N OVEMBRO DE 2013, Nº 11 AGPIC CIÊNCIA & TECNOLOGIA Diarreia epidêmica suína Cesar A. Corzo, Gerente de Serviços Veterinários da PIC América Latina, Médico Veterinário pela Universidade de Bogotá, Mestre em Sanidade pela Universidade de Guelph e PhD em Epidemiologia e Controle de Doenças Infecciosas pela Universidade de Minnesota. Diarreia epidêmica dos suínos O vírus da diarreia epidêmica suína PEDv (Porcine Epidemic Diarrhea vírus) - denominação em inglês, é um vírus RNA envelopado que pertence à família Coronaviridae. Esse vírus foi detectado pela primeira vez em suínos de crescimento na Inglaterra nos anos 70. Posteriormente, o vírus foi encontrado em outros países da Europa e Ásia nos anos 80 e 90. Recentemente, o PEDv foi detectado pela primeira vez nas Américas, mais especificamente nos Estados Unidos. O isolado detectado nos EUA obteve uma similaridade genética de 99,5% comparado com o vírus previamente detectado na Ásia. Logo após a detecção do PEDv nos EUA, o vírus se espalhou rapidamente em quase todos os estados produtores de suínos. Identificando a doença O PEDv é uma das causas epidêmicas de doenças entéricas nos suínos. Os animais mais afetados são os recém-nascidos, enquanto que os animais de creche e adultos conseguem tolerar melhor a infecção. A doença se caracteriza por causar enterite atrófica no intestino delgado, provocando diarreia líquida, que pode ou não ser acompanhada de vômito, sendo que este processo produz desidratação e morte. A epidemia pode durar várias semanas, o que reduz drasticamente o número de leitões desmamados, já que a mortalidade de leitões pré desmame pode atingir até 100%. Fig. 1 - Caracterização das lesões macroscópicas e histológicas dos leitões infectados por PEDv nos Estados Unidos. Disseminação do vírus A excreção do PEDv se dá por via fecal e este fato, o que transforma os fômites (botas, caminhões) em potenciais disseminadores do vírus. A infecção de suínos ocorre basicamente pela via oral, o período de incubação da doença é de 12 a 36 horas e o vírus pode demorar alguns dias para se manifestar dentro da granja. O período de latência é ainda mais curto, após 12 horas da infecção, o vírus está nas fezes. Alguns pesquisadores mostram que suínos infectados podem excretar o vírus em até 10 dias pós-infecção, podendo, em alguns casos, excretar por um tempo ainda maior. Na granja, a epidemia pode durar aproximadamente entre 3 a 6 semanas, onde a mortalidade causada por esse vírus é muito elevada em leitões lactantes, mas a duração da epidemia dependerá das Fig. 2 - Comparação de sequências intervenções que se realizarem após a sua detecção. genômicas do vírus PEDv CV777 com outras 25 cepas PEDv gerados pelo A doença pode ser diagnosticada através dos sinais clínicos associados programa mVISTA. a provas laboratoriais. É importante ressaltar que sinais clínicos e lesões similares se observam em casos de infecção pelo vírus da gastroenterite transmissível (TGEv). Por este motivo, devemos recorrer para provas diagnósticas como PCR, histopatológica, imuno-histoquímica e sorologia para obter um diagnóstico correto. Previnir é a melhor arma O controle e eliminação de PEDv em granjas afetadas se dá por meio da exposição controlada o plantel reprodutivo para gerar imunidade de rebanho, transferindo proteção aos leitões através do colostro. A prevenção é a melhor arma que temos contra este vírus. Medidas como a quarentena e vigilância clínica dos animais, higiene, alta sanidade e a desinfecção de caminhões entre as diferentes cargas evitará que o vírus seja introduzido na granja. Felizmente, o PED é um vírus envelopado, o que significa que é sensível aos desinfetantes comuns. Em síntese, esta doença entérica nos provou que os protocolos de biossegurança, tanto na granja como na desinfecção dos caminhões de reprodução e de abate são de vital importância para evitar que patógenos entre nas granjas. Referências 1. Marthaler D., Jiang Y., Otterson T., et al., Complete Genome Sequence of Porcine Epidemic Diarrhea Virus Strains in United States. Genome Announc, 2013. 1 (4). 2. Song D., Park B., Porcine Epidemic Diarrhea Virus: A Comprehensive Review of Molecular Epidemiology, Diagnosis and Vaccines. Virus Genes, 2012. (44): p. 167-175. 3. Hofmann M., Wyler R., Quantitation, Biological and Physicochemical Properties of Cell Culture-Adapted Porcine Epidemic Diarrhea Coronavirus (PEDv). Vet Microbiol, 1989. 20 (2): p. 131-142. 4. Pospischil A., Stuedli A., Kiupel M., et al. Update on Porcine Epidemic Diarrhea. J. Swine Health Prod., 2002. 10 (2): 81-85.