ATUAÇÃO DA ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DO DEPENDENTE QUIMICO DE COCAÍNA E CRACK Manoel Freitas GOUVEA¹, Gustavo Henrique Gomes Arcanjo SILVA², Cláudio Vieira de LIMA³ ¹Estudante de Enfermagem – Enfermagem / UninCor – e-mail: [email protected] ²Estudante de Enfermagem – Enfermagem / UninCor – e-mail: ³Orientador e professor no Curso de Enfermagem – Enfermagem / UninCor – e-mail: [email protected] Palavras-Chave: Enfermagem, Usuários de drogas, Complicações da droga RESUMO No Brasil o consumo e o conhecimento da Cocaína e Crack iniciaram-se nos anos 80, os maiores consumidores da droga são jovens, com escolaridade baixa, de classe baixa, média e alta, homens que possuem ou não estrutura familiar. A partir dos anos 90, 77% dos usuários foram internados por uso de substâncias psicoativas (drogas), sendo considerado pela Organização Mundial da Saúde como problema de saúde publica. O uso da droga injetável apresenta risco quanto ao método, sendo assim um fator importante para a transmissão de HIV e Hepatite C. A forma de conseguir a droga muitas vezes favorece a expansão das doenças e aumenta a dependência dos usuários que trocam o sexo sem proteção pela droga. O aumento de usuários no Brasil demonstra a necessidade de informação e conhecimento sobre efeitos causados pelas drogas, por isso o objetivo deste trabalho foi identificar a importância do papel do enfermeiro junto a familiares e usuários durante o tratamento, visto que dentre as atribuições do enfermeiro encontra-se a promoção, proteção e educação. A metodologia utilizada neste estudo foi a revisão de literatura e o desenvolvimento do texto a partir da leitura e analise de informações tiradas de artigos publicados. Durante o tratamento o enfermeiro deve ouvir queixas dos pacientes e encorajá-los a continuar o tratamento, observar se os medicamentos prescritos estão sendo administrado corretamente, estimular a socialização, proporcionar atividades e promover o auto cuidado. SUMMARY In Brazil the use and knowledge of the cocaine and crack began in the '80s, the biggest consumers of drugs are young people with low education, low-class, medium and high, or men who have no family structure. From 90 years, 77% of users were hospitalized for psychoactive substance use (drugs), and considered by the World Health Organization as a public health problem. The injectable drug use presents a risk to the method, so an important factor for the transmission of HIV and Hepatitis C. The way to get the drugs often favors the expansion of disease and increases the dependence of users who exchange sex without protection by the drug. The increase of users in Brazil demonstrates the need for information and knowledge on the effects caused by drugs, so the objective of this study was to identify the important role of the nurse along with family members and users during the treatment, considering that among the duties of the nurse is the promotion, protection and education. The methodology used in this study was the literature review and development of the text from the reading and analysis of information taken from published articles. During treatment the nurse should listen to patient complaints and encourage them to continue treatment, see if prescription drugs are being administered correctly, encourage socialization, provide activities and promote self care. Keyword: nursing, drug users, drug complications. 1 INTRODUÇÃO O abuso de cocaína/crack está associado Nos últimos anos, uma nova forma da a inúmeros problemas de ordem física, cocaína tem-se tornado disponível em psiquiátrica e social. No mundo, estima- nosso meio. Esse produto, denominado se que 14 milhões de pessoas façam uso crack, é uma forma potente de cocaína abusivo de cocaína. No Brasil, de que resulta em rápido e notável efeito acordo Levantamento estimulante quando fumado. A euforia Domiciliar sobre o uso de Drogas, ocorre dez segundos após a inalação, realizado pelo Centro Brasileiro de com o pico de concentração plasmática Informações sobre Drogas Psicotrópicas da cocaína atingido entre 5 e 10 minutos (CEBRID), constatou-se que 7,2% dos após indivíduos do sexo masculino, entre 25 semelhantes só são atingidas após uma e 34 anos de idade, já usaram a droga, e hora da administração intranasal de uma dados recentes dose equivalente3. O crack é resultado mostram que o uso de cocaína/crack da adição de bicarbonato de sódio e vem crescendo nos últimos anos entre adulterantes ao os estudantes do ensino médio e (“pó”). Após o aquecimento dessa fundamental, os mistura, obtém-se um resíduo seco que pacientes que procuram atendimento é vendido na forma de pequenas nas clínicas especializadas. (CUNHA) “pedras” que podem ser fumadas em com o I epidemiológicos bem como entre a inalação. Concentrações cloridrato de cocaína cachimbos, cigarros e outros objetos improvisados. O nome crack provém do drogas e Usuários de cocaína e crack. O barulho que é produzido pela quebra levantamento dessas “pedras”. Quando fumado, o indexadores crack produz pequenas partículas que Internacional em Ciências da Saúde), são PubMed, absorvidas rapidamente pelos foi realizado MEDLINE LILACS em nos (Literatura (Literatura pulmões, conduzindo imediatamente ao Latinoamericana Ciências aparecimento dos efeitos. A velocidade Saúde), desse processo parece ser um dos (Scientific Electronic Library Online), fatores responsáveis pelo seu alto poder BIREME e revisão bibliográfica. COCHRANE, da SCIELO de adição. (FERRI). O tratamento aos usuários de drogas é 3 REFERENCIAL TEÓRICO um processo longo e doloroso tanto ao usuário quanto a família que Em revisão publicada recentemente, acompanha. A enfermagem tem um observa-se que, no Brasil, a cocaína tem papel importante e fundamental e pode despertado interesse cada vez maior da encorajar o paciente nos momentos de mídia e dos pesquisadores, nos últimos maior angustia e solidão. E ele tem anos. Em relação ao crack, apesar de como papel, trabalhar o psícologico do indícios do seu consumo crescente, paciente e dos familiares, com as poucos orientações sobre a doença em si e seu desenvolvidos no sentido de entender tratamento, com a retomada de suas esse atividades sociais. comprometedor. trabalhos uso, têm sido potencialmente, No mais tão recente levantamento realizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas 2 METODOLOGIA (CEBRID), setor do Departamento de Psicobiologia da EPM, entre estudantes Foi realizado trabalho bibliográfico do e meninos de rua, parece nítido o ano de 1997 a 2010 sobre o tema Papel aumento do uso de cocaína, em todo o do enfermeiro no tratamento a usuários Brasil, com destaque para São Paulo e de cocaína e crack, destacando a Rio de Janeiro. O crescimento do uso de importância da enfermagem durante a crack é muito mais evidente em São reabilitação de usuários de drogas Paulo do que nas outras cidades, ilícitas. havendo Utilizando-se chave: Enfermagem as palavras- em tratamento prevalência diferença importante do dessa uso na droga (cocaína) e das suas formas de comportamentos de risco para a administração nas diversas regiões do transmissão do vírus HIV em nosso país. Na Região Nordeste, por exemplo, meio, o uso de cocaína é muito pequeno entre investigar os hábitos de usuários de os estudantes. ( CUNHA) drogas As relações que envolvem o uso/abuso consideração de drogas se apresentam como um (DUNN e LARANJEIRA) fenômeno multifacetado e multicausal, O aumento da procura de tratamento por que extrapola limites impostos aspectos usuários antropológicos, de classe social, credo e relacionado com a aparente tendência de raça, e diminuição da procura de tratamento abrangendo todas as esferas das relações por usuários da via injetável. No humanas e dos segmentos sociais em entanto, seriam necessários estudos suas dimensões individual e coletiva. específicos para avaliar essa questão. ( MOUTINHO ) Por outro lado, estudos realizados nos Diversas são as barreiras para um EUA detectaram indícios de uma forte dependente de substâncias psicoativas associação entre uso do crack e chegarem a um tratamento. Em países transações de sexo por drogas ou em desenvolvimento, a principal delas dinheiro17. deve ser a não-universalização, de fato, considerando a via de administração, o dos atendimentos pelo sistema público usuário de crack pudesse ter menor de que risco de contaminação pelo HIV, esse algumas barreiras sejam externas aos risco poderia estar aumentado pelo indivíduos (decorrentes, por exemplo, comportamento da precariedade no sistema de saúde ou Considerando que no Brasil, até maio das características dos programas de de 1994, haviam sido notificados tratamento oferecidos), 11.485 casos de homens infectados em inicialmente, abordá-las não respeitando saúde. Entretanto, fronteiras mesmo interessa, ser brasileiros a de utilizada e levando cultura crack Desta para em brasileira. poderia forma, sexual estar embora, de risco. são razão do uso de drogas e 13.905 pelos infectados por relações homossexuais, próprios sujeitos que procurarão – ou torna-se urgente avaliar o potencial não – o atendimento. ( FONTANELLA) disseminador Há a necessidade de criação de uma comportamento sexual de risco dos entrevista estruturada para avaliar a usuários de drogas. (FERRI) história de uso de drogas e os 3.1 HISTORIA subjetivamente como podendo percebidas do vírus HIV pelo forma cíclica durante aquela década, Os relatos de uso da cocaína datam de tendo atingido o pico de consumo por mais de 1200 anos, quando os nativos volta de 1998. Nesse período, inúmeros sul-americanos dos Andes usavam a trabalhos foram publicados na literatura folha da Erythroxylon coca, por suas internacional a respeito do crescimento propriedades estimulantes. A cocaína é dessa via de administração da cocaína, um alcalóide extraído da folha da dos seus Erythroxylon coca; pode ser encontrada efeitos no organismo, assim como das em duas formas: sal de hidrocloreto e características particulares dos seus “base livre”. A primeira pode ser usada usuários, por via oral, venosa ou intranasal; a criminalidade, comportamento sexual e “base livre” é a mistura da cocaína com influência no risco de transmissão da a amônia e o bicarbonato de sódio, AIDS. (FERRI) sua relação com usada para fumar e mais conhecida como crack, considerada a forma mais 3.2 COMPLICAÇÕES E RISCOS potente da droga. (GAZONI) A cocaína foi usada Um dos aspectos muito importantes no séculos; uso do crack é a dimensão dos acredita-se que originalmente utilizada problemas físicos associados. No trato por que respiratório, têm sido observados vários mastigavam as folhas. Os incas, por problemas como: tosse, expectoração exemplo, acreditavam que a folha da enegrecida, dor peitoral, redução da coca fosse um presente do deus Sol e a função pulmonar, com capacidade de usavam durante suas cerimônias. O expiração comprometida e, em casos primeiro uso medicinal da cocaína na mais graves, pneumotórax espontâneo e Europa é datado de 1884, como um enfisema no mediastino. No aparelho anestésico local para cirurgia ocular. cardiovascular, o aumento da freqüência Atualmente seu uso farmacológico é cardíaca e da PA e o notável efeito aprovado como anestésico local tópico vasoconstritor podem levar a uma na mucosa nasal, oral ou cavidade parada laríngea. (GAZONI) associados ao uso de crack são necrose Nos Estados Unidos, o uso do crack muscular, problemas neurológicos como tornou-se popular em meados dos anos convulsões e hemorragias cerebrais, e 80. Seu desenvolvimento deu-se de problemas psiquiátricos farmacologicamente indígenas por sul-americanos cardíaca. Outros efeitos como paranóia, depressão severa e cardiovascular. ataques de pânico. Alguns estudos cocaína detectaram atendimento de emergência. Já as suas importantes alterações Os efeitos agudos da freqüentemente neurológicas nos filhos de usuárias de manifestações crack, como retardo no crescimento doenças intra-uterino, menor perímetro cefálico, produzir alterações de difícil correlação tremores, rigidez futura ao seu consumo prévio. O uso transitórias. prolongado da cocaína está relacionado muscular irritabilidade, e convulsões crônicas, motivam como cardiovasculares, à A cocaína e o crack são drogas que ventricular esquerda por hipertrofia ou lesionam uma grande área do trato dilatação miocárdica, aerodigestivo superior, abrangendo a disritmias cardíacas, mucosa cardiomiócitos o septo nasal, os cornetos, a faringe, a mucosa oral, a da podem (FERRI). nasal, alteração as função e sistólica aterosclerose, apoptose lesão de simpática. (GAZONI). laringe e, até mesmo, a região superior do esôfago. Isso ocorre devido não apenas aos seus efeitos 3.3 ENFERMAGEM DURANTE O TRATAMENTO irritativo e vasoconstritor, mas também Estudos têm demonstrado que a cocaína porque a inalação de gases quentes em atua e promove alterações em regiões uma mucosa anestesiada pode levar a hipocampais, modificando o mecanismo uma queimadura. Além disso, diversas de substâncias que fazem parte dos frascos envolvido no processo de formação de usados para aquecer o crack – como novas memórias. A diminuição na tinta, disponibilidade material plástico, restos no Long-Term Potentiation de (LTP), dopamina e recipiente e outros – são inaladas, serotonina nestas áreas, durante a podendo ocasionar lesões às mucosas abstinência, tem sido associada com oronasais. (NASSIF). déficits de aprendizado e memória. A cocaína é encontrada em duas formas Resultados semelhantes quanto aos distintas: alcalóide purificado, base déficits de memória e aprendizagem já livre, e o sal de hidrocloreto; seu uso foram tem sido associado a efeitos decorrentes internacional, e estas alterações podem da toxicidade aguda e crônica em prejudicar praticamente capacidade particularmente todos os no órgãos, sistema descritos na literatura significativamente do paciente a incorporar estratégias necessárias para a prevenção por usuários da via injetável. No de recaídas. (CUNHA) entanto, seriam necessários estudos São encontrados prejuízos específicos para avaliar essa questão. neurocognitivos em dependentes de Por outro lado, estudos realizados nos cocaína/crack quando comparados a EUA detectaram indícios de uma forte indivíduos normais, alterações em testes associação entre uso do crack e de atenção, fluência verbal, memória transações de sexo por drogas ou visual, memória verbal, capacidade de dinheiro. aprendizagem e funções executivas. considerando a via de administração, o Dados mostram evidências de que o usuário de crack pudesse ter menor abuso de cocaína está associado a risco de contaminação pelo HIV, esse déficits risco poderia estar aumentado pelo neuropsicológicos Desta forma, significativos, semelhantes aos que comportamento ocorrem em transtornos cognitivos, Considerando que no Brasil, até maio possivelmente relacionados a problemas de 1994, haviam sido notificados em regiões cerebrais pré-frontais e 11.485 casos de homens infectados em temporais. O conhecimento de danos razão do uso de drogas e 13.905 neuropsicológicos específicos pode ser infectados por relações homossexuais, útil no planejamento de programas de torna-se urgente avaliar o potencial prevenção e tratamento mais efetivos disseminador para comportamento sexual de risco dos abuso de cocaína/crack.. sexual embora, do de vírus HIV risco. pelo (CUNHA). usuários de drogas. (FERRI) O estudo do padrão de consumo de O dependente químico tem ficado entre drogas em é de o loucura e o crime, ocupando o lugar para a do doente mental e do transgressor da compreensão da natureza dos distúrbios lei, ambos excluídos pela sociedade e decorrentes desse uso, bem como para a rotulados ora como doentes e ora como determinação das políticas de saúde delinquentes(18). (prevenção e tratamento) dirigidas a propostas de tratamento da dependência esse problema. (FERRI). química propõe a institucionalização do O aumento da procura de tratamento por sujeito, sendo as principais abordagens: usuários médico-farmacológicas, fundamental de dependentes importância crack poderia estar relacionado com a aparente tendência de socioculturais diminuição da procura de tratamento (ROSENSTOCK) A e maioria das psicossociais, religiosas. A internação em si não é o tratamento, cuidados e incentiva o paciente a não mas apenas enfrentamento situações uma da especiais, estratégia de desistir do tratamento. dependência em Estudos objetivando a mais detalhados comportamento da sobre o população usuária promoção inicial de abstinência do uso são necessários, considerando que cada ou a terapia de complicações advindas subgrupo do consumo abusivo. No restante dos apresenta especificidades que podem ser casos, a opção pelo acompanhamento fundamentais ambulatorial se impõe como a melhor, políticas de tratamento e prevenção. não excluindo o paciente de seu (FERRI,) ambiente A enfermagem deve estar ciente de que e investindo responsabilidade pelo na co- tratamento. os de usuários no indivíduos de planejamento que apresentam problemas A ajuda psicológica que a enfermagem substancias também tende a desenvolver pode e deve fornecer aos pacientes um múltiplos apoio moral, pessoal, familiar e social. emagrecimento Durante o tratamento o enfermeiro deve cartilaginosa ouvir queixas dos pacientes e encorajar- principalmente los a continuar o tratamento, observar se abusivo. O plano completo de cuidados os medicamentos prescritos estão sendo de enfermagem incluiria o diagnostico administrado corretamente, estimular a de todas as necessidades de cuidados de socialização, proporcionar atividades e enfermagem do usuário. (STUAT) promover o auto cuidado. Após o O enfermeiro tem um importante papel tratamento a enfermagem deve orientar de educador em saúde, e para que sua a família e o paciente sobre o controle função ambulatorial doando informações e corretamente é necessário que estes apoio para que adote condutas práticas enquanto educadores dispam-se que promovam a saúde mental e reduza qualquer preconceito para a assistência prestada a esses pacientes da abstinencia da uso das (ROSENSTOCK) ansiedade de cocaína abusivo problemas físicos precoce, nasal, como tal como, destruição etc... quando de o seja isto uso é, for exercida que de a dependencia quimica. (LIMA) seja eficaz, adequada e irrefutavelmente O cuidado e o conhecimento sobre o humana. Pois, reconhecer o outro como efeito e a falta da droga causada aos sujeito é uma imposição àqueles que pacientes em reabilitação facilitam os desejam exercer sua profissão na assistência ao usuário de drogas. (LOPES) Alguns estudos de literatura alertam para as limitações nos estudos de populações específicas, como é o caso dos 4 DISCURSSÃO usuários encontram de em drogas que tratamento. se Estes indivíduos parecem apresentar uma As instituições de os diferença significativa quanto ao padrão profissionais ali imersos como atores do de uso e outras características, quando processo são importantes mecanismos comparados a de preservação da qualidade de vida do dependentes que indivíduo e da sociedade em geral. tratamento. No entanto, esses dados são Assim, a enfermeira é a profissional úteis como indicadores indiretos, sendo, com maior campo de ação neste âmbito, freqüentemente, utilizados para avaliar a e tem, portanto, de se capacitar para prevalência entender o fenômeno das drogas no abusivo. contexto social, político, econômico e especificamente, o padrão de uso e humano, que outras características parecem diferir, do quando comparados não apenas com com contribuam para saúde e estratégias a superação problema. (ABARCA) Houve aumento da procura de de populações de não em estão usuários Em relação populações que tratamento, mas, com ao não uso crack estão também, em com tratamento por usuários de crack nos populações que fazem uso abusivo de últimos quatro anos, em outras drogas. (FERRI) serviços públicos. Esse aumento ressalta a A pratica profissional perpassa pelo necessidade de um conhecimento mais campo amplo das características desse tipo de subjetividade usuário que permita uma abordagem experiências, valores. terapêutica mais eficiente. Alguns dados sentimentos sobre de literatura indicam que a aderência vivenciados. No desses fenômeno usuários a programas de do conhecimento refletindo das a e crenças, Ideologias os que da e fenômenos diz drogas, respeito torna-se tratamento é ainda menor que a de fundamental identificação dos abusadores de outras drogas ou de princípios que norteiam as concepções cocaína por outra via de administração. dos enfermeiros, permitindo a análise e (FERRI) compreensão de sua atuação diante do problema. Nesse sentido, cabe notar que enfermeiros são com e a confiança do paciente. Confiando e amplas possibilidades de acesso aos se sentindo seguro e protegido o indivíduos envolvidos com o fenômeno paciente dificilmente terá pudor em das drogas em todas as fases do falar sobre seu uso de drogas e problema, a consequentemente não faltará com a importância de inclusão destes nas verdade para com o profissional de sua estratégias confiança. (LOPES) o profissionais que de caracteriza enfrentamento do uso/abuso de drogas. (MOUTINHO) Ao atuar com usuários de drogas o 5 CONCLUSÃO enfermeiro deve pesquisar, provar e testar modos de cuidar que sejam O uso abusivo de Cocaina e Crak bem resolutivos, sem perder a característica como outras drogas( maconha, alcool, humana Terapia etc...) é considerado pela organização Comunitária, por exemplo, é um espaço mundial da saúde( OMS ) como um onde se procura partilhar experiências grave problema de saúde publica. de vida e sabedorias de forma horizontal A cocaina e o crak podem causar danos e circular, cada um torna-se terapeuta de irreversíveis que vão desdeproblemas si mesmo, a partir da escuta das orgânicos ate na vida social/ familhar do histórias de vida que ali são relatadas. individuo usúario. Neste espaço o enfermeiro é capaz de Hoje sabe-se que o uso de cocaina e reconhecer os problemas relacionados crak, ultrapassou as fronteiras da classe ao uso de drogas, bem como realizar o social acolhimento e breve sensibilização, pelo assustador do consumo destas drogas. confronto dos problemas relatados pelo O conhecimento dos profissionais da usuário e sua associação com o uso de enfermagem sobre o asssunto, podem drogas. (ROSENSTOCK) facilitar o enfrentamento dos pacientes O no vínculo processo. terapêutico A favorece econômica, daí o aumento a durante o tratamento, uma vez que assistência à medida que o paciente se pacientes em recuperação, passam por sente mais a vontade para falar do seu um duro periodo de abstinência onde a problema ou até mesmo silenciar se for falta da droga, pode causar alterações de mais conveniente para ele. Desse modo, humor, o que pode levar o paciente a o vínculo terapêutico também é um desistir do tratamento. A enfermagem balizador das atitudes dos profissionais deverá perceber estes sinais e oferecer o que geram em contrapartida a segurança conhecimento adquirido para fortalecer a reabilitação. É importante ressaltar a importância da CUNHA, Paulo J et al . do Alterações neuropsicológicas em tratamento no pós alta. Como a busca dependentes de cocaína/crack por internados: dados religiosa dentre outras, para que não preliminares. Rev. Bras. ocorram recaidas. Psiquiatr., São Paulo, v. 26, n. Outro desafio que não cabe somente aos 2, June 2004; grupos de continuidade • apoio, orientação profissionais da enfermagem, mas de • DUNN, John; LARANJEIRA, toda a sociedade, é de levar informação Ronaldo R. Desenvolvimento de para as pessoas com relação ao real entrevista risco das drogas, diminuir o preconceito avaliar consumo de cocaína e e a questão da reintegração dos ex- comportamentos de risco. Rev. usuarios a sociedade. Bras. Psiquiatr., São Paulo, v. O tratamento só terá sucesso se p 22, n. 1, Mar. 2000; paciente confiar dificuldades que os limites serão e as • incontradas estruturada para FERRI, C.P. et al . Aumento da procura de tratamento por durante o tratamento. usuários de crack em dois “Doar conhecimentos, encorajar, entre ambulatórios na cidade de São outros Paulo: nos anos de 1990 a fazem parte do papel do enfermeiro.” 1993. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v. 43, n. 1, mar. 1997; • FONTANELLA, Bruno José Barcellos; TURATO, Egberto 6 REFERÊNCIAS Ribeiro. Barreiras na relação clínico-paciente em dependentes • ABARCA, Alfonsyna Montoya de de; PILLON, Sandra Cristina. procurando Percepção Saúde Pública, São Paulo, v. de estudantes de enfermagem sobre os preditores do uso de drogas. Rev. LatinoAm. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 16, n. spe, Aug. 2008 substâncias psicoativas tratamento.Rev. 36, n. 4, Aug. 2002 . • GAZONI, Fernanda Martins et al . Complicações cardiovasculares em usuário de cocaína: relato de caso. 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