1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS BIOQUÍMICA Prof. William Volino I – Funções químicas orgânicas Função química é cada conjunto de substâncias com mesmas propriedades químicas. As orgânicas são formadas basicamente por átomos de carbono e hidrogênio. O carbono é tretravalente, ou seja, é capaz de fazer quatro ligações covalentes com outros átomos. 1- Como dar nomes aos compostos orgânicos Os nomes dos compostos orgânicos são dados seguindo-se as regras da IUPAC1. Para os compostos de cadeia normal, o nome é constituído de três partes, a saber: PREFIXO + INFIXO + SUFIXO prefixo: indica o número de átomos de carbono na cadeia. Para os dez primeiros, temos: 1C 2C 3C 4C 5C - MET ET PROP BUT PENT 6C 7C 8C 9C 10 C - HEX HEPT OCT NON DEC infixo: indica o tipo de saturação da cadeia (ligação simples, dupla ou tripla). AN : para cadeia com ligações simples somente. EN : para cadeia com pelo menos uma ligação dupla. IN : para cadeia com pelo menos uma ligação tripla. Sufixo: é a terminação característica da função química. 2- Nomes de alguns compostos de cadeia normal 2.1- Hidrocarbonetos Compostos constituídos apenas por átomos de carbono e hidrogênio. ALCANOS – apresentam cadeia saturada. Fórmula-geral: CnH2n+2. Exemplos: o N de carbonos 1 2 3 4 1 fórmula CH4 C2H6 C3H8 C4H10 International Union of Pure and Aplied Chemistry. prefixo met et prop but infixo an an an an sufixo o o o o nome metano etano propano butano 2 ALCENOS – cadeia insaturada com uma ligação dupla. Fórmula-geral: CnH2n. Exemplos: o N de carbonos 2 3 4 5 fórmula C2H4 C3H6 C4H8 C5H10 prefixo et prop but pent infixo en en en en sufixo o o o o nome eteno propeno buteno penteno ALCINOS – cadeia insaturada com uma ligação tripla. Fórmula-geral: CnH2n2. Exemplos: o N de carbonos 2 3 4 fórmula C2H2 C3H4 C4H6 prefixo et prop but infixo in in In sufixo o o o nome etino propino butino ALCADIENOS – cadeia com duas ligações duplas. Fórmula-geral: CnH2n2. Exemplo: H2C = CH – CH = CH2 1,3-butadieno CICLO ALCANOS – cadeia saturada (alcano) fechada. Fórmula-geral: CnH2n. Exemplos: ciclopropano; ciclopentano CICLO ALCENOS – cadeia fechada com ligação dupla. Fórmula-geral: CnH2n2. Exemplos: ciclobuteno; ciclohexeno AROMÁTICOS São derivados do benzeno. Todo composto aromático possui o anel ou núcleo benzênico: H 8 C H C C H C C H 8 2 6 3 5 4 ou ou H 1 7 C H naftaleno 9 3 1 7 2 6 3 5 1 0 benzeno 4 4 2 5 1 6 antraceno 7 8 9 1 0 fenantreno 2.2- Derivados halogenados (haletos de alquila) Derivam de hidrocarbonetos pela substituição de um ou mais átomos de H por átomos de halogênios ( F, Cl, Br e I). Para dar o nome IUPAC, escreve-se o nome do halogênio seguido do hidrocarboneto correspondente. Exemplos: CH3Cl – clorometano; C2H5Br – bromoetano. 3 2.3- Compostos oxigenados Álcoois: são compostos que possuem o grupo –OH ligado a um carbono saturado. A fórmula estrutural dos álcoois é conseguida substituindo-se um ou mais hidrogênios de um hidrocarboneto pela hidroxila. Exemplos: fórmula CH3OH C2H5OH C3H5OH prefixo met et prop infixo an an en sufixo ol ol ol nome metanol etanol propenol Faça as fórmulas estruturais dos álcoois acima. Enóis: são compostos que possuem o grupo –OH ligado a carbono sp2, isto é, com dupla ligação. Exemplo: H2C = CHOH etenol Fenóis: são compostos que apresentam o grupo –OH ligado diretamente ao anel benzênico. Exemplo: OH hidróxibenzeno (fenol comum) Éteres: são compostos que apresentam o grupo funcional – O – . O oxigênio aparece na cadeia como heteroátomo. Na nomenclatura oficial usa-se o sufixo oxi. Exemplo: CH3 – O – C2H5 metoxi-etano Aldeídos: são compostos que apresentam o grupo funcional chamado carbonila ( C = O ) na extremidade da cadeia. O Exemplos: fórmula HCHO CH3CHO H2C=CHCHO prefixo met et prop infixo an an en sufixo al al al nome metanal etanal propenal C H carbonila no aldeído Cetonas: são compostos que apresentam o grupo funcional carbonila no meio da cadeia. Exemplos: fórmula H3CCOCH3 H3CCH2COCH3 HCCCOCH3 O prefixo prop but but Ácidos carboxílicos: carboxila (-COOH). infixo an an in sufixo ona ona ona nome propanona butanona butinona C C C carbonila na cetona são compostos que apresentam o grupo funcional chamado Exemplos: fórmula HCOOH H3CCOOH H2C=CHCOOH O prefixo met et prop infixo an an en sufixo óico óico óico nome ác. metanóico ác. etanóico ác. propenóico C OH grupo carboxila 4 Anidridos: os anidridos derivam dos ácidos carboxílicos pela desidratação de duas moléculas destes. Para dar o nome de um anidrido substitui-se apenas a palavra ácido por anidrido. O Exemplo: 2 H3C-COOH ácido etanóico H3C-C anidrido etanóico O H3C-C O Sais de ácidos carboxílicos: derivam destes pela substituição do H da carboxila por um cátion metálico. Para dar o nome, substitui-se o sufixo óico por OATO e a seguir o nome do cátion. Exemplos: HCOO Na+ metanoato de sódio; CH3COO K+ etanoato de potássio Ésteres: diferem estruturalmente dos ácidos carboxílicos pela substituição do H da carboxila por uma cadeia carbônica. Utiliza-se o sufixo OATO no lugar de óico. Exemplo: HCOOCH3 – metanoato de metila (deriva do ácido metanóico). 2.4- Cloretos de acila São compostos que derivam dos ácidos carboxílicos com um átomo de cloro no lugar da hidroxila. Para dar o nome, escreve-se: cloreto + de + nome do ácido com o sufixo OILA no lugar de óico. Exemplo: H3C-COCl cloreto de etanoíla; H3C-CH2-COCl cloreto de propanoíla 2.5- Funções nitrogenadas Amidas: Estruturalmente, diferem dos ácidos pela substituição do –OH da carboxila pelo grupo NH2. Exemplos: fórmula HCONH2 H3CCONH2 H2C=CHCONH2 prefixo met et prop infixo an an en sufixo amida amida amida nome metanamida etanamida propenamida Aminas: São compostos nitrogenados que possuem o grupo funcional -NH2 (amino). As aminas diferem das amidas pois não possuem oxigênio na estrutura. Derivam da amônia (NH3) pela substituição de um, dois ou três hidrogênios (aminas primárias, secundárias e terciárias, respectivamente). Exemplos: fórmula H3CNH2 H3CCH2NH2 prefixo met et infixo il il sufixo amina amina nome metilamina etilamina 5 Nitrilas: são compostos que apresentam o grupo funcional -CN (cianeto). Exemplo: H3C-CN etanonitrila Isonitrilas: apresentam o grupo funcional –N C (isocianeto). Para dar o nome: prefixo + il + carbilamina Exemplo: H3C-N C metilcarbilamina Nitrocompostos: apresentam o grupo funcional –NO2 (nitro). Para dar o nome IUPAC escreve-se a palavra nitro seguida do nome do hidrocarboneto O correspondente. grupo nitro N Exemplos: H3C-NO2 nitrometano; NO 2 nitrobenzeno O 3- Nomenclatura de compostos de cadeia ramificada Para dar os nomes dos compostos de cadeia ramificada, primeiramente identifica-se a cadeia principal. As demais cadeias da estrutura são consideradas como ramificações e recebem nomes característicos (chamados grupos orgânicos ou radicais4). Características da cadeia principal (na ordem de prioridade): 1o) Possui o grupo funcional; 2o) Possui o maior número de insaturações; 3o) Possui o maior número de átomos de carbono; 4o) Possui o maior número de grupos orgânicos substituintes. Normas IUPAC para a nomenclatura de compostos com cadeia ramificada: 1- O nome da cadeia principal é dado da mesma maneira que a cadeia normal; 2- Numeram-se os carbonos da cadeia principal, a partir da extremidade mais próxima do grupo funcional, das insaturações ou dos grupos orgânicos, nesta ordem; 3- A soma dos números que localizam grupo funcional, insaturações ou grupos orgânicos deve ser a menor possível; 4- Os números são escritos, de preferência, antes dos nomes dos grupos, separados destes por hífen, e separados entre si por vírgulas; 5- Grupos iguais repetidos no mesmo composto recebem os prefixos di, tri, tetra, etc; 6- Os grupos são escritos em ordem de complexidade ou em ordem alfabética (recomendado pela IUPAC); Grupos orgânicos Grupos orgânicos derivados de alcanos, alcenos e alcinos Os mais utilizados são, sem dúvida, os grupos derivados dos alcanos pela saída de um átomo de hidrogênio (monovalentes), chamados de alquil, alquila ou alcoíla. Atualmente o expressão “grupo orgânico“ vem sendo mais utilizada do que o termo “radical” para definir os grupos substituintes na cadeia principal. 4 6 O nome IUPAC para as alquilas é: PREFIXO + IL (ou ILA). o N de C 1 2 prefixo met et sufixo nome IL IL METIL(A) ETIL(A) Fórmula H3C CH3CH2 Os grupos alquil com mais de dois átomos de carbono são: derivados do propano: derivados do butano: CH3 – CH2 – CH2 CH3 – CH – CH3 propil (n-propila) iso-propila (s-propila) CH3 – CH2 – CH2 – CH2 CH3 – CH2 – CH – CH3 butila (n-butila) sec-butila (s-butila) CH3 - CH - CH2 CH3 - C - CH3 CH3 CH3 terc-butila (t-butila) isobutila derivados do pentano: CH3-CH2-CH2-CH2-CH2 CH3-CH-CH2-CH2 pentila (n-pentila) CH3 isopentila CH3 CH3 - C - CH2 CH3 neopentila Iso e neo são escritos juntos com o nome, enquanto n, s (sec) e t (terc), são separados por hífen. Os grupos alquenil(a) são os derivados dos alcenos e que possuem somente uma valência livre. O nome IUPAC dos alquenilas é: PREFIXO + EN + IL(A). Os mais importantes são: H2C = CH H2C = CH -CH2 etenil(a) ou vinil(a) alil(a) Os grupos alquinil(a) são os derivados dos alcinos e que possuem uma única valência livre. O nome IUPAC dos alquinilas é: PREFIXO + IN + IL(A). Destacam-se: HC C HC C-CH etinil propargil Grupos orgânicos derivados de hidrocarbonetos aromáticos Os radicais monovalentes derivados de hidrocarbonetos aromáticos mais importantes são: CH2 fenil benzil CH3 orto-toluil (o-toluil) CH3 meta-toluil (m-toluil) CH3 para-toluil (p-toluil) 7 -naftil EXERCÍCIOS 1. Qual o nome IUPAC para os compostos abaixo? 4 OH 2 5 ramificação metil (1 C) cadeia principal com 5 C 4 2 b. função álcool 1 3 a. 1 6 5 3 h.c. com uma ligação dupla (alceno) 6 c. carbonila cetônica O 5 3 2 4 1 d. OH Br e. Br carbonila aldeídica f. CH2 -CH2 -C = O H função éster g. O O h. O NH2 i. grupo amida O OH grupo carboxila -naftil 8 6 j. 1 5 4 3 2 N l. O m. NH Trata-se de uma amida N-monosubstituída. O n. N Trata-se de uma amida N-dissubstituída. 6 o. H3C 1 5 4 CH 3 2 3 CH 3 Regra dos menores números CH 3 7 6 p. H3C 8 1 2 5 4 3 No naftaleno a numeração dos carbonos é feita desta maneira. 3 2 q. 1 O A sequência menor recebe o prefixo + oxi. A sequência maior recebe o nome do hidrocarboneto. Deriva do ácido metilpropanóico O r. O O Deriva do ácido etanóico 9 II – Soluções - São misturas uniformes de átomos, íons ou moléculas de duas ou mais substâncias. - Geralmente uma das substâncias é líquida - Possui dois componentes principais: Soluto: substância dissolvida, em menor quantidade Solvente: substância que dissolve, em maior quantidade - O solvente mais comum é a água Possui 2 átomos de hidrogênio ligados covalentemente a um átomo de oxigênio. A molécula é polar e se ligas a outras moléculas por pontes de hidrogênio É capaz de dissolver os solutos polares É capaz de dissociar os solutos Obs. Dissociação: consiste na separação dos íons que formam um soluto pelas moléculas da água. 1 – Solubilidade de uma solução - É a massa do soluto que pode ser dissolvida numa certa quantidade de solvente numa determinada temperatura. - Expressa em gramas de soluto por 100 mL ou 100g de solvente numa dada temperatura Ex.: Sacarose: 204g por 100g de água a 20°C 308g por 100g de água a 100°C. - As soluções podem ser: Saturadas – já possui a quantidade máxima de soluto para chegar ao equilíbrio Não saturadas – possui menos soluto do que o necessário para chegar ao equilíbrio Supersaturadas – possui mais soluto do que o necessário 2 – Concentração de uma solução - Especifica a quantidade de soluto presente numa dada quantidade de solvente ou solução. - Possui vários tipos, de acordo com as unidades utilizadas a) Concentração comum ou Densidade - Informa a massa do soluto em gramas contida em 1 litro de solução (g/L) C = m/V Ex. Solução aquosa de cloreto de sódio a 200g/L Existem 200g de NaCl em 1L 10 b) Porcentagem em massa - Indica a massa do soluto existente em 100 gramas de solução. P = gramas de soluto/gramas de solução x 100% Ex. Solução aquosa de cloreto de sódio a 20% Existem 20g de NaCl em 100g de solução c) Porcentagem em massa por volume - Indica a massa do soluto (em g) num determinado volume (100mL) de solução. P = m/V x 100% Ex. Solução aquosa de cloreto de sódio a 20% Existem 20g de NaCl em 100mL de solução d) Concentração Molar ou Molaridade (M) - Indica o número de mols do soluto dissolvido em cada um litro de solução Obs. 1 mol = 6,02 x 1023 unidades do soluto M = nº mols/ L da solução Ex. Solução aquosa de cloreto de sódio a M = 5 Existem 5 mols de NaCl em 1L de solução e) Concentração Molal ou Molalidade (m) - Indica a número de mols do soluto dissolvido em um kg de solvente m = nº mols/ Kg solvente Ex. Solução aquosa de cloreto de sódio a m = 5 Existem 5 mols de NaCl em 1kg de solvente f) Concentração Normal ou Normalidade (N) - Indica o número de equivalentes-grama do soluto dissolvido em um litro de solução. Obs: equivalente-grama é a massa de uma substância que numa reação química movimenta 1 mol de cargas positivas ou negativas N = e/V Ex. Solução aquosa de cloreto de sódio a N = 5 Existem 5 eq-g de NaCl em 1L de solução 11 3 – Diluição de soluções - Consiste no preparo de soluções a partir da diluição de soluções de concentração conhecida. - Faz-se a adição de mais solvente a solução. Qual quantidade??? Utiliza-se a fórmula: C1V1 = C2V2 Onde: C1 = concentração inicial da solução V1 = quantidade da solução original que deverá ser utilizada C2 = concentração final que desejo obter V2 = o volume final que desejo obter desta solução Portanto, a incógnita e o V1. Ex. De uma solução de NaCl 10M desejo obter 100 ml de uma solução 5M Logo: 10M . V1 = 5M . 100ml V1 = 500/10 = 50 ml 12 III – Ácidos e Bases - Exemplo da água Existe em forma de moléculas de H2O Se ioniza ligeiramente formando íons H+ e OHA concentração destes íons é muito baixa na água pura A reação é reversível O H+ se liga nas moléculas de H2O e forma o íon hidrônico H3O+ - Os ácidos e as bases alteram a quantidade destes íons nas soluções a) Ácidos - Moléculas que liberam íons H+ quando os átomos se dissociam, aumentando sua quantidade na solução. Ácidos fortes – reagem fortemente com a água de forma que quase todas as moléculas liberam próton H+ Ex. HCl Ácidos fracos – somente uma porção das moléculas liberam H+ Ex. HC2H3O2 b) Bases - Moléculas que liberam íons OH- quando os átomos se dissociam, aumentando sua quantidade na solução. Bases fracas Ex. NH3 – NH4+ e OH Bases fortes Ex. NaOH e KOH c) Medida de pH Indica a concentração de íons H3O+ numa solução, indicando acidez ou alcalinidade Quanto mais íons mais ácida é a solução e menor é o pH pH 0 a 6,9 – ácido pH 7,0 – neutro pH 7,1 a 14 - alcalino