Primeiros templos Livro resgata a história do pintor Emílio Sessa, que decorou a Catedral MARILICE DARONCO O capítulo sobre o pintor em Santa Maria foi escrito pela pesquisadora Anna Paula Boneberg É difícil entrar na Catedral Metropolitana dos Santos. Ela conta desde a chegada do pintor de Santa Maria e não ficar encantado com as na gare, em 1954, até o significado de cada pinobras de arte da igreja. Geralmente, o nome do turas da Catedral. Sessa foi contratado pelo bispintor italiano Aldo Locatelli (1915-1962) é o po dom Antônio Reis para decorar a igreja que mais lembrado em relação à autoria delas. Não também receberia quatro painéis de Locatelli. Em 1954, chegou a ser assinado um contrato é para menos, afinal, é a assinatura de Locatelli que se vê nos murais da Catedral. Mas outro segundo o qual Sessa apresentaria os desenhos, italiano também é responsável pelas pinceladas mas que eles estariam sujeitos a mudanças a que atraem tantos olhares: Emílio Sessa (1913- pedido da Comissão de Obras da igreja. – Ao contrário do que muitos pensam, que 1990). É para resgatar a história dele que o instituto que leva o seu nome lançou o livro Emílio Sessa teria sido um ajudante de Locatelli, eles foram dois artistas da mesma Sessa, Pintor: Primeiros Tempos. Um dos capítulos é sobre Os dois pintores da categoria. Em Santa Maria, Sessa ganhou o dobro do a Catedral de Santa Maria. igreja eram amigos oLocatelli porque fez toda a deCriado em Porto Alegre, em 1998, o Instituto Cultural e artistas de grande coração da igreja, e o Locatelli pintou os painéis – afirma Emílio Sessa batalha para ditalento, ainda que Doberstein. vulgar e valorizar a obra do tivessem estilos pintor. Para isso, o organizador do livro, o pesquisador Trabalho sem diferentes Arnaldo Walter Doberstein, assinatura viajou para a Itália com a mulher, Maia Regina de Souza Lisbôa, a diretora presidente do instiComo os decoradores não assinavam seus tuto, em busca de informações sobre Sessa. trabalhos, não há nenhuma assinatura de Sessa De acordo com o organizador do livro, Sessa na Catedral. Sua marca é o estilo de elementos voltou-se predominantemente para a pintura como os entornos decorativos dos painéis. mural e não chegou a circular no meio artístico. Mas a Catedral não foi a única a receber a Já Locatelli, desde a Itália, tinha o entendimento arte de Emílio Sessa. A capela da então Escola de que precisava se movimentar nos dois uni- de Artes e Ofício, mesmo local onde hoje funversos para ser valorizado. ciona uma cafeteria, no prédio do Carrefour, foi – Eram dois tipos diferentes de arte. O Loca- decorada por ele. Sessa fez seu trabalho no local telli puxava para o vigoroso, o forte, o titânico. O como uma espécie de retribuição aos irmãos Sessa explorava o suave e o delicado. O Locatelli maristas que lhe ofereceram estadia no local combinou mais com o Rio Grande do Sul nos enquanto pintou a Catedral. Em 2009, foi incluíanos 1950 e 1960 – explica Doberstein. da no local uma placa que atribuía as pinturas a Além das pesquisas, o livro conta com um Sessa e o registrava como discípulo de Locatelli. depoimento de Franco Sessa, filho do pintor. O instituto pediu a retirada dela. – Era curioso observá-lo em casa, traba– Eles eram companheiros de trabalho, além lhando. Notava nitidamente o interesse que de- de amigos. Suas artes eram complementares, e monstrava pela figura humana – conta Franco é ilegítima qualquer afirmação de subordinaSessa no livro. ção de um ao outro – afirma Anna. Emílio Sessa, Pintor: Primeiros tempos’ CLAUDIO VAZ – 19/11/12 ■ Autor: Arnoldo Doberstein (organizador) ■ Lançamento: Gastal & Gastal, 160 páginas ■ Gênero: histórico ■ Preço: R$ 50 ■ Onde comprar: pelo e-mail arnoldo. [email protected] SANTA MARIA SEGUNDA-FEIRA, 26 DE NOVEMBRO DE 2012 TEMPORADA DE GRANDES ESTREIAS NO CINEMA / PÁG 3 Editora: Carolina Carvalho ☎ 3220.1872 ✉ [email protected]