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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
GIOVANNA PAULA ZANETTI FREIRE
HEMANGIOSSARCOMA CANINO – Revisão de Literatura
CURITIBA – PR
2009
GIOVANNA PAULA ZANETTI FREIRE
HEMANGIOSSARCOMA CANINO – Revisão de Literatura
Monografia apresentada a Universidade
Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,
como requisito parcial para a obtenção do
título de especialista em Clínica Médica de
Pequenos Animais
Orientadora:. Valéria Teixeira
CURITIBA – PR
2009
GIOVANNA PAULA ZANETTI FREIRE
HEMANGIOSSARCOMA CANINO – Revisão de Literatura
Monografia apresentada a Universidade
Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,
como requisito parcial para a obtenção do
título de especialista em Clínica Médica de
Pequenos Animais
APROVADA EM: __________/_________/___________
BANCA EXAMINADORA
_____________________________
Presidente
_____________________________
Primeiro Membro
_____________________________
Segundo Membro
Ao meu irmão Roberto e aos meus pais Carlos e Loredana.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Carlos Dalberto Freire e Loredana Zanetti Freire pelo amor,
carinho, paciência e orientação.
Ao meu irmão Roberto Zanetti Freire pela amizade carinho e por estar
sempre ao meu lado me orientando e me dando forças para melhorar.
A professora Valéria Teixeira pela paciência, ajuda, dedicação e amizade.
A Equalis por fornecer esta especialização, seus proprietários sempre
presentes e esforçados em atender da melhor forma todos os alunos, seus
funcionários sempre atenciosos e amigáveis e aos ótimos professores escolhidos
por essa instituição.
A todos aqueles que me ajudaram a construir este trabalho pelo incentivo e
paciência, em especial ao Everton Rodrigo Carvalho Gonçalves.
“Crescer pelo gosto de crescer é a
ideologia da célula cancerígena”. (Edward
Abbey).
Sumário
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................... 6
LISTA DE QUADROS ............................................................................................. 7
RESUMO................................................................................................................. 8
ABSTRACT ............................................................................................................. 9
1.
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 10
2.
REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 12
2.1
HEMANGIOSSARCOMA CANINO.................................................................... 12
2.2
CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS E CLINICOPATOLÓGICAS ................................... 15
2.3
DIAGNÓSTICO............................................................................................ 17
2.4
TRATAMENTO ............................................................................................ 18
2.4.1 Quimioterapia ........................................................................................ 19
2.4.2 Terapia biológica ................................................................................... 22
2.4.3 Radioterapia .......................................................................................... 23
2.5
PROGNÓSTICO .......................................................................................... 24
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 25
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 26
ANEXO.................................................................................................................. 30
Lista de Figuras
Figura 1: Baço de cão com hemangiossancoma ................................................... 13
Figura 2: Coração de cão com hemangiossarcoma .............................................. 14
Figura 3: Cão com hemangiossarcoma na pele .................................................... 16
Lista de Quadros
Quadro 1: Esquema de administração da doxorrubicina. ...................................... 20
Quadro 2: Esquema de administração do protocolo VAC em cães. ...................... 21
Quadro 3: Esquema de administração do protocolo VAC II em cães. ................... 22
RESUMO
Hemangiossarcoma é um tumor maligno originado de células sanguíneas, onde
são preenchidos por sangue ocasionando vários distúrbios de coagulação.
Dependendo de sua localização, o hemangiossarcoma pode romper e ocasionar
sérias hemorragias. Considerado um tumor muito agressivo pela sua capacidade
de metastizar rapidamente, este tipo de tumor ocorre em cães mais velhos na
faixa etária entre oito a 13 anos. Geralmente, os principais órgãos acometidos são
o baço, fígado, coração e a pele. Além disso, o diagnóstico é freqüentemente
difícil, podendo apresentar sintomas muitas vezes inespecíficos. Este trabalho
apresenta uma revisão de literatura com o objetivo de demonstrar a importância
do hemangiossarcoma na população canina.
Palavras-chave: Neoplasia, células sanguíneas, quimioterapia.
ABSTRACT
Hemangiosarcoma is a form of cancer which originates from blood cells where they
are filled with blood resulting many blood disorders. According to their placement
into the blood vessels they can be responsible for serious hemorrhages.
Considered an aggressive tumor because of its fast metastasis capacity, this type
of tumor frequently appears in dogs between eight and 13 years old. Usually, there
is a strong predilection for the spleen, liver, heart and the skin. Moreover, the
diagnostic is frequently difficult and uncommon symptoms always happen. This
work presents a literature review where the main objective is to demonstrate the
importance of the hemangiosarcoma disease in the canine population.
Keywords: Neoplasm, sanguineous cells, chemotherapy.
10
1.
INTRODUÇÃO
Nos dias atuais a evolução da medicina veterinária tem sido algo em
crescente expansão, devido às pessoas estarem cada vez mais dando a devida
importância aos animais. Importância esta demonstrada pelo cuidado, atenção e
carinho de seus donos, fazendo com que a estimativa de vida aumente e
conseqüentemente estão sendo observadas, doenças que não eram muito
comuns antes porque a sobrevida dos animais é maior.
Devido à oncologia ser um tema fascinante e bastante discutido tanto na
medicina humana quanto animal, pela sua dificuldade de tratamento e métodos
diagnósticos o tema abordado fala especificamente de um tumor onde é
necessário entender a sua etiopatogenia.
A maioria dos tumores surge por mutações genéticas ou por rearranjos de
genes, influenciados por fatores físicos, químicos e também hereditários.
Ao
longo do tempo, as células tumorais podem adquirir capacidade de invasão local e
não é atacada pelas defesas normais do sistema imunológico, isto acontece
porque não são reconhecidas como células normais. O tumor também, por ter
características e funções diferentes das células normais, necessita de um sistema
diferenciado de vascularização. Os tumores malignos geralmente podem matar
através de seu crescimento que pode exercer pressão nos tecidos normais
adjacentes com diminuição da função do órgão atingido, causando dor, bloqueio
dos vasos linfáticos adjacentes e interrupção da irrigação vascular. Dependendo
de seu local de desenvolvimento ou expansão, se torna incompatível com a vida,
11
como perto de pulmões, obstruindo vias urinárias e ductos biliares, intestinos e
cérebro. Além de tudo isso ainda tem a capacidade de metastizar, devido às
células tumorais possuírem pouca aderência entre si, sendo carregadas pela
corrente sanguínea e vasos linfáticos.
Este trabalho tem como objetivo relatar o tumor maligno chamado de
hemangiossarcoma, na espécie canina, tumor este em destaque por ser
desafiador aos médicos veterinários, pelo seu difícil diagnóstico e sinais
inespecíficos.
Não se sabe exatamente o que provoca o hemangiossarcoma, mas fortes
indícios evidenciam ser uma doença de caráter hereditário pois em algumas raças
o risco é maior que em outras, como será descrito no trabalho.
O Hemangiossarcoma é um tumor maligno de células endoteliais que se
caracteriza por metástases extensas, sendo cavitário e sangrando profusamente
quando cortado. Geralmente ocorre primariamente no baço, fígado, átrio direito e
tecido subcutâneo. Pode causar anemia hemorrágica grave por sangramento
intermitente. Mais comuns em cães especialmente nos pastores alemães.
12
2.
REVISÃO DE LITERATURA
Dentre os tumores que afetam os cães, o hemangiossarcoma por ser uma
neoplasia extremamente agressiva, de difícil diagnóstico e alto poder metastático
será relatado nesta revisão de literatura com o objetivo de sintetizar as
informações sobre seus sinais clínicos, órgãos e sistemas acometidos, suas
opções de diagnóstico, prognóstico e tratamento.
2.1
Hemangiossarcoma Canino
Sinônimos: Angiossarcoma, hemangioendotelioma.
O hemangiossarcoma (HSA) é uma neoplasia originária de células
endoteliais, em geral o comportamento desta neoplasia é altamente agressivo,
tanto com relação à infiltração como com relação a metástases. A única exceção é
o hemangiossarcoma dérmico primário, que possui poder metastático mais baixo
do que os tumores que se originam no tecido subcutâneo (BLOOD; STUDDENT,
2002; COUTO, 2001; PETERSON; COUTO, 1998).
Estima-se que este tipo de tumor é responsável por 5 - 7 % de todos os
tumores malignos observados em cães (COUTO, 2001; MODIANO et al., 2008;
MOROZ; SCHWEIGERT, 2007)
Este tumor pode surgir em qualquer tecido com vasos sanguíneos , mas o
local mais comum do aparecimento desse tumor em cães é no baço, mostrado na
13
Figura 1, seguidamente no átrio direito do coração (demonstrado na Figura 2) no
tecido
subcutâneo
e
no
fígado.
Outros sítios de
origem primária
do
desenvolvimento do HSA são: pele, pulmão, aorta, rins, cavidade oral/língua,
músculo, cérebro, osso, bexiga, intestino, próstata, vulva/vagina, conjuntiva e
peritônio. Os mais freqüentes sítios de metástases deste tumor são em fígado,
omento, mesentério e pulmões (FANKHAUSER, et al., 2004; FERRAZ et al., 2008;
MODIANO et al., 2008; MOROZ; SCHWEIGERT, 2007).
Figura 1: Baço de cão com hemangiossancoma.
Fonte: FANKHAUSER et al., 2004.
14
Figura 2: Coração de cão com hemangiossarcoma.
Fonte: FANKHAUSER et al., 2004.
Cães de qualquer raça e idade são suscetíveis a esta doença, porém a
incidência é maior em cães de meia idade, entre oito a 13 anos. Já a idade
relatada do aparecimento dos tumores viscerais varia entre cinco a 17 anos, em
média 10,7 anos e os tumores não viscerais aparecem dos três aos 17 anos com
média
de
9,7
anos.
(COUTO,
2001;
FERRAZ
et
al,
2008;
GABOR;
VANDERSTICHEL, 2006; MOROZ; SCHWEIGERT, 2007).
As manifestações cutâneas do HSA são mais comumente observadas em
cães com pelagem mais rarefeita e pele menos pigmentada como exemplo:
Beagles, Bulldogs brancos, Pointer Inglês, Whippets, Pitbull, Boxer e os Dálmatas
e estão sendo associadas à exposição solar e a predisposição genética. Já as
manifestações viscerais ocorrem com maior freqüência em cães como exemplo:
15
Pastor Alemão, Golden Retriever, Labrador Retriever, Boxer, Pointer, Italian
Greyhound, Basset Hound e os Beagle. Por se originar do endotélio vascular, o
HSA pode ocorrer em qualquer região vascularizada do corpo. A predisposição
por sexo e a causa ainda não está bem esclarecida, aparentemente tendo maior
incidência em machos (FERRAZ et al., 2008; MOROZ; SCHWEIGERT, 2007;
WILKINSON; HARVEY, 1994).
2.2
Características Clínicas e Clinicopatológicas
Esta doença tem caráter indolente, não causa dor e o crescimento na fase
inicial é baixo.
Os sinais clínicos variam de acordo com a localização do tumor primário,
podem evoluir para morte súbita até sinais inespecíficos como: fraqueza,
distensão abdominal, taquicardia, taquipnéia, mucosas pálidas, perda de peso. A
morte súbita é observada no caso de rompimento de tumores viscerais devido à
hemorragia em cavidades corporais, como exemplo a ruptura cardíaca ou visceral.
HSA esplênico e hepático são avaliados em decorrência da distensão
abdominal secundária pelo desenvolvimento tumoral.
HSA cardíaco geralmente são confundidos com insuficiência cardíaca
congestiva direita, provocada por tamponamento cardíaco ou obstrução da veia
cava pelo crescimento da massa tumoral ou arritmias cardíacas que podem
causar síncopes, ataxia e cianose.
16
HSA cutâneos ou subcutâneos geralmente são observados como uma
forma discreta, elevada, vermelha escura a roxa, como observado na Figura 3.
Estas lesões podem sangrar profusamente quando cortadas, e em tumores mais
invasivos com comprometimento muscular pode haver inchaço do músculo e
edema distal.
Figura 3: Cão com hemangiossarcoma na pele.
Fonte: WIKIPEDIA, 2008.
Cães com hemangiossarcoma independentemente do local ou estágio do
tumor sempre apresentam anemia e hemorragia espontânea. Anemia, resultado
de sangramento intracavitário ou hemólise microangiopática e a hemorragia
devido à coagulação intravascular disseminada - CID (onde os fatores de
coagulação sanguínea
são
consumidos rapidamente)
ou trombocitopenia
17
secundária a microangiopatia (COUTO, 2001; FANKHAUSER et al.; FERRAZ et
al., 2008; GALINDO, 2008; HAHN, 2001; MILLER; SISSON, 1997; MODIANO et
al., 2008; PETERSON; COUTO, 1998; TILLEY e SMITH JR, 2003; WILLARD,
2001).
A incidência do HSA ósseo é muito rara, causa intensa osteólise e fraturas
patológicas, sendo os ossos mais acometidos o úmero (região proximal), as
costelas, o fêmur e as vértebras (FERRAZ et al., 2008; JOHNSON et al., 1997;
TILLEY e SMITH JR, 2003).
As anormalidades hematológicas em cães com HSA incluem anemia;
trombocitopenia; presença de hemácias nucleadas, fragmentos (esquistócitos) e
acantócitos no esfregaço sanguíneo; e leucocitose com neutrofilia, desvio à
esquerda e monocitose (COUTO, 2001; COUTO; HAMMER, 1997; FANKHAUSER
et al., 2004; FERRAZ et al., 2008; PARREIRA; KEGLEVICH, 2005; RICHARDS,
2008; WEISER, 1996).
2.3
Diagnóstico
O diagnóstico do HSA se baseia nas suspeitas com base em raça, idade,
sinais clínicos, história e exame físico do animal.
Outros exames que podem fornecer um apoio adicional incluem
hemograma completo, perfil bioquímico sérico, abdominocentese, urinálise,
coagulograma, radiografias torácicas e abdominais, ultra-sonografia abdominal e
citologia.
18
Geralmente a citologia é feita como primeira opção quando se tem um
derrame de sangue na cavidade torácica ou abdominal. A toracocentese ou
abdominocentese são feitas para proprorcionar alívio clínico aos pacientes e
permitem a coleta de amostra para a citologia, que pode revelar células
neoplásicas. No entanto, esta porção de células nem sempre é suficiente para a
confirmação do diagnóstico. A citologia pela punção aspirativa com agulha fina
também fornece um diagnóstico pouco confiável porque o sangue coletado é típico
de hemorragia neoplásica, sendo menos freqüente o achado de células
específicas de hemangiossarcoma.
Em geral um diagnóstico presuntivo clínico ou citológico do HSA deve ser
confirmado pela histopatologia. Se a avaliação histopatológica não se mostrar
suficiente, deve se recorrer ao exame imunohistoquímico - amostras coradas para
antígeno relacionado ao fator VIII permitem a identificação precisa de células
endoteliais.
A diferenciação do hemangiossarcoma com outros tumores tanto malignos
como benignos somente é feita pela histopatologia (COUTO, 2001; COUTO;
HAMMER, 1997; FANKHAUSER et al., 2004).
2.4
Tratamento
O tratamento de eleição para o HSA é a cirurgia, para a diminuição ou
eliminação do tumor primário quando possível e seguida por quimioterapia
intensiva. O procedimento cirúrgico deve respeitar as margens de segurança que
19
variam de 2 a 3 cm em todos os sentidos ao redor do tumor. Em alguns casos a
cirurgia não é viável, como nos casos de disseminação metastática.
A esplenectomia é realizada para HSA esplênico. Para tumores cardíacos a
ressecção da massa auricular é possível em alguns casos.
A amputação pode ser realizada para tumores ósseos de extremidades e a
nefrectomia para tumores renais. A cistectomia parcial para remover tumores da
bexiga urinária.
A sobrevida varia de acordo com a localização do tumor, com exceção do
hemangiossarcoma dérmico, para os outros tumores a sobrevida é curta,
aproximadamente 20 a 60 dias, principalmente por serem diagnosticados
tardiamente, pois geralmente são achados de exame físico e clinicopatológicos,
em conjunto com alterações da ultra-sonografia e radiografias.
Não existe nenhuma outra terapia que tenha sido provada a eficácia para o
controle do HSA.
2.4.1 Quimioterapia
Devido ao alto poder metastático do HSA, a quimioterapia é muito
importante após a remoção cirúrgica do tumor, aumentando mais ainda a
sobrevida do paciente que foi somente submetido à cirurgia.
Protocolos quimioterápicos baseados no uso da doxorrubicina sozinha ou
em associações a outros medicamentos quimioterápicos, com a ciclofosfamida e
vincristina, são os mais utilizados (COUTO, 2001; FANKHAUSER et al., 2004;
20
FERRAZ et al., 2008; FOSSUM, 2002; MILLER; SISSON, 1997; MODIANO et al.,
2008; PETERSON; COUTO, 1998).
A doxorrubicina sozinha é a droga de eleição para tratar HSA (esquema de
administração mostrado no Quadro 1), usa-se 30 mg/m2 endovenoso, para cães
com mais de 10 kg (tabela de conversão de kg para m2 está demonstrada no
anexo) e 25 mg/m2 endovenoso, para cães com menos de 10 kg, mas é preciso
tomar alguns com cuidados com essa droga, como a aplicação de difenidramina
(anti-histamínico) na dose de 1 mg/kg intramuscular, antes da administração de
doxorrubicina, pois a administração muito rápida da doxorrubicina pode provocar
reação alérgica intensa podendo levar o animal a óbito. Esta droga também pode
provocar cardiotoxidade e mielotoxicidade, sendo necessário fazer avaliações
através de eletrocardiograma, ecocardiografia e incluindo a contagem de
plaquetas antes da administração desta droga. Cães com granulócitos inferior a
3000 celulas/µl devem ter a quimioterapia interrompida por três a cinco dias,
podendo ser administrados antibióticos para cães que se demonstrarem febris ou
como medida profilática para que isso não aconteça, usa-se sulfametoxazol com
trimetoprina na dose de 10 a 20 mg/kg via oral a cada 12 horas, por oito dias.
Quadro 1: Esquema de administração da doxorrubicina.
Fonte: FERRAZ et al., 2008; RODASKI; NARDI, 2004.
Dia
1º
22º
Doxorrubicina
X
Repetir a aplicação de doxorrubicina, prosseguindo com
administrações a cada 3 semanas, num total de 3 a 6 vezes.
21
Os dois protocolos quimioterápicos mais usados para o tratamento do HSA
são, os protocolos VAC e o VAC II.
O protocolo VAC se baseia na combinação da doxorrubicina com vincristina
e ciclofosfamida, as dosagens usadas neste protocolo são: 25 mg/m2 de
doxorrubicina endovenoso, 0,7 mg/m2 de vincristina endovenoso e 50mg/m2 de
ciclofosfamida por via oral a cada 24 horas. Cuidados também têm que ser
tomados com a ciclofosfamida, pois ela pode causar cistite hemorrágica, quando o
tratamento deve ser interrompido. Neste caso, a terapia se limita ao uso de
antibióticos e corticosteróides orais. A antibioticoterapia é feita com sulfametoxazol
mais trimetoprina na dose de 10 a 20 mg/kg via oral a cada 12 horas, por oito dias,
igualmente utilizada no protocolo usando a doxorrubicina sozinha e na
corticoterapia pode ser usada a prednisona na dose de 20mg/m 2 por via oral, a
cada 24 horas, durante sete dias. Usando a vincristina, deve-se acompanhar o
hemograma do paciente, pois pode causar supressão da medula óssea. O
esquema de administração é mostrado no Quadro 2.
Quadro 2: Esquema de administração do protocolo VAC em cães.
Fonte: FERRAZ et al., 2008; RODASKI; NARDI, 2004.
Dia
1º
8º ao 11º
15º ao 17º
22º
Doxorrubicina
Vincristina
Ciclofosfamida
X
X
X
X
Repetir todo o ciclo acima, num total de 6 vezes.
22
O protocolo VAC II demonstrado no Quadro 3, se diferencia de VAC por
alterações em dosagem e esquema de administração, a vincristina é usada na
dosagem de 0,7 mg/m2 endovenoso, 30mg/ m2 de doxorrubicina endovenoso para
cães com mais de dez quilos, 25 mg/m2 endovenoso para cães com peso menor
ou igual a dez quilos ou 1 mg/kg endovenoso para cães com menos de dez quilos,
e a ciclofosfamida na dosagem de 200 mg/m2 via oral ou endovenoso. Usa-se a
mesma antibioticoterapia do protocolo VAC (BONAGURA; LEHMKUHL, 1998;
FERRAZ et. al., 2008; FOSSUM, 2002; McENTEE; PAGE, 1998; RODASKI;
NARDI, 2004; ROSENTHAL, 1997).
Quadro 3: Esquema de administração do protocolo VAC II em cães.
Fonte: FERRAZ et al., 2008; RODASKI; NARDI, 2004.
Dia
1º
8º
15º
22º
Doxorrubicina
Ciclofosfamida
Vincristina
X
X
X
X
Repetir todo o ciclo acima, num total de 4 a 6 vezes.
2.4.2 Terapia biológica
Outro adjuvante no aumento do tempo de vida dos pacientes é a terapia
biológica, associada à cirurgia e a quimioterapia. O imunomodulador muramil
tripeptídeo fosfatidiletanolamina (MTP-PE) é capaz de estimular macrófagos e
monócitos em reconhecer e destruir células neoplásicas e seu encapsulamento
23
em lipossomo (L-MTP-PE) prolonga sua meia vida na circulação estimulando a
ação antitumoral dos monócitos. Cães com L-MTP-PE adicionado ao tratamento
apresentam menor ocorrência de metástases Recomenda-se o iníco do
tratamento no primeiro dia da quimioterapia prosseguindo por oito semanas. As
aplicações são feitas duas vezes por semana, por via endovenosa por cinco a oito
minutos. A primeira dose é de 1 mg/m2 , enquanto as doses seguintes são de 2
mg/m2 (COUTO, 2001, COUTO; HAMMER, 1997; FANKHAUSER et al., 2004;
FERRAZ et al., 2008).
2.4.3 Radioterapia
A radioterapia para HSA não é muito utilizada devido à localização dos
tumores e a alta taxa de metástases. Pode ser usada em tumores envolvendo pele
ou tecidos adjacentes que não podem ser removidos completamente.
A radioterapia paliativa também pode ser usada para controlar hemorragias
e aliviar a dor associada com neoplasia óssea, uma vez que o HSA geralmente é
considerado
uma
doença
sistêmica
e
não
FANKHAUSER et al., 2004; FERRAZ et al, 2008).
localizada
(CRONIN,
2008;
24
2.5
Prognóstico
Para tumores viscerais o prognóstico é de reservado a ruim, devido ao seu
diagnóstico muitas vezes tardio, a grande incidência de metástases, invasão
tecidual e alterações bioquímicas no período do diagnóstico. Já para os tumores
de pele o prognóstico é bom dependendo do diagnóstico precoce e o não
envolvimento de tecidos adjacentes (COUTO, 2001; FANKHAUSER et al., 2004;
FERRAZ et al., 2008; WILLARD, 2001) .
25
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Já está em estudo na Universidade Norte Americana de Minnesota um
método para a identificação do hemangiossarcoma canino, uma vez que o
diagnóstico precoce é fundamental para o tratamento desta doença. Esta doença
é um desafio porque é de difícil diagnóstico devido aos seus sintomas
inespecíficos. O estudo desta universidade mostra que para o tumor se
desenvolver ele precisa de fatores de crescimento, e um destes fatores é do
endotélio vascular ou VEGF-A, que age através da ligação a receptores
específicos nas células do hemangiossarcoma. Com essa descoberta, novas
drogas estão sendo testadas por várias empresas farmacêuticas para interferir nos
sinais transmitidos por esses receptores, mas o caminho é lento, pois é preciso
que essas drogas não interfiram nas células normais.
Sabe-se também que carregar a mutação não significa necessariamente
que o animal vai ter o câncer, por isso os métodos de detecção são tão difíceis
(MODIANO et al., 2008).
Este trabalho teve como objetivo demonstrar a importância desta doença e
de seu diagnóstico precoce, para que o clínico possa escolher a melhor forma de
tratamento e dar uma qualidade de vida melhor ao paciente.
26
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ANEXO
31
Tabela de conversão de peso corporal (kg) em superfície corpórea (m2)
para cães.
Fonte: GILSON; PAGE, 1998.
Conversão de peso corporal (kg) em área superficial corporal em
metros quadrados (m2) para os cães.
kg
m2
kg
m2
0,5
0,06
29,0
0,94
1,0
0,10
30,0
0,96
2,0
0,15
31,0
0,99
3,0
0,20
32,0
1,01
4,0
0,25
33,0
1,03
5,0
0,29
34,0
1,05
6,0
0,33
35,0
1,07
7,0
0,36
36,0
1,09
8,0
0,40
37,0
1,11
9,0
0,43
38,0
1,13
10,0
0,46
39,0
1,15
11,0
0,49
40,0
1,17
12,0
0,52
41,0
1,19
13,0
0,55
42,0
1,21
14,0
0,58
43,0
1,23
15,0
0,60
44,0
1,25
16,0
0,63
45,0
1,26
17,0
0,66
46,0
1,28
18,0
0,69
47,0
1,30
19,0
0,71
48,0
1,32
20,0
0,74
49,0
1,34
21,0
0,76
50,0
1,36
22,0
0,78
51,0
1,38
23,0
0,81
52,0
1,40
24,0
0,83
53,0
1,41
25,0
0,85
54,0
1,43
26,0
0,88
55,0
1,45
27,0
0,90
56,0
1,47
28,0
0,92
57,0
1,48
Podem-se calcular os valores específicos utilizando a seguinte fórmula:
Área superficial corporal (m2) = (k) x (peso)2/3 / 104 , onde (k) = 10,1 para os
cães.
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