Sistema imune inato Tecnologias de Informação e Comunicação na Educação Professora Ana Paula Peconick Tutor Karlos Henrique Martins Kalks Lavras/MG 2011 1|Página Ficha catalográfica preparada pela Divisão de Processos Técnicos da Biblioteca Central da UFLA Espaço a ser preenchido pela biblioteca [A ser preenchido posteriormente] Espaço a ser preenchido pelo CEAD ______________Sistema imune inato______________ Índice UNIDADE 3 ............................................................................ 6 3.1 Introdução....................................................................... 7 3.2 Imunidade inata .............................................................. 8 3.2.1 Padrões de reconhecimento na resposta imune inata10 3.2.2 Receptores solúveis ................................................. 12 3.2.2.1 As colectinas ..................................................... 12 3.2.2.2 Cascata complemento ........................................ 13 3.2.2.3 Pentraxinas ....................................................... 15 3.2.2.4 Proteínas ligadas ao lipopolissacarídeos e CD14 15 3.2.3 Receptores associados a células .............................. 15 3.2.3.1 Receptores Toll-like ........................................... 15 3.2.3.3 Receptores de peptídeos formil.......................... 19 3.2.4 Receptores intracelulares ........................................ 19 3.3 Citocinas e quimiocinas.................................................. 20 3.4 Células do sistema inume inato ...................................... 22 3.4.1 Mucosa epitelial – primeira linha de defesa .............. 22 3.4.2 Células fagocitárias: neutrófilos e macrófagos ......... 24 3.4.3 Células dendríticas (DCs) ......................................... 26 3.4.4 Células natural killers (NK) ...................................... 28 3.4.5 Mastócitos ............................................................... 30 3.5 Conclusão ...................................................................... 31 3.6 Bibliografia .................................................................... 32 4|Página ______________Sistema imune inato______________ 5|Página ______________Sistema imune inato______________ UNIDADE 3 OBJETIVO: Conhecer o sistema imunológico inato, destacando seus componentes, funções e interações. 6|Página ______________Sistema imune inato______________ 3.1 Introdução Imunidade refere-se à habilidade global de um hospedeiro resistir à ação predatória de micróbios que podem prejudicá-lo. A própria definição da palavra patógeno, organismo que pode superar as defesas do corpo e induzir alterações deletérias, demonstra a importância da existência de mecanismos eficazes de proteção do hospedeiro. Dois sistemas constituem a defesa do corpo contra a ação de patógenos. Eles podem ser divididos por uma linha evolucionária germinal antiga, na qual um, o mais antigo desenvolveu-se para proporcionar uma resposta rápida (inespecífica) à invasão pelos microrganismos. Já o outro, de evolução mais tardia, responde mais lentamente a infecção, porém de forma específica. Esses dois sistemas imunes que dão proteção ao organismo são conhecidos como imunidade inata e imunidade adaptativa (adquirida), respectivamente. A imunidade inata surgiu com os primeiros seres multicelulares, sendo que o benefício da sua existência é destacado pelo fato da maioria dos organismos, sobre nosso planeta, sobreviver apenas com este tipo de imunidade, como por exemplo, as plantas e os insetos. Já a imunidade mandibulados, adaptativa e possui surgiu como com os principal vertebrados vantagem reconhecer praticamente qualquer antígeno existente, além da geração de memória imunológica, diferentemente do sistema inato, que reconhece apenas um número limitado de antígenos. Apesar desta divisão entre os tipos de imunidade, ocorre um contínuo entre estes dois sistemas. Assim 7|Página ______________Sistema imune inato______________ sendo, existem complexos mecanismos de interação entre a imunidade inata e a adaptativa. O que faz com que as duas trabalhem em conjunto para a defesa do organismo. 3.2 Imunidade inata A imunidade inata é primeira linha de defesa do hospedeiro contra patógenos. Ela é constituída principalmente por elementos mecânicos, químicos e celulares. A epiderme e as mucosas estão entre os elementos mecânicos que funcionam como barreiras para a entrada do patógeno. Associadas a elas estão propriedades fisiológicas como baixo pH do estômago, a ação ciliar, motilidade, descamação e a secreção de muco, produção da saliva e da lágrima que contém lisozima. Elementos químicos podem ser divididos em três subcomponentes: moléculas de reconhecimento de padrões, as quais podem ser solúveis ou associadas às células; proteínas ou peptídeos que hidrolisam micróbios; e citocinas e quimiocinas que regulam a resposta imunológica. Já o elemento celular é constituído por células epiteliais, mastócitos, células dendríticas, células fagocitárias como os macrófagos e granulóctios, células Natural killers e células Tγδ. A imunidade inata é responsável pela construção da resposta inflamatória. Esta é ocasionada em uma primeira instância por macrófagos, leucócitos polimorfonucleares e mastócitos relacionados através à de resposta receptores imune nestas inata. O células agente inflamatório age sobre os tecidos e induz a liberação de mediadores químicos que sobre tais receptores, produzem aumento da permeabilidade vascular e exsudação de 8|Página ______________Sistema imune inato______________ plasma e células sanguíneas para o interstício. Dessa forma este mecanismo possibilita a defesa contra muitos agentes agressores. Contudo, a reação inflamatória pode em alguns casos levar a processos fisiológicos que causam dano ao tecido do hospedeiro. Utilizando várias fontes de pesquisa, escreva as principais diferenças entre sistema imune inato e sistema imune adaptativo na tabela abaixo. Compare sua pesquisa com a de outros colegas. Tabela 1. Principais diferenças entre imunidade inata e adquirida. Imunidade inata Imunidade adquirida 9|Página ______________Sistema imune inato______________ 3.2.1 Padrões de reconhecimento na resposta imune inata Após causando o patógeno danos, aderir sinais são à superfície gerados epitelial ocasionando a produção de quimiocinas, citocinas, prostaglandinas e leucotrienos pelo epitélio. Estas substâncias indicam dano no tecido. Células dendríticas e macrófagos também interagem com o microrganismo invasor, através da detecção do patógeno por moléculas nestas células especializadas no reconhecimento de estruturas padrões presentes nos patógenos. Este mecanismo de reconhecimento é a base da ativação do sistema imune inato. Patógenos são caracterizados por arranjos específicos de moléculas chaves chamados de padrões moleculares associados aos patógenos (PAMPs) que são reconhecidos pelos receptores de reconhecimento de padrões (PRRs). Diferentes PRRs reagem com específicos PAMPs mostrando distintos padrões de expressão e vias de sinalização ativas específicas, o que gera distintas respostas a diferentes patógenos. Os PAMPs são estruturas vitais das células microbianas, as quais têm alterado pouco durante a evolução. Assim, representam os principais alvos no reconhecimento do sistema imune inato. Dentre estas estruturas destacam-se os lipopolissacarídeos e ácidos teicólicos que estão presentes nas células bacterianas gram-negativas e gram-positivas, respectivamente; os motivos não metilados CpGs, os quais caracterizam DNAs de células bacterianas; RNA de fita-dupla representando a 10 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ assinatura estrutural de vírus de RNA; e os polímeros de manose que são componentes da parede celular de células de leveduras. Nenhuma dessas estruturas são sintetizadas pelo organismo hospedeiro e todas elas são compartilhadas por grandes grupos de patógenos e são essenciais para a sua fisiologia. Os PRRs são encontrados sobre muitas das células do sistema imune inato incluindo células epiteliais macrófagos, monócitos, granulócitos, mastócitos e células dendríticas. Eles podem ser expressos sobre a superfície das células, em compartimentos intracelulares, ou secretados na circulação sanguínea e fluídos teciduais. As principais funções ativação do dos sistema PRRs incluem complemento e opsonização, casacata de coagulação, fagocitose, ativação de vias sinalizatórias da inflamação e indução da apoptose. Existem diferentes famílias de PRRs como os receptores scavenger, receptores Toll-like (TLR), receptores de peptídeos formil, receptores de manose e glicanos, receptores do complemento (CR3) e CD14. Outra maneira do sistema imune inato perceber a presença de patógenos é detectar os DAMPs (padrões moleculares associados ao perigo), os quais são metabólicos comuns em conseqüência da inflamação e infecção. A figura 1 esquematiza as principais formas de detecção de PAMPs pelo sistema imune inato e suas conseqüências. 11 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ Figura 1. Receptores padrões de reconhecimento e seus papéis na resposta imune inata e adaptativa (modificado de BASSET et al., 2003). 3.2.2 Receptores solúveis 3.2.2.1 As colectinas A família das colectinas inclui proteínas surfactantes A, D (SP-A, SP-D) e lecitina ligada a manose (MBL). Estes receptores se ligam ao glicoconjugados bacterianos e atuam como opsoninas. SP-A e SP-D, primeiramente, foram relacionadas a homeostase lipídica, mas agora sabe-se que elas interagem com um grande número de estruturas bacterianas e fúngicas. As colectinas são caracterizadas pela presença de uma região colágena e um domínio lecitina tipo C (CTL). Tipicamente elas formam receptores oligoméricos. 12 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ 3.2.2.2 Cascata complemento As proteínas associadas a MBL, ligam-se a polímeros de manose das paredes celulares microbianas e são membros da família das colectinas. As lecitinas têm um importante papel na ativação da cascata complemento e elas determinam uma das três vias de ativação do complemento, chamada via das lecitinas. As outras duas vias são: via clássica, ativada por complexos antígenoanticorpo e a via alternativa, desencadeada pela ativação do composto C3 na superfície de patógenos, esta última via também importante como mecanismo imediato de defesa do organismo contra agentes infecciosos, logo fazendo parte da resposta imune inata. Quando ligadas a resíduos de manose, MBL sofre uma alteração conformacional que resulta na clivagem dos compostos C4 e C2 para formar o complexo convertase C4b2a. Por ação deste o C3 é clivado em dois fragmentos C3a e C3b. C3b se liga ao C5 fixando-o junto a membrana do agente agressor. Então uma convertase chamada C3/C5 cliva o C5 em dois novos fragmentos (C5a e C5b). C5b possui dois sítios de ligação um que liga ao C6 e outro que se liga a membrana. O complexo C5b6, liga-se ao C7 gerando C5b67 que se liga ao C8, formando um complexo que induz a polimerização do C9. Assim, este último forma um complexo polimérico de 12 a 16 unidades que constituem canais anfipáticos, hidrofóbicos externamente e hidrofílicos conhecido como complexo de internamente, ataque também a membrana, reponsável pela morte do patógeno sobre o qual ele foi ativado. 13 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ Na via alternativa de ativação do sistema complemento o composto C3b é o agente desencadeador da cascata. Este composto pode ser gerado de maneira espotânea porém em baixas proporções. Quando ligado a superfície do patógeno ele se mantém estável, dessa forma, possibilita a ligação ao fator B pela ação catalítica do fator D, produzindo assim o complexo C3bBb, outro tipo de convertase sobre a superfície do patógeno. O C3bBb clica o C3 em C3a e C3b, que pode continuar a cascata de reações com C5, C6, C7, C8 e C9 como descrito no parágrafo acima. Em termos da “limpeza” do organismo, a presença de C3b sobre a superfície do patógeno pode fazê-lo atuar como uma opsonina, aumentando a absorção pelo fagócitos através de seus receptores de C3b. A via clássica de ativação do sistema complemento requer a presença caracterizando-a de como anticorpos parte do para ativação, sistema imune adaptativo. Contundo, ela também pode ser ativada pela proteína reativa C (CRP) e assim também ser considerada como parte da resposta imune inata. Existem também os anticorpos naturais que são IgM secretadas espontaneamente e que com freqüência reagem com polissacarídeos microbianos. Estes anticorpos também podem ser caracterizados como componentes da resposta imune inata. Revise o sistema complemento. Procure identificar seus componentes e a forma de atuação de cada um deles. 14 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ 3.2.2.3 Pentraxinas A característica básica desta família é a estrutura pentamérica cíclica de suas moléculas. Ela inclui proteínas curtas como a proteína reativa C e soro amilóide P (SAP) e grandes pentraxinas. CRP e SAP atuam como opsoninas, além de poderem ativar o componente C1q da via clássica do sistema complemento por se ligarem a ele. Longas pentraxinas são produzidas por uma variedade de células imunológicas e epiteiais. 3.2.2.4 Proteínas ligadas ao lipopolissacarídeos e CD14 As proteínas ligadas a lipopolissacarídeos (LBP) estão dispersas no soro e rapidamente se ligam aos LPS, facilitando a transferência deles para o receptor CD14 sobre os macrófagos. Contudo, este receptor não possui um domínio intracitoplasmático, sendo necessário então a associação a uma receptor 4) o outro receptor qual é responsável o TLR4 (Toll-like pela sinalização intracelular que levará a secreção de citocinas pelos macrófagos. 3.2.3 Receptores associados a células 3.2.3.1 Receptores Toll-like Durante os anos noventa foi desmonstrado que a proteína Toll em espécies de Drosophila está envolvida na 15 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ defesa destes insetos contra infecções causadas por fungos. Desde então proteínas similares foram descritas em mamíferos. Estas diferem de cada outra na especificidade dos ligantes, padrões de expressão, e nos genes alvos que podem induzir. Muitas TLRs estão envolvidas no reconhecimento de uma variedade de PAMPs. Receptores diméricas Toll-like existem (heterodímeros ectodomínios de TLRs ou são como proteínas homodímeros). compostos de Os motivos repetidos ricos em leucina, enquanto o componente citosólico, chamado Toll/IL-1 receptor-like domain (TIR), está envolvido na sinalização. Após a ligação de produtos microbianos com os TLRs ocorre a sinalizações metabólicas como a ativação de fator nuclear κβ, ativação da proteína 1, fator 3 regulador de interferon, e outros fatores transcripcionais. Dessa forma, ocorre a produção de citocinas proinflamatórias, maturação de células dendríticas e outras respostas imunológicas. Os TLRs também são capazes de reconhecer sinais endógenos como proteínas do choque térmico e produtos da necrose celular, assim podem estar envolvidos na auto-imunidade ou ativação do reparo tecidual. TLRs são expressos sobre uma variedade de células do sistema imune, incluindo macrófagos, células dendríticas (DCs), células B, tipos específicos de células T e até mesmo sobre células não imunológicas como fibroblastos e células epiteliais. A expressão dos TLRs não é estática. É modulada rapidamente em resposta a presença de patógenos, uma variedade de citocinas e o estresse ambiental. Além do mais eles podem ser expressos intra e extracelularmente. Enquanto certos 16 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ TLRs (TLRs 1,2,4,5 e 6) são expressos sobre a superfície celular, outros (TLRs 3,7,8 e 9) são encontrados exclusivamente em compartimentos intracelulares como endossomos, e seus ligantes, principalmente ácidos nucléicos, devem ser internalizados nos endossomos antes da sinalização ser possível. Utilizando várias fontes de pesquisa, descreva os principais TLRs indicando seus locais de expressão e o componente alvo do seu reconhecimento. Utilize o espaço seguinte para sua pesquisa. 17 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ Após a ligação dos TLRs com seus respectivos componentes alvos, ocorre a ativação de uma cascata metabólica, que levará a ativação de genes envolvidos na defesa do hospedeiro conta ação de microrganismos. Para isso, após a ligação, os TLRs dimerizam-se e submetemse a alterações recrutamento de conformacionais moléculas requeridas adaptadoras para o contendo o domínio TIR para o domínio TIR dos TLRs. Existem quatro moléculas associada adaptadoras a TIR chamadas My88D, proteína (TIRAP)/My88D-adaptor-like (MAL), proteína adaptadora contendo domínio TIR indutora de IFN-β(TRIF)/molécula 1 contendo domínio TIR (TICAM1), e molécula adaptadora relacionada a TIRF (TRAM). As diferentes respostas mediadas por distintos ligantes aos TLRs podem ser explicadas em parte pelo uso seletivo dessas moléculas adaptadoras. My88D e TIRF são responsáveis pela ativação de distintas vias sinalizatórias, levando à produção de citocinas pró-inflamatórias e IFNs do tipo I, respectivamente (Figura 2). Figura 2. Vias de sinalização dos TLRs (modificado de AKIRA et al., 2006) 18 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ 3.2.3.2 Receptores Scavenger Os macrófagos possuem receptores glicoprotéicos transmembranas triméricos identificados como SR-AI, SRAII e MARCO. Esses são denominados como receptores Scavenger. Eles se ligam a lipídios de baixa densidade, LPS e ácido lipoteicólico. Sendo assim, estão envolvidos na detecção de bactérias atuando como receptores para a fagocitose. 3.2.3.3 Receptores de peptídeos formil São encontrados na membrana de neutrófilos e monócitos. Eles ligam-se a formil-meiotionina-leucinafelnilalanina (fMLF) e são em parte responsáveis pela quimiotaxia de neutrófilos para a área infectada. Eles também podem estar envolvidos na modulação da resposta inflamatória através da detecção de ligantes endógenos para estes recpetores. 3.2.4 Receptores intracelulares Dois receptores intracelulares têm sido estudados com grande interesse. O PKR (proteína quinase ativada – RNA dupla-fita - dsRNA) que reconhece RNA dupla-fita presente na célula infectada e favorece a ativação do NFκβ (fator nuclear κβ) e do MAP quinase ína (prote ativadora da mitose) os quais estão envolvidos na inibição ou ativação da apoptose em células infectadas por vírus, ou por células em estresse metabólico. 19 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ Recentemente, descobertas têm indicado que famílias de proteínas com o domínio de oligomerização ligante de nucleotídeos (NOD) possuem um importante papel na detecção de bactérias intracelulares. O NOD1 foi originalmente identificado como uma molécula estruturalmente relacionada ao regulador de apoptose Apaf-1. Ele reconhece diaminopimélico. Já o o γ-D-glutamil-meso-ácido NOD2, mostra similaridade estrutural com NOD1, contudo ele reconhece o muramil dipeptídeo estruturas MurNac-L-Ala-pisoGln reconhecidas pelo (MDP). receptores NOD Ambas estão presentes nas camadas de PGN (peptídeosglicanos) de bactérias. 3.3 Citocinas e quimiocinas Citocinas e quimiocinas são ambas moduladoras das respostas imune inata e adaptativa. Elas podem ser produzidas por uma variedade de células incluindo células do sistema imunológico e células das paredes epiteliais e endoteliais. Na imunidade inata as principais fontes de citocinas são os macrófagos, neutrófilos, células natural killers e keratinócitos. Quimiocinas e citocinas podem desempenhar suas funções tanto localmente como sistemicamente. O perfil gerado destas substâncias na resposta imune inata que determinará o balanço Th1 ou Th2 da resposta imune adquirida. O que demonstra a ligação entre resposta imune inata e a adquirida. Pela definição da palavra, citocinas são proteínas secretadas pelas células do sistema imune inato e adaptativo, que modulam muitas das funções dessas células. Já quimiocinas são uma grande família proteínas 20 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ homólogas estruturalmente das citocinas que estimulam os movimentos dos leucócitos e regulam a migração dos leucócitos do sangue para os tecidos. Citocinas maturação das e quimiocinas células são dendríticas, importantes na recrutamento de células efetoras nos locais de infecção, estimulação da resposta inflamatória aguda e limitação do espalhamento do patógeno. Dentre as várias citocinas e quimiocinas geradas na resposta imune podem-se destacar: TNF-α, IL-1, IL-4, IL-6, IL-8, IL-12 e os IFNs. Como forma de escape do sistema imunológico patógenos podem quimiocinas da quebrar resposta a rede de imunológica em citocinas três e vias: inibição da síntese ou liberação, interferência com os receptores de ligação ou pelo uso de subtâncias antagônicas. Muitos vírus têm a habilidade de inibir as citocinas pro-inflamatórias ou estimular aquelas antiinflamatórias. É interessante também citar que algumas bactérias podem modular a rede de citocinas e quimiocinas pela produção de proteases que clivam essas substâncias tornando-as inativas. O livro Imunologia Celular e Molecular possui um capítulo que trata apenas das citocinas e quimiocinas. Como sugestão leia este capítulo. 21 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ 3.4 Células do sistema inume inato 3.4.1 Mucosa epitelial – primeira linha de defesa A primeira linha de defesa do organismo contra invasões de patógenos é representada por barreiras físicas que impedem os microrganismos de infectar o ambiente estéril interno do hospedeiro. Fazem parte desta primeira barreira as superfícies mucosas do trato respiratório, gastrointestinal, genitário e a pele. Todas estas barreiras contêm também inúmeras outras formas de defesa do organismo como células especializadas e compostos químicos específicos, os quais diferem para cada localização anatômica. Os órgãos mais susceptíveis aos ataques de patógenos são os pulmões e o intestino. Isso se deve ao fato desses órgãos possuírem uma grande superfície de contado com o ambiente externo. Processos fisiológicos como o movimento ciliar, secreção de uma camada de muco constituído de mucinas (glicoproteínas), auxiliam na eliminação dos patógenos que tentam se aderir às superfícies epiteliais do hospedeiro. Outras defesas como a secreção de IgA e lactoferrina também podem inibir essa adesão. Nos intestinos a flora microbiana comensal auxilia na proteção inibindo muitas microrganismos vezes patogênicos o desenvolvimento neste órgão. de Ambiente desfavorável a proliferação dos patógenos também é encontrado no estômago, devido a secreção de ácido clorídrico o qual diminui o pH, provocando a morte dos agentes infecciosos presentes na lúmen deste órgão. 22 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ Várias enzimas e peptídeos secretados nas superfícies mucosas também podem auxiliar a matar microrganismos invasores. Lisozima é um exemplo de enzima capaz de degradar a parede celular de bactéria. A lactoferrina possui grande afinidade por ferro, isso possibilita a inibição do desenvolvimento de microrganismos que dependem deste componente para sobrevivência. Já a lactoperoxidase produz superóxidos que matam bactérias. Apesar de todos estes mecanismos já citados, patógenos podem evadir-se e alcançar o ambiente interno das superfícies epiteliais. Ocorrendo isso, as células epiteliais possuem mecanismos de percepção da presença desses microrganismos tanto em suas faces apical, basolateral e intracelular. Vias metabólicas específicas são ativadas quando receptores ligam-se aos seus ligantes sobre os microrganismos ou seus produtos. Assim sendo, ocorre a secreção de citocinas e quimiocinas que atuaram no recrutamento de tipos celulares que executam a resposta imunológica, assim como ativam fatores transcripcionais que levarão a vias de resolução da infecção. Muitas quimiocinas têm sido relacionadas ser secretadas pelas células epiteliais: IL-8, ENA 78, gro-α, MIP-2e MCP-1. A interleucina 8 (IL-8) é relacionada com o recrutamento de neutrófilos para a região baso-lateral. Monócitos/macrófagos têm seu recrutamento facilitado pela expressão de receptores ICAM-1 sobre as superfícies das células. Peptídeos como as defensinas, catelicidinas e histatinas têm demonstrado ser secretados pelas células epiteliais e possuem importante papel na defesa do hospedeiro (humanos). As defensinas ligam-se as membranas de organismos carregados negativamente 23 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ levando a desestabilização desta. Catelicidinas como as defensinas podem-se ligar aos LPS e inativam sua função biolológica. Histatinas estão presentes na saliva humana e sua ação antimicrobiana é particulamente efetiva contra fungos. No intestino, a presença de células epiteliais, células M e células dendríticas as quais são especializadas na tomada dos patógenos do lúmen transpondo-os para o interior do epitélio, em regiões denominadas placas de Peyer, facilitam o desenvolvimento da resposta imunológica contra estes patógenos. Esta resposta pode ser dada localmente ou ser amplificada e tornar-se uma resposta sistêmica. 3.4.2 Células fagocitárias: neutrófilos e macrófagos A principal função das células fagocitárias é realizar a fagocitose dos agentes infecciosos antes que eles possam espalhar pelo organismo hospedeiro. Uma função função secundária, porém não menos importante, é executada pelos macrófagos. Eles são capazes de funcionar como células apresentadoras de antígenos, sendo assim, são umas das ligações entre a resposta imune inata e a resposta imune adaptativa. As primeiras células reativas ao patógeno invasor são os macrófagos residentes nos tecidos epiteliais. Neutrófilos são recrutados posteriormente aos sítios de infecção pela expressão de citocinas, quimiocinas e sinais de perigo, que fazem com que estas células abandonem a corrente sanguínea e migrem para os locais de ação. 24 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ Tantos macrófagos como neutrófilos possuem muitos receptores responsáveis pelo reconhecimento dos patógenoss. Após fagocitados os microrganismos são internalizados em fagossomos. Através da atuação de enzimas contidas nos lisossomos que se fundem ao fagossomo, o conteúdo fagocitado é digerido por mecanismos que envolvem reações oxidativas e nãooxidativas. Os neutrófilos são leucócitos também conhecidos como polimorfonucleares devido a aparência de seu núcleo através da microscopia. Seu núcleo é segmentado em três a cinco porções. Eles possuem grânulos que contêm agentes microbianos oxidativos e não-oxidativos que são liberados no fagolisossomo. Entre estes agentes incluem-se: defensinas, proteínas aumentadora da permeabilidade bactericida (B/PI), proteínas catiônicas que se ligam ao LPS, fosfolipases, lisozimas, lactoferrinas e catepsina G. Algumas dessas subtâncias também são importantes na regulação da resposta imune. O hipoclorito é o principal oxidante bactericida produzido pelos macrófagos. Ele também é responsável pelo dano tecidual do hospedeiro. Assim como espécies de oxigênio reativo que são liberadas pelo neutrófilo e estão relacionadas com a inflamação crônica nas quais ocorre a persistência dos neutrófilos no tecido que foi infectado. Os macrófagos são originários da hematopoese na medula óssea. Eles são primeiramente definidos como monócitos quando ganham a circulação sanguínea ainda não tendo completado seu desenvolvimento. Uma vez completado seu desenvolvimento recebem o nome de macrófago apesar de existirem variações dependendo do local onde são encontrados. Por exemplo, quando são 25 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ encontrados no sistema nervoso central recebem o nome de células da micróglia, quando encontrados nos pulmões, macrófagos alveolares; no fígado, células de Kupffer; e na medula quando apresentam múltiplos núcleos, osteoclastos. Como os neutrófilos os macrófagos podem responder a presença de patógenos nos sítios de infecção. Contudo eles apresentam a característica de não serem completamente diferenciados, o que possibilita sua divisão nos sítios de infecção possibilitando sua maior permanência durante a inflamação. Os macrófagos são principais células nos estágios precoces da infecção. 3.4.3 Células dendríticas (DCs) Entre os componentes celulares identificados no sistema imune inato as células dendríticas têm sido identificadas como o principal tipo celular para apresentação de antígenos, sendo então classificadas como células apresentadoras profissionais. Estas células são capazes de reconhecer muitos padrões antigênicos através de vários receptores padrões de reconhecimento expressos por elas como os TLRs. Tem sido demonstrado que células dendríticas estão presentes em quase todos órgãos periféricos e tecidos linfóides, fato este que contribui para sua ação contra agentes infecciosos, pois virtualmente elas estão presentes em todos possíveis sítios de entrada dos antígenos. Recentemente têm-se sugerido que estas células também estão envolvidas em processos de indução e manutenção da tolerância antigênica. 26 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ O ciclo de vida das células dendríticas inicia com as células precursoras (incluindo monócitos), as quais circulam na circulação sanguínea e são continuamente geradas pelos progenitores na medula óssea. A migração para órgãos não linfóides induz a diferenciação das células precursoras das células dendríticas em células dendríticas que tornam-se residentes nos tecidos celulares (interstício dos órgãos periféricos e pele). Contudo, estas células encontram-se nesses locais em um estado (fenótipo) imaturo. Sua maturação ocorre através do reconhecimento de PAMPs por estas células somados a um ambiente ideal de moléculas (citocinas, quimiocinas, DAMPs, etc) que auxiliam no seu desenvolvimento. A ativação das células dendríticas leva a apresentação de antigênica através de moléculas do complexo principal de histocompatibilidade da classe II (MHC-II) de peptídeos derivados do processamento do antígeno fagocitado. Células dendríticas maturas são capazes de secretar uma variedade de citocinas, dentre elas IL-12p40 e p70, TNF-α, IL-1β, IL-6 e óxido nítrico. Estas citocinas estão envolvidas no desenvolvimento e manutenção de processos inflamatórios relacionados à resposta resposta imune inata. Ela também secreta a IL-2 que é uma molécula chave na indução da imunidade T dependente (imunidade adquirida) ou na efetivação de mecanismos tolerogênicos. O processo de maturação das células dendríticas, após ativado, faz com que estas células alterem o padrão de moléculas receptoras de quimiocinas. Sendo assim, elas adquirem a capacidade de migrar dos tecidos periféricos para os vasos linfáticos onde ganham a circulação linfática e posteriormente os linfonodos, onde 27 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ atuaram como apresentadoras de antígeno estimulando a resposta imune adquirida. Para isso ocorre uma regulação negativa para a expressão de CCR1 e CCR5, e positiva para CCR7 o qual direciona as DCs via quimiocinas CCL19 e CCL21. Figura 3. Revisão das DCs e suas principais características como células apresentadoras de antígenos (modificado de ADAMS et al., 2005). 3.4.4 Células natural killers (NK) Células natural killers são derivadas dos mesmos precursores linfóides de linfócitos T. Essas células contêm importantes moléculas chamadas perforinas e granzimas, as quais são liberadas durante o contato célula-célula e são responsáveis por matar células tumorais e aquelas infectadas por vírus. Células NK também podem atuar através da via Fas/FasL e são a principal fonte de IFN-γ que ativa os macrófagos para matar patógenos. Já os macrófagos secretam IL-12 que é essencial para a atividade citotóxica das células natural killers. 28 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ Diferentemente de células T citotóxicas, células NK não reconhecem especificamente os antígenos, seus receptores não são codificados por genes que sofrem recombinação somática que determinam a especificidade, assim elas diferem das células relacionadas ao sistema imune adaptativo, representando um braço da resposta imune inata. Contudo, quando analisadas as bases de suas relações de linhagem, repertório de receptores e funções efetoras, células NK parecem ser um tipo células que interliga os sistemas imune inato e adaptativo. Através do reconhecimento dos patógenos por seus receptores elas respondem rapidamente ativando sua funções efetoras. Uma variedade de receptores são expressos pelas células naturais killers, dentre estes destacam-se CD2, CD69, CD226 (DNAM-1), CD44 e Ly6, alguns destes envolvidos com a atividade citotóxica da células NK e outros envolvidos com a produção de citocinas que atuam como reguladoras da resposta imunológica. Uma família de receptores denominada KIR (receptores funções parecidos ativadoras e com imunoglobulinas) inibitórias. O KIR possui inibitório reconhece células que expressam níveis normais de MHCI protegendo-as da função lítica das NKs. Células que expressam baixa quantidade de MHC-I são então lisadas. Já o receptor KIR ativador possui a função de regular as funções das células NKs. Alguns estudos citam sobre a possibilidade que células NK podem interagir diretamente com células T CD4+. Isso é sugerido pelo fato das células NK humanas possuirem MHC-II. Estudos recentes têm demonstrado que a ativação de células NK humanas por citocinas “inatas” (IL-12, IL-15) é suficiente para a expressão de 29 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ CD86 sobre essas células. Assim sendo, a expressão do CD86 que é o ligante do CD28 (potente receptor coestimulatório) possibilita a ativação de células T CD4+, o que demonstra a interligação entre os sistemas inato e adaptativo através das células NK. Existem um pequeno número de células do sistema imune que compartinham características com as células naturais killers e as células T. Essas são denominadas células NK-T. sublinhagem Elas constituem compropriedades uma conservada únicas, incluindo reatividade para glicolipídeos apresentado por Cd1d, expressão de um receptor células T (TCR) cadeia α, e um requerimento não usual para seleção tímica. Essas células produzem rapidamente citocinas que influenciam a resposta imunológica e processos patogênicos. 3.4.5 Mastócitos Células medula mastócitos óssea. Elas (MCs) circulam têm no sua origem sangue em na baixa concentração e são encontradas em todos os tecidos, mas são especialmente abundantes nos limites entre o organismo e o ambiente, como nas mucosas das vias aéreas e intestino, e na pele. Este tipo celular possui uma espectativa de vida de 1 a 6 meses. MCs respondem diretamente e indiretamente aos patógenos, tornando estas células importantes sentinelas do sistema imunológico. Elas podem então iniciar mecanismos importantes da resposta imune inata ao patógeno. Entretanto, células mastócitos também podem trabalhar como influenciadoras de uma boa resposta 30 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ adaptativa, pois contribuem com a maturação, migração e função das células dendríticas, além de interagirem com os linfócitos T e B. Como células do sistema inume inato, MCs produzem importantes compostos com função bactericida como as catelicidinas, inflamatórias como além heparina, de substâncias histamina e pro- fatores quimiostáticos para eosinófilos. Elas também podem contribuir no controle da reposta através da ação de proteases que degradam mediadores endógenos, os quais são super-regulados durante a infecção. A resposta das células matócitos não é restringida às bactérias, elas também são reativas a muitos patógenos como parasitas e vírus. 3.5 Conclusão O sistema inume inato constitui a primeira linha defesa do organismo, através de barreiras físicas, químicas e elementos celulares. A interação entre estes componentes possibilita o reconhecimento e muitas vezes a eliminação do patógeno invasor através de mecanismos próprios. Como resultado do reconhecimento, o sistema imune inato é capaz de influenciar outro mecanismo imunológico do hospedeiro, conhecido como resposta imune adaptativa. Existem vários componentes do sistema imune inato que são importantes para esta interação, contudo três componentes se destacam, sendo eles, os TLRs, as células dendríticas e as citocinas. Esta interação entre dois braços da reposta imunológica possibilita o organismo do hospedeiro combater eficientemente o patógeno. 31 | P á g i n a ______________Sistema imune inato______________ 3.6 Bibliografia ABBAS, A. K.; LICHTMANA, A. H.; PILLAI, S. Imunologia Celular e Molecular. Rio de Janeiro: Elsevier, 6ed. 2008. ADAMS, S.; O’NEILL, D. W.; BHARDWAJ, N. Recent Advances in Dendritic Cell Biology. Journal of Clinical Immunology, v.25, n.2, p.87-98, 2005. AKIRA, S.; UEMATSU, S.; TAKEUCHI, O. Pathogen Recognition and Innate Immunity. Cell, v.124, p.783– 801, 2006. ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; WALTER, P. Biologia molecular da célula. São Paulo: Artmed, 4ed. 2004. BASSET, C.; HOLTON, J.; O’MAHONY, R.; ROITT, I. Innate immunity and pathogen–host interaction. Vaccine, v.21, p.s2/12-s2/23, 2003. 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