Administração das Operações Produtivas

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Métodos de Pesquisa
1. A PESQUISA COMO PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO
A ciência é uma atividade tipicamente humana de busca sistemática do
conhecimento da natureza e dos seus fenômenos.
Dependendo do objeto de pesquisa, a experimentação (tentativa de reproduzir
em laboratório, de modo controlado, os fenômenos) poderá não existir, sendo
substituída por um modelo teórico explicativo dos fenômenos naturais ou
sociais.
A experimentação pode ser mais ou menos rigorosa, dependendo dos recursos
de que se dispõe, inclusive o conhecimento teórico preexistente.
A profissão de cientista, entendendo-se como a atividade regularmente
remunerada por prestação de serviços de pesquisa científica e tecnológica,
surge pela primeira vez na Alexandria, cerca de 330 anos a. C. Anteriormente,
o conhecimento científico era gerado por filósofos, professores, sacerdotes,
magos e por pessoas com outras profissões, mas que tinham em comum um
grande espírito de curiosidade e uma certa disciplina.
Nos dias atuais, muito se tem discutido sobre os métodos por meio dos quais
se desenvolve a atividade científica, podendo-se dizer que todos eles têm
validade tanto para a ciência como na busca de tecnologia. Esses métodos
podem:

priorizar a conduta abstrata e teórica e subestimar as sensações e o
experimento,

entender ser a comprovação experimental o procedimento fundamental.
1.1 Conceito de Tecnologia
A tecnologia é o estudo das técnicas, inclusive de sua evolução. É a busca do
conhecimento de como produzir e desenvolver instrumentos de trabalho,
equipamentos e processos, destinados a elevar a produção por esforço físico
humano ou unidade de trabalho despendida e resolver problemas e, desta
forma, melhorar a qualidade de vida.
Na sua origem, a tecnologia era uma atividade típica de artesãos, dedicados a
uma arte diversa daquelas voltadas para despertar o prazer estético, como a
pintura, a escultura etc.
O desenvolvimento destas artes práticas ou técnicas vem-se dando desde o
aparecimento do homem, mas a sistematização e a divulgação do
conhecimento adquirido é uma manifestação recente.
A tecnologia generaliza-se depois da descoberta da imprensa. Antes da
publicação de tratados impressos, alguns copistas tentaram, por meio de
manuscritos, sistematizar e preservar o conhecimento técnico disponível desde
a Antiguidade.

O conhecimento se transmitia de homem a homem, nas oficinas e
laboratórios.
Até o Século XVII não se pode falar de relacionamento funcional entre a
ciência e a tecnologia, ou de ciência e tecnologia conectadas, C&T. Esse
relacionamento se dá com a Revolução Científica do Século XVII, quando a
necessidade de equipamentos mais complexos e mais precisos para as
determinações e medições obrigou os cientistas a estabelecerem um contato
mais próximo com os artesãos, o que propiciou um intercâmbio de idéias com
sensíveis benefícios para as duas partes.
A tecnologia de hoje é a ciência de ontem, e a ciência de hoje é a
tecnologia de amanhã.
1.2 Conceito de Pesquisa
A pesquisa é o exercício ou a prática da busca do conhecimento, conduzido por
meio do método científico escolhido. Convencionalmente, a pesquisa vem
sendo classificada em:

básica: objetiva a expansão do saber não necessariamente associada
com um interesse imediato de utilização prática dos resultados;

aplicada: conduzida com o propósito de gerar inovações para solucionar
problemas.
É desejável que exista um certo equilíbrio no desenvolvimento destes dois
tipos de pesquisa porque, enquanto a pesquisa básica cria e dá legitimidade e
fundamento a novas idéias, a pesquisa aplicada procura transformá-las em
utilidades.
O papel da pesquisa aplicada não deve, contudo, levar à suposição de que
exista uma relação direta e linear entre os seus resultados, de um lado, e o
lançamento de novos produtos no mercado, dinamização da economia, criação
de novos postos de trabalho, de outro. É necessário que ocorra, antes, o
desenvolvimento do produto ou do processo e a mediação do empresário.
Tem-se proposto uma subclassificação da pesquisa em estratégica e
fundamental, que se aplicaria conjuntamente às categorias básica e aplicada,
de acordo com a dimensão temporal do potencial de aplicação dos seus
resultados.

A estratégica apresentaria um elevado potencial para interagir
rapidamente com outras pesquisas, dando suporte para novos avanços.

A fundamental teria um horizonte temporal impreciso de utilização dos
resultados, seja para expansão do conhecimento, como para resolver
problemas.
1.3 Conceito de desenvolvimento experimental
Por desenvolvimento experimental entendem-se as diversas etapas de
transformação de uma descoberta ou um invento em uma inovação, ou o
aprimoramento de uma inovação tecnológica, seja esta um novo produto ou
um novo processo produtivo.
O desenvolvimento experimental tem início em uma bancada de laboratório ou
oficina, sendo progressivamente testado em escalas cada vez maiores (scaleup), até se chegar ao estágio de protótipo, no caso de produto, ou de uma
nova rota de produção, no caso de processo.
Este conjunto de operações é definido como atividade de Pesquisa e
Desenvolvimento, P&D ( Research and Development, R&D).
A P&D pode-se dar por meio de cooperação entre laboratórios e oficinas de
universidades e de empresas, ou pelo trabalho integrado de pesquisadores e
engenheiros nos laboratórios e plantas-piloto de uma indústria, os quais
reúnam tanto a capacitação científica como a técnica.
1.4 Conceito de estado do conhecimento ou ”estado da arte”
Estado do conhecimento é a avaliação qualitativa e quantitativa do
conhecimento em um determinado momento, seja ele referente a um campo
da ciência ou a uma determinada técnica. É também denominado como”estado
da arte” (state of the arts).

Os avanços de conhecimento na ciência são denominados descobertas
ou invenções, já que houve uma certa intencionalidade de gerar
utilidade.

Os avanços de conhecimento na tecnologia são inventos e inovações.
A denominação de inovação está reservada àquela invenção que tem condições
de ser absorvida pelo setor produtivo, transformando-se em uma mercadoria.
1.5 Processo de geração de conhecimento
A geração de conhecimento implica que a atividade nas áreas de C&T e de P&D
tenha como resultado os produtos, as descobertas, invenções ou inovações.

na área científica, ocorre em laboratório de universidades e centros de
pesquisa.

na área tecnológica, tem lugar nos laboratórios, oficinas, plantas-piloto e
parques tecnológicos ou incubadoras de empresas de universidades e de
centros de pesquisa e também em instalações de pesquisa das
indústrias.
A participação da indústria na geração de conhecimento na área tecnológica se
dá porque as inovações interessam de perto ao setor produtivo.
O conhecimento gerado na área científica tem sido de grande utilidade para as
pesquisas na área tecnológica. Esse conhecimento estabelece um fluxo de
informações sobre novas descobertas e invenções de interesse para o
desenvolvimento de um produto ou um processo produtivo. Da mesma forma,
o avanço do conhecimento na área tecnológica interessa às pesquisas na área
científica, porque significa a possibilidade de se utilizar os resultados obtidos
na produção de novos instrumentos e equipamentos para análises,
mensurações e determinações, bem como para criação de condições especiais
para observações. O desafio está em aumentar a colaboração e o
relacionamento entre a área tecnológica e a científica.
Inovação
A inovação é a invenção que tem condições de ser absorvida pelo setor
produtivo, transformando-se em uma mercadoria.
A inovação pode ser de produto ou de processo.

A de processo se divide em melhoramento organizativo, de aquisição de
conhecimento gerencial, inovação tecnológica propriamente dita ou
aquela que tem o progresso técnico incorporado.
o

pode-se afirmar que a sua introdução implica, necessariamente,
economia de pelo menos um recurso.
A inovação de produto compreende a criação de bens finais novos e
qualitativamente diversos.
o
não está voltada para poupar qualquer recurso, mas sim para
incrementar a demanda de um determinado bem.
As inovações podem

impactar o sistema produtivo (caso de um processo poupador de um
determinado fator ou o caso de um recurso adicionalmente incorporado
a um produto);

podem tornar a vida mais ética (caso de um método de análise que
auxilie a perícia criminal);

ou podem tornar a vida mais humana (no sentido de evitar sofrimentos,
prevenindo e curando enfermidades).
Independente de serem de processo ou de produto, as inovações podem ser
classificadas em:

radicais > provocam mudanças de forma pronta e imediata;

incrementais > causam mudanças progressivas que levam a uma
mudança equivalente à que seria produzida por uma inovação radical;

genéricas > resultam da fusão das duas anteriores;

pervagantes > do tipo genérico, mas com um amplo espectro de
aplicações, sobre muitos setores.
1.6 O interesse pelo estudo do progresso técnico e seus efeitos na
economia
As possibilidades oferecidas pelo progresso técnico para renovar e impulsionar
os setores produtivos, tornando-os mais competitivos, e melhorar a qualidade
de vida da população, começam a ser objeto de interesse das ciências sociais
por ocasião das grandes transformações que ocorreram na sociedade quando o
capitalismo mercantilista inicia a dissolução do sistema feudal. Conhecer a
natureza do progresso técnico aplicado ao sistema produtivo vem constituindo
preocupação das várias correntes do pensamento econômico.
1.6.1 O enfoque dos economistas clássicos
Para os economistas, clássicos, o progresso técnico traria prosperidade e bemestar e quaisquer inconvenientes que resultassem de sua aplicação seriam
amplamente compensados pelos benefícios acarretados pela sua introdução.
Os economistas clássicos - Smith, Ricardo e Mill - foram os primeiros a
reconhecer o papel do progresso técnico no crescimento econômico. Para
Ricardo, o progresso técnico - além de poder reverter a tendência da economia
em direção ao”estado estacionário” - seria uma poderosa arma para a
concorrência.

Os países que mais avançassem no uso das novas técnicas poderiam
beneficiar-se nas relações de comércio internacional.

A inovação tecnológica consolidaria e ampliaria
comparativas de uma nação nas trocas comerciais.
as
vantagens
1.6.2 A visão marxista do progresso técnico
Marx foi o primeiro economista a seguir os efeitos do progresso técnico no
sistema econômico em sua totalidade. Marx não dissociava a possibilidade de
expansão capitalista, da utilização crescente do progresso técnico, uma vez
que este era a principal arma da concorrência capitalista, portanto, da
concentração e centralização dos capitais.
Os impactos negativos da grande indústria, que era o vetor da modernização
da produção capitalista – entre eles a destruição de formas antigas de
produção familiar, a alienação do trabalhador, o aumento da exploração
capitalista através do incremento da mais-valia relativa e a formação de
um”exército” de desempregados - se explicavam pela formação social em que
ela se inseria. Superado o Capitalismo como formação social, a grande
indústria seria expropriada e os benefícios do progresso técnico se voltariam
para os trabalhadores.
1.6.3 A visão do pensamento neoclássico convencional
Os neoclássicos convencionais defendem que não se deve atribuir qualquer
sentido valorativo em relação à adoção ou não do progresso técnico.

A inovação tecnológica dependeria do avanço do conhecimento científico
e das artes técnicas, o que estaria permanentemente acontecendo fora
do sistema produtivo.

A possibilidade de mudança técnica seria algo que aconteceria a
depender do preço relativo dos fatores de produção.
Uma técnica avançada, embutida em uma máquina ou em um processo de
produção disponíveis no mercado, seria utilizada quando os preços destes bens
que a incorporassem pudessem ser comparativamente vantajosos em relação
ao preço dos fatores que seriam substituídos. Só o mercado deve orientar uma
mudança técnica, e um valor afirmativo deve ser dado ao equilíbrio que
através dela se venha obter, sendo uma questão menos relevante o rumo e a
velocidade com que o progresso técnico é incorporado pelo sistema produtivo.
1.6.4 A visão contemporânea
A visão contemporânea ressalta o impacto econômico das políticas públicas de
ciência e tecnologia e das instituições integrantes do sistema nacional de
inovações tecnológicas. Tão ou mais importante que os preços relativos para a
decisão empresarial de introduzir uma inovação, visando a maior
competitividade, é o funcionamento do sistema de geração de tecnologias e os
mecanismos de endogenização da demanda pela pesquisa e desenvolvimento,
P&D.
O arcabouço institucional da ciência e da tecnologia, ou a maneira como se
organiza e funciona a pesquisa básica e a aplicada e os mecanismos de difusão
em um determinado país ou região, é um fator decisivo nos processos de
indução e absorção de inovações tecnológicas.
1.7 O papel da C&T na afirmação da soberania nacional
A afirmação de uma nação, a continuidade de sua independência, a soberania
e as relações comerciais mais equilibradas que estabelece com o resto do
mundo são progressivamente dependentes da Ciência e da Tecnologia.
Ciência e Tecnologia não são somente elementos da cultura de um povo, de
uma sociedade, mas são também elementos delimitadores de um perfil
moderno de qualquer Estado ou nação. Sem uma ciência e uma tecnologia
nacionais não se consegue promover o desenvolvimento econômico, valorizar
devidamente os produtos de exportação e também não se tem sucesso em
educar, nutrir e tornar saudáveis os cidadãos de um país.
No Brasil:

há necessidade de que certos conhecimentos sejam adaptados à
realidade brasileira;

há necessidade de sermos menos dependentes de produtos importados
e mais eficientes na exportação de produtos novos.
Estas necessidades nos obrigam a sermos eficientes na geração autóctone do
conhecimento, aquela que se dá no próprio local onde se faz necessária.
1.7.1 Por que a tecnologia importada não substitui a geração
autóctone
A importância de uma produção autônoma em Ciência e Tecnologia que leve a
uma menor dependência da importação de conhecimentos se justifica, porque
a transferência de tecnologia não esgota o elenco da diversidade das
necessidades de inovações e não apresenta um grau variável de adaptabilidade
ao ambiente e às particularidades de mercados nacionais com especificidades
culturais inquestionáveis.
A efetividade da transferência de tecnologia, que deve ser medida pela
capacidade de ir além de soluções tópicas e localizadas de problemas, somente
se verifica quando acompanhada da possibilidade de se produzir conhecimento
autóctone, que é aquele nacionalmente localizado.
Somente por esta via é que serão geradas oportunidades de investimentos que
ajudam a superar o modelo de economia complementar e a reduzir os
eventuais desequilíbrios econômicos entre as nações.
É por meio da produção nacional do conhecimento científico-tecnológico que
surgem as possibilidades de explorar as vantagens de comércio internacional,
obtendo lucros extraordinários, mediante a incorporação em”primeira mão”, de
inovações de processos e produtos, o que não é possível pela via da
importação de tecnologia.
A dependência tecnológica como fator de retardamento do desenvolvimento
econômico tem sido salientada por vários estudiosos. Da mesma forma que é
uma utopia pensar-se em auto-suficiência em termos de conhecimento, é, por
outro lado, altamente desejável depender menos da pesquisa realizada fora
das fronteiras do Brasil.
Renunciar à geração autóctone do conhecimento e a uma presença em temas
avançados de pesquisa significa manter um elevado grau de vulnerabilidade da
economia e colocar questões essenciais, como a segurança alimentar e a saúde
da população, fora do controle das decisões nacionais. A cooperação
internacional em ciência e tecnologia, bem como nos demais setores, faz parte
do convívio das nações. Entretanto, ela se deve dar em condições de trocas
iguais.
O Brasil tem forte potencial para a geração de conhecimento, mas ainda carece
de um mecanismo que faça com que este conhecimento alcance o setor
produtivo.
Comparando-se o Brasil com a Coréia, observa-se que a produção acadêmica
dos dois países é semelhante. Porém a quantidade de trabalhos acadêmicos
transformada em pedidos de patentes na Coréia é mais de trinta vezes maior
que no Brasil.
Os produtos da geração de conhecimento no Brasil e na Coréia
No Brasil, há ainda incongruência entre o volume de produção científica e a
escassez de inovações. A expansão do conhecimento não é proporcional ao
aproveitamento econômico desse conhecimento. Alguns problemas foram
detectados por pesquisadores:

Cultura de propriedade intelectual incipiente – o conhecimento como
fonte de geração de inovação e de riqueza precisa, antes de qualquer
coisa, estar protegido (situação que vem sendo alterada).

A reputação / notoriedade do pesquisador parece ser mais importante
que o benefício social da exploração comercial do objeto da patente.

Há pouco incentivo e cultura para a fixação de Doutores em empresas
(expectativa de mudança com a Lei de Inovação).
A situação é ainda mais grave quando se compara o Brasil com países como a
Inglaterra, a França e a Alemanha. O Brasil precisa capitalizar mais sua cultura
científica.
Os produtos da geração de conhecimento no Brasil comparados com outros
países.
2. TIPOS DE PESQUISA
A pesquisa compreende qualquer atividade criativa e sistemática realizada com
o fim de incrementar o acervo do conhecimento científico e o uso desse acervo
de conhecimentos para conceber novas aplicações.
Para realizar uma pesquisa de cunho científico, é de fundamental importância
que o pesquisador tenha uma clara distinção dos diversos tipos de
conhecimento e uma sólida fundamentação epistemológica.
2.1 Quanto à natureza
2.1.1 Pesquisa básica
Tem como objetivo principal a busca do saber.
2.1.2 Pesquisa teórica

Trata-se da pesquisa que é ”dedicada a reconstruir teoria, conceitos,
idéias, ideologias, polêmicas, tendo em vista, em termos imediatos,
aprimorar fundamentos teóricos”.

Esse tipo de pesquisa é orientado no sentido de reconstruir teorias,
quadros de referência, condições explicativas da realidade, polêmicas e
discussões pertinentes.

A pesquisa teórica não implica imediata intervenção na realidade, mas
nem por isso deixa de ser importante, pois seu papel é decisivo na
criação de condições para a intervenção.

“O conhecimento teórico adequado acarreta rigor conceitual, análise
acurada, desempenho lógico, argumentação diversificada, capacidade
explicativa”.
2.1.3 Pesquisa empírica
É a pesquisa dedicada ao tratamento da ”face empírica e factual da realidade;
produz e analisa dados, procedendo sempre pela via do controle empírico e
factual”.

A valorização desse tipo de pesquisa está na possibilidade que oferece
maior concretude às argumentações, por mais tênue que possa ser a
base factual.

O significado dos dados empíricos depende do referencial teórico, mas
esses dados agregam impacto pertinente, “sobretudo no sentido de
facilitarem a aproximação prática”.
2.1.4 Pesquisa aplicada
Busca de solução para problemas concretos e imediatos.

Muitas vezes pesquisas básicas possuem grande importância em nossa
vida. É o caso da eletricidade. Quando os primeiros cientistas
começaram a pesquisá-la, o único objetivo era a curiosidade.

Ligada à práxis, ou seja, à prática histórica em termos de conhecimento
científico para fi ns explícitos de intervenção; não esconde a ideologia,
mas sem perder o rigor metodológico.
2.2 Quanto aos objetivos
2.2.1 A pesquisa exploratória
Na primeira aproximação com o tema, pode buscar descobrir teorias e práticas
que modificarão as existentes; recuperar as informações disponíveis para criar
maior familiaridade com os fenômenos, descobrir os pesquisadores ou buscar
informações para a obtenção de inovações tecnológicas. É feita por meio de:

Levantamentos bibliográficos;

Entrevistas com profissionais da área;

Visitas a instituições, empresas, etc;

Web sites, etc.
2.2.2 A pesquisa descritiva
Observa, registra e analisa os fenômenos, sem manipulá-los e é muito
utilizada em pesquisas sociais. Procura descobrir a freqüência com que o
fenômeno ocorre, sua natureza, suas características, sua relação com outros
fenômenos.
Em geral, é executada após a pesquisa exploratória e implica a realização de
observação sistemática e não participante com o uso de técnicas padronizadas
de coleta de dados (questionário e observação sistemática).
2.2.3 A pesquisa explicativa
Visa ampliar generalizações, definir leis, estruturar e definir modelos,
relacionar hipóteses existentes e gerar novas, via dedução. Exige maior
investimento na síntese, teorização e reflexão sobre o objeto. Busca explicar
os porquês e exige aplicação de métodos de modelagem e simulação para
reproduzir fenômenos e aprofundar o conhecimento da realidade.
Níveis Conhecimento Objetivos Modalidades
2.3 Quanto aos procedimentos
Uma vez entendida a natureza da pesquisa e determinados seus objetivos
deve-se escolher o procedimento para sua execução.
2.3.1 Pesquisa experimental
Manipula diretamente as variáveis relacionadas ao objeto de estudo. Busca as
causas e efeitos, como o evento ocorre. O cientista cria situações de controle
para evitar interferências (o placebo, por exemplo).
A pesquisa experimental viabiliza novas descobertas: materiais, componentes,
métodos, técnicas e é muito utilizada para obter novos conhecimentos e para a
construção de protótipos. Este tipo de pesquisa requer manipulação e coleta de
dados imparcial.
Experimentar significa:

elaborar e formular novos elementos,

testar materiais e componentes,

simular eventos,

inferir e introduzir variáveis,

realizar modelagens.
Em uma pesquisa experimental, o pesquisador manipula algumas variáveis e
então mede os efeitos dessa manipulação em outras variáveis.
2.3.1.1 O que são variáveis?
Variáveis são características que são medidas, controladas ou manipuladas em
uma pesquisa. Diferem em muitos aspectos, principalmente no papel que a
elas é dado em uma pesquisa e na forma como podem ser medidas. Há
variáveis dependentes e variáveis independentes.
Variáveis independentes são aquelas que são manipuladas, enquanto que
variáveis dependentes são apenas medidas ou registradas.
2.3.2 Pesquisa de laboratório
Artificializa a produção do fato ou da sua leitura.
É caracterizada por:

Interferir artificialmente na produção do fato/ fenômeno/processo.

Artificializar o ambiente ou os mecanismos de percepção para que o
fato/fenômeno/processo seja produzido/ percebido adequadamente.
Permite:

Estabelecer padrão desejável de observação.

Captar dados para descrição e análise.

Controlar o fato/fenômeno/processo.

Coletar dados em um espaço curto, obtendo um snapshot do fenômeno.
2.3.3 Pesquisa operacional
É a investigação sistemática dos processos de produção. Utiliza ferramentas
estatísticas e métodos matemáticos e visa selecionar os meios para produção,
comparando custos, eficiência e valores.
Aplicações:

Controle e produção de estoques;

Processos e operações de manufatura;

Projeto e desenvolvimento de produtos;

Engenharia e manutenção de fábricas;

Administração de RH;

Gestão e Vendas.
Exemplo:
2.3.4 Pesquisa Ex-post-facto (a partir de depois do fato)
É uma investigação sistemática e empírica em que o pesquisador não tem
controle direto sobre as variáveis independentes, porque os fatos pesquisados
já ocorreram e suas manifestações. São intrinsecamente não manipuláveis.
Nesse tipo de pesquisa são feitas inferências sobre as relações entre variáveis
em observação direta, a partir da variação concomitante entre as variáveis
independentes e dependentes.
2.3.5 Levantamento
Caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas, cuja opinião se quer
conhecer, e por ser um procedimento útil para pesquisas exploratórias e
descritivas. Permite o conhecimento direto da realidade, a quantificação,
economia e rapidez.
Etapas:

Seleção da amostra

Aplicação de questionários, formulários ou entrevista

Tabulação dos dados

Análise com auxílio de ferramentas estatísticas
2.3.6 Pesquisa de campo
Observa o lugar natural onde ocorrem os fenômenos e utiliza diversos
procedimentos de coleta como observações e entrevistas. É realizada onde
acontece o fato/fenômeno/processo e coleta de dados pela observação do
fato/fenômenos/processo in natura.
2.3.7 Estudo de caso
Estudo aprofundado e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a
permitir o seu conhecimento amplo e detalhado.
É adequado para explorar situações da vida real, descrever a situação em que
está sendo feita determinada investigação e explicar as variáveis causais de
determinado fenômeno em situações muito complexas.
Limitações:

Falta de rigor metodológico;

Dificuldade de generalização;

Tempo destinado à pesquisa.
2.3.8 Pesquisa-ação
É um tipo de pesquisa social com base
estreita associação com uma ação ou
coletivo, e no qual os pesquisadores e
situação ou problema estão envolvidos de
empírica, concebida e realizada em
com a resolução de um problema
os participantes representativos da
modo cooperativo ou participativo.
Esse tipo de pesquisa é indicado quando há interesse coletivo na resolução de
um problema ou suprimento de uma necessidade. Há envolvimento
participativo ou cooperativo dos pesquisadores e demais participantes no
trabalho de pesquisa.
2.4 Quanto à natureza da informação
2.4.1 Pesquisa quantitativa
Considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números
opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de
recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana,
desvio-padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc.).
Apesar de criticada por reduzir as relações humanas a números exatos, é
utilizada para estudar o homem e a sociedade quando é possível utilizar a
mesma metodologia e o mesmo instrumental das ciências naturais.
Exemplo:
2.4.1.1 Técnicas quantitativas
2.4.1.1.1 Observação sistemática

O observador, munido de uma listagem de comportamentos, registra a
ocorrência dos mesmos durante um período de tempo.

Para evitar interferências,
observação sistemática.
é
comum
utilizarem-se
câmeras
na
2.4.1.1.2 Questionário
É um instrumento ou programa de coleta de dados em que o pesquisador deve
saber exatamente o que procura, o objetivo de cada questão. O informante
deve compreender perfeitamente as questões, portanto deve-se conhecer e ter
cuidado com o repertório do informante.
O questionário deve seguir uma estrutura lógica, do mais simples ao mais
complexo. Deve apresentar uma questão por vez e ter linguagem clara.
Características:

confeccionado pelo pesquisador e preenchido pelo informante;

linguagem simples e direta;

deve-se condiderar um limite máximo de 30 min para respostas;

devem-se determinar as questões mais relevantes e como se relacionam
ao item de pesquisa.
Os questionários devem ser acompanhados de uma carta de apresentação
detalhando:

A finalidade do estudo.

Como preencher o questionário.

Se é preciso identificação pessoal.

Como devolver o questionário.
2.4.1.1.3 Entrevistas
Partem do encontro entre o pesquisador e o objeto de estudo e servem para
coleta de dados não documentados. Possibilitam análises qualitativas e
quantitativas. O número de entrevistados depende da variabilidade da
informação a obter. O roteiro da entrevista deve considerar a distribuição do
tempo por assunto e a formulação de perguntas com respostas descritivas.
2.4.2 Pesquisa qualitativa
Considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é,
um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito,
que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a
atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não
requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte
direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É
descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O
processo e seu significado são os focos principais de abordagem.
2.4.2.1 Técnicas qualitativas
2.4.2.1.1 Observação participante
Ocorre por meio do contato direto do pesquisador com o fenômeno observado.
Exemplo: de Carlos Castañeda ( A Erva do Diabo), Oliver Sachs.
2.5 Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica deve anteceder todos os tipos de pesquisas, pois
coloca o pesquisador em contato com o que existe sobre o seu tema. É feita a
partir de documentos (livros, livros virtuais, cd-rom, internet, revistas,
jornais...) e compreende várias etapas:

Identificação e localização das Fontes;

Consulta aos catálogos das bibliotecas;

Exame de índices de periódicos;

Consultas aos abstracts.
Há três tipos de fontes de informação:
A BUSCA da literatura deverá ser completa, ampla e profunda. A pesquisa
bibliográfica possibilita a determinação dos objetivos, a construção das
hipóteses e oferece elementos para fundamentar a justificativa ou motivação
do tema.
Com a revisão bibliográfica, o pesquisador obtém os subsídios necessários para
elaborar um histórico da questão, avaliar os trabalhos publicados sobre o
tema, avaliar métodos apropriados para coletar e analisar dados e evitar
duplicações desnecessárias de estudos já desenvolvidos.
Poucas horas gastas nas bibliotecas das grandes universidades poderão
economizar muitas horas do pesquisador em laboratórios ou no campo.
2.5.1 Pesquisa documental
Assemelha-se à pesquisa bibliográfica, todavia as fontes que a constituem são
documentos e não apenas livros publicados e artigos científicos divulgados,
como é o caso da pesquisa bibliográfica.
A pesquisa documental é realizada em documentos conservados em órgãos
públicos e privados de qualquer natureza, com pessoas, anais, regulamentos,
ofícios, memorandos, balancetes, diários, cartas pessoais e outros.
3. O PROJETO DE PESQUISA
O que é pesquisa?
“Pesquisar, significa, de forma bem simples,
indagações propostas.”(Silva e Menezes, 2001)
procurar
respostas
para
“Pesquisa científica é a realização concreta de uma investigação planejada,
desenvolvida e redigida de acordo com as normas da metodologia consagradas
pela ciência.”
“A pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas, através do
emprego de processos científicos.”
“Pesquisa científica é um conjunto de procedimentos sistemáticos, baseados no
raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar soluções para os problemas
propostos mediante o emprego de métodos científicos.”
Pesquisar para quê?

Criar novas tecnologias;

Explorar o desconhecido;

Controlar a natureza;

Entender os sistemas;

Produzir inovação;

Buscar o desenvolvimento sustentável;

Aumentar produtividade e competitividade;

Gerar investimento, emprego e renda;

Buscar solução para um problema;

Procurar um novo entendimento para uma dada situação.
Objetivos da Pesquisa:

Trazer uma contribuição inovadora para a Ciência;

Responder a uma pergunta de interesse para a comunidade científica;

Responder a uma pergunta ainda não respondida anteriormente;

Responder a uma pergunta de relevância para o interesse social (caso
de tecnologia);

Produzir uma contribuição inédita em sua área do conhecimento.
A contribuição pode ser puramente teórica, baseada em experimentação ou
melhoria de técnicas existentes, mas em todos os casos deve ter resultados
que possam ser generalizados.

Ponto de partida da investigação científica;

Uma pesquisa só é necessária se existe uma dúvida a ser esclarecida;

O problema = dúvida inicial que motiva e orienta a pesquisa;

Redigido de forma clara e argumentativa - qual é a questão para a qual
se busca uma resposta???
No exemplo -”organização de moradores e saneamento”, suponha que o
pesquisador que more no bairro C, passa todos os dias pelo bairro A e observa
que em um bairro há saneamento e no outro não.

Uma questão seria:”por que um bairro tem saneamento e outro não”?
o
Por motivos econômicos, geológicos, jurídicos, demográficos,
educacionais, de engenharia, sociológicos (sociais, políticos e
culturais).
o
“Que relações... existem nestes locais que favorecem ou
bloqueiam a adoção de políticas públicas básicas de
saneamento”?
O pesquisador possui um prazo determinado para realizar sua pesquisa - não
há possibilidade de esgotar todo o assunto de uma só vez.
O segundo passo é a delimitação dos tipos de relações que irão tornar-se o
objeto principal de estudo.

“Em que medida as organizações de moradores de bairro conseguem
influenciar a execução de políticas públicas locais”? Este problema
poderia ser, ainda, desdobrado nos seguintes:
o
“Que tipos de mecanismos de representação política permitem
esta influência por parte das associações de moradores?
o
Quais os obstáculos institucionais à representação dos interesses
de bairro na adoção e execução de políticas públicas de
saneamento”?
Na elaboração de um projeto de pesquisa deve-se ter em mente as perguntas
que permitem estruturar seu desenvolvimento.
3.1 O que pesquisar?
Há várias formas para escolher o tema de um projeto de pesquisa:

Escolha pela instituição

Escolha baseada na área de especialização do pesquisador

Escolha decorrente de lacuna na formação

Escolha baseada na relevância para uma determinada área

Escolha visando à revisão de aspectos teóricos ou práticos

Escolha baseada na aplicabilidade
O tema é o ponto de partida do trabalho de pesquisa. Delimita um campo de
estudo no interior de uma grande área de conhecimento e deve ser escolhido
de acordo com as tendências e aptidões do pesquisador.
Encontrada uma área do conhecimento de interesse, deve-se identificar um
tema plausível.
Para avaliar a escolha de um tema, podem-se fazer as seguintes perguntas:

Trata-se de um problema original e relevante?

Ainda que seja”interessante”, é adequado para mim?

Tenho hoje possibilidades reais para executar tal estudo?

Existem recursos (financeiros, materiais, humanos...) para o estudo?

Há tempo suficiente para investigar tal questão?

Quais são as partes do seu tema?

Qual o contexto do tema?

Qual a importância do seu tema?

Quem deu contribuições relevantes ao tema? Como outros autores
abordaram o assunto?

O que resta por investigar no tema?
Exemplos:
3.2 Por que pesquisar?
A justificativa mostra a relevância da pesquisa e identifica quais contribuições
para a compreensão, intervenção ou solução a pesquisa apresentará. É a parte
em que o pesquisador irá demonstrar a relevância da proposta de
investigação.
• A relevância de um projeto nunca está nele mesmo, nem na vontade do
pesquisador, nem no ineditismo do trabalho.
• A justificativa de um projeto está na contribuição para o conhecimento sobre
um tema.
Para redigir a justificativa, o pesquisador deverá ter lido a bibliografia principal.
Na justificativa, apresenta as lacunas que existem nos estudos até então
realizados. Sua contribuição será preencher as lacunas ou demonstrar, de
forma crítica, que aquilo que se entendia até então como certo é uma
interpretação incongruente com a realidade atual.
Que motivos justificam um projeto de pesquisa?

Atualidade do tema: inserção do tema no contexto atual.

Ineditismo do trabalho: proporcionará mais importância ao assunto.

Interesse do autor: vínculo do autor com o tema.

Relevância do tema: importância científica, social, educacional, entre
outras.

Pertinência do tema: contribuição do tema para a solução de um
problema atual.
3.3 Para que pesquisar?
Os objetivos indicam o que se pretende conhecer, ou medir, ou provar no
decorrer da pesquisa, ou seja, as metas que se deseja alcançar.
Objetivos gerais: indicam uma ação muito ampla (resultado pretendido), como
por exemplo:

Melhorar a aprendizagem de Eletromagnetismo no ensino médio.
Objetivos específicos: procuram descrever ações pormenorizadas ou aspectos
detalhados que levarão à realização dos objetivos gerais, como por exemplo:

Identificar fatores que dificultem a aprendizagem de Eletromagnetismo.

Propor mecanismos que minimizem esses fatores.

Aplicar procedimentos metodológicos que garantam a melhoria da
aprendizagem.

Descrever o perfil dos alunos que utilizam computadores.
Os objetivos dependem do tipo de pesquisa que é realizada. Por exemplo, um
projeto realizado pelo Ministério da Saúde – caracterizar o perfil social das
comunidades onde há casos de cólera – teria como objetivo”orientar a política
pública na área de saúde, visando conter a doença”. No caso de pesquisa
acadêmica, o objetivo maior será trazer uma contribuição ao tema.
• objetivos gerais - referem-se a uma contribuição teórica que se espera
alcançar com a pesquisa (por exemplo revisão de um conceito);
• objetivos específicos - apresentam o resultado imediato do trabalho
científico (apresentação de uma bibliografia atualizada sobre o tema,
compilação de novos dados sobre um assunto).
Exemplo:

Objetivo Geral
o

Este trabalho compara o sistema de tratamento de efluente por
Biodigestão e o sistema de tratamento por Lodo Ativado, utilizando
como ferramenta a análise emergética e seus indicadores.
Objetivos específicos
o
Avaliar a sustentabilidade dos sistemas estudados.
o
Avaliar os serviços do meio ambiente para diluição das emissões de
cada sistema.
o
Discutir os resultados obtidos.
o
Comparar os
ambiente.
o
Verificar o alcance dos indicadores emergéticos na avaliação dos
sistemas estudados.
sistemas quanto
à sua
contribuição
ao
meio
3.4 Como pesquisar?
A Metodologia é a explicação minuciosa, detalhada, rigorosa e exata de toda
ação desenvolvida no trabalho de pesquisa. Descreve a estratégia de pesquisa
para coletar dados necessários a fi m de testar a hipótese formulada:
Por exemplo, na pesquisa sobre associações de moradores e política de
saneamento:

Que tipo de dados seriam necessários?

Como obtê-los de forma fidedigna?

Quantos dados seriam representativos?

Como analisá-los?
Podem-se combinar métodos qualitativos (como a história de vida) com
métodos quantitativos (a elaboração de um índice de casas atendidas pelo
sistema de saneamento correlacionado ao índice de membros filiados à
associação de bairro, a partir de dados retirados de uma amostra de
moradores dos bairros A, B e C).
A metodologia explica:

o tipo de pesquisa,

o instrumental utilizado (questionário, entrevista, entre outros),

o tempo previsto,

a equipe de pesquisadores e a divisão do trabalho,

as formas de tabulação e tratamento dos dados

...tudo aquilo que se utilizou no trabalho de pesquisa.
3.5 Quando pesquisar?
O cronograma deve descrever o tempo necessário para a realização de cada
uma das partes propostas no projeto. As etapas podem ser coincidentes, mas
não excludentes. Por exemplo, é possível fichar um texto e levantar dados
secundários no mesmo mês, mas não é possível fazer uma análise comparativa
das entrevistas sem tê-las terminado.
4. O RELATÓRIO DE PESQUISA
O Relatório de Pesquisa é o documento que mostra:

como o projeto foi executado,

que dados foram coletados,

como esses dados foram analisados

e que resultados podemos extrair deles.
O projeto pode ser retomado no relatório, não mais como proposta de
trabalho, mas como relato da realização desse trabalho. O relatório é a
primeira divulgação da pesquisa efetuada, pois, sem divulgação dos
resultados, sua pesquisa não servirá a seu fim.
4.1 O que considerar ao planejar um relatório ou um resumo?
O texto deve ser conciso, informativo, com maior ou menor detalhamento. A
forma é importante, mas não substitui resultados consistentes e interpretação
adequada.
Apresente o aparato teórico que deu suporte à pesquisa, que auxiliou a
levantar hipóteses e a estabelecer seus objetivos. Esclareça conceitos
importantes; apresente, discuta e posicione-se a respeito de diferentes visões
ou abordagens; mostre que você conhece o que se diz sobre o assunto,
discutindo questões polêmicas ou problematizando algumas delas e explicite
sempre seu posicionamento nessas discussões.
4.2 Como escrever um relatório?
Os relatórios de pesquisa devem, obrigatoriamente, conter os seguintes itens:

Identificação

Resumo

Introdução

Material e Métodos

Resultados

Discussão / Conclusões

Bibliografia

Perspectivas de continuidade ou desdobramento do trabalho

Apoio

Agradecimentos
4.2.1 Identificação
Faça uma capa simples com:

Nome da Instituição

Título do trabalho

Nomes completos do(s) autor(es)

Local e data
Identifique:

Projeto

Número do processo

Bolsista

Orientador

Local de execução

Vigência
4.2.2 Resumo
É a apresentação sintética e seletiva das idéias de um texto, ressaltando sua
progressão e articulação. Mostra as principais idéias do autor e é feito quando
o relatório está finalizado.

Forma:

tamanho: determinado em muitos casos

o
um só parágrafo
o
frases pouco extensas
o
terminologia específica
o
ordem direta das frases
O resumo deve conter:
1) Identificação
2) Introdução
3) Material e Métodos
4) Resultados
5) Discussão / Conclusões
6) Apoio
Exemplo:
Características biológicas de células hematopoiéticas transfectadas com o gene
egfp. Leonardo Augusto Karam Teixeira, Cecília Matte Fricke, Camila Ilgenfritz
e Nance Beyer Nardi. Departamento de Genética – Instituto de Biociências,
UFRGS – Porto Alegre/RS.
Células hematopoiéticas estão sendo intensamente investigadas devido a seu
potencial como alvo de terapia gênica. Tem sido mostrado, entretanto, que a
transferência de genes exógenos pode alterar biologicamente as células-alvo,
diminuindo sua capacidade de proliferação e diferenciação. O presente trabalho
teve como objetivo a análise das características biológicas de células da
linhagem hematopoiética K562, previamente transfectadas com o gene
repórter egfp ( enhanced green fluorescent protein), cuja expressão é
detectada por citometria de fluxo. Células K562 transfectadas ou normais
foram cultivadas em diferentes condições, e comparadas com relação a
diferentes parâmetros que incluíram a expressão de marcadores de superfície.
Os principais resultados encontrados foram: (1) quando cultivadas na ausência
de pressão seletiva, a expressão do gene repórter mostrou um rápido declínio;
(2) células K562 transfectadas apresentaram uma capacidade mitótica
diminuída quando co-cultivadas com células K562 normais, em diferentes
concentrações; e (3) os níveis das moléculas de adesão CD11c, CD31 (baixo) e
CD49e (alto) não foram afetados pela transfecção, enquanto a baixa expressão
dos marcadores DL e CD117 mostraram uma tendência a aumentar nas células
transfectadas. Estes resultados mostram que dois dos principais problemas dos
protocolos de terapia gênica, manutenção da expressão do transgene e
expansão das células transfectadas, podem ser analisados para correção in
vitro.
Apoio: CNPq, FINEP
4.2.3 Introdução
A introdução deve esclarecer qual a pergunta que você está fazendo (tema) e
por que vale a pena fazê-la. Explique o que você pesquisou, ou seja, o seu
objeto de pesquisa.

A introdução deverá ser um breve resumo do projeto, contendo o
problema e os objetivos, se for o caso, de forma que possa informar ao
leitor, com uma leitura rápida, o que pretende a pesquisa proposta.

A introdução apresenta as razões da pesquisa.

Expõe o que levou o pesquisador a realizar a investigação, situando o
trabalho em relação a outros já publicados no mesmo campo.

Ao estabelecer, de forma sucinta, o estado atual em que se encontra o
problema a ser investigado, a introdução mostra a importância do
trabalho, limita o problema a ser estudado e o situa no setor
especializado.
Deve-se convencer o leitor de que sua pesquisa é relevante. Faça um pequeno
histórico sobre o tema, conte de onde ele surgiu e por quê. Mostre, sutilmente,
para seu leitor que seu trabalho merece ser lido.
De maneira geral, a introdução deve informar sobre:

antecedentes do tema;

tendências;

natureza e importância do tema;

justificativa da escolha do tema;

relevância;

possíveis contribuições esperadas;

objetivos do estudo.
4.2.4 Material e métodos
Mostra o que você utilizou e o que você fez para responder à questão colocada
como tema. Essa parte pode variar muito, dependendo do objeto de trabalho,
mas normalmente especifica os seguintes aspectos:

Sujeitos da pesquisa – quem são, faixa etária, sexo, grau de
escolaridade, diferenças entre os grupos, entre outros.

Método de coleta de dados (procedimentos) – que materiais foram
usados, como os dados foram coletados, etc.

Materiais: citar os equipamentos, reagentes e outros itens utilizados,
informando fabricante ou fornecedor.

Métodos: descrever os procedimentos detalhados, que possam ser
reproduzidos com os materiais e equipamentos descritos.
4.2.5 Resultados
Quais as respostas que você encontrou?
A descrição dos resultados deve ser clara e objetiva, resumindo os achados
principais que serão detalhados em tabelas e figuras.
Exemplo
Tabela 1 - Extensão do desflorestamento bruto (km2) de janeiro de 1978 a
agosto de 1998.
Table1 - Extent of gross deforestation (km2 ) from January 1978 to August
1998.
Tabelas e figuras são muito importantes; seu número deve ser o menor
possível, e elas devem ser construídas com cuidado para incluir todas as
informações necessárias com clareza. Tabelas são numeradas seqüencialmente
(Tabela 1, Tabela 2...), seu título deve ser informativo, colocado acima; notas
de rodapé (a, b, c...) podem ser colocados diretamente abaixo da tabela.
Figuras (fotos, esquemas, gráficos) são numeradas seqüencialmente (Figura 1,
Figura 2, etc), seu título deve ser informativo e devem ser auto-explicativas. A
legenda deve ser colocada abaixo da figura.
Histograma do ruído branco acima com 50 bins
4.2.6 Discussão / Conclusões
No fechamento da sua pesquisa, retome os objetivos propostos na introdução,
faça um breve resumo do que foi feito e apresente as suas principais
conclusões.

O que estas respostas encontradas nos resultados significam?

Como elas ajudam a resolver o problema?

Quais as principais dificuldades encontradas?

Quais as perspectivas de continuidade do trabalho?
Raramente chegamos a conclusões muito definitivas, por isso, em muitos
casos, é melhor tratar de considerações finais e deixar a conclusão para os
casos em que ela realmente ocorrer.
A conclusão deve resultar de deduções lógicas, sempre fundamentadas no que
foi apresentado e discutido no corpo do trabalho, e conter comentários e
conseqüências próprias da pesquisa.
Dadas as particularidades e restrições de cada pesquisa, normalmente, o que
temos são indícios, tendências e não conclusões.
4.2.7 Bibliografia citada
Referência bibliográfica é um conjunto de elementos
identificação de publicações, no todo ou em parte.
que
permite
a
Todas as referências utilizadas no texto devem estar listadas nesse item.
Lembre-se: não liste se não citar e não cite se não listar.
Dependendo do meio de divulgação, há diversos formatos para apresentação
das referências bibliográficas. Desta forma, após defi nir o meio de divulgação,
deve-se escolher o formato apropriado.
Exemplos
Livros:
Periódicos:
Artigos de periódicos:
Artigos de jornal:
Filmes:
Sites:
Essas normas costumam modificar-se a cada ano. Apresentamos, aqui, as
formas mais freqüentemente encontradas em documentos acadêmicos.
Lembramos também que, mais importante que fazer de um jeito ou de outro,
é manter, dentro do que estabelecem as regras, a constância, a coerência em
todo o trabalho.
4.2.7.1 Citações
A citação, além de fundamentar a argumentação, confere credibilidade ao
trabalho.
Existem pelo menos três formas diferentes de mencionarmos um autor ou,
mais precisamente, seu discurso em um texto:

Citação literal: reprodução ipsis verbis do texto, com as mesmas
palavras que ele próprio utilizou no texto original, com os devidos
créditos ao autor.
É interessante fazer um comentário após uma citação literal. Isso demonstra
que se está atento à relação das palavras do autor, com o seu texto.

Paráfrase: é também a reprodução das idéias contidas em um texto,
porém em palavras diferentes das utilizadas pelo autor.
Essa forma de citação já demonstra mais independência da parte do autor,
mas, cuidado! A falta de atenção pode mudar o sentido das palavras que se
está citando.

Plágio: é a cópia das idéias ou do texto de outrem sem indicação de
autoria, constituindo-se como crime.
Há basicamente três formas de se fazer citações literais:

Citações longas: aquelas que ocupam mais de três linhas completas no
texto. Devem ser destacadas no texto, em parágrafo recuado e
independente (o uso de aspas é opcional), não sendo necessário
espaçamento datilográfico entre linhas:

Citações curtas: aparecem integradas ao texto, sempre entre aspas.

Citação de citação: são indicadas por aspas simples.
Não se deve fazer um trabalho com um mosaico de citações. É adequado
discorrer sobre um assunto com as próprias palavras e usar outros autores
para dar suporte.
4.2.8 Perspectivas de continuidade ou desdobramento do trabalho
O projeto foi concluído ou será continuado?
Neste item, podem-se sugerir opções para a continuidade do trabalho (pelo
próprio pesquisador ou não).
4.2.9 Apoio
Citar as agências que financiaram o projeto.
Exemplo:
O projeto teve financiamento do CNPq e UNIP.
4.2.10 Agradecimentos
Citar pessoas ou instituições que tenham colaborado para a execução do
projeto
Bibliografia
ALVES, Rubem. Filosofia da ciência, São Paulo, Ars Poética, 1996.
ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho
científico; elaboração de trabalhos na graduação. 6 edição-São Paulo: Atlas,
2003
BASTOS, L.R.; PAIXÃO, L.; FERNANDES, L. M. Manual para a elaboração de
projetos e relatórios de pesquisa, teses e dissertações. Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1979.
CERVO, A. L. & Bervian, P. A. Metodologia Científica. São Paulo: Makron Books,
1996.
CONTANDRIOPOULOS, A.P. e. al Saber preparar uma pesquisa. São Paulo:
Hucitec & ABRASCO,1994.
DEMO P. Introdução à metodologia da ciência. São Paulo: Atlas, 1991.
GIL, A. C. Projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1994.
LAKATOS, E. Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de
Metodologia Científica. São Paulo: Atlas, 1991.
MARCANTONIO, A. T. Elaboração e divulgação do trabalho científico. São
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MINAYO, M.C.S. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 17ª ed.
Petrópolis: Vozes, 2000.
MOREIRA, D. A. O método fenomenológico na pesquisa. São Paulo: Pioneira
Thomson, 2002.
SELLTIZ, WRIGTHSMAN, COOK. Métodos de pesquisa nas relações sociais.
Vol2: Medidas na pesquisa social. São Paulo, EPU, 1987.
SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 1993.
SIDMAN, M. Táticas de pesquisa científica. São Paulo: Editora Brasiliense,
1976.
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 6ª edição. São Paulo, Cortez,
1994.
Bibliografia complementar
CHIZZOTI, A. A pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo, Ed.
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MINAYO, M. C. S., Pesquisa Social. Teoria, método e criatividade. 9.ª Ed.
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HAGUETTE, T. M. F. Metodologias qualitativas na sociologia. 6.a. Ed.
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LUCKESI, C. C. Fazer universidade: uma proposta metodológica. São Paulo:
Editora Cortez, 1987.
MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde.
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SOLOMON, DV. Como fazer uma monografia, 4. ed, São Paulo: Martins Fontes,
1996.
Download