O ensino de evolução organica na percepcao de

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O ensino de evolução orgânica na
percepção de professores da rede estadual
de ensino, cidade de Divinópolis/MG
Danuza Campos de Oliveira1
Renata Bernardes Faria Campos
2
RESUMO: Analisou-se a percepção de dez
professores de Biologia no Ensino Médio acerca
do trabalho com conceitos e conteúdos
relacionados à evolução orgânica. Percebeu-se a
existência de dificuldades em relação ao ensino
de biologia evolutiva, especialmente em relação
à compreensão e domínio das teorias. Embora
nossa amostragem seja restrita, os resultados
obtidos constituem um importante alerta para
professores de biologia, em relação à sua
formação, uma vez que, a evolução é considerada
um dos princípios ordenadores de todo o
conhecimento biológico.
PALAVRAS-CHAVE: Educação – Biologia
Evolutiva – Evolução – Ciências Biológicas
EVOLUÇÃO NAS AULAS DE CIÊNCIAS:
POSSIBILIDADES E DIFICULDADES
O
tema evolução é de extrema
importância no campo da Biologia,
principalmente por possibilitar uma
visão sintética dos conhecimentos acerca dos seres
vivos (LICATTI; 2005). Ela afeta por extensão,
quase todos os outros campos do conhecimento
e por isso é um dos conceitos mais influentes do
pensamento ocidental (FUTUYMA, 2003).
Portanto, o ensino de evolução na educação
formal é de fundamental importância e sua
compreensão necessária para o entendimento de
uma série de conceitos e processos biológicos.
O ensino de Biologia é uma rede tecida nas
1
2
relações entre formas e conteúdos. Os resultados
de pesquisas a respeito da educação científica no
ensino fundamental e médio vêm apontando,
nestas últimas três décadas, para necessidade de
significativas alterações nas já tradicionais
interações entre forma e conteúdo que perduram
sob matizes variadas no âmbito da prática docente
(AMORIM; 2001).
A complexidade e abrangência das teorias
evolutivas são apontadas na literatura como
fatores que dificultam seu ensino, em especial no
nível secundário (GOEDERT, 2004). De acordo
com os PCNs, o planejamento para o ensino de
evolução deve ser articulado de maneira que o
aluno possa compreender sucintamente
conteúdos no eixo Ecologia-Evolução. Também
Licenciada em Ciências Biológicas pelo ISED-FUNEDI/UEMG
Professora do curso de Ciências Biológicas do ISED-FUNEDI/UEMG, doutora em Entomologia pela UFV
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é recomendado que se considere o objetivo de o
estudante ser capaz de associar os eventos
passados que resultaram nos atuais, através do
estudo de paleontologia, embriologia, genética e
bioquímica. Em suma, o domínio dos conceitos
de adaptação e seleção natural como mecanismos
da evolução e a dimensão temporal, geológica
do processo evolutivo é primordial para se
desenvolver o questionamento e investigação por
parte dos alunos (BRASIL, 2002).
Desta forma, para o ensino de evolução é
necessária uma profunda compreensão do tema,
não só exigindo-se conhecimentos de diversas
áreas da biologia, mas também da geologia, da
matemática e filosofia, entre outros. Esse
conhecimento é muitas vezes inacessível para a
maioria dos profissionais especializados, incluindo
os que estão envolvidos com sua transmissão: os
professores (TIDON, 2004).
Estudos feitos por Tidon (2004) e Licatti (2005)
em Brasília e São Paulo, respectivamente,
mostram que este conteúdo necessita de
reformulações, tanto por parte dos professores
quanto no processo de ensino-aprendizagem.
Considerando a importância da biologia evolutiva
como eixo integrador das ciências biológicas, esta
pesquisa teve por objetivo compreender como
este conteúdo tem sido abordado por professores
do Ensino Médio. Especificamente buscou-se (i)
verificar se o ensino de biologia evolutiva tem sido
negligenciado ou fragmentado por parte dos
educadores, (ii) identificar e analisar as
concepções de professores do Ensino Médio sobre
os conteúdos de evolução e (iii) identificar as
principais dificuldades na abordagem deste
conteúdo.
A PESQUISA JUNTO AOS PROFESSORES
Para atingir os objetivos supra citados,
investigamos dez professores efetivos no ensino
médio, da rede estadual de Divinópolis-MG, por
meio de entrevistas, utilizando-se de um roteiro
semi-estruturado (QUADRO 1). As perguntas
tiveram por objetivo investigar as concepções dos
educadores sobre os conteúdos de evolução.
Informações relativas a questões voltadas para a
dinâmica de sala de aula, de forma a verificar
como são abordados, junto aos alunos, os
conceitos de evolução, também foram incluídas
no questionário.
No roteiro podem ser observadas duas partes
distintas: um conjunto de questões que objetivam
delimitar o perfil do professor entrevistado e um
conjunto de questões que objetivam avaliar o
conhecimento específico e posicionamento do
entrevistado em relação a conceitos e métodos
de ensino de biologia evolutiva. A segunda parte
do roteiro também apresenta afirmativas sobre
as quais o entrevistado deveria manifestar sua
concordância ou não, podendo em seguida
comentar ou justificar sua escolha.
Os professores foram previamente informados
sobre os objetivos da pesquisa, bem como sobre
a gravação da entrevista, do sigilo acerca de sua
identidade e assinatura de termo de
consentimento livre e esclarecido. Posteriormente
cada entrevistado foi convocado pessoalmente
para a entrevistada individual que foi feita em uma
única sessão, em ambiente escolar.
QUADRO 1
Roteiro de Entrevistas
Perfil do professor
• Formação
• Durante sua formação, quando você
estudou evolução?
Conhecimentos específicos
• Você ensina Evolução? (Em caso negativo,
justifique).
• Quanto tempo você destina para o ensino
de evolução?
• Você acha que Ensinar evolução é
importante? Por quê?
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• Qual (is) a(s) sua(s) maior (es)
dificuldade(s) para com este conteúdo?
• Qual (is) a(s) maior (es) dificuldade(s) que
os alunos enfrentam para com este conteúdo?
• Você concorda com as seguintes
afirmativas? (comente se desejar)
Afirmativa 1 - ( ) Através da Evolução, as
diversas formas de vida foram se aperfeiçoando
e melhorando ao longo do tempo.
Afirmativa 2 - (
) A idéia fundamental
associada à Evolução dos seres vivos é a
transformação, diferentemente da concepção
fixista, segundo a qual todas as espécies foram
criadas e permanecem inalteradas até os dias
atuais.
Afirmativa 3 - ( ) De acordo com Lamarck,
o pescoço da girafa tornou-se comprido devido
à sua necessidade de alcançar o alimento nas
copas das árvores; isso gerou um maior uso e
desenvolvimento dessa região do organismo,
o que foi sendo transmitido de uma geração a
outra.
Afirmativa 4 - ( ) Para Darwin, as variações
nas populações de organismos surgem devido
à mutação e recombinação gênica; as variantes
que conseguem maior sucesso na busca por
alimentos reproduzem-se mais e produz maior
número de descendentes.
Afirmativa 5 - (
) A Teoria Sintética da
Evolução ou Neodarwinismo procurou integrar
os conhecimentos da genética com as idéias
de Evolução propostas por Darwin, conciliando
em uma única teoria conceitos como a seleção
natural, migração, mutação, recombinação
gênica e deriva genética.
Afirmativa 6 - (
) Segundo o
Neodarwinismo, a unidade da evolução pode
ser tanto um indivíduo quanto uma população,
ou seja, pode-se pensar na evolução de um
único organismo ou de um conjunto de
organismos da mesma espécie.
• Como podemos comprovar que a
evolução ocorreu e ainda ocorre?
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
A faixa etária dos professores consultados varia
de 25 a 49 anos, sendo que 60% têm menos de
40 anos. Verificou-se o predomínio do sexo
feminino, sendo seis entrevistadas na pesquisa.
Dentre os professores entrevistados, quatro
concluíram sua graduação em cursos oferecidos
em Divinópolis, quatro em outra cidade no interior
de Minas Gerais e, dois concluíram o curso na
capital do estado, todos os dez em faculdades
particulares. Um professor cursou especialização
em Biologia da Reprodução e em Ciências da
Religião, outro possui pós-graduação em
metodologia do Ensino de Biologia e apenas um
dos entrevistados está cursando mestrado. É
interessante notar que um dos professores afirmou
não ter cursado durante a sua graduação a
disciplina de Evolução.
A PERCEPÇÃO DOS PROFESSORES ACERCA
DA IMPORTÂNCIA E DOS DIFICULTADORES
DO ENSINO DE EVOLUÇÃO ORGÂNICA
Todos os entrevistados afirmam ensinar
evolução. Quando questionados em relação ao
tempo destinado para ensiná-la, sete dos
educadores disseram que destinam um bimestre,
geralmente o quarto bimestre do terceiro ano
do Ensino Médio, dois afirmaram que lecionam
este conteúdo durante os três anos do Ensino
Médio e apenas um comentou que o tempo
destinado depende do grau de interesse dos
alunos.
Todos os entrevistados disseram ser muito
importante ensinar o conteúdo de evolução
porque o aluno, a partir do discernimento deste
conteúdo, passa a compreender que a evolução
é um processo contínuo. De modo geral todos
apresentaram uma definição correta sobre o
conceito evolução e demonstraram saber o que
significa e o quão importante é tratar esse
conteúdo.
“... eles(os estudantes) passam a
entender um conjunto todo. Então eu
acho super importante ela fecha todos
os conteúdos de biologia.”
Quando questionados sobre quais as principais
dificuldades para com este conteúdo, quatro dos
professores manifestaram que a principal barreira
enfrentada quando se leciona evolução é a
religiosa, seguida pela falta de material didático.
Enquanto dois professores alegaram que é
necessário que o aluno chegue ao ensino médio
com alguns conceitos bem formulados durante o
ensino fundamental.
Neste sentido é necessário considerar que, de
fato, o ensino de evolução deve permear toda a
vida escolar do estudante. Segundo Tidon (2004),
no nível primário (7-10 anos), os alunos devem
compreender que todos os seres vivos
reproduzem e que são semelhantes aos seus
descendentes, mas não exatamente como seus
pais, que existem vários níveis de ajustamento
entre os indivíduos, ou espécies, e de seu meio
ambiente e que a Terra tem mais de quatro
milhões de anos, permitindo identificar o tempo
biológico bem como a evolução geológica.
Na faixa etária de 11 a 14 anos estas idéias
podem ser desenvolvidas em uma compreensão
da natureza da concorrência para a sobrevivência
entre e dentro das espécies, a consequência do
fato que nem todos os descendentes vivos
possuem tempo suficiente para reproduzir, a
limitação imposta ao número de crias que
sobrevivem por fatores ambientais. Ao nível
secundário (15-18 anos), estas idéias podem ser
unificadas, e conceitos como a deriva genética,
seleção sexual e de outros importantes
mecanismos podem ser introduzidas. Coevolução
e as interações complexas dos ecossistemas são
importantes aplicações dos conceitos básicos.
Deste modo, falhas ao longo da vida escolar,
podem dificultar a elaboração de conceitos
propostos para o ensino médio:
“Geralmente uns pré-requisitos de
alguns conceitos que já deveriam ter
sido trabalhados no Ensino
Fundamental II. É a maior dificuldade
que a gente tem com são esses
conceitos. E um pouquinho da
biologia do 1° ano também, quando,
por exemplo, a gente vai falar da
biologia comparada, às vezes, eles
não estudaram embriologia porque
o conteúdo fica no final do ano, e às
vezes, o professor do primeiro ano
não trabalha, então fica devendo
bastante a parte de embriologia, de
reprodução e parte de mitose, meiose
também”
As lacunas apresentadas pelos estudantes se
somam às dificuldades dos professores em
preenchê-las. Dois professores afirmam que
sentem dificuldades em demonstrar os processos
evolutivos de maneira que o aluno consiga
interpretar corretamente os acontecimentos
históricos que tangem à evolução. Apenas um
profissional afirmou não ter dificuldade nenhuma
em relação a este conteúdo. Quanto às
dificuldades enfrentadas pelos alunos em relação
a este disciplina, os professores apontaram: falta
de leitura, falta de interesse, entendimento na
íntegra, conhecimentos prévios principalmente
em relação à religião, falta de provas concretas e
preguiça.
Concepções religiosas são apontadas como
dificultadores da compreensão da teoria evolutiva
desde a sua criação por Charles Darwin. Os
alunos não deixam suas concepções religiosas,
construídas ao longo de toda a sua vida, ao
ingressarem na escola. Mas essa instituição é uma
das poucas que tem por obrigação, constitucional
inclusive, proporcionar o acesso a outras formas
de conhecimento, como o artístico, cultural e
científico. O conhecimento científico tem
especificidades que o transformam em ferramenta
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poderosa no mundo moderno (BIZZO, 2002).
No nosso entendimento, apesar de se
constituírem em verdades, os apontamentos dos
professores acerca das dificuldades enfrentadas
pelos alunos em relação a este conteúdo são, pelo
menos em parte reflexo da própria dificuldade
de lidar com o tema. Possivelmente esta
dificuldade pode ser explicada pela falta de
domínio da própria teoria, pelo professores, de
modo que os mesmos não consigam apresentar
exemplos concretos de fenômenos que ilustrem
processos evolutivos, de modo que o interesse e
a compreensão pelos alunos fiquem
comprometidos.
A dificuldade dos professores fica ainda mais
evidente quando os professores são questionados
sobre evidências que comprovem a existência da
evolução. E embora o registro fóssil, as
homologias anatômicas, fisiológicas e
embriológicas ofereçam um sem número de
evidências, apenas quatro professores
responderam corretamente a esta indagação.
“Respeito muito o trabalho dos cientistas,
acho que a fisiologia comparada a
embriologia comparada, os vestígios, os
fosséis. Eu tenho respeito muito grande
por quem, paleontólogo que faz essa
busca tudo e que preserva e que valoriza.
E a própria estrutura, eu já tenho meio
século, nesse meio século dá pra
perceber claramente que a sobrevivência
vai depender mesmo dessas mudanças
e das adaptações dessa mudança no
contexto. Então isso é muito claro pra
mim, eu não tenho dúvidas...”
O CONHECIMENTO DOS PROFESSORES EM
RELAÇÃO À TEORIA
Durante a entrevista foram feitas algumas
afirmativas relativas às teorias da evolução
(QUADRO 1) e cada professor deveria manifestar
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se concordava ou não com o conteúdo da
afirmativa. A seguir apresentamos a análise das
respostas obtidas para cada uma delas.
A primeira afirmativa (“Através da Evolução,
as diversas formas de vida foram se aperfeiçoando
e melhorando ao longo do tempo”) foi apontada
por três professores como falsa.
“Não, não concordo com isso não
porque eu acho que a evolução nem
sempre é positiva. Uma mutação
genética, uma variação genética ela
nem sempre vai beneficiar o portador
daquela... Então eu não concordo
que ela melhorou a vida de ninguém
não. Simplesmente, aí que entra a
questão da seleção natural.”
De fato a evolução não prossegue ao longo
de um curso grandioso e previsível. Em vez disso,
os detalhes da evolução dependem do ambiente
no qual uma população vive e das variantes
genéticas que surgem (por um processo quase
aleatório) naquela população (RIDLEY, 2006).
Entretanto sete professores dos dez professores
entrevistados não notaram erro nesta afirmativa
e todos os entrevistados que consideraram essa
afirmativa verdadeira não justificaram, mas ao
longo da entrevista, seis educadores manifestaram
de maneira evidente a associação de evolução
com progresso. Este resultado evidencia a grande
influência do uso corriqueiro da palavra evolução,
no sentido de progresso, sobre a compreensão
acerca da evolução orgânica que não implica em
melhoria. A associação da evolução com o
progresso também foi observada por outros
autores ao fazerem análise de concepções de
professores sobre o tema (CHAVES, 1993;
LICATTI, 2005; TIDON, 2004).
Já em relação à afirmativa “A idéia
fundamental associada à Evolução dos seres vivos
é a transformação, diferentemente da concepção
fixista, segundo a qual todas as espécies foram
criadas e permanecem inalteradas até os dias
atuais” que é verdadeira, apenas dois professores
não concordaram, evidenciando que grande parte
dos educadores compreendem o conceito
fundamental da teoria evolutiva que é a mudança
na forma e no comportamento dos organismos
ao longo das gerações (RIDLEY, 2006).
A terceira afirmativa toca na teoria evolutiva
proposta por Lamarck e metade dos professores
teve dificuldades em compreendê-la se mostrando
inseguros. Todos se utilizaram do argumento de
que essa teoria não é aceita ou que está totalmente
errada. É interessante notar que Jean-Baptiste de
Lamarck (1744-1829) foi o primeiro defensor da
evolução orgânica. Embora os mecanismos
propostos por ele para explicar as mudanças
evolutivas dos seres vivos não estivessem corretos,
é preciso conferir a Lamarck o mérito por ter sido
o primeiro naturalista a apresentar uma exposição
ampliada da teoria evolucionista na obra
Philosophie Zoologique (1809).
Em relação à quarta afirmativa, que trata da
teoria proposta por Darwin, quatro dos dez
professores não perceberam equívocos. De fato a
afirmativa trata os fenômenos corretamente, não
fosse o fato de que fenômenos como mutações e
recombinações gênicas não foram sequer
conhecidos por Darwin. Este resultado evidencia
o fato de que muitos professores entendem os
processos evolutivos, mas não reconhecem como
a teoria aceita atualmente (Teoria Sintética da
Evolução ou Neodarwinismo) foi construída. Tal
conclusão pode ser corroborada pelo fato de todos
os entrevistados acertarem a questão que trata da
Teoria Sintética da Evolução ou Neodarwinismo.
É importante enfatizar que a falta de
conhecimento dos processos históricos pode
comprometer o ensino de biologia numa
perspectiva histórica. Neste sentido, vale ressaltar
que o ensino de ciências e biologia por meio de
uma abordagem histórica pode ser um facilitador
na construção do conhecimento pelos alunos.
Por outro lado, é interessante notar que embora
os professores entrevistados mostrem
conhecimento das teorias, em linhas gerais, o
número de equívocos aumentou quando foi
apresentada a sexta afirmativa que trata de um
mecanismo (seleção natural) evolutivo específico.
Cinquenta por cento dos entrevistados erraram a
resposta e outros dois professores ficaram em
dúvida. Este resultado é preocupante uma vez que
apenas dois professores mostram-se seguros
acerca do princípio fundamental do atual conceito
biológico de evolução. Do mesmo modo, autores
como Cicillini (1999) e Tidon (2004), ao analisar
concepções de professores sobre Evolução,
também perceberam que alguns deles entendem
que a Evolução é um processo que ocorre em
nível individual e não populacional.
Por meio desta análise e em consonância com
os outros trabalhos percebe-se que grande parte
dos educadores possui dificuldades em relação
ao ensino de biologia evolutiva. O principal
problema aqui evidenciado é a compreensão das
teorias evolutivas por parte dos professores. A
dificuldade dos professores ocasiona falhas no
processo de ensino, uma vez que erros na
construção dos conceitos das teorias
evolucionistas por parte dos professores podem
ter consequências no processo de construção do
conhecimento dos alunos.
O comprometimento deste processo leva os
estudantes a perceberem de forma fragmentada
os conteúdos, o que impossibilita a
contextualização dos conteúdos de Biologia. Por
fim, é importante salientar que, embora a
amostragem desta pesquisa seja limitada a um
número pequeno de professores, foi possível
verificar a compreensão de biologia evolutiva por
estes profissionais e perceber que os resultados
aqui obtidos corroboram estudos feitos em outros
lugares do Brasil. Estes resultados servem de alerta
para professores e cursos de formação de
professores, acerca da importância de uma maior
atenção para as teorias evolutivas, bem como
para o ensino de biologia nesta perspectiva.
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