Que são na realidade Landmarks - Revista Maçônica Virtual Arte Real

Propaganda
OS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS
&
ORIGEM DO PAVIMENTO MOSAICO
AUTOR:
Sérgio Roberto Cavalcante - MM
ARLS Cavaleiros do Sol nº 42 - GLEPB
Rito York
OS CAVALEIROS TEMPLÁRIOS
E A ORIGEM DO PAVIMENTO MOSAICO
UM POUCO DE HISTÓRIA
No início do século XI a Europa vivia o auge do feudalismo1, quando este começava a
entrar em declínio. Superpopulação, a exploração feudal superior à capacidade de sobrevida
material dos camponeses, somente os filhos mais velhos herdavam as posses dos pais nobres
(os outros seguiam carreira sacerdotal ou partiam a aventuras – ou ambas) e estava
isolada, cercada de inimigos ferozes.
As construções de castelos de pedra, com fossos cheios de animais perigosos, pontes
levadiças, soldados em vigília permanente tinham sua razão de ser: ao leste o perigo de
invasões magiares, de hunos ou mongóis, em épocas diversas, era concreto. Ao Norte viviam
os Vikings que, cruzando os rios europeus saqueavam o que lhes estava ao alcance. Ao sul,
o mar mediterrâneo se havia transformado num “lago muçulmano” no qual, durante muitos
séculos, os cristãos não conseguiam fazer sequer uma tábua flutuar sem serem atacados.
Em 1095 o papa Urbano II, sensibilizado com a situação miserável do povo na Europa além
das ameaças que se diziam pesar sobre os cristãos em peregrinação para a Palestina
convocou uma Guerra aos Infiéis sob o mote repetido ad nauseam durante todo o período
das Cruzadas: “Deus o quer! Deus o quer!” Foi prometida uma ampla indulgência e o
caminho direto ao paraíso – não importam quais fossem os pecados – a todo o cristão que
“tomasse a cruz” e fosse “libertar a Terra Santa”.
O fervor religioso era tamanho que o primeiro contingente de cristãos despreparados,
liderados por um destes loucos sensacionais chamado de “Pedro, o Eremita”, foram à
Palestina armados apenas com a sua fé e, naturalmente, foram massacrados ou escravizados
pelos muçulmanos atacados em sua própria terra...
Os ânimos europeus se acirraram e uma Cruzada de Nobres foi convocada. Cavaleiros bem
preparados e armados se dirigiram em contingentes gigantescos primeiro ao Egito e Chipre
e, a seguir a um cerco direto a Jerusalém. Um comentarista da época relata entusiasmado o
resultado final da vitória cristã sobre os muçulmanos em Jerusalém: “caminhava-se pelas
ruas da cidade com sangue sarraceno até os joelhos”. O local onde fora construído o templo
de Salomão, transformado em Mesquita de Al-Aqsa, foi depredado e os sacerdotes passados
todos a fio de espada (ainda hoje existem grupos muçulmanos que envergam o nome
“Mártires de Al-Aqsa”, por sinal). O lugar era sagrado para os judeus, pois tratava-se da
1
O feudalismo foi um modo de organização social e político baseado nas relações servo-contratuais (servis). Tem suas
origens na decadência do Império Romano. Predominou na Europa durante a Idade Média. Segundo o teórico escocês do
iluminismo, Lord Kames, o feudalismo é geralmente precedido pelo nomadismo e em certas zonas do mundo pode ser sucedido
pelo capitalismo. Os senhores feudais conseguiam as terras porque o rei dava-as para eles. Os camponeses cuidavam da
agropecuária dos feudos e em troca recebiam o direito a um pedaço de terra para morar e também estavam protegidos dos
bárbaros. Quando os servos iam para o manso senhorial, atravessando a ponte, tinham que pagar um pedágio, exceto quando iam
cuidar das terras do Senhor Feudal.
construção de um templo cuja planta tinha sido divinamente inspirada; sagrado aos cristãos
pois foi em Jerusalém que Jesus de Nazaré pregou, morreu supliciado na cruz e ressuscitou
trazendo a seus seguidores o batismo com o Espírito Santo; sagrado para os muçulmanos
porque se acredita que o profeta Maomé, o mais recente porta-voz de Deus na Terra, havia
subido aos céus da Cúpula do Rochedo.
Três religiões que cultuam o mesmo Deus bíblico em confronto por detalhes de importância
no mínimo discutível...
As cruzadas foram palco de grandes gestos de cavalheirismo e grandeza moral de parte a
parte, mas também de graves e sérios desvios. Não há comprovação histórica de que os
templários desejassem a destruição dos muçulmanos e, por isso, tenham sido os culpados
pela derrota dos cristãos nas Cruzadas, tese apresentada contra eles em seu julgamento
forjado entre 1307 e 1314. Há, sim, grandes relatos de troca de informações e alianças entre
os templários que eram estudiosos com os moradores de Jerusalém e adjacências, com quem
aprenderam detalhes sobre as diferenças no encaminhamento inicial do cristianismo
humanista e pacifista segundo Maria Madalena, a discípula mais próxima de Cristo, segundo
Lynn Picknet em “O Segredo dos Templários” e aquele autoritário, vencedor, de Saulo de
Tarso. Madalena foi compelida a evadir-se da Palestina diante da vitória do cristianismo na
sua forma “paulina”, inclusive porque sua própria vida estaria em risco! Não é casual que,
nas muitas igrejas templárias pela Europa, Ilha de Chipre e mesmo Patmos (onde São João
escreveu o livro de Apocalipse) se encontrem tantas estátuas de Maria Madalena e igrejas a
ela dedicadas...
Um fato, contudo, é inegável: a canalhice de Guy de Lusignan2 e Reinald de Chatillon
causou tamanho dano à causa dos templários que, após a sua passagem, a Regra da Ordem
tenha sofrido modificações para evitar novos dissabores similares no futuro. Decisão
importante e significativa, mas tardia e inócua, infelizmente.
Guy de Lusignan, já como novo rei cristão de Jerusalém, junto com Reinald de Chatillon3,
lideram templários, hospitalários e teutônicos em direção à morte certa no deserto deixando
a cidade de Jerusalém sob a frágil proteção do barão Bailian de Ibelin que precisou nomear
30 cavaleiros emergencialmente para reforçar a resistência.
2
Guy de Lusignan (ou Guido de Lusignan) foi um nobre cavaleiro francês, nascido em 1150. Tornou-se regente e depois
monarca consorte do Reino de Jerusalém, ao se casar com a princesa (rainha em 1186) Sibila de Jerusalém em 1180, e Rei do
Chipre. No ano seguinte, quando foi feito prisioneiro de Saladino na Batalha de Hattin, teria ouvido do sultão egípcio a frase que
significou sua liberdade: "Reis verdadeiros não matam uns aos outros". Depois da conquista do Acre por Ricardo Coração de
Leão, Guy ainda tentou voltar ao trono de Jerusalém com a ajuda do rei inglês, mas acabou aceitando o título Rei do Chipre.
Morreu em 1194 e seu corpo foi sepultado ma capital cipriota, Nicósia, numa igreja da Ordem dos Templários.
3 Reinaldo de Châtillon ou Reginaldo de Chastillon (Renaud de Châtillon em francês) (c.1125 – 4 de Julho de
1187) foi um cavaleiro que serviu na Segunda Cruzada e permaneceu na terra santa após a sua derrota. Personagem controverso,
governou como príncipe de Antioquia de 1153 a 1160, e através do seu segundo casamento tornou-se senhor de Oultrejordain e
de Hebrom.
A genialidade bélica de Saladino4, jamais questionada, foi implacável: todas as fontes de
água entre Jerusalém e o ponto de encontro com os exércitos sarracenos foram soterrados
ou envenenados. No local do combate o chão foi recoberto com petróleo bruto e os sedentos
cruzados morreram no calor das chamas, sufocados pela fumaça ou a fio de cimitarra.
Poucos foram aprisionados. A cada prisioneiro era oferecida, segundo os preceitos
muçulmanos, a proposta de aceitar o islã ou ser executado. A maioria dos prisioneiros foi
degolada. No topo da lista Reinald de Chatillon que já estava na “lista negra” de Saladino
desde que tentara roubar os restos mortais de Maomé da cidade de Meca, trazê-los à sua
fortaleza em Kerak e cobrar – caro – a muçulmanos que desejassem visitar os restos do
Profeta. Chatillon foi derrotado e preso na ocasião e as autoridades de Jerusalém se
arrependeram amargamente de pagar o resgate pela sua libertação, que só trouxe desgraças
para a causa dos cristãos na Terra Santa...
O rei Guy de Lusignan foi aprisionado, humilhado diante das portas de Jerusalém e também mais tarde
libertado.
Bailian de Ibelin, após uma resistência impressionante de vários dias aos ataques maciços
dos muçulmanos, solicitou um diálogo com Saladino para oferecer termos à sua rendição.
Pediu pela vida das pessoas que ali viviam. Saladino ameaçou recusar, pois era consensual
entre os muçulmanos retribuir o massacre de muçulmanos inocentes em 1099 na mesma
Jerusalém. Bailian lançou intimoratamente sua cartada final: “se não nos garantirem a
segurança do regresso a terras cristãs, mataremos cada homem, mulher e criança dentro da
cidade e destruiremos todos os lugares sagrados de judeus, cristãos e muçulmanos”. Não
estava blefando e Saladino o percebeu. Tanto que garantiu um Salvo Conduto para a
retirada de todos os cristãos de Jerusalém, sob escolta, até terras cristãs.
Outras cruzadas ocorreriam, hoje são vistas como algo exageradamente etnocêntrico (“ver a
própria cultura ou civilização como superior ou a única válida”) e desnecessariamente cruel.
O fato de o principal resultado haver sido a reabertura de rotas comerciais no Mediterrâneo
impulsionando o crescimento do capitalismo que, à época, não passava de um pequenino
câncer que hoje toma conta do mundo parece mais um mal do que uma vantagem para a
humanidade...
O PAVIMENTO MOSAICO – ALGUNS TEXTOS
I – “Estendido no centro do templo, o Pavimento Mosaico5 é um tapete retangular, que
evoca o quadro da loja. É representado por uma série de quadrados alternadamente brancos
4
Saladino (em árabe Salah al-Din Yusuf bin Aiub; ‫ )بويا نبا فسوي نيدلا الص‬foi o sultão do Egito, Síria e
Palestina e chefe militar que liderou os muçulmanos contra os cristãos durante as últimas cruzadas, e acabou reconquistando os
territórios perdidos pelo Islã, tendo-se tornado uma lenda tanto entre os muçulmanos como no ocidente.
Saladino era de origem curda. Nasceu em Tikrit (hoje no território do Iraque) em 1138, e morreu em Damasco, hoje capital da
Síria, em 1193. Foi o responsável por restaurar o sunismo no Egito.
Saladino distinguiu-se pela primeira vez nas campanhas do Egito, sendo nomeado vizir. Sultão do Egito a partir de 1175, sucedeu
a Atabeg de Mosul, em nome de quem partiu à conquista do Egito. Unificou o país (1164-1174), a Síria (1174-1187) e a
Mesopotâmia, tornando-se um poderoso dirigente. Doutrinou zelosamente seu povo a encarar a luta contra a cristandade como
uma guerra santa e fundou colégios para o ensino da religião islâmica.
5 Extraída do site: http://cidademaconica.blogspot.com/2007/07/o-templo-manico.html
e pretos, que lembram o tabuleiro de xadrez, jogo de origens sagradas, e de relevantes
significados simbólicos.
Os quadrados brancos e pretos simbolizam respectivamente a luz e as trevas, ou o dia e a
noite, e em geral, congregam todas as dualidades cósmicas surgidas da reflexão bipolar da
Unidade ou Ser Universal. Esta dualidade é encontrada também na simbologia oriental do
YIN-YANG. Onde YIN, representado pela cor preta simboliza a energia negativa, e o YANG
ao contrário simboliza a energia positiva.
Segundo os orientais, a harmonia cósmica é obtida através da perfeita combinação YINYANG, que encontrados em todos os fenômenos da natureza, se complementam,
proporcionando um perfeito equilíbrio em todas as atividades do universo. Sendo assim, a
cor branca simboliza as energias ativas, masculinas, é o Sol, enquanto a cor preta simboliza
as energias passivas, femininas e terrestres. Ambas se complementam, e determinam em sua
perfeita interação o desenvolvimento e a própria estrutura da vida cósmica e humana. Essa
estrutura, é gerada pela confluência de um eixo vertical (celeste) e outro horizontal
(terrestre), que no mosaico formam uma trama quadriculada, que reflete as tensões e
equilíbrios a que está submetida a ordem da Criação. Podendo equiparar-se também ao
tempo (eixo vertical) e espaço (eixo horizontal), as duas coordenadas que estabelecem a
existência de nosso mundo e de todas as coisas nele incluídas. O significado do Pavimento
Mosaico aplica-se perfeitamente à loja maçônica, recinto sagrado onde cada uma das partes
ou seu conjunto constituem uma síntese simbólica da harmonia universal. Comparado a
mandala, o pavimento mosaico é uma imagem simbólica da Ordem, onde o iniciado tem de
se integrar plenamente, conciliando todas as influências procedentes do céu e da terra, que
lhes permitirão recuperar a unidade de seu ser”.
II - O Pavimento Mosaico6 surgiu com a Maçonaria Moderna. Sua origem vem do latim
medieval musaicum e do latim antigo musivum, derivado do grego mouseion, que como
descreve literalmente Alberto Victor Castellet, “representa o Templo das Musas, recinto
sagrado onde cada uma de suas partes e a totalidade do seu conjunto constituem uma
síntese da harmonia universal”.
III – “A Loja possui pavimento mosaico7 formado por lages quadradas justapostas, que se
alternam em cores branca e preta.
Estas lages, com a sua particular disposição, e com a alternância de cores entre o branco e
o preto, possuem vários simbolismos associados.
Numa primeira abordagem, o pavimento mosaico formado por pedras brancas e pretas, que
são unidas por um mesmo cimento, que simboliza a união de todos os maçons do Mundo,
apesar das diferenças de côr, de opinião política e religiosa. São uma imagem do Bem e do
Mal onde é semeado o caminho da Vida.
Atribui-se geralmente ao branco o significado de "Bem" e ao preto o do "Mal". Será mais
justo dizer "Espiritual" e "Material". Por "Material" poderemos considerar tudo o que se
relaciona com o Homem animal e, por "Espiritual", pelo contrário, tudo o que tende a
libertar o Homem da teia material/materialista.
6
7
Texto extraído do site: http://www.atrolha.com.br/asp/trabalhos.asp?id=350
Texto extraído do site http://www.rlmad.net/rlmad-main/mmenu-pranchas/393-m-p-branco.html
No pavimento mosaico podemos encontrar de outra forma as Trevas e a Luz ligadas. Elas
são tecidas em conjunto se considerarmos as placas ordenadas. Mas, as linhas virtuais que
as separam formam um caminho retilíneo, tendo o branco e o preto tanto à direita como à
esquerda. Estas linhas são a via do Iniciado que não deve rejeitar a moral comum mas,
elevar-se acima dela mantendo uma busca incessante de um comportamento ético. Estas
linhas não são visíveis aos olhos dos profanos. Eles não vêm mais do que as placas brancas
e pretas, e por conseqüência a via larga, a via exotérica. Na sua caminhada passam
alternadamente do branco ao preto e do preto ao branco. Têm então, à sua direita e à sua
esquerda, à sua frente e atrás de si uma côr oposta à sua. Assim, encontram-se perante
múltiplas oposições que se formam sob os seus passos”.
IV – “O pavimento de mosaico8 é um belo emblema da multiplicidade engendrada pela
dualidade, constituída pelos pares de opostos que se encontram constantemente um perto do
outro; o dia e a noite, a obscuridade e a luz, o sonho e a vigília, a dor e o prazer, as
honras e as calúnias, o êxito e a desilusão, a sorte e o azar, etc. Sobre estes opostos, que
se encontram em todos os caminhos e em todas as etapas de nossa existência, o iniciado
que tenha provado da Taça da Amargura deve marchar com ânimo sereno e igual, sem
deixar-se exaltar pelas condições favoráveis nem reprimir-se pelas aparências
desfavoráveis”.
V – “PAVIMENTO MOSAICO9 – De origem sumeriana simboliza, com seus quadrados brancos
e negros, os opostos na vida do homem: a boa e a má sorte, a virtude e o vício, a riqueza
e a miséria, a alegria e a tristeza, etc. Representa a mistura de raças, das condições
sociais e do dualismo”.
A POSSÍVEL ORIGEM TEMPLÁRIA
Muito provavelmente, esse simbolismo começou como um quadrado branco e um preto,
porque carregar um mosaico, ou os materiais para fazer um, teria sido difícil de explicar se
descoberto, fazendo disso um risco desnecessário. A base templária para esse simbolismo é
simples e é direta. Está na bandeira de batalha dos Cavaleiros Templários, o Beau Séant,
era um desenho vertical consistindo de um bloco preto em cima e um bloco branco abaixo.
O bloco preto significava o mundo negro do pecado que os templários deixara para trás e o
bloco branco simbolizava a vida pura que ele adotara como sendo soldado de Cristo. Os
historiadores maçônicos nem mesmo tentam especular quanto a origem do pavimento
mosaico, dizendo comumente como já foi explicitado neste que ele (pavimento mosaico) “é
de origem sumeriana, ou seja, veio do oriente”. E esses Maçons historiadores que assim
afirmam estão certos. Veio mesmo da bandeira de batalha dos templários que, se repetida
muitas vezes, formam um mosaico preto e branco.
Fontes de consulta:
Robinson, John J. – Nascidos do sangue: Madras – 2006.
http://www.atrolha.com.br
8
9
Texto extraído do site: http://espacodomacom.blogspot.com/2008/08/o-pavimento-de-mosaico.html
Texto extraído do site: http://www.bukisa.com/articles/8348_simbologia-dos-smbolos-manicos-ii
http://espacodomacom.blogspot.com
http://www.tvaroli.com.br
http://www.lojahugosimas.com.br
Download