Edifícios colegiais O edifício da fundação O primeiro edifício colegial situava-se junto do Terreiro de Nossa Senhora da Graça - que integrava o então vasto Campo do Olival (actualmente Campo dos Mártires da Pátria) -, com a sua igreja, dedicada a Nossa Senhora da Graça, razão pela qual o referido terreiro tinha adoptado aquela denominação. Será nesse Terreiro de Nossa Senhora da Graça que em 1803 se começaram a construir as instalações da recém-fundada Academia Real de Marinha e Comércio. Neste local está hoje instalada a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (aos Leões). No átrio deste imponente edifício, cujo projecto é da autoria do Eng.º Carlos Amarante, existe uma placa comemorativa descerrada aquando da passagem do tricentenário da fundação do Colégio “dos Meninos Órfãos”, com a seguinte inscrição: “ Neste lugar foi fundado pelo benemérito Padre Baltazar Guedes, em 25 de Março de 1651, o Real Colégio dos Meninos Órfãos, junto da ermida de Nª. Sª. da Graça, erigida, segundo a tradição, por voto da primeira rainha de Portugal. No edifício desse Colégio funcionaram as primeiras aulas da Academia Real de Marinha e Comércio, antecessora da Academia Politécnica. A Câmara do Porto – 25 de Março de 1951”. Um edifício provisório Em 1803, era reitor do Colégio o Pe. Bernardo Joaquim Gomes de Pinho quando se entendeu poder ceder espaços do colégio para nele ser instalada a Academia Real de Marinha e Comércio. As aulas neste estabelecimento de ensino superior tiveram o seu início no dia 4 de Novembro desse mesmo ano. Esta cedência, tida por favorável aos órfãos, veio a mostrar-se extremamente negativa para os mesmos ao ponto de estes se verem circunscritos a espaços cada vez mais reduzidos à medida que o edifício da Academia ia tomando corpo. Relatórios sucessivos apresentados à Câmara, vão dando conta da degradação das condições de vida dos órfãos num edifício que “mais parece uma penitenciária” ou como afirma Pinho Leal em 1876 na obra “Portugal Antigo e Moderno” que no seu interior” ainda existe (sem ar e sem luz!) o antigo Colégio de Nossa Senhora da Graça, em estado de ruína”. Esta situação irá conduzir, já nos finais do século XIX, à mudança do colégio para instalações provisórias na rua dos Mártires da Liberdade, nº 237, bem perto da actual Praça da República. Aí permanece até ao ano de 1903 sendo então seu reitor o Pe. Ascenso de Magalhães Fonseca. O edifício actual A partir do ano de 1899, na Câmara do Porto, surge a ideia de aproveitar o edifício do antigo seminário diocesano do Porto, que, à época, se encontrava em ruínas, para aí instalar os “Órfãos”. Nesse edifício, que muitos ainda hoje conhecem por “Seminário”, foi onde, por um breve período de tempo (1811/12 a 1832), funcionou a casa de formação do clero diocesano portuense, fundada por D. António de S. José e Castro no ano de 1804 na Quinta do Prado do Bispo ou Quinta da Mitra, ou seja, no mesmo local/edifício onde hoje se ergue o nosso Colégio dos Órfãos. O edifício, durante a Guerra Civil entre Liberais e Miguelistas (1832-1834), por iniciativa do então Bispo do Porto, D. João de Magalhães e Avelar, foi abandonado tendo ardido completamente durante o Cerco do Porto. Foi nesse edifício em ruínas e há muito abandonado que, após obras de restauro e de adaptação, cujo projecto foi aprovado a 13 de Setembro de 1900 pela edilidade portuense, foi instalado o Colégio dos Órfãos do Porto no dia 17 de Setembro de 1903. Presidia à Câmara Municipal do Porto o Sr. João Baptista de Lima Junior. A capela foi benzida a 31 de Agosto de 1906 e inaugurada a 28 de Outubro do mesmo ano. Com esta transferência ao que se denominava, desde princípios do século XIX, o Monte do Seminário, passou a chamar-se avenida e largo do Pe. Baltasar Guedes. O Colégio dos Órfãos do Porto encontrava o espaço necessário à sua instalação e funcionamento, espaço que ainda hoje ocupa.