PROPAGAÇÃO DE PLANTAS HORTÍCOLAS João Vitor de Oliveira

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PROPAGAÇÃO DE PLANTAS HORTÍCOLAS
João Vitor de Oliveira Camargo (PIBIC EM/CNPq), Duane Katharine Domingos (PIBIC EM/CNPq),
Isabela Kariny Ferreira (PIBIC EM/CNPq), Elisete Aparecida Fernandes Osipi (Orientadora),
e-mail: [email protected]
Universidade Estadual do Norte do Paraná/Campus Luiz Meneghel.
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Ciências Agrárias - Fitotecnia
Palavras-chave: muda, hortaliça, fruteira
Resumo
As plantas hortícolas são aquelas que podem ser cultivadas em hortas, pomares, varandas, jardins e
praças. Alimentos gerados por essas espécies são ricos em vitaminas, sais minerais e fibras. Funcionam
como alimentos reguladores do organismo humano por possuírem propriedades medicinais,
proporcionando o combate e a prevenção de doenças. As plantas hortícolas podem ser cultivadas no
ambiente doméstico e em propriedades comerciais. As mudas podem ser adquiridas de viveiristas, ou
serem produzidas por quem for utilizá-las. Como a horticultura abrange inúmeras espécies, a propagação
das mesmas para produção de mudas requer a utilização de diferentes métodos propagativos. O objetivo
deste trabalho foi ministrar ensinamentos, noções teóricas, práticas e científicas de processos
propagativos de espécies hortícolas, enfocando os métodos de propagação sexuado e assexuado por
estruturas naturais, por mergulhia e por estaquia, para três alunos do ensino médio do Colégio Estadual
Cyríaco Russo, na condição de bolsistas na modalidade PIBIC EM do CNPQ, no período de julho de
2014 a julho de 2015,
Introdução
Propagação é um conjunto de práticas destinadas a perpetuar as espécies de forma controlada, cujo
objetivo é aumentar o número de plantas, garantindo a manutenção das características agronômicas
das cultivares. É realizada através de duas modalidades, ou seja, a propagação sexuada e a
assexuada. Para a propagação sexuada utiliza-se a semente que é o resultado da união dos gametas
masculino e femininos, tendo portanto recombinação genética. A propagação assexuada baseia-se
na capacidade de divisão e diferenciação de células utilizando estruturas vegetativas da planta que
regeneram as partes que estão faltando, resultando em plantas geneticamente iguais. A propagação
assexuada é natural quando são utilizadas estruturas naturais (caules modificados, raízes
modificadas) da planta como veículo de propagação e é artificial quando são utilizadas
determinadas técnicas (estaquia, mergulhia, enxertia e micropropagação) para propagação da
espécie.
Propagação sexuada: Processo onde ocorre a do ovário, após a polinização. As plantas obtidas por
sementes apresentam grandes variações, sendo distintas dos pais e também entre si. Quando as
plantas propagadas são homozigotas e predomina a autofecundação têm-se linhagens praticamente
puras, apresentando características praticamente idênticas aos pais. Porém, estas características
dificilmente são mantidas devido ser muito comum na natureza a polinização cruzada. A semeadura
pode ser feita em recipientes, tais como bandeja de isopor, tubetes, sacolas de polietileno; alfobres
(canteiros de tijolo); caixas de plástico ou em canteiros. Os recipientes devem ser preenchidos com
substratos de boa qualidade. A semeadura é feita colocando a semente no substrato cobrindo-a com
1 a 2 cm do mesmo. Entretanto, existem sementes que podem ser colocadas mais profundamente,
outras que podem ficar ao nível do solo, dependendo do tamanho das mesmas. A germinação dá-se
dentro de 2 a 40 dias, dependendo da espécie. O tempo necessário para a formação da muda varia
dependendo do crescimento da espécie e época de plantio.
Propagação assexuada por estruturas vegetativas naturais: Típicas de plantas perenes herbáceas,
essas estruturas são órgãos de reserva, que podem ou não servirem de alimento, oriundos de partes
modificadas das plantas, para as quais funcionam principalmente como agentes da propagação
vegetativa natural e ocorrem na parte aérea e na subterrânea.
Estruturas naturais de propagação vegetativa da parte aérea:
- Estolhos: morangueiro, gerânio, clorófito
- Rebentos: abacaxizeiro (no caule), bananeira
- Filhote: Abacaxizeiro (no pedúnculo do fruto)
- Caule-bulbo: em plantas epífetas (orquídeas)
- Filocádio: em plantas xerófitas (cactos)
Estruturas naturais de propagação vegetativa da parte subterrânea:
- Bulbo tunicado: cebola, alho, narciso, tulipa, amarílis, jacinto, etc.
- Bulbos sólido ou cormo: gladíolo, açafrão.
- Rizomas: íris, inhame, espada de São Jorge, bambú, helicônea, samambaia de metro, etc.
- Tubérculos: batatinha, caládio, alcachofra de Jerusalém
Propagação assexuada por mergulhia: consiste no enraizamento de um ramo ainda ligado à plantamãe, sendo posteriormente desligado dando origem à uma nova planta. É uma técnica utilizada para
espécies de difícil enraizamento por estaquia, já que a planta mãe estará produzindo e enviando para
o ramo mergulho, as substâncias responsáveis pelo enraizamento que ainda não foram elucidadas
pelo homem. É uma técnica eficiente, mas de maior custo e de baixo rendimento em mudas. Os
diferentes tipos de mergulhia são: simples normal, simples invertida, continua chinesa, continua
serpentina, de cepa e alporquia.
Propagação assexuada por estaquia: consiste em propiciar ou estimular o enraizamento de porções
(estacas) de caules e ramos ou de folhas (espécies de folhas suculentas). É muito utilizada na
produção de mudas, principalmente nas ornamentais e frutíferas, por ser um método de menor
custo, eficiente e de bom rendimento em número de mudas. A estaca pode ser proveniente de um
pedaço de caule (ramo), pedaço de folha ou de folha inteira, A estaquia de caule divide-se em
estaquia lenhosa, estaquia semi-lenhosa e estaquia herbácea de acordo com o tecido que compõe o
ramo do qual é preparado a estaca.
Material e métodos
No período de julho de 2014 a julho de 2015, foram ministradas aulas teóricas e práticas, assim
como, executadas experiências, nas dependências do Campus Luiz Meneghel da UENP (horta,
viveiro de mudas, sala de aula) para três alunos do Ensino Médio do Colégio Estadual Cyríaco
Russo, Bandeirantes – PR, na condição de bolsistas na modalidade PIBIC EM do CNPQ. As aulas e
atividades enfocaram os tipos de propagação utilizados em plantas hortícolas: Propagação sexuada e
Propagação assexuada por estruturas vegetativas naturais, por mergulhia e por estaquia.
1- Propagação Sexuada x Propagação Assexuada
Todos esses aspectos e materiais foram apresentados aos alunos, assim como, sementes de
diferentes espécies e cultivares de plantas hortícolas. Foram semeadas em bandejas de isopor com
substrato comercial, sementes de alface, couve, repolho, salsinha, tomate, maracujá e romã.
Também foram realizadas a propagação assexuada por estaquia de couve (folha), brinco de
princesa, camarão, cróton e pitanga. No decorrer dos 70 dias seguintes foi acompanhado e
comparado o desenvolvimento das diferentes espécies de plantas hortícolas propagadas sexuada e
assexuadamente.
2- Propagação assexuada por estruturas vegetativas naturais: Foram apresentadas aos alunos
diferentes plantas com suas respectivas estruturas naturais: clorófito com estolho, bananeira com
rebento, agave com filhote, orquídea com caule-bulbo, cácto e o filocádio, cebola e alho como
bulbo tunicado, espada de São Jorge com rizoma e a batatinha como tubérculo. Quando necessário,
as estruturas naturais foram destacadas da planta mãe, preparadas e plantadas em caixa com
substrato comercial. O desenvolvimento foi acompanhado no decorrer dos noventa dias seguintes.
3- Propagação assexuada por mergulhia: Em plantas de hibisco, os alunos realizaram os diferentes
tipos de mergulhia (simples normal, simples invertida, continua chinesa, continua serpentina, de
cepa e alporquia.) e acompanharam o enraizamento e desenvolvimenato dos ramos mergulho, no
decorrer de 80 dias.
4. Propagação assexuada por estaquia: Foram preparados duas caixas de plástico e vasinhos com
dois tipos de substrato: areia lavada e substrato comercial+vermiculita, nos quais foram realizadas
estaquias de folha e de ramo. Para as estaquias de folha foram utilizadas folha de kalanchõe, folha
de begônia, folha de espada de São Jorge, todas colocadas sobre areia lavada dentro de caixa de
plástico recoberta com plástico transparente (câmara úmida), assim como, sobre substrato comercial
em outra caixa preparada da mesma maneira. Estaquias de folha de violeta com pecíolo e de duas
espécies de plantas ornamentais suculentas foram feitas em vasinhos com os dois diferentes
substratos (Fig.1). Para as estaquias de ramo preparou-se estacas lenhosas, semi-lenhosas e
herbáceas de pitanga e de hibisco, realizadas nos vasinhos com os dois substratos. No decorrer de
100 dias foi observado o desenvolvimento das estaquias e ao final foi realizado a retirada, lavagem,
separação da parte aérea das raízes e pesagem das mesmas nas estaquias lenhosas de hibisco e de
folha de violeta.
A
B
Figura 1: Estaquias de folha – A: Confecção das estaquias; B: Estaquias prontas
Resultados e Discussão
1- Propagação Sexuada x Propagação Assexuada
Verificou-se que a germinação das sementes e o desenvolvimento inicial das hortaliças (alface,
couve, repolho, salsinha e tomate), foi mais rápido em relação às frutíferas (maracujá e romã), todas
propagadas por semente. A couve, e ornamentais (brinco de princesa, camarão, cróton) propagadas
por estaquia demoraram um pouco mais para enraizar e brotar, sendo que as estacas de pitanga não
enraizaram.
2- Propagação assexuada por estruturas vegetativas naturais:
Acompanhou-se o desenvolvimento obtendo-se a regeneração completa nas diferentes estruturas
naturais plantadas, apresentando-se ao final, sob a forma de uma mudinha.
3- Propagação assexuada por mergulhia:
Noventa dias após a realização das mergulhias, fez-se o desmame (separação) dos ramos-mergulho
enraizados, plantando-os após em vasos previamente preenchidos com substrato comercial.
4- Propagação assexuada por estaquia:
Após 100 dias foi realizada a retirada do substrato, lavagem, separação da parte aérea das raízes e
pesagem das mesmas nas estaquias lenhosas de hibisco e de folha de violeta (Fig. 2 e 3). De modo
geral, verificou-se melhor regeneração das estaquias de folha, no substrato areia lavada, assim
como, para a estaquia lenhosa de hibisco (figura 4). As demais espécies de folhas utilizadas não
enraizaram, assim como, as estacas de pitanga. Somente as estacas lenhosas de hibisco enraizaram.
Figura 2: Estaquias de folha após 100 dias
A
B
Figura 3: A: Estaca, parte aérea e raízes das estaquias de folha de violeta realizada em areia e substrato comercial.
B: Pesagem da parte aérea e das raízes das estaquias de folha de violeta.
Figura 4: Enraizamento e brotação de estacas lenhosas de hibisco em areia e substrato comercial+vermiculita
Conclusões
1- Propagação Sexuada x Propagação Assexuada
- As hortaliças têm um ciclo de vida menor que as fruteiras.
- O número de dias para que ocorra a germinação e emergência da plântula, assim como, a
formação da muda para as hortaliças é menor do que para as fruteiras.
- Nas plantas obtidas de sementes não é garantido a manutenção das características genéticas da
planta-mãe.
- Nas plantas obtidas de propagação assexuada, é garantido a manutenção das características
genéticas da planta-mãe.
2- Propagação assexuada por estruturas vegetativas naturais:
- As estruturas naturais de propagação assexuada são capazes de dar origem a uma nova planta.
- As estruturas naturais de propagação assexuada podem ser usadas para produção de mudas, sendo
inclusive, para algumas plantas como o alho, o abacaxizeiro e a bananeira, a única maneira de
produção de mudas comerciais, já que não produzem sementes.
3- Propagação assexuada por mergulhia:
- A mergulhia é um método de propagação assexuada que garante o enraizamento do ramomergulho.
- A mergulhia tem 100% de eficiência, pois, o ramo não é destacado da planta-mãe e esta produz as
substâncias responsáveis pelo enraizamento, substâncias estas, que o homem ainda não descobriu
quais são.
- A mergulhia deve ser utilizada para a produção de mudas, somente quando a espécie é de difícil
enraizamento, e não enraíza por estaquia, como aconteceu com as estacas de pitanga (do primeiro
item) que não enraizaram.
- Com o enraizamento de ramos bem enfolhados de plantas ornamentais, é possível obter um “vaso”
formado, já pronto para vender, no desmame do ramo.
4. Propagação assexuada por estaquia:
De modo geral, o substrato areia lavada, proporcionou maior enraizamento das estacas.
Agradecimentos
Ao Pibic EM/Uenp, pela oportunidade de participação e à Fundação Araucária pela bolsa concedida
Referência
HARTMANN, H.T.; KESTER, D.E.; DAVIES JR, F.T.; GENEVE, R.L. Plant propagation:
principles and practices. 8.ed. New Jersey: Prentice-Hall, 2010. 928p.
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