Émile Durkheim (1858-1917), filósofo, pedagogo e sociólogo francês

Propaganda
Émile Durkheim (1858-1917)
filósofo, pedagogo e sociólogo francês.
Émile Durkheim foi considerado um dos pais da sociologia moderna. Durkheim
foi o fundador da escola francesa de sociologia, posterior a Marx, que combinava a
pesquisa empírica com a teoria sociológica. É reconhecido amplamente como um dos
melhores teóricos do conceito da coesão social.
Partindo da afirmação de que "os fatos sociais devem ser tratados como coisas",
forneceu uma definição do normal e do patológico aplicada a cada sociedade, em que o
normal seria aquilo que é ao mesmo tempo obrigatório para o indivíduo e superior a ele,
o que significa que a sociedade e a consciência coletiva são entidades morais, antes
mesmo de terem uma existência tangível. Essa preponderância da sociedade sobre o
indivíduo deve permitir a realização desse, desde que consiga integrar-se a essa
estrutura.
Para que reine certo consenso nessa sociedade, deve-se favorecer o aparecimento
de uma solidariedade entre seus membros. Uma vez que a solidariedade varia segundo o
grau de modernidade da sociedade, a norma moral tende a tornar-se norma jurídica, pois
é preciso definir, numa sociedade moderna, regras de cooperação e troca de serviços
entre os que participam do trabalho coletivo (preponderância progressiva da
solidariedade orgânica).
Émile Durkheim nasceu na província francesa da Lorena no dia 15 de abril de
1858. Descendente de judeus franceses, seu pai, avô e bisavô foram rabinos. Ainda
moço decidiu não seguir o caminho dos familiares levando, pelo contrário, uma vida
bastante secular. Em sua obra, por exemplo, explicava os fenômenos religiosos a partir
de fatores sociais e não divinos. Tal fato não o afastou, no entanto, da comunidade
judaica. Muitos de seus colaboradores foram judeus e alguns, inclusive, seus
parentes.Entrou na École Normale Supérieure em 1879 juntamente com Jean Jaurès e
Henri Bergson. Durante estes estudos teve contatos com as obras de Augusto Comte e
Herbert Spencer que o influenciaram significativamente na tentativa de buscar a
cientificidade no estudo das humanidades
Na adolescência, o jovem David Émile presenciou uma série de acontecimentos
que marcaram decisivamente todos os franceses em geral e a ele próprio em particular: a
1º de setembro de 1870, a derrota de Sedan; a 28 de janeiro de 1871, a capitulação
diante das tropas alemãs; de 18 de março a 28 de maio, a insurreição da Comuna de
Paris; a 4 de setembro, a proclamação da que ficou conhecida como III República, com
a formação do governo provisório de Thiers até a votação da Constituição de 1875 e a
eleição do seu primeiro presidente (Mac-Mahon). Thiers fora encarregado tanto de
assinar o tratado de Frankfurt como de reprimir os communards, até à liquidação dos
últimos remanescentes no "muro dos federados". Por outro lado, a vida de David Émile
foi marcada pela disputa franco-alemã: em 1871, com a perda de uma parte da Lorena,
sua terra natal tornou-se uma cidade fronteiriça; com o advento da Primeira Guerra
Mundial, ele viu partir para o f front numerosos discípulos seus, alguns dos quais não
regressaram, inclusive seu filho Andrès, que parecia destinado a seguir a carreira
paterna.
Durkheim formou-se em Filosofia, porém sua obra inteira é dedicada à
Sociologia. Seu principal trabalho é na reflexão e no reconhecimento da existência de
uma "Consciência Coletiva". Ele parte do princípio que o homem seria apenas um
animal selvagem que só se tornou Humano porque se tornou sociável, ou seja, foi capaz
de aprender hábitos e costumes característicos de seu grupo social para poder conviver
no meio deste.
A este processo de aprendizagem, Durkheim chamou de "Socialização", a
consciência coletiva seria então formada durante a nossa socialização e seria composta
por tudo aquilo que habita nossas mentes e que serve para nos orientar como devemos
ser, sentir e nos comportar. E esse "tudo" ele chamou de "Fatos Sociais", e disse que
esses eram os verdadeiros objetos de estudo da Sociologia.
O mérito de Durkheim aumenta ainda mais quando publica seu livro "As regras
do método sociológico", onde define uma metodologia de estudo, que embora sendo em
boa parte extraída das ciências naturais, dá seriedade à nova ciência. Era necessário
revelar as leis que regem o comportamento social, ou seja, o que comanda os fatos
sociais.
Durkheim deixa bem claro em sua obra o quanto acredita que essas instituições
são valorosas e parte em sua defesa, o que o deixou com uma certa reputação de
conservador, que durante muitos anos causou antipatia a sua obra. Mas Durkheim não
pode ser meramente tachado de conservador, sua defesa das instituições se baseia num
ponto fundamental, o ser humano necessita se sentir seguro, protegido e respaldado.
Uma sociedade sem regras claras (num conceito do próprio Durkheim, "em estado de
anomia"), sem valores, sem limites leva o ser humano ao desespero. Preocupado com
esse desespero, Durkheim se dedicou ao estudo da criminalidade, do suicídio e da
religião. O homem que inovou construindo uma nova ciência inovava novamente se
preocupando com fatores psicológicos, antes da existência da Psicologia. Seus estudos
foram fundamentais para o desenvolvimento da obra de outro grande homem: Freud.
Na tentativa de "curar" a sociedade da anomia, Durkheim escreve "Da divisão do
trabalho social", onde ele descreve a necessidade de se estabelecer uma solidariedade
orgânica entre os membros da sociedade. A solução estaria em, seguindo o exemplo de
um organismo biológico, onde cada órgão tem uma função e depende dos outros para
sobreviver, se cada membro da sociedade exercer uma função na divisão do trabalho,
ele será obrigado através de um sistema de direitos e deveres, e também sentirá a
necessidade de se manter coeso e solidário aos outros. O importante para ele é que o
indivíduo realmente se sinta parte de um todo, que realmente precise da sociedade de
forma orgânica, interiorizada e não meramente mecânica.
O fato social
Durkheim parte da idéia de que o indivíduo é produto da sociedade. Como cita
Aron, o indivíduo nasce da sociedade, e não a sociedade nasce do indivíduo.Logo, a
sociedade tem precedente lógico sobre o indivíduo. Durkheim definiu como objetivo da
sociologia o fato social, o entende como fato social, todos os fenômenos que se dão no
interior da sociedade, por menos que apresentem, com certa generalidade, algum
interesse social.
Para Durkheim o modo como o homem age está sempre condicionado pela
sociedade, logo a sociedade é que explica o indivíduo, as formas de agir apresentam um
tríplice caráter: são exteriores (provem da sociedade e não do indivíduo); são coercitivos
(impostas pela sociedade ao indivíduo); e, objetivas (têm uma existência independente
do indivíduo). Portanto, os fatos sociais são exteriores, coercitivos e objetivos.
A primeira regra fundamental é considerar os fatos sociais como coisas.
Durkheim define coisas dizendo que as coisas sociais só se realizam através dos
homens; elas são um produto da atividade humana.É preciso portanto considerar os
fenômenos sociais em si mesmos, separados dos sujeitos conscientes que os concebem.
Durkheim entende que Spencer e Comte declararam que os fatos sociais, são
fatos naturais, porém não trabalharam os fatos sociais como coisas. Logo, para
Durkheim a primeira regra é considerar os fatos sociais como coisas.Dentro do
pensamento positivista, deve-se eliminar completamente a influência dos fatos
subjetivos e individuais, dessa maneira garantiria a imparcialidade e a neutralidade,
portanto esse é o motivo de considerar o fato social como “coisas”.
Durkheim compara a sociedade a um “corpo vivo” em que cada órgão cumpre
uma função. Daí o nome de metodologia funcionalista para seu método de análise. Em
segundo lugar, como se repete novamente a idéia de que o todo predomina sobre as
partes. Para Durkheim, isso implica afirmar que a parte (os fatos sociais) existe em
função do todo (a sociedade).
O suicídiu
O tema suicídio despertou interesse como objeto de análise para vários pesquisadores
ao longo dos tempos. Entre eles esta o mais conhecido, o filósofo Emile Durkheim. Ele
escreveu dois livros: Regras do Método Sociológico (1895) e O Suicídio (1897).
Ambas as obras realçam a visão de Durkheim sob as formas de organização social e a
partir delas o autor procura justificar a ação do suicídio.Durkheim tenta mostrar que o
suicídio resulta de condicionantes colectivas, e procura entender as causas do mesmo.
Emile Durkheim preocupou-se com o fato do suicídio na Europa, pesquisou o que ele
considerou com sendo um fato social, estudou de forma concisa, propondo questões e
elaborando sérias diferenças quanto ao suicídio. Durkheim entendia que o suicídio
possui causas sociais. Segundo ele, “É nos grandes centros industriais que os crimes e
os suicídios são mais numerosos.O suicida sabe o que vai acontecer, como irá lesar o
seu ato, qual será o resultado de sua ação. Durkheim procura explicar que o suicídio
além de uma causa psicológica, psicopatológica ou mesmo causa de imitação, também
possui causa social. Durkheim distingue 3 tipos de suicídio:
- suicídio egoísta: quando o indivíduo não está integrado à instituição, sente separado
da sociedade, distante das correntes sociais. Não existe integração o indivíduo não se
sente parte integrante do grupo ou redes sociais que regulam as ações e imprimem
disciplina e ordem (família, religião, trabalho, etc.).-suicídio altruísta: é o oposto do
suicídio egoísta, o suicida altruísta se revela quando o indivíduo se identifica com uma
causa nobre, com a coletividade, essa identificação deve ser tão intensa que este acaba
renegando a própria vida pela sua identificação.- suicídio anômico: deve-se a um
desregramento social, ocorre depois da mudança na vida de um indivíduo (ex: divórcio,
perda de emprego), o que desorganiza os sentimentos de relação com o grupo em que
não existem normas ou estas perderam o sentido. O que Durkheim deixa claro nos tipos
de suicídio estudados é a relação indivíduo-sociedade, o suicídio ocorre tanto pela falta
da ação do indivíduo em determinada sociedade como pela pressão que está sociedade
acarreta sobre ele. Porém, as causas do suicídio segundo Durkheim sempre são sociais.
Durkheim considerava o crime como um fato social normal, já o suicídio era para ele
um fato social patológico que evidenciava que havia profundas disfunções na sociedade
moderna”
Da divisão do trabalho social
Os efeitos gerados pela Revolução Industrial eram assuntos pertinentes a
diversos autores do século XIX e XX, Durkheim para explicar a modernidade busca o
conceito de “divisão do trabalho social”, assim buscava identificar a formação de um
novo método de trabalho ativava a fragmentação social, assim ocorreria o surgimento de
esferas sociais. Logo, para Durkheim a divisão de tarefas também passa ser fonte de
relação e interação social. Porém, a divisão do trabalho não é específica do mundo
econômico: podemos observar sua influência crescente nas regiões mais diferentes da
sociedade. As funções políticas, administrativas, judiciárias especializam-se cada vez
mais. O mesmo ocorre com as funções artísticas e científicas. Estamos longe do tempo
em que filosofia era a ciência única.
Durkheim identificava que a divisão do trabalho não se dava apenas pelo
processo econômico, mas também em outras organizações, como nas funções artísticas,
administrativas e políticas. Durkheim inicia discutindo qual é a função da divisão do
trabalho. A divisão do trabalho tem como objetivo principal tornar a civilização
possível, caso não fosse estaria tornando a moralidade neutra.
Para entender a classificação da solidariedade, Durkheim parte do entendimento
da necessidade de se entender as formas de direito que são estendidas em dada
sociedade, se és aplicado o direito restitutivo ou o direito repressivo. Além de sua
grande tese de doutorado, Da Divisão do Trabalho Social, também mostra a influência
positivista. Durkheim entende que a sociedade passa por um determinado processo de
evolução, essa evolução que está sendo provocada pela diferenciação social. Ocorrendo
que a primeira etapa desse processo de evolução social Durkheim chamou de
“sociedade de solidariedade mecânica”, já o que se refere à etapa final de “sociedade de
solidariedade orgânica”. Assim, organiza da seguinte forma os dois tipos de sociedade.
Laço de solidariedade
Organização social
Tipo de direito
Sociedade de solidariedade
mecânica
Consciência coletiva
Sociedade segmentada
Direito repressivo
Sociedade de solidariedade
orgânica
Divisão do trabalho social
Sociedades diferenciadas
Direito restitutivo
Sociedade de solidariedade mecânica
Durkheim inicia trabalhando a diferença da sociedade de solidariedade pela
pena, ou melhor, pelo crime que cada sociedade comete dessa maneira como o crime é
dado como restituição do ato cometido. Assim São todos os crimes, isto é, atos
reprimidos por castigos definidos
Nas sociedades de solidariedade mecânica os indivíduos vivem em comum
porque partilham da consciência coletiva, assim partilham dos pensamentos em
conjunto, elaboram a sua vida através da vida dos outros em praticamente todas as ações
a sociedade inteira participa numa medida mais ou menos vasta.Os indivíduos se
assemelham muito existindo poucas diferenças entre eles, logo se assemelham pelos
mesmos gostos, sentimentos, valores e reconhecem nos objetos as mesmas
representações do sagrado, assim a semelhanças é enfim o ponto de fundamentação.Nas
sociedades dominadas pela solidariedade mecânica, a consciência coletiva abrange a
maior parte das consciências individuais.
Durkheim define a vida coletiva como um conjunto de crenças e sentimentos
comuns à média dos membros de uma mesma sociedade, que forma um sistema
determinado que possui vida própria.
Sociedade de solidariedade orgânica
Nas sociedades de solidariedade orgânica os laços de solidariedade exigem a
divisão do trabalho social, o tipo de organização social é de uma sociedade diferenciada,
também o tipo de direito diferente da sociedade de solidariedade mecânica, deve ser
restitutivo. Durkheim vê como uma lei na história a passagem da sociedade de
solidariedade mecânica para a sociedade de solidariedade orgânica.
A lei da história a de que a solidariedade mecânica, que, a princípio, é única ou
quase, perde terreno progressivamente e que a solidariedade orgânica se tornou pouco a
pouco preponderante. Mas quando a maneira como os homens são solidários se
modifica, a estrutura das sociedades não pode deixar de mudar. A forma de um corpo se
transforma necessariamente quando as afinidades moleculares não são mais as mesmas.
Por conseguinte, se a proposição precedente é exata, deve haver dois tipos sociais que
correspondem a essas duas sortes de solidariedade.
Principais obras:




Da divisão do trabalho social, 1893;
Regras do método sociológico, 1895;
O suicídio, 1897;
As formas elementares de vida religiosa, 1912;
Influências:
Comte, Spencer, Montesquieu, Rousseau, Maquiavel, Hobbes, Darwin,
Saint-Simon, Bonald
Influenciados:
Mauss, Manilowski, Radcliffe-Brown, Lévi-Strauss
Falecimento
Emile Durkheim faleceu em Paris em 15 de novembro de 1917.
Download