UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES RICARDO CARVALHO DE FIGUEIREDO PERCURSOS DE APRENDIZAGEM DA DOCÊNCIA EM TEATRO A PARTIR DO PRÓPRIO ATO DOCENTE Belo Horizonte 2014 PERCURSOS DE APRENDIZAGEM DA DOCÊNCIA EM TEATRO A PARTIR DO PRÓPRIO ATO DOCENTE Ricardo Carvalho de Figueiredo Tese apresentada ao Programa de PósGraduação em Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Artes. Prof. Orientador: Dr. Maurílio Andrade Rocha Belo Horizonte 2014 Aos meus pais Délio e Marlene. AGRADECIMENTOS Ao orientador dessa pesquisa, professor Maurílio Rocha, pela confiança e aceite na orientação da tese. Ao Bruno Pontes, Charles Valadares, Gabriella Lavinas, Gabrielle Heringer, Helaine Freitas e Jennifer Jacomini que trilharam junto comigo os caminhos da descoberta da docência em teatro com as crianças da UMEI Alaíde Lisboa. Às professoras Mônica Silva (UMEI Alaíde Lisboa), Mônica Peluci (Escola Municipal Aurélio Pires) pela generosidade em compartilhar seus saberes de vida e profissionais junto aos novos professores de teatro. Ao Gustavo Cabral e Joana Ribeiro que contribuíram de forma singular ao ensino de teatro na Educação de Jovens e Adultos. A Rayza Luppi, Júlia Camargos, Ana Luiza Brandão – bolsistas do subprojeto PIBID Teatro FaE/UFMG MEC – CAPES. Aos professores Narciso Telles (UFU), Mariana Muniz (UFMG) e Marina Machado (UFMG) pelas valiosas contribuições no exame de qualificação. À professora Maria Lúcia Pupo pelo aceite na orientação do doutorado sanduíche no país e que, por motivos pessoais, não pude cursar. Aos professores Eugênio Tadeu (UFMG) e Neide Bortolini (UFOP) por aceitarem compor a banca como membros suplentes. À Isabela Paes por apresentar-me a profissão. À Denyse Hamer por proporcionar-me o contato com o grupo da 3ª Idade e à Eliene Faria por despertar meu conhecimento para o campo acadêmico. A essas três mulheres agradeço a oportunidade de trilhar os caminhos descritos nesta tese. Aos amigos de sempre: Adélia Carvalho, Ana Jardim, Ana Rita Ferraz, Clóvis Domingos, Cristiene Carvalho, Neide das Graças, Nina Caetano, Renata Patrícia. Às minhas irmãs Renata e Rosiane pelo carinho e amizade. À Beatriz e Bianca, que adoçam minhas férias e permitem reconectar-me no papel de tio. Ao Fernando Saldanha, pela constante presença e colaboração desmedida. “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender.” (FREIRE, 1996, p.23). RESUMO Essa pesquisa teve a intenção de problematizar o processo de formação inicial de professores de teatro da Universidade Federal de Minas Gerais quando inseridos em projetos de ensino e extensão coordenados pelo pesquisador. Teve-se como hipótese a ideia de que uma habilidade conquistada pelo estudante de licenciatura em teatro se processa no ambiente de sua formação docente – a escola. Para tanto, o pesquisador recorreu ao seu processo autobiográfico para desvelar percursos da sua formação inicial e identificou princípios que influenciaram sua prática docente na atualidade, como formador de professores. Tendo como ponto de partida esse reconhecimento do percurso pessoal na relação com a formação docente foi traçado um estudo mirando os desdobramentos da experiência, sob uma nova perspectiva, do lugar de orientador de estágio supervisionado, coordenador do subprojeto de Teatro do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), coordenador da área de teatro em um projeto de extensão na Educação de Jovens e Adultos (EJA) e propositor de um projeto de extensão com crianças pequenas. O ponto em comum dos projetos é que todos possibilitaram que o estudante de teatro estivesse imerso na escola, aprendendo a ser professor a partir do próprio ato docente. Espera-se com essa tese contribuir para novos modos de conceber o currículo da formação de professores de teatro e o próprio ensino de teatro na educação básica. Palavras-Chave: Pedagogia do Teatro; Formação de Professores de Teatro; Aprendizagem da Docência. ABSTRACT This research was intended to discuss the process of theater teacher’s initial formation of the Universidade Federal de Minas Gerais when inserted in teaching and extension projects coordinated by the researcher. It had as hypothesis the idea that an ability acquired by the student of degree in teaching theater occurs in the environment of teaching formation - the school. Therefore the researcher resorted to his autobiographical process to unveil courses of his initial formation and identified principles that influenced his teaching practice today, as a teacher trainer. Taking as starting point this recognition of personal course in relation to teacher formation was traced a study targeting the unfolding of experience, under a new perspective, as supervisor of teaching internship, coordinator of theater subproject in Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), coordinator of theater area in an extension project on Educação de Jovens e Adultos (EJA) and proponent of a project extension with young children. The common thread is that all of the projects enabled the theater students to be immersed in school, learning to be a teacher from the teaching act itself. It is hoped that this thesis contribute to new ways of conceiving the curriculum of theater teacher’s formation and the theater itself in basic education. Keywords: Pedagogy of Theatre; Theater’s Teacher Formation; Learning of Teaching. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Bandeira do Estado de Minas Gerais .............................................. p. 63 FIGURA 2 – Pequenos triângulos transformando-se em aves ............................. p. 63 FIGURA 3 – Cartaz da Semana de Artes 2012 .................................................... p. 63 FIGURA 4 – Professora-cartaz-ambulante ........................................................... p. 64 FIGURA 5 – Professora-cartaz-ambulante ........................................................... p. 64 FIGURA 6 – Instrumentos confeccionados pelas crianças ................................... p.110 FIGURA 7 – Instrumentos confeccionados pelas crianças ................................... p.110 FIGURA 8 – Instrumentos confeccionados pelas crianças ................................... p.110 FIGURA 9 – Instrumentos confeccionados pelas crianças ................................... p.110 FIGURA 10 – Cena do teatro de sombras ............................................................ p.112 FIGURA 11 – Espaço do Gaiolão ......................................................................... p.114 FIGURA 12 – Criança reconhece seu desenho ..................................................... p.114 FIGURA 13 – Criança brinca com teatro de sombras .......................................... p.114 FIGURA 14 – Criança fazendo o exercício com a foto no rosto .......................... p.119 FIGURA 15 – Ofélia sendo conduzida por uma funcionária da UMEI ................ p.120 FIGURA 16 – Ofélia em interação com as crianças ............................................. p.120 FIGURA 17 – Personagem da morte, em azul, vindo visitar Ofélia .................... p.121 FIGURA 18 – Helaine, Charles e as crianças procuram por pistas pela escola ... p.174 FIGURA 19 – Crianças acompanham o ensaio da cena ....................................... p.191 FIGURA 20 – Crianças acompanham o ensaio da cena ....................................... p.191 FIGURA 21 – Crianças desenham sua linha do tempo no pátio da escola ........... p.196 FIGURA 22 – Crianças desenham sua linha do tempo no pátio da escola ........... p.196 FIGURA 23 – Crianças desenham sua linha do tempo no pátio da escola ........... p.196 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – Quadro de horários das Turmas Concluintes em 2010.................. p. 76 QUADRO 2 – Materiais, instrumentos e personagens.......................................... p.109 LISTA DE SIGLAS AA – Alcoólicos Anônimos CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CBC – Conteúdos Básicos Comuns CDC – Centro de Desenvolvimento da Criança CEFAR – Centro de Formação de Atores CNE – Conselho Nacional de Educação CONFAEB – Congresso Nacional da Federação de Arte-Educadores do Brasil CP – Centro Pedagógico DEEFI – Departamento de Educação Física DVD – Digital Versatile Disc (Disco Digital Versátil) EBA – Escola de Belas Artes EJA – Educação de Jovens e Adultos EMAP – Escola Municipal Aurélio Pires FaE – Faculdade de Educação FETO – Festival Estudantil de Teatro FORPROEX – Fórum de Pró-Reitores de Extensão das Universidades Públicas Brasileiras GPTAC – Grupo de Pesquisa “Pedagogias do Teatro e Ação Cultural” LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação MEC – Ministério da Educação ONG – Organização Não-Governamental PAAE – Programa de Avaliação da Aprendizagem Escolar PCN’s – Parâmetros Curriculares Nacionais PEG – Programa Especial de Graduação PEMJA – Projeto de Educação de Jovens e Adultos Ensino Médio PIBID – Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência PPL – Participação Periférica Legitimada PPP – Projeto Político Pedagógico PROEF 1 – Projeto de Ensino Fundamental de Educação de Jovens e Adultos Primeiro Segmento PROEF 2 – Projeto de Ensino Fundamental de Jovens e Adultos Segundo Segmento PROEX – Pró-Reitoria de Extensão PROGRAD – Pró-Reitoria de Graduação RCNEI – Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil RCPE – Reflexão Crítica da/sobre Prática Educativa TU – Teatro Universitário UDESC – Universidade do Estado de Santa Catarina UFBA – Universidade Federal da Bahia UFC – Universidade Federal do Ceará UFMA – Universidade Federal do Maranhão UFSJ – Universidade Federal de São João del Rei UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais UFOP – Universidade Federal de Ouro Preto UFPel – Universidade Federal de Pelotas UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFU – Universidade Federal de Uberlândia UMEI – Unidade Municipal de Educação Infantil SUMÁRIO Introdução.............................................................................................................. p.14 Capítulo 1 – Tempo de histórias: um educador em construção 1.1.O encontro com o teatro.............................................................................. 1.2.O encontro com a educação........................................................................ 1.3.O encontro com a formação de professores................................................ Capítulo 2 – O Estágio Curricular em Teatro, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) Teatro e a Educação de Jovens e Adultos (EJA): experiências do ensino de teatro na sala de aula 2.1. O Estágio Supervisionado em Teatro na UFMG............................................. 2.2. O Programa Institucional de Bolsa De Iniciação à Docência (PIBID) Teatro na UFMG................................................................................................................ 2.3. O Projeto de Ensino Fundamental de Jovens e Adultos Segundo Segmento – PROEF 2.............................................................................................................. Capítulo 3 – O Projeto de Extensão Universitária: o desembaraçar dos fios 3.1. Os primeiros desdobramentos do projeto......................................................... 3.2. A criação da primeira cena teatral e o processo colaborativo.......................... 3.3. As aulas com as crianças – o processo de desmontagem teatral..................... 3.4. A experiência do espectador............................................................................ 3.5. Avaliação da primeira etapa............................................................................. 3.6. A segunda fase do projeto................................................................................ Capítulo 4 – A aprendizagem da docência em teatro: reflexões sobre a prática 4.1. Saberes docentes em teatro: a construção dos saberes do professor de teatro quando inserido na escola com crianças................................................................. 4.2. A professora enquanto expert ......................................................................... 4.3. Aprendizagem na prática: as primeiras descobertas do exercício docente em teatro para crianças.................................................................................................. 4.4. O aprendiz: modos distintos de participação no contexto da aprendizagem... 4.5. A aula de/sobre\com teatro.............................................................................. 4.6. “Que teatro é esse?” Relações do ensino de teatro com a teoria da forma escolar..................................................................................................................... 4.7. Diálogo com a instituição................................................................................ 4.8. Espectador e a cena.......................................................................................... 4.9. O teatro torna-se parte da escola: cenas de um diálogo entre processo de criação em teatro e a escola..................................................................................... p.29 p.29 p.32 p.38 p.45 p.45 p.57 p.71 p.89 p.96 p.102 p.108 p.111 p.112 p.114 p.127 p.127 p.138 p.145 p.161 p.172 p.180 p.186 p.190 p.194 Considerações Finais............................................................................................. p.200 Referências ............................................................................................................ p.205