, X2, X3, ....., Xn) de N medidas de pH, o nível de confiança de que o intervalo (X - 2 s x ;
X + 2 s x ) contenha o seu valor esperado é de 95,5%.
e) Intervalo de Confiança
“Se m é um estimador justo de um parâmetro populacional desconhecido M, com
variância σ² (m), poderemos construir com um nível de confiança de (1-α) % o intervalo de
confiança para M”. FONSECA et al., (2006ª) mostram que a partir da teoria da normalidade e
da distribuição t de Student, chega-se a seguinte equação:
a
æ
P = çb - t
2
è
s
a
£ b £b+t
2
s xx
s ö
÷
s xx ø
f) Análise de Variância – ANOVA
O método está galgado no comportamento da distribuição de Fisher, também
denominada de teste F, para verificar a hipótese de igualdade entre as médias de grupos de um
determinado experimento, evento ou fenômeno ambiental.
O fundamento lógico da ANOVA consiste em avaliar a média de dois ou mais
grupos de dados pelo comportamento da variância.
Desta forma, a ANOVA é uma regra de decisão para aceitar ou rejeitar uma hipótese
estatística com base em dados amostrais.
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Designa-se por H0 (hipótese nula) a hipótese estatística a ser testada e por H1 a
hipótese alternativa, logo:
Ho => As médias são iguais
H1 => As médias são diferentes
A rejeição de H0 implicará na aceitação de H1. A hipótese alternativa geralmente
representa a suposição que o queremos provar, sendo H0 formulada com o expresso propósito
de ser rejeitada.
·
Procedimentos efetuados no teste de significância
- análise da estatística descritiva do pH;
- enunciação das hipóteses H0 e H1;
- fixação do limite de erro α e identificação da variável pH;
- determinação das áreas, Região Crítica e Região de Aceitação, na distribuição F em
função do nível α;
- avaliação da variável pH pelo teste F;
- a partir dos valores de K-1 e n-K, onde K é a quantidade de sistemas sinóticos
avaliados e n é o número de dados da amostra, encontram-se os valores de F tabelado;
- conclusão pela aceitação ou rejeição de H0 pela comparação do valor obtido no teste
F calculado e o valor de F tabulado.
Os resultados são reunidos em um Quadro a seguir:
Fonte
de
Variação
Entre
Tratamentos
Dentro
das
Amostras
(Residual)
Total
Soma
Quadrados
Qe
de Graus
Liberdade
K-1
Qr=Qt-Qe
n-K
Qt
n-1
de Quadrados
Médios
Se2=Qe/(K-1)
Sr2=(Qt-Qe)/(n-K)
Fonte: PINCENTINI, et al, (1998)
Quadro 2 - Análise da Variância
Teste F
Fc=Se2/Sr2
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C
APÍTULO
VI -
RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1 – Resultados
As amostras foram coletadas entre os dias 14/12/2005 e 29/12/2007, totalizando 87
amostras, onde os valores de pH encontrados variaram de 5,148 (mínimo encontrado em
04/06/2006) a 6,761 (máximo encontrado em 23/04/2005). O valor médio volumétrico do pH
das 87 amostras foi de 5,958, sendo que 35,55% dos dados mostraram um pH abaixo de 5,65.
Os valores médios volumétricos por sistema sinótico de pH variaram de 5,617 (mínimo
médio, registrado com a Zona de Convergência Intertropical ou ZCIT e 6,458 (máximo
médio, registrado com o Vórtice Ciclônico da Ar Superior ou VCAS. Na tabela 5 mostra as
médias por sistema sinótico:
Tabela 5 - Médias por Sistemas Sinóticos
Sistema sinótico
Convecção Cumulus
Precipitação
(mm)
1,5
PH
6,249
Desvio
Padrão
0,178
Coeficiente de
Variação (%)
2,842
Frente Fria
39,3
6,312
0,384
6,077
Ondas de Leste
Vórtice Ciclônico de Ar
Superior
Zona de Convergência
Intertropical
14,5
11,2
5,919
6,458
0,581
0,272
9,820
4.220
35,4
5,617
0,235
4,183
Fonte: Pesquisa de campo, 2009.
Conforme análise crítica dos dados brutos, considerando-os com um comportamento
Gaussiano, tem-se que 95,45% dos dados de pH estão incluídos entre 5,148 e 6,761,
excluindo assim, dados com possibilidade de erros grosseiros, como mostra o gráfico 02.
Analisando os dados em um único grupo, ou seja, sem especificá-los têm-se uma
péssima correlação dando -0,209. Entretanto, quando divididos por sistema sinótico tem-se
uma correlação inversamente proporcional, chegando a -0,746, o que cientificamente
proporciona uma boa correlação. No gráfico 02, temos os dados em um único grupo, onde
verificamos duas situações. O primeiro caso quando os dados não apresentam um
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comportamento único e sim bem diverso, pois ao verificar no decorrer do ano, o índice de pH
varia bastante, mostrando assim uma heterogeneidade dos dados como um todo. No segundo
caso, ao analisar por períodos de tempo e comparando os valores, conseguimos observar seis
ciclos nitidamente, que se repetem nos dois anos que foram analisados, isso mostra que existe
um comportamento muito expressivo e além de demonstrar que o fenômeno se repete
claramente nos dados colhidos, concluindo que esse fenômeno aqui encontrado é de grande
importância para a ciência, pois mostra que a qualidade das águas de chuvas depende dos
fatores ambientais, pois esses se repetem em ciclos (período de influência dos sistemas
sinóticos adicionado a influência da circulação atmosférica global), catalisados pelo fator
humano (poluição atmosférica) .
Fonte: Autor, 2009.
Gráfico 02 – Série temporal do pH de Natal/RN no período de 14/12/2005 a
19/12/2007
O segundo comportamento do gráfico 02 nos permite verificar o porquê da
ciclicidade do pH, levando a analisarmos a atuação dos sistemas sinóticos em Natal/RN, para
tanto, se fez uma análise de significância da média, por técnica de análise de variância,
também conhecida como ANOVA (Tabela 6). Esse método estatístico consiste em avaliar se
as médias dos pH, para cada sistema sinótico independente, estão inseridos em apenas um
grupo de pH (hipótese H0), ou são grupos de pH diferentes entre si, hipótese H1.
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Tabela 6 – Resultados da ANOVA
ANOVA
Fonte de
variação
Entre os
tratamentos
Residual
Total
Soma de
Quadrados
GL
4,6714
6,1370
10,8084
4
45
48
Quadrados
médios
1,1679
0,1364
Teste F
(Fcal)
Ftab
8,5636
2,6
Como Fcal=8,5636 é maior que Ftab=2,60 => rejeita-se a hipótese H0. Isto é, aceitase a hipótese H1 concluindo que há diferença considerável de pH entre os sistemas sinóticos
abordados, comprovando assim que cada sistema sinótico apresenta o seu próprio
comportamento em relação ao pH das águas de chuvas.
A seguir as amostras das análises dos gráficos de acordo com o sistema sinótico
atuante:
Vórtice Ciclônico de Ar Superior – VCAS
Sistema que se forma na alta troposfera tendo pouca interferência dos gases que
constituem a baixa troposfera, por isso o seu pH foi o melhor, chegando em média a um valor
próximo ao neutro (6,458), o desvio padrão mediu 0,272 e o coeficiente de variação 4,220%,
significando que os valores apresentam pouca dispersão, com indicativo que é um sistema
com pH ideal (Gráfico 3).
Fonte: Autor, 2009.
Gráfico 03 - Vórtice Ciclônico do Ar Superior
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Zona de Convergência Intertropical – ZCIT
Como é um sistema com atuação a nível global, está associado a altos valores nos
índices de precipitação, onde 80% dos dados deram o pH abaixo de 5,65 o que já se classifica
como acidez, se comparado aos outros sistemas sinóticos. Desta forma, as chuvas foram as
mais ácidas, com pH médio de 5,617, desvio padrão de 0,235 o que significa pouca variação e
seu coeficiente de variação de 4,183% o que demonstra que a média pode representar a
amostra (Gráfico 4).
Fonte: Autor, 2009.
Gráfico 04 - Zona de Convergência Intertropical
Ondas de Leste – OL
Como é um sistema que tem a sua gênese no Oceano Atlântico, sofre interferência
dos sais marinhos, por isso o seu pH deu o segundo valor mais ácido entre os sistemas
sinóticos, onde 45,45% dos dados deram abaixo do que 5,65 e isso significa acidez excessiva
da chuva, mais na sua média deu um bom índice de pH chegando 5,919, e seu desvio padrão
foi 0,581 com coeficiente de variação de 9,820% (Gráfico 5).
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Fonte: Autor, 2009.
Gráfico 05 - Ondas de Leste
Convecção Cumulus – CC
Consiste em tipos de nuvens que apresenta formação pontual e localizada, recebendo
interferência de gases da baixa troposfera e momentâneos, por isso seu deslocamento é
pequeno, e pode ser um indicador das condições locais do ar atmosférico. Seu pH deu (6,249),
considerado Bom, com desvio padrão de 0,178 e coeficiente de variação de 2,842%, o que
demonstra pouca oscilação em torno da média (Gráfico 6).
Fonte: Autor, 2009.
Gráfico 06 - Convecção Cúmulos
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Frentes Frias – FF
Já a Frente Fria, consiste em uma zona de transição onde uma massa de ar frio (polar,
movendo-se para o equador) está a substituir uma massa de ar mais quente e úmido (tropical,
movendo-se para o pólo), esse sistema sinótico tem pouca influência na cidade de Natal/RN,
sendo coletados três amostras desse sistema. A média do pH desse sistema é de 6,312,
considerado Bom, com desvio padrão de 0,384, e coeficiente de variação de 6,077% (Gráfico
7), entretanto os resultados são preliminares e demonstra a necessidade de mais observações.
Fonte: Autor, 2009.
Gráfico 07 - Frente Fria
Além da análise da qualidade da água de chuvas, procurou-se na paisagem da cidade
de Natal, características que demonstrassem os efeitos dessa qualidade. Sendo esses efeitos
mais presentes na arquitetura, principalmente nas estátuas e prédios da cidade, conforme as
análises fotográficas a seguir:
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Fonte: Pesquisa de campo, 2009.
Bloco de fotos 01 – Estátua Augusto Severo
No Bloco de fotos 01 temos uma estátua construída em homenagem a Augusto
Severo, localizada no Bairro da Ribeira, construída em 1913. O homenageado foi pioneiro da
aviação mundial, inventor do Balão Pax. Nessa estátua foram identificados vários efeitos da
atuação da chuva ácida, dentre eles a corrosão. Na foto A encontramos o perfil da estátua na
integra, mostrando como ele se encontra atualmente, já foto B, mostra que os detalhes dos
relevos do pilar que sustenta a estátua sumiram ou estão muito degradados, e na foto C,
mostra em detalhes que o inscrito em relevo “Augusto Severo” quase que está desaparecendo,
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mostrando assim a inquestionável ação das chuvas ácidas na estátua, pois uma estatua que tem
menos que cem anos se encontra com um nível de alta deterioração.
Fonte: Pesquisa de campo, 2009.
Bloco de fotos 02 - Estátuas Escolares
No Bloco de fotos 02 temos duas estátuas denominadas de “Escolares”, este
monumento constitui duas figuras em Bronze, denominado “Leitura e Escrita”, foi inaugurado
em 1908, encontra-se no pátio da Escola Estadual Winston Churchill, localizado na Avenida
Rio Branco, sendo uma avenida de grande movimento de veículos no centro da cidade. Na
foto A, temos o perfil das estátuas de frente, mostrando como elas se encontram no local. Nas
fotos B e C, temos as duas estátuas separadas, mostrando em cada uma a intensidade da
corrosão das estátuas sob a ação das chuvas e da poluição da avenida. Nas fotos D e E, temos
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os detalhes aproximados da ação das chuvas, modificando até a cor e a textura das estátuas.
No final de 2008, essas estátuas tiveram que ser reformadas, pois estavam em altíssimo estado
de degradação.
Fonte: Pesquisa de campo, 2009.
Bloco de fotos 03 - Estátuas Escolares 2
Nesse Bloco de fotos 3 continuaremos a mostrar as estátuas “Escolares”. Na foto A
mostra a descaracterização da estátua (perda das feições fisionômicas da estátua como, por
exemplo, a descaracterização do rosto e do busto da estátua), estando em estado de altíssima
corrosão. Na foto B, há um indicativo da atuação de chuvas ácidas na estátua, mostrando
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assim, como indicado na seta amarela, o escoamento gerado pelo escoamento das chuvas. Já
na foto C, mostra a diferença entre a ferrugem (causado pela maresia) e a corrosão (causado
pela ação de chuvas ácidas), onde no círculo verde (C-1), indica a presença da ferrugem
mostrando as concreções no metal, já no círculo vermelho (C-2), mostra a ação da chuva
ácida, sendo identificado pela fuligem vermelha no metal. Na foto D mostra, nitidamente, a
corrosão no metal.
Fonte: Pesquisa de campo, 2009.
Bloco de fotos 04 - Prédio da Secretaria Estadual de Saúde
No Bloco de fotos 04 temos um prédio localizado na Avenida Marechal Deodoro da
Fonseca, onde funciona a Secretaria Estadual de Saúde, localizado no bairro da Cidade Alta,
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em uma avenida de grande fluxo automotivo. Na foto A temos a fachada do edifício. Na foto
B temos a identificação pelas setas em vermelho do efeito da corrosão na estrutura do prédio.
As fotos C e D mostram fissuras causadas pela dissolução do calcário contido no concreto,
criando pequenas brechas e danificando, assim, a estrutura do prédio. O prédio em questão
está sob observação pelo corpo de bombeiros, devido aos sérios problemas em suas estruturas.
Fonte: Pesquisa de campo, 2009.
Bloco de fotos 05 - Prédio em Capim Macio
O Bloco de fotos 05 mostra prédios localizados no condomínio torre do mar 2,
localizado a 200 metros da Avenida Engenheiro Roberto Freire, no Bairro de Capim Macio.
Essa avenida é a principal via da Zona Sul da cidade de Natal, concentrando, assim, grande
quantidade do fluxo de veículos. A foto A mostra duas manchas paralelas indicando a ação
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das chuvas na estrutura, chegando a causar rachaduras. Nas fotos B, C e D temos vários sinais
dos efeitos da chuva como a descaracterização dos prédios. A manutenção dos prédios em
evidência, tem que ser realizado com freqüência, pois a poluição gerada pelos automotores na
avenida próxima, gera uma grande quantidade de deposição seca (poluentes atmosféricos e
fuligem) que agregados a chuva causam sérios problemas estéticos e estruturais.
6.2 - Discussões
Conclui-se que vastas quantidades de poluentes estão entrando na atmosfera,
impondo ameaças á saúde humana, degradando o meio ambiente e, possivelmente, alterando o
clima da Terra. Historicamente, o ar tem se renovado através da interação com a vegetação e
oceanos. Hoje, contudo, esse processo está ameaçado pelo aumento do uso de combustíveis
fosseis associado à expansão da produção industrial e o crescente uso de veículos
motorizados, o exemplo é a Cidade de Natal que nos últimos vinte anos aumentou sua frota de
veículos em mais de 1700 %. Esse aumento de veículos causa um aumento substancial na
poluição do ar na Cidade, sendo sentida nos corredores de maior fluxo de veículos pelos
transeuntes dessas áreas, como dito anteriormente nesse estudo.
Estudos sobre a composição química da atmosfera em geral, e em particular sobre
acidez e química das águas de chuva, são muito recentes no Brasil. Desse modo, poucos são
os dados disponíveis sobre esse assunto, e pouco se sabe sobre os impactos causados por
atividades de caráter antropogênico na qualidade da atmosfera das diversas regiões brasileiras.
O estudo das variações qualitativas e temporais da composição química das águas de chuva,
especialmente em regiões marinhas e/ou costeiras, pode incrementar o nosso conhecimento
sobre a interação oceano-atmosfera-continente, sobre transporte de longa distância de gases e
aerossóis, identificando fontes de origens naturais e antropogênicas, bem como fornecer
subsídios para o entendimento do ciclo biogeoquímico e da produtividade marinha.
As análises dos dados desse estudo permitiram diagnosticar a acidez da chuva em
Natal/RN, onde ao utilizar a análise de correlação de Pearson constatou-se uma correlação
inversa, muito significativa, de -0,746 entre os valores de pH e a precipitação por sistemas
sinóticos, bem como a descoberta de que há divergência entre o grau de acidez entre os
sistemas. Um fato interessante é que, a Zona de Convergência Intertropical deu os valores
mais ácidos entre os sistemas sinóticos analisados, com uma média no pH de 5,617. Podemos
inferir que a qualidade das chuvas depende do comportamento global, homem versus
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atmosfera, tendo em vista que a ZCIT apresentou-se preocupante, enquanto que a VCAS e a
CC apresentaram-se com situação despreocupante.
Nos monumentos foram identificados pontos de atuação de chuvas ácidas, mostrando
que, apesar de que a convecção cumulus (CC) apresentar condições de neutralidade, os efeitos
do aumento de veículos na cidade de forma exponencial, é preocupante, pois essa poluição
produzida por essa frota cada vez crescente, geram um acréscimo de elementos nocivos no ar
que respiramos, tornando assim perigoso a exposição humana e agressão à paisagem da
cidade.
Como Natal/RN é uma cidade costeira e tem uma população segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, de 774.230 (Setecentos e Setenta e Quatro Mil e
Duzentos e Trinta habitantes), o que segundo a Lei Federal 8.723/93 no seu artigo 15°, diz que
é imprescindível que haja um monitoramento continuo, pois como a área metropolitana está
crescendo e se industrializando cada vez mais, isso leva o aumento da quantidade de carros e
chaminés das indústrias, levando, por conseguinte, o aumento da quantidade de poluentes
lançados na atmosfera, podendo adicionar a poluição à outros locais, e acarretar aos corpos
d’água uma acidez excessiva a ela e podendo encarecer o tratamento através de sofisticados
métodos de purificação da água, além de outros problemas de ordem ambiental e humano. Por
isso é importante que o governo tenha uma maior preocupação com o tipo de uso e ocupação
do solo e, assim, monitorar os principais focos de poluição local, para que no futuro não tenha
danos mais graves.
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C
ONSIDERAÇÕES FINAIS
As análises dos dados desse estudo permitiram diagnosticar a acidez da chuva em
Natal/RN, tendo em vista que das oitenta e sete amostras analisadas, o valor mínimo foi de pH
5,152, onde 35,55% dos dados deram valores abaixo do que 5,65, o que segundo a proposta
de Goldemberg e Villanueva (2003) caracteriza a chuva ácida, isso é preocupante pois esse
pH pode alterar até a qualidade da água que bebemos. As análises estatísticas (ANOVA), teste
de significância da média entre os sistemas sinóticos, mostraram que há um comportamento
característico para cada sistema sinótico. A Zona de Convergência Intertropical demonstrou
os valores mais ácidos entre os sistemas sinóticos analisados, tendo em sua média um valor de
pH de 5,681, demonstrando um valor no limite da acidez máxima permitida (5,65), com um
desvio padrão de 0,321 e com o coeficiente de variação de 5,654%. A inexistência de dados
históricos da acidez dificulta uma análise mais profunda dos dados levantados, inclusive
devido ao fato de não se analisar todas as substâncias que poderiam estar presentes na água,
tais como o cálcio, a amônia, o magnésio, o potássio e o nitrato, que daria uma análise mais
profunda da qualidade das chuvas em Natal/RN.
Outro fato importante encontrado pelo trabalho foi a ação da acidez da chuva na
paisagem da cidade, diagnosticando que vários pontos da cidade já se encontram com grande
nível de deteriorização em monumentos e prédios, gerando muitos gastos para a conservação
dos mesmos, além de gerar riscos (no caso dos prédios), pois afeta diretamente na resistência
do concreto e conseqüentemente na sua estrutura física.
A pesquisa mostra o grau de importância de um monitoramento contínuo da acidez
da chuva em Natal, somente assim, se tornará possível obter uma evolução temporal do
comportamento do pH em Natal/RN. Assim, se faz necessário um monitoramento da situação
que pode agravar e afetar a saúde humana, bem como a vegetação, e corpos d’água do
entorno.
O comportamento da tendência do pH mostra o quanto é importante frisar que o futuro
do abastecimento de água potável na cidade está em jogo, pois se não encontrarmos outras
alternativas ficaremos submissos as condições geradas pela relação homem-natureza, por isso
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a importância desse trabalho, que mostra o quanto é necessário um monitoramento das águas
de chuvas, para que em cenários advindos e adversos se possa assegurar uma fonte alternativa
de água, sendo não somente para o consumo humano, mais como uma ferramenta de
planejamento urbano.
Se tivermos uma maior compreensão sobre o tema, poderemos futuramente ter um
meio ambiente mais saudável para as futuras gerações do nosso planeta.
Sugestões
A falta de um monitoramento sistemático da qualidade das águas de chuvas, nos
níveis global, regional e local, nos remete a elaborar sugestões para que futuramente esse
tema seja aprofundado melhor pelos estudiosos da área e traga uma maior compreensão da
temática:
·
Elaboração de uma rede sistemática de coleta e análise das águas de chuvas a nível
global;
·
Realização de estudos avançados sobre a relação poluição do ar versus circulação
atmosférica global;
·
Promoção de estudos voltados às fontes poluidoras, mostrando assim suas principais
conseqüências ao meio ambiente;
·
Realização de planejamento territorial e programas de controle da poluição do ar.
A fim de controlar o problema da poluição do ar temos que considerar quatro etapas:
produção, emissão, transporte e a recepção dos poluentes. Em cada uma dessas etapas é
possível intervir para reduzir os riscos da poluição através de medidas de controle as quais
podem ter caráter preventivo ou corretivo. As ações preventivas visam evitar que as
concentrações dos poluentes, alcancem valores superiores aos dos padrões de qualidade. Entre
essas medidas, a principal é o disciplinamento do uso e ocupação do solo.
O disciplinamento do uso do solo tem importância fundamental no controle preventivo
da poluição do ar, uma vez que a localização adequada das fontes poluidoras, com base nas
características ambientais, contribui para evitar os efeitos indesejáveis sobre as áreas
receptoras sensíveis.
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ANEXO A
(Dados referentes aos pHs das amostras)
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DADOS BRUTOS DOS pHs DAS AMOSTRAS COLETADAS NA PESQUISA
DATA
PH
14/12/2005
15/12/2005
16/12/2005
31/12/2005
21/02/2006
25/02/2006
26/02/2006
02/03/2006
19/03/2006
20/03/2006
22/03/2006
23/03/2006
25/03/2006
05/04/2006
08/04/2006
15/04/2006
16/04/2006
17/04/2006
20/04/2006
21/04/2006
23/04/2006
05/05/2006
06/05/2006
14/05/2006
24/05/2006
30/05/2006
04/06/2006
11/06/2006
23/06/2006
24/06/2006
29/06/2006
30/06/2006
02/07/2006
05/07/2006
06/07/2006
11/07/2006
25/07/2006
26/07/2006
09/08/2006
10/08/2006
13/08/2006
14/08/2006
17/08/2006
25/08/2006
24/03/2007
6,005
6,373
6,448
5,819
5,731
5,234
6,102
6,315
6,366
5,662
5,624
5,478
5,655
5,693
6,129
5,572
5,612
5,491
6,381
6,719
6,761
5,295
5,488
6,048
5,408
5,431
5,148
5,521
6,184
6,404
6,303
6,552
6,102
6,027
6,315
6,043
6,632
6,562
5,726
5,505
5,761
5,615
5,321
5,618
6,098
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17/04/2007
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21/04/2007
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08/05/2007
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01/06/2007
02/06/2007
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09/08/2007
10/08/2007
16/08/2007
20/08/2007
01/09/2007
05/11/2007
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13/11/2007
14/11/2007
17/11/2007
23/11/2007
13/12/2007
28/12/2007
29/12/2007
5,981
5,727
6,613
6,527
6,214
6,317
5,431
5,152
5,361
6,001
5,644
5,815
5,935
6,674
6,353
5,910
6,102
6,089
5,973
5,805
5,953
6,535
6,318
6,142
6,673
6,743
6,039
5,803
5,967
5,735
5,934
5,825
5,978
5,853
5,739
5,923
6,039
6,162
6,153
5,733
5,633
5,549
115
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