"""'" AMAZONIA o GRANDE TESOURO BRASILEIRO - Maj Brig Eng Juvenal de Macêdo Filho - Quando, mais uma vez e aoidamente, a cobiça estrangeira se volta para a A mazônia, essa riquíssima e vasta região brasileira, cremos de imensa valia o recordar, para osjovens, alguns tópicos de nossa história relacionados com a conquista, posse e colonização daquela imensa área de nosso país. era dos grandes descobrimentos marcou, também, a ascensão dos países ibéricos, Portugual e Espanha. Portugal mantinha, há décadas, um sistemático programa, tentando chegar ao Oriente contornando a África. Em 1492, em sua histórica viagem, Cristóvão Colombo descobre o Novo Mundo, pensando ter atingido o Oriente, em nome da Espanha. A tensão entre as duas potências do século cresce, pondo em risco a paz no oeste da Europa. Em 1500, quando Pedro Álvares Cabral descobriu Brasil, O mundo estava dividido em duas metades: uma e Po gal e a A ° outra da Espanha. Era o que estava fixado no Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, outorgando o Oriente a Portugal e o Ocidente à Espanha. Coincidentemente, o meridiano divisório, estabelecido em Tordesilhas, passa pela foz do Amazonas. Por ele, o território brasileiro seria uma faixa no litoral atlântico, entre Belém, no Estado do Pará, e Laguna, no Estado de Santa Catarina. Dessa maneira, toda a atual Amazônia Brasileira pertenceria ao mundo hispânico. Em 1580, com a morte, na África, do Rei de Portugal - Don Sebastião, Felipe II de Espanha recebeu na qualidade de herdeiro, a Coroa Portuguesa, unificando os dois grandes Impérios. Automaticamente, as limitações de Tordesilhas estavam suspensas, liberando os luso-brasileiros a caminhar para o oeste. A 3 de novembro de 1615, Jerônimo de Albuquerque, após vencer os franceses no Maranhão, recebe a cidade de São Luís das mãos do derrotado governador La Revardiére. J erônimo de Albuquerque, filho de um fidalgo português e de uma índia brasileira, vinha lutando contra os invasores desde Pernarnbuco, fundando novas vilas e reconquistando o território. Como ele, a maioria de seus homens eram nascidos aqui e traziam na alma o Novembro· 1991 Revista da DIREHG 37 sonho da integridade territorial do Brasil. No dia 12 de janeiro de 1616, é fundada a cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará. A primeira edificação, o Forte do Presépio, hoje Forte do Castelo, ainda lá está, com suas centenárias peças de artilharia apontando para a foz do grande rio, como que reafirmando a posse e o domínio da posse da terra. A fundação de Belém assinala o início da exploração e da conquista da Amazônia pelas tropas luso-brasileiras. É um capítulo violento da história, com lutas sangrentas para expulsar os ingleses, franceses, irlandeses e holandeses que já haviam erguido algumas fortificações e começado a explorar as especiarias do vale amazônico. Em 1621, o Rei de Espanha, talvez sentindo que a separação de Portugal seria inevitável, criou os Estados do Maranhão e do GrãoPará desvinculados do restante do Brasil. Em Madri, o conselho das Índias, apesar de conhecer o perigo, mas sem outra alternativa, confiou aos luso-brasileiros a missão de erguer um império na Amazônia. Em 1637, Pedro Teixeira, considerado o conquistador da Amazônia, subiu o rio em uma expedição que visava, abertamente, à conquista da região para a Coroa Portuguesa. Formada por 45 embarcações, com 1200 lusobrasileiros, a expedição foi até Iquitos, no Peru, em uma viagem que durou dois anos e quarenta e quatro dias, combatendo e derrotando todas as forças estrangeiras estabelecidas ao longo do rio. Ao regressar, Pedro Teixeira confirmava o objetivo de sua expedição - colocar na confluência dos rios Aquarico e Napo, atual fronteira entre Brasil e Peru, um grande marco de pedra com o Brasão das Armas de Portugal, mudando, na prática, o meridiano de Tordesilhas da emborcadura do Amazonas para os contrafortes dos Andes e incorporando milhões de quilômetros quadrados ao território brasileiro. Em 1642, Portugal livra-se do jugo espanhol e amplia a luta pela posse e domínio da Amazônia. As disposições jurídicas do Tratado de Tordesilhas já estavam praticamente sepultadas e os lusobrasileiros da colônia decidiram-se a favor da unidade com Portugal. Finalmente, em 1750, o Tratado de Madri, estabelecendo os novos limites entre os domínios espanhóis e portugueses na América do Sul, acatou os marcos fixados por Pedro Teixeira e definiu, para sempre, o espaço territorial brasileiro no imenso mundo amazônico. No ano seguinte, transferese a capital da Província de São Luís . para Belém e, em 1755, cria-se a Capitania do Rio Negro, com sede na confluência daquele rio com o Amazonas, a 1600 km do Oceano Atlântico. Tem início uma política de expansão econômica e de integração territorial, através da construção de inúmeras fortalezas em pontos estratégicos, que garantiram o domínio luso-brasileiro na região. No final do século XVIII começa o movimento de emancipação dos povos da América do Sul. As guerras de independência, paulatinamente, destruíram a coesão da Colônia Espanhola, resultando na constituição de dez países independentes. O Brasil, contudo, viveu esse período sonhando com a integridade territorial. Proclamada a independência na Região Sudeste, passado menos de meio ano, todas as Províncias estavam unidas sob um mesmo governo central. Naquela época, a Amazônia vivia o início da fase de ouro da exploração da borracha, que chegou a contribuir com 50% da receita de exportação do país. A extraordinária expansão das atividades de extração natural e comércio da borracha apresentava um ritmo acelerado, desde a introdução da navegação a vapor no rio Amazonas e a descoberta do processo de vulcanização da borracha, que di- namizaram o potencial de exportação da Amazônia. No final do século XIX. brasileiros cruzaram a fronteira a sul do Estado do Amazonas, eu: busca de novos seringais, estabelecendo-se em terras pertencentes à Bolívia. O processo de repatriamento resultou na revolta daquelas populações que, desejosas de permanecer nas terras ocupadas, sustentaram campanha armada contra as tropas bolivianas, encarregadas de sua expulsão. Sem outra alternativa, os Governos Brasileiro e Boliviano concertaram um acordo, consubstanciado no Tratadc de Petrópolis, de 1902, pelo qual c Brasil, após indenizar aquele país. anexou o território ocupado por brasileiros e que, hoje, se constitui no Estado do Acre. A produção da borracha a menor custo, nos seringais sistematicamente cultivados pelos ingleses em terras equatoriais do Oriente' com sementes levadas da Amazônia, trouxe a decadência e o colapso para a economia regional, ja que nossos seringais, mantidos en: estado natural e esparsos para preservação da floresta, resultavan: em custos de produção bem mais elevados. O período que se estende de 1905 a 1950 viu o progressc alcançado pela Amazônia, com a produção seringueira, parar por completo. O despovoamento dos seringais e a debilidade da economia causaram o desmoronamento de fugaz império da borracha. Somente a partir de fins da década de 60 é que ocorreria un: novo surto de progresso, através da construção de estradas de penetração e a conseqüente colonização de Mato Grosso, Rondônia e Acre. com o aproveitamento das terras agricultáveis desses três Estados. Concomitantemente, estudos geológicos têm propiciado o descobrimento de abundantes jazidas minerais, trazendo novas corrente!' migratórias para colonização e desenvolvimento da região. sonho da integridade territorial do Brasil. No dia 12 de janeiro de 1616, é fundada a cidade de Santa Maria de Belém do Grão-Pará. A primeira edificação, o Forte do Presépio, hoje Forte do Castelo, ainda lá está, com suas centenárias peças de artilharia apontando para a foz do grande rio, como que reafmnando a posse e o domínio da posse da terra. A fundação de Belém assinala o início da exploração e da conquista da Amazônia pelas tropas luso-brasileiras. É um capítulo violento da história, com lutas sangrentas para expulsar os ingleses, franceses, irlandeses e holandeses que já haviam erguido algumas fortificações e começado a explorar as especiarias do vale amazônico. Em 1621, o Rei de Espanha, talvez sentindo que a separação de Portugal seria inevitável, criou os Estados do Maranhão e do GrãoPará desvinculados do restante do Brasil. Em Madri, o conselho das Índias, apesar de conhecer o perigo, mas sem outra alternativa, confiou aos luso-brasileiros a missão de erguer um império na Amazônia. Em 1637, Pedro Teixeira, considerado o conquistador da Amazônia, subiu o rio em uma expedição que visava, abertamente, à conquista da região para a Coroa Portuguesa. Formada por 45 embarcações, com 1200 lusobrasileiros, a expedição foi até Iquitos, no Peru, em uma viagem que durou dois anos e quarenta e quatro dias, combatendo e derrotando todas as forças estrangeiras estabelecidas ao longo do rio. Ao regressar, Pedro Teixeira confirmava o objetivo de sua expedição - colocar na confluência dos rios Aquarico e Napo, atual fronteira entre Brasil e Peru, um grande marco de pedra com o Brasão das Armas de Portugal, mudando, na prática, o meridiano de Tordesilhas da emborcadura do Amazonas para os contrafortes dos Andes e incorporando milhões de quilômetros quadrados ao 38 R8Yista cio DlRE"'G ovembro - 1991 território brasileiro. Em 1642, Portugal livra-se do jugo espanhol e amplia a luta pela posse e domínio da Amazônia. As disposições jurídicas do Tratado de Tordesilhas já estavam praticamente sepultadas e os lusobrasileiros da colônia decidiram-se a favor da unidade com Portugal. Finalmente, em 1750, o Tratado de Madri, estabelecendo os novos limítes entre os domínios espanhóis e portugueses na América do Sul, acatou os marcos fixados por Pedro Teixeira e definiu, para sempre, o espaço territorial brasileiro no imenso mundo amazônico. No ano seguinte, transferese a capital da Província de São Luís para Belém e, em 1755, cria-se a Capitania do Rio Negro, com sede na confluência daquele rio com o Amazonas, a 1600 km do Oceano Atlântico. Tem início uma política de expansão econômica e de integração territorial, através da construção de inúmeras fortalezas em pontos estratégicos, que garantiram o domínio luso-brasileiro na região. No final do século XVIII começa o movimento de emancipação dos povos da América do Sul. As guerras de independência, paulatinamente, destruíram a coesão da Colônia Espanhola, resultando na constituição de dez países independentes. O Brasil, contudo, viveu esse período sonhando com a integridade territorial. Proclamada a independência na Região Sudeste, passado menos de meio ano, todas as Províncias estavam unidas sob um mesmo governo central. Naquela época, a Amazônia vivia o início da fase de ouro da exploração da borracha, que chegou a contribuir com 50070 da receita de exportação do país. A extraordinária expansão das atividades de extração natural e comércio da borracha apresentava um ritmo acelerado, desde a introdução da navegação a vapor no rio Amazonas e a descoberta do processo de vulcanização da borracha, que di- namizaram o potencial de exportação da Amazônia. No final do século XIX, brasileiros cruzaram a fronteira ao sul do Estado do Amazonas, em busca de novos seringais, estabelecendo-se em terras pertencentes à Bolívia. O processo de repatriamento resultou na revolta daquelas populações que, desejosas de permanecer nas terras ocupadas, sustentaram campanha armada contra as tropas bolivianas, encarregadas de sua expulsão. Sem outra alternativa, os Governos Brasileiro e Boliviano concertaram um acordo, consubstanciado no Tratado de Petrópolis, de 1902, pelo qual o Brasil, após indenizar aquele país, anexou o território ocupado por brasileiros e que, hoje, se constitui no Estado do Acre. A produção da borracha a menor custo, nos seringais sistematicamente cultivados pelos ingleses em terras equatoriais do Oriente e com sementes levadas da Amazônia, trouxe a decadência e o colapso para a economia regional, já que nossos seringais, mantidos em estado natural e esparsos para preservação da floresta, resultavam em custos de produção bem mais elevados. O período que se estende de 1905 a 1950 viu o progresso alcançado pela Amazônia, com a produção seringueira, parar por completo. O despovoamento dos seringais e a debilidade da economia causaram o desmoronamento do fugaz império da borracha. Somente a partir de fins da década de 60 é que ocorreria um novo surto de progresso, através da construção de estradas de penetração e a conseqüente colonização de Mato Grosso, Rondônia e Acre, com o aproveitamento das terras agricultáveis desses três Estados. Concornitantemente, estudos geológicos têm propiciado o descobrimento de abundantes jazidas minerais, trazendo novas correntes migratórias para colonização e desenvolvimento da região. A ssim, chegamos aos dias de hoje, quando, a partir das fantásticas perspectivas comerciais, trazidas à luz pela nova ciência da biotecnologia, a Amazônia Brasileira, pela sua diversidade de vida (biodiversidade - matéria prima para a indústria biotecnológica), acabou por se transformar no mais cobiçado e valioso tesouro a ser dominado e explorado pelos países desenvolvidos, detentores dos conhecimentos relativos à indústria da biotecnologia. Que os jovens atentem para a história. E que os jovens atentem mais, e sobretudo, para a grandeza das riquezas da região amazônica, tão cobiçadas pelas potências estrangeiras mais desenvolvidas, e para a imensa capacidade do homem brasileiro, que há de defender, além da exploração, a preservação e o domínio da Amazônia, dela tirando os reais valores necessários ao inteiro desenvolvimento de nosso país, sem que se destrua a Amazônia Brasileira. * Sol se escreve COmeSSe A Esse Engenharia é pioneira na pesquisa e fabricação de aquecedores solar, e tem uma equipe pronta para executar o seu projeto de aquecimento de água, em: ~ Residências ~ Hotéis ~ Indústrias ~ Escolas ~ Clubes ~ Piscinas esse Energia Solar Engenharia de Serviços e Sistemas Energéticos Indústria e Comércio Ltda. SIA - Trecho 6 - N9 55 - Térreo - Fones: (061) 233-5888/233-1096 Fax: (061) 233-1450 - Telex: 61-4919 - Brasflia-Df - CEP 71200 Novembro - 1991 - - - - --~ - -- --- Revista da DlRENG 39