Artigo Original Perfil epidemiológico da mortalidade por câncer de laringe em Minas Gerais Epidemiological profile of mortality from cancer of the larynx in Minas Gerais Resumo Introdução: O câncer de laringe é uma das mais importantes neoplasias em todo o mundo. Assim estudos epidemiológicos sobre mortalidade são importantes, pois permitem planejar ações de atenção à saúde. Objetivo: Estudar a evolução das mortes por câncer de laringe no Estado de Minas Gerais no sexênio 20052010 assim como traçar o perfil epidemiológico da mortalidade por câncer de laringe no período estudado. Metodologia: estudo descritivo, de corte transversal. Consideraram-se os óbitos por câncer de laringe em Minas Gerais no período de 2005 a 2010, obtidos do Sistema de Informação sobre Mortalidade. Foram analisados por meio da estatística descritiva e os resultados apresentados em gráficos e tabelas. Resultados: Ocorreram 2.086 óbitos por câncer de laringe em Minas Gerais entre os anos 2005 e 2010, taxa bruta de mortalidade de 2,32 por 100.000 habitantes. Não ocorreram variações significativas nas taxas de mortalidade nesse período. O perfil predominante foi de homens, negros, faixas etárias mais elevadas, casados, menor escolaridade, no hospital e residentes nas regiões Centro sul, oeste e Sudeste. A mortalidade no sexo masculino é significativamente maior que no sexo feminino. Conclusão: Ocorreu estabilidade na mortalidade entre os sexos e homogeneidade entre as macrorregiões. Descritores: Neoplasias Laríngeas; Mortalidade; Neoplasias. INTRODUÇÃO O câncer configura-se como importante problema de saúde pública em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento1. Atualmente o câncer é responsável por aproximadamente 7 milhões de óbitos no mundo2. No ano de 2005, o câncer foi responsável por 13% de todos os óbitos ocorridos mundialmente, sendo 70% deles ocorreram em países de baixa renda. No Brasil, atualmente os óbitos por câncer representam 10,3% do total de mortes, ficando atrás somente das doenças cardiovasculares3. Fabricio de Andrade Galli 1 Vanessa Ribeiro Orlando Galli 2 Selme Silqueira de Matos 3 Vinicius Antunes Freitas 4 Abstract Introduction: cancer of the larynx is one of the most important worldwide neoplasms. Epidemiological studies on mortality are important because they allow you to plan actions of health care. Objective: to Study the evolution of laryngeal cancer deaths in the State of Minas Gerais in 2005-2010 Sexennium so as to trace the epidemiological profile of mortality from cancer of the larynx in the studied period. Methodology: descriptive, crosssectional study. Considered themselves the deaths from cancer of the larynx in Minas Gerais in the period from 2005 to 2010, obtained the information system on mortality. Were analyzed through descriptive statistics and the results presented in charts and tables. Results: there were 2,086 deaths from cancer of the larynx in Minas Gerais between the years 2005 and 2010, crude mortality rate of 2.32 per 100,000 inhabitants. There were no significant variations in mortality rates between 2005 and 2010. Male mortality is significantly higher than in females. The profile was men, blacks, higher age groups, married, less schooling in hospital and residents in the Central South, West and East. Conclusion: stability in mortality Occurred between sexes and homogeneity between the macro-regions. Key words: Laryngeal Neoplasms; Mortality; Neoplasms. As estimativas mundiais de casos novos de câncer apontam que no ano de 2020, pode ocorrer aumento de 50% nos casos desta doença, identificando-se 15 milhões de casos novos, dos quais 60% ocorrerão em países em desenvolvimento 4,1. Neste contexto, o câncer de laringe (CL) destacase como um das mais importantes neoplasias em todo o mundo. Países como França, Uruguai, Espanha, Argentina, Itália, Cuba, Brasil, Colômbia e Grécia apresentam os maiores coeficientes de mortalidade por câncer de laringe no mundo5. No Brasil, o CL representa aproximadamente 25% de todas as neoplasias de 1)Especialista. Médico 2)Especialista em Otorrinolaringologia e Otologia. Médico Otorrinolaingologista. 3)Doutorado em Enfermagem. Chefe Departamento de Enfermagem Básica da Escola de Enfermagem da UFMG. 4)Especialista Otorrinolaringologista e Cirurgião de Cabeça e Pescoço. Médico Otorrinolaringologista e Cirurgião de Cabeça e Pescoço. Instituição: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Belo Horizonte / MG – Brasil. Correspondência: Fabricio de Andrade Galli - Rua Teixeira Soares 580, Ap. 208 - Bairro Santa Tereza - Belo Horizonte / MG – Brasil - CEP: 31015-095 - Telefone: (+55 31) 99347-0009. Artigo recebido em 11/07/2016; aceito para publicação em 23/09/2016; publicado online em 15/10/2016. Conflito de interesse: não há. Fonte de fomento: não há. 48 R�������������������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.45, nº 2, p. 48-52, Abril / Maio / Junho 2016 Perfil epidemiológico da mortalidade por câncer de laringe em Minas Gerais. cabeça e pescoço e 2% de todos os tumores malignos6. Além disso, é um dos principais tumores das vias aéreas superiores7. O CL é mais frequente no sexo masculino, com maior incidência na quinta e sexta décadas de vida. Para os homens, no Brasil a taxa de mortalidade por CL é de 4,6 por 100.000, e entre as mulheres, a taxa de mortalidade é de 0,4 por 100.000, sendo registrado 3.500 óbitos anualmente por esta neoplasia5,7,8. No estado da Paraíba, ocorreu aumento na taxa de mortalidade por CL de 0,42 por 100.000 em 1996 para 1,48 por 100.000 habitantes em 20078. No município de São Paulo foi registrada uma taxa de mortalidade por CL de 7,4/100.000 habitantes9. Já em Minas Gerais, entre os anos de 2001 e 2005 a taxa de mortalidade por CL para homens foi de 3,66/100.000 habitantes e entre as mulheres foi de 0,53/100.000 habitantes, conforme publicação do Atlas de Mortalidade por Câncer de Minas Gerais. Dentre os fatores de risco para CL, destacamse o tabagismo e etilismo como os principais fatores etiológicos6. Sabe-se que o risco de desenvolver esta doença é 14,3 vezes maior nos pacientes tabagistas do que naqueles que não fazem uso de tabaco8. O tabagismo é considerado grande problema de saúde pública, de acordo com a organização mundial de saúde, pois sabe-se o fumo por longa data, aumenta o risco de morte em 20 a 30 vezes10. Estudos epidemiológicos sobre mortalidade por câncer são de grande importância, uma vez que permitem avaliar real situação da sociedade, assim como analisar e implementar estratégias e ações em saúde de forma a causar impacto na redução da mortalidade pela patologia. Desta maneira, este estudo tem como objetivo estudar a evolução da ocorrência de mortes por câncer de laringe no Estado de Minas Gerais no sexênio 2005-2010 assim como traçar o perfil epidemiológico da mortalidade por CL no período estudado. METODOLOGIA Trata-se de estudo descritivo, de corte transversal, no qual considerou óbitos por câncer de laringe no período de 2005 a 2010 em Minas Gerais. Esse Estado está situado na região sudeste do país, apresenta território de 586.520,368 Km2, densidade demográfica de 33,41 habitantes/Km2, população de 19.597.330 habitantes, sendo 9.641.877 homens e 9.955.453 mulheres, possui 853 municípios e é dividido em 13 macrorregiões de saúde, a saber: Centro, Centro Sul, Jequitinhonha, Leste, Leste do Sul, Sul, Oeste, Nordeste, Sudeste, Noroeste, Norte, Triângulo do Sul e Triângulo do Norte. A população do estudo constituiu-se dos óbitos de residentes em Minas Gerais no período de 2005 a 2010, sendo a causa básica do óbito Neoplasia de laringe, classificado por meio da décima revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID 10) Código C32. Galli et al. A coleta de dados ocorreu a partir das informações disponíveis no Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), integrante do Sistema de informação do Ministério da Saúde DATASUS, banco de dados do Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados populacionais foram obtidos por meio do censo de 2000 e de projeções intercensitárias de 2005 a 2010 da população residente em Minas gerais pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para seleção das variáveis estudadas foram consideradas a disponibilidade e a compleitude das mesmas no banco de dados do SIM, tais como: faixa etária, situação conjugal, sexo, escolaridade, local de ocorrência assim como as macrorregiões sanitárias. Os dados foram estratificados de acordo com o sexo e as faixas etárias em intervalos decenais iniciando em 20 a 29 aos até 80 anos ou mais de idade. As taxas de mortalidade bruta foram calculadas de acordo com o gênero, faixa etária, raça/cor e macrorregião de saúde, dividindo-se o número de óbitos pela população do meio do ano multiplicando-se o resultado por 100.000. Para este calculo utilizou-se o programa Excel 7.0. A análise dos dados ocorreu por meio da estatística descritiva, apresentando-se os resultados em tabelas e gráficos que mostram frequência absoluta, números e taxas de mortalidade. Para os cálculos utilizou-se o software Excel versão 2010 e o programa estatístico SPSS. RESULTADOS Ocorreram 2.086 óbitos por CL em Minas Gerais entre os anos 2005 e 2010 e uma taxa bruta de mortalidade de 2,32 por 100.000 habitantes. Entre os homens ocorreram 1.834 óbitos, e entre as mulheres 252 óbitos. O que correspondem a uma taxa de 3,45 óbitos por 100.000 homens e 0,46 óbitos para cada 100.000 mulheres. De acordo com o Gráfico 1, pode-se observar a evolução da mortalidade por câncer de laringe em Minas Gerais ao longo do período do estudo. As taxas de mortalidade apresentadas demonstram que não ocorreram variações significativas entre 2005 e 2010. Os dados permitem verificar que houve uma ascendência no número de mortes do ano 2005 para o ano de 2006 e em seguida uma queda no ano de 2007, seguida de uma rápida ascensão de 2007 para 2009. Pode-se observar ainda no Gráfico 1, que as menores taxas de mortalidade por CL ocorreram nos anos de 2005 e 2007 (1,85/100.000) e a maior taxa de mortalidade em 2009 (2,10 por 100.000 habitantes). O Gráfico 2 representa a análise considerando-se a variável sexo. Demonstra-se assim, que a intensidade das taxas de mortalidade por câncer de laringe no sexo masculino é significativamente maior no do que no sexo feminino, representado respectivamente no ano de 2010, por 3,37/100.000 e 0,46/100.000. Porém, pode-se verificar que não há uma tendência linear na proporção de mortes entre nenhum dos sexos: (p: 0,608); (H: 2,262). Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.45, nº 2, p. 48-52, Abril / Maio / Junho 2016 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 49 Perfil epidemiológico da mortalidade por câncer de laringe em Minas Gerais. Galli et al. Gráfico 1. Taxa de mortalidade (2005 - 2010) para Câncer de Laringe. Minas Gerais, Brasil. - Fonte: Dados da pesquisa. Gráfico 2. Proporção de óbitos (2005 - 2010) para Câncer de Laringe distribuído de acordo com o sexo. Minas Gerais, Brasil. - Fonte: Dados da pesquisa. Gráfico 3. Proporção de óbitos (2005-2010) para Câncer de Laringe distribuído de acordo com a escolaridade. Minas Gerais, Brasil. - Fonte: Dados da pesquisa Gráfico 4. Taxa média de mortalidade (2005 - 2010) para Câncer de Laringe distribuído de acordo com a faixa etária. Minas Gerais, Brasil. - Fonte: Dados da pesquisa A análise do Gráfico 3 evidencia a descrição dos dados referentes à variável escolaridade, no qual pode-se verificar que os registros classificados como ignorados corresponderam a maior proporção dos óbitos por câncer de laringe (41,3%). Ao desconsiderarmos os registros ignorados, observa-se que os grupos sem nenhum grau de escolaridade (10,1%), de 1 a 3 anos de escolaridade (21,5%) e 4 a 7 anos de escolaridade (18,5%) corresponderam as maiores proporções de óbitos por câncer de laringe ao longo dos anos do estudo. Analisando os dados das taxas de mortalidade referentes às faixas etárias, observa-se que a mortalidade por câncer de laringe em Minas Gerais entre os anos 2005 e 2010 foi mais frequente na faixa etária 80 anos ou mais, com taxa média de mortalidade de 17,43/100.000 habitantes ao longo dos anos estudados. Verificou-se aumento nas taxas de mortalidade por câncer de laringe a partir da faixa etária de 40 a 49 anos (Gráfico 4). Dos 2086 óbitos por câncer de laringe ocorridos em Minas Gerais do ano 2005 a 2010, 48,32% ocorreram em indivíduos casados, seguidos dos solteiros com 22,68% e viúvos (14,04%), separados correspondendo a 8,05% e 6,72% dos registros como ignorados. Em relação ao local de ocorrência dos óbitos, 72,34% ocorreram em unidade hospitalar, seguidos de 19,42% em domicílio e 6,1% dos óbitos ocorridos em outro estabelecimento de saúde. Os registros ignorados corresponderam a apenas dois casos, ou seja, 0,09% dos óbitos. Em relação a variável raça/cor, identificou-se maior proporção de câncer de laringe entre os indivíduos negros apresentando taxa média de mortalidade de 2,32/100.000, seguidos pelos indivíduos brancos com taxa média de mortalidade de 1,75/100.000 habitantes e para os indivíduos pardos foram encontrados as menores taxas de mortalidade no período estudado, apresentando taxa média de mortalidade de 1,43/100.000 habitantes. Não foram encontradas variações significativas na mortalidade ao longo dos anos estudados em relação à raça/cor. Ao analisar a mortalidade de acordo com as macrorregiões de saúde de Minas gerais, nota-se uma homogeneidade, com poucas variações nas taxas de mortalidade. Além disso, observou-se que não ocorreram variações significativas nas taxas de mortalidade por CL ao longo dos anos do estudo. As maiores taxas de mortalidade ocorreram nas macrorregiões Centro sul que corresponde aos municípios (Barbacena, São João Del Rei, Congonhas / Conselheiro Lafaiete), oeste (Divinópolis, Pará de Minas, Itaúna, Formiga, Bom Despacho e Campo Belo) e sudeste (Juiz de Fora, Bicas, Muriaé, Santos Dumont, Cataguases, Ubá e Além Paraíba), apresentando taxas médias de mortalidade maior do que 2,0/100.000 habitantes. A menor taxa de mortalidade foi encontrada 50 R�������������������������������������������������� Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.45, nº 2, p. 48-52, Abril / Maio / Junho 2016 Perfil epidemiológico da mortalidade por câncer de laringe em Minas Gerais. Galli et al. Tabela 1. Taxa de mortalidade média por câncer de laringe por 100.000 habitantes, de acordo com as macrorregiões de saúde do Estado de Minas Gerais, Brasil, no período de 2005 a 2010. Verificou-se que no ano de 2000, as maiores prevalências relacionadas ao tabaco no mundo foram encontradas nos homens, mesmo notando-se diminuição entre os gêneros nos países em desenvolvimento (37% entre homens e 21% entre mulheres). Os danos causados Macrorregião de Saúde TM pelo tabaco são inúmeros, destacam-se as doenças 1,8 Centro cardiovasculares, neoplasias e doenças do sistema 2,58 Centro Sul respiratório. O fumo é responsável por 21% de todas as 0,57 Jequitinhonha mortes por câncer no mundo, chegando próximo de 30% 1,6 Leste dos óbitos nos países desenvolvidos e 20% em países 1,76 Leste do Sul em desenvolvimento12. Observou-se na mortalidade por câncer de laringe 1,77 Sul em Minas Gerais que esta apresentou maior frequência 2,07 Oeste no pacientes com baixa escolaridade, o que pode ser 1,04 Nordeste atribuído ao menor grau de conhecimento sobre as 2,58 Sudeste formas de prevenção, como a relação entre tabaco, 1,4 Noroeste alcoolismo e o desenvolvimento do câncer. Além disso, 1,18 Norte sabe-se que o tabagismo é mais prevalente naqueles 1,4 Triângulo do Sul indivíduos que apresentam menor nível educacional8. 1,75 Triângulo do Norte O comportamento das taxas de mortalidade por câncer de laringe, segundos os grupos etários Fonte: Dados da pesquisa. relacionados às faixas do estudo, apontou um aumento significativo dessas taxas a partir do grupo etário 40na macrorregião de Jequitinhonha, correspondendo a 49 anos, atingindo maior taxa de mortalidade naqueles com 80 anos ou mais. É importante ressaltar, que 0,57/100.000 habitantes (Tabela 1). a concentração da maior proporção de óbitos nas faixas etárias mais avançadas é esperada, pois com o DISCUSSÃO processo de transição epidemiológica há aumento na No presente estudo não foram observados diferenças mortalidade por doenças e agravos não transmissíveis, significativas nas taxas de mortalidade por câncer de como por exemplo, o câncer de laringe. Assim, com o laringe nos anos estudados. Em Pernambuco entre os aumento do número de idosos e da expectativa de anos 2000 e 2004, observou-se o mesmo que em Minas vida, as doenças como as neoplasias tornam-se mais Gerais, não ocorrendo aumento significativo nas taxas frequentes13. Lembrando-se também, que a sustentação de mortalidade por CL11. Por outro lado, na Paraíba da mortalidade em faixas etárias mais elevadas, deve-se verificou aumento significativo no padrão de mortalidade ao fato do uso do tabaco nas décadas passadas10. Encontrou-se maior frequência de óbitos por CL por esta neoplasia8. As maiores taxas de mortalidade foram encontradas em indivíduos negros. Entretanto, um estudo feito por no sexo masculino, no entanto não há uma tendência Bezerra e Vilela em 2009 no Estado de Pernambuco linear na proporção de óbitos entre os sexos, o que sobre mortalidade por câncer de laringe no estado de é e evidenciado por estabilidade na evolução da Pernambuco, entre os anos 2000 e 2004, observou-se mortalidade em ambos os sexos nos anos estudados. maior mortalidade nos pacientes pardos11. Com relação à situação conjugal, as maiores taxas de Ocorreu um discreto aumento na proporção de óbitos mortalidade foram identificadas nos pacientes casados. entre as mulheres do ano de 2005 a 2010, o que pode Não foram observadas alterações significativas nas ser explicado devido ao fato que nas últimas décadas proporções ao longo dos anos estudados, sendo que os as mulheres apresentaram maior exposição ao tabaco, casados mantiveram as maiores proporções em todos reflexo das mudanças no estilo de vida e padrão 8 os anos. Tal fato pode ser atribuído, a qualidade de vida comportamental . desses pacientes, como menor uso de tabaco e álcool. A porcentagem entre os pacientes que fumam e A maioria dos óbitos ocorreram em unidades que possuem carcinoma de laringe é de 97%, sendo o tabaco associado diretamente à mortalidade por câncer hospitalares, tal fato pode ser atribuído as complicações e necessidades de internações em hospitais de alta de laringe5. No Brasil a maior prevalência de tabagismo é complexidade, inerentes a gravidade dos pacientes e as encontrada entre os homens, porém em algumas complicações do câncer. Em relação às macrorregiões de saúde, Centro sul, regiões do sul e sudeste do país a prevalência do fumo entre as mulheres, aproxima-se da identificada nos oeste e sudeste foram registrados as maiores proporções homens. Espera-se que no ano de 2030 o uso do tabaco de óbitos por CL, e a macrorregião de Jequitinhonha deverá ser a maior causa isolada de morte, estimando- a menor proporção de óbitos por esta neoplasia. As se aproximadamente 10 milhões de morte por ano10. demais regiões apresentaram maior homogeneidade em Rev. Bras. Cir. Cabeça Pescoço, v.45, nº 2, p. 48-52, Abril / Maio / Junho 2016 –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 51 Perfil epidemiológico da mortalidade por câncer de laringe em Minas Gerais. relação às taxas de mortalidade por CL. As regiões que apresentaram maior taxa de mortalidade por CL estão localizadas próximas a capital do estado ou mesmo possuem centros oncológicos como o município de Juiz de Fora localizado na macrorregião Sudeste e o município de Divinópolis localizado na macrorregião oeste. Portanto, supõe-se que nestas regiões as notificações dos casos de óbitos por CL podem ser de melhor qualidade, uma vez que os pacientes possivelmente internados em hospitais especializados quando atestado o óbito. A macrorregião centro onde se localiza os municípios de Belo Horizonte, Curvelo, Sete Lagoas, Vespasiano, Contagem, Betim e outros municípios apresentaram taxa de mortalidade de 1,8/100.000, tais municípios possuem acesso mais fácil aos serviços de saúde, assim como centros especializados em câncer, por isso talvez tenha maior número de notificações por CL. Já as regiões mais distantes, como Jequitinhonha no qual foi identificada a menor taxa de mortalidade, não possuem serviços especializados em oncologia nas suas proximidades, sendo assim muitas vezes o óbito declarado por outra causa, sem mesmo ter feito o diagnóstico de câncer de laringe para estes pacientes. A partir dos dados identificados nesta pesquisa, ressalta-se a importância dos estudos epidemiológicos, uma vez que permitem conhecer o perfil da mortalidade por câncer em determinada região e com isso, podem contribuir para implementação de políticas e viabilizar ações de saúde. Além disso, é importante salientar, que mesmo os estudos com base em dados secundários apresentando baixa qualidade na notificação dos óbitos em determinadas regiões, tais dados são oficiais e provenientes do Ministério da Saúde por meio do DATASUS. Assim, mesmo contendo subnotificações deve-se utilizar esses dados na implementação de políticas de saúde. Além da importância da conscientização dos profissionais para preenchimento adequado dos atestados de óbitos e outros formulários de notificações para fins de estudos científicos como elaboração de artigos, assim como fornecer dados para que o governo viabilize ações que possam melhorar a atenção à saúde em seus diferentes níveis, assim como melhoria da assistência prestada e na qualidade de vida dos pacientes. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este estudo teve como objetivo estudar a evolução da ocorrência de mortes por câncer de laringe no Estado de Minas Gerais no sexênio 2005-2010 assim como traçar o perfil epidemiológico da mortalidade por CL no período estudado. A avaliação dos óbitos por CL permitiu identificar que a maior taxa de mortalidade ocorreu no ano de 2009 (2,1/100.000) o gênero que apresentou maior mortalidade foi o sexo masculino, raça negra, nas faixas Galli et al. etárias mais elevadas, casados, nas escolaridades mais baixas, no âmbito hospitalar e que residiam nas regiões Centro sul, oeste e Sudeste. Acrescentamos que toda essa perda humana representa problemas emocionais imensuráveis, além dos altos custos para os serviços de saúde da rede privada e pública no Brasil. Em muitas situações, esses óbitos ocorridos pelo acesso tardio à assistência à saúde, necessário se faz que os profissionais responsáveis invistam em novos desafios como o uso de tecnologias adequadas específicas na prevenção de câncer e principalmente na orientação sistematizada à população bem como envidar esforços para melhorar a qualidade dos registros vitais, incluindo as causas de morte. Ressalta-se ainda a importância de qualificar e humanizar a assistência priorizando além-questões biológicas também as psico sócio culturais. REFERÊNCIAS 1. Cavalini LT, Cruz PS, Silva GM, Silva IF. Perfil da Assistência em um Hospital Universitário: Informações do Registro Hospitalar de Câncer, 2000-2009. Revista Brasileira de Cancerologia 2012; 58(2): 153-61. 2. Brito LF, Silva LS, Fernandes DD, Pires RA et al. Perfil Nutricional de Pacientes com Câncer Assistidos pela Casa de Acolhimento ao Paciente Oncológico do Sudoeste da Bahia Rev Bras de Cancerol. 2012; 58(2): 163-71. 3. Fonseca AJ, Ferreira LP, Dalla-Benetta AC, Roldan CN et al. Epidemiologia e impacto econômico do câncer de colo de útero no Estado de Roraima: a perspectiva do SUS. Rev Bras Ginecol Obstet 2010; 32 (8):386-92. 4. Oliveira JC, Curado MP, Martins E, Moreira MAR. Incidência, mortalidade e tendência do câncer de cavidade oral e orofaringe em Goiânia de 1988 a 2003 Rev. Bras. Cir. 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