PLANTAS MEDICINAIS – CONHECENDO E VALORIZANDO OS

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XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
PLANTAS MEDICINAIS – CONHECENDO E VALORIZANDO OS
RECURSOS NATURAIS DA CAATINGA, NO ALTO DO
CAPIBARIBE
Miqueas Oliveira Morais da Silva1, Eulina Tereza Nery Farias2, Ednilza Maranhão dos Santos, Joana Evelin Alcântara
Nascimento Gabriela Oliveira Morais da Silva & Lorival Antônio da Silva3
INTRODUÇÃO
O uso de plantas medicinais é uma das práticas mais antigas da população humana. Segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS) cerca de 70% das pessoas que vivem em países em desenvolvimento dependiam de plantas
medicinais como sendo a única maneira de cuidar da saúde. No Brasil, a medicina popular é fruto da mistura de saberes
de diversos grupos indígenas, juntamente com os europeus e africanos vindos para o Brasil. Esses povos, quando
vieram, trouxeram consigo uma grande quantidade de plantas. Então, podemos dizer que a maioria das formas de uso
das plantas medicinais, hoje, é o resultado da interação de pessoas de diferentes culturas (Albuqueque, 1989; Gaspar,
2013). No Nordeste, especificamente na Caatinga, temos uma grande diversidade cultural o que representa um valioso
conhecimento a ser explorado (Albuquerque & Pereira, 2002a).
A caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro e que apresenta uma elevada fitodiversidade (Albuquerque &
Pereira, 2002 ab). Estima-se que pelo menos 932 espécies vegetais foram registradas na região, sendo 380 endêmicas
(MMA,1998),contudo de um modo geral, o conhecimento da flora medicinal da caatinga é ainda bastante reduzido,
mesmo sendo o único bioma exclusivamente brasileiro é o menos conhecido da América do Sul do ponto de vista
científico (MMA,1998). O manejo inadequado dessa vegetação, pela retirada de madeira, exploração de pecuária
extensiva e agricultura, tem colocado em risco essa biodiversidade. A degradação ambiental já atinge mais de 60% do
ecossistema (Tabarelli & Silva, 2002), e segundo Rodal (2002) é possível que já tenham ocorrido processos de extinção
local na fitodiversidade desse bioma, e consequentemente a perda de espécies que poderia contribuir com a descoberta
de novas drogas naturais. Considerando então a grande importância desse ecossistema para a região, ações de
conservação devem ser desenvolvidas no intuito de preservar a flora medicinal da caatinga.
Para contribuir com trabalho de educação ambiental e valorização dos recursos naturais, esse estudo teve como
objetivo realizar um levantamento rápido, listando as espécies de plantas medicinais da flora regional, na fazenda Fieza,
no município de Santa Cruz do Capibaribe, agreste de Pernambuco bem como sua indicação e uso na Etnomedicinal.
Material e métodos
Local do estudo
A Fazenda Fieza está localizada no município de Santa Cruz do Capibaribe, microrregião do Alto Capibaribe, a
aproximadamente a 190 Km da capital pernambucana, no Km 20 da rodovia PE 160 (CPRM, 2005), tem como
proprietários: Tânia e Paulo André atualmente é uma estação experimental. A área está localizada a cerca de 10 Km da
área urbana, e nela vamos encontrar uma caatinga xérica arbustiva, com elementos arbóreos bem representativos. Em
1981 a degradação já se fazia presente na propriedade, fazendo com que os proprietários tomassem a iniciativa de
adotar diretrizes para a conservação da fitodiversidade. Muito foi conseguida, atualmente os proprietários da Fazenda
tem buscado uma maior interação com a comunidade, levando informações e atuando como agente multiplicadores na
área de educação ambiental e cidadania, despertando assim o interesse das universidades, instituições de pesquisas,
escolas públicas e privadas. A propriedade tem em cerca de 64 hectares, dos quais 30 hectares foram transformados em
área de reserva da Caatinga e do Rio Capibaribe, exclusivamente para pesquisas e trilhas educativas.
Procedimento metodológico
Durante o período entre janeiro e setembro de 2013, foram realizadas, nas trilhas utilizadas para atividades de
educação ambiental, um reconhecimento das espécies da flora, destacando aquelas de interesse medicinal e de
ocorrência no bioma Caatinga. Utilizou-se como auxílio listas de espécies já existentes na Fazenda realizada. As
informações sobre indicação e uso medicinal das plantas registrada na fazenda e utilizada pela comunidade, investigadas
através de pesquisas em sites como Goolgle acadêmico e Scielo, além de serem documentadas durante uma oficina na
1
Aluno bolsista do PIBIC-EM, Escola de Referência Luiz Alves da Silva, Santa Cruz do Capibaribe-PE. E-mail: [email protected]
Segundo Autor é Professor Adjunto do Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Av.
Bento Gonçalves, 9500, prédio 43423, sala 209, Porto Alegre, RS, CEP 91501-970.
3
Terceiro Autor é Professor Adjunto do Departamento de Botânica, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Av.
Bento Gonçalves, 9500, prédio 43423, sala 209, Porto Alegre, RS, CEP 91501-970.
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Fazenda Fieza no dia 21 de setembro, para troca de saberes com a comunidade. Também foram feitos registro
fotográfico das espécies para servir de catálogo e conseguintemente ajudar no reconhecimento pela população.
Posteriormente uma entrevista com um raizeiro da comunidade foi feita sobre as plantas, essa devidamente autorizada
pelo mesmo, para obter mais informação sobre as propriedades fitoterápicas e usos. ´
Resultados e Discussão
Foi catalogado um total de 22 plantas de uso medicinal nas trilhas utilizadas para educação ambiental na Fazenda
Fieza utilizadas para diferentes tratamentos de saúde, sendo a parte das plantas mais utilizadas a casca e folhas (Tabela
1). A espécie arbustiva mais abundante nas trilhas foi a catingueira (Caesaalpinia pyramidalis), seguida do marmeleiro
(Croton blanchetianus). A indicação medicinal pela população foi similar a o que já se tem na literatura para o uso
dessas plantas (Albuquerque, 1989; Albuquerque e Andrade, 2002a e b), bem como pelas informações obtidas através
da entrevista com o raizeiro.
Durante a oficina de trocas dos saberes, participaram um total de 25 pessoas, todavia quatro delas foram consideradas
detentoras de conhecimento, onde destacaram que apreenderam com os pais e avós. Esses participantes eram mulheres
adultas residente em propriedade rurais e com contato maior com os elementos vegetais da Caatinga. Nesse momento foi
possível aliar o conhecimento científico trazido pela universidade com o conhecimento empírico dessas mulheres.
Agradecimentos
Ao Programa Capivara de Educação Socioambiental na Bacia do Capibaribe - Programa de Extensão Universitária
(PROEXT 2011) – financiado pelo Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Superior MEC/SEsu)
e ao Projeto Gente, Floresta Água. Ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica para o Ensino Médio (
PIBIC- EM) financiado pelo CNPq. Aos proprietários da Fazenda Fieza, Aos propietários da Fazenda Fieza, Sr. Paulo e
D. Tânia Fieza.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, J. M. Plantas medicináis de uso popular. Brasília: ABEAS/ MEC, 1989.
ALBUQUERQUE, U. P.; ANDRADE, L. H. C. Conhecimento botânico tradicional e conservação em uma área de
caatinga no Estado de Pernambuco, Nordeste do Brasil Acta Botanica Brasilica, v. 16, n. 3. p. 273-285, 2002a.
ALBUQUERQUE, U. P.; ANDRADE, L. H. C. Uso de recursos vegetais da caatinga: o caso do agreste do Estado de
Pernambuco (Nordeste do Brasil).
Interciência , v. 27, n. 7. p. 336 – 345, 2002b
CPRM - Serviço Geológico do Brasil. 2005. Projeto cadastro de fontes de abastecimento por água subterrânea.
Diagnóstico do município de Serrita, Estado de Pernambuco. Organizado por João de Castro Mascarenhas, Breno
Augusto Beltrão, Luiz Carlos de Souza Junior, Manoel Julio da Trindade G. Galvão, Simeones Neri Pereira, Jorge Luiz
Fortunato de Miranda. Recife: CPRM/PRODEEM.
GASPAR, Lúcia. Plantas medicinais. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em:
<http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: dia mês ano
LEAL, I.R., TABARELLI, M. & SILVA, J.M.C. (eds), Ecologia e Conservação da Caatinga. Editora Universitária,
UFPE, 275-333. 2003.
MMA- Ministér io d o Meio Amb iente e d o s Recurso s Híd rico s e d a Amazô n ia Legal . P rimeiro
r elató rio nacio nal p ar a a co nser vação so b re Bio d iversid ad e Bio ló gica. Brasília, 1 9 9 8 .
RODAL, M.I.N. Asp ecto vegetacio nal d o Bio ma caatinga. In: Bio d iversid ad e, co nservação e uso
sustentável d a flo r a d o Br asil. I mp r ensa Universitária/UFR P E, Recife 2 0 0 2 p . 4 4 -4 5 .
TABARELLI, M. e SI LVA, J .M.C. Ár eas e açõ es p rio ritárias p ara a co nservação , utilização
sustentável e r ep ar tição d e b enefício s d a b io d iversid ad e d o Bio ma caatinga. In: Bio d iversid ad e,
co nservação e uso sustentável d a flo r a d o Bra sil. Recife: UFRP E, Imp rensa Universitária. P .4 7 52, 2002
XIII JORNADA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO – JEPEX 2013 – UFRPE: Recife, 09 a 13 de dezembro.
Tabela 1. Lista das principais plantas com indicação medicinal, registrada nas trilhas pedagógicas na Fazenda Fieza, Santa Cruz do
Capibaribe- PE durante janeiro a setembro de 2013, com informações de integrantes da comunidade que participaram da oficina
troca de saberes realizada no dia 21 de setembro de 2013.
Nome científico
Myracrodruon urundeuva Allemão
(Aroeira)
Indicação medicinal
Parte da planta
Coceiras, cicatrizante, inflamação no dente,
garganta, inchaço no pé, verminoses, úlceras,
gastrite, infecções urinárias, afecções hepáticas e
renais, queimaduras e dor nas pernas.
No tratamento de verme, queda de cabelo.
Cascas do caule, folhas.
Cascas do caule, folhas.
Amburana cearensis (Allemão) A.C.Sm.
(Imburana de cheiro)
Afecções urinárias, cálculo
renal,gastrite,inflamação na uretra e problemas
hepáticos.
Inflamação externa, inflamação uterina e dor de
dente.
A batata dentro da água é usada no tratamento da
próstata
Reumatismo e inchaço, gastrite, tosse, congestão,
diarréia , reumatismo, tosse, catarro e gripe,
hepatite
Lambedor do miolo (interior da planta) para
hemorróida e próstata.
Látex (liquido pegajoso que a planta elimina ao
ser cortada do tronco) como anti inflamatório
Tratamento de gripe inflamações, aliviar a
dor,dor de dente ,e prevenção de cárie, aftas
Selaginela convoluta (Jericó)
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.
(Jurema preta)
Cereus jamacaru DC. (Mandacarú)
O lambedor para a tosse
Afecções uterinas e ferimentos, inflamação e dor
de cabeça. azia e gastrite, inflamação dos pés
Tratamento de gastrite e cálculo renal.
Croton blanchetianus Baill. (Marmeleiro)
Tratamento de coceiras, alergias e processos
inflamatórios disenteria, intoxicação do fígado e
para renovar o sangue. Verminoses, coceiras e
processos alérgicos.
Tratamento para coluna, processos inflamatórios,
insônia e afecções renais, inchaço, prisão de
ventre, cólicas, e também como calmante,
incontinência urinária e inflamação na bexiga.
O látex é usado externamente contra picadas de
insetos,dor de dente,como cicatrizante,para tirar
manchas na pele e como repelente.O látex
também é usado no tratamento de úlceras e
gastrite
Pancadas, ferimentos e gripe
Casca do caule,folha.
Quando ela ocorre no pé de pereiro, é colocado
dentro da água é utilizado no tratamento de
reumatismo
Dor, reumatismo, próstata; afinar o sangue
Salambaia
Spondias tuberosa Arruda (Umbuzeiro)
afecções
uterinas,
ferimentos
externos,
empanzinamento,dor de barriga, inflamação na
garganta e no dente
Casca do caule
Croton rhamnifolius Willd.
(Velame )
Anemias, afinar o sangue alergias, inchaço na
barriga, tosse e machucados, cicatrizantes,
boqueira, rachaduras dos pés reumatismo,dor na
coluna
Cascas do caule, folhas, látex, raiz.
Aloe sp. (Babosa)
Maytenus rígida Mart.
(Bom nome)
Schinopsis brasiliensis Engl. (Braúna)
Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez
(Caruá)
Caesaalpinia pyramidalis Tul. Catingueira
Melacactus bahiensis (britton & rose)
Luetzelb (Coroa de frade)
Argemone mexicana L. (Cardo santo)
Erythrina velutina Willd.
(Mulungu)
Jatropha mollissima (Phol) Baill. (Pinhãobravo)
Sideroxylon obtusifolium (Roem. & Schult)
T.D.Penn.( Quixabeira)
Tillandsia recurvata (L.) L. salambaia
Cnidoscolus urens (L.) Arthu –( urtiga)
“poupa” (parte interna da planta)
Cascas do caule, fruto.
A batata da planta
Casca do caule, flor, folhas
Coroa de frade sem os espinhos
Latex do tronco
Cacas da planta, resina, sementes.
Casca do caule, flores, raiz.
O “miolo”, raiz.
O carvão, cascas do caule,
entrecasca do caule.
O latex
Casca e entrecasca
Raiz, látex, sementes.
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