ANTIGUIDADE CLÁSSICA – GRÉCIA Prof. Ubiratã F. Freitas A origem da civilização grega relaciona-se com as civilizações cretense e micênica e com o povoamento da península Balcânica por povos indo-europeus. Do século XII a.C. ao VIII a.C., durante o período homérico, a Grécia foi marcada pelo predomínio dos genos, grupos familiares que constituíram unidades produtivas isoladas, calcadas no trabalho coletivo na agricultura. As poucas terras férteis eram divididas de acordo com os interesses dos patriarcas, originando uma forma hereditária de aristocracia. Progressivamente, os genos uniram-se em entidades maiores e mais complexas, que evoluíram em cidades chamadas polis. A escravidão era a forma de trabalho dominante. Cada polis era independente e tinha governo próprio. Das cidades-estados gregas, duas se destacaram: Esparta e Atenas. Esparta Esparta era a “polis da guerra”. Localiza-se na península do Peloponeso e tinha a economia baseada na agricultura e no pastoreio. A guerra era um importante gerador de riquezas. A sociedade espartana era estratificada e subordinava os indivíduos a uma rígida disciplina militar. Sua população era dividida em três camadas: espartanos – proprietários de terras, ocupavam cargos políticos e militares e exerciam o poder religioso. Eram os únicos que tinham cidadania e direitos políticos; periecos – eram homens livres dedicados ao comércio e ao artesanato e não tinham direitos políticos; hilotas – camadas inferiores da sociedade, constituíram a maioria da população e eram propriedade do estado. Os hilotas estavam submetidos ao trabalho compulsório (trabalho escravo ou servidão). A educação espartana privilegiava a disciplina e a formação militar. As mulheres recebiam educação rigorosa voltada para o desenvolvimento físico e para a boa formação psicológica; afinal, iriam gerar os soldados de Esparta. Os homens eram educados para se tornarem cidadãos-soldados. Atenas Atenas, a cidade-estado da política, localiza-se na península de Ática. Ao final do século VII a.C., a situação sociopolítica ateniense estava assim dividida: - Eupátridas (cidadãos) – apenas homens nascidos em Atenas, filhos de atenienses e grandes proprietários de terras e de escravos tinham todos os direitos políticos; - demiurgos – atenienses ligados ao comércio e ao artesanato, rapidamente se transformaram em um grupo social importante; - georgóis – pequenos proprietários de terras, podiam tornar-se escravos por dívidas; - thetas – marginalizados e desempregados das cidades; - metecos – estrangeiros que se dedicavam ao comércio e ao artesanato; - escravos – prisioneiros de guerra, filhos de escravos, endividados ou comprados, constituíam a maior parte da população da cidade. Inicialmente, o governo ateniense foi controlado pelos eupátridas; a forma de governo era uma monarquia. O desenvolvimento do comércio e do artesanato fez as camadas sociais dedicadas a essas atividades ascenderem e reivindicarem participação na condução dos negócios do Estado. Os confrontos levaram ao estabelecimento de uma nova forma de governo, a oligarquia. Temendo revoltas populares, a aristocracia propôs reformas, elaboradas pelos legisladores Drácon e Sólon. Drácon criou o primeiro conjunto de leis atenienses, que transferiu para o Estado a administração da justiça, até então atribuída a aristocracia. Sólon desencadeou uma série de reformas, como o fim da escravidão por dívidas, a devolução de terras confiscadas por dívidas, a reforma monetária, a criação do sistema de pesos e medidas e, principalmente, a nova divisão da sociedade por critérios censitários (voto indireto), para definir a participação política. As reformas pouco alteraram as condições de vida do povo; além disso, os aristocratas sentiram-se prejudicados, pois consideravam as leis exageradas. A insatisfação de diversas classes sociais ainda era grande, e a permanência da crise política abriu espaço para as reformas que inauguraram a democracia ateniense. A democracia grega era limitada quanto à participação política, restringindo-se aos atenienses de nascimento, do sexo masculino e maiores de idade, parcela que correspondia a menos de 10% da população. O Período Clássico (do século VI a.C. ao IV a.C.) O período clássico foi uma época de grande prosperidade econômica, estabilidade política e esplendor cultural da sociedade ateniense. Marcou-se, porém, por conflitos externos e internos que trouxeram a derrocada da civilização grega. Guerras Médicas e do Peloponeso A disputa imperialista entre gregos e persas, no início do século V a.C., provocaram as Guerras Médicas, das quais os gregos saíram vencedores. A hegemonia conquistada por Atenas durante o conflito provocou a quebra do equilíbrio de forças entre as cidades-estados gregas e ocasionou o início do imperialismo ateniense. Formaram-se duas frentes rivais na Grécia: a liga do Peloponeso, comandada por Esparta, e a liga de Delos, sob a liderança de Atenas. O conflito entre as duas cidades-estados ficou conhecido como Guerra do Peloponeso, da qual os espartanos saíram vencedores. A sucessão de conflitos fragilizou as polis gregas. Com as economias arrasadas, os governos enfraqueceram e os exércitos desintegraram-se. Consequentemente, as cidades gregas não puderam oferecer resistência à invasão macedônia, em 338 a.C. Alexandre Magno, rei Macedônio, fundiu a cultura oriental com a cultura grega, resultando o reflorescimento de um nova cultura, o Helenismo. Entre os anos de 190 a.C. a 31 a.C., os romanos dominaram a Grécia. A Cultura Grega Em seu conjunto, a cultura grega caracterizava-se como antropocêntrica (o homem no centro de sua produção). A religião era politeísta e antropomórfica (características de homens em deuses), e os deuses habitavam o Olimpo. Filosofia: destacam-se Sócrates, Platão e Aristóteles. - Sócrates: com sua frase “tudo o que sei é que nada sei”, externava a proposta de atingir a verdade e o conhecimento por meio da dúvida e do diálogo. - Platão: discípulo de Sócrates, sua obra a República propunha um governo ideal, sustentado pelo trabalho escravo. Alegava que o mundo real era o mundo das ideias, pois tudo o que estava ligado à realidade nada mais seria que sombra do mundo das ideias. - Aristóteles: criticava o idealismo platônico, pois acreditava que o conhecimento era obtido por meio da experiência e da pesquisa. No teatro, destacaram-se dois gêneros – a tragédia e a comédia. Na arquitetura, desenvolveu-se intensamente durante o século de Péricles. Já a escultura, valorizava a harmonia, a beleza e a naturalidade das formas dos corpos humanos. Na literatura, destacam-se as epopeias Ilíada, que retrata a guerra de troia, e a Odisseia que retrata as aventuras de Ulisses, dentro da mitologia grega.