Serão os Manuais Escolares de Geografia suficientemente

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Actas do XII Colóquio Ibérico de Geografia
6 a 9 de Outubro 2010, Porto: Faculdade de Letras (Universidade do Porto)
ISBN 978-972-99436-5-2 (APG); 978-972-8932-92-3 (UP-FL)
Cristiana Martinha,
FLUP/CEGOT ~ [email protected]
Serão os Manuais Escolares de Geografia suficientemente
competentes para desenvolverem as competências
geográficas nos nossos alunos? – um estudo centrado em
manuais escolares de Geografia de 3.º ciclo do Ensino
Básico
Ensino da Geografia e Processo de Bolonha
1. Introdução
É nosso objectivo apresentar alguns dos dados e conclusões a que chegamos com a
nossa análise a manuais escolares de Geografia – 3.º ciclo do Ensino Básico português com o
objectivo de conhecer a forma como metodologias de ensino mais activas e orientadas para o
desenvolvimento de competências estão por estes a ser implementadas.
De acordo com investigações recentes (De Ketele & Roegiers, 2004 e Peyser, Gérard &
Roegiers, 2006) os manuais escolares, ao contrário do que frequentemente se considera, podem
ser um elemento de efectiva aplicação prática da Pedagogia por Competências e de integração
de adquiridos e não um “obstáculo” à sua aplicação como por vezes é considerado, pois tal como
referem Peyser, Gérard & Roegiers “the traditional textbook image is just about the opposite of
the integration concept”.
É exactamente neste contexto que De Ketele & Roegiers referem-se à necessidade de
constituição e manuais integradores que têm etapas específicas de construção e que visam
promover o desenvolvimento de competências nos alunos para que se destinam.
Uma pesquisa nesta linha de investigação está presentemente a ser desenvolvida pelo
projecto “Manuais, e-manuais e actividades do alunos” para várias disciplinas escolares, entre as
quais se inclui a Geografia.
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Serão os Manuais Escolares de Geografia suficientemente competentes para desenvolverem as competências
geográficas nos nossos alunos? – um estudo centrado em manuais escolares de Geografia de 3.º ciclo do Ensino Básico
Deste modo, com a aplicação em Portugal de um currículo “por competências” definido
pelo DL n.º 6/2001, pelo Currículo Nacional do Ensino Básico (2001) e pelas Orientações
Curriculares da Geografia – 3.º ciclo (2001), para o caso da Geografia, importa reflectir neste
momento sobre a sua concretização ao nível dos manuais escolares de Geografia de 3.º ciclo.
Deste modo, com o objectivo de alargar o objecto de análise e as conclusões a que o
projecto já referido chegou, elegemos para a nossa análise um conjunto de 18 manuais
escolares de Geografia – 3.º ciclo procurando contemplar aqueles que foram publicados como
colecção completa (de 7.º, 8.º e 9.º anos) e adoptáveis no ano lectivo 2009/2010. Seguidamente
procedemos à sua análise utilizando uma base de dados especificamente construída para o
efeito (em FileMaker) onde utilizamos a mesmas categorias de análise do projecto referido.
Após o registo da nossa análise às actividades dos manuais na base de dados (onde
analisamos em cada projecto pedagógico – o manual escolar em si; o caderno de actividades e,
nalguns casos, o auxiliar prático) procedemos à sua análise estatística e de conteúdo.
Entre as várias conclusões a que chegamos com a nossa análise destacamos as
seguintes em particular:
- o número de actividades que cada manual escolar (manual escolar + caderno de
actividades + auxiliar) possui varia muito de manual escolar para manual escolar, havendo casos
em que os valores num manual são cerca do dobro do de outro, o que demonstra diferentes
abordagens que os autores têm à questão do uso de actividades nos manuais escolares;
- em termos gerais, dominam nos manuais escolares portugueses de Geografia – 3.º
ciclo, actividades muito simples, que exigem pouco cognitivamente dos alunos e que são pouco
“desafiantes” para os alunos. As actividades mais exigentes que apelam à resolução de
problemas, trabalho em projecto, debate e pesquisa têm um peso nos manuais escolares que
oscila entre os 1% e os 8%, consoante o manual escolar.
- apesar da tendência geral explicitada no ponto anterior, através da nossa análise
conseguimos identificar os manuais escolares (ou colecções de manuais escolares) mais e
menos “equilibrados” no que à distribuição dos diferentes tipos de questões diz respeito e,
consequentemente, aqueles que se adaptam mais e menos à aplicação da Pedagogia por
Competências no âmbito do Ensino da Geografia, entendendo-se que a presença nos manuais
de actividades mais activas e mais exigentes cognitivamente, torna esse manual mais
propício/facilitador do desenvolvimento de competências geográficas.
Como corolário desta investigação, apresentaremos uma reflexão em torno da
adequação dos manuais escolares de Geografia aos princípios da Pedagogia por Competências,
baseada nas nossas conclusões e notas auxiliares que fomos coligindo ao longo do processo de
análise de todos os manuais escolares seleccionados para investigação (ex.: o facto de quase
todos estes manuais escolares possuírem revisão científica mas poucos possuírem revisão
pedagógica).
Nesta reflexão/conclusão iremos ainda explicitar como pretendemos dar continuidade a
esta investigação, nomeadamente através de resultados de inquéritos de opinião a professores
de Geografia sobre os manuais escolares de Geografia, e especificamente, sobre a sua
adequação aos princípios da Pedagogia por Competências.
Esperamos com a apresentação desta investigação reavivar a discussão, no âmbito da
Didáctica da Geografia, em torno da aplicação prática da Pedagogia por Competências ao
Ensino da Geografia e em torno da concepção e uso dos manuais escolares de Geografia no
processo de ensino-aprendizagem.
XII Colóquio Ibérico de Geografia
Cristiana Martinha
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2. A aplicação da Pedagogia por Competências pelos manuais escolares
No âmbito da investigação sobre manuais escolares, existem várias linhas de pesquisa
pelas quais podemos realizar investigação neste domínio. Aquele que actualmente recebe mais
atenção por parte dos investigadores relaciona-se com a sua dimensão de “metodologia de
ensino”, ou seja, a análise sobre a concordância (ou não) das orientações pedagógicas que
presidiram à construção dos manuais escolares e a realidade que efectivamente esses manuais
escolares veiculam.
Importa aqui destacarmos as palavras de Roegiers & De Ketele que defendem que a
“problemática da introdução de uma pedagogia da integração nos manuais escolares se
apresenta de uma forma diferente de como era colocada para os currículos, para as práticas de
classe ou para as práticas de avaliação das aquisições” (ROEGIERS e DE KETELE, 2004:169),
indicando as etapas para a constituição de um manual integrador, que segundo estes autores
são (ROEGIERS e DE KETELE, 2004:170): definição de algumas competências; inserção de
algumas actividades de integração; eliminação dos conteúdos supérfluos; inserção de
actividades específicas às competências e reestruturação completa do manual escolar.
Neste domínio, em Portugal assume grande importância o projecto “Manuais, e-manuais
e actividades do aluno” da Universidade Lusófona e do CEIEF. Aliás, a própria existência de
investigação organizada em grupo nesta área mostra claramente a importância que a
comunidade científica, os professores e a sociedade atribuem a esta problemática.
Profundamente relacionada com esta questão da promoção do uso de metodologias
“mais activas” pelos manuais escolares, surgem alguns estudos que visam entender de que
forma os manuais escolares se adequam a uma ABRP - Aprendizagem Baseada na Resolução
de Problemas (que, do ponto de vista teórico, se relaciona amplamente com a Pedagogia por
Competências), tal como o de Laurinda Leite, Cíntia Costa e Esmeralda Esteves num estudo
intitulado de "Os manuais escolares e a aprendizagem baseada na resolução de problemas: um
estudo centrado em manuais escolares de Ciências Físico-Químicas do ensino básico" (LEITE,
COSTA e ESTEVES, 2008).
Neste âmbito podemos destacar também os nomes de Peyser, Gerard e Roegiers (2006)
que defendem que "a major tend in current pedagogic thinking and in its corresponding
implementing practices, is based on the fundamental concepts of integration and competence”.
Isto, configura então como um dos pontos-chave para a compreensão da nossa pesquisa –
perceber como é que um recurso pedagógico (o principal como é o manual escolar) pode ser um
elemento de promoção/introdução de uma determinada corrente pedagógica no processo de
ensino-aprendizagem.
3. A (In)Competência dos manuais escolares de Geografia
Após esta breve contextualização, iremos de seguida apresentar, justificar e discutir os
parâmetros/categorias de análise que utilizaremos na nossa análise de manuais escolares de
Geografia, numa tentativa de percebermos a natureza metodológica que lhes está subjacente.
Aqui, importa esclarecer que optamos por analisar manuais escolares de Geografia
actualmente em uso no 3.º ciclo do Ensino Básico e seus respectivos “Cadernos de Actividades”
por os considerarmos essenciais numa análise da “metodologia de ensino” implícita num dado
XII Colóquio Ibérico de Geografia
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Serão os Manuais Escolares de Geografia suficientemente competentes para desenvolverem as competências
geográficas nos nossos alunos? – um estudo centrado em manuais escolares de Geografia de 3.º ciclo do Ensino Básico
manual e porque actualmente estes últimos praticamente são parte integrante do manual com a
introdução da ideia de “projecto pedagógico”, no que à construção de manuais escolares diz
respeito, defende.
Como categorias de análise decidimos utilizar aquelas definidas pelo projecto “Manuais,
e-manuais e actividades do aluno”, na medida em que vão ao encontro dos nossos objectivos de
pesquisa.
Contudo, decidimos introduzir duas alterações na nossa análise: enquanto o projecto
supracitado analisava o 1.º, 2.º e 5.º manual escolar mais adoptado de cada disciplina (no 7.º e
10.º anos de escolaridade), optamos por escolher os manuais não pelo critério de “venda” e de
“ano de escolaridade”, mas sim os que no contexto do 3.º ciclo do Ensino Básico apresentam
uma sequência completa de “colecção” (ou seja, cujo título está actualmente à venda para o 7.º,
8.º e 9.º anos), sendo este facto sinal do sucesso na adopção pelas escolas da colecção e dado
que permite aceder também a uma diversidade editorial/autoral considerável. Este diferente
critério de escolha dos manuais escolares a analisar permitir-nos-á completar resultados do
projecto obtidos para o caso da Geografia.
Quanto aos manuais escolares em análise, é importante sublinhar que os autores destes
manuais e demais dados identificativos destes estão identificados na base de dados de análise.
De sublinhar que os manuais escolares analisados de 7.º ano datam de 2006; os de 8.º ano
datam de 2007 e os de 9.º ano datam de 2008 e que todos eles incluem pelo menos um “caderno
de actividades” para os alunos e eventualmente um “auxiliar” que também analisamos.
Importa ainda referir que a maioria apresenta revisores/consultores científicos, mas
apenas em três projectos encontramos referência a revisão pedagógica (quadro 1).
XII Colóquio Ibérico de Geografia
Quadro 1 – Manuais Escolares de Geografia (3.º ciclo) analisados e respectiva revisão pedagógica e científica
Sigla
Título
Autor(es)
Revisor(es) Científico(s)
Revisor(es) Pedagógico(s)
MA7
Faces da Terra 7
Isabel Ribeiro; Madalena
Eduarda Carrapa
Costa;
M.ª
Não apresenta
Não apresenta
MA8
Faces da Terra 8
Isabel Ribeiro; Madalena
Eduarda Carrapa
Costa;
M.ª
Departamento de Geografia da FLUP
Não apresenta
MA9
Faces da Terra 9
Isabel Ribeiro; Madalena
Eduarda Carrapa
Costa;
M.ª
Departamento de Geografia da FLUP
Não apresenta
MB7
Espaço Geo 7
Fernando Santos; Francisco Lopes
Prof.ª Doutora M. Elisa Preto Gomes; Dr.
António Manuel Pires; Associação Insular de
Geografia
Prof.ª Doutora M. Elisa Preto Gomes; Dr.
António Manuel Pires; Associação Insular
de Geografia
MB8
Espaço Geo 8 *
Fernando Santos; Francisco Lopes
Prof. Dr. António Pires; Prof. Dr. Francisco
Diniz
Não apresenta
MB9
Espaço Geo 9
Fernando Santos; Francisco Lopes; [José
Silva Lobo - "auxiliar de estudo"]
Prof. Dr. António Pires; Prof. Dr. Francisco
Diniz
Não apresenta
MC7
Geografia - 7.º ano - Tema 1 e Tema 2
Cristina Domingos; Jorge Lemos; Telma
Canavilhas
Não apresenta
Não apresenta
MC8
Geografia - 8.º Ano - Tema 3 e Tema 4
Cristina Domingos; Jorge Lemos; Telma
Canavilhas
Dulce Pimentel (Departamento de Geografia
da FCSH da UNL) para a volume do tema
"População e Povoamento" e José Afonso
Teixeira (Departamento de Geografia da
FCSH da UNL) para o volume do tema
"Actividades Económicas".
Não apresenta
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Serão os Manuais Escolares de Geografia suficientemente competentes para desenvolverem as competências geográficas nos nossos alunos? – um estudo centrado em manuais escolares
de Geografia de 3.º ciclo do Ensino Básico
MC9
Geografia - 9.º Ano - Temas 5/6
Cristina Domingos; Jorge Lemos; Telma
Canavilhas
José Manuel Lúcio (Departamento
Geografia da FCSH da UNL)
MD7
Fazer Geografia 7
Ana Gomes; Anabela Boto
Maria José Soares Gomes
Não apresenta
MD8
Fazer Geografia 8
Ana Gomes; Anabela Boto
Paula Alexandra Malta - no manual surge
como "Docente da Universidade de Aveiro"
e no caderno de actividades como da
"Universidade do Porto".
Não apresenta
MD9
Fazer Geografia 9
Ana Gomes; Anabela Boto
Paula Alexandra Malta
Universidade de Aveiro)
Não apresenta
ME7
À Descoberta - Tema A e Tema B
M.ª João Matos; Raul Castelão
M.ª Catarina Ramos
Herculano Cachinho
ME8
À Descoberta 8 - Tema C e Tema D
Maria João Matos; Raul Castelão; [Magda
Garcia - do Dicionário Ilustrado]
Herculano Pinto Cachinho; Jorge Macaísta
Malheiros
Herculano Pinto Cachinho
ME9
À Descoberta - Tema E e Tema F
M.ª João Matos; Raul Castelão
Herculano Pinto Cachinho
Herculano Pinto Cachinho
MF7
Viagens 7 - A Terra: Estudos
Representações / O Meio Natural
Arinda Rodrigues; João Coelho
Prof. Doutor Sérgio Claudino
Prof. Doutor Sérgio Claudino
MF8
Viagens 8
Arinda Rodrigues; João Coelho
José Manuel Simões
Não apresenta
MF9
Viagens 9
Arinda Rodrigues; João Coelho
José Manuel Simões
Não apresenta
e
(Docente
de
da
Não apresenta
Nota: As designações, descrições e instituições dos revisores constam neste quadro da mesma forma que estão presentes nos manuais escolares analisados.
XII Colóquio Ibérico de Geografia
As categorias de análise que adoptamos do projecto “Manuais, e-manuais e actividades
do aluno” são as seguintes:
Quadro 2 – Categorias de análise dos manuais escolares do projecto “Manuais, E-manuais e
Actividades dos Alunos” e seus descritores (in DUARTE, CLAUDINO, SILVA, SANTO e CARVALHO,
2008:10-11).
Categorias de Análise dos Manuais Escolares
Descritores
1. Actividades de Memorização e/ou Transposição








Indicar
Enumerar
Copiar
Distinguir
Listar
Localizar
Sublinhar
Transcrever
2. Exploração e Produção de Documentos







Descrever
Caracterizar
Identificar
Exemplificar
Comparar
Classificar
Interpretar
imagens











Contar
Relatar
Comentar
Explicar
Explicitar
Corrigir
Alargar
Resumir
Reconstituir
Sintetizar
Transformar




Debater
Avaliar
Dinamizar/Participar em projectos
Pesquisar
(interpretação de frases, gráficos, esquemas e resolução de
problemas com base num modelo apresentado)
3. Actividades de Reformulação
(definição de conceitos, resumos, sínteses, paráfrases,
outras)
4. Situações Problemáticas/Actividades
Experimentais/Projectos/Produção de Conhecimentos
tabelas,
esquemas,
A aquisição, organização e tratamento da informação foi registada inicialmente numa
base de dados construída para o efeito em FileMaker (figura 1), onde definimos uma parte inicial
para identificação do manual e seguidamente fizemos o descritivo de todos os descritores de
análise já referidos, bem como calculamos as percentagens de actividades de cada tipo de
questões, além de indicar um breve comentário sobre as mesmas e indicação de exemplos.
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geográficas nos nossos alunos? – um estudo centrado em manuais escolares de Geografia de 3.º ciclo do Ensino Básico
Figura 1 – Printscreen’s da base de dados de análise dos manuais escolares
No entanto, tivemos que introduzir na nossa análise alguns descritores não
contemplados pelo projecto que nos serviu de base à construção desta base de dados de
análise. A introdução desses novos descritores justificou-se pelas necessidades levantadas na
prática de análise dos manuais escolares, bem como pela nossa preocupação de sermos o mais
rigorosos possíveis nesta análise. Acreditamos que com a inclusão destes novos descritores a
nossa análise ganhou em rigor.
XII Colóquio Ibérico de Geografia
Cristiana Martinha
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4. As actividades dos manuais escolares em estudo
Concluída a análise dos manuais, verificamos que a distribuição das actividades dos
manuais escolares analisados pela tipologia de análise adoptada é a seguinte (gráfico 1 e 2):
Gráfico 1 – Distribuição do tipo de actividades dos manuais escolares analisados, em percentagem
A c tividades de tipo 1
50
40
MA 7
MA 8
MA 9
MB 7
MB 8
MB 9
MC 7
MC 8
MC 9
MD7
MD8
MD9
ME 7
ME 8
ME 9
MF 7
MF 8
MF 9
30
20
10
A c tividades de tipo 4
0
A c tividades de tipo 2
A c tividades de tipo 3
Gráfico 2 – Distribuição do tipo de actividades nas colecções dos manuais escolares analisados, em
percentagem
A c tividades de tipo 1
50
MA
40
MB
30
20
MC
10
A c tividades de tipo 4
0
A c tividades de tipo 2
MD
ME
MF
A c tividades de tipo 3
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Serão os Manuais Escolares de Geografia suficientemente competentes para desenvolverem as competências
geográficas nos nossos alunos? – um estudo centrado em manuais escolares de Geografia de 3.º ciclo do Ensino Básico
Observando os gráficos concluimos que, em termos genéricos, os tipos de actividades
mais presentes nos manuais escolares analisados são as de tipo 1 e 2 (as mais simples
cognitivamente). As actividades mais complexas e que mais contribuem para desenvolver
competências nos alunos (as actividades de tipo 4) apresentam valores muito baixos, oscilando
entre os 1% no MA7 e MA8 e os 8% no MB7 e no MB8.
Analisando por colecção (gráficos 3, 4, 5, 6, 7 e 8) conclui-se que as colecções que têm
uma distribuição das actividades mais equilibrada são as colecções MB e MF, pois têm maior
proporção de actividades de tipo 3 e 4. A colecção menos equilibrada é a MA, onde as
actividades de tipo 1 e 2 (as mais simples) têm uma grande proporção e as de tipo 3 e 4
possuem valores muito baixos.
Contudo, importa reflectir que o MA é a colecção mais adoptada pelos
professores/escolas. Estarão as nossas escolas/professores a “nivelar por baixo” o ensino da
Geografia? Estarão eles realmente preocupados em desenvolver competências nos alunos
optando pelos manuais escolares mais simples e básicos e menos exigentes para os alunos do
ponto de vista cognitivo?
Gráfico 3 – Distribuição das actividades na colecção MA
Gráfico 5 – Distribuição das actividades na colecção MC
Gráfico 4 – Distribuição das actividades
na colecção MB
Gráfico 6 – Distribuição das actividades
na colecção MD
XII Colóquio Ibérico de Geografia
Cristiana Martinha
Gráfico 7 – Distribuição das actividades na colecção ME
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Gráfico 8 – Distribuição das actividades
na colecção MF
Podemos ainda concluir que nas actividades de tipo 1 os valores mais altos pertencem
ao manual MB9 e ME7 e o valor mais baixo ao MF8 (gráfico 9). Nas actividades de tipo 2 os
valores mais altos pertencem ao manual MF8 e o mais baixo ao MB8 (gráfico 10). Nas
actividades de tipo 3 os valores mais altos pertencem ao manual MB8 e o mais baixo ao MA7
(gráfico 11). Finalmente, no que diz respeito às actividades de tipo 4 os valores mais altos
pertencem aos manuais MB7 e MB8 e os mais baixos ao MA7 e MA8 (gráfico 12).
Gráfico 9 – Distribuição das actividades de tipo 1, pelos manuais analisados
Gráfico 10 – Distribuição das actividades de tipo 2, pelos manuais analisados
XII Colóquio Ibérico de Geografia
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geográficas nos nossos alunos? – um estudo centrado em manuais escolares de Geografia de 3.º ciclo do Ensino Básico
Gráfico 11 – Distribuição das actividades de tipo 3, pelos manuais analisados
Gráfico 12 – Distribuição das actividades de tipo 4, pelos manuais analisados
Contudo, importa ter em atenção, ao analisarmos estes dados, que estamos a comparar
manuais escolares bastante diferentes entre si no que diz respeito ao número de actividades que
apresentam aos alunos. Este aspecto, a nosso ver, deve também ser levado em conta nesta
análise num contexto de comparação entre manuais escolares. Assim sendo, apresentamos
também aqui os gráficos com os valores da quantidade de actividades que cada manual escolar,
ou colecção apresenta (gráficos 13 e 14) e distribuídas por elementos do projecto pedagógico
(gráfico 15) e por ano de escolaridade (gráficos 16, 17 e 18).
Gráfico 13 – N.º total de actividades nos manuais escolares analisados
XII Colóquio Ibérico de Geografia
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Gráfico 14 – N.º médio de actividades de cada colecção de manuais escolares analisados
Gráfico 15 – Distribuição das actividades nas colecções de manuais escolares analisadas, pelos diferentes
elementos do projecto pedagógico
Gráfico 16 – N.º de actividades dos manuais escolares analisados de 7.º ano
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Gráfico 17 – N.º de actividades dos manuais escolares analisados de 8.º ano
Gráfico 18 – N.º de actividades dos manuais escolares analisados de 9.º ano
5. Uma possível aproximação à Pedagogia por Competências? – ilações e
reflexões possíveis
Desta análise aos manuais escolares seleccionados concluímos que existe uma
variedade de situações no que diz respeito à sua distribuição pelos diferentes tipos de
actividades.
De um modo geral, pudemos concluir que os manuais mais equilibrados são o MB e o
MF e o mais simples e menos exigente é o MA, que é o manual escolar mais adoptado para este
ciclo de estudos.
Esta análise complementa o estudo já elaborado pelo projecto “Manuais, e-manuais e
actividades do alunos”, afinando-lhe instrumentos de análise, através da inclusão de novos
descritores de análise e apresentando novas conclusões que merecem ser reequacionadas e
reflectidas.
Sem dúvida, concordamos com a conclusão geral desse projecto de que os manuais
escolares portugueses de Geografia são muito “básicos” e orientam-se pouco para o
XII Colóquio Ibérico de Geografia
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15
desenvolvimento de competências nos alunos. Contudo, a nossa investigação permitiu concluir
que os manuais escolares diferem substancialmente entre si e que, apesar desta tendência
geral, há manuais escolares que oferecem ao aluno um conjunto de actividades mais
diversificadas e cognitivamente mais desafiantes do que outros. Além disso, o número de
actividade que um manual escolar oferece ao alunos difere muito consoante a colecção a que
pertence.
Importa também atentar no facto de no contexto actual de certificação de manuais
escolares pelo Ministério da Educação, estes aspectos/conclusões a que chegamos deverão ser
levados em linha de conta.
Maria Helena Esteves refere que “considerando a reorganização curricular de que foi
alvo a Geografia no Ensino Básico, as editoras de manuais escolares sentiram necessidade de
repensar os manuais de apoio à disciplina. E, tal como aconteceu aos conteúdos programáticos
no Currículo Nacional, os manuais "emagreceram" em termos de conteúdos e procurou-se
investir em sugestões de actividades, no sentido de tornar a disciplina mais ligada a
metodologias de carácter activo" (ESTEVES, 2006:209). Contudo, verificou-se com a presente
análise que esse “investimento” nas actividades nos manuais escolares não foi, regra geral,
acompanhado pelo crescimento da apresentação de questões desafiantes para os alunos.
É precisamente este “nivelamento por baixo” nas actividades dos manuais escolares de
Geografia que fazem com que acreditemos que eles ainda são pouco competentes para
ajudaram no desenvolvimento de competências geográficas nos nossos alunos.
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