Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 10., 2013, Belo Horizonte Diversidade genética de mandioca por meio de marcadores microssatélites Ana Carolina Marques Mendonça Silva(1), Adriana Madeira Santos Jesus(2), Mariney de Menezes(3), Ramon Vinícius de Almeida(4) (1) (2) Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG, [email protected]; Pesquisadora/Bolsista/BIP FAPEMIG/EPAMIG - Uberaba, [email protected]; (3) Bolsista PNPD/CNPq/UFLA - Lavras, [email protected]; (4) Professor IFTM - Uberaba, [email protected] INTRODUÇÃO A mandioca (Manihot esculenta) é uma das culturas mais importantes, principalmente para países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Fonte de carboidratos para grande parte da população, é também utilizada na alimentação de animais, principalmente no consumo da parte aérea. Em alguns locais no mundo, a mandioca responde por 70% das calorias consumidas por dia pela população. A variabilidade clonal intraespecífica, na mandioca, é muito grande, em razão da alta segregação das progênies e das mutações somáticas nas gemas em alguns casos. Essas características são fixadas pela propagação vegetativa, propiciando, assim, o aparecimento de numerosas cultivares nas regiões de plantio de mandioca (SALES FILHO, 1991). Dessa forma, para uma cultivar ser mantida com essas características, precisa ser distinguida de outras, só então sua utilidade determinará a manutenção ou o descarte, principalmente dentro de um programa de melhoramento genético. O melhoramento da mandioca fundamenta-se em técnicas e processos que envolvem hibridação. A taxa de cruzamento da mandioca é facilmente manejável, permitindo tanto a autofecundação como a fecundação cruzada. Como se trata de espécie cujas plantas apresentam normalmente alta proporção de locos gênicos em heterozigose, ocorre segregação já na geração F1, possibilitando ao melhorista a execução da seleção a partir de plantas obtidas de sementes botânicas. O estudo da diversidade genética é um forte aliado para o melhor desenvolvimento de variedades mais adaptadas. 2 EPAMIG. Resumos expandidos As informações obtidas por meio dos marcadores moleculares são muito úteis na identificação de genótipos contrastantes em programas de melhoramento, permitindo a análise de genótipos de interesse, a obtenção de informações relativas à variabilidade existente e à associação com características fenotípicas. A seleção assistida por marcadores detecta diferenças genético-moleculares, representando um futuro promissor para a agricultura (FARALDO et al., 2002). Nos estudos de diversidade genética de mandioca, os marcadores microssatélites têm sido utilizados (MÜHLEN et al., 1999; ELIAS et al., 2004). Este trabalho tem como objetivos analisar os locos de microssatélites ou simple sequence repeat (SSR) estimar as distâncias genéticas entre 56 genótipos de mandioca pertencentes a uma coleção de germoplasma da Fazenda Experimental de Mocambinho (FEMO), município de Jaíba, MG EPAMIG Norte Minas. MATERIAL E MÉTODO A coleção de germoplasma de mandioca da EPAMIG Norte de Minas foi formada com materiais de uma antiga coleção já existente na fazenda, de materiais fornecidos pela Embrapa Mandioca e Fruticultura, coletados de agricultores locais e alguns clones obtidos pela Universidade Federal de Lavras (Ufla). A metodologia utilizada para extração de DNA foi a de Elias et al. (2004), com algumas modificações descritas por Siqueira, (2008). Nas reações em cadeia da polimerase – polymerase chain reaction (PCR), onde ocorre a amplificação do DNA, foram usados oito primers microssatélites para a cultura da mandioca. As reações ocorreram em 10,0 μL de solução, contendo uma concentração de DNA genômico de 10 ng. Aos 3,0 μL de DNA foram adicionados 7,0 μL de mix de reação, contendo 1μL de tampão 10X, 1μL de MgCl2, 1μL de desoxinucleotídeos trifosfatos (dNTPs), 0,5 μL de cada primer, 2,8 μL de água ultrapura autoclavada e 0,2 μL (uma unidade) de Taq DNA polimerase. Durante a amplificação do DNA no termociclador ocorreram as seguintes etapas: uma desnaturação a 95 °C por 5 minutos, 29 ciclos de desnaturação a 95 °C por minuto, anelamento específico para o primer por 2 Seminário de Iniciação Científica e Tecnológica, 10., 2013, Belo Horizonte 3 minutos e polimerização a 72 °C por 2 minutos, e a extensão final de 5 minutos a 72 °C. Por fim, foi mantida a temperatura de 4 °C até a retirada das amostras do termociclador. As amostras foram aplicadas em gel de poliacrilamida 6%, contendo água ultrapura, Tris borato EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético TBE) 1X, acrilamida 30%, Tetrametiletilenodiamina (TEMED) e persulfato de amônio. O DNA foi separado em bandas no processo de eletroforese colocado em solução tampão de TBE 10X por 2 horas. Os fragmentos de DNA amplificados foram computados como presença (1) e ausência de bandas (0). Apenas as bandas polimórficas foram utilizadas na avaliação. O método usado para realizar a análise de agrupamento foi feito com base na matriz de dissimilaridade Unweighted Pair Group Method with Arithmetic Mean (UPGMA). Os cálculos foram realizados no Programa Genes. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os oito primers avaliados foram polimórficos e amplificaram um total de 41 alelos com uma média de 5,12 alelos por loco. Houve uma variação de 1 a 10 alelos por primer e os mais informativos no agrupamento UPGMA foram os primers GAG–126 e GAG–136. Mühlen et al. (1999), em estudos da variabilidade genética em etnovariedades de mandioca avaliadas por SSR, obtiveram 97,96% de primers polimórficos e uma média geral de 4,5 alelos por loco. Siqueira (2008) encontrou um número médio de alelos de 2,51. Neste trabalho foi observado um número superior de alelos e polimorfismo, provavelmente pela maior divergência genética entre os genótipos de mandioca avaliados. O dendograma obtido a partir dos 56 acessos indica alta variabilidade genética entre eles, tendo observado grande amplitude para o coeficiente de dissimilaridade de Jaccard, variando de 0,07 a 0,86. Observou-se a formação de 31 grupos distintos que, de acordo com a linha de corte, foram calculados a partir da média da matriz de dissimilaridade. A distância genética mais alta foi observada entre os materiais Cacau e 1168, enquanto a mais baixa foi entre as variedades Paulistinha e Baiana. O genótipo Barro Vermelho foi o mais divergente entre os grupos. 4 EPAMIG. Resumos expandidos CONCLUSÃO O marcador SSR serve como uma eficiente ferramenta no estudo da diversidade e existe alta variabilidade genética entre os acessos de mandioca avaliados. AGRADECIMENTO À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelo financiamento das pesquisas e pelas bolsas concedidas. REFERÊNCIAS ELIAS, M. et al. Genetic diversity of traditional South American landraces of cassava (Manihot esculenta Crantz): an analysis using microsatellites. Economic Botany, v.58, n.2, p.242-256, 2004. FARALDO, M.I.F. et al. Marcadores moleculares em mandioca. In: CEREDA, M.P. (Coord.). Agricultura: tuberosas amiláceas Latino Americanas. São Paulo: Fundação Cargill, 2002. v.2, p.100-117. MÜHLEN, G.S. Avaliação da diversidade genética de etnovariedades de mandioca (Manihot esculenta Crantz) com marcadores de DNA: RAPD, AFLP e microssatélite. 1999. 176f. Tese (Doutorado) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba. SALES FILHO, J.B. de. Caracterização de cultivares de mandioca (Manihot esculenta Crantz) pela morfologia e padrões isoenzimáticos. 1991. 118f. Tese (Doutorado em Genética) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. SIQUEIRA, M.V.B.M. Diversidade genética de etnovariedade de mandioca (Manihot esculenta Crantz) em áreas de Cerrado no estado do Mato Grosso do Sul e de variedades comerciais por meio de marcadores microssatélites. 2008. 88p. Dissertação (Mestrado) ̶ Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba.