VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 Gestão territorial e Mapeamento participativo na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) de Saracá Piranga/Silves-AM Ivani Ferreira de Faria - DEGEO/Universidade Federal do Amazonas [email protected] Introdução O presente trabalho apresenta o resultado do processo de criação da Unidade Conservação Saracá Piranga no município de Silves/AM que utilizou como metodologia o mapeamento participativo dos recursos naturais e unidades de paisagens bem como uso do GPS e técnica do over lay para definição da extensão territorial da UC que contou com a participação de alunos de graduação do Curso de Geografia e do Mestrado em Geografia e Ciências do Ambiente Sustentabilidade na Amazônia da UFAM. A metodologia proposta permite que por meio da participação efetiva, que os envolvidos demonstrem seus conhecimentos sobre o território e a cultura, fortalecendo tanto sua identidade, quanto sua auto-estima, dignidade e minimizar ou excluir os riscos dos impactos indesejáveis, possibilitando-lhes reafirmarem-se como protagonistas de suas histórias. O estudo para a criação da Unidade de conservação foi realizado em 20 comunidades distribuídas em 03 microrregiões, denominadas localmente como setores: Alto Urubu/Anebá; Médio Urubu e Canaçari/Amazonas no período de maio a setembro 2009, onde utilizou o levantamento socioeconômico com entrevistas estruturadas e formulários semi-estruturados e mapeamento participativo dos recursos naturais por meio de oficinas participativas com técnica da escuta sensível e da mediação e over lay e posteriormente sistematização por meio de elaboração de mapas, utilizando-se o ARC VIEW, com a área proposta para a Unidade de Conservação bem como localização das comunidades e das microrregiões. As comunidades vivem basicamente da agricultura de subsistência com roças de macaxeira, mandioca, hortaliças e frutas, e do extrativismo animal, com predomínio da pesca, e no extrativismo vegetal predominando a castanheira, copaíba, andiroba, paurosa, açaí, tucumã, breu, fibras e cipós entre outros evidenciando a riqueza da biodiversidade do lugar demonstrando também um elevado potencial ecoturístico pela beleza cênica, diversidade de atrativos naturais e a organização comunitária. O estudo aponta que devido às formas de ocupação e uso do território pelas comunidades e a biodiversidade existente, a Unidade de Conservação a ser criada deve 1 Tema 2 - Expansão e democratização das novas tecnologias em Geografia Física: aplicações emergentes ser na categoria de Uso Sustentável (RDS), para garantir a sobrevivência tanto da população ribeirinha residente quanto dos recursos naturais florestais e pesqueiros ameaçados por atividades predatórias e clandestinas e existentes no município. Município de Silves: aspectos físico-geográficos Município de Silves no Estado Amazonas localizado na região do Médio Amazonas, distante da cidade de Manaus cerca de 250 km por via fluvial, na época da cheia, e terrestre percorre-se 226 km da estrada AM 010 (Manaus-Itacoatiara) e mais 127 km da BR-363. Suas coordenadas geográficas são latitude 2o 50´S, longitude 58o 13´W. Abrange uma superfície de 3.671 km2, representando 0,36% do território do Amazonas, tem seus limites com os municípios de Itapiranga, Urucurituba e Itacoatiara. Sua população é de 7.785 habitantes (IBGE, 2000). O município é constituído, na maioria por descendentes de índios, portugueses, espanhóis, nordestinos, e as comunidades são formadas por grupos de família do tipo nuclear, composto em média por sete moradores e sua produção econômica é tipicamente camponesa, concentrada principalmente na produção de farinha, peixe e extração de madeira (BECKER & LÉA, 2002). A cidade de Silves encontra-se em uma ilha bastante elevada, localizada a margem esquerda do Rio Amazonas, dividindo o Rio Urubu do Lago Canaçari, é uma região caracterizada pela presença de terras baixas e áreas de várzea alagáveis, apresentando as duas estações típicas da região amazônica, cheia (ocorre de janeiro a julho) e vazante (ocorre de agosto a dezembro). Apresenta grande diversidade em sistemas geológico-geomorfológico, hidrológico e fitogeográfico, formados por terraços aluvionários cobertas por florestas de terra firme, solos hidromórficos, por mata de igapó e diques fluviais que formam lagos e várzeas. A rede hidrográfica do município é constituída pelos rios Amazonas, Urubu, Anebá, Itapaní, Uatumã, Sanabaní, além dos furos Piramiru, Liberato e Maraquará, apresentando os três tipos de rios existentes na região: rios de águas claras (rio Sanabaní), águas brancas (rio Amazonas) e águas pretas (rio Urubu). O rio Urubu forma um dos maiores lagos da região, o lago Canaçari, quando o volume d’água ultrapassa os limites do lago, este fica inteiramente ligado ao rio Amazonas, e na época a seca, surgem vários lagos que, transforma-se em um verdadeiro sistema de lagos menores, servindo de estratégia para reprodução de peixes, e contribuindo para a subsistência das comunidades localizadas ao longo do lago (AMAZONAS, 2001). 2 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 O lago do Canaçari possui, aproximadamente, 40 Km de extensão por uma largura média de 15 Km, perfazendo um total aproximado de 600 Km2, dos quais 90% encontram-se no Município de Silves e 10% em áreas pertencentes a Itacoatiara. Ao Norte faz limite com águas que formam o lago de Sacará, onde se encontra a ilha de Silves, também banhada pelo rio Urubu. A Leste limita-se com a imensa restinga de várzea que o separa do rio Amazonas, criando nessa região centenas de lagos periféricos e ilhotas que constituem uma paisagem de rara beleza. A Oeste faz limite com uma pequena península de solo argiloso e ilhas que ficam à margem direita do rio Urubu. Esse lago pode ser comparado a uma grande bacia, com uma profundidade que varia entre 3 m e 15 m durante a vazante e a enchente, respectivamente. Os tipos de solos mais comuns são o Latossolo Amarelo e o Podzol, o primeiro bastante argiloso e o segundo com percentual bastante elevado de areia. Na rodovia BR-363 via de acesso ao município, conhecida como estrada da várzea, este solo argiloso apesar de teoricamente mais resistente à erosão, apresenta em vários trechos grandes processos erosivos do tipo voçorocas, ravinas e sulcos, que dificultam não somente o tráfego, mais também aumentam o risco de acidentes nesta estrada. Dados Demográficos das Comunidades da UC As comunidades envolvidas na área da UC proposta são Alto Urubu/Anebá (Nossa Senhora do Livramento do Anebá, Santo Antonio do Rio Anebá/Curuá, Cristo Rei do Anebá), Médio Urubu (São Lázaro do Taperebatuba, Nossa Senhora de Nazare do Igarapé Açú, São Pedro do Capivara, Nossa Senhora da Conceição da Baixa Funda, Nossa Senhora das Graças do Maquará, Nova Esperança do Maquarazinho, Nossa Senhora do Carmo da Eva, São Raimundo do Bacabaí) e Canaçari/Amazonas (Divino Espírito Santo do Igarapé do Pai Tomás, Santa Maria do Rebojão, São Sebastião do Forte, São Sebastião do Poção, Sagrado Coração de Jesus, São José do Pampolha, Santa Luzia do Rebujão, Espírito Santo do Puruzinho, Nova Jerusalém do Siringa). Foram identificadas através do levantamento socioeconômico 378 famílias e 1896 pessoas evidenciando que as comunidades com maior índice populacional é Nossa Senhora de Nazaré do Igarapé Açu e Nossa Senhora do Livramento do Anebá. Quanto a faixa etária (gráfico 1) os dados demonstram que 39% da população está acima de 26 anos; 15% de 16 a 25 anos (jovens e adolescentes); 29% de 06 a 15 anos e 17 % de 05 a 5 anos, constatando uma população considerada jovem. 3 Tema 2 - Expansão e democratização das novas tecnologias em Geografia Física: aplicações emergentes 800 700 600 500 400 300 200 100 0 Soma 0 à 5 anos 6 à 15 anos 16 à 25 anos Acima de 26 anos 326 551 283 712 Gráfico1-Faixa etária da população das comunidades que compreendem a UC, 2009. Mapeamento Participativo dos Recursos Naturais O mapeamento participativo foi realizado por meio de oficinas onde verificou-se as formas de uso do território e localização dos principais recursos como extrativismo vegetal madeireiro e não madeireiro, áreas de pesca e de caça; extração de areia; pecuária; ocorrência de terra preta, quelônios, recursos e lugares a serem protegidas na área das 20 comunidades pesquisadas envolvidas pela Unidade de Conservação e por fim, destacando as potencialidades econômicas apontadas. Pesca A pesca constitui a base alimentar dessas comunidades, sendo importante na complementação da renda. As espécies mais encontradas são o Jaraqui (25%), Tucunaré (14%), Tambaqui (13%), Pacú, Pirarucu, Matrinxã, e Aracú (gráfico 2). A pesca represente a principal fonte de subsistência, feita ainda de maneira artesanal pela população das comunidades, embora exista o sindicato dos pescadores e parte dos conflitos existentes é entorno do pescado. Neste sentido, foi feito um acordo de pesca onde foram definidos lagos de pesca e lagos de preservação. 4 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 7% 2% 2% 7% Aracú Jaraqui 2% Carauaçú Tucunaré 25% 13% Curimatã Matrinxã Pacú Tambaqui Caparari Cará 2% 13% Pirapitinga Pirarucu 14% 2% 11% Gráfico 2 – Espécies de peixes encontradas e comercializadas pela população, 2009. Recursos hídricos Nas pesquisadas realizadas tanto com as famílias quanto no mapeamento participativo dentre os recursos hídricos que mais despertaram preocupação da população com a sua proteção, 53% foram os animais aquáticos - peixes como aruanã, curimatã, tambaqui, jaraqui, tucunaré, pacu, cara, matrinxã, carapari, carauaçú e pirapitinga com destaque para o jaraqui, tucunaré e pacu; Peixe-boi e quelônios (tracajá, jabuti) – 26% se preocupam com a preservação dos lagos; 13% com preservação dos rios; 7% com os igarapés (gráfico 3). Fato justificado porque a territorialidade e base alimentar da população caboclo-ribeirinha é baseada na pesca e conseqüentemente a conservação e preservação destes recursos são fundamentais a sua sobrevivência. 7% 1% Animais Aquáticos 13% Lagos Rio Igarapé 53% Cabeceiras 26% Gráfico 3 - Recursos Hídricos a proteger nas comunidades da UC, 2009. 5 Tema 2 - Expansão e democratização das novas tecnologias em Geografia Física: aplicações emergentes Recursos naturais florestais Dentre os recursos existentes e que devem serem protegidos 27% da população das comunidades pesquisadas se preocupam com os produtos não madeireiros a serem protegidos como tucumã, Açaí, castanheira, breu, copaíba, andiroba, patauá, breu, bacaba, piquiá, buriti, cumarú, paxuri. Sendo o tucumã, o açaí e o Breu os que mais se destacaram. Extrativismo madeireiro expressado com 23%, destacando-se Itaúba, Louro, Sucupira, Pau-rosa, Acariquara e Castanheiras. Com 25% aparecem os animais de caça como porco do mato, cutia, tatu, paca e espécies de pássaros. 22% são árvores frutíferas como banana, pupunha, cupuaçu e outras espécies regionais (gráfico 4). 22% 23% Madeireiro Animais de Caça Roça Não Madeireiro Arvores Frutiferas 27% 25% 3% Gráfico 4 - Recursos Florestais existentes a serem protegidos, 2009. Potencialidades econômicas Diante da riqueza e da biodiversidade apresentada pelas comunidades das 03 micro regiões envolvidas devido a presença de diversos sistemas naturais hidrográficos, geomorfológicos, biológicos, da fauna e flora a população identificou recursos com potencial econômico que poderão servir como indicadores para possíveis projetos sustentáveis para geração de renda e conservação dos mesmosDos recursos com maior potencial econômico foi destacada a farinha de mandioca com 31%; empatados com 15% aparecerem o açaí, o extrativismo e a produção de frutas (gráfico 5). 6 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 15% Produção de Farinha 31% Açaí Futas 8% Gado Madeira Artesanato 8% Extrativismo 8% 15% 15% Gráfico 5 – Produtos com potencial econômico nas comunidades da UC, 2009. Lugares a serem protegidos por micro regiões. No município de Silves existem 03 microrregiões geográficas, conforme definição, inicialmente da população, da ASPAC, que também foi acatada pela equipe deste estudo, as quais são: Alto Urubu/Anebá, compreendendo as comunidades localizadas a montante do rio Urubu e seu afluente Anebá; médio Urubu; baixo Urubu e Canaçari/Amazonas, compreendendo as comunidades localizadas próximas ao rio Amazonas e Lago Canaçari sendo que a UC é compreendida por apenas 03 . A ASPAC, define as microrregiões como setores. Urubu/Anebá O setor/micro região do Alto Urubu/Anebá, caracterizado em sua maioria por ecossistema de terra firme e uma pequena área de massapé. Compreende as comunidades de Cristo Rei do Anebá, Nossa Senhora do Livramento do Anebá e Santo Antônio do Rio Anebá. Possui 58 famílias, com de média de 4 pessoas em sua maioria. A comunidade mais populosa é Nossa Senhora do Livramento com 29 famílias e 147 habitantes. Há praticamente um equilíbrio entre os sexos, com uma leve predominância do sexo masculino (72%) em comparação ao feminino (28%) 7 Tema 2 - Expansão e democratização das novas tecnologias em Geografia Física: aplicações emergentes Dos lugares a serem protegidos 72% dos pesquisados demonstraram preocupação com os recursos hídricos em especial com o lago Maquará com alta prioridade para proteção e os demais lagos (gráfico 7) 2% 2% 7% Não soube responder 2% Comunidades 5% Praias 2% Igarapé do Jacinto Igarapé Gaita 8% Rio Anebá Lago Teriteri Lago do Maquará 72% Gráfico 7 – Lugares a serem protegidos na micro região do Alto Urubu/Anebá, 2009 Médio Urubu O setor do Médio Urubu compreende oito comunidades São Lázaro do Taperebatuba, Nossa Senhora de Nazaré do Igarapé Açú, São Pedro do Capivara, Nossa Senhora da Conceição da Baixa Funda, Nossa Senhora das Graças do Maquará, Nova Esperança do Maquarazinho, Nossa Senhora do Carmo da Eva e São Raimundo do Bacabaí. Neste cenário de diversidade social e cultural vivem 188 famílias, totalizando uma população de 996 habitantes, divididos entre 554 homens e 443 mulheres. Em relação às áreas a serem protegidas foram sugeridas alguns lugares prioritários. Inicialmente, muitos ficaram sem saber o que responder, mas destaca-se a comunidade e toda região com percentuais semelhantes, seguida pelo rio Urubu, e na ordem pelo lago Açu, lago Maquarazinho, lago Canaçari, lago das Piranhas e por último cabeceira do Bacabaí (gráfico 8). Levando em consideração a extensão do setor do Médio Urubu, há uma preocupação maior com toda a área e com a comunidade, notase como a comunidade é vista integrada a essa área. È a percepção de que o meio social e natural estão interligados. 8 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 9% Na Comunidade 9% Em Toda a Região 4% 2% 1% 7% Igarapé Açu Lago Canaçari Lago das Piranhas Rio Urubu Cabeceira do Bacabaí Lago do Maquarazinho 1% 64% Não soube responder 3% Gráfico 8 – Lugares a serem protegidos na micro região do Médio Urubu, 2009 Canaçari /Amazonas O setor Canaçari/Amazonas, é uma das micro regiões que apresenta o maior número de comunidades, somando um total de nove comunidades, sendo estas: Divino Espírito Santo do Paraná do Pai Tomás, Santa Maria do Rebujão, São Sebastião do Forte, São Sebastião do Poção, Sagrado Coração de Jesus, São José do Pampolha, Santa Luzia do Rebujão, Espírito Santo do Puruzinho e Nova Jerusalém do Siringa. Neste setor existem 132 famílias, alcançando uma população de 613 habitantes, divididos entre 321 homens e 290 mulheres. Dos lugares a serem protegidos aparece com 31% o Lago Canaçari e 22 5 o Lago do Forno (gráfico 9). Onde Precisa ser Protegido 7% 1% Poço do Queimado 4% Lago Canaçari 7% 31% Centro Na Comunidade Na Região 7% Rio Itapani Lago do Juquirizinho 2% Lago do Forno 4% 2% 1% Lago do Juruti Lago do Puruzinho 12% Laguinho 22% Igarapé do Poção Gráfico 9 – Lugares a serem protegidos na micro região Canaçari/Amazonas, 2009 9 Tema 2 - Expansão e democratização das novas tecnologias em Geografia Física: aplicações emergentes Considerações Finais A primeira etapa de estudos realizada em maio de 2009 serviu como base para compreendermos a emergência em criar uma Unidade de Conservação no município e a segunda para definirmos a área de uso dos recursos naturais. Embora se tenha percebido que o tema não é familiar a todos, percebe-se que as comunidades vêem nessa iniciativa uma alternativa da sustentabilidade dos recursos naturais dos quais dependem para sua subsistência. Os dados apontam que as políticas públicas que visam garantir o mínimo exercício da cidadania e inclusão social como Luz para Todos, saúde e geração de renda para as comunidades ribeirinhas não estão sendo executadas ou implementadas nas esferas municipal, estadual e federal. A principal fonte de renda das famílias ribeirinhas vem da agricultura e do extrativismo vegetal, a qual nem sempre é suficiente para o sustento da casa, geralmente o complementado através da aposentadoria ou do benefício oferecido pelo governo (bolsa família). Outro aspecto que precisa ser evidenciado nesta análise é a educação, já que não para pensar em perspectivas de desenvolvimento sem incluí-la, considerado o fator de impulso para o avanço das sociedades. Desta forma, o quadro que se apresenta neste contexto, no âmbito do ribeirinho, é que muitos não concluem o ensino fundamental e poucos conseguem cursar o ensino médio. Isso posteriormente vai acarretar uma série de conseqüências relacionadas ao baixo nível de escolaridade do conjunto da população, como uma perda significativa para toda a coletividade e consequentemente na busca por trabalho e emprego. O Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) dispõe em seu capítulo II, Artigo 4o, sobre os objetivos, em criar e estabelecer UCs no território nacional. Lembrando que no Estado do Amazonas existe a Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (SDS), que elaborou um Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC), semelhante ao SNUC, onde dispõe dos mesmos objetivos pontuados para criação de UC no território nacional, utilizando uma conotação direcionada para o Estado do Amazonas. Esclarecendo, que tais objetivos, são considerados nesse estudo como fatores preponderantes para criar UC, onde de certo modo irá depender da particularidade e necessidade dos fatores socioambientais existentes nas comunidades. Destacamos abaixo alguns pontos considerados importantes na lei, para então refletimos sobre os 10 VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física II Seminário Ibero-Americano de Geografia Física Universidade de Coimbra, Maio de 2010 objetivos expostos no processo de criação da UC em Silves comprovados pelo estudo nas comunidades da UC proposta: Contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional e nas águas jurisdicionais; Proteger as espécies ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional; Contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais; Promover a utilização dos princípios e práticas de conservação da natureza no processo de desenvolvimento; Proteger paisagens naturais e pouco alteradas de notável beleza cênica; Proporcionar meios e incentivos para atividades de pesquisa científica, estudos e monitoramento ambiental; Proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendoas social e economicamente. Partindo para uma análise dos aspectos naturais de Silves, podemos observar, em tais objetivos, que as características do município, não esta muito distante dos objetivos atribuídos na lei. Referimo-nos, não somente a grande diversidade biológica presente em seus lagos, floretas e rios, mas ao histórico de conflitos e lutas, travados pelos comunitários, na busca pela garantia da sustentabilidade de tais recursos. O estudo aponta que devido às formas de ocupação e uso do território pelas comunidades e a biodiversidade existente, a Unidade de Conservação a ser criada deve ser na categoria de Uso Sustentável (RDS), para garantir a sobrevivência tanto da população ribeirinha residente quanto dos recursos naturais florestais e pesqueiros ameaçados por atividades predatórias e clandestinas e existentes no município. Recomenda-se que após a criação da UC, seja estabelecido o seu Conselho Diretor com definição do(s) co-gestores e que a elaboração do plano de gestão faz-se urgente e necessário para implementar projetos de sustentabilidade, oportunizando a população das comunidades de dentro e do entorno da UC melhoria das condições de vida ao mesmo tempo em que garante a proteção dos recursos para sua sobrevivência. 11 Tema 2 - Expansão e democratização das novas tecnologias em Geografia Física: aplicações emergentes Bibliografia Amazonas. 2007 Lei nº 53 de 05/06/2007. institui o Sistema Estadual de Unidades de Conservação. Sistema Estadual de Unidades de Conservação. Manaus, SDS. Amazonas. 2001 Diagnóstico e Estratégias Municipais para o Desenvolvimento do Pólo de Ecoturismo do Estado do Amazonas - Município de Silves – PROECOTUR/AM. Becker, B.K. & Léna, P. et al. 2001. Análise dos efeitos sociais, econômicos e políticos das ações visando ao desenvolvimento sustentável na Amazônia. Relatório Final, Cooperação CNPq/IRD, Rio de Janeiro. Bensusan, Nurit. 2006. Conservação da Biodiversidade em áreas protegidas. Rio de Janeiro, Editora FGV. Brandão, Carlos Rodrigues (Org.). 1983. Pesquisa Participante. 3a Edição. São Paulo, Editora Brasiliense. Brasil. 2000. Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Brasília, Diário Oficial. Ibge. 1997. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico 2000. Malha municipal digital,Brasil. Mninsitério do Meio Ambeinte. 2004. Gestão Participativa do SNUC. Edição: WWFBrasil, Fundo Brasileiro para a biodiversidade, Instituto Internacional de Educação do Brasil, The Nature Conservacy. 12