Estudo de Eficácia do Tratamento Homeopático Versus Tratamento

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Artigo
original
Estudo de Eficácia do Tratamento
Homeopático Versus Tratamento Alopático
em Pacientes Portadores de Transtornos
Decorrentes do Tuberculinismo Infantil
An Evaluation of Homeopathic Treatment in Contrast to Allopathic Remedies
Provided to Patients Affected with Sequelae of Tuberculinism
R O M E U C A R I L L O J R . 1 , M A R I A S O L A N G E G O S I K 2 , A U RO R A T O N G L E T
C A S T RO P E R E I R A 3 , S U M I K O O. W A K A B A R A 3 , M A R I A R E G I N A
F. C O R R Ê A 3 , H I T O M I A . K U RO I WA 3 , M A R I A J O S É S O U S A 3
m
R ESUMO
Com base na teoria da gênese imunitária do tuberculinismo, proposta por Carillo Jr.
em 1998, os autores deste estudo pesquisaram a eficácia terapêutica da Homeopatia em 57
pacientes da Clínica Pediátrica da Unidade de Homeopatia do Hospital do Servidor
Público Municipal de São Paulo, na faixa etária compreendida entre dois e oito anos de
idade. As crianças analisadas eram portadoras de transtornos exclusivamente decorrentes de
tuberculinismo infantil.Tais crianças estavam sendo acompanhadas clinicamente há cinco
anos e, anteriormente, haviam sido submetidas a tratamento alopático, sem apresentar
resultados satisfatórios. Entre os quadros clínicos observados constavam rinite, asma e
nasofaringite.Transtornos também decorrentes do tuberculinismo, tais como: deficiência
no desenvolvimento ponderal, deficiência de atenção, agitação noturna, febres periódicas,
sinusites, certos quadros dermatológicos entre outros, não puderam ser incluídos neste
estudo por estarem – na amostra em questão – associados a outras diáteses. Os resultados
foram analisados estatisticamente e revelaram significativa eficácia da terapêutica
homeopática. O estudo também apontou as causas extrínsecas mais comuns, a importância
de transtornos correlatos como, por exemplo, bloqueios emunctoriais e lesões orgânicas,
assim como as possíveis soluções para afastar tais obstáculos.
Unitermos: Rinite, Asma, Nasofaringite,Tuberculinismo, Homeopatia.
m
1. M.Sc.Chefe da Unidade de Homeopatia do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM-SP).
2. Responsável pela Clínica Pediátrica da Unidade de Homeopatia do HSPM-SP.
3. Monitores da Clínica Pediátrica da Unidade de Homeopatia do HSPM-SP.

Homeopat. Bras., 9(1): 16-22, 2003
Artigo
original
I NTRODUÇÃO
Na primeira metade do século passado1,2,3, a
teoria do tuberculinismo mereceu a atenção de
um grande número de homeopatas,
notadamente franceses. A alta prevalência de
distúrbios decorrentes dessa diátese justifica tal
postura, muito embora a sua origem toxínica1
fosse, por diversas razões, insustentável, sob o
ponto de vista científico. Recentemente, Carillo
Jr. (1998)4 refutou a origem toxínica hereditária
do tuberculinismo, atribuindo-lhe a gênese
imunitária, o que permitiu criar relações entre
um grande número de patologias e essa diátese,
além de vislumbrar um novo enfoque sobre a
crescente incidência da tuberculose. Em um
estudo5, demonstrou-se a alta prevalência de
transtornos que comumente ocorrem na
infância, cuja origem está associada ao
tuberculinismo, um fato que pode ser facilmente
explicado pela natural imaturidade do Sistema
Retículo Endotelial (SRE) hepático nessa faixa
etária4,6.Tal constatação recebeu atenção
especial dos referidos pesquisadores, uma vez
que crianças, mesmo sem antecedentes
familiares de tuberculinismo, apresentam, sob
certas circunstâncias, manifestações dessa diátese.
Nesses casos, o termo incompatibilidade
diatésica foi, então, substituído por
tuberculinismo infantil6, uma vez que,
praticamente, qualquer indivíduo dessa idade
está sujeito a desenvolver quadros dessa diátese,
em razão da deficiência ou imaturidade do SRE
hepático. Essa deficiência ou imaturidade do
sistema se dá em decorrência da falha ou déficit
na transformação das células endoteliais
primitivas em células de Kupffer7, ou da baixa
estimulação fagocitária dessas células frente ao
aumento toxínico de qualquer origem, ou ainda
pela passagem de macromoléculas,
principalmente as provenientes da incompleta
digestão de proteínas. Com base nas
Homeopat. Bras.
informações obtidas, constatou-se ser essa a
causa de inúmeros processos febris inespecíficos
e alergias como a asma, rinite e certos tipos de
eczemas. A compreensão dessa deficiência ou
imaturidade do SRE hepático parece ter
contribuído para aumentar significativamente a
eficácia do tratamento homeopático nos casos
de pacientes acometidos por essas patologias.
Esta pesquisa comparou a eficácia entre os
tratamentos homeopático e alopático nos
transtornos decorrentes do tuberculinismo
infantil, a partir da análise de pacientes atendidos
no ambulatório de Pediatria da Unidade de
Homeopatia do Hospital do Servidor Público
Municipal de São Paulo (HSPM-SP).
M ATERIAL
E
M ÉTODOS
A amostra constituiu-se de pacientes na
faixa etária compreendida entre dois e oito
anos de idade, atendidos no ambulatório de
Pediatria da Unidade de Homeopatia do
Hospital do Servidor Público Municipal de São
Paulo, nos últimos cinco anos.Todos
apresentaram exclusivamente transtornos
decorrentes do tuberculinismo infantil e,
anteriormente, já haviam sido submetidos a
tratamento alopático insatisfatório. Entende-se
por tratamento alopático insatisfatório aquele
que não alcançou qualquer tipo de melhoria
após 18 meses de tratamento, isto é, suspensa a
medicação ou reduzida a dosagem, o paciente
voltava a apresentar quadro idêntico ao inicial.
Tal critério para atestar a eficácia do tratamento
alopático é igualmente utilizado para avaliação
dos resultados conseguidos por meio do
tratamento homeopático.
Selecionaram-se os pacientes que
apresentaram diagnósticos de rinite, asma e
nasofaringite. Outros transtornos decorrentes do
tuberculinismo como, por exemplo, deficiência
no desenvolvimento ponderal, deficiência de
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atenção, agitação noturna, febres periódicas,
sinusites, certos quadros dermatológicos e outros,
não puderam fazer parte deste estudo por
estarem, na amostra analisada, associados a outras
diáteses. A intensidade dos quadros de rinite,
asma e nasofaringite foi classificada como
“Leve”,“Moderada” e “Grave”, tendo como base
o tratamento alopático instituído (Quadro 1).
A princípio, o tratamento alopático,
notadamente nos quadros moderados e graves,
foi mantido na primeira prescrição, sendo
gradativamente retirado à medida que se
verificava uma resposta positiva ao tratamento
homeopático. Frente a um paciente
assintomático, o próprio tratamento
homeopático foi suspenso por período igual ou
superior ao do intervalo das crises, a fim de
comprovar a estabilidade do quadro clínico. Os
critérios de avaliação de eficácia foram
classificados como “Insatisfatório”, “Regular” e
“Bom”, de acordo com a gravidade dos
quadros, tempo de tratamento e necessidade de
utilização de medicamentos alopáticos,
conforme é possível constatar observando-se o
Quadro 2.
QUADRO 1
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA INTENSIDADE DOS
QUADROS DE RINITE, ASMA E NASOFARINGITE, COM
BASE NO TRATAMENTO ALOPÁTICO INSTITUÍDO
Patologia Conduta alopática
Rinite
Intensidade
Soro fisiológico tópico
e/ou vasoconstrictores
Leve
Anti-histamínicos e/ou
descongestionantes
Moderada
Corticosteróides inalatórios
e/ou sistêmicos
Grave
Asma
Inalação com ou
sem broncodilatadores
Leve
Medicamentos sistêmicos
(broncodilatador e/ou antihistamínico) e/ou inalação
com corticosteróides
Moderada
Corticosteróides sistêmicos Grave
Nasofarin- Intervalo entre as crises
gite
superior a três meses
Leve
Intervalo entre as crises
de um a três meses
Moderada
Intervalo entre as crises
inferior a um mês
Grave
QUADRO 2
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO HOMEOPÁTICO
QUANTO AO TEMPO DE EVOLUÇÃO RELACIONADO À GRAVIDADE DO QUADRO
Gravidade Critério
Resultado
Quadro inalterado após 18 meses de tratamento

Insatisfatório
Grave
Após 18 meses de tratamento, verificou-se a diminuição da freqüência
ou intensidade das crises, com necessidade de utilização de um
menor número de medicamentos alopáticos ou em dosagem inferior
Moderado
Após 12 meses de tratamento, verificou-se a diminuição da freqüência
ou intensidade das crises, com necessidade de utilização de um
menor número de medicamentos alopáticos ou em dosagem inferior
Leve
Após 18 meses de tratamento, verificou-se a diminuição da freqüência
ou intensidade das crises, com necessidade de utilização de um
menor número de medicamentos alopáticos ou em dosagem inferior
Grave
Após 18 meses de tratamento, verificou-se a passagem
para os parâmetros: moderado, leve ou assintomático
Moderado
Após 12 meses de tratamento, verificou-se a passagem
para os parâmetros: leve ou cura
Leve
Após seis meses, considerou-se assintomático
Homeopat. Bras.
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Regular
Bom
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Foram analisados quantitativamente:
TABELA V
■ a distribuição dos pacientes quanto ao
quadro clínico do tuberculinismo infantil
(Tabela I);
■ a gravidade dos quadros clínicos (Tabela II);
■ os resultados obtidos por meio dos
tratamentos alopático insatisfatório e
homeopátic, nos casos de rinite (Tabela III),
asma (Tabela IV) e nasofaringite (Tabela V), e
■ os resultados dos tratamentos alopático e
homeopático de quadros decorrentes do
tuberculinismo infantil (Tabela VI).
Os resultados obtidos foram analisados
estatisticamente pelo método c2.
DISTRIBUIÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRATAMENTOS
ALOPÁTICO E HOMEOPÁTICO DE NASOFARINGITE
DECORRENTES DO TUBERCULINISMO INFANTIL
Insatisfatório Regular Bom Total
Alopático
25
0
0
25
Homeopático
2
11
12
25
O estudo estatístico observou c2 = 42,58 para o tabelado de 9,21 com
a = 0,01.
TABELA VI
DISTRIBUIÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRATAMENTOS
ALOPÁTICO E HOMEOPÁTICO DE QUADROS
DECORRENTES DO TUBERCULINISMO INFANTIL
Insatisfatório Regular Bom Total
Alopático
57
0
0
57
Homeopático
5
24
28
57
O estudo estatístico observou c2 = 95,6 para o tabelado de 9,21 com a = 0,01.
TABELA I
DISTRIBUIÇÃO DO NÚMERO DE
PACIENTES PELOS QUADROS DECORRENTES
DO TUBERCULINISMO INFANTIL
Rinite
Asma
Nasofaringite
Total
11
21
25
57
TABELA II
DISTRIBUIÇÃO DOS CASOS QUANTO À GRAVIDADE
Leve
Moderado
Grave
Total
12
26
19
57
TABELA III
DISTRIBUIÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRATAMENTOS
ALOPÁTICO INSATISFATÓRIO E HOMEOPÁTICO DE RINITE
DECORRENTES DO TUBERCULINISMO INFANTIL
Insatisfatório Regular Bom Total
Alopático
11
0
0
11
Homeopático
1
4
6
11
TABELA IV
DISTRIBUIÇÃO DOS RESULTADOS DOS TRATAMENTOS
ALOPÁTICO INSATISFATÓRIO E HOMEOPÁTICO DE ASMA
DECORRENTES DO TUBERCULINISMO INFANTIL
Insatisfatório Regular Bom Total
Alopático
21
0
0
21
Homeopático
2
9
10
21
O estudo estatístico observou c2 = 34,68 para o tabelado de 9,21 com
a = 0,01.
Homeopat. Bras.
Os medicamentos homeopáticos foram
prescritos na forma líquida, inicialmente na
potência 6CH, cinco gotas por dia, ao deitar à
noite, em séries de 15 dias com o mesmo
intervalo de repouso. A necessidade de mudança
de potência seguiu o protocolo da Unidade de
Homeopatia do HSPM–SP, isto é, ascendente de
três em três escalas centesimais. O critério
utilizado para a escolha do medicamento seguiu
o de totalidade sintomática (sintomas psíquicos,
gerais e locais), levando-se em conta a diátese
em questão. Medicamentos circunstanciais foram
administrados nas crises e determinados pelo
quadro sintomático das mesmas. Durante as
crises, o medicamento do quadro crônico foi
suspenso. Tuberculinum 30CH foi prescrito como
medicamento diatésico, quando a evolução do
processo assim exigiu, em freqüências variáveis
de acordo com a gravidade do quadro.
R ESULTADOS
E
D ISCUSSÃO
Dos 57 casos reunidos, 11 foram de rinite, 21 de
asma e 25 de nasofaringite (Tabela I), observandose uma prevalência de quadros moderados com
relação aos leves e graves (Tabela II).
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Os pacientes portadores de rinite mostraram
melhora significativa com o tratamento
homeopático, frente à ausência de resposta do
tratamento alopático. Dos 11 pacientes tratados,
apenas um não apresentou qualquer resposta
positiva à terapêutica, após um período de 18
meses de tratamento. Quatro crianças
apresentaram melhoria do quadro em menos de
um ano e meio de tratamento, sendo as
dosagens dos medicamentos alopáticos reduzidas
ou mesmo abolidas. Seis pacientes tornaram-se
assintomáticos em igual período de tratamento,
sem necessidade de utilização de medicamentos
alopáticos (Tabela III).
A exemplo do que ocorreu nos casos de
rinite, os pacientes portadores de asma também
apresentaram melhoria significativa quando
submetidos ao tratamento homeopático. Das 21
crianças tratadas, apenas duas não conseguiram
apresentar qualquer tipo de melhoria do quadro
clínico, enquanto 19 se beneficiaram com a
terapêutica instituída, sendo que dessas, 10
permaneceram assintomáticas, após a suspensão
do tratamento alopático (Tabela IV).
Da mesma forma, observou-se uma resposta
positiva ao tratamento homeopático quando
comparado ao alopático, esse último tendo se
revelado insatisfatório nos casos de
nasofaringite. Dos 25 casos tratados, apenas dois
não apresentaram qualquer tipo de melhoria
após o período de 18 meses de tratamento.
Onze crianças alcançaram significativa melhoria
do quadro, com possibilidade de diminuição do
número de drogas alopáticas anteriormente
utilizadas ou redução das doses administradas.
Doze pacientes permaneceram assintomáticos
após a suspensão dos tratamentos convencional e
homeopático, em conseqüência do intervalo
entre as crises ser superior ao inicial (Tabela V).
De um modo geral, o tratamento
homeopático mostrou-se significativamente

Homeopat. Bras.
eficaz em quadros decorrentes do
tuberculinismo infantil, no qual o tratamento
alopático não conseguiu atuar de forma positiva.
Dos 57 casos estudados, cinco não obtiveram
melhoria significativa por meio do tratamento
homeopático.Vinte e quatro pacientes tiveram
seus quadros clínicos controlados com a
administração de um menor número de
medicamentos alopáticos ou por meio da
redução de suas dosagens.Vinte e oito pacientes
tornaram-se assintomáticos, num período igual
ou inferior a 18 meses após o tratamento
homeopático, mesmo depois de suspensas as
medicações alopática e homeopática por
período igual ou superior ao habitual para
desencadeamento das crises (Tabela VI).
Em um estudo5 sobre a distribuição diatésica
realizado com base numa amostra de 122 casos
da Unidade de Homeopatia do HSPM–SP,
revelou-se prevalência de quadros psóricos
seguidos pelos decorrentes do tuberculinismo,
sicose e sifilinismo.Tais resultados reforçam a
teoria de origem intrínseca, desencadeada pelo
bacilo tuberculínico, para explicar o atual
panorama mundial da tuberculose pulmonar4,6.
A crescente incidência do tuberculinismo
provavelmente está ligada a inúmeros fatores,
alguns deles já determinados. De qualquer
forma, tal comportamento justifica
investimentos em pesquisa para ampla
compreensão da referida diátese, uma medida
indispensável para alcançar melhores resultados
terapêuticos. O reconhecimento das
características dos quadros decorrentes do
tuberculinismo, assim como a determinação das
causas extrínsecas e da fisiopatologia do processo
na infância, têm colaborado sobremaneira para o
crescente sucesso do tratamento homeopático
desses transtornos.
A origem imunológica do tuberculinismo6,
calcada na insuficiência do SRE hepático,
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trouxe uma nova luz para a compreensão da
fisiopatologia de certos tipos de rinite, asma e
nasofaringite, assim como de outras doenças
altamente prevalentes na infância. A natural
imaturidade desse sistema imunológico nessa
faixa etária, aliada a fatores extrínsecos como,
por exemplo, a ausência ou deficiência do
aleitamento materno, doenças epidêmicas e
outras circunstâncias anergisantes, parece ser a
causa fundamental – embora não exclusiva –
para o desencadeamento e manutenção das
referidas patologias em indivíduos até oito anos
de idade. Algumas pesquisas ratificam essa teoria
ao revelar elevada prescrição de medicamentos
homeopáticos com características fortemente
tuberculínicas em populações infantis,
pertencentes a famílias de baixa renda e, que
vivem sob condições higienodietéticas
inadequadas, fatores extrínsecos desencadeantes
de tuberculinismo infantil.
Estudos têm demonstrado que o frio é o
principal fator na gênese de quadros asmáticos
diagnosticados em crianças, apresentando níveis
de freqüência superiores às alergênicas, sejam
por alergenos ingeridos ou inalados8.Tal
constatação também reforça a alta prevalência
da fisiopatologia tuberculínica desses
transtornos, uma vez que a vasoconstrição
causada pelo frio eleva o atrito entre
floculações e paredes capilares arteriais,
provocando, destarte, a liberação de substâncias
vasoativas e broncoconstritoras.4,6
Como em todos os casos de doenças
crônicas, o foco terapêutico, frente a quadro de
origem tuberculínica, deve estar direcionado às
causalidades intrínsecas e extrínsecas.
Aleitamento adequado, boas condições higiênicas
e ambientais são condições mínimas para a
solução dos transtornos decorrentes dessa diátese.
Outros fatores extrínsecos, como utilização
anterior de corticóides, vasoconstritores e
Homeopat. Bras.
broncodilatadores, devem ser controlados ou
mesmo eliminados na medida da resposta ao
tratamento homeopático. Deve-se atentar para o
fato de que a brusca suspensão do tratamento
alopático anteriormente instituído não é
aconselhável sob diversos aspectos. Um deles está
diretamente relacionado ao modo de ação do
medicamento homeopático, que se encontra na
dependência da capacidade de reação do
indivíduo, diretamente ligada à gravidade do
quadro, tempo de instalação e número de vias
aferentes inativas. Outro aspecto se relaciona à
própria síndrome de adaptação resultante da
utilização dos referidos medicamentos, isto é,
mudanças fisiológicas tais como: alterações do
eixo endócrino e função do sistema nervoso
autônomo. Essa condição, além de tempo e dose
dependentes, é influenciada por fatores
individuais como, por exemplo, sensibilidade e
órgão de choque, com conseqüente evolução e
profundidade distintas em cada caso. No presente
estudo, verificou-se que, em todos os casos, a
gradativa retirada dos medicamentos alopáticos
durante o tratamento homeopático foi eficaz na
regressão da referida síndrome. Convém lembrar
que a utilização concomitante de medicamentos
alopáticos exerce influência frenadora sobre os
resultados do tratamento homeopático,
mormente pela desativação de receptores, o que
deve prolongar o tempo de cura. No entanto, a
imediata suspensão do tratamento alopático,
como já foi visto, poderia trazer mais problemas
do que soluções.
Quanto aos fatores intrínsecos, o
tuberculinismo infantil destaca-se entre as outras
diáteses por diversos motivos. Entre eles, a
natural imaturidade do SRE hepático, aliada à
função hemopoiética do fígado em crianças até
oito anos7, faz com que essa diátese seja a causa
fundamental da maioria dos transtornos da
infância. Cabe ao médico homeopata confirmar
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
Artigo
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ou não a origem tuberculínica dos transtornos,
separando os sintomas relativos a essa diátese
apresentados pelo paciente, para compor a
síndrome indicativa do melhor medicamento a
ser prescrito que, obviamente, deverá apresentar
características tuberculínicas.
Antes da prescrição do medicamento que
melhor se adapta ao transtorno particular, devese dispensar especial atenção aos emunctórios,
principalmente, o intestino. No caso do
tuberculinismo, esse emunctório representa
papel de grande importância, como
demonstrado pela literatura5, uma vez que a
obstipação pode acarretar acúmulo de
macromoléculas protéicas e outras toxinas
desencadeantes da diátese. Habitualmente, a
obstipação manifesta-se como endurecimento
das fezes, eliminadas em forma de pequenas
bolinhas, o que vem revelar a significativa
desidratação do epitélio intestinal,
provavelmente causada pela elevada velocidade
da bomba de cloro. Portanto, considerar fatores
intrínsecos e extrínsecos, além de saber controlar
os possíveis obstáculos à cura, tais como
tratamentos anteriormente instituídos, bloqueios
emunctoriais e lesões orgânicas, são condições
indispensáveis para o sucesso terapêutico.
C ONCLUSÃO
O tratamento homeopático foi eficaz em
pacientes com idade entre dois e oito anos,
portadores de asma, rinite e nasofaringite
decorrentes de tuberculinismo infantil, por
período inferior ou igual a 18 meses.Tais
pacientes foram anteriormente submetidos a
tratamento alopático convencional sem sucesso,
por igual ou superior período.
O tratamento homeopático revelou-se mais
eficaz do que o alopático em quadros de
nasofaringite, seguidos pelos casos
diagnosticados de asma e rinite.

Homeopat. Bras.
A BSTRACT
The authors, based on the theory of the infantile
Tuberculinism, conducted a study of 57 patients in
the Pediatric Department of the São Paulo Hospital
for Civil Servants, who had been unsuccessfully
treated of their resulting disorders from that diathesis.
The research revealed, after the sample statistics
analysis, that the homeopathic treatment proved
effective in the handling of the patients between two
and eight years of age, affected with asthma, rhinitis
or rhinopharyngites, for a period of up to 18 months,
who had been submitted to conventional allopathic
treatment without success for a period equal or longer
than that.
The study has otherwise demonstrated greater
homeophatic treatment efficacy, when compared to the
allopathic one in the rhinopharyngite cases, followed
by the asthma and rhinitis, in that order.
Key words: Rhinitis, Asthma, Nasopharyngitis,
Tuberculinism, Homeopathy.
R EFERÊNCIAS B IBLIOGRÁFICAS
1. BERNARD H. Traité de medicine homéopathique. Angoulème:
Ed. Coquemard, 1951.
2. CARILLO JR., R. Fundamentos de homeopatia constitucional.
São Paulo: Editora Santos, 1997. 260p.
3. VANNIER L. La typologie et sés applications thérapeutiques.
Paris: G. Doin, 1949.
4. CARILLO JR., R. Gênese imunitária do tuberculinismo
e suas implicações sobre a predisposição à tuberculose:
uma nova teoria. Revista de Homeopatia AMHB,v. 2,
p. 49-54, 1998.
5. PEREIRA, A. T. C.; GOSIK, M. S.; CARILLO JR. R.
Relações do bloqueio emunctorial intestinal com o
desenvolvimento e manutenção de transtornos de origem
tuberculínica. Revista de Homeopatia AMHB, v. 2,
p. 49-54, 1998.
6. CARILLO JR, R. Homeopatia medicina interna e terapêutica.
São Paulo: Editora Santos, 2000. 184p.
7. LESSON e LESSON. Histologia. São Paulo: Atheneu,1968.
8. PASTORINO, A. C. et al. Asma: aspectos clínicos e
epidemiológicos de 237 pacientes de um ambulatório
pediátrico especializado. J. Pediatria, v. 74, p. 49-58, 1998.
Endereço para correspondência:
ABRAH – Associação Brasileira de Reciclagem e
Assistência em Homeopatia (Unidade de Homeopatia do
Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo)
Site: www.abrah.org.br
e-mail: [email protected]
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