CARACTERIZAÇÃO DE SEDIMENTOS FLUVIO-LACUSTRES PROVENIENTES DE EROSÃO GLACIAL NA CORDILHEIRA DOS ANDES Christian Junior Licheski Díaz (PIBIC-UNICENTRO), Leandro RedinVestena (Orientador), e-mail: [email protected]. Universidade Estadual do Centro-Oeste/Departamento de Geografia/Guarapuava, PR. Geociências/Sedimentologia Palavras-chave: Transporte de sedimentos, granulometria, cursos fluviais. Resumo Na Cordilheira dos Andes os sedimentos resultantes do processo de erosão acabam sendo transportados principalmente pela ação glaciológica do gelo e das águas, influenciado pelas condições física da paisagem e pela granulometria dos sedimentos. O objetivo do presente trabalho foi de estudar características de sedimentos de leito fluvial, na Cordilheira dos Andes, decorrente de ação glaciológica. Para tal uma expedição foi realizada, no primeiro semestre de 2014, na Cordilheira dos Andes. No trajeto, em trinta pontos foram realizadas observações das características dos sedimentos fluviais. De modo geral, na Cordilheira dos Andes verificou-se maiores depósitos de sedimentos fluviais em regiões com maiores altitudes e menores latitudes. Nas regiões do norte e central da Cordilheira tem-se nos sedimentos de leito maiores proporções de argila e silte do que na parte sul. Introdução Diversos são os meios pelos quais o material rochoso pode sofrer erosão, dentre eles destaca-se os fatores de intemperismo, o clima, a pluviosidade e a acidez do pH da água. As características dos sedimentos estão relacionadas às formas de intemperismo, de erosão e de transporte dos sedimentos. A distribuição granulométrica do sedimento de leito deve-se, dentre outros fatores a dinâmica hidrossedimentológica, à natureza geológica e a distância das áreas fontes de sedimentos (CARVALHO, 1994). Um relevo dissecado favorece os processos de transporte de sedimentos, removendo-os das áreas mais elevadas para as mais baixas, onde são depositados. Os sedimentos que apresentam maior granulometria, geralmente transportados por rolamento, deslizamento e/ou saltitação, são depositados mais facilmente que os de granulometria menor, transportados dissolvidos e/ou em suspensão. Anais da XIX Semana de Iniciação Científica 25 e 26 de setembro de 2014, UNICENTRO, Guarapuava –PR, ISSN – ISSN: 2238-7358 Os sedimentos provenientes dos processos erosivos em regiões com clima úmido são essencialmente transportados pela força da água. De acordo com, no Brasil, a maioria do transporte de sedimentos ocorre durante eventos de chuva (CHRISTOFOLETTI, 1981). Porém na região da Cordilheira dos Andes, a erosão glacial predomina, condicionada principalmente pela umidade e pelas temperaturas negativas. Pode-se citar um ciclo pela qual a cordilheira sofre maiores níveis de perda de material rochoso, este se da inicialmente em temperaturas mais amenas onde o gelo se derrete e a água penetra nas cavidades e fendas das rochas. Após este evento com a queda da temperatura, seja pelas noites gélidas ou pelo próprio inverno, a umidade contida dentro dessas fissuras começa a congelar, a água quando resfriada tende-se a expandir, desta forma quebrando a rocha, realizando o mesmo efeito de uma cunha em uma madeira. Desta forma geram-se os sedimentos, estes entram no ciclo do transporte e da acumulação. Nesta região, o volume de água nos cursos fluviais é decorrente principalmente do degelo, ou seja, do derretimento do gelo, depositado geralmente nos cumes das montanhas com maiores altitudes. O regime hídrico nos cursos fluviais na Cordilheira dos Andes é caracterizado pela temperatura ambiente, no período do inicio do inverno o nível de água dos rios é baixo em relação ao fim do inverno e ao início do verão, pois, com o aumento da temperatura o degelo se torna maior, desta forma aumentando o caudal dos rios. Já no principio do inverno as temperaturas são muito baixas e o derretimento do gelo torna-se tardio, sendo que no inverno tem-se maiores níveis de precipitação em forma de neve, pois, nesta época a temperatura na região são negativas e/ou próximas de zero grau, ocorrendo a acumulação desta. O transporte de sedimento nesta região ocorre principalmente por arrasto, pois os terrenos estudados possuem relativa declividade e os sedimentos em sua maioria são de grande porte, como também estão condicionados ao fator da força hídrica atuante, assim os períodos onde mais ocorre o transporte e no degelo do fim do inverno. Na cordilheira dos Andes as propriedades dos sedimentos transportados pelos rios são influenciadas pelas condições acima descritas. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo a caracterização qualitativa de sedimentos fluviais de leito, resultantes da erosão glacial. Materiais e métodos A área de estudo, a Cordilheira dos Andes compreende a vasta cadeia montanhosa na costa ocidental da América do Sul, com aproximadamente oito mil quilômetros de extensão. É a maior cadeia de montanhas do mundo em comprimento, e em seus trechos mais largos chega a 160 km do extremo leste ao oeste. Sua altitude média gira em torno de 4.000 m e seu ponto culminante é o monte Aconcágua, com 6.962 m de altitude. A cordilheira dos Andes se estende desde a Venezuela até a Patagônia, atravessando todo o continente sul-americano, caracterizando a paisagem do Chile, Argentina, Peru, Bolívia, Equador e Colômbia, também conhecidos como países Andinos. Os procedimentos metodológicos basicamente compreenderam leituras e levantamento bibliográfico a respeito do tema, trabalho de campo e de Anais da XIX Semana de Iniciação Científica 25 e 26 de setembro de 2014, UNICENTRO, Guarapuava –PR, ISSN – ISSN: 2238-7358 sua vez influência nas características de turbidez da água, dificultando o transporte desses sedimentos para os corpos hídricos. (a) (b) Figura 2. Imagens de pontos de análise dos sedimentos fluviais na Cordilheira dos Andes (a) Rio Santa Maria/Uspallata/Argentina; e (b) Rio Hermoso/Villa Meliquina/Argentina Nas observações em campo verificou-se que os sedimentos de leito fluviais na Cordilheira dos Andes, de modo geral, apresentam maiores depósitos de sedimentos em regiões com maiores altitudes e menores latitudes. Nas regiões do norte e central da Cordilheira apresentam maiores proporções de argila e silte, já na parte sul, mais areia e seixos. Assim como na região central e norte a cor e de marrom a cinza e no sul cinza claro. Na Cordilheira os sedimentos de leito tendem a apresentar maiores granulometrias nas maiores altitudes, em comparação às os sedimentos encontrados em regiões de menores altitudes. Apesar de ter detectado em pontos de menores altitudes sedimentos com granulometria superiores aos de maiores altitudes. Conclusões A avaliação qualitativa dos sedimentos fluvio-lacustre na Cordilheira dos Andes possibilitou compreender o efeito da ação glaciológica na determinação de características nos sedimentos e da influência que a latitudes e altitudes possuem sobre a temperatura local, e sobre a dinâmica morfologia na Cordilheira dos Andes. Referências CARVALHO, C. V. A. Simulação de transporte e deposição de sedimentos siliciclásticos em ambientes de plataforma, talude e bacia. 131p. Tese de Doutorado - Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, 2002. CARVALHO, N. O. Hidrossedimentologia prática. Rio de Janeiro: CPRM, 1994. CHRISTOFOLETTI, A. Geomorfologia Fluvial. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1981. Anais da XIX Semana de Iniciação Científica 25 e 26 de setembro de 2014, UNICENTRO, Guarapuava –PR, ISSN – ISSN: 2238-7358