ANALGESIA EM ANIMAIS SILVESTRES

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Professor Dr. Carlos Roberto Teixeira
ANALGESIA EM ANIMAIS SILVESTRES
Professor Dr. Carlos Roberto Teixeira
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UNESP - Jaboticabal
O reconhecimento da dor e seu alívio, em animais silvestres ainda é um
grande desafio. Ao longo da evolução, esses animais adquiriram habilidades
para não demonstrarem percepção frente a um estímulo nocivo como a dor.
As aves possuem os estímulos nociceptivos dor em aves é semelhante
aos de pequenos mamíferos silvestres em alguns estudos, tais como, estimulação elétrica, térmica e pressão, pinçamento, porém esta espécie apresenta alguns
estímulos específicos como remoção das penas, amputação do bico e pinçamento da crista, já os repteis por possuírem o seu córtex límbico e neocortex
bem definido, portanto essas particularidades anatômicas, não permitem clareza
sobre a resposta a dor nestes animais.
Diferentes receptores podem funcionar como moduladores da transmissão nociceptiva, inibindo a liberação de neurotransmissores. Como os receptores de adenosina, receptores adrenérgicos, ácido y-aminobutírico (GABA) e os
receptores de opioides ( Kappa, Mu e Delta), sendo encontrados no corno dorsal
da medula espinhal nas regiões pré e pós sináptica nos neurônios de segunda
ordem, estes estão presente nos mamíferos, nas aves pouco se sabe sobre este
sistema porém já foi identificado em seu SNC a avaliação da dor em animais
é realizada pela observação dos comportamentos, portanto devemos levar em
consideração: o gênero do animal, espécie, idade, o habitat, se o animal veio de
vida livre ou não, patologia pré-existente e ao estresse. Para uma boa avaliação
são necessárias pessoas que estejam familiarizadas com o comportamento do
animal avaliado.
Em aves já foi descrito como mudança de temperamento frente a um
estimulo nocivo, alteração na postura, posicionamento no poleiro inapropriado,
diminuição do apetite, alteração na interação social e aumento da frequência
respiratória e cardíaca. Já nos répteis, os quelônios podem demonstrar dor esticando o pescoço (para frente e para trás) e fechando os olhos, os lagartos com
mudanças posturais, elevação da cabeça e fechamento dos olhos também, já as
cobras ficam mais agitadas, evitando enrolar o seu corpo no locar da dor.
Para realizar um adequado tratamento a dor para essas espécies é necessário considerar: espécie, gênero, idade, particularidades anatômicas e diferenciar dor aguda de dor crônica. Após o reconhecimento da dor, a analgesia é
promovida através de fármacos, opióides e AINES. Devemos levar em consideração o metabolismo desses animais e seu estado geral sendo que a ave possui
um metabolismo mais rápido e os répteis mais lentos, quando desidratados ou
desnutridos alteram absorção do fármaco, nesses casos ter cautela na escolha do
medicamento (hepatotóxico ou nefrotóxico).
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Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
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Doses e a farmacocinética desses fármacos ainda são muito discutidas
nessas espécies, sendo necessários mais estudos sobre. Estudos comprovam que
o uso de butorfanol para aves é o mais indicado, sendo indicado em dores agudas, severas e trauma, é um fármaco seguro sem efeitos adversos, porém sua
desvantagem é a aplicação frequente, pois é um fármaco de curta duração.
Para répteis é mais indicado o uso de opioides agonistas puros (morfina,
fentalina, metadona e meperidina) quando este usado junto com pré-anestésico
melhora o plano e a recuperação do animal. Nos pequenos mamíferos silvestres
o opioide mais indicado é a buprenorfina. O Cloridrato de tramadol apesar de
muito usado em todas essas espécies a sua eficácia ainda não é comprovada,
sendo que o uso prolongado em aves causa sedação.
A terapia multimodal é a mais indicada tanto para répteis, pequenos mamíferos e aves, esta associa o uso de opioides que limitam a entrada da informação nociceptiva no SNC e AINES que atuam perifericamente diminuindo a
inflamação e a informação nociceptiva, resultando em uma terapia com maior
eficácia e baixa toxidade.
Necessário ressaltar a necessidade da realização de mais estudos com o
objetivo de avaliar a farmacocinética dos principais medicamentos que promovam analgesia empregada em medicina veterinária para as diversas espécies de
animais selvagens.
Ciênc. vet. tróp., Recife-PE, v.18 n 2 - maio/agosto 2015
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