De Barcelona-92 a Pequim-2008, Alcione, esposa

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www.lancenet.com.br DOMINGO, 24 DE AGOSTO DE 2008 LANCE!
Guimarães
ARI FERREIRA
De Barcelona-92 a Pequim-2008,
Alcione, esposa de Zé Roberto,
esteve sempre ao lado do marido
DOS ENVIADOS ESPECIAIS
Pequim (CHN)
Q Alcione esteve ao lado de Zé Roberto em Barcelona, há 16 anos, quando o
marido ajudou o Brasil a conquistar a
primeira medalha de ouro em esportes coletivos. Depois, passou por
Atlanta-96, quando a Seleção masculina caiu nas quartas-de-final, e Sydney-2000, quando ele foi comentarista
de uma emissora de televisão.
Há quatro temporadas, em Atenas, ela presenciou um dos momentos mais tristes da carreira do amado. Ontem, porém, acrescentou mais
uma inesquecível passagem do casamento, de quase 30 anos, ao ver o bicampeonato olímpico, ao vivo.
Na arquibancada, ao lado das filhas, ela torceu, vibrou, gritou, xingou, chorou. Mas, desta vez, de alegria. Antes de Zé Roberto deixar o ginásio, Alcione revelou ao LANCE! como foram difíceis as últimas temporadas, como eles encontraram forças
para reagir juntos e como tinham certeza de que a reviravolta aconteceria
na Olimpíada de Pequim.
– Em Atenas, eu ficava nervosa
em todos os jogos. Nesta Olimpíada,
fiquei ansiosa contra a Rússia. Depois do primeiro set, eu chorei muito.
Muito mesmo. Contra o Japão, achei
que, se o Brasil passasse, seria campeão. Contra a China, eu estava muita tranqüila. Contra os Estados Unidos, tinha a certeza da vitória também. O Zé me passou isso. Ele estava
tão confiante e eu até não entendia
muito o porquê. Ele falava: “Esse
grupo é muito bom. Vai dar tudo cer-
to. Pode acreditar” – narrou a esposa emocionada e orgulhosa.
Discreta, ela não gosta dos holofotes, tanto que preferiu não conceder entrevista um dia antes da partida. Como o marido, tem superstições, por isso optou por não falar na
véspera da decisão, já que temia o
azar. Além disso, é muito religiosa
(confira na página).
– Quando vejo o Zé, de manhã, e
ele está sentado, quieto, nem vou
atrapalhá-lo. É um momento que
ele está com Deus. Ele agradece
muito, mesmo no momento difícil
pós-Atenas, ele agradecia muito. Já
eu peco por isso, pois nunca aceito e
“Quando o vejo, de manhã,
e ele está quieto, nem o
atrapalho. É um momento
que ele está com Deus”
pergunto o porquê das coisas – confidenciou Alcione.
Sobre os próximos passos do
marido, ela dá carta branca. Zé Roberto voltará a ser técnico do Pesaro, na Itália, após passar um ano
apenas como diretor esportivo, já
que preferiu dedicar-se exclusivamente à preparação olímpica. Ele
também já manifestou o desejo de
iniciar um novo ciclo olímpico até
Londres-2012. E a fiel escudeira
tem uma certeza.
– Estaremos juntos. Para ver o
tricampeonato olímpico? É o que
todos os brasileiros esperam.
Que venham os próximos Jogos!
FOTOS DE DANIEL BORTOLETTO
Bate-Bola
Bate-Bola
Alcione
Ana Carolina
-1- O Zé carregou um peso
grande nos últimos quatro
anos. Como foi?
-1- Como é o Zé como pai?
ESPOSA DE ZÉ ROBERTO
Q Quatro anos ouvindo críti-
Abraço apertado na filha Ana Carolina
Ana, a mãe Alcione e Maria Fernanda
Haja fé e superstição nessa família
A
Superstição e fé são marcas da família
Guimarães. Antes da conquista da medalha de ouro, Zé Roberto e Alcione fizeram promessas.
O treinador irá, assim que a agenda
profissional permitir, percorrer pela segunda vez na vida o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. Há cinco
anos, ele fez a peregrinação após ter conquistado a primeira Superliga dirigindo
o Finasa/Osasco.
Já Alcione revelou que abrirá mão de
uma de suas paixões.
– Uma das minhas promessas é parar
de comer chocolate, que é uma das minhas paixões. Mas agora só na próxima
Páscoa – afirmou ela.
Zé Roberto é mesmo supersticioso.
Nas competições, como a delegação costuma ter até três uniformes de jogo, o
treinador costuma “aposentar” a camisa
com a qual a equipe é derrotada.
Família e amigos na torcida pelo técnico
Fala aí!
T
Alcione
SOBRE A VIDA DURA NOS ÚLTIMOS 4 ANOS
“O Zé carregou muito peso,
mas ele sempre me falava
que seria campeão olímpico”
“Queria agradecer muito ao
presidente Ary Graça (CBV) por
ter confiado e ter dado uma
nova oportunidade para ele”
cas da imprensa, da torcida,
de colegas de trabalho... Críticas infundadas. Ele pegou
um grupo em cima da hora,
sem tempo para treinar. O Zé
carregou muito peso, mas
ele sempre me falava que seria campeão olímpico.
-2- Foi o pior momento da vida de vocês (casados há 28
anos e juntos há 33)?
Q Profissionalmente, foi o
período mais difícil, tanto no
momento da derrota como
um ano depois. Muitas vezes,
puxava o Zé com uma corda
do fundo do poço e falava: “O
que é isso? Você é um campeão olímpico!”. E ele é uma
pessoa boa de alma. Queria
agradecer muito ao presidente Ary Graça (CBV) por
ter confiado e ter dado uma
nova oportunidade para ele.
UMA DAS FILHAS DE ZÉ ROBERTO
Q Apesar da ausência, ele
tenta sempre estar presente com a gente. Quer saber
o que está acontecendo na
nossa vida, na parte profissional... Até no lado amoroso ele opina. Já passou a
fase do ciúmes. É um belo
pai, o melhor do mundo.
-2- Como foi o período de
quatro anos após marcante derrota em Atenas?
Q Duro. Logo depois da
derrota para a Rússia, fomos até a Vila e vimos que
ele estava mal. Depois foi a
derrota para Cuba. Ele
saiu de lá querendo sumir
do mundo. Foi melhorando com o tempo, apesar das
derrotas que aconteceram, mas também com
muitas vitórias. Ele estava
confiante de uma forma diferente nesta Olimpíada.
-3- Defina-o numa palavra.
Q Ouro. Simplesmente ouro.
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