Capítulo 8: Transferência de calor por condução Aletas Condução de calor bidimensional EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Transferência de calor • É desejável em muitas aplicações industriais aumentar a taxa de transferência de calor de uma superfície sólida para um fluido adjacente. • Para tanto é preciso analisar os parâmetros de projeto e fazer as alterações necessárias para aumentar esta transferência de calor. EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Aumento de transferência de calor • Considerando uma placa plana com temperatura da superfície fixa (uniforme), a taxa de transferência de calor pode ser elevada: – Com o aumento da velocidade do fluido, que tem o efeito de aumentar o coeficiente de transferência de calor (h); – Com o aumento da diferença de temperaturas da superfície e do fluido; – Com o aumento da área da superfície transversal, através da qual ocorre a convecção. Ar: T∞ , h & = hA(T − T ) Q s ∞ • As duas primeiras medidas podem, em alguns casos, ser limitadas e se tornarem insuficientes, dispendiosas e/ou impraticáveis. Ts , A • Uma das opções mais comuns é aumentar a área da superfície transversal. EM-524 Fenômenos de Transporte ALETAS Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Aletas • São superfícies estendidas, que vão desde a parede da superfície sólida em direção ao fluido adjacente. • São utilizadas para o aquecimento e para o resfriamento de sistemas. • A condutibilidade térmica do material da aleta tem forte efeito na distribuição de temperatura ao longo da aleta e afeta o grau no qual a taxa de transferência de calor é aumentada ou diminuída. • O ideal é que a aleta tenha uma condutibilidade térmica alta para minimizar as variações de temperatura de sua base para a extremidade. No caso limite (condutibilidade infinita), toda a aleta estaria à mesma temperatura da base. EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Aletas Aleta tipo pino Aleta tipo retangular • Como a área de contato entre o fluido e a superfície (área molhada) no caso aletado é superior, o fluxo de calor total é maior que no caso sem aletas. • O problema básico no projeto térmico das superfícies aletadas é determinar uma correlação entre o fluxo de calor e as grandezas pertinentes ao sistema (∆ ∆T, h e k). EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Aletas • Aletas que aquecem EM-524 Fenômenos de Transporte • Aletas que resfriam Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Aletas Convecção Temp. Ambiente ( T∞ ∞ ) Base aleta T0 Base aleta T0 • O calor é transportado da base (ou para a base) por meio da condução térmica e adicionado (ou removido) ao ambiente externo pela convecção térmica. Condução Convecção Temp. Ambiente ( T∞ ∞ ) Condução T0 T∞ ∞ Distribuição temp. Aleta EM-524 Fenômenos de Transporte T∞ ∞ T0 Distribuição temp. Aleta Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Aletas de seção transversal constante • É a aleta mais simples de se analisar. • A hipótese básica desse tipo de aleta é que a distribuição de temperatura nela é função unicamente de x (fluxo de calor unidimensional na aleta): esta hipótese é uma boa aproximação para certas condições. EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Balanço de energia: análise preliminar A = A ba + A na Base aleta T • Antes de iniciar o balanço de energia é importante notar que a área da superfície original (sem aletas) é a soma da área das bases das aletas com a área Convecção não aletada restante: Temp. Ambiente ( T∞ ∞ ) • Logo, a transferência de calor total será: & = q& " A + q& " A ⇒ Q & = q& " A + hA (T − T ) Q ba a na na ba a na ∞ Onde o índice “ba” refere-se a base das aletas e “na” a parte não aletada. EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Balanço de energia na aleta • Da hipótese unidimensional, o fluxo de calor na base da aleta é independente de y e pode ser determinado por: q EM-524 Fenômenos de Transporte " ba dT = −k dx x =0 Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Balanço de energia na aleta • Aplicando a 1a lei a um sistema composto pela fatia de aleta com espessura ∆x: & =Q & & Q + Q x x + ∆x conv q"x Ac − q"x + ∆x Ac − ( P∆x)h(T − T∞ ) = 0 onde P é o perímetro molhado da aleta e o último termo é a taxa de transferência de calor por convecção da fatia de aleta para o fluido. EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Balanço de energia na aleta • Aplicando a lei de Fourier nos termos referentes a condução, obtém-se: " dq d dT " " x A c (q x − q x + ∆x ) = − A c ∆x = − A c −k ∆x dx dx dx • Considerando a condutibilidade constante, obtémse que: " x A c (q − q EM-524 Fenômenos de Transporte " x + ∆x 2 dT ) = A c k 2 ∆x dx Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Equação da aleta • Substituindo a expressão anterior na 1a lei: 2 dT kAc 2 − hP(T − T∞ ) = 0 dx • Esta equação mostra que a taxa líquida de transferência de calor por condução na fatia de aleta é igual a taxa de transferência de calor por convecção do fluido através da superfície lateral da fatia considerada. EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Aleta Longa • A ponta da aleta está em equilíbrio térmico com o fluido, impondo neste caso a seguinte condição de contorno: T → T∞ quando x → ∞ • A outra condição é que a temperatura na base da aleta é igual a temperatura da superfície onde estão montadas as aletas: T = Tb quando x = 0 EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Equação da aleta longa 2 dT kAc 2 − hP(T − T∞ ) = 0 dx • Fazendo uma transformação de variável: θ(x) = T(x) - T∞ • A equação diferencial torna-se: 2 dθ 2 − m θ=0 2 dx hP m= kAc • Como condições de contorno: para x = 0 => θ = θb e para x → ∞ => θ → 0 EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Aleta longa: solução em θ • Sendo h constante ao longo da aleta, a solução da equação diferencial é: θ(x) = θb exp(−mx) • A temperatura decai exponencialmente a partir da temperatura da base até a do fluido numa posição remota da base. EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Aleta finita e ponta isolada • Neste caso as condições de contorno são dadas por: – x=0 – x = La T = Tb dT/dx = 0 dθ θ/dx = 0 • E o perfil de temperaturas é dado por: cosh[m(L a − x )] θ(x) = θb cosh(mL a ) EM-524 Fenômenos de Transporte θb θ(L a ) = cosh(mL a ) Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Transferência de calor: aleta finita e ponta isolada • A taxa de transferência de calor da aleta pode ser determinado como: & = kA hP .(T − T ).tanh(mL ) Q a c b ∞ a • Onde: e mLa − e − mLa tanh(mL a ) = mLa − mLa e +e EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Transferência de calor: aleta finita e ponta isolada • Analisando através do circuito térmico, a resistência térmica da aleta: 1 Ra = N kAchP .tanh(mL a ) onde N é o número de aletas fixadas à superfície. EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Transferência de calor: parte não aletada • No entanto, existe ainda a resistência térmica associada a parte não aletada: R na 1 = hA na onde Ana é área referente a parte não aletada. EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Transferência de calor total h T∞ ∞ Tb, Ana h2 T2 & =Q & +Q & Q a na Ac Rna = L R2 T2 EM-524 Fenômenos de Transporte Qna Rk Tb 1 h2A 1 hA na 1 kA 1 Ra = N kAchP .tanh(mL a ) T∞ ∞ Qa Ra Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Resistência equivalente Rna R2 T2 Rk Qna Tb T∞ ∞ Qa Ra R eq & =Q & +Q & Q a na • Como a resistência térmica da aleta e da parte não aletada estão em paralelo, tem-se uma resistência térmica equivalente: R na R a R eq = R na + R a EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Taxa de transferência de calor total Rna R2 T2 Rk Qna Tb T∞ ∞ Qa R eq Ra & =Q & +Q & Q a na • A taxa de transferência de calor será: (T2 - T∞ ) & Q= ∑R EM-524 Fenômenos de Transporte • E neste exemplo: ∑R = R 2 + R k + R eq Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Transferência de calor: aleta finita e condição de convecção • Caso exista uma condição de contorno de convecção na extremidade da aleta (com transferência de calor para o ambiente, por exemplo), o comprimento da aleta precisa ser alterado: Ac Lc = La + P • Este novo comprimento de aleta (Lc) será usado no cálculo da resistência térmica da aleta: 1 Ra = N kAchP .tanh(mL c ) EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Aleta cilíndrica • Para o caso de uma aleta cilíndrica com diâmetro D, a correção do comprimento da aleta será: D Lc = La + 4 EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Exemplo: Água quente a 98oC escoa através de um tubo de bronze comercial com diâmetro interno de 2 cm. O tubo é extrudado e tem o perfil da seção transversal mostrado abaixo. O diâmetro externo do tubo aletado é de 4,8 cm e as aletas têm 1 cm de comprimento e 2 mm de espessura. O coeficiente de calor por convecção do lado da água é de 1200W/m2.oC O tubo aletado está exposto ao ar a 15oC e o coeficiente de calor por convecção é 5 W/m2.oC Determine a taxa de transferência de calor por metro de comprimento do tubo. h=5 W/m2oC 15oC de = 28 mm di=20mm 98oC Material do Tubo & Aletas: Bronze (tab. A14) k = 52 W/m.oC 2 10 m m h=1200W/ m2.oC m m EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero h=5 W/m2oC 15oC de = 28 mm Material do Tubo & Aletas: Bronze (tab. A14) k = 52 W/m.oC di=20mm Circuito térmico equivalente 98oC 2 10 m m h=1200W/ m2.oC Ti 98oC m m Ra Te 15oC • Logo: E: Rc,i Rk Rna Q = (Ti-Te)/RT RT = Rc,i+Rk+[(Rna.Ra)/(Rna+Ra)] EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Rc,i Rk Ti 98oC h=5 W/m2oC 15oC Rna Ra de = 28 mm Te 15oC di=20mm 98oC h=1200W/ m2.oC ln(d e /d i ) ln(0,028/0,02) 1,030.10 Rk = = = 2πkL 2 * 3,14 * 52 * L L R na −3 2 10 m m 1 1 1,327.10 −2 R c,i = = = h i .πd i .L 1200 * 3,14 * 0,02 * L L m m 1 1 1 = = = = h e .A na h e .L.Pna h e .L.[πd e − (12 * 0,002)] R na = 1 3,129 = 5.L.[3,14 * 0,028 − (12 * 0,002)] L EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Rc,i Rk Ti 98oC h=5 W/m2oC 15oC Rna Ra de = 28 mm Te 15oC di=20mm 98oC 1 Ra = N kAchP .tanh(mL) 2 • Perímetro da aleta: P ≈ 2 L (m) 10 m m h=1200W/ m2.oC m m • Área transv. Aleta: Ac = 0,002 L (m) • Comprimento da aleta: Lc = La+(Ac/P) = 0,011 m heP 5 * 2L m= = = 9,806 kAc 52 * 0,002L mL c = 9,806 * 0,011 = 0,108 e 0,108 − e −0,108 tanh(mL c ) = 0,108 −0,108 = 0,1076 e +e EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Ti 98oC Ra de = 28 mm Te 15oC di=20mm 98oC h=1200W/ m2.oC 1 0,7595 Ra = = L 12 52 * 0,002L * 5 * 2L * 0,0977 2 • Assim: R na * R a 1,327.10 = R T = R c,i + R k + L R na + R a • E: EM-524 Fenômenos de Transporte −2 + 1,030.10 L −3 10 m m Rc,i Rk h=5 W/m2oC 15oC Rna m m 3,129 0,7595 * 6,254.10 −1 L = + L L 3,129 + 0,7595 L L Q& (98 − 15) = = 132,7 W/m −1 L 6,254.10 Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero h=5 W/m2oC 15oC de = 28 mm di=20mm 98oC • Caso não houvessem as aletas, a taxa de transferência de calor seria: R T = R c,i + R k + R c,e • E: EM-524 Fenômenos de Transporte 2 10 m m h=1200W/ m2.oC m m 1,327.10 −2 1,030.10 −3 2,275 2,289 = + + = L L L L Q& (98 − 15) = = 36,3 W/m L 2,289 Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Condução de calor bidimensional • Soluções analíticas para condução térmica em casos 2D requer um esforço muito maior daquelas para casos 1D. • Há no entanto inúmeras soluções baseadas em técnicas da Física-Matemática, tais como: séries de Fourier, séries de Bessel, séries de Legendre, Transformada de Laplace entre outras. • Baseado nestas soluções analíticas o Livro Texto propõe a determinação da taxa de calor para algumas situações bidimensionais baseado em ‘fatores de forma de condução’. EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Fator de forma de condução • Considerando que a geometria contém somente DUAS superfícies ISOTÉRMICAS, T1 e T2, e que o material é homogêneo: & = S ⋅ k ⋅ (T − T ) → R = Q 2 1 1 S⋅k Onde S é o fator de forma de condução e tem dimensão de comprimento (m). • Comparando esta equação com a das placas planas infinitas (unidimensional) pode-se determinar que o seu fator de forma de condução é: kA A & Q= (T2 − T1 ) ⇒ S = EM-524 Fenômenos de Transporte L L Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Exemplo: Uma tubulação com vapor d’agua a 200oC está enterrada a 2 m abaixo do solo (ksolo = 41 W/moC) que está a 0oC. O tubo (k = 41W/moC) tem um diâmetro interno de 20 cm, uma espessura de 5mm e um coeficiente de transferência de calor interno de 1000 W/m2oC. O tubo é envolto em uma manta isolante (k = 0,06 W/moC) com 6 cm de diâmetro. Determine a taxa de calor perdida por metro linear de tubo. • A taxa de transferência de calor do vapor para o solo pode ser determinada pelo circuito equivalente: T2=0oC z = 2m D=33cm Ln ( d3 d 2 ) R isol = 2πk isol ⋅ L 200oC 0oC Rc,i = 1 hi .πd i .L EM-524 Fenômenos de Transporte R aco = Ln ( d 2 d1 ) 2πk aco ⋅ L Rs = 1 S⋅k Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero Ln ( d3 d 2 ) R isol = 2πk isol ⋅ L 200oC 0oC Rc = Z= 2 m d2 = 21 cm 1 hi .πd i .L R aco = Ln ( d 2 d1 ) 2πk aco ⋅ L ksolo = 41 W/moC hi=1000 W/m2oC R aco = Rm = 2πk aco ⋅ L = Ln ( 21 20 ) 2π41 ⋅ L = 1, 89 ⋅ 10−4 / L ln(d3/d2) ln(33/21) = = 1,20/L 2πk m L 2 * π * 0,06 * L EM-524 Fenômenos de Transporte 1 S⋅k ktubo = 41W/moC d1 = 20 cm d3 = 33 cm km = 0,06 W/moC 1 1 Rc = = = 0,0016/L h i .A i 1000 * π * 0,2 * L Ln ( d 2 d1 ) Rs = S= 2πL = 1,970 L ln(4z/d 3 ) 1 1,238.10 − 2 Rs = = S * k solo L R T = 1,214/L (200 - 0) & Q/L = = 164,8W/m 1,214 Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero FIM ! EM-524 Fenômenos de Transporte Profa. Dra. Carla K. N. Cavaliero